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A POLÍTICA NACIONAL DE INFORMÁTICA E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO Antônia Lis de Maria Marins Torres

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A POLÍTICA NACIONAL DE INFORMÁTICA E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO

Antônia Lis de Maria Marins Torres

Resumo

Devemos admitir que a capacidade de transformar a tecnologia analógica em digital alterou nossas maneiras de pensar, de agir, gerando novas linguagens no tratamento com a informação que ocorre com mais brevidade. O Brasil, como demais países em desenvolvimento, fora desafiado a estabelecer projetos nacionais referentes à produção de tecnologia de ponta, desta forma pode-se considerar a contribuição da indústria eletrônica em virtude das constantes inovações no processo de difusão dos semicondutores eletrônicos, o que desencadeou um outro processo chamado de digitalização. No presente artigo, apresentamos, historicamente como vem se desenvolvendo a indústria de computadores no Brasil, bem como a relação desse desenvolvimento com programas de informática educativa voltados para utilização do computador no ensino. Inicialmente, abordamos questões relativas à reorganização do complexo eletrônico como tentativa de fomentar a indústria brasileira de informática. Em seguida, trabalhamos um pouco a política nacional de informática educativa. No terceiro item, discorremos sobre a promoção dessa cultura da informática através dos projetos educativos. Por último, tecemos as algumas considerações no diz respeito à estruturação de uma política nacional de informática educativa.

Palavras-chave: cultura digital, política de informática e projetos educativos

Résumé

Certes, la capacité de transformer la technologie analogique en technologie numérique a changé nos façons de penser, d'agir, en créant de nouveaux langages dans le traitement de l'information qui se produit plus rapidement. Le Brésil, comme d'autres pays en développement, a été mis au défi d'établir des projets nationaux liés à la production des technologies de pointe, donc on peut considérer la contribution de l'industrie de l'électronique grâce à l'innovation constante dans le processus de diffusion de l'électronique des semi-conducteurs qui a déclenché un autre processus nommé numérisation. Dans cet article, nous présentons, historiquement, comme l'industrie informatique se développe au Brésil et son rapport avec le développement de programmes d’informatique éducative orientés à l'utilisation pédagogique des ordinateurs dans l'enseignement. Au départ, nous abordons des questions liées à la réorganisation de l'industrie électronique comme une tentative de promouvoir l’industrie brésilienne d’informatique. Puis nous discutons un peu sur la politique nationale d’informatique éducative. Dans la troisième partie, nous parlons de la promotion de cette culture informatique à travers des projets éducatifs. Pour conclure, nous faisons quelques considérations concernant la structuration d’une politique nationale d’informatique éducative.

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Introdução

Devemos admitir que a capacidade de transformar a tecnologia analógica em digital alterou nossas maneiras de pensar, de agir, gerando novas linguagens no tratamento com a informação que ocorre com mais brevidade.

O Brasil, como os demais países em desenvolvimento, fora desafiado a estabelecer projetos nacionais referentes à produção de tecnologia de ponta, desta forma pode-se considerar a contribuição da indústria eletrônica em virtude das constantes inovações. Essas inovações referem-se ao processo de difusão dos semicondutores eletrônicos, o que desencadeou um outro processo chamado de digitalização, basicamente aparado na eletrônica digital. Neste sentido,

a crescente convergência tecnológica entre vários setores industriais e de serviços, que passam a ter uma dinâmica interdependente tendo como elementos comuns à eletrônica digital e o software, configuram o chamado complexo eletrônico – (Piragibe, 1998,pág.221)

Esse processo desencadeou a chamada revolução microeletrônica que ocorreu em países com sistemas capitalistas mais avançados. Piragibe (1988) afirma que nos início dos anos 80, países como Estados Unidos, Japão, França, República Federativa da Alemanha, Reino Unido e Itália representavam 94% da produção mundial em computadores. Sendo que os dois primeiros dominavam a produção mundial desses equipamentos, considerando que eram raros países em desenvolvimento que participavam da produção e geração dessa tecnologia. Neste sentido, é possível percebermos que essa revolução microeletrônica concentra-se nos países em desenvolvimento, especialmente nas economias mais avançadas, onde essa revolução modificou e aumentou a forma de produção.

Entretanto, não podemos reduzir a importância da eletrônica aos efeitos meramente econômicos. Algumas outras instituições reconhecem algumas contribuições de forma bastante positiva, como, por exemplo, a área militar, onde foi possível, graças à velocidade na informação, garantir uma capacidade de defesa dos países. Por outro lado, a fixação de uma indústria eletrônica em um país, exige alguns desafios que devem ser enfrentados, um deles diz respeito ao investimento maciço em pesquisa e desenvolvimento. Desta forma, o setor de computadores, por sua vez, é alvo especial das políticas de informática nos vários países devido à sua importância com fator de

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aumento de produtividade para as diversas atividades econômicas (Piragibe,1988,pág.223).

A Zona Franca de Manaus (ZFM), responsável pela concentração de bens eletrônicos no Brasil, modifica seu perfil no início da década de 80 aprovando projetos relacionados à Informática. Essas alterações da ZFM dar-se-ão em virtude de existência de outras empresas já instaladas na região, tais como: CCE, Gradiente. É também nessa época que o mercado brasileiro será invadido por outros produtos eletrônicos, dentre eles: videojogos e videocassetes.

Moraes, R. (2000) atenta para o fato de que os anos 70 marcam a preocupação governamental juntamente com a comunidade técnico-científico, de forma a gerar maior autonomia para eletrônica digital brasileira, ampliando assim a maior participação do país na produção da indústria nacional de Informática. Também, não podemos deixar de reconhecer a autonomia atribuída à Comissão de Atividade de Processamento Eletrônico – CAPRE - criada em 1972, tendo essa comissão o compromisso de estudar, elaborar e encaminhar propostas para política brasileira de informática.

Um dos encaminhamentos realizado por essa comissão, foi realizar um diagnóstico dos recursos humanos na tentativa de averiguar a situação dos conhecimentos de informática por parte deste setor. Os resultados desse estudo não foram nada animadores, tendo em vista, que os resultados evidenciaram que a maioria dos funcionários daquele setor não dominavam habilidades relativas à informática. Este fato comprometeu a expansão do mercado de computadores (Moraes, R. apud Tigre, 1998).

Tais resultados, impulsionaram a CAPRE a elaborar o Programa Nacional de Treinamento em Computação – PNTC – bem como a implantação de cursos de formação em nível de graduação e pós-graduação, diretamente relacionados à utilização dos aplicativos da Informática.

O período da segunda metade da década de 70 foi marcado por intensas disputas referente às questões da reserva de mercado, no que se refere à produção de computadores no país. Desses embates resultaram que a CAPRE veio a ser extinta, vindo a ser criada outra secretaria denominada SEI.

A criação da Secretaria Especial de Informática (SEI), em 1979, permite a invenção do Estado no setor de Informática, mais especificamente a participação governamental em relação à autonomia da eletrônica digital. Tal órgão, encarregado de

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executar a Política Nacional de Informática, estimulando a informatização da sociedade brasileira (Moraes, 1997). Para que tais objetivos fossem alcançados, este órgão teria que ampliar as aplicações da informática aos demais setores da sociedade, tais como: educação, saúde, dentre outros.

A partir desta Secretaria, os interesses pela política brasileira de informática foram reafirmados e institucionalizados, em outubro de 1984, com aprovação no Congresso Nacional da Lei nº 7.323, objetivando a capacitação nacional nas atividades de informática em proveito do desenvolvimento social, cultural, político, tecnológico e econômico do Brasil (Piragibe,1998).

Com o advento desta Lei, o Estado passa a intervir no setor de Informática, através da criação de Conselhos Nacionais de Informática, dos Fundos Especiais de Informática e dos Centros Tecnológicos para Informática, dentre outros. Estes Centros Tecnológicos para Informática objetivavam promover a execução de pesquisas, planos e projetos, emitir laudos técnicos, acompanhar programas de nacionalização e exercer atividades de apoio às empresas nacionais do setor. Tais centros trabalhariam articulados com as empresas, um instituto estatal e estariam vinculados diretamente aos laboratórios universitários, com a responsabilidade de formar os recursos humanos e desenvolver atividades de pesquisas.

Política Nacional de Informática: reflexos na Educação?

Sabemos que, na área educacional, a discussão em torno da tecnologia foi iniciada no Brasil nos anos 60. Uma época em que a teoria pedagógica vigente fundamentava-se no tecnicismo que tinha como objetivo formar uma escola industrial organizada segundo o modelo taylorista, tendo como princípios básicos a racionalização, a divisão do trabalho e o controle de qualidade (Sampaio,1999), visando a preparação de mão-de-obra para o mercado de trabalho. Esse paradigma tecnicista é reafirmado em meados dos anos 70, dada à pressão do mercado por uma demanda de trabalhadores qualificados e reafirmando a necessidade da informática na escola (Belloni,1999).

A justificativa de introdução da informática, não ocorreu de forma aleatória, ao contrário, a área educacional recebe reflexos dos movimentos que aconteceram nos mais variados setores da sociedade. A introdução da informática na educação, ocorre na

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mesma época em que o setor de equipamentos de processamento de dados tinham em nosso país, um crescimento consideravelmente elevado, essa rápida expansão ocorreu entre os anos de 1980/1985. Tal crescimento, deveu-se ao fato de que a indústria brasileira, começa a ganhar força criando sua própria reserva de mercado, estruturando firmas nacionais para o setor da produção de computadores. Haja visto que,

em 1985 as empresas nacionais já eram responsáveis por 95% dos equipamentos instalados no País.Esse desempenho permitiu ao Brasil ocupar um lugar importante no ranking mundial, entre o 7o e 11o, fazendo da Informática um dos mercados mais promissores, atraindo o interesse dos principais fabricantes do setor. (Moraes, R. 2000: pág. 34/35)

Considerando ainda que, na década de 80, com a criação da Secretaria Especial de Informática – SEI - um grupo de especialistas de inúmeras instituições de ensino e informática, discutiam sobre a conveniência ou não de se utilizar o computador como instrumento auxiliar no processo educativo (Almeida, 1988).

Nesta época, a proposta pedagógica ancorada no tecnicismo, seria utilizada no Ensino Médio com o objetivo de preparar o jovem para o mundo do trabalho, o que divergia da percepção dos educadores das universidades brasileiras. Este tipo de visão da Tecnologia Educacional (TE), ainda limitada, restrita e eficientista, chega ao Brasil ancorada em fundamentos teóricos, ideológicos e tecnológicos externos (Sampaio apud Luckesi, 1986). Pode-se deduzir, deste modo, que a implantação da tecnologia na educação não surgiu em função de nossa realidade, mas para satisfazer as necessidades de ordem econômica, postas pelo mercado. Vem como imposição dos países mais ricos, aos países mais pobres, como transferência de teorias estrangeiras que fundamentavam a TE, assim como também serviam, como ligação para estabelecer acordos financeiros e incrementar a importação de equipamentos.

Àquela época a tentativa maior fora colocada no setor educacional, tendo em vista que, a SEI acreditava que a educação seria o setor que mais se adequaria à construção de uma modernidade aceitável e própria, capaz de articular o avanço científico e tecnológico com o patrimônio cultural da sociedade e promover as interações necessárias (Moraes, 1997, pág.20). Diante disso, era necessário maior proximidade da SEI com o Ministério da Educação – MEC – para tentarem desenvolver o processo de informatização da sociedade brasileira. A partir dessa parceria, o Ministério da Educação (MEC), comprometeu-se e responsabilizou-se para garantir os

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mecanismos necessários que proporcionassem o desenvolvimento de estudos, bem como a implementação de projetos que possibilitassem o desenvolvimento das primeiras investigações na perspectiva de informatização da sociedade (Moraes, 1997).

Promovendo a Cultura da Informática através de Projetos Educativos: revisitando algumas experiências...

A cultura de utilização dos computadores no ensino, dar-se-á no início da década de 70, primeiramente no ensino superior. Algumas universidades brasileiras foram as primeiras instituições a realizarem investigações sobre a utilização dos computadores na educação. Onde podemos destacar a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Universidade de Campinas – UNICAMP/SP e Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGs. Tais universidades realizaram seminários, encontros, palestras com pesquisadores de outros países, como Symon Papert1 na tentativa de trocarem experiência e conhecerem os trabalhos já desenvolvidos como o projeto LOGO, até então utilizado na UNICAMP.

Nesta mesma época, a SEI tentava estruturar uma equipe intersetorial com representantes dos órgãos como MEC, CNPq e FINEP na tentativa de viabilizar uma proposta nacional de uso do computador na educação. Neste sentido,

dois Seminários Nacionais de Informática na Educação, realizados em Agosto de 1981 e agosto de 1982 , constituíram importante passo na definição da política de Informática para o 1o e 2o graus (Moraes, R.2000,pág.59).

O resultado dos debates prevaleceu às questões pedagógicas em detrimento das questões tecnológicas, ressaltou-se a formação dos recursos humanos, bem como a criação de centros-pilotos que funcionariam em parceria com instituições públicas universitárias. Em decorrência dos debates entre pesquisadores da área acadêmica, alguns estados desenvolveram iniciativas como o projeto Educação com Computadores - EDUCOM2.

1 Pesquisador que em fins dos anos 70 desenvolveu a linguagem Logo articulando: Escola, Ensino e

Educação.

2 De acordo com Raquel Moraes (2003) este projeto fora criado em 1984 tendo por base os sub-projetos que

funcionariam com centros-pilotos instalados em cinco universidades brasileiras: UNCAMP, UFRGS, UFMG, UFRJ e UFPe.

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Segundo Moraes, R. (2000) este projeto tinha como o objetivo realizar estudos e experiências em Informática na Educação, formar recursos humanos para o ensino e pesquisa, assim como também criar programas de Informática por meio de equipes multidisciplinares, vindo à torna-se a primeira grande ação voltada para formação de professores de primeiro e segundo graus, utilizando a informática na educação.

Com o projeto EDUCOM, foram encaminhadas as estruturações dos projetos-pilotos às universidades brasileiras, que funcionariam como projetos experimentais e ainda subsidiariam a Política Nacional de Informatização. Tais projetos teriam como fundamento a ferramenta computacional, reconhecida como recurso de auxílio ao trabalho do professor. Neste sentido, o projeto EDUCOM apresentava-se como a possibilidade viável de se informatizar o ensino público brasileiro, bem como testar diferentes linguagens através do ensino auxiliado pelo computador.

O projeto EDUCOM, sob a coordenação do Centro de Informática do MEC – CENIFOR - seguiu à risca, as recomendações feitas pelos pesquisadores das universidades, ou seja, de que o computador deveria ser apenas um recurso no processo de ensino-aprendizagem.

Através dos centros pilotos do Projeto EDUCOM, iniciou-se a primeira capacitação de alguns professores da rede pública de ensino básico na UNICAMP, via projeto Formação de Recursos Humanos -FORMAR - o qual teve como objetivo principal, o desenvolvimento de cursos de formação para professores, articulando as áreas de informática e educação, para divulgarem a política da Informática Educativa nas Escolas. Os professores que participaram desse curso, retornariam com o compromisso primordial de implantar junto à sua secretaria de educação de origem, um Centro de Informática Educativa – CIED. Cada secretaria receberia recursos técnicos e financeiros do MEC. Em contrapartida, cada secretaria de educação elaboraria suas propostas em consonância com as possibilidades de sua equipe para formação de recursos humanos.

Moraes, R. (2003) ao fazer uma análise do EDUCOM, aponta alguns resultados do projeto, como por exemplo, à integração das equipes dos demais centros pilotos, a capacitação dos recursos humanos ocorrendo de forma bastante sistemática nos demais centros. Entretanto, a autora acrescenta:

(...) os Educoms não se ampliaram, muitos se desarticularam e os centros sobreviventes tornaram-se apenas ilhas de excelência para as pesquisas das próprias universidades envolvidas com a informática

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educativa, não expandindo, conseqüentemente, os benefícios alcançados para o restante da sociedade (op.cit, 2003, pág.102).

Uma outra dificuldade apontada pela autora, com bases em análises dos documentos oriundos dos centros-pilotos, referiu-se a necessidade de uma política orçamentária e constante, especialmente no diz respeito ao financiamento dos pesquisadores envolvidos no projeto. A autora desconfia que tais dificuldades foram resultantes de um paralelismo tecnocrático, fato que caracteriza a política de informática educativa desde seu surgimento.

Os resultados destes projetos sobre o uso de computadores na educação, contribuíram para que o governo brasileiro concebesse no ano de 1989, o Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE), com o intuito de desenvolver a utilização da informática nos ensinos de 1º, 2º e 3º graus e educação especial, como também a capacitação continuada de professores.

Uma outra proposta, seria, a criação de uma estrutura de centros que fossem distribuídos nas unidades federativas do país, que permitissem a capacitação nacional dos professores mediante pesquisas nos diversos níveis de ensino: fundamental, médio, superior e tecnológico. A partir daí, foram criados três denominação de centros: Centro de Informática na Educação- CIEd - abrangendo escolas e professores da rede pública de ensino e estariam vinculados às secretarias estaduais e municipais de educação. O segundo, nas universidades públicas - CIES – Centro de Informática na Educação Superior – e o terceiro as escolas técnicas - Centro de Informática na Educação Técnica - CIET. Cada centro, teria objetivos traçados em consonância com sua área de atuação. Tais centros, seriam uma tentativa na criação de ambientes sociais de aprendizagem, de forma a proporcionar mudança significativa na educação, é o que acrescenta Moraes C. (1997):

Foram concebidos como centros multiplicadores e difusores da tecnologia de informática para as escolas públicas e, possivelmente, os maiores responsáveis pela disseminação da semente catalisadora dos processos de preparação para uma sociedade informatizada no Brasil –(pág.30)

O PRONINFE esteve estritamente ligado à Secretaria Especial de Informática – SEI – e ao Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT – passando a informática educativa, ser um dos destaques para a capacitação dos recursos humanos, assim como, também era uma tentativa de articular os setores federais, estaduais e municipais de

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forma a capacitar os recursos humanos, tentando garantir maior autonomia não só científica, mas também tecnológica. Entretanto, apostava na formação dos recursos humanos para disseminarem uma mudança tecnológica, para isso era preciso que tivéssemos um grande programa de Informática Educativa, voltado para capacitação de professores e técnicos. Desta forma,

as principais ações empreendidas pelo Ministério da Educação nos últimos dez anos decorreram das contribuições das equipes integrantes dos centros-piloto do Projeto EDUCOM e que ainda continua presente trabalhando nesta área – (op. cit. 1997 – pág.33)

Os anos 90, marcam o início de um vasto investimento e incentivo do Governo Federal em Programas Educacionais utilizando-se o computador como ferramenta didática nas escolas públicas brasileiras, tendo em vista que os programas anteriores não chegaram a obter tanto êxito. Desta forma, o Governo Federal lança em abril de 1997, o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), com a finalidade de...

estimular a interligação de computadores nas escolas públicas, para possibilitar a formação de uma ampla rede de comunicação vinculada à educação e fomentar a mudança de cultura no sistema público de ensino de 1o e 2o graus, de forma a torná-lo apto a preparar cidadãos capazes de interagir numa sociedade cada vez mais tecnologicamente desenvolvida (MEC, 1997:p.3).

Com a criação desse programa de informatização, várias escolas foram equipadas, recebendo Laboratórios Escolares de Informática – LEI - cujo objetivo seria introduzir o professor na cultura de uso do computador, como um instrumento a mais no seu aparato pedagógico. De acordo com os documentos do PROINFO, as ações estavam sob a responsabilidade da Secretaria de Educação à Distância - SEE – e do MEC. Tais instituições, trabalhariam em parceria com as secretarias de educação de todo território nacional (MEC, 1997). Sobre essa articulação Kimieck (2002,pág.08) acrescenta:

As estratégias definidas ao programa passam pela articulação entre o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (CONSED), que é responsável pelas diretrizes gerais e estados/municípios, responsáveis pela operacionalização do programa. Pela adesão dos estados e municípios, através de um programa estadual de informática educativa em seu projeto pedagógico.

Umas das metas a serem atingidas por esse programa, era estruturar 200 Núcleos de Tecnologia Educacional – NTE - que seriam distribuídos em todo território

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nacional,sendo que esta distribuição ultrapassou o limite esperado pelas diretrizes, como previsto no início.

Os Núcleos foram implementados em todos estados brasileiros e teriam uma equipe de docente, denominado (a) Professores-Multiplicadores. A escolha destes docentes seria feita entre os atuais professores do 1o e 2o graus, sendo capacitados pelas universidades através dos cursos de especialização em Informática Educativa (MEC, 1997).

Segundo o MEC (1997: p.4), os resultados satisfatórios desse programa dependeriam da capacidade dos recursos humanos que fossem trabalhar diretamente na operacionalização do mesmo. Deste modo, gera-se a necessidade de capacitar aqueles que seriam responsáveis pela tarefa, através de Núcleos de Tecnologias Educacionais, fundamentada nos princípios de uma nova cultura que busca vincular tecnologia, integração e comunicação ao ensino.

A sistemática recomendada para desenvolver o processo de capacitação de recursos humanos foi planejado e executado da seguinte forma:1º) seleção e capacitação de professores das instituições de ensino superior e técnico- profissionalizantes, que iriam ministrar a formação dos professores multiplicadores; 2o) seleção e formação de professores multiplicadores , vindos da rede pública de ensino de 1o e 2o graus e técnico-profissionalizantes; 3o) seleção e formação de técnicos de suporte em Informática de telecomunicações; 4o) seleção e formação de professores da rede pública de ensino de 1o e 2o graus " . (MEC, 1997, p.4).

Os NTEs têm como objetivo, entre outros, sensibilizar e motivar as escolas para a incorporação de tecnologia, apoiar o processo de planejamento tecnológico das escolas para aderirem ao projeto estadual de Informática na Educação, capacitar os professores e as equipes administrativas das escolas; assessorar pedagogicamente o uso de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, acompanhando e avaliando o local do processo de informatização das escolas.

O Programa Nacional de Informática na Educação, teve o propósito de ter em cada estado uma equipe composta por cinco professores especialistas, dos quais, quatro deveriam ser professores das áreas de Ciência da Natureza, Ciências da Matemática, Sociologia e Cultura, Linguagens e Códigos, e o quinto seria de formação pedagógica para assumir a coordenação do NTE. Contudo, para ser professor do NTE, o PROINFO exigiu que o professor tivesse disponibilidade de 200 horas, nível superior na área de

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conhecimento a ser desenvolvida e tivesse no mínimo dois anos de experiência, além de ser submetido a uma seleção. Aos aprovados, o PROINFO financiou um curso de Especialização em Informática Educativa e também uma bolsa como complementação salarial.

Portanto, o objetivo mais amplo do NTE, seria a estruturação de um ambiente que trabalhasse com formação de professores na área de Informática Educativa, para que os mesmos efetivassem os trabalhos de Informática Educativa nos Laboratórios.

Estes núcleos foram criados para atender no máximo cinqüenta escolas, oferecendo cursos e oficinas em Informática Educativa, acompanhando projetos pedagógicos, além de cada núcleo servir como um provedor para os Laboratórios Escolares de Informática (LEI).

Deste modo, os NTEs e as equipes que os constituem, passariam a compor o conjunto de processos institucionais que buscam concretizar, a apropriação dos artefatos tecnológicos por parte dos professores para incluí-los na cultura de uso do computador que se gesta na sociedade como um todo. Isto é, o NTE deverá não somente fazer com que os professores se apropriem, mas utilizem esses artefatos tecnológicos em sua prática pedagógica. Deste modo, estes núcleos constituem-se como agentes pedagógicos, que tomam para si a tarefa de formular e desenvolver estratégias para alfabetizar tecnologicamente os professores/docentes que atuam nas escolas, através de seus professores-multiplicadores.

Tecendo Conclusões...

A política de informática educativa tem seu nascimento nos anos finais da década de 70. Historicamente, o Brasil vivia o início da “abertura política” no país, de um processo de determinação para uma democracia liberal, ampliaram-se os espaços de participação e liberdade, soltam-se os políticos presos, voltam os exilados, amainam-se a censura; a sociedade começa a respirar ares de liberdade de expressão.

Paralelamente a essas mudanças, aprofunda-se a crise econômica e social, assim como acentua-se as desigualdades entre as classes e setores que compõe a sociedade brasileira. Neste período de redemocratização, a indústria brasileira encontrava-se em um processo de concretização e precisava garantir seu espaço no mercado mundial de produção de computadores. De acordo com Oliveira (1997), “coincidentemente” em

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1980, iniciaram-se no Brasil as primeiras ações voltadas para inserção dos computadores nas escolas. Movimento este que já vinha acontecendo em vários países.

O quadro descrito acima, nos permite analisar a contribuição de alguns projetos educativos, como o EDUCOM através dos centros pilotos, precursores da cultura nacional do uso do computador direcionado para a escola pública brasileira.

Porém, é possível percebermos como estes projetos configuram-se ainda como programas e que encontraram várias dificuldades, tais como: a incerteza na disponibilidade dos recursos, definição de política didático-pedagógica que contrapusesse à política de compras de equipamentos, que na maioria das vezes, apresentava-se mais importante que outras questões na educação brasileira, assim como a reorganização das condições estruturais, quando, em algumas situações as instalações não estão compatíveis com o local de trabalho.

Percebe-se também que, a aplicação de recursos perpassa por interesses governamentais, ou seja, a medida do MEC articula às discussões sobre Informática Educativa, juntamente com as universidades e logo em seguida repassam esse conhecimento para a comunidade escolar, o que segundo Moraes, R. (2003) poderia ter ocorrido no início dos projetos.

Estas dificuldades tornaram-se obstáculos para que tais programas tivessem êxito, uma vez que, não houve uma política transparente direcionada para o uso do computador na escola pública, indicando à necessidade de (re)elaboração de uma grande ação governamental para informatização das instituições de ensino.

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