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VIROSES EM QUADRINHOS - UMA ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS. Luciana Ferrari Espindola Cabral (CEFET-RJ)

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Academic year: 2021

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VIROSES EM QUADRINHOS - UMA ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS.

Luciana Ferrari Espindola Cabral (CEFET-RJ)

RESUMO: A produção de histórias em quadrinhos (HQ) por estudantes, embora pouco explorada por educadores, apresenta-se como uma estratégia capaz de facilitar o ensino e a aprendizagem de ciências, por estar relacionada a um aspecto lúdico. As HQ estão comumente relacionadas ao universo da criança e do adolescente e constituem um gênero literário capaz de atrair a atenção dos estudantes. Após algumas aulas e a realização de uma pesquisa sobre o assunto, foi realizada uma atividade de produção de HQ, sobre a temática “viroses”, por alunos do sétimo ano do ensino fundamental. Os alunos produziram suas HQ usando cartolinas, e as expuseram para toda a comunidade escolar. A realização do trabalho auxiliou na integração dos alunos e lhes possibilitou o protagonismo da ação pedagógica.

PALAVRAS-CHAVE: Histórias em Quadrinhos, Ensino de Ciências.

INTRODUÇÃO

Embora de acordo com Cabello; Rocque; Souza (2010), a primeira história em quadrinhos (HQ), com uso de balões com fala, tal qual conhecemos hoje, tenha sido publicada no final do século XIX, a construção de histórias em quadrinhos ainda é pouco explorada como atividade pedagógica capaz de contribuir para a facilitação da aprendizagem.

Pode-se dizer que a relação entre o uso de quadrinhos e a prática pedagógica na escola nem sempre foi uma relação amigável, passando inclusive por momentos de grande hostilidade no início do século XX, quando ocorreu um protesto da Associação Brasileira de Educadores contra a utilização de quadrinhos. Com o passar dos anos, a visão sobre essa prática começou a sofrer modificações e desde a década de 1970 passamos a observar a utilização de quadrinhos em livros didáticos brasileiros, com a perspectiva de que estes seriam capazes de “suavizar” a diagramação dos mesmos, e assim complementar seus textos, os tornando mais leves (SANTOS e VERGUEIRO, 2012).

As HQ poderiam ter uma grande variedade de opções de uso, podendo facilitar o ensino de diversas disciplinas do currículo escolar. Porém, mesmo sendo uma mídia importante e estreitamente relacionada ao universo da criança e do adolescente, ainda carece

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de respeito e é pouco utilizada nas instituições de ensino (CABELLO; ROCQUE; SOUZA, 2010).

A leitura de revistas em quadrinhos faz parte do universo cotidiano de crianças e adolescentes e é capaz de trazer para o universo das atividades escolares um caráter lúdico e prazeroso. As HQ constituem um gênero literário e os Parâmetros Curriculares Nacionais para Língua Portuguesa recomendam seu uso. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB 9.394/96- também pactua com este uso, uma vez que aponta em seu artigo 3, inciso X, a necessidade de valorização da experiência extraescolar do aluno (BRASIL, 1996).

A combinação entre a imagem e a palavra escrita facilita a compreensão do conteúdo a ser apresentado. Considerando tal combinação, de acordo com Cabello; Rocque; Souza (2010, p.230):

As HQ fortalecem o imaginário da criança e do adolescente, levando assim a uma maior compreensão e utilização de vários sentidos. Porque não considerar as HQ como ferramentas de reforço à leitura? Além das imagens sucessivas, dos balões e dos personagens, as HQ se caracterizam por se expressar com uma linguagem altamente dinâmica.

Essa linguagem é capaz de alcançar as crianças e adolescentes do ensino fundamental, com um nível de eficiência visivelmente elevado, por expressar o lúdico, aquilo que foge da rotina da sala de aula.

O ensino de ciências, no âmbito escolar, é peça chave no processo contínuo de alfabetização científica que os estudantes devem passar ao longo de suas vidas. Uma das principais funções do ensino de ciências é a formação de um cidadão cientificamente alfabetizado. Aquele que é capaz não apenas de identificar o vocabulário específico da ciência, mas fundamentalmente compreender seus conceitos fazer uso deles de forma a enfrentar os desafios da vida e refletir sobre o seu cotidiano. O desafio de provocar nos estudantes a curiosidade e de levá-los à conscientização do papel que a ciência tem em suas vidas, exige muito trabalho na escola, e também fora dela (KRASILCHIK e MARANDINO, 2007).

No primeiro bimestre de 2015, a convite da direção da Escola Municipal São Paulo, na Cidade do Rio de Janeiro, a professora responsável por este trabalho participou de uma atividade na Empresa Municipal de Multimeios (MultiRio), onde foi apresentada ao Manual “Quadrinhos –Guia Prático”, MultiRio (2013), estimulando-a a utilizar a técnica de produção de quadrinhos pelos alunos, como estratégia para o ensino de Ciências, com a temática “Viroses”.

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OBJETIVOS

Os objetivos do trabalho foram:

1. Criar e desenvolver uma metodologia capaz de facilitar a transferência de conhecimentos e a apreensão de conteúdos pelos alunos, valorizando o aspecto lúdico no processo pedagógico.

2. Facilitar a compreensão da transmissão e dos sintomas de diversas viroses, a partir de informações básicas sobre as mesmas.

3. Promover a integração entre os alunos a partir da atividade de grupo.

4. Dar protagonismo aos estudantes, colocando-os como sujeitos ativos e responsáveis pela sua própria aprendizagem.

METODOLOGIA.

O trabalho foi realizado com duas turmas de sétimo ano da Escola Municipal Brant Horta, localizada no bairro da Penha Circular, no município do Rio de Janeiro, durante o segundo bimestre do ano letivo de 2015.

Após a caracterização da morfologia e fisiologia dos vírus, os alunos foram apresentados a algumas viroses, como AIDS e Dengue e em seguida, estimulados a fazer uma pesquisa sobre informações básicas a respeito de diversas outras viroses, através da internet, livros e revistas aos quais tivessem acesso. As turmas foram divididas em grupos de cerca de quatro alunos e cada grupo recebeu um tema (uma virose) para a realização da atividade de pesquisa bibliográfica. O prazo dado aos alunos foi de uma semana. Foi pedido que os alunos levassem para a escola as informações obtidas na semana seguinte.

Na aula marcada, sete dias depois, com base nas informações contidas no livro “Quadrinhos- Guia Prático.”, MultiRio (2013), e nas informações recebidas pela professora regente durante um curso realizado sobre o tema na Fundação MultiRio, a professora apresentou aos alunos as técnicas básicas para a construção da narrativa no formato de “quadrinhos”, conforme pode ser observado na Figura 1.

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Figura 1- Instruções exibidas no quadro para os alunos realizarem o trabalho.

Fonte: Fotografado pela autora.

Os grupos de alunos foram convidados a elaborar os roteiros de suas histórias e iniciar os desenhos que iriam compor as cenas, com material fornecido pela escola (manual de quadrinhos, cartolinas, papel ofício, papel colorido, canetas hidrocores, lápis de cor e tesouras), como pode ser observado na Figura 2. A atividade ocupou quatro tempos de aula divididos em dois dias letivos.

Figura 2- Parte dos materiais disponibilizados aos alunos durante a realização do trabalho.

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Os trabalhos resultantes foram avaliados pela professora, em um processo que envolveu pequenas correções no texto durante a elaboração dos trabalhos, na presença dos alunos, e após a entrega dos mesmos.

Os trabalhos finalizados foram apresentados a toda a comunidade escolar, incluindo responsáveis, alunos, professores e funcionários, no dia agendado para a culminância das atividades pedagógicas daquele bimestre.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado obtido com a finalização dos trabalhos demonstrou um grande envolvimento dos estudantes com a atividade e contribuiu para intensificar a integração entre os alunos envolvidos. Estes exibiram ao longo de toda a atividade um grande entusiasmo com a possibilidade de criar suas HQ e falar sobre a temática das viroses “com as próprias palavras” (Figura 3). Os alunos puderam ficar livres para circular pela sala, trocar informações e materiais com os colegas e foram estimulados e autorizados, a continuar sua pesquisa pela internet (através de seus aparelhos celulares). Todo esse processo permitiu que os alunos envolvidos, naquele momento, atuassem como agentes principais do fazer pedagógico, cabendo à professora regente apenas a missão de orientá-los e auxiliá-los em eventuais dúvidas.

Figura 3- Grupo de estudantes desenvolvendo a atividade proposta.

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Esse entusiasmo em fazer a atividade também foi evidenciado durante a apresentação dos trabalhos prontos (Figuras 4, 5 e 6) para a comunidade escolar. Neste momento, os alunos apresentaram seus trabalhos para seus responsáveis e para seus colegas demonstrando um grande orgulho da própria produção. Tudo isso leva a crer que os objetivos propostos para a atividade foram alcançados. Os alunos não apenas aprenderam um novo conteúdo, algumas doenças provocadas por vírus, mas também melhoram sua relação interpessoal e perceberam que são capazes de serem protagonistas da própria aprendizagem.

Figura 4- Um dos trabalhos desenvolvidos. Tema: Hidrofobia.

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Figura 5- Um dos trabalhos desenvolvidos. Tema: AIDS.

Fonte: Fotografado pela autora.

Figura 6- Um dos trabalhos desenvolvidos. Tema: Hepatite Viral.

Fonte: Fotografado pela autora.

Resultados semelhantes foram alcançados por Caruso; Carvalho; Silveira, (2002), que apontam a necessidade de que o aluno seja, de fato, um ator fundamental na difusão do conhecimento, através de seu ato criativo Os referidos autores também trabalharam uma

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proposta de ensino de Ciências através do desenvolvimento de quadrinhos pelos alunos e obtiveram êxito no cumprimento de seus objetivos de atribuir ao ensino e aprendizagem de ciências um aspecto lúdico e estético, valorizando o protagonismo dos estudantes e motivando-os na missão de aprender.

CONCLUSÃO.

Os alunos envolvidos tiveram não somente um aumento de sua bagagem de conhecimentos sobre as viroses estudadas, mas também tiveram ampliada a percepção de que são capazes de protagonizar a própria aprendizagem. A partir do exposto acima, pode-se asseverar que podemos continuar fazendo uso da prática pedagógica de construção de histórias em quadrinhos (HQ) por estudantes do ensino fundamental, possibilitando não apenas a melhoria das condições de assimilação do conteúdo proposto, mas também contribuindo para ampliar a participação dos estudantes no processo pedagógico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm > Acesso em: 10 jun.2016.

CABELLO, K. S.; ROCQUE, L.; SOUZA, I. C. F. Uma história em quadrinhos para o ensino e a divulgação da hanseníase. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 9, n.1, p.225-241, 2010. Disponível em: <http://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8943> Acesso em 05 jun. 2016

CARUSO, F.; CARVALHO, M.; SILVEIRA, M. C. Uma proposta de ensino e divulgação de ciências através dos quadrinhos. Ciência & Sociedade, CBPF-CS- 008/02, 2002. Disponível em:< http://cbpfindex.cbpf.br/publication_pdfs/cs00802.2006_12_08_10_29_32.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2016.

KRASILCHIK, M.; MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. 2º edição. São Paulo: Moderna, 2007. 87p. (Cotidiano Escolar: ação docente).

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RIO DE JANEIRO. Secretaria de Educação. Quadrinhos- Guia Prático. 2º edição. Rio de Janeiro: MultiRio, 2011. 63p.

SANTOS, R. E.;VERGUEIRO, W. Histórias em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática. EccoS, São Paulo, n. 27, p. 81-95. Jan/abr. 2012. Disponível em: < http://repositorio.uscs.edu.br/handle/123456789/244> Acesso em: 03 jun. 2016.

Referências

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