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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.514.731 - RS (2015/0018908-6)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRENTE : LOTUS CALÇADOS LTDA

ADVOGADO : MARINA TEREZINHA WEIAND LINDEN

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

RECORRIDO : OS MESMOS

EMENTA

RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA. TRIBUTÁRIO. VALORES RESSARCIDOS NO ÂMBITO DO REINTEGRA INSTITUÍDO PELA LEI Nº 12.546/11. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. ART. 44 DA LEI Nº 4.506/64. FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO IMPUGNADO NAS RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 283 DO STF.

1. O acórdão recorrido entendeu que os valores do REINTEGRA têm natureza de subvenção corrente para custeio ou operação, as quais integram a receita bruta operacional e são computadas no lucro operacional, nos termos dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99 (regulamento do imposto de renda), razão pela qual não poderiam ser excluídos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

2. Não há, nas razões do recurso especial, nenhuma argumentação que combata de forma específica o fundamento do acórdão recorrido, relativamente à incidência dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99. Dessa forma, não é possível conhecer do recurso especial em questão, haja vista a incidência, por analogia, da Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal.

3. Recurso especial da empresa não conhecido.

RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PRÉ-QUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 211 DO STJ. VALORES RESSARCIDOS NO ÂMBITO DO REINTEGRA INSTITUÍDO PELA LEI Nº 12.546/11. INCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS NO SISTEMA NÃO CUMULATIVO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. ART. 44 DA LEI Nº 4.506/64. POSSIBILIDADE ATÉ O ADVENTO DA LEI Nº 12.844/13.

1. Os arts. 1º, § § 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, 1º, § § 1º e 3º, da Lei nº 10.637/02 e 111 do CTN não foram objeto de análise pelo Tribunal de origem, pelo que não é possível conhecer do recurso especial em relação a eles por ausência de prequestionamento. Incide, na hipótese, o óbice da Súmula nº 211 do STJ.

2. A Lei nº 12.546/11 que institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA tem como objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas cadeias de produção de tais empresas.

3. Conforme entendimento adotado pela Segunda Turma desta Corte nos autos dos EDcl no REsp 1.462.313/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 19/12/2014 e do AgRg no REsp 1.518.688/RS, de minha relatoria, DJe 07/05/2015, os valores do REINTEGRA são passíveis de incidência do imposto de renda, até o advento da MP nº 651/14, posteriormente convertida na Lei nº 13.043/14, de forma que a conclusão lógica que se tem é a de que tais valores

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igualmente integram a base de cálculo do PIS e da COFINS, que é mais ampla e inclui, a priori , ressalvadas as deduções legais, os valores relativos ao IRPJ e à CSLL, sobretudo no caso de empresas tributadas pelo lucro real na sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS instituída pelas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, cuja tributação se dá com base na receita bruta mensal da pessoa jurídica, a qual, por expressa disposição do art. 44 da Lei nº 4.506/64, abrange as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões e as subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.

4. Somente com o advento da Lei nº 12.844/13, que incluiu o § 12 no art. 2º da Lei nº 12.546/11, é que os valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA foram excluídos expressamente da base de cálculo do PIS e da COFINS. Por não se tratar de dispositivo de conteúdo meramente procedimental, mas sim de conteúdo material (exclusão da base de cálculo de tributo), sua aplicação somente alcança os fatos geradores futuros e aqueles cuja ocorrência não tenha sido completada (consoante o art. 105 do CTN), não havendo que se falar em aplicação retroativa. 5. Recurso especial da FAZENDA NACIONAL parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:

"A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso de Lotus Calçados Ltda; conheceu em parte do recurso da Fazenda Nacional e, nessa parte, deu-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques. Brasília (DF), 26 de maio de 2015.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.514.731 - RS (2015/0018908-6)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRENTE : LOTUS CALÇADOS LTDA

ADVOGADO : MARINA TEREZINHA WEIAND LINDEN

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

RECORRIDO : OS MESMOS

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

Cuida-se de recursos especiais manejados por LOTUS CALÇADOS LTDA e pela FAZENDA NACIONAL, ambos com fundamento nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, por maioria, deu parcial provimento ao apelo e à remessa oficial, resumido da seguinte forma:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ, DA CSLL, DO PIS E DA COFINS. REGIME ESPECIAL DE REINTEGRAÇÃO DE VALORES TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS - REINTEGRA.

O valor apurado no Reintegra tem natureza de subvenção corrente para custeio ou operação. Logo, sofre a incidência do Imposto de renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Não se tratando de receita, não há falar em inclusão dos valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA na base de cálculo do PIS e da COFINS.

Opostos embargos de declaração, foram acolhidos apenas para fins de prequestionamento.

A recorrente LOTUS CALÇADOS LTDA alega divergência interpretativa e violação aos arts. 1º e 2º da Lei nº 12.546/11, eis que os valores do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributário para as empresas exportadoras - REINTEGRA, que trata de ressarcimento de custos tributários, se assemelha ao crédito presumido do IPI e ao crédito presumido de ICMS, pelo que tais ressarcimentos não poderiam ser considerados receita para fins de inclusão na base de cálculo de tributos, eis que não se tratam de subvenção, mas sim de incentivo fiscal, pois não constituem acréscimo patrimonial ou riqueza nova, mas simples recuperação de custos. Assim, entende que a base de cálculo do IRPJ é o lucro, nos termos do art. 219 do Decreto nº 3.000/99, e a base de cálculo da CSLL é o "resultado do exercício", nos termos do art. 7.689/88, de forma que os valores do REINTEGRA não poderiam se enquadrar na base de cálculo dos referidos tributos.

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Assevera, também, que o art. 12 da Lei nº 12.844/13 exclui expressamente os valores do REINTEGRA da base de cálculo do PIS e da COFINS e o art. 22, § 5º, da MP nº 651/14 o exclui da base de cálculo, também, do IRPJ e da CSLL.

Requer o conhecimento e provimento do recurso especial para excluir os valores do REINTEGRA da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

A FAZENDA NACIONAL, por sua vez, alega divergência interpretativa e violação aos arts. 1º, § § 1º e 3º da Lei nº 10.833/03; 1º, § § 1º e 3º, da Lei nº 10.637/02; 111 do CTN e 49, V, da Lei nº 12.844/13, sustentando, em síntese, que a empresa autora está sujeita ao lucro real, incluída, portanto, no regime da não-cumulatividade do PIS e da COFINS, segundo o qual o fato gerador das referidas contribuições é o faturamento mensal assim entendido como o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente da sua denominação ou classificação contábil, não estando os créditos do REINTEGRA previstos nas hipóteses excetuadas da base de cálculo das referidas contribuições nos termos dos § § 3º dos arts. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, antes da edição da Lei nº 12.844/13, que incluiu o § 12 ao art. 2º da Lei nº 12.546/11, o qual não tem efeitos retroativos. Assevera, outrossim, que não é possível qualquer exclusão fora das hipóteses previstas em lei, cuja interpretação deve ser literal, nos termos do art. 111, I, do CTN.

Requer o conhecimento e provimento do recurso especial para determinar a inclusão dos valores do REINTEGRA na base de cálculo do PIS e da COFINS.

Contrarrazões ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL às fls. 300-307 e-STJ.

Contrarrazões ao recurso especial da empresa às fls. 309-315 e-STJ.

Ambos os recursos especiais foram admitido na origem, subindo os autos a esta Corte e vindo-me conclusos.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.514.731 - RS (2015/0018908-6) EMENTA

RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA. TRIBUTÁRIO. VALORES RESSARCIDOS NO ÂMBITO DO REINTEGRA INSTITUÍDO PELA LEI Nº 12.546/11. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. ART. 44 DA LEI Nº 4.506/64. FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO IMPUGNADO NAS RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 283 DO STF.

1. O acórdão recorrido entendeu que os valores do REINTEGRA têm natureza de subvenção corrente para custeio ou operação, as quais integram a receita bruta operacional e são computadas no lucro operacional, nos termos dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99 (regulamento do imposto de renda), razão pela qual não poderiam ser excluídos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

2. Não há, nas razões do recurso especial, nenhuma argumentação que combata de forma específica o fundamento do acórdão recorrido, relativamente à incidência dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99. Dessa forma, não é possível conhecer do recurso especial em questão, haja vista a incidência, por analogia, da Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal.

3. Recurso especial da empresa não conhecido.

RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PRÉ-QUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 211 DO STJ. VALORES RESSARCIDOS NO ÂMBITO DO REINTEGRA INSTITUÍDO PELA LEI Nº 12.546/11. INCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS NO SISTEMA NÃO CUMULATIVO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. ART. 44 DA LEI Nº 4.506/64. POSSIBILIDADE ATÉ O ADVENTO DA LEI Nº 12.844/13.

1. Os arts. 1º, § § 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, 1º, § § 1º e 3º, da Lei nº 10.637/02 e 111 do CTN não foram objeto de análise pelo Tribunal de origem, pelo que não é possível conhecer do recurso especial em relação a eles por ausência de prequestionamento. Incide, na hipótese, o óbice da Súmula nº 211 do STJ.

2. A Lei nº 12.546/11 que institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA tem como objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas cadeias de produção de tais empresas.

3. Conforme entendimento adotado pela Segunda Turma desta Corte nos autos dos EDcl no REsp 1.462.313/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 19/12/2014 e do AgRg no REsp 1.518.688/RS, de minha relatoria, DJe 07/05/2015, os valores do REINTEGRA são passíveis de incidência do imposto de renda, até o advento da MP nº 651/14, posteriormente convertida na Lei nº 13.043/14, de forma que a conclusão lógica que se tem é a de que tais valores igualmente integram a base de cálculo do PIS e da COFINS, que é mais ampla e inclui, a priori , ressalvadas as deduções legais, os valores relativos ao IRPJ e à CSLL, sobretudo no caso de empresas tributadas pelo lucro real na sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS instituída pelas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, cuja tributação se dá com base na receita bruta mensal da pessoa jurídica, a qual, por expressa disposição do art. 44 da Lei nº 4.506/64, abrange as

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recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões e as subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.

4. Somente com o advento da Lei nº 12.844/13, que incluiu o § 12 no art. 2º da Lei nº 12.546/11, é que os valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA foram excluídos expressamente da base de cálculo do PIS e da COFINS. Por não se tratar de dispositivo de conteúdo meramente procedimental, mas sim de conteúdo material (exclusão da base de cálculo de tributo), sua aplicação somente alcança os fatos geradores futuros e aqueles cuja ocorrência não tenha sido completada (consoante o art. 105 do CTN), não havendo que se falar em aplicação retroativa. 5. Recurso especial da FAZENDA NACIONAL parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.

VOTO

O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA

Pretende a recorrente LOTUS CALÇADOS LTDA excluir os valores do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Alega violação aos arts. 1º e 2º da Lei nº 12.546/11, bem como aos arts. 12 da Lei nº 12.844/13 e 22, § 5º, da MP nº 651/14.

Da análise dos autos, verifica-se que o acórdão recorrido entendeu que os valores do REINTEGRA têm natureza de subvenção corrente para custeio ou operação, as quais integram a receita bruta operacional e são computadas no lucro operacional, nos termos dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99 (regulamento do imposto de renda), razão pela qual não poderiam ser excluídos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Confira-se o seguinte excerto do voto-condutor do acórdão recorrido (fls. 203 e-STJ):

Tenho que os valores recebidos a título de Reintegra tem natureza de subvenção, cuja finalidade é baratear o custo do Brasil para

a exportação.

Com efeito, as subvenções são doações ou benefícios relacionados com um objetivo de ordem pública, concedidos pelo Poder Público para incentivar determinada região ou atividade. Nestes termos, as subvenções

subdividem-se em subvenções correntes para custeio ou subvenções para operação (expressões sinônimas) e subvenção para investimento.

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pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la a fazer frente ao seu conjunto de despesas, nas suas operações. Já as subvenções para investimento são transferências de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la na aplicação em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos.

No âmbito do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, a tributação das subvenções encontra-se disciplinada:

Lei nº 4.506/64

Art. 44. Integram a receita bruta operacional:

I - O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria;

II - O resultado auferido nas operações de conta alheia; III - As recuperações ou devoluções de custos,deduções ou provisões;

IV - As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito publico ou privado, ou de pessoas naturais.

Decreto nº 3.000, de 1999

Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional:

I - as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV);

II - as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões, quando dedutíveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso III);

III - as importâncias levantadas das contas vinculadas a que se refere a legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (Lei nº 8.036, de 1990, art. 29).

Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro real as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde que (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 38, § 2º, e Decreto-Lei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VIII):

I - registradas como reserva de capital que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no art. 545 e seus parágrafos; ou

II - feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas.

Como visto acima, as subvenções, se forem correntes, isto é,

reembolso de custos, elas integram o lucro tributável, como expressa a norma legal, e as subvenções para investimento, são excluídas do lucro tributável, sob determinadas condições.

Da análise dos aludidos dispositivos, e levando em consideração a natureza do Reintegra, não pode ser comparado a subvenção de investimento. Com efeito, não há qualquer vinculação do beneficiário à realização de algum tipo de investimento como os declinados na lei. Logo, o valor apurado no Reintegra tem natureza de subvenção

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corrente para custeio ou operação.

Sendo assim, revendo meu posicionamento anterior, tenho que incide

a disposição do art. 392 do RIR/99, lastreado na Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, incisos IV e VIII, donde que não há autorização legal para excluir o Reintegra da base de cálculo do IRPJ e da CSSL, já que, no tocante a esta, a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda (Lei nº 7.689/88: art. 2º).

(grifei)

Penso que o recurso especial da empresa não merece conhecimento. É que ela defende a tese de que os valores do REINTEGRA não poderiam ser considerados como receita ou subvenção para fins de inclusão na base de cálculo do IRPJ e CSLL, pois tais valores teriam natureza de incentivo fiscal. Contudo, não há, nas razões do recurso especial, nenhuma argumentação que combata de forma específica o fundamento supracitado do acórdão recorrido, relativamente à incidência dos arts. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 e 392 do Decreto nº 3.000/99. Dessa forma, não é possível conhecer do recurso especial em questão, haja vista a incidência, por analogia, da Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal, in

verbis : "É inadmissível o recurso extraordinário quando a decisão recorrida assenta em mais

de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles".

Ainda que assim não fosse, registro, ad argumentandum tantum , que a Segunda Turma desta Corte já se manifestou no sentido de ser legal a incidência de IRPJ e da CSLL sobre os créditos apurados no REINTEGRA, uma vez que provocam redução de custos e conseqüente majoração do lucro da pessoa jurídica. Precedente: EDcl no REsp 1.462.313/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 19/12/2014. Referido precedente partiu da premissa de que "Todo benefício fiscal, relativo a qualquer tributo, ao diminuir a

carga tributária, acaba, indiretamente, majorando o lucro da empresa e, consequentemente, impacta na base de cálculo do IR. Em todas essas situações, esse imposto está incidindo sobre o lucro da empresa, que é, direta ou indiretamente, influenciado por todas as receitas, créditos, benefícios, despesas etc" (REsp 957.153/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda

Turma, DJe 15.3.2013). Confira-se a ementa do referido precedente:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. REGIME ESPECIAL DE REINTEGRAÇÃO DE VALORES TRIBUTÁRIOS PARA AS EMPRESAS EXPORTADORAS - REINTEGRA.

1. Não verificando nenhuma das hipóteses do art. 535 do CPC e tendo em vista o princípio da fungibilidade recursal, recebo os presentes Embargos como Agravo Regimental.

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2. O art. 1° da Lei 12.546/2011 dispõe que os créditos apurados no Reintegra configuram incentivo fiscal que tem por objetivo reintegrar às empresas exportadoras valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas suas cadeias de produção.

2. O STJ possui jurisprudência no sentido de que "Todo benefício fiscal, relativo a qualquer tributo, ao diminuir a carga tributária, acaba, indiretamente, majorando o lucro da empresa e, consequentemente, impacta na base de cálculo do IR. Em todas essas situações, esse imposto está incidindo sobre o lucro da empresa, que é, direta ou indiretamente, influenciado por todas as receitas, créditos, benefícios, despesas etc" (REsp 957.153/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 15.3.2013).

4. É legal a incidência de IRPJ e da CSLL sobre os créditos apurados no Reintegra, uma vez que provocam redução de custos e consequente majoração do lucro da pessoa jurídica.

5. Agravo Regimental não provido. (EDcl no REsp 1.462.313/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 19/12/2014) (grifei) Ainda in obter dictum registro que a MP nº 651/14, posteriormente convertida na Lei nº 13.043/14, excluiu da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o crédito apurado na forma do art. 22 da referida lei no âmbito do REINTEGRA, consoante benefício fiscal criado pelo § 6º do referido dispositivo legal. Assim, por não se tratar de dispositivo de conteúdo meramente procedimental, mas sim de conteúdo material (exclusão da base de cálculo de tributo), sua aplicação somente alcança os fatos geradores futuros e aqueles cuja ocorrência não tenha sido completada (consoante o art. 105 do CTN), não havendo que se falar em aplicação retroativa para abranger o crédito pleiteado pela recorrente, que é anterior à referida MP.

Nesse sentido, confira-se os seguintes precedentes:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO CONCEDIDO PELO ART. 99, §3º, DA LEI N. 9.504/97 ÀS EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL. COMPENSAÇÃO FISCAL PELA CEDÊNCIA DE HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO. MERA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DE TRIBUTOS FEDERAIS (BENEFÍCIO FISCAL). IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA. ART. 105, DO CTN.

1. Ao examinar a natureza jurídica do crédito concedido pelo art. 80, da Lei n. 8.713/93, art. 99, da Lei n. 9.504/97 e art. 1º do Decreto n. 5.331/2005, esta Corte entendeu que se caracteriza como mera dedução da base de cálculo do Imposto de Renda e não indenização. Precedentes: REsp. n. 1.259.688 / PR, Segunda Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, Rel. p/acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 19.03.2013; AgRg no REsp. n. 1.449.709 / SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18.06.2014.

2. Sendo assim, sujeita-se à aplicação do art. 105, do CTN, não havendo qualquer autorização no ordenamento jurídico que permita a aplicação retroativa do disposto no art. 99, §3º, da Lei n. 9.504/97 (incluído pela Lei n. 12.034/2009) para abarcar tributos cujos fatos geradores tenham ocorrido antes de 30.9.2009 (data da vigência da Lei n. 12.034/2009), até porque não se

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trata de norma meramente procedimental, mas de norma que, segundo a jurisprudência desta Casa, cria benefício fiscal (redução da base de cálculo de tributo).

3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1.469.724/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/12/2014)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO DO ARESTO RECORRIDO. SÚMULA 283/STF. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL TIDO POR VIOLADO. CRÉDITO-PRÊMIO DE IPI. INCLUSÃO DE COMBUSTÍVEIS E ENERGIA ELÉTRICA NA BASE DE CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL ESTENDIDO AO PRODUTOR-VENDEDOR. MP Nº 1.484/96. INTERPRETAÇÃO LITERAL. RETROATIVIDADE. DESCABIMENTO. MATÉRIAS-PRIMAS E INSUMOS DE PESSOA FÍSICA.

(...)

7. Sabendo-se que a legislação tributária que outorga isenção deve ser interpretada literalmente - art. 111, II, do CTN -, tem-se que o benefício fiscal estendido ao produtor vendedor somente opera efeitos a partir da vigência da Medida Provisória nº 1.484/96, não sendo cabível sua aplicação retroativa.

(...)

10. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. (REsp 816496/AL, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 19/06/2012) (grifei)

TRIBUTÁRIO. IPVA. ISENÇÃO. IRRETROATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO DO BENEFÍCIO FISCAL A FATOS GERADORES OCORRIDOS ANTERIORMENTE À SUA CONCESSÃO.

1. A isenção não pode ser interpretada de forma retroativa e não atinge os fatos geradores ocorridos anteriormente à sua concessão. Precedentes do STJ.

2. Hipótese em que o Tribunal a quo consignou que a isenção foi requerida e deferida em março de 1998, enquanto o tributo em cobrança refere-se ao exercício de 1997, portanto anterior à concessão do benefício fiscal.

3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no Ag 1.333.229/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 02/02/2011) (grifei)

TRIBUTÁRIO. LEI Nº 9.363/96. AMPLIAÇÃO. BENEFÍCIO FISCAL. LEI Nº 7.714/88. APLICAÇÃO RETROATIVA. ATIVIDADE TRIBUTÁRIA ESTATAL. DANO. ARTIGO 535 DO CPC.

1. Não há cerceamento de defesa ou omissão quanto ao exame de pontos levantados pelas partes, pois ao Juiz cabe apreciar a lide de acordo com o seu livre convencimento, não estando obrigado a analisar todos os pontos suscitados.

2. O benefício fiscal instituído pela Lei nº 9.363/96 ampliou aquele criado pela Lei nº 7.714/88, não podendo, portanto, ter aplicação retroativa.

3. A atividade tributária exercida nos termos definidos em lei não pode gerar dano ao contribuinte, por corresponder a uma atividade estatal lícita.

4. Recurso especial improvido. (REsp 417096/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 25/10/2004) (grifei)

Pelas razões expostas, NÃO CONHEÇO do recurso especial da recorrente LOTUS CALÇADOS LTDA.

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL

A FAZENDA NACIONAL, por sua vez, alega divergência interpretativa e violação aos arts. 1º, § § 1º e 3º da Lei nº 10.833/03; 1º, § § 1º e 3º, da Lei nº 10.637/02; 111 do CTN e 49, V, da Lei nº 12.844/13, sustentando, em síntese, que a empresa autora está sujeita ao lucro real, incluída, portanto, no regime da não-cumulatividade, segundo o qual o fato gerador do PIS e da COFINS é o faturamento mensal assim entendido como o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente da sua denominação ou classificação contábil, não estando os créditos do REINTEGRA previstos nas hipóteses excetuadas da base de cálculo das referidas contribuições nos termos dos § § 3º dos arts. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, antes da edição da Lei nº 12.844/13, que incluiu o § 12 ao art. 2º da Lei nº 12.546/11, o qual não tem efeitos retroativos. Assevera, outrossim, que não é possível qualquer exclusão da base de cálculo do PIS e da COFINS fora das hipóteses previstas em lei, cuja interpretação deve ser literal, nos termos do art. 111, I, do CTN.

Primeiramente, registro que os arts. 1º, § § 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, 1º, § § 1º e 3º, da Lei nº 10.637/02 e 111 do CTN não foram objeto de análise pelo Tribunal de origem, pelo que não é possível conhecer do recurso especial em relação a eles por ausência de prequestionamento. Incide, na hipótese, o óbice da Súmula nº 211 do STJ, in verbis : "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos de declaração, não foi apreciada na origem".

Quanto ao § 12 do art. 2º da Lei nº 12.546/11, devidamente prequestionado na origem, conheço do recurso especial fazendário e passo a sua análise.

Relativamente à não inclusão dos valores do REINTEGRA na base de cálculo do PIS e da COFINS, assim se manifestou o Tribunal a quo (fls. 204 e-STJ):

Como já salientado acima, os valores recebidos a título de reintegra tem natureza de subvenção, cuja finalidade é baratear o custo do Brasil para a exportação. Com efeito, as subvenções são doações ou benefícios relacionados com um objetivo de ordem pública, concedidos pelo Poder Público para incentivar determinada região ou atividade.

Nestes termos, sob o ponto de vista de PIS e da COFINS, sendo subvenção, não é receita. Com efeito, subvenção nada mais é do que uma recuperação de resíduos tributários da cadeia produtiva e não uma receita decorrente da atividade produtiva da empresa.

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Ademais, reforçando o entendimento de que já não deveria incidir o PIS e a COFINS sobre os valores ora questionados, a Lei nº 12.844/2009 incluiu o parágrafo 12, ao art. 2º, da Lei 12.546/2011, vedando a cobrança de PIS e COFINS sobre os créditos recebidos pelos exportadores por meio do REINTEGRA. (grifei)

Penso que o acórdão recorrido merece reforma no ponto.

A Lei nº 12.546/11 que institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA tem como objetivo reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas cadeias de produção de tais empresas. Confira-se os arts. 1º e 2º da referida lei:

Art. 1º É instituído o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), com o objetivo de reintegrar valores referentes a custos tributários federais residuais existentes nas suas cadeias de produção.

Art. 2º No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica produtora que efetue exportação de bens manufaturados no País poderá apurar valor para fins de ressarcir parcial ou integralmente o resíduo tributário federal existente na sua cadeia de produção.

Da leitura dos supracitados dispositivos legais, verifica-se o benefício fiscal criado pela Lei nº 12.546/11 tem natureza de "reintegração de valores referentes a custos tributários residuais", os quais foram enquadrados pelo acórdão recorrido entre as hipóteses do art. 44 da Lei nº 4.506/64, mais especificamente como subvenção corrente para custeio ou operação. Confira-se a redação do referido dispositivo legal:

Art. 44. Integram a receita bruta operacional:

I - O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria;

II - O resultado auferido nas operações de conta alheia;

III - As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões;

IV - As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.

Dessa forma, entendo que, seja por se tratar de recuperação ou devolução de custos, seja por se tratar de subvenção corrente para custeio ou operação, os valores do benefício fiscal criado pelo REINTEGRA integram a receita bruta operacional da empresa por expressa determinação do art. 44 da Lei nº 4.506/64, de forma que, salvo autorizativo legal, tais valores integram a base de cálculo do PIS e da COFINS no regime da não cumulatividade previsto

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nas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03.

Conforme entendimento adotado pela Segunda Turma desta Corte nos autos dos EDcl no REsp 1.462.313/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 19/12/2014 e do AgRg no REsp 1.518.688/RS, de minha relatoria, DJe 07/05/2015, os valores do REINTEGRA são passíveis de incidência do imposto de renda, até o advento da MP nº 651/14, posteriormente convertida na Lei nº 13.043/14, de forma que a conclusão lógica que se tem é a de que tais valores igualmente integram a base de cálculo do PIS e da COFINS, que é mais ampla e inclui, a priori , ressalvadas as deduções legais, os valores relativos ao IRPJ e à CSLL, sobretudo no caso de empresas tributadas pelo lucro real na sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS instituída pelas Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, cuja tributação se dá com base na receita bruta mensal da pessoa jurídica, a qual, por expressa disposição do art. 44 da Lei nº 4.506/64, alhures mencionado, abrange as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões e as subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.

Nos termos do art. 150, § 6º, da Constituição Federal, qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição.

Nesse sentido, somente com o advento da Lei nº 12.844/13, que incluiu o § 12 no art. 2º da Lei nº 12.546/11, é que os valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA foram excluídos expressamente da base de cálculo do PIS e da COFINS. Confira-se a redação do referido dispositivo legal, in verbis :

§ 12. Não serão computados na apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os valores ressarcidos no âmbito do Reintegra. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)

Por não se tratar de dispositivo de conteúdo meramente procedimental, mas sim de conteúdo material (exclusão da base de cálculo de tributo), sua aplicação somente alcança os fatos geradores futuros e aqueles cuja ocorrência não tenha sido completada (consoante o art. 105 do CTN), não havendo que se falar em aplicação retroativa. Precedentes: AgRg no REsp 1.469.724/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/12/2014;

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REsp 816496/AL, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 19/06/2012, dentre outros.

Portanto, com razão da FAZENDA NACIONAL quanto ao reconhecimento da pretensão da impetrante, relativamente à exclusão dos valores do REINTEGRA base de cálculo do PIS e da COFINS, somente a partir da publicação da Lei nº 12.844/13, sendo assegurado à empresa o direito à compensação/restituição de eventuais valores pagos a maior a esse título, nos termos da Súmula nº 213 do STJ, após a vigência da referida lei.

Pelas razões expostas, CONHEÇO em parte do recurso especial da FAZENDA NACIONAL para reconhecer a inclusão dos valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA na base de cálculo do PIS e da COFINS até o advento da Lei nº 12.844/13. É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2015/0018908-6 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.514.731 / RS

Números Origem: 50217083420134047108 RS-50217083420134047108

PAUTA: 26/05/2015 JULGADO: 26/05/2015

Relator

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária

Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : LOTUS CALÇADOS LTDA

ADVOGADO : MARINA TEREZINHA WEIAND LINDEN RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL

RECORRIDO : OS MESMOS

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - PIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso de Lotus Calçados Ltda; conheceu em parte do recurso da Fazenda Nacional e, nessa parte, deu-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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