A TELENOVELA ALTO ASTRAL ENTRELAÇOU A FICÇÃO E A REALIDADE NO CENÁRIO DO HOSPITAL DENOMINADO BITTENCOURT.
A SOAP OPERA HIGH ASTRAL LACED FICTION AND REALITY IN HOSPITAL NAMED SCENARIO BITTENCOURT
A TELENOVELA DE ALTA ASTRAL FICCIÓN Y REALIDAD ATADA EM HOSPITAL NOMBRADO ESCENARIO BITTENCOURT.
Luís Fernando Ferreira de Araújo1
RESUMO: A telenovela aos olhos e gosto do público brasileiro tornou-se ao longo das três últimas décadas, um marco na história da televisão e da cultura de nosso país. De tão inserida que está em nosso contexto sociocultural, impossível não ser vista hoje como um referencial da arte de representar no Brasil.
Palavras chave: Telenovela, cultura, Brasil, televisão e sociocultural.
ABSTRACT: The soap opera in the eyes and taste of the Brazilian people has become over the past three decades, a milestone in television history and culture of our country. It is inserted in the sociocultural context and it’s impossible not to be seen today as a framework in the art of acting in Brazil.
Keywords: Soap opera, culture, Brazil, television and sociocultural
RESUMEN: La telenovela en los ojos y el gusto del público brasileño se ha convertido en las últimas tres décadas, un hito en la historia y la cultura de nuestro país la televisión. Así que se inserta en el contexto social y cultural, imposible no ver hoy como marco el arte de representar en Brasil.
Palabras clave: Telenovela, la cultura, el Brasil, la TV y sociocultural.
INTRODUÇÃO:
1 Prof. Doutor em Educação e Arte - leciona no Centro Universitário Ítalo Brasileiro, Centro Universitário FIAMFAAM, Faculdade Sudoeste Paulistano e SENAC. E-mail: lusfernandoaraujo@yahoo.com.br.
A influência da telenovela se dá num processo de identificação pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma total ou parcialmente, que na telenovela são os personagens. Em Alto Astral, telenovela de Daniel Ortiz exibida pela Rede Globo no horário das 19h, além dos personagens, há um hospital que também é um personagem dentro da trama. O cenário do hospital Bittencourt da telenovela era um dos principais locais em que se passava a trama da novela
Na trama de Alto Astral, o hospital fica situado na cidade fictícia “Nova Alvorada”, foi herdado pela Maria Inês Bittencourt (Christiane Torloni) e seus dois filhos Caíque (Sergio Guizé) e Marcos (Thiago Lacerda). A cenografia do hospital foi criada com uma proposta dos hospitais modernos e também tornar o ambiente menos frio. Não passa a impressão de cara de hospital ou de doença. Parece que a pessoa está entrando em um hotel. Isso é para tirar o peso das pessoas que já estão fragilizadas ali, e então seguiu esta mesma ideia.
A imagem opera mutações, na estrutura psíquica e nos modos de percepção do indivíduo contemporâneo (SODRÉ, 1987, p.8).
A televisão ilustra o que afirma Muniz Sodré. Ela tem uma relação de contato com o indivíduo, por meio de recursos que introduzem imagens, provocando e, ao mesmo tempo, desenvolvendo o imaginário e de tal forma, que o transporta a um mundo totalmente diferente do seu. Outros recursos além das imagens auxiliam e desenvolvem esse processo, como: sons, músicas, diálogos e até textos escritos e cada vez mais os efeitos tecnológicos.
Objetivo desse artigo é tentar mostrar que a telenovela pode se utilizar do merchandising para provocar discussão sobre o seu uso dentro da trama e também qual seria sua contribuição para a sociedade.
TELENOVELA X FICÇÃO E SUA MEDIAÇÃO COM A REALIDADE.
As questões relacionadas à saúde, código de ética, moral e da boa convivência estavam sendo posta de maneira banal. Quando, na verdade, esperava-se que este ambiente servisse de canal para provocar os profissionais que atuam na área da saúde a aperfeiçoar o seu modo de agir e tratar as pessoas no âmbito do sistema de saúde brasileiro.
Ficção e realidade ora se separam, ora se entrelaçam. Às vezes, por necessidade de clareza, imposição do percurso de investigação, da busca de segmentar nosso objeto para descobrir níveis da estrutura que permitam alcançar suas articulações, afastamo-nos ligeiramente da superfície onde se torna visível ora um, ora outro dos aspectos envolvidos (MOTTER, 2003, p.17).
O real e o fictício são necessários para a condução da ação dramática, ou seja, a telenovela adquire um papel de transformar a realidade e o imaginário do telespectador. Por outro lado, ela estimula a discussão, a reflexão e a possível reelaboração dos discursos sociais já arraigados. A recepção em relação ao telespectador pode ocorrer tanto na projeção positiva e negativa diante dos personagens ou da estrutura da narrativa como um todo. Esse processo acontece em relação à comparação do telespectador com aquilo que lhe é próprio e significativo.
No cenário do hospital dentro da telenovela, ficava em destaque a falta de ética de médicos e enfermeiros, levando a uma falsa leitura da realidade, e da necessidade de um compromisso sério diante da preservação da vida. Também ficou evidente que o contexto era oportuno para se fazer críticas acerca do sistema de saúde e as condições de trabalho dos profissionais de saúde no Brasil. Entretanto, foi escolhida a construção de um diálogo e interpretação que giravam em torno da futilidade dos personagens.
Merchandising promove produtos de consumo. Pode-se usá-lo, por exemplo, para ajudar a população a endereçar corretamente uma carta ou a adotar novos hábitos de higiene. Pode servir a finalidades ecológicas, como a preservação da flora e da fauna, ou fazer propaganda de instituições de interesse público (MICHELE E MATTELART, 1989, p. 76).
Acreditamos que o merchandising social possa provocar discussão sobre seu uso dentro da telenovela, sobre qual seria sua contribuição para a sociedade. Com isso, os temas abordados, deverão ser muito bem elaborados, tendo em vista que a duração da telenovela é efêmera e estes assuntos só terão vida durante a exibição da mesma. O importante é trazer essa discussão para fora da narrativa, debatendo mesmo ao término da telenovela. Nos últimos tempos, as telenovelas vêm sendo criadas com a inclusão de merchandising social, o que significa que as causas sociais também podem ser tratadas
como produto, um produto com finalidades de promover serviços comunitários. “Alto Astral” perdeu a oportunidade de favorecer o desenvolvimento dos serviços de saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A telenovela é um meio de comunicação, um elemento de influência para a avaliação da trama e dos personagens. Também projeta no telespectador a fantasia e o imaginário. A linguagem da telenovela é simples, despojada, concreta, possibilitando ao telespectador acompanhá-la sem menor esforço de entendimento. O ritmo é acelerado, baseia-se na ação, por isso a telenovela é uma narrativa de ação.
A telenovela acompanha a dinâmica do momento pelo qual a sociedade vivencia, inserida no contexto dos membros de uma comunidade ou de uma sociedade. Com isto, ela se torna expressão de uma cultura, parte da identidade de um país. É importante examinar que com o avanço das tecnologias e do livre acesso, as telenovelas ocupam um novo espaço no campo imaginário dos telespectadores. Logo, as obras criadas para o público de massa têm de ser redimensionada, ou seja, levar em consideração que as pessoas já não fazem uma separação tão emotiva. É preciso trabalhar com conceitos que estimulem a valoração da qualidade de vida e com a eficiência que a vida real demanda. O telespectador deve observar a telenovela com um olhar cuidadoso, já que a trama registra a existência da diferença social, regional, histórica e, sobretudo, a variação linguística que vai além do sotaque, mantém-se registrada do léxico e na construção sintática. A telenovela atribui crédito ao telespectador, mas, ao mesmo tempo, de limitá-lo e controlá-lo, cabendo a ele fazer a sua opção: assistir à telenovela por prazer, por recreação ou da razão pela qual o texto-novelesco pode influenciar o seu comportamento ou servir-lhe de catarse.
REFERÊNCIAS:
BALOGH, Ana Maria. O discurso ficcional na TV. São Paulo: Edusp, 2002.
CALZA, Rose. O que é telenovela. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MATTELART, Michele e Armand. O carnaval das imagens: a ficção na TV. São Paulo: Brasiliense, 1989.
MOTTER. Maria Lourdes. Ficção e realidade: a construção do cotidiano na telenovela. São Paulo: Alexa Cultural, 2003.
SODRÉ, Muniz. Televisão e psicanálise. São Paulo: Ática, 1987.
PALLOTINI, Renata. Dramaturgia de televisão. São Paulo: Moderna, 1999.
TÁVOLA, Artur da. A telenovela brasileira: história, análise e conteúdo. São Paulo: Globo, 1906.
