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Aula 36 Creio na Igreja Católica - 12

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Academic year: 2021

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Aula 36

Creio na Igreja Católica - 12

1 - Creio na Comunhão dos Santos (CIC 946-959)

Muita gente podia imaginar que já abordamos tudo o que há de importante sobre a Igreja Católica. Mas ainda não terminamos. Não nos esqueçamos que a Igreja de Jesus Cristo é em parte visível e em parte invisível. É humana e divina, terrestre e celeste.

1.1 - Bases para esta Comunhão (946-948)

Em primeiro lugar deixemos bem claro que nosso Credo oficial nos afirma: “Creio na comunhão dos santos”.

Já vimos bem claramente que os Apóstolos, quando se referiam aos batizados, ou seja, a todos os membros da Igreja, regularmente os chamava de santos. O CIC nos atesta que um dos Santos Padres perguntava: “Que é a Igreja, senão a assembleia de todos os santos ?” e conclui o Catecismo: “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja” (946).

O fato de a Igreja formar com todos os seus membros o Corpo de Cristo é a principal razão para falarmos na comunhão de seus membros (= santos, batizados). Num corpo todos os bens de cada membro é parte dos bens de todo o corpo. Assim, a vitalidade de cada um faz parte da vitalidade do todo.

Na verdade, tudo começa com Cristo-Cabeça, que faz questão de partilhar todo o Seu ser com todos os seus discípulos (=santos). Todo bem, toda riqueza, toda vitalidade circula entre todos e é comum a todos, e liga a todos uns aos outros.

Podemos, então, falar da comunhão dos santos em dois significados, contudo inseparáveis: “comunhão nas coisas santas (sancta)” e comunhão entre pessoas santas (sancti)” (948). No primeiro caso fala-se de coisas santas em si. Aquilo que é santo, no latim, sanctum. No plural, coisas santas, é sancta. No segundo sentido temos “comunhão entre pessoas santas”. Aqui,

santas é um adjetivo qualificativo dos batizados em Cristo.

“‘Sancta sanctis’ (o que é santo para os que são santos), assim proclama o celebrante na maioria das liturgias orientais quando da elevação dos santos dons, antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti), a fim de crescerem na comunhão do ES (Koinonia) e de comunicá-la ao mundo” (CIC 948).

1.2- A Comunhão dos Bens Espirituais (949-953)

Trata-se exatamente da participação de todos nas coisas santas de que acabamos de falar. A primeira referência clara desta comunhão aparece em Atos dos Apóstolos. “Eles frequentavam com perseverança a Doutrina dos Apóstolos, as reuniões em comum, o partir do pão e as orações” (2,42). A Doutrina dos Apóstolos fornece as bases comuns da mesma fé. O partir do pão dá a todos o corpo e o sangue do Senhor. Estas são as coisas santas (sancta) para os santos (sanctis), na prática da Igreja apenas nascida! E assim deverá ser até o fim dos tempos. Vamos agora destacar os elementos principais desta comunhão.

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● A comunhão na Fé é essencial para que os cristãos vivam em união e concórdia. Os conteúdos básicos da Fé precisam ser conhecidos por todos, para que a vida cristã seja possível.

● A comunhão dos Sacramentos nos garante que temos os mesmos elos que nos ligam a todos e ao mesmo Cristo-Cabeça da Igreja. Podemos dizer que cada um dos sete Sacramentos é comunhão com Cristo. Mas destacam-se nesta função unitiva o Batismo, porta de entrada de todos para a Igreja, e a Eucaristia, o sacramento que, de modo especial, nos coloca

vivencialmente nesta comunhão com Cristo e com todos os irmãos. A maior parte do povo refere-se à Eucaristia pelos nomes “Santa Comunhão”. Daí vem a importância de uma

frequência grande à Eucaristia, principalmente para que esta realidade espiritual faça parte de nossa consciência constante, dia por dia, em todos os nossos relacionamentos (cf. n. 3 da aula 34).

● A Comunhão dos Carismas é menos abordada. Nosso Catecismo garante-nos que “o ES distribui também entre os fiéis de todas as ordens as graças especiais para o crescimento da Igreja” (951). Contudo, graças divinas podem muitas vezes ser confundidas com qualidades (dons) pessoais tão naturais que falamos em qualidades inatas. Mas São Paulo assevera que essas qualidades já são dons de Deus. Falta só a consciência e as motivações para colocá-los a serviço de todos (cf. 1 Cor 12).

● “Punham tudo em Comum” (At 4,32) era o normal para os primeiros cristãos. Isto é um sinal evidente de que as pessoas vivem na prática o conteúdo do capítulo 13 da referida epístola, que exalta o amor fraterno (Caridade) vivido por Jesus Cristo. “O cristão é um administrador dos bens do Senhor”, afirma o CIC (952). Tudo que temos - bens materiais e espirituais - e somos pertencem ao Senhor.

● A Comunhão da Caridade vivida por Jesus Ele a qualifica de o Mandamento Novo. A Caridade de Jesus é, de todos os elos unitivos a ligar os membros da Igreja entre si, o mais importante, o mais perfeito e completo. Tem de estar acima de qualquer outra coisa, acima até dos

Sacramentos. Aliás, os Sacramentos só se concretizam em nossa vida se forem expressão da Caridade. Vamos passar rapidamente cada um dos sete Sacramentos, como exercício... . Concluindo, podemos reafirmar com São Paulo que “ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo” (Rm 14,7). Os sofrimentos de um é sofrimento de todos. O progresso e alegria de um é progresso e alegria de todos (cf. 1Cor 12,26-27).

2.- A Comunhão entre a Igreja do Céu e a da Terra (CIC 954-959)

Aqui precisamos ter bem presente nossa Fé na Vida Eterna daqueles que são salvos por Cristo, a Fé na ressurreição de toda a gente e a vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos.

Até lá, o Concílio Vaticano II ensina que podemos falar em três estados da Igreja, ou seja, de três situações diversas em que se distribuem os seus membros. Fala num grupo de cristãos vivendo nesta Terra como peregrinos à procura da Pátria Celeste. Outro grupo é formado pela imensa multidão dos que já chegaram às “muitas moradas que tem A casa do Pai” (Jo 14,2). O terceiro grupo é constituído pelos que já partiram, mas necessitam de purificação antes de entrar Na casa do Pai.

Sobre o primeiro grupo, o dos discípulos, que vivem neste mundo, não precisamos dizer nada agora.

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Sobre a multidão dos que já estão nas moradas celestes, há muito a dizer e para meditar. Em primeiro lugar, chamá-los a todos de santos. Se os Apóstolos se referiam a todos os batizados daqui na Terra de santos, muito mais apropriadamente chamaremos de santos todos os que estão no Céu. Temos santos especiais que a Igreja canonizou e declarou modelos de práticas cristãs. Mas temos a multidão incontável de santos sem títulos dados pela Igreja. Gosto de referir-me aos nossos falecidos, familiares e amigos, como os santos domésticos.

Nós, que somos ainda pecadores, egoístas, já somos capazes de solidariedade, prestamos ajuda uns aos outros, e oramos pelos nossos falecidos. Muito mais solidariedade podemos imaginar que eles, a multidão dos santos, livres de nossas misérias, tem para conosco. Ou seja, a comunhão que nos unia na Terra é agora maior e mais sólida. Vejamos o que diz o Vaticano II, citado pelo CIC 954 e remetendo para Ef 4,16.

“Todos, porém, em grau e modo diversos, participamos da mesma Caridade de Deus e do próximo e cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus. Pois todos quantos são de Cristo, tendo o seu Espírito, congregam-se em uma só Igreja e Nele estão unidos entre si”.

É exatamente isso. A Caridade que vivemos aqui e exprimimos com nossa solidariedade pelos falecidos é a mesma vivida por eles lá, na glória. Só que lá nossos irmãos já vivem a Caridade em estado pleno. A fé na intercessão dos santos por nós pode causar-nos muita alegria e conforto.

São Domingos despediu-se de seus frades, ao morrer, com essas palavras: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-Ser-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”.

Santa Teresinha despediu-se dizendo: “Passarei meu céu fazendo o bem na Terra”.

O terceiro grupo dos filhos da Igreja é formado por aqueles que já faleceram, mas necessitam purificar-se antes de chegar ao Céu. É a tradicional doutrina sobre o purgatório.

Nos dias de hoje fala-se menos do purgatório. Talvez, amanhã, falem-se coisas diferentes sobre este tema. Mas em todos os tempos a Igreja pensa que na vida eterna todas as limitações e pecados, bem como suas consequências, precisam já estar superados. Ninguém chega à perfeição antes de morrer. Como esta purificação, esta purgação, se dá? Prefiro dizer que não sabemos.

Uma coisa é certa. Na liturgia dos funerais e nas missas pelos defuntos, quer na missa de corpo presente, na de sétimo dia e outras, as rogações pelo perdão divino dos pecados daquele que partiu são muito frequentes. Isso é piedade, é Caridade.

De minha parte prefiro recomendar todos e a mim próprio à infinita misericórdia. Ela é maior que tudo e não precisa de tempo para nos santificar a todos.

3.- Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja (CIC 963-972)

A Igreja é formada por Cristo como Cabeça e por nós, os membros.

E Maria? Maria é especial. Eu diria que Ela é o coração da Igreja de seu Filho. Ela é “membro supereminente e absolutamente único da Igreja” (CIC 967, citando LG 141).

Tudo começou quando Maria concebeu, pelo ES, seu filho Jesus. Seguindo os Evangelhos e Atos dos Apóstolos vemos Maria em momentos especiais. Lucas descreve o nascimento de

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Jesus tão celebrado na Igreja desde os seus inícios. Nas celebrações natalinas Maria ocupa lugar tão destacado a ponto de chegar como figura central na cena da festa de Maria Mãe de

Deus celebrada dia primeiro de janeiro.

Nas bodas de Caná (Jo 2,1-12) Maria aparece num papel bem maternal, assumindo para si os cuidados com o bem estar de todos na festa, intercedendo que Jesus faça alguma coisa para sanar os problemas causados pela falta de vinho. Teve a força extraordinária de não se ausentar da cena da execução de seu Filho Jesus. Ouvindo as palavras de Jesus na cruz: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19, 26-27), Ela integra-se ao Apóstolo João e seus companheiros. Está com os Apóstolos no cenáculo quando Jesus aparece ressuscitado. No mesmo local, com os Doze, está quando o ES vem sobre eles, e a Igreja começa a existir. Jesus nasceu Dela, em Belém. Maria também participa da geração da Igreja de Jesus Cristo no Pentecostes. Maria é mãe da Igreja de Jesus Cristo.

Contudo, o título maior e mais espetacular ainda faltava. Se seu filho Jesus é Deus e homem, então chamar Maria de Mãe de Deus é lógico. Demorou um pouco para vencer certas resistências. Podia parecer absurdo o Deus Eterno e Criador de tudo o que fora Dele existe, aparecer com uma mãe humana. Mas, nessa linha de pensamento, a Encarnação do Verbo também não seria imaginável. Só no Concílio de Éfeso, 431, sua aclamação solene como Mãe de Deus não encontrou mais resistência.

A Igreja Católica também considera Maria como a Corredentora pela sua maternidade divina e por sua total cooperação com seu Filho Redentor.

Lumen Gentium abordou esse item da Fé Católica no n. 149. “Assim, de modo inteiramente

singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por tal motivo Maria se tornou para nós Mãe na ordem da graça”.

Sei que constantemente surgem, também dentro de nossas fileiras, pessoas com dificuldades de pensar no papel de Maria na Igreja, em vista de Cristo ser o único Mediador entre Deus e os homens, do fato de a Redenção ter-se dado unicamente em função dos méritos de sua paixão e morte. Claro, sem Cristo, Maria seria nada, a Igreja não existiria... .

Mas é também verdade que Deus quis restaurar tudo em Seu Filho-Homem! No que se refere à Redenção, tudo se faz com a cooperação humana. E Maria está no centro deste projeto divino, gerando o Filho de Deus. E desde que aceitamos que Cristo quis uma Igreja como seu Corpo Vivo, é evidente que duas grandes coisas seguem como consequência disso.

● Maria, depois de Cristo como Cabeça, é o membro mais eminente e extraordinário deste organismo vivo que é a Igreja.

● Tendo em vista a comunhão total entre Cristo, Maria e todos os membros do Corpo Místico, é esse Todo que vive, que ora, que sofre, que anseia pela salvação de todos e completa, bem como atualiza, a Redenção de Cristo, Ele que nunca se desunirá de seu Corpo-Igreja.

Então é lógico imaginar e crer que todos os membros desse Corpo, principalmente aqueles que chegaram a altos graus de perfeição, rezam pelo bem e salvação de todos. E de todos os membros, qual é o mais perfeito? Maria!

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“Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” ( Lc 1,48). É uma profecia que começa a realizar-se logo no início da Igreja. Nosso Catecismo afirma que a piedade da Igreja dedicada a Maria é parte integrante do culto cristão em geral. Não é um apêndice. Não é algo dispensável. Eu diria que o culto católico à Virgem Maria tem seu fundamento no próprio Evangelho. Não fosse assim, Lucas não teria escrito o Magníficat.

O povo católico sempre acreditou que Maria, como nossa Mãe, portadora do poder de Mãe de Deus, pode-nos proteger dos perigos e ameaças do Maligno. O problema está em pessoas que, pelo simples fato de se haverem posto sob a proteção de Maria, acreditam que isso

funcionaria como uma espécie de escudo permanente e eficaz. Digo até que os ritos são secundários. Mas exercitar a consciência da proteção que Maria pode nos oferecer em ocasiões de tentações e perigos para nossa vida espiritual, pensar nisso e pedir em horas difíceis é certamente eficiente.

Preciso é que se alerte sempre os fiéis católicos que o culto prestado a Maria Santíssima e aos santos é essencialmente diferente do culto de adoração prestado ao Verbo Eterno Encarnado, ou ao Pai, ou ao ES. Até gestos e posturas corporais são distintos. Genuflexão é só para Deus! Nenhuma imagem sacra, nem as de Cristo, sequer a cruz, recebem genuflexões. Única exceção que se admite é ajoelhar-se diante da cruz na Liturgia da morte do Senhor na Sexta-Feira Santa. A imagem do Cristo na cruz nesta hora é viva demais. Ela impõe-se e o cristão desaba diante da cruz, como se o Cristo real nela estivesse.

Não confundir genuflexão como gesto de adoração, com o pôr-se de joelhos para orar mais fervorosamente. Contudo, podemos orar em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer posição.

5.- Maria Ícone da Igreja Celeste e Eterna (972)

Para terminar esta aula quero lembrar que uma das festas principais dedicadas a Maria é a Assunção. É a glorificação total de Maria, de corpo e alma, junto à Trindade Santíssima. A figura da Mãe da Igreja, da Mãe de todos nós, constitui uma espécie de antecipação e concretização de nossas esperanças de glória eterna.

“Na Casa de meu Pai tem muitas moradas ...”

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