A Cidade e as Serras
Eça de Queirós
Contexto Histórico
• Final do século XIX
• Revolução Industrial
• Formação dos grandes centros urbanos
• Brasil Primeira crise depois da Independência (crise do açúcar)
• Portugal Atraso com relação ao resto da Europa; predomínio da população agrária
Autores
• Autores europeus: Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo
• Destaque em Portugal: Eça de Queirós
• O Crime do Padre Amaro (1875)
• O Primo Basílio (1878)
• A Cidade e as Serras (1901)
• Maior realista brasileiro: Machado de Assis
• Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
A Questão Coimbrã
• Portugal
• Antero de Quental e Teófilo Braga lançam obras esteticamente realistas
• Crítica do poeta romântico Antônio Castilho:
• “falta de bom-senso e de bom gosto” na escolha dos temas
• A poesia era o espaço do Belo, e não deveria ser “corrompida”
• Antero de Quental responde com um texto chamado, justamente, “Bom-senso e bom gosto”
• Defendeu o realismo
Características
• Oposição ao Romantismo
ROMANTISMO REALISMO
Idealização Preocupação com a
verossimilhança
Exaltação Ironia; sarcasmo
Personagens virtudes Personagens vícios Ambiente excêntrico Ambiente burguês
José Maria Eça de Queirós
• 1845 (Portugal) – 1900 (França)
• Casamento dos pais
• Já fugindo do tradicionalismo
• Direito e jornalismo; carreira pública; diplomata
• Amigo particular de Antero de Quental
Produção literária
• 3 fases:a) Fase pré-realista ou preparatória • Temas românticos
• Ambientes fantásticos
• Humanização da natureza
b) Fase realista • Temas realistas
• Descreve a sociedade em seus aspectos mais podres
• Crítica Social
c) Fase de maturidade artística • Afastamento parcial do Realismo
• Amenização da crítica à sociedade portuguesa
• Tolera os vícios
• Nacionalismo
A Cidade e
as Serras
Características literárias do autor
•
Destruição das ilusões românticas
•
Crítica moral da sociedade
•
Crítica às instituições tradicionais
• (Igreja, casamento, burguesia etc)
•
Ataque ao clero
•
TOM: Ironia, sarcasmo e desprezo
A Cidade e as Serras
• 1901 Publicação póstuma e final de diferente autoria
• Comparação entre a vida...
• Cidade: • Serras:
• Ironia e Sarcasmo amenizados
• Visão idílica da vida em um Portugal rural (único lugar em que o protagonista pode ser feliz)
Paris Agitação, modismos
Cidade de Tormes Ambiente pacato, tranquilidade
• Organização: romance dividido em duas partes (total de 16
capítulos)
• Foco narrativo: é narrado em 1ª pessoa, pelo
personagem-narrador Zé Fernandes, que conta a história do seu amigo protagonista, Jacinto.
• Espaço: apresenta dois espaços vitais para a compreensão do
enredo, Paris e Portugal (Tormes).
• Tempo: cronológico, estabelecido entre 1834 e 1893.
• Personagens principais: Jacinto e José (Zé) Fernandes.
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de
cortiça e de olival. No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando por colina e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava grão e plantava cepa em tempos de el-rei D. Dinis. A sua quinta e casa
senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas léguas, todo o torrão lhe
pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde Arga até ao mar de Âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elísios, n.º 202.
Capítulo 1
• Narrador apresenta o amigo Jacinto, foco deste capítulo e da obra. Ambos moram na França.
• História do avô “salvo” por D. Miguel
• Classe alta terras em Portugal, mas vive em Paris
• Ausência do pai (morreu antes do nascimento)
• Alguém “invejável” o bom aluno, o admirado pelas moças, o que estuda Filosofia e possui família de alta classe
• Caráter Iluminista
• Personagens caricaturais
• Avô de Jacinto escorregou numa casca de laranja e morreu de indigestão
• Avó de Jacinto “que eu conheci obesa, com barba” • Pai de Jacinto uma “sombra”
Capítulo 1
• Jacinto e seu telescópio X
• Jacinto visita a floresta de Montmorency desconforto
• O narrador recebe uma carta de seu tio Afonso Fernandes
• Que volte a Portugal, para cuidar das terras da família • Despedida de Jacinto
• Leva um livro de Direito, mas não o lê • Vive lá durante sete anos
• Tio Afonso morre
Capítulo 2
• Zé Fernandes volta a Paris
• Jacinto mantém seu padrão de vida, mas algo em suas atitudes parece desgastado
• “levemente curvado”, “riso descorado”, “corcovava”, “cansado”, “olhar desconsolado”.
• Inovações inutilidade. Exemplo: elevador num prédio de 2 andares
• Fala do narrador: seriedade ou sarcasmo?
• Convite para jantar
• A descrição do ambiente urbano é marcada por termos rurais:
• “estantes monumentais, todas de ébano”, “um verde profundo de folha de louro”, “cordões túmidos...à maneira de cobras
assustadas”
• O padrão do narrador mudou
Capítulo 3
• José Fernandes vai morar com Jacinto
• A luxuosa torneira do banheiro explode vapor
• Polícia e curiosos
• Frivolidade da imprensa
Capítulo 3
• O narrador questiona a vida sexual de Jacinto
• Mantém cortesãs na cidade, mas não se envolve muito com elas...
Capítulos 4-6
• Festa no 202
• A pedido do grão duque enorme peixe pescado • Falta de energia
• O elevador que trazia o peixe emperrou
• O narrador lembra-se de um antigo amor: Madame Colombe
• “estúpida e triste”
• “apagava minha alegria na cinza da sua tristeza, e afundava a minha razão na densidade da sua estupidez”
• Alto do morro Montmartre
• Veem a mancha cinza lá embaixo “civilização”
Capítulos 7-9
• José Fernandes viaja pela Europa
• Melhor momento: encontra um inglês que conhecia Portugal
• Questão social: compara os pobres de Paris com os de Portugal
• Vão para Tormes (Portugal), ver a igreja com o resto de seus antepassados ser reconstruída
• Jacinto quer levar tudo!
• Problemas na bagagem não chega nada!
Capítulos 10-12
• Jacinto quer implementar melhorias (currais, cercas etc)
• No caminho, vê uma criança pobre; depara-se com a situação precária de seus empregados
• Indignado: como pode haver tanta pobreza num lugar tão belo?
• Jacinto promete mudanças: escola, farmácia, biblioteca, sala de projeções...
Jacinto retoma o gosto pela civilização, mas agora com um interesse social
Capítulos 13-14
• Aniversário de Zé Fernandes
• Jacinto se traja com roupas exageradas, de Paris • Não consegue a simpatia das pessoas
• Desconfiam que ele seja Miguelista
• No outro dia, vão visitar o tio Adrião e a prima Joaninha, num local chamado Flor de Malva
• Tio João Torrado, um profeta, chama Jacinto de “o pai dos pobres”
• Até suspeita que ele seja D. Sebastião! Jacinto
Capítulos 15-16
• Cinco anos depois, Jacinto e Joaninha estão casados e com 2 filhos
• Jacinto encontra um “meio termo”
• Instala telefones nas casas
• Joga a maioria das tralhas francesas no sótão
• Nunca mais volta ao 202 de Paris (mulher cansaço)
• José Fernandes visita Paris e o 202, apenas para achar que tudo nas cidades visa satisfazer “o lucro e o gozo”
• Visita a família de Jacinto, na “natureza campestre e mansa”, “tão longe de amarguradas desilusões e de falsas delícias”.