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A IMPORTÂNCIA DA SALA LIMPA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DAS TELAS DE LCD NO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS

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A IMPORTÂNCIA DA SALA LIMPA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO

DAS TELAS DE LCD NO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS

EMENSONCAVALCANTEARUEIRA

Faculdade Maurício de Nassau Manaus - AM

RESUMO – O presente artigo tem por finalidade apresentar um dos mais novos processos produtivos iniciados no pólo industrial de Manaus, a fabricação de telas de LCD. A produção de televisores com telas de LCD estão crescendo a cada ano, levando em consideração também a manufatura de televisores que utilizam a tecnologia LED. Em si tratando de produção no estado do Amazonas, sabe-se que devido aos incentivos fiscais obtidos por meio da zona franca de Manaus, diversos itens precisam ser observados e cumpridos durante todo o processo produtivo, e com base nessas informações, assuntos como o histórico da zona franca, PIM e processo produtivo básico serão conceituados para nortear e melhorar a compreensão do referido artigo. O conceito de sala limpa, um dos processos usados durante a fabricação da tela de LCD tem sido usado amplamente durante todo o processo, visando minimizar o contato de partículas em partes sensíveis da tela. Através desse artigo, mostraremos a redução do tempo de montagem por meio de inclusão de outros processos dentro da sala limpa.

1 INTRODUÇÃO

Localizado na região norte do Brasil, o estado do Amazonas, o maior estado da federação, por muito tempo foi tido como uma região isolada, devido suas limitações de acesso, dificultando transportes de mercadorias e pessoas. De uma região onde todos achavam que não haveria futuro aparente, em poucas décadas uma vislumbrante e poderosa área industrial e comercial foi erguida, tornando-se referência para o Brasil e o mundo.

O Pólo Industrial de Manaus tem se tornado um importante cenário ao ser tratado sobre investimentos no Brasil. Muitas empresas de diversos portes e dos mais variados ramos de produção tem buscado por um lugar em meio a essa tão promissora e atrativa região.

Uma grande variedade de produtos é manufaturada no PIM, dentre os que mais se destacam estão os aparelhos celulares, câmeras digitais, aparelhos de áudio e DVD, além dos televisores com tela de LCD. Novos investimentos foram atraídos para o estado, aquecendo ainda mais muitos setores.

Durante muito tempo, diversas etapas dos processos produtivos não eram realizadas no PIM, fazendo com que os produtos de tais etapas precisassem ser importados. Porém, essa realidade vem sendo alterada continuamente. Não apenas produtos finais são produzidos, mas também peças e subconjuntos vêm sendo preparadas no mercado interno. E em meio a essa grande diversidade de partes sendo produzidas localmente, destaca-se o início da produção das telas de LCD.

Mas em se tratando de importações, o fluxo de tais atividades no Brasil vem crescendo grandemente. Tal informação pode ser confirmada no quadro a seguir, onde

são mostrados os comparativos para os itens importados durante o período de janeiro à julho.

IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS

Em US$ milhões FOB

PERÍODO 2009 2010 (*)

Julho 11.230 16.316

Janeiro a julho 67.263 97.616

(*) Dados Preliminares.

Quadro 1: Valores de Importações. Fonte: Sítio da Receita Federal do Brasil

Baseado nas informações de aquecimento do mercado e no desejo de ampliar os investimentos, o diretor de projetos do grupo CCE, Rogério Fleury afirma: "Não temos mais por que ficar trazendo plásticos, peças e outras coisas montadas da China", disse. "Nossa idéia sempre foi a de produzir o máximo possível de componentes no Brasil, e agora damos mais um passo nesse caminho."

O interesse pelo mercado de TVs de LCD não é casual. Em março, pela primeira vez, as telas de cristal líquido representaram mais da metade das unidade de TVs compradas pelo consumidor. Entre todos os modelos, 54,5% eram equipamentos de LCD, segundo dados da empresa de pesquisas GfK. No primeiro trimestre do ano, os fabricantes venderam 1,2 milhão de TVs de LCD, um aumento de 66% sobre o mesmo período de 2009. O faturamento com esses equipamentos atingiu R$ 2,4 bilhões no trimestre, uma alta de 70% em relação ao período anterior. Ao longo de 2009, o mercado de LCD

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movimentou 3,2 milhões de peças, num total de R$ 6,4 bilhões.

1.1 Objetivo

Este trabalho tem por objetivo demonstrar os conceitos principais que envolvem a questão da produção das telas de LCDs no PIM, bem como demonstrar a importância da utilização da Sala limpa no processo produtivo, visando controlar o grau de impurezas, visto que trata-se de um componente tão sensível e que requer o menor grau de contaminação por partículas possível. 1.2 Metodologia

Segundo Meneses (2001), do ponto de vista dos procedimentos técnicos as pesquisas podem ser: pesquisas bibliográficas, pesquisa documental, pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisas

expost-facto, pesquisa-ação e pesquisa-participante.

Para o presente artigo será adotada a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso como metodologias de trabalho, destacando o pensamento dos autores acerca do tema, bem como os resultados obtidos com a análise do estudo de caso.

2 ZONA FRANCA E PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS

Segundo Seráfico, Seráfico (2005), a Zona Franca de Manaus (ZFM) é um modelo de desenvolvimento econômico implantado pelo governo brasileiro objetivando viabilizar uma base econômica na Amazônia Ocidental, promover a melhor integração produtiva e social dessa região ao país, garantindo a soberania nacional sobre suas fronteiras. A ZFM criada pela Lei Nº 3.173 de 06 de junho de 1957, foi idealizada pelo Deputado Federal Francisco Pereira da Silva. A partir desse marco, uma série de acontecimentos se desencadearam até alcançar sua consolidação como uma política industrial de referência para o Brasil.

Tendo sido alterada pelo Decreto Nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, a Zona franca pode ser descrita como:

Art 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatôres locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos. A história da zona franca pode ser dividida em quatro fases, até chegar à fase atual: A primeira fase, de

1967 a 1975, a segunda fase compreendeu o período de 1975 a 1990. A terceira fase compreendeu os anos de 1991 e 1996 e por fim a quarta fase compreende o período de 1996 a 2002. A Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) é o órgão responsável pela administração do modelo da ZFM (Publicação da Coordenadoria de Comunicação Social da Suframa - CODEC).

Dados da CODEC, mostram que com o incentivo do governo para a atividade industrial, alguns empresários do ramo comercial passaram a trabalhar também na atividade industrial na Zona Franca de Manaus – ZFM, dando início ao que hoje é o grande Pólo Industrial de Manaus (PIM), onde se concentram mais de 550 empresas (apud NETO, 2004, p. 80). Dentre essas mais de 550 empresas, que geram mais de 500 mil empregos diretos e indiretos, destacam-se as empresas do ramo eletro-eletrônicos, responsáveis por mais de 20% de sua totalidade, além de deter a maior parcela de participação do faturamento anual da ZFM.

É importante fortalecer o Pólo Industrial de Manaus – PIM com ações de incremento às exportações e outras que viabilizem a formação de uma rede local de fornecedores que atenda à demanda progressiva de bens intermediários e evite importações, o que deverá diminuir os custos de produção e abrir vagas no mercado de trabalho. (NETO, 2004, p.83). Tendo em vista tal afirmação, atualmente o número de empresas que tem se mostrado favoráveis a implantação de unidades fabris no PIM tem sido crescente, o que tem aberto novos campos ainda não explorados no mercado local, tal como o processo de fabricação de telas de LCD.

Para se estabelecer no PIM e produzir com gozo de incentivos fiscais federais, toda empresa precisa obter aprovação de um projeto industrial na SUFRAMA, o qual deve atender, cumulativamente, as seguintes condições básicas: contingenciamento aos limites anuais de importação aprovados, incremento da oferta de emprego na região, concessão de benefícios sociais aos trabalhadores, incorporação de tecnologias e de processos de produção compatíveis com o estado da arte e da técnica, níveis crescentes de produtividade e competitividade, reinvestimento de lucros na região, investimento na formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento científico e tecnológico, atendimento ao Processo Produtivo Básico – PPB e situação fiscal regular. (NOGUEIRA; MACHADO; BRUNO, 2003, P. 2).

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Tratando sobre incentivos fiscais, cita-se o proposto pela Suframa acerca do mesmo:

Os incentivos são destinados ao produto e não ao projeto e a empresa fabricante só passa a usufruí-los a partir do início da produção. Esses incentivos fiscais são proporcionados pelos governos federal, estadual e municipal, além de incentivos extrafiscais oferecidos pela Suframa, como as áreas para instalação das plantas fabris, que podem ser adquiridas a preços simbólicos, no Distrito Industrial. (SUFRAMA)

Dentre os incentivos fiscais previstos, destacam-se o Imposto sobre Importação (I.I.) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (I.P.I.). Porém, há outros incentivos tais como o Imposto sobre a Renda (I.R.) e o Imposto sobre Exportação (I.E.).

Essas novas empresas que almejam instalar-se no pólo industrial de Manaus, aproveitam o atual período de consolidação de alguns segmentos, produtividade e especialização oferecidas, o que tem atraído cada vez mais novas indústrias com tecnologias avançadas, propiciando assim a geração de novos empregos e possibilidade de novos investimentos em outros setores. 3 PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO (PPB)

Definição de Processo Produtivo Básico, extraído do site do MDIC:

“O Processo Produtivo Básico (PPB) foi definido em 1991, por meio da Lei n.º 8.387, de 30 de dezembro de 1991, como sendo "o conjunto mínimo de operações, no estabelecimento fabril, que caracteriza a efetiva industrialização de determinado produto". Essa definição foi incorporada ao art. 7º do Decreto-Lei n.º 288, de 28 de fevereiro de 1967, que regulamentou a Zona Franca de Manaus.” (MDIC, 2010) Além da Zona Franca de Manaus, a aplicabilidade do PPB tem grande expressão na Lei de Informática, visto o mesmo definir os processos fabris mínimos para a fabricação de determinado bem de consumo.

Outro fator onde é determinante a presença do PPB é para a obtenção de benefícios (inventivos) fiscais, por parte das empresas que industrializam tais produtos (MDIC).

Durante a elaboração de um determinado PPB, são levados em consideração pelo governo os seguintes indicadores:

“Montante de investimentos a serem realizados pela empresa para a fabricação do produto; desenvolvimento tecnológico e

engenharia local empregada; nível de empregos a ser gerado; se haverá a possibilidade de exportações do produto a ser incentivado, nível de investimentos empregados em P&D; se haverá ou não deslocamento de produção dentro do território nacional por conta dos incentivos fiscais; e por fim, se afetará ou não investimentos de outras empresas do mesmo segmento industrial por conta de aumento de competitividade gerado pelos incentivos fiscais.” (MDIC,2010)

Para a elaboração do PPB é necessária a interação entre a empresa fabricante interessada no processo, fornecedores nacionais para os itens e, em determinados casos, empresas do mesmo segmento que possivelmente serão potenciais concorrentes. Isso faz com que a elaboração desse processo seja uma atividade negociável, cabendo ao Grupo Técnico Interministerial (GT-PPB), emitir o parecer a respeito do mesmo.

Conforme informação da Suframa, “o PPB é fixado por produto, mediante Portaria Interministerial assinada pelos Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior e, da Ciência e Tecnologia”. (SUFRAMA).

Dentre as principais Portarias Interministeriais (PI) utilizadas no PIM, destacam-se:

• PPB para Áudio e Vídeo: PI Nº 202, de 18 de Novembro de 2009;

• PPB para Televisor com tela de LCD: PI Nº 163, de 27 de Agosto de 2009;

• PPB para Televisor com tela de Plasma: PI • Nº 174, de 9 de Setembro de 2009;

4 TELA DE CRISTAL LÍQUIDO

Mais comumente conhecido como LCD (Liquid

Crystal Display, ou Display de Cristal Líquido, em

tradução literal), esse dispositivo é utilizado para exibir informações dos tipos textos, imagens ou vídeos.

“Um LCD consiste de um líquido polarizador da luz, eletricamente controlado, que se encontra comprimido dentro de celas entre duas lâminas transparentes polarizadoras. Os eixos polarizadores das duas lâminas estão alinhados perpendicularmente entre si.” (WIKIPEDIA, 2010)

A seguir, pode-se visualizar, em visão explodida, a estrutura de uma tela de LCD, mostrando cada um de seus componentes.

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Figura 1: Estrutura da Tela de LCD. Fonte: Site HDTV

Atualmente, os displays de cristal líquido têm sido amplamente usados nos mais diversos equipamentos e aparelhos eletroeletrônicos, visto ser de grande portabilidade e consumir menos energia que outros tipos de display. É importante salientar também, que esses tipos de displays também podem ser utilizados junto a aparelhos movidos a pilhas ou bateria, devido consumir uma tensão mais baixa.

5 PRODUÇÃO DE TELAS DE LCD NO PIM

Com o aumento na produção de televisores com tela de LCD, o volume de importação de componentes para a fabricação dos mesmos cresceu em maiores proporções. Como observado no quadro a seguir, dentre as empresas que mais importaram nos anos de 2008 e 2009 estão as empresas de eletroeletrônicos, onde seus carros-chefes são os televisores, e estes em sua maioria, com LCD.

Quadro 2: Principais Empresas Importadoras. Fonte: Relatório de Desempenho 2009 (FIEAM)

É possível confirmar a informação de que as empresas do ramo eletro-eletrônico são as maiores pelo fato de também serem as responsáveis pela maior parcela no faturamento do PIM, como visualizado na figura a seguir:

Figura 2: Participação dos Subsetores das atividades no faturamento do PIM. Fonte: Indicadores de Desempenho do PIM (SUFRAMA, 2010)

Assim como qualquer outro produto industrializado na ZFM, os televisores de LCD estão regidos por um PPB, publicado pela Portaria Interministerial Nº 163, de 24 de Agosto de 2009, o qual define suas etapas básicas de produção, além de mostrar prazos para que novos processos sejam introduzidos no PIM, mediante a apresentação de novos projetos.

Conforme artigo 6º, inciso I, tem-se que as telas de LCD estão livres de sua montagem em território nacional temporariamente:

“Art. 6º Ficam temporariamente dispensados de montagem os seguintes módulos ou subconjuntos:

I - tela de cristal líquido - LCD, incluindo suas placas de circuito impresso internas montadas, circuito de iluminação, fonte de tensão, quando esta for conjugada à placa inversora quando aplicável, e demais módulos e subconjuntos específicos para a tela de LCD, a partir de 1º de janeiro de 2009;”

Tendo em vista que essa determinação do governo é apenas temporária e visando expandir seus negócios, a empresa multinacional holandesa Philips, deu inicio a montagem das telas de LCD no pólo industrial de Manaus a partir do ano de 2010, mais precisamente no mês de agosto, 3 meses após a aprovação do projeto. Com o apelo da criação de novos postos de trabalho, a Philips levou tal proposta a ser apreciada na primeira reunião do CAS (Conselho Administrativo da Suframa), realizada no ano de 2010.

Essa nova fábrica, funcionando com 200 funcionários diretos, está produzindo televisores a serem consumidos pela empresa da Philips instalado na cidade de Manaus. E conforme expectativa dos empresários, visa ampliar seu quadro funcional para 500 funcionários, além

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de gerar a demanda para a criação de novos empregos para os funcionários de outras empresas fornecedores de matérias-prima para esse novo processo. (EM TEMPO, 2010).

Os planos da empresa não param simplesmente na produção de telas de LCD. Atualmente o mercado tem se preparado para um número cada vez maior de televisores que utilizem displays baseados na tecnologia LED.

Segundo Júlio Passini Neto, vice-presidente regional da Philips, o módulo de LCD anteriormente era comprado montado para depois ser utilizado na fabricação do televisor no PIM. Mas com essa nova visão, o mesmo será montado localmente, o que proporcionará maior competitividade ao produto da empresa (EM TEMPO, 2010).

Outras empresas estão interessadas nesse novo processo fabril que compõe o processo de montagem de televisores com tela de lcd. Dentre as empresas, citam-se a AOC, que visa instalar um novo complexo fabril na cidade de Manaus; a empresa Digiboard, participante do grupo CCE, que pretende iniciar o processo de montagem a partir do mês de Outubro, conforme informa Fluery, diretor de Projetos da empresa; além de outras empresas com presença expressiva no cenário mundial, como a

Samsung, que já possui projeto aprovado, com início de

produção marcado para Dezembro do corrente ano, e a LG, cujo projeto ainda será apreciado na próxima reunião do CAS, visando iniciar sua produção no mês de Janeiro do ano próximo.

5.1 Processos de Fabricação

A decisão da fabricação de telas de LCD no PIM acarretou no aumento de processos desenvolvidos nesse pólo. Para tal fabricação, diversos processos são contemplados, e vão desde a fabricação da célula de vidro polarizado (glass cell), até os ajustes e testes da tela após os processos de montagem finalizados, conforme previsto no PPB Nº 215, de 17 de dezembro de 2009.

Citando os processos de fabricação, pode-se mencionar sobre um determinado local chamado de "sala limpa". É nesse local onde a tela de LCD, propriamente dita, é manuseada e, por essa razão, é preparada para ficar livre de qualquer tipo de impureza. Pode-se dizer que Sala Limpa é aquela que contém sistema de manutenção da qualidade do ar interior, apresentando os níveis de contaminantes e particulados dentro dos limites estabelecidos por Norma para a atividade exercida.

Como nos demais processos produtivos, algumas etapas podem ser terceirizadas, no território local, e outras podem ainda ser importadas, enquanto não houver efetiva produção local, como é o caso do vidro polarizado. Esse item pode ser importado enquanto não houver produção suficiente para suprir a demanda desse item no processo produtivo.

5.2 Produção de Telas de LCD e sua relação com o crédito de placas

Tendo seu PPB aprovado pela PI Nº 215, de 17 de dezembro de 2009, a fabricação de tela de LCD no PIM tem sido motivada por diversos fatores. Dentre eles, o mais conhecido é o apelo de crescimento no número de vagas, tanto diretas como indiretas. Esse crescimento é inevitável, visto que para se produzir um novo produto é necessário um número maior de mão de obra.

Um outro fator, muito importante, porém pouco conhecido por parte da população em geral é o fato de que desenvolvendo outros processos descritos no PPB de televisores com tela de LCD, um número maior de placas de circuito impresso (PCI) poderá ser disponibilizado a fim de serem importadas. Isso é de extrema importância, tendo em vista que a importação de PCIs é processo primordial para fabricação dos mesmos.

Para melhor entender tal determinação, é preciso saber que as PCIs estão liberados para serem importadas na porcentagem de 50% do seu total, tratando de PCIs multicamadas e monocamadas. Para o caso de PCIs Fonte, esse valor aumenta para 70%, valor esse que será alterado a partir do ano seguinte (2011), passando a ser também na cota dos 50%, conforme previsto no PPB.

Dentre os processos que podem ocasionar um aumento na quota para importação de PCIs, chamados de etapas adicionais, estão os seguintes:

ETAPAS ADICIONAIS PERCENTUAIS DE DISPENSA I - injeção de setenta por cento (70

%) dos gabinetes frontais e das

tampas traseiras. 1,0 %

II - fabricação de sessenta por cento (60 %) dos cabos de força utilizados nos televisores.

0,5% III - fabricação de cinquenta por

cento (50 %) dos suportes de sustentação dos painéis a partir da estampagem, corte e dobra.

1,0 % IV - fabricação de cinquenta por

cento (50 %) dos subconjuntos pedestal a partir do corte, soldagem e pintura do suporte metálico e injeção das partes plásticas, quando aplicável.

0,5 %

V - montagem de cinquenta por

cento (50 %) das telas LCD. 1,0 %

VI - fabricação de cinquenta por cento (50 %) dos demoduladores

de rádio freqüência - RF (tuner) 1,0 %

Tabela 2: Etapas Adicionais descritas no PPB de TV de LCD. Fonte: PI Nº 163 de 24/08/2009.

Porém mesmo que uma empresa cumpra todos os processos acima descritos, a mesma só poderá ter acesso a um aumento de 3% no limite de crédito, conforme descrito no mesmo artigo:

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“§ 2º O percentual máximo de dispensa de montagem de placas, obtido pela combinação das opções do fabricante, será de, até, 3% (três por cento)”.

6. ESTUDO DE CASO

A tela de LCD é um componente primordial para os televisores de LCD e figura como um os seus componentes mais sensíveis, por isso em todo o seu processo de fabricação diversos cuidados devem ser tomados.

6.1 Caracterização e Análise do Problema

Durante o processo produtivo, diversas etapas precisam ser cumpridas, e dentre as mesmas estão as atividades relacionadas ao transporte de matéria-prima e peças preparadas para outros estágios de produção.

Durante um certo período de tempo, em uma determinada empresa do PIM, que fabrica telas de LCD, um problema estava sendo observado após o fechamento da tela (montagem da moldura/ornamento). Durante o período de testes, verificou-se um número alarmante de telas com impurezas, reveladas durante o teste funcional das mesmas.

Essas impurezas estavam gerando um processo de retrabalho muito grande, o que estava atrasando a saída de produtos acabados do processo.

Com o isso, o ciclo de produção para uma tela aumentou consideravelmente, visto o problema estar se tornando epidêmico. Após a detecção do mesmo, era necessário retrabalhar as telas problemáticas, de forma a ser necessário retirar as partes externas da tela de LCD, e aplicar um jato de ar comprido para realizar a limpeza, em uma bancada na qual estava sendo utilizado ar ionizado, evitando o acúmulo de partículas de impurezas.

Em uma breve análise da estruturação da produção de uma tela de LCD, encontramos que uma das fases de montagem da tela de LCD ocorre em uma sala chamada de sala limpa, onde existe todo um controle de partículas de impurezas. Após a montagem nesse processo, as telas são armazenadas em carrinhos para serem transferidas para o próximo estágio de produção, onde será feita o processo de montagem do ornamento (moldura) de metal e se dará a continuidade no processo.

Após a montagem da moldura e dos demais processos inerentes à montagem, seguia-se para a fase de testes, fase na qual estava sendo detectado o problema, sendo que esse teste não era feito no início do teste, e sim no momento da inspeção funcional, o que gerava uma espera de aproximadamente 75 segundos até que o

problema fosse detectado, o que ocorria após toda a medição elétrica da tela, para verificar se a mesma está de acordo com os padrões exigidos para testes.

6.2 Estudo de possíveis soluções

Inicialmente para tentar reduzir os impactos gerados pela demora na detecção do problema, a engenharia de projetos juntamente com a engenharia de testes da empresa decidiram implementar um teste funcional (Checker) anterior a fase de testes, com o intuito de identificar as telas com problemas antes de iniciar o processo de testes, uma vez que após o retrabalho as mesmas precisam ser medidas novamente.

Essa providência gerou uma leve melhora na produtividade das telas, visto que a detecção do problema se dava agora em 10 a 13 segundos e não mais após 75 como anteriormente. Porém isso não resolveu o problema, o retrabalho continuava a ser realizado.

Decidiu-se implantar uma verificação elétrica, após a montagem do vidro polarizado, dentro da sala limpa, visando verificar se o problema estava sendo gerado dentro dessa sala, mesmo estando em perfeito estado de utilização e monitoramento constante.

As verificações realizadas nesse ambiente foram todas negativas, ou seja, não mostraram nenhum tipo de anormalidade dentro desse processo produtivo.

Baseado nessas informações, deduziu-se que o foco para encontrar o problema estava entre o processo após a sala limpa e o início da fase de testes.

Diversas alterações de layout foram realizadas a fim de se eliminar esse processo, porém foram em vão. Uma atividade realizada visando eliminar a entrada de mais partículas no processo foi o processo de desembalagem e limpeza das molduras antes que as mesmas entrassem no processo produtivo. Isso gerou uma melhora no processo, porém não de forma a eliminar o problema.

O processo de transporte de telas da sala limpa para a outra fase do processo foi analisado e durante essa análise, pode-se perceber que o carro para armazenagem e transporte das telas não passavam por qualquer processo de limpeza após o retorno da linha de produção para a sala limpa. Ou seja, partículas de impurezas estavam sendo sedimentadas no carro enquanto o mesmo estava sendo utilizado para retirada das telas e alocação no processo produtivo.

O processo de limpeza foi implementado antes do retorno do carro para a sala limpa, de forma que era aplicado jatos de ar comprimido no carro, em todas as suas divisórias, onde eram alocadas as telas preparadas.

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Isso gerou um aumento no trabalho do alimentador, visto ele ser o responsável pela limpeza.

Porém essa ação não mostrou-se tão eficaz, pois o problema ainda continua a acontecer, embora que em proporções menores (anteriormente, de 100 casos 55 estavam com impurezas; cenário após a implantação da limpeza, de 100 casos 30 apresentavam impurezas).

Uma nova solução foi proposta, mas para tal, seriam necessárias algumas mudanças no layout do processo. A proposta foi a montagem do ornamento metálico dentro da sala limpa. Porém o tamanho da sala não poderia ser aumentado, pois isso geraria custos muito elevados. Foi necessária uma nova organização do espaço e por fim, foi conseguida tal melhoria, de forma que o layout ficou como a seguir:

6.3 Avaliação dos resultados obtidos.

A alteração do processo de montagem do ornamento para dentro da sala limpa se apresentou como uma proposta eficaz no combate a esse tipo de problemas.

Embora o novo layout tenha sido um pouco desfavorável para a circulação na sala limpa, apresentou ótimos resultados no processo final, eliminando totalmente o foco do problema. Porém sabe-se que nenhum processo é perfeito, e que todos possuem seus

gaps, o que ocasionalmente gera um ou outro problema,

como pode ser verificado na figura a seguir:

Figura 4: Evolução dos dados a serem controlados. Fonte: Os Autores

Com a nova proposta de layout para a sala limpa, o período de preparação da tela aumentou, além de um controle mais rigoroso ter sido implantado. Um novo componente estava sendo inserido em um processo completamente livre de impurezas e, para tal, os mesmos procedimentos de limpeza adotados para os outros deveriam ser aplicados a ele. E a aplicação disso já estava sendo feito inicialmente, quando iniciou-se, antes da alteração de layout, a limpeza das molduras antes de sua entrada no processo produtivo.

CONCLUSÕES

A partir do presente artigo, pode-se perceber a importância trazida pelo PIM para o estado do Amazonas, e também para o Brasil, visto estar agregando cada vez mais novos processos e trazendo consigo novas fábricas, visando alavancar a economia nacional.

O setor eletroeletrônico tem aquecido bastante o cenário local das importações e exportações no PIM, sendo um dos maiores responsáveis pelo faturamento anual do mesmo. A produção de televisores de LCD, sendo um dos carros-chefes para esse setor, movimenta anualmente uma grande quantia em importação de insumos, podendo ser destacada a tela de LCD como um dos insumos mais caros. E com o início dessa produção no PIM, essas divisas que eram enviadas ao exterior, passam a ser incluídas no cenário local, aumentando anda mais o fluxo e faturamento.

Sempre novos processos trazem consigo novos desafios, e com a produção de telas de LCD não será diferente. Mas além dos desafios, surgem também novos investimentos, novos postos de trabalho, aumentando ainda mais esse parque industrial em crescente expansão.

Em especial no processo apresentado, pode-se perceber a importância da utilização da sala limpa no processos de fabricação das telas de LCD, uma vez que não são admitidas contaminações de nenhum grau nesse tipo de componente em especifico.

A análise de processos é um importante passo para a identificação de qualquer tipo de problema. Conhecer seus limites e possibilidades de melhorias e adequações é de fundamental importância para o engenheiro responsável pelo processo.

REFERENCIAS

BRASIL. Ministério de Estado da Ciência e Tecnologia. Estabelece o processo produtivo básico para fabricação de Televisores com telas de LCD. Portaria Interministerial Nº 163, de 27 de agosto de 2009.

BRASIL. Ministério de Estado da Ciência e Tecnologia. Estabelece o processo produtivo básico para fabricação de Telas de LCD. Portaria Interministerial Nº 215, de 17 de dezembro de 2009.

BRASIL. Decreto-Lei Nº 288, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe acerca da criação e funcionamento da Zona Franca de Manaus. 45 55 70 30 99 1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Problema 1ª Ação Ação Final

Evolução do Controle

OK NG

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BRUNO, Léo Fernando Castelhano; MACHADO, José Alberto da Costa; NOGUEIRA, Claudino Lobo. A atuação da SUFRAMA, na percepção das empresas do pólo industrial de Manaus. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP, 23, Minas Gerais. Anais... Minas Gerais, 2003.

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(Publicação da Coordenadoria de Comunicação Social da Suframa - CODEC).

Referências

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