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O PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA NO ESTADO DE SÃO PAULO: AS UNIDADES EXECUTORAS EM DUAS REDES DE ENSINO

GARCIA, Teise De Oliveira Guaranha – USP/FFCLRP- teise@ffclrp.usp.br GT Estado e Política Educacional/ n. 05

Agência financiadora: CNPq

O governo federal, em 1995, criou o Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental, PMDE, que teve sua denominação alterada para Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) pela Medida Provisória n.1.784, de 14 de dezembro de 1998. O objetivo do Programa é promover o repasse de recursos diretamente para unidades das redes públicas de ensino fundamental e organizações- não-governamentais, sem fins lucrativos que atuem com educação especial. Os recursos, provenientes do salário-educação1, distribuídos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), complementam despesas com custeio e manutenção das escolas.Os repasses são condicionados à existência de Unidades Executoras nas escolas, constituídas como associações civis de direito privado e sem fins lucrativos.

Este estudo, resultado de pesquisa que analisou o Programa, em cinco estados brasileiros (Piauí, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul), entre 2003 e 2005, entende que o PDDE foi criado no âmbito do movimento de redefinição do papel do Estado brasileiro. Tal movimento, situado no contexto das alternativas encontradas para a superação da crise estrutural do capitalismo, diz respeito às alterações na intervenção do Estado, sobretudo no campo das políticas sociais. No Brasil, o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), elaborado no âmbito do Ministério da Administração Federal e da Reforma do Aparelho do Estado (MARE), em 1995, expressa com vigor a concepção segundo a qual os padrões de gestão do Estado necessitam ser alterados, com o objetivo de superação da sobrecarga de demandas e de sua ineficiência administrativa. A reforma proposta opta por um modelo de administração pública “gerencial”, no qual são fundamentais a descentralização, a avaliação de resultados e a redução de hierarquias. (PDRAE, 1995) As contribuições teóricas para o estudo sobre a redefinição do papel do Estado, a transferência de serviços para o mercado ou para a esfera considerada pública não– estatal e as reformas políticas no campo educacional, possibilitaram a melhor compreensão do PDDE nesse contexto. Destacam-se: HAYEK (1984); PEREIRA

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Criado pela Lei n. 4440, de 27 de outubro de 1964. Corresponde a 2,5% da folha de pagamento das empresas vinculadas à Previdência Social.

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(1996); BUCHANAN, MCCORMICK & TOLLISON (1984); MONTANÕ (2002); ADRIÃO & PERONI (2005).

O trabalho ora apresentado discute as decorrências da implementação do PDDE na rede estadual de ensino paulista e na rede municipal de Pirassununga para a gestão escolar com a descentralização de recursos via unidades executoras.

A pesquisa implicou, além do estudo de referencial teórico, análise de documentos nacionais referentes ao Programa e na esfera das redes pesquisadas. O trabalho de campo se deu mediante a realização de observações e entrevistas com gestores no âmbito do sistema e nas escolas, com pais e com técnicos das Secretarias de Educação, totalizando 15 entrevistados.

No município de Pirassununga, o PDDE foi implementado, em 1999, por meio de consórcio entre as Associações de Pais e Mestres, uma vez que as escolas municipais (grande parte rurais) individualmente não atendiam o número mínimo de alunos exigido pelo PDDE para percebimento dos recursos. Situação que, dado o perfil dos municípios brasileiros, deve se repetir com muita freqüência em todos os estados da federação. Na rede estadual de ensino a implantação do Programa ocorreu no mesmo ano de seu lançamento nacional, em 1995. As unidades executoras foram as Associações de Pais e Mestres2 que já executavam regularmente recursos descentralizados pela Secretaria de Estado da Educação. O processo de implantação se deu mediante um conjunto de ações orientadoras promovidas pela SEE, pela autarquia vinculada à Secretaria, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e pelo próprio Ministério da Educação. A FDE já mantinha, quando da implantação do PDDE, um setor específico destinado a firmar convênios com as APMs, promovendo, por meio de diferentes programas, a descentralização de recursos para a entidade. Em relação ao PDDE, a autarquia constitui-se atualmente como o órgão responsável por orientar cotidianamente as APMs no que diz respeito à execução de recursos e prestação de contas.

Na rede municipal as unidades executoras foram criadas a partir da demanda produzida pelo Programa. Em 2004 o consórcio agregava 4 Unidades Executoras. Outras duas UEx funcionavam de maneira autônoma,uma vez que as escolas atingiram o número mínimo de matrículas para que as APMs assumem diretamente os repasses.

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O Estatuto-Padrão das Associações de Pais e Mestres (Decreto 11.983, de 15 de dezembro de 1978), estabeleceu que as entidades, órgãos auxiliares na escola, poderiam receber recursos e firmar convênios(art.6º.). Em 2004, um novo Estatuto Padrão foi criado (Decreto 48.408, de 6 de janeiro de

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O percurso de implementação do PDDE no município de Pirassununga transcorreu de maneira acidentada. Por dois anos as UExs não receberam recursos, devido à sua não inscrição no Programa.No primeiro ano de funcionamento, o poder executivo determinou o destino dos recursos para todas as escolas envolvidas no consórcio.

Na rede estadual, a experiência acumulada com a descentralização de recursos fez com que, segundo os entrevistados na FDE e na Secretaria de Educação, os problemas fossem diminutos e muito localizados.

As informações obtidas na rede estadual e na rede municipal de Pirassununga levam-nos a considerar que, se na rede estadual a implantação do Programa não produziu grandes impactos para os gestores no sistema e na escola, uma vez que as APMs já funcionavam com regularidade, na rede municipal de Pirassununga o PDDE foi responsável pela criação das Associações de Pais e Mestres como UEx, indicando o potencial indutor do Programa no que diz respeito à produção de mecanismos normalizadores na rede, sobretudo em municípios de pequeno porte como o pesquisado. Em contrapartida, a precariedade operacional e a ausência de informações levaram a muitos problemas na utilização dos recursos, situação que evidencia as dificuldades de administrações municipais na criação e normalização de suas redes de ensino.

No âmbito das escolas, os níveis de informação sobre o Programa, em ambas as redes, mostraram-se precários. Os entrevistados afirmavam que se tratava de uma “verba que viria para a escola” e poderia ser utilizada mediante instruções legais, mas não conseguiam explicar a natureza do Programa. Todavia, em relação à resolução dos problemas práticos sobre execução e prestação de contas, as UExs da rede estadual podiam contar com o suporte da FDE e da Secretaria de Estado da Educação, em condições muito melhores do que ocorria em Pirassunga.

As diferenças nas duas redes, no entanto, não ocultam que Programa contribui para o estabelecimento de um padrão de relacionamento entre gestores do sistema, profissionais da escola e comunidade usuária, pautado pela dimensão técnico-operacional, em detrimento da dimensão política da gestão escolar. Não há, no conjunto de informações produzidas pelo FNDE e reelaboradas, por exemplo, na esfera estadual, algo que retrate a preocupação com a democratização da gestão e com a participação da comunidade usuária nos processos decisórios para execução de recursos. Todas as orientações, escritas ou verbais, restringem-se à correta utilização de recursos e prestação de contas.

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Finalmente, os dados, sobretudo os coletados em Pirassununga, permitem contrapor a suposta autonomia que o PDDE tenderia a proporcionar às escolas, por meio da atividade das UEx, à dependência das decisões tomadas no âmbito das Secretarias da Educação, uma vez que, por dois anos seguidos, a decisão do Secretário de Educação de não firmar o convênio impediu as escolas de receberem os recursos

As resoluções sobre recursos, quando tomadas pela APM, produzem, no mínimo, uma separação entre esta e o conselho de escola. Registre-se ainda que a contribuição para o enfraquecimento do Conselho de Escola se encontra na própria origem da APM (BUENO, 1987). Trata-se de um órgão auxiliar da direção escolar que tem no diretor um membro importante, uma vez que é presidente nato de seu Conselho Deliberativo. (SÃO PAULO, Estatuto Padrão, art.16, 2004)

O fato de a escola contar com uma UEx e receber dela doações (todos os bens adquiridos pela APM são doados e patrimoniados pelo poder público) não parece representar ampliação da participação ou tratamento coletivo no processo de tomada de decisões relativas aos recursos e ao projeto pedagógico. Nas escolas pesquisadas, a centralidade dos gestores confirma-se pelos depoimentos de outros integrantes das APMs.

Vale ressaltar que o modo pelo qual o PDDE foi implantado no caso paulista parece reforçar a estrutura pouco permeável à participação de pais e alunos que tem caracterizado nossas escolas. Explica, ainda, por que a implantação do PDDE, segundo os entrevistados no âmbito do sistema, causou poucos transtornos ao funcionamento das escolas, uma vez que a trajetória das APMs as fazia se configurarem como unidades executoras sob a tutela do diretor escolar.

Referências

HAYEK, F. O Caminho da Servidão. Rio de Janeiro: Livraria O Globo, 1984.

MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social crítica ao padrão emergente de

intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002.

PEREIRA, L. C. Bresser. Crise Econômica e reforma do Estado no Brasil. São Paulo: editora 34, 1996.

PERONI, Vera. Política educacional e papel do Estado no Brasil dos anos 90. São Paulo: Xamã, 2003

PERONI, V.; ADRIÃO, T. A reforma do Estado e estratégias para a constituição do público não-estatal na educação básica brasileira. In. Adrião, T., Peroni, V. (orgs.) O

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Público e o privado na educação. Interfaces entre Estado e Sociedade. São Paulo:

Xamã, 2005. p. 137 a 156.

BRASIL. Ministério da Administração e Reforma do Estado. Plano Diretor da

Reforma do Aparelho do Estado. Brasíli: MARE, 1995.

BRASIL. Medida Provisória no.1784/98, de 14 de dezembro de 1998. Dispõe sobre o repasse de recursos financeiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar, institui o Programa Dinheiro Direto na Escola, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 15 de dezembro de 1995.

SÃO PAULO. (Estado) Decreto 12.983/78 de 15 de dezembro de 1978. Estabelece o Estatuto-Padrão das Associações de Pais e Mestres. Diário Oficial do Estado¸ 16 de dezembro de 1978.

SÃO PAULO. (Estado). Decreto Nº 48.408/04, de 6 de Janeiro de 2004. Altera e acrescenta dispositivos que especifica ao Estatuto Padrão das Associações de Pais e Mestres - APM, estabelecido pelo Decreto nº 12.983, de 15 de dezembro de 1978 e dá providências correlatas. Diário Oficial do Estado.Disponível em http://www.legislacao.sp.gov.br/.

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