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RELATÓRIO. PT Unida na diversidade PT. Parlamento Europeu A9-0036/

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RR\1226184PT.docx PE663.043v01-00

PT

Unida na diversidade

PT

Parlamento Europeu

2019-2024 Documento de sessão A9-0036/2021 5.3.2021

RELATÓRIO

sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021

(2021/200(INI))

Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários Relator: Markus Ferber

Relatora de parecer (*): Margarida Marques, Comissão dos Orçamentos (*) Comissão associada – Artigo 57.º do Regimento

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PR_INI

ÍNDICE

Página

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU ...3 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS ...14 PARECER DA COMISSÃO DOS ORÇAMENTOS ...15 PARECER DA COMISSÃO DO AMBIENTE, DA SAÚDE PÚBLICA E DA SEGURANÇA ALIMENTAR ...21 CARTA DA COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL...30 INFORMAÇÕES SOBRE A APROVAÇÃO NA COMISSÃO COMPETENTE QUANTO À MATÉRIA DE FUNDO ...35 VOTAÇÃO NOMINAL FINAL NA COMISSÃO COMPETENTE QUANTO À MATÉRIA DE FUNDO ...36

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PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU

sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021

(2020/2004(INI)

O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE), nomeadamente os artigos 121.º, 126.º e 136.º e o Protocolo n.º 12,

– Tendo em conta o Protocolo n.º 1 relativo ao papel dos parlamentos nacionais na União Europeia,

– Tendo em conta o Protocolo n.º 2 relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade,

– Tendo em conta o Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 1175/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro de 2011, que altera o Regulamento (CE) n.º 1466/97 do Conselho relativo ao reforço da supervisão das situações orçamentais e à supervisão e coordenação das políticas económicas1,

– Tendo em conta a Diretiva 2011/85/UE do Conselho, de 8 de novembro de 2011, que estabelece requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais dos Estados-Membros2,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 1174/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro de 2011, relativo às medidas de execução destinadas a corrigir os desequilíbrios macroeconómicos excessivos na área do euro3,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 1177/2011 do Conselho, de 8 de novembro de 2011, que altera o Regulamento (CE) n.º 1467/97 relativo à aceleração e clarificação da aplicação do procedimento relativo aos défices excessivos4,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 1176/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro de 2011, sobre prevenção e correção dos desequilíbrios macroeconómicos5,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 1173/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro de 2011, relativo ao exercício eficaz da supervisão

1 JO L 306 de 23.11.2011, p. 12. 2 JO L 306 de 23.11.2011, p. 41. 3 JO L 306 de 23.11.2011, p. 8. 4 JO L 306 de 23.11.2011, p. 33. 5 JO L 306 de 23.11.2011, p. 25.

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orçamental na área do euro6,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 473/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de maio de 2013, que estabelece disposições comuns para o

acompanhamento e a avaliação dos projetos de planos orçamentais e para a correção do défice excessivo dos Estados-Membros da área do euro7,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 472/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de maio de 2013, relativo ao reforço da supervisão económica e orçamental dos Estados-Membros da área do euro afetados ou ameaçados por graves dificuldades no que diz respeito à sua estabilidade financeira8,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 20 de março de 2020, sobre a ativação da cláusula de derrogação de âmbito geral do Pacto de Estabilidade e Crescimento (COM(2020)0123),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 27 de maio de 2020 intitulada «A Hora da Europa: Reparar os Danos e Preparar o Futuro para a Próxima Geração» (COM(2020)0456),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 27 de maio de 2020, intitulada «Um orçamento da UE que potencia o plano de recuperação da Europa» (COM(2020)0442), – Tendo em conta a proposta da Comissão, de 28 de maio de 2020, de um regulamento do

Conselho que cria um Instrumento de Recuperação da União Europeia para apoiar a recuperação na sequência da pandemia de COVID-19 (COM(2020)0441),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 17 de setembro de 2020, intitulada «Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021» (COM(2020)0575) e a Comunicação da Comissão, de 18 de novembro de 2020, intitulada «Relatório sobre o Mecanismo de Alerta de 2021» (COM(2020)0745),

– Tendo em conta o Relatório anual do Conselho Orçamental Europeu de 29 de outubro de 2019, a Declaração do Conselho Orçamental Europeu, de 24 de março de 2020, sobre a COVID-19 e a Avaliação do Conselho Orçamental Europeu, de 1 de julho de 2020, sobre a orientação orçamental adequada para a área do euro em 2021,

– Tendo em conta o Acordo Interinstitucional, de 16 de dezembro de 2020, sobre a disciplina orçamental, a cooperação em matéria orçamental e a boa gestão financeira, bem como sobre os novos recursos próprios, incluindo um roteiro para a introdução de novos recursos próprios9,

– Tendo em conta o documento da Comissão intitulado «European Economic Forecast: Winter 2021» (Previsões económicas europeias: Inverno 2021) (Institutional Paper

6 JO L 306 de 23.11.2011, p. 1. 7 JO L 140 de 27.5.2013, p. 11. 8 JO L 140 de 27.5.2013, p. 1.

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144)10,

– Tendo em conta as recomendações do Conselho Europeu, de 10 e 11 de dezembro de 2020, sobre o QFP e o Next Generation EU, a COVID-19, as alterações climáticas, a segurança e as relações externas (EUCO 22/20),

– Tendo em conta o artigo 54.º do seu Regimento,

– Tendo em conta os pareceres da Comissão dos Orçamentos e da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar,

– Tendo em conta a carta da Comissão do Desenvolvimento Regional,

– Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (A9-0036/2021),

A. Considerando que o Semestre Europeu desempenha um papel essencial na coordenação das políticas económicas, orçamentais e de emprego dos Estados-Membros, o que serve para assegurar a solidez das finanças públicas, para prevenir os desequilíbrios macroeconómicos excessivos, para apoiar as reformas estruturais e para impulsionar o investimento, e constitui atualmente o quadro utilizado para orientar a União e os Estados-Membros através dos desafios da recuperação com base nas prioridades políticas da UE; que, desde a crise da dívida soberana de 2008, a União está muito mais robusta para enfrentar uma crise, mas estão a surgir novos desafios à estabilidade macroeconómica; B. Considerando que a União e os seus Estados-Membros se comprometeram a respeitar os

valores fundamentais consagrados nos Tratados e a aplicar a Agenda 2030 das Nações Unidas, o Pilar Europeu dos Direitos Sociais e o Acordo de Paris;

C. Considerando que os aspetos relacionados com o possível futuro do quadro orçamental da UE serão examinados pela revisão do quadro legislativo macroeconómico no relatório de iniciativa do Parlamento Europeu dedicado a esta questão; observa que o quadro será revisto e deve ser adaptado em função dos resultados da revisão;

D. Considerando que os aspetos sociais e relativos ao emprego da Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável são examinados no âmbito do relatório gémeo do presente relatório intitulado «Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: aspetos sociais e relativos ao emprego da Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021»;

E. Considerando que um nível elevado de dívida pública pode constituir um pesado encargo para as gerações futuras e travar a recuperação;

F. Considerando que a pandemia atingiu todos os Estados-Membros e criou um choque simétrico, mas a escala do impacto, as exposições económicas específicas e as condições iniciais, bem como o ritmo e a força da recuperação, variarão significativamente;

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G. Considerando que os períodos em que a conjuntura é favorável têm de ser utilizados para fazer reformas estruturais, em particular com a adoção de medidas destinadas a reduzir o défice orçamental, a dívida pública e os empréstimos não produtivos, e para nos prepararmos para outra eventual crise ou recessão económica;

H. Considerando que as mulheres são desproporcionadamente afetadas por causa da crise e que a resposta proposta para a recuperação tem em conta os desafios relacionados com a crise da COVID-19 no setor da prestação de cuidados às pessoas idosas e os desafios específicos que as mulheres enfrentam;

I. Considerando que os Estados-Membros tomaram medidas orçamentais importantes para responder à pandemia (4,2 % do PIB em 2020 e 2,4 % do PIB em 2021); que o produto da economia europeia mal deve regressar aos níveis anteriores à pandemia em 2022; J. Considerando que os planos de recuperação e resiliência adotados pelos

Estados-Membros englobarão o seu programa nacional de reformas e investimentos elaborado de acordo com os objetivos políticos da UE, centrado nomeadamente nas transições ecológica e digital;

I. Crise da COVID, Mecanismo de Recuperação e Resiliência, ajustamento temporário do Semestre

1. Toma nota do facto de que o Semestre Europeu e o Mecanismo de Recuperação e Resiliência estão estreitamente interligados; regista que a avaliação dos planos de recuperação e resiliência (PRR) será feita em função das prioridades definidas no Mecanismo e da aplicação das recomendações específicas por país pertinentes; convida a Comissão a examinar cuidadosamente os planos a fim de assegurar que a recuperação gere valor acrescentado europeu, melhore a competitividade a longo prazo e as

perspetivas de crescimento sustentável dos Estados-Membros e oriente as economias europeias para enfrentar os desafios e colher os benefícios das transições ecológica e digital, do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas;

2. Congratula-se, além disso, com a rápida e intensa resposta inicial à crise no domínio da política monetária e da política orçamental quer a nível da UE, quer a nível dos Estados-Membros, bem como com a adoção do próximo QFP e do Next Generation EU

(NGEU); solicita à Comissão e ao Conselho que acelerem a execução do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, para que os financiamentos sejam desembolsados

rapidamente; salienta que, para que as transições climática e digital sejam

bem-sucedidas, têm de ter as dimensões social e do mercado interno no seu centro; insiste em que os fundos e os recursos sejam canalizados para projetos e beneficiários que

despendam os recursos de modo responsável e eficaz e em projetos sustentáveis, viáveis, que gerem o maior impacto possível; recorda o papel que será desempenhado pelo Parlamento Europeu no diálogo sobre a recuperação e a resiliência estabelecido pelo Regulamento MRR; recorda com isto que a relação entre o Semestre Europeu e o MRR é também examinada pelo Parlamento Europeu;

3. Assinala que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência tem como objetivo tornar as economias e as sociedades dos Estados-Membros mais resilientes, visando ao mesmo tempo a sustentabilidade competitiva, a convergência e a coesão da UE; realça que a

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apropriação nacional e a transparência serão elementos essenciais para uma execução rápida e bem-sucedida do Mecanismo de Recuperação e Resiliência e dos planos de recuperação; considera, por conseguinte, essencial que se realizem debates nos parlamentos nacionais e que a Comissão coopere pró-ativamente com as autoridades nacionais e as partes interessadas pertinentes a fim de discutir os projetos de planos nacionais numa fase precoce, de modo a tornar possíveis soluções adaptadas e reformas específicas;

4. Congratula-se com o facto de que, para fazer face à crise sem precedentes causada pela COVID-19, os Estados-Membros e as instituições da UE tenham criado o NGEU para ajudar a recuperação; observa, por conseguinte, que o MRR cria uma oportunidade única para realizar as reformas e os investimentos necessários para que a UE esteja preparada para enfrentar os desafios atuais;

5. Entende que os efeitos simétricos da COVID 19 ampliaram na verdade a divergência socioeconómica entre os Estados-Membros da UE e as suas regiões;

6. Observa ainda que os prazos do Semestre Europeu se sobrepõem com os do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o que exige um ajustamento temporário do processo do Semestre para lançar convenientemente o Mecanismo de Recuperação e Resiliência; salienta que a recuperação da UE oferece uma oportunidade única para fornecer orientações aos Estados-Membros sobre os domínios em que as reformas e os investimentos são mais necessários para acelerar a transição para uma UE mais sustentável, resiliente e inclusiva;

7. Apoia as orientações fornecidas pela Comissão aos Estados-Membros para que os seus PRR incluam investimentos e reformas em domínios emblemáticos que se coadunam com o objetivo da UE de que as transições climática e digital sejam justas;

8. Considera que a sustentabilidade ambiental, a produtividade, a equidade e a estabilidade macroeconómica, as quatro dimensões identificadas na Estratégia Anual para o

Crescimento Sustentável 2020, deverão continuar a ser os princípios orientadores subjacentes aos planos de recuperação e resiliência dos Estados-Membros; recorda que, para assegurar a transparência, a Comissão transmitirá simultaneamente ao Conselho e ao Parlamento Europeu os planos nacionais de recuperação e resiliência elaborados pelos Estados-Membros;

9. Sublinha que o Regulamento que cria o Mecanismo de Recuperação e Resiliência reconhece que as mulheres foram particularmente afetadas pela crise de COVID-19, na medida em que constituem a maioria dos trabalhadores do setor da saúde em toda a União e que asseguram o equilíbrio entre a prestação de cuidados não remunerada e as suas responsabilidades no emprego;

10. Considera que a adaptação temporária do ciclo deste ano não pode sobrepor-se ao objetivo e à função originais do Semestre Europeu, nem impedir a sua evolução de prosseguir; recorda que o ciclo do Semestre Europeu é um quadro bem estabelecido para os Estados-Membros da UE coordenarem as suas políticas orçamentais,

económicas, sociais e de emprego e que, após a crise da COVID-19, será mais do que nunca necessário um Semestre Europeu operacional para coordenar estas políticas a nível da União Europeia, mas observa também que, desde a sua criação, o Semestre foi

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alargado de modo a incluir, nomeadamente, as questões relacionadas com o setor financeiro e a tributação, bem como os fins dos ODS das Nações Unidas, dando a devida atenção às pessoas do nosso planeta na nossa política económica; observa que, para reforçar ainda mais a resiliência económica e social, a UE tem de cumprir os princípios do Pilar Europeu dos Direitos Sociais; recorda que promover um crescimento mais forte e sustentável de maneira sustentável significa promover políticas orçamentais responsáveis, as reformas estruturais, um investimento eficaz, a transformação digital e as transições ecológica e justa; convida os Estados-Membros e a Comissão a

equilibrarem adequadamente a promoção de um investimento público e privado

favorável ao crescimento que seja sustentável com as reformas estruturais nos planos de recuperação;

11. Entende que o exercício do Semestre Europeu de 2021 oferece uma excelente

oportunidade para melhorar a apropriação nacional, uma vez que os Estados-Membros estão a elaborar PRR específicos para responder às suas diferentes necessidades; está convicto, a este respeito, de que a legitimidade democrática deve ser garantida e finalmente aumentada, o que inclui o papel adequado do Parlamento Europeu na execução do Mecanismo que é previsto no Regulamento que cria o Mecanismo de Recuperação e Resiliência; solicita aos Estados-Membros que criem, se necessário utilizando o Instrumento de Assistência Técnica, a capacidade administrativa e de controlo necessária para darem garantias firmes da utilização correta e eficiente dos fundos, bem como de um elevado nível de capacidade de absorção; recorda que os PRR estão sujeitos aos requisitos horizontais de boa governação económica

e ao regime geral de condicionalidade para a proteção do orçamento da União;

II. Perspetivas económicas da UE

12. Observa com grande preocupação a situação extremamente difícil das economias da UE e que, de acordo com as previsões económicas do inverno de 2021 da Comissão, o PIB registou uma queda sem precedentes quer na área do euro, quer no conjunto da UE; observa que se registou uma contração de 6,3 % do PIB da UE (6,8 % na área do euro) em 2020, enquanto se prevê uma recuperação económica de 3,7 % (3,8 % na área do euro) em 2021;

13. Salienta que a recessão económica sem precedentes em 2020 e as medidas tomadas em resposta à pandemia deverão elevar o rácio dívida/PIB da UE para um novo pico de cerca de 93,9 % (101,7 % na área do euro) em 2020, com a previsão de um novo aumento para cerca de 94,6 % (102,3 % na área do euro) em 2021; realça que persiste um elevado nível de incerteza e que as perspetivas económicas dependem em grande medida da rapidez com que a pandemia seja ultrapassada; está ciente, além disso, de que estes níveis de dívida podem ser sustentados por um crescimento económico suficiente; reitera a importância da sustentabilidade a longo prazo da dívida soberana; observa que muitos Estados-Membros entraram na atual crise numa situação de fraqueza orçamental, o que está a ser agravado pela pandemia;

14. Manifesta a sua preocupação com o impacto extremamente negativo da pandemia de COVID-19 na economia da UE, em particular nas pequenas e médias empresas (PME), no mercado único e na sua competitividade, e sublinha a importância da execução do Pacto Ecológico Europeu, do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e dos ODS das Nações

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Unidas; entende, por conseguinte, que a coordenação da ação dos Estados-Membros é, entre outras medidas, um instrumento essencial para reduzir o referido impacto

negativo; é de opinião que, se a UE não for capaz de dar uma resposta adequada à atual crise, então tanto a área do euro como a UE no seu conjunto correm o risco de se atrasarem ainda mais na realização dos objetivos de sustentabilidade ambiental, de competitividade, de equidade e de estabilidade macroeconómica;

15. Reitera a importância de salvaguardar as condições de concorrência equitativas no mercado único, tendo ao mesmo tempo em conta as características físicas enfrentadas pelas regiões insulares, periféricas e escassamente povoadas da UE e a situação das regiões menos desenvolvidas da UE, o que é uma condição prévia necessária para promover, nomeadamente, a transformação digital e as transições ecológica e justa e a inovação e para acelerar a recuperação e a competitividade;

16. Solicita uma melhor implementação de finanças públicas responsáveis, reformas estruturais socialmente equilibradas que melhorem as perspetivas a longo prazo e investimentos públicos e privados de elevada qualidade que, nomeadamente, permitam realizar as transições ecológica e digital;

17. Manifesta a sua preocupação com o impacto das medidas de contenção da pandemia sobre o baixo crescimento da produtividade na UE e o declínio acentuado do

crescimento da produtividade na área do euro antes da pandemia; é de opinião que deve ser prosseguida uma estratégia equilibrada que promova o crescimento sustentável e um ambiente favorável ao investimento, melhorando ao mesmo tempo a sustentabilidade orçamental; salienta que deve ser dada especial enfâse aos investimentos e às políticas orientados para o futuro, especialmente no caso dos Estados-Membros que dispõem de margem de manobra orçamental para investir, a fim de promover um crescimento sustentável e inclusivo;

18. Congratula-se com o Pacto Ecológico Europeu, a nova estratégia de crescimento

sustentável da UE, que reúne quatro dimensões, ambiente, produtividade, estabilidade e equidade, estratégia esta tornada possível pelas tecnologias digitais e ecológicas, uma base industrial inovadora e uma autonomia estratégica;

III. Políticas orçamentais e sustentáveis responsáveis

19. Observa que, embora existam novos desafios em matéria de estabilidade

macroeconómica, a União Económica e Monetária está em muito melhor posição para enfrentar uma crise do que estava durante a crise financeira e económica de 2008; está convicto de que a promoção de uma recuperação económica resiliente e sustentável em conformidade com os objetivos políticos da UE, centrada nas transições ecológica, justa e digital, é uma das prioridades imediatas mais importantes; observa que a natureza dos meios para superar a atual crise exige uma política orçamental expansionista durante o tempo que for necessário;

20. Salienta que os Estados-Membros que tinham reservas orçamentais conseguiram

mobilizar pacotes de estímulo orçamental a um ritmo muito mais rápido e sem custos da dívida associados, o que ajudou a atenuar os efeitos socioeconómicos negativos da pandemia; reitera que a reconstituição das reservas orçamentais ao longo do tempo, de forma socialmente responsável, será importante para a preparação para crises futuras;

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insta, no entanto, os Estados-Membros, a Comissão e o Conselho a não repetirem os erros do passado em resposta à crise económica; partilha do ponto de vista do Conselho Orçamental Europeu de que uma rápida reversão da orientação orçamental não é aconselhável para a recuperação;

21. Observa que a Comissão tenciona formular recomendações relativas à situação orçamental dos Estados-Membros em 2021, conforme previsto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento; salienta que o quadro de governação económica deve também atender às realidades económicas atuais e ser coerente com as prioridades políticas da UE, melhorando ao mesmo tempo o cumprimento das regras orçamentais, que devem ser simplificadas, claras e práticas e que serão revistas e, em função dos resultados, adaptadas; solicita uma abordagem mais pragmática e sublinha a

necessidade de assegurar que o quadro seja mais rigoroso nos períodos em que a conjuntura económica é favorável e mais flexível nos períodos em que a conjuntura económica é desfavorável;

22. Salienta, sem prejuízo do resultado dos debates sobre a reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que as atuais regras financeiras e orçamentais da UE oferecem a flexibilidade necessária em tempos de crise através da ativação da cláusula de derrogação geral prevista no Pacto de Estabilidade e Crescimento e permitem a todos os Estados-Membros adotar a orientação orçamental necessária para proteger as

economias da UE, demonstrando assim uma extraordinária anticiclicidade; 23. Espera que a cláusula de derrogação geral permaneça ativada enquanto existir a

justificação subjacente à sua ativação a fim de apoiar os esforços dos Estados-Membros para recuperar da crise pandémica e reforçar a sua competitividade, bem como a

resiliência económica e social; convida a Comissão a emitir orientações, na primavera de 2021, sobre o caminho a seguir e a clarificar o calendário previsto da saída da cláusula de derrogação geral;

24. Sublinha, sem prejuízo do resultado dos futuros debates sobre a reforma do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que atualmente todos os Estados-Membros são obrigados a cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento; reconhece que a cláusula de derrogação geral não suspende nem os procedimentos do Pacto de Estabilidade e Crescimento, nem as regras orçamentais da UE; recorda que a cláusula de derrogação geral autoriza um desvio temporário dos Estados-Membros relativamente à trajetória de ajustamento ao objetivo orçamental de médio prazo, desde que tal não ponha em risco a

sustentabilidade orçamental a médio prazo.

25. Solicita à Comissão que atue decisivamente contra a fraude fiscal, a elisão e a evasão fiscais e o branqueamento de capitais, que desviam potenciais recursos dos orçamentos nacionais e prejudicam a capacidade de ação dos governos, nomeadamente para a recuperação da pandemia de COVID-19;

26. Observa que, até ao final de abril de 2021, a Comissão tenciona realizar análises aprofundadas para avaliar a situação dos desequilíbrios em determinados Estados-Membros; observa ainda que vários dos desequilíbrios macroeconómicos existentes estão a ser agravados pela crise da COVID-19;

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Económica e Monetária através da conclusão da União Bancária e da União dos Mercados de Capitais, a fim de proteger os cidadãos e reduzir a pressão sobre as finanças públicas durante um choque externo de modo que os desequilíbrios sociais e económicos sejam ultrapassados;

IV. Reformas estruturais equilibradas e sustentáveis, favoráveis ao crescimento

28. Está consciente de que a crise da COVID-19 não será resolvida apenas pela atual orientação orçamental; sublinha, por conseguinte, a importância de implementar reformas estruturais concebidas especificamente para os casos concretos, profundas, favoráveis ao crescimento, equilibradas, sustentáveis e socialmente justas,

nomeadamente para gerar um crescimento sustentável e socialmente inclusivo e criar emprego, que possam apoiar eficientemente a recuperação, bem como apoiar a transformação digital e a transição ecológica, o emprego de qualidade, a redução da pobreza e os ODS das Nações Unidas, e impulsionar a competitividade e o mercado único, aumentando a convergência e um crescimento mais forte e sustentável na União e nos Estados-Membros; salienta que o potencial de crescimento a longo prazo das economias dos Estados-Membros em particular só pode ser reforçado através de melhorias estruturais; observa, no entanto, que a eficácia e o êxito do alinhamento das medidas políticas dos Estados-Membros dependerão da revisão do Pacto de

Estabilidade e Crescimento e, em função dos resultados desta revisão, da sua adaptação, bem como de uma maior apropriação pelos Estados-Membros da aplicação das

recomendações específicas por país;

29. solicita à Comissão que comece a trabalhar na criação de um indicador climático para avaliar a discrepância entre a estrutura dos orçamentos dos Estados-Membros e o cenário consentâneo com o Acordo de Paris para cada um dos orçamentos nacionais; salienta a necessidade de este indicador fornecer aos Estados-Membros informações sobre a sua trajetória no quadro do Acordo de Paris a fim de assegurar que a Europa possa tornar-se o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050; espera que o indicador climático seja uma referência para as várias políticas da UE e, portanto, seja também usado como um guia para o Semestre Europeu, sem enfraquecer a sua

finalidade original;

30. É de opinião que o desenvolvimento das competências digitais é uma condição prévia para assegurar que todos os europeus possam participar na sociedade e aproveitar as vantagens da transição digital; chama a atenção para que tal exige reformas no domínio da educação, das competências e também da aprendizagem ao longo da vida para orientar um mercado de trabalho em transição e desenvolver e mobilizar tecnologias digitais essenciais e construir o futuro digital da Europa; chama ainda a atenção para que importa apoiar a igualdade no acesso transversal às infraestruturas, aos

equipamentos e às competências digitais para evitar uma fratura digital;

31. Solicita aos Estados-Membros e à Comissão que, no respeito da sustentabilidade orçamental e das boas regras orçamentais, criem um quadro regulamentar que inclua regras de investimento ou outros instrumentos adequados, que sejam previsíveis e favoráveis aos investimentos públicos e privados, em conformidade com os objetivos da UE a longo prazo, garantindo simultaneamente a capacidade de resposta dos Estados-Membros a futuras crises;

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32. Toma nota de que, no contexto do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, a

Comissão incentiva os Estados-Membros a apresentarem os seus programas nacionais de reformas e os seus PRR num só documento integrado;

33. Salienta que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que presta apoio financeiro, pode ser uma oportunidade única para ajudar os Estados-Membros a enfrentarem os seus desafios identificados no quadro do Semestre Europeu;

34. Recorda que as reformas estruturais favoráveis ao crescimento, socialmente

equilibradas, nem sempre exigem margem de manobra orçamental, mas antes esforços políticos, legislativos e administrativos;

35. Salienta a necessidade de uma monitorização e de uma vigilância contínuas e que os Estados-Membros devem responder aos desequilíbrios emergentes com reformas que reforcem a resiliência económica e social e promovam a transformação digital e as transições ecológica e justa; congratula-se com o facto de que a Comissão continuará a acompanhar a execução pelos Estados-Membros das reformas propostas nas

recomendações específicas por país dos anos anteriores; considera que este processo deve ter em conta as perspetivas económicas e sociais dos Estados-Membros;

V. Investimento

36. Salienta que a UE enfrenta o desafio sem precedentes de atenuar as consequências económicas da pandemia, tendo em conta as estratégias da UE com o fim de ter um impacto duradouro na resiliência dos Estados-Membros, e entende que a recuperação económica deve ser conduzida através de um reforço do mercado único, da investigação e da inovação e em conformidade com o Pacto Ecológico Europeu, os ODS das Nações Unidas, a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e a competitividade, aliviando simultaneamente a situação das PME e melhorando o seu acesso aos capitais privados; está convicto de que tal exige quer um aumento do nível de investimento económica, social, ambiental e digitalmente viável a longo prazo, quer um reforço da convergência e da coesão da UE e dos Estados-Membros;

37. Salienta a falta de investimento, uma vez que as projeções revelam a necessidade de uma expansão do investimento; realça que os investimentos públicos são limitados, uma vez que representam recursos escassos financiados na sua maioria pelos contribuintes; chama a atenção para que a dimensão do défice de investimento exige também

investimentos privados e públicos consideráveis, que criem um nível adequado de infraestruturas, bem como um ambiente empresarial previsível e favorável que seja propício a tais investimentos;

38. Salienta que os Estados-Membros devem centrar-se nos investimentos públicos e privados sustentáveis, direcionados, em infraestruturas orientadas para o futuro e

noutras áreas que reforcem ainda mais o mercado único, a transição para uma sociedade mais limpa, socialmente inclusiva, sustentável e digital e aumentem a competitividade e a autonomia estratégica da UE; é, pois, de opinião que deve ser dada prioridade aos projetos transfronteiras e plurinacionais;

39. Sublinha a necessidade de adotar políticas favoráveis ao investimento, de reduzir os encargos administrativos e de garantir condições de concorrência equitativas em

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especial para as PME, que constituem a espinha dorsal da economia da UE e da criação de emprego; considera que tudo isto facilitaria a recuperação económica e criaria também condições favoráveis para o crescimento a longo prazo;

VI. Um Semestre Europeu mais democrático

40. Realça a importância de um debate cabal e da participação adequada dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu no processo do Semestre Europeu; reitera o seu apelo ao reforço do papel democrático do Parlamento Europeu no quadro da governação económica e solicita ao Conselho e à Comissão que tenham em devida conta as

resoluções aprovadas pelos parlamentos; convida a Comissão a manter o Parlamento Europeu e o Conselho, como colegisladores, igualmente bem informados sobre todos os aspetos relacionados com a aplicação do quadro de governação económica da UE, nomeadamente nas fases preparatórias;

41. Apela a uma coordenação empenhada com os parceiros sociais e outras partes interessadas pertinentes quer a nível nacional, quer a nível europeu com o fim de reforçar a responsabilidade democrática e a transparência;

42. Destaca o importante papel da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários através da sua ação para melhorar a prestação de contas ao Parlamento Europeu, já que a experiência acumulada até ao momento na aplicação do Semestre Europeu

demonstrou que o atual quadro de prestação de contas pode ser reforçado de modo a melhorar a sua legitimidade e eficácia;

43. Recorda que o Semestre Europeu é um exercício misto constituído pelos chamados semestres nacional e europeu ao longo do ano; relembra a importância dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade;

°

° °

44. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho e à Comissão.

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Dado que um relatório de iniciativa separado é dedicado ao possível futuro do quadro orçamental da UE e que os aspetos sociais e relativos ao emprego da Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável são tratados no âmbito do relatório gémeo deste da EMPL, o presente relatório ECON sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021 não pretende abranger estas questões. No relatório ECON, a relatora pretende centrar-se nos temas que são especificamente da competência da ECON.

Na sua Comunicação sobre a Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021, a Comissão explica como o Semestre Europeu e o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) estão interligados, e que os prazos do Semestre Europeu e do MRR não coincidem, o que exige um ajustamento temporário do calendário do Semestre Europeu, para lançar convenientemente o MRR.

A relatora aceita esta mudança, uma vez que a pandemia de COVID-19 mergulhou o mundo numa recessão súbita e profunda e que é necessária uma resposta forte, coordenada e inovadora, sendo o MRR fundamental para esta resposta. No entanto, a relatora entende que a adaptação temporária do ciclo do Semestre Europeu deste ano não pode prevalecer sobre o objetivo e a função originais do Semestre Europeu, que são os de ser um quadro para os Estados-Membros da UE coordenarem as suas políticas orçamentais e económicas na União Europeia.

Uma vez que a pandemia terá um impacto negativo na economia da UE, em especial nas PME, no Mercado Único e na sua competitividade, serão necessárias reformas estruturais significativas e investimentos públicos e privados de elevada qualidade, para ultrapassar esta crise. Os Estados-Membros podem utilizar a flexibilidade orçamental disponível para apoiar a sua economia, uma vez que a cláusula de derrogação de âmbito geral é ativada, mas continuam a ser obrigados a cumprir o PEC e devem continuar a ter presente o objetivo da sustentabilidade financeira a médio prazo.

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26.2.2021

PARECER DA COMISSÃO DOS ORÇAMENTOS

dirigido à Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários

sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021

(2021/0000(INI))

Relatora de parecer: Margarida Marques

(*) Comissão associada – Artigo 57.° do Regimento

SUGESTÕES

A Comissão dos Orçamentos insta a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar:

1. Acolhe com agrado as avaliações globais da Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021, a atenção reforçada que a estratégia dedica às dimensões social e ambiental e à promoção de reformas e investimentos que apoiem uma sólida recuperação e aumentem a resiliência em futuras situações de crise, colocando simultaneamente a ênfase na importância de combinar a gestão de crises com as aspirações transformadoras das transições ecológica e digital; realça que a crise da COVID-19, com o aumento do desemprego e do risco de pobreza, as perdas importantes nos rendimentos das famílias e das PME, a exclusão social e o aumento das

disparidades entre os Estados-Membros, está a ter um impacto no conteúdo das reformas, na recuperação e na resiliência, e salienta que a tónica colocada pela

Presidência portuguesa na melhoria e no reforço do modelo social europeu constitui um contributo valioso para a recuperação a longo prazo e a competitividade na UE,

concretizando o Pilar Europeu dos Direitos Sociais e reforçando a autonomia estratégica aberta da UE;

2. Reconhece o caráter sem precedentes do pacote de recuperação da economia europeia (quadro financeiro plurianual (QFP) e Next Generation EU (NGEU)), no valor de 1,8 biliões de euros, para compensar os impactos da crise, e salienta que a luta contra a pandemia é um pré-requisito para a recuperação, nomeadamente acelerando a

distribuição coordenada e o acesso oportuno a vacinas por parte de todos os Estados-Membros e de todas as pessoas; manifesta preocupação pelo facto de a contração do

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PIB da UE com base nas previsões económicas da Comissão (-6,3 % do PIB da UE em 2020 e +3,7 % em 2021), a par do prolongamento do confinamento, reduzir

drasticamente a margem de manobra orçamental no curto a médio prazo de muitos Estados-Membros, comprometendo a sua capacidade para enfrentar desafios políticos prementes;

3. Manifesta, neste contexto, a sua preocupação com os possíveis efeitos a longo prazo, na integridade do mercado único, da extensão da derrogação às regras em matéria de auxílios estatais durante a atual crise para os Estados-Membros com fundos públicos limitados e capacidade orçamental limitada, e salienta a importância de preservar condições de concorrência equitativas no mercado único e de reforçar a coesão económica e social entre as regiões da UE;

4. Desaconselha atrasos importantes na execução de programas e fundos da UE, em especial os do âmbito da gestão partilhada, no período 2014-2020; insta, por

conseguinte, os Estados-Membros a acelerarem a execução destes programas, a fim de não comprometerem o lançamento tempestivo dos novos programas da UE no âmbito do QFP 2021-2027, bem como dos programas financiados pelo Instrumento Europeu de Recuperação, tendo especialmente em conta o calendário apertado estabelecido para a sua execução;

5. Entende que os acordos sobre o QFP, o NGEU, a Decisão Recursos Próprios, o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e o Regulamento relativo ao Estado de Direito constituem uma base de referência viável para políticas, reformas e

investimentos inovadores, sustentáveis e socialmente justos, indispensáveis para fazer face aos desafios atuais e a desafios inesperados ou imprevisíveis; está convicto de que esta nova emissão comum de obrigações a nível da UE, necessária devido à crise sanitária, económica e social, e destinada a assegurar um crescimento sustentável, cria valor ao mutualizar a notação de risco excelente do orçamento da UE com base no seu sistema de recursos próprios, o que é crucial para aplicar as prioridades europeias, apoiar investimentos e reformas, e constitui um estímulo económico para uma recuperação sustentável e justa na UE; destaca, a este respeito, a importância de desembolsar os fundos gerados pela contração de empréstimos da Comissão nos mercados de capitais através de programas e instrumentos do orçamento da UE;

6. Realça que o NGEU, e o MRR em particular, redefine o quadro do Semestre Europeu e que, juntamente com o Mecanismo para uma Transição Justa, a REACT-EU, o

Horizonte Europa, o InvestEU, o RescEU, o desenvolvimento rural e a emissão de obrigações verdes, constituirá um teste exemplar à forma como a orientação estratégica e a capacidade financeira da UE podem ser sincronizadas com as necessidades,

prioridades e capacidades de execução a nível nacional; refere a importância das prioridades e dos programas da UE, nomeadamente os relativos ao investimento, ao emprego, à educação e formação, às infraestruturas e competências digitais, à cultura, aos cuidados sociais e à saúde, para o êxito da recuperação e para o reforço do

crescimento sustentável e da criação de emprego, promovendo simultaneamente a coesão económica, social e territorial na UE, e salienta ainda a necessidade de assegurar a coerência e a complementaridade com o quadro do Semestre Europeu e os planos de recuperação e resiliência; sublinha, a este respeito, a necessidade de sinergias entre os PRR e os acordos de parceria no âmbito do QFP 2021-2027, e insta os

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Membros a apresentarem as respetivas propostas sem demora injustificada;

7. Frisa que o Parlamento deve ser mais associado ao processo do Semestre Europeu, nomeadamente no que respeita às recomendações específicas por país, a fim de lhe conferir legitimidade democrática e de assegurar a supervisão e o controlo da utilização dos fundos RRF que são, em última análise, garantidos pelo orçamento da UE, por exemplo através do diálogo sobre recuperação e resiliência; destaca o papel

fundamental dos intervenientes locais e regionais, das PME, dos parceiros sociais, das organizações da sociedade civil e de outras partes interessadas relevantes que

participam ativamente no desenvolvimento dos PRR dos Estados-Membros, a fim de estimular o crescimento sustentável, assegurando, assim, uma transição justa, e salvaguardando, ao mesmo tempo, os postos de trabalho em toda a UE; insta a Comissão a assegurar uma consulta pública adequada das partes interessadas, acompanhando de perto os relatórios de progresso dos Estados-Membros sobre a execução dos PRR e assegurando uma despesa estratégica e responsável que não substitua despesas orçamentais nacionais recorrentes e que seja eficiente e eficaz tanto para a economia como para os cidadãos;

8. Insta a Comissão a assegurar que os quadros de indicadores e os painéis de avaliação existentes sejam complementados com indicadores que reflitam melhor o impacto do orçamento da UE, nomeadamente os impactos a nível social, de género,

macroeconómico e ambiental;

9. Sublinha a necessidade urgente de os PRR proporcionarem bens públicos, como a prevenção de pandemias, e de contribuírem para a aplicação dos seis pilares do MRR (a competitividade económica e o empreendedorismo, a coesão social e territorial e as políticas para a juventude), do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, dos objetivos da UE em matéria de clima e biodiversidade, do Acordo de Paris, dos Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável da ONU, do Pacto Ecológico Europeu e da transformação digital e ecológica, e da Estratégia para a Igualdade de Género, bem como para a

resiliência a longo prazo das economias e finanças públicas europeias através de

reformas e investimentos; salienta a necessidade de reforçar a resiliência das instituições públicas, com vista a assegurar a continuidade do funcionamento das administrações públicas e dos serviços públicos em circunstâncias excecionais;

10. Sublinha como a metodologia de acompanhamento social a ser desenvolvida para o MRR pode desempenhar um papel-chave na melhoria do Semestre Europeu, de forma a melhor integrar as questões sociais e ambientais em pé de igualdade com a coordenação orçamental, prestando, por exemplo, uma maior atenção ao planeamento fiscal

agressivo, à redução da pobreza, à igualdade de género, à justiça social, à coesão social e à convergência ascendente;

11. Salienta que as mulheres, bem como os grupos vulneráveis e marginalizados, foram desproporcionadamente afetados pela pandemia de COVID-19 e pelas suas

consequências económicas e sociais, constituindo a maioria dos trabalhadores do setor da prestação de cuidados e de outros setores particularmente afetados pelo desemprego e pelos confinamentos e sendo simultaneamente vítimas do marcado aumento da violência doméstica e de género; recorda que as disparidades de género em matéria de emprego, de remuneração e de pensão continuam a ser extremamente acentuadas; realça

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que o processo do Semestre Europeu e o MRR devem contribuir para combater estas desigualdades; insta ao reforço da igualdade de género mediante a integração da perspetiva de género em todas as atividades, políticas e programas da UE, e exorta a Comissão a acelerar a introdução de uma metodologia eficaz, transparente, abrangente, orientada para os resultados e baseada no desempenho para todos os programas da UE; 12. Reitera a urgência de aumentar e diversificar as fontes de receitas do orçamento da UE,

em conformidade com o roteiro integrado no acordo interinstitucional, e de estabelecer uma ligação mais eficaz entre os recursos próprios e os objetivos políticos,

nomeadamente concedendo incentivos ambientais e melhorando a eficiência da tributação da matéria coletável móvel das sociedades; recorda que o financiamento do NGEU, em particular do MRR, depende da ratificação urgente pelos Estados-Membros da decisão relativa aos recursos próprios, e exorta os Estados-Membros a ratificá-la rapidamente e sem mais delongas; salienta que o orçamento da UE e os orçamentos nacionais são afetados negativamente pela evasão fiscal e que é necessária uma

abordagem global para combater a fraude fiscal, a evasão fiscal e o planeamento fiscal agressivo, bem como a concorrência fiscal agressiva; solicita, por conseguinte, um inquérito anual sobre o diferencial de tributação europeu, que inclua uma lista de práticas fiscais prejudiciais e dos impactos da evasão fiscal nas receitas;

13. Insta a Comissão a aplicar, integralmente e sem ambiguidade, o Regulamento relativo ao Estado de Direito, que visa proteger os interesses financeiros da União, conforme adotado pelos colegisladores, a partir de 1 de janeiro de 2021; recorda o papel da Comissão enquanto guardiã dos Tratados.

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INFORMAÇÕES SOBRE A APROVAÇÃO

NA COMISSÃO ENCARREGADA DE EMITIR PARECER

Data de aprovação 25.2.2021

Resultado da votação final +:

–: 0:

33 6 1

Deputados presentes no momento da votação final

Robert Biedroń, Olivier Chastel, Lefteris Christoforou, David Cormand, Paolo De Castro, José Manuel Fernandes, Eider Gardiazabal Rubial, Alexandra Geese, Vlad Gheorghe, Valentino Grant, Elisabetta Gualmini, Francisco Guerreiro, Valérie Hayer, Eero Heinäluoma, Niclas Herbst, Monika Hohlmeier, Mislav Kolakušić, Moritz Körner, Joachim Kuhs, Zbigniew Kuźmiuk, Ioannis Lagos, Hélène Laporte, Pierre Larrouturou, Janusz Lewandowski, Margarida Marques, Silvia Modig, Siegfried Mureşan, Victor Negrescu, Andrey Novakov, Jan Olbrycht, Dimitrios Papadimoulis, Karlo Ressler, Bogdan Rzońca, Nicolae Ştefănuță, Nils Torvalds, Nils Ušakovs, Johan Van Overtveldt, Rainer Wieland, Angelika Winzig

Suplentes presentes no momento da

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VOTAÇÃO NOMINAL FINAL

NA COMISSÃO ENCARREGADA DE EMITIR PARECER

33

+

NI Mislav Kolakušić

PPE Lefteris Christoforou, José Manuel Fernandes, Niclas Herbst, Monika Hohlmeier, Janusz Lewandowski, Siegfried Mureşan, Andrey Novakov, Jan Olbrycht, Karlo Ressler, Rainer Wieland, Angelika Winzig Renew Olivier Chastel, Vlad Gheorghe, Valérie Hayer, Moritz Körner, Nicolae Ştefănuță, Nils Torvalds

S&D Robert Biedroń, Paolo De Castro, Eider Gardiazabal Rubial, Elisabetta Gualmini, Eero Heinäluoma, Pierre Larrouturou, Margarida Marques, Victor Negrescu, Nils Ušakovs

The Left Silvia Modig, Dimitrios Papadimoulis

Verts/ALE Damian Boeselager, David Cormand, Alexandra Geese, Francisco Guerreiro

6

-ECR Zbigniew Kuźmiuk, Bogdan Rzońca, Johan Van Overtveldt ID Joachim Kuhs, Hélène Laporte

NI Ioannis Lagos

1

0

ID Valentino Grant

Legenda dos símbolos utilizados: + : votos a favor

- : votos contra 0 : abstenções

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25.2.2021

PARECER DA COMISSÃO DO AMBIENTE, DA SAÚDE PÚBLICA E DA SEGURANÇA ALIMENTAR

dirigido à Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários

sobre o Semestre Europeu para a coordenação das políticas económicas: Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021

(2021/2004(INI))

Relator de parecer: Pascal Canfin

SUGESTÕES

A Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar insta a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar:

A. Considerando que a perda de biodiversidade, as alterações climáticas, a poluição e a perda de capital natural estão estreitamente associadas às atividades económicas e ao crescimento económico;

1. Saúda vivamente o facto de a Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021 confirmar a reorientação do processo do Semestre Europeu (o «Semestre»), colocando a sustentabilidade, a saúde e o bem-estar dos cidadãos no centro das políticas sociais e económicas; partilha o ponto de vista da Comissão, expresso na Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2020, segundo o qual o crescimento económico não é um fim em si, mas que o desenvolvimento sustentável deve proporcionar uma prosperidade partilhada por todos, respeitando plenamente os limites do nosso planeta; reitera o papel crucial da inovação, do progresso tecnológico, da educação e do desenvolvimento do capital humano na consecução destas prioridades; salienta que a estabilidade

macroeconómica, a sustentabilidade ambiental, a resiliência, a produtividade e a equidade social são componentes fundamentais do objetivo global de «sustentabilidade competitiva» visado no âmbito do Semestre;

2. Congratula-se ainda com a inclusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no processo do Semestre Europeu e com o facto de o ciclo de 2020 incluir um capítulo específico sobre a sustentabilidade ambiental e sobre os progressos realizados pelos Estados-Membros na consecução dos ODS; manifesta a sua preocupação pelo facto de várias das pegadas ambientais da Europa irem além dos limites do planeta; insta a Comissão a aplicar esta abordagem no ciclo de 2021, como complemento da

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avaliação sobre a forma como os planos de recuperação e resiliência devem contribuir para a transição ecológica;

3. Sublinha que a atual pandemia realça a necessidade de o Semestre Europeu funcionar como um quadro favorável a que os Estados-Membros reforcem os sistemas de saúde públicos, a fim de garantir a todos e em qualquer momento cuidados de saúde de elevada qualidade, acessíveis e equitativos;

4. Frisa que é necessário acelerar o alinhamento do processo do Semestre pelos objetivos climáticos e ambientais a longo prazo da UE, de acordo com os compromissos da Comissão no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, do Acordo de Paris e do novo acordo mundial pós-2020 no quadro da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB); sublinha que a coordenação das políticas macroeconómicas, socioeconómicas e orçamentais dos Estados-Membros é um dos instrumentos essenciais para a realização do Pacto Ecológico Europeu; destaca o potencial do processo do Semestre Europeu como instrumento para realizar progressos no sentido da consecução dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu e dos compromissos assumidos pela União no âmbito do Acordo de Paris e dos ODS;

5. Destaca a importância de assegurar a coerência entre as políticas económicas e orçamentais dos Estados-Membros, as ambições europeias e as políticas públicas; salienta que a recuperação da crise da COVID-19 por parte da União constitui uma oportunidade única para impulsionar a transição para a neutralidade climática e aumentar a resiliência em setores estratégicos; salienta que as reformas empreendidas no âmbito do processo do Semestre devem promover a orientação dos investimentos públicos e privados para ações climáticas e ambientais, a fim de facilitar a transição ecológica, e para ações que reforcem a resiliência dos cuidados de saúde e dos sistemas de saúde em todo o território da União;

6. Salienta que sistemas sociais sólidos são essenciais para combater a crise climática, pois permitem configurar uma transição socialmente justa para um futuro com impacto neutral no clima;

7. Sublinha que uma política orçamental sustentável é fundamental para um modelo de financiamento sustentável do Pacto Ecológico Europeu;

8. Salienta que, dado o elevado nível de dívida pública e os grandes desafios em matéria de sustentabilidade enfrentados por alguns Estados-Membros, é importante garantir que os desequilíbrios macroeconómicos a curto prazo sejam tratados de forma adequada para atenuar as consequências socioeconómicas da crise, proteger os trabalhadores, preservar os postos de trabalho e facilitar a transição do trabalho para uma economia ecológica e digital;

9. Insta a Comissão a alargar a abordagem do atual Semestre para honrar o seu compromisso político de o tornar um instrumento de governação para apoiar a consecução do Pacto Ecológico Europeu e dos ODS; sublinha, por conseguinte, a necessidade de integrar em maior medida, sem enfraquecer o processo de monitorização do Semestre, e de uma forma mais abrangente, os objetivos da União em matéria de clima e ambiente, incluindo os objetivos sociais e de biodiversidade, a fim de

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económicos, tendo assim em maior linha de conta os desafios que os Estados-Membros atualmente enfrentam para reduzir a sua pegada ecológica e tornando o processo num motor de mudança em prol de um bem-estar sustentável para todos na Europa;

10. Salienta que o Semestre Europeu deve apoiar os esforços realizados pela União para alcançar a neutralidade climática, o mais tardar, em 2050; insta, por conseguinte, a Comissão a avaliar a discrepância entre a estrutura dos orçamentos dos

Estados-Membros e uma versão de cada orçamento nacional consentânea com o Acordo de Paris, permitindo assim formular recomendações sobre a dívida climática dos

Estados-Membros e sobre a redução do seu défice de investimento no clima, à luz do objetivo da União de alcançar a neutralidade climática, o mais tardar, em 2050; 11. Sublinha que a pandemia atingiu todos os Estados-Membros, embora a dimensão do

impacto, as exposições específicas e o ritmo e a solidez da recuperação variem;

considera que o processo do Semestre Europeu deve ter em conta as especificidades das situações dos Estados-Membros durante a pandemia; assinala o impacto significativo da pandemia nos objetivos socioeconómicos e de saúde pública definidos nos Tratados e no Pilar Europeu dos Direitos Sociais; solicita que o Semestre coloque a tónica na equidade social e no apoio aos mais gravemente afetados pela crise sanitária; constata que a prioridade atribuída à transição ecológica e digital e à sustentabilidade

macroeconómica deve igualmente ter em conta os aspetos sociais cujos progressos abrandaram durante a pandemia;

12. Convida a Comissão a elaborar um inventário de todos os subsídios prejudiciais ao ambiente, inclusive sob a forma de deduções fiscais, que continuam a existir a nível nacional e prejudicam a consecução do Pacto Ecológico Europeu, e a acompanhar a sua progressiva eliminação tão cedo quanto possível e o mais tardar até 2025, no contexto do Semestre; reitera o seu apelo à reorientação dos sistemas fiscais no sentido de uma maior utilização da fiscalidade ambiental;

13. Solicita que o Semestre seja adaptado para ter em conta a situação económica e sanitária causada pela pandemia de COVID-19 e o conceito de «Uma Só Saúde», e seja alinhado pelo Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento de recuperação da UE; assinala que a avaliação dos planos de recuperação e resiliência será efetuada com base nas prioridades e nos desafios específicos de cada país identificados no contexto do Semestre, em particular nos que são relevantes para o reforço da resiliência dos cuidados de saúde e dos sistemas de saúde e para o cumprimento dos objetivos climáticos e ambientais da União, designadamente a transição para a consecução dos objetivos atualizados da UE em matéria de clima para 2030 e o cumprimento do objetivo de neutralidade climática da União até 2050, o mais tardar, de acordo com a Lei Europeia do Clima proposta;

14. Sublinha que a recuperação da UE constitui uma oportunidade única para construir uma UE mais forte, ao facultar aos Estados-Membros orientações sobre as áreas em que as reformas e os investimentos são mais necessários, de modo a acelerar a transição para uma UE mais sustentável, resiliente e inclusiva, sem deixar ninguém para trás; insta, neste contexto, a Comissão a assegurar que os planos de recuperação e resiliência contribuam efetivamente para resolver os problemas indicados nas recomendações específicas por país no domínio da transição ecológica; insta a Comissão e os

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Estados-Membros a trabalharem em conjunto na elaboração de estratégias para eliminar gradualmente todas as subvenções, diretas e indiretas, aos combustíveis fósseis nocivos, o mais rapidamente possível e, o mais tardar, até 2025;

15. Recorda que pelo menos 37 % das despesas de cada plano nacional de recuperação e resiliência deve ser afetado à ação climática e que as reformas e os investimentos incluídos nos planos nacionais de recuperação e resiliência respeitarão o princípio de «não prejudicar significativamente», tal como definido no artigo 17.º do Regulamento (UE) 2020/852; apela à máxima transparência nesta avaliação; destaca, a este respeito, que o Regulamento Taxonomia deve servir como texto de referência; lamenta que não se tenha chegado a acordo, no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, sobre um objetivo específico de despesas em matéria de biodiversidade; recorda que 7,5 % das despesas do orçamento da União e do Instrumento de Recuperação da União Europeia deve ser dedicado aos objetivos em matéria de biodiversidade a partir de 2024, e 10 % a partir de 2026; insta os Estados-Membros a aumentarem os investimentos na conservação e na recuperação da biodiversidade;

16. Considera que os princípios no cerne de uma economia circular devem ser um elemento central de qualquer política industrial europeia e nacional e dos planos nacionais de recuperação e resiliência propostos pelos Estados-Membros;

17. Salienta a necessidade de um controlo rigoroso e contínuo, nomeadamente através do Semestre, da execução dos planos nacionais de recuperação e resiliência e dos planos territoriais de transição justa, abrangendo tanto o seu alinhamento pelas prioridades da estratégia de crescimento do Pacto Ecológico como a transparência e a integridade da despesa pública;

18. Sublinha que o relatório de 2020 do Programa das Nações Unidas para o Ambiente sobre o desfasamento em termos de emissões1 destacou que, até à data, as despesas

orçamentais relacionadas com a pandemia de COVID-19 apoiaram sobretudo o statu quo mundial em matéria de produção com elevado teor de carbono e que, em vez disso, o apoio deve centrar-se nas tecnologias com emissões nulas, pondo termo às subvenções aos combustíveis fósseis através de reformas fiscais e reforçando as soluções baseadas na natureza, em particular a proteção e a recuperação dos ecossistemas;

19. Apoia as orientações da Comissão aos Estados-Membros para que incluam, nos seus planos de recuperação, investimentos e reformas em domínios emblemáticos no âmbito da transição ecológica que sejam consentâneos com o objetivo mais ambicioso da UE em matéria de clima para 2030 e objetivo de alcançar a neutralidade climática, o mais tardar, em 2050 – nomeadamente aumentando os investimentos em energias renováveis, na renovação, na mobilidade sustentável, na economia circular e na biodiversidade –, dado o seu potencial para criar empregos, contribuir para o crescimento sustentável, a fim de assegurar a competitividade a longo prazo da UE, e aumentar a resiliência das nossas economias e das nossas sociedades;

20. Solicita aos Estados-Membros que investam em atividades que contribuam efetivamente para aumentar a resiliência dos cuidados de saúde e dos sistemas de saúde para se preparem para futuras pandemias, bem como na recuperação dos ecossistemas e dos 1 Programa das Nações Unidas para o Ambiente, Emissions Gap Report 2020, Nairobi, 2020.

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seus serviços para fazer face à dupla crise da perda de biodiversidade e do aquecimento global através de soluções baseadas na natureza; sublinha que estas iniciativas

emblemáticas só terão êxito se contribuírem para atenuar as desigualdades sociais e ambientais entre os Estados-Membros e nos Estados-Membros e se oferecerem novas oportunidades para melhorar o bem-estar das pessoas;

21. Partilha a opinião expressa na Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021, segundo a qual a tarifação do carbono e a fiscalidade ambiental serão instrumentos ambientais e fiscais importantes para executar a transição ecológica; salienta, no entanto, que é igualmente importante ter em conta os efeitos distributivos destes instrumentos, aplicar políticas de acompanhamento para atenuar os seus possíveis efeitos socialmente injustos e assegurar uma transição justa;

22. Assinala que a Estratégia para o Crescimento Sustentável 2021 aborda o facto de, na perspetiva do mercado único, o confinamento alargado ter impulsionado os serviços em linha e o comércio eletrónico; salienta que a crescente utilização de dados é

acompanhada de um aumento dos impactos ambientais; insta a Comissão a criar uma agenda ambiental europeia digital, que inclua iniciativas legislativas, a fim de minimizar a pegada ambiental e climática da utilização, produção e armazenamento de dados, dos serviços digitais e do equipamento informático;

23. Salienta a importância do Pacto Ecológico no âmbito do Semestre Europeu e da nova estratégia de crescimento; sublinha que as novas tecnologias e os novos modelos de produção e consumo baseados na inovação tecnológica e social são cruciais para cumprir os objetivos do Pacto Ecológico e alcançar a neutralidade climática da economia da UE até 2050; realça que a nova estratégia industrial para a Europa é um instrumento importante para a criação de um quadro e de um ambiente que permitam essa inovação e um fator importante para a recuperação da UE e o reforço da

independência da União em termos de produção de medicamentos e de material médico; 24. Convida a Comissão a incluir o transporte marítimo na iniciativa emblemática sobre

mobilidade sustentável, uma vez que este setor estratégico foi particularmente afetado pela pandemia de COVID-19 e oferece importantes oportunidades económicas e de emprego para a ecologização da indústria europeia e a sua autonomia face à

concorrência internacional;

25. Insta a Comissão a assegurar a integração efetiva das questões climáticas e da

biodiversidade, bem como a sua compatibilidade, em todas as despesas e programas da UE, com base em critérios técnicos de avaliação elaborados ao abrigo do Regulamento (UE) 2020/852;

26. Saúda o facto de os Estados-Membros deverem assegurar a coerência dos seus planos de recuperação e resiliência com os seus programas nacionais de reforma e

investimento, concebidos em consonância com os objetivos políticos da UE e centrados na transição ecológica e digital;

27. Sublinha que o transporte por vias navegáveis sem emissões é fundamental para o desenvolvimento de uma transferência modal sustentável do transporte rodoviário para o transporte por via navegável, no âmbito da estratégia de mobilidade sustentável, e insta, por conseguinte, a Comissão e os Estados-Membros a apoiarem os investimentos

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na investigação e na inovação, bem como nas infraestruturas de abastecimento e carregamento nos portos interiores;

28. Sublinha que os planos de recuperação dos Estados-Membros constituem uma oportunidade para a transição para uma economia social e baseada na solidariedade e para a democracia económica; solicita à Comissão que reveja os planos nacionais nesta ótica e que assegure que as PME e outros atores de menor dimensão não fiquem para trás na execução dos projetos e das propostas constantes dos planos;

29. Sublinha que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência é uma resposta económica fundamental à crise da COVID-19, proporcionando uma oportunidade para acelerar a transição ecológica e tendo por base o objetivo da UE de alcançar a competitividade e a coesão através de uma nova estratégia de crescimento, a saber, o Pacto Ecológico Europeu;

30. Sublinha que uma economia azul sustentável – nomeadamente a pesca sustentável, a energia marinha renovável, o transporte marítimo limpo e o turismo sustentável – tem um papel importante a desempenhar na transição para uma sociedade mais resiliente; insta, por conseguinte, a Comissão e os Estados-Membros a terem devidamente em conta este setor estratégico;

31. Recorda que 7,5 % das despesas do orçamento da União e do Instrumento de Recuperação da União Europeia deve ser dedicado aos objetivos em matéria de biodiversidade a partir de 2024, e 10 % a partir de 2026; insta os Estados-Membros a aumentarem o investimento na conservação e na recuperação da biodiversidade, a procederem à reforma das subvenções que prejudicam a biodiversidade e a examinarem (ex ante) e acompanharem (ex post) o apoio à recuperação em termos de impacto na biodiversidade;

32. Assinala que a pandemia evidenciou a necessidade de reforçar a resiliência das cadeias de abastecimento; salienta que esta deve ser também uma oportunidade para tornar as cadeias de abastecimento mais sustentáveis; congratula-se, por conseguinte, com o anúncio feito pela Comissão segundo o qual tenciona apresentar uma proposta

legislativa relativa ao dever de diligência das empresas, bem como com o relatório de iniciativa legislativa do Parlamento Europeu que tem por fim travar e inverter a desflorestação mundial impulsionada pela UE, e insta a Comissão a dar seguimento a este relatório e a apresentar uma proposta de legislação da UE relativa à luta contra a desflorestação com base no dever de diligência de caráter obrigatório;

33. Recorda que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência não se desvia dos objetivos anteriores à pandemia, mas procura dar uma resposta rápida aos desafios e problemas que existiam antes da pandemia de COVID-19 e evitar que novos obstáculos causados por esta crise ponham em risco os progressos efetuados;

34. Salienta que a gestão, a conservação e a recuperação dos ecossistemas marinhos e terrestres representam investimentos fundamentais para se alcançar a neutralidade carbónica, uma vez que reforçarão os sumidouros naturais de carbono, tais como os mangais, os recifes de coral, as pradarias de ervas marinhas e os sapais, as florestas, os solos, as terras agrícolas e as zonas húmidas, aumentando assim a resiliência;

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35. Congratula-se com a ênfase dada pela Estratégia Anual para o Crescimento Sustentável 2021 à boa governação e ao Estado de direito, tendo em vista a criação de um ambiente empresarial favorável; salienta que assegurar a boa governação e o Estado de direito também é fundamental para permitir a formulação e a correta aplicação das políticas ambientais;

36. Reitera que o acordo interinstitucional visa afetar 30 % do quadro financeiro plurianual da UE e do Instrumento de Recuperação da União Europeia à consecução dos objetivos climáticos;

37. Sublinha a importância de um diálogo estruturado e sistemático com os parlamentos nacionais e com a sociedade civil a nível nacional, com o objetivo de alargar a apropriação.

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INFORMAÇÕES SOBRE A APROVAÇÃO NA COMISSÃO ENCARREGADA DE EMITIR PARECER

Data de aprovação 25.2.2021

Resultado da votação final +:

–: 0:

62 17 0

Deputados presentes no momento da votação final

Nikos Androulakis, Bartosz Arłukowicz, Margrete Auken, Simona Baldassarre, Marek Paweł Balt, Traian Băsescu, Aurélia Beigneux, Monika Beňová, Sergio Berlato, Alexander Bernhuber, Malin Björk, Simona Bonafè, Delara Burkhardt, Pascal Canfin, Sara Cerdas,

Mohammed Chahim, Tudor Ciuhodaru, Nathalie Colin-Oesterlé, Esther de Lange, Christian Doleschal, Marco Dreosto, Cyrus Engerer,

Eleonora Evi, Agnès Evren, Pietro Fiocchi, Andreas Glück, Catherine Griset, Jytte Guteland, Teuvo Hakkarainen, Anja Hazekamp, Martin Hojsík, Pär Holmgren, Jan Huitema, Yannick Jadot, Adam Jarubas, Petros Kokkalis, Athanasios Konstantinou, Ewa Kopacz, Joanna Kopcińska, Ryszard Antoni Legutko, Peter Liese, Javi López, Fulvio Martusciello, Liudas Mažylis, Joëlle Mélin, Tilly Metz, Silvia Modig, Dolors Montserrat, Alessandra Moretti, Dan-Ştefan Motreanu, Ville Niinistö, Ljudmila Novak, Grace O’Sullivan, Jutta Paulus, Stanislav Polčák, Jessica Polfjärd, Luisa Regimenti, Sándor Rónai, Rob Rooken, Christine Schneider, Günther Sidl, Ivan Vilibor Sinčić, Linea Søgaard-Lidell, Nicolae Ştefănuță, Nils Torvalds, Edina Tóth, Véronique Trillet-Lenoir, Petar Vitanov, Alexandr Vondra, Mick Wallace, Pernille Weiss, Emma Wiesner, Michal Wiezik, Tiemo Wölken, Anna Zalewska

Suplentes presentes no momento da

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