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31º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS 22 A 26 de outubro de 2007 Caxambu Minas Gerais ST 1- A METRÓPOLE E A QUESTÃO SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

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31º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS 22 A 26 de outubro de 2007 Caxambu – Minas Gerais

ST 1- A METRÓPOLE E A QUESTÃO SOCIAL

EDUCAÇÃO E SEGREGAÇÃO SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Dulce Maria T. Baptista Marisa do Espírito Santo Borin PUC/SP

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Introdução

O presente trabalho tem como objetivo analisar a realidade educacional da RMSP, comparando o conjunto de mudanças ocorridas entre 1991 e 2000, tendo-se como base as novas desigualdades sócio-espaciais observadas neste período.

A análise social do espaço é feita pela classificação do território da cidade e de sua população, de forma a encontrar unidades de análise que permitam construir uma representação sintética de suas diferenças. A intenção desse trabalho é, a partir da classificação das diferentes áreas intra-metropolitanas, considerando a existência da segregação, analisar a dinâmica educacional da RMSP.

Tradicionalmente, a segregação urbana (entendida como separação física de grupos e homogeneidade interna de cada espaço) sempre esteve associada à dinâmica econômica e ao mercado de trabalho. Hoje, além destes fatores há análises que apontam que o desenvolvimento de políticas públicas de combate à segregação no espaço urbano, podem provocar processos de mobilidade espacial contrários aos padrões de segregação, como a promoção de habitação social em áreas da cidade com pequena presença de camadas médias e de baixa renda. (Torres, 2005)1

Percebe-se hoje em São Paulo, como em muitas outras cidades, o desrespeito às diferenças, pois como aponta Caldeira2 “o espaço público não mais se relaciona ao ideal moderno de universalidade, mas promove a separação e a idéia de que os grupos sociais devem viver em enclaves homogêneos, isolados daqueles percebidos como diferentes”.

Consolida-se, assim, um novo padrão de segregação espacial que delineia instituições e práticas públicas diferenciadas em várias áreas, a exemplo de questões administrativas de como é organizado o espaço urbano em relação a áreas de lazer, iluminação pública nas diversas áreas da cidade, até o funcionamento dos diferentes estabelecimentos de ensino que vão desde as escolas de lata, até as escolas planejadas e

1 Haroldo Torres, Maria Paula Ferreira e Sandra Gomes. ”Educação e segregação social: explorando o efeito

das relações de vizinhança”. In: São Paulo: Segregação, Pobreza e Desigualdades Sociais. São Paulo: Editora SENAC, 2005.

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equipadas com a tecnologia de ponta, evidenciando as diferenças de classe e as estratégias de separação.

Ao se analisar a segregação e a sociabilidade em período recente, percebe-se, também, que o padrão de segregação centro-periferia foi alterado como efeito de deslocamentos no campo da violência urbana e da produção imobiliária (Caldeira apud Marques, 2005)3

Diante desse cenário, concorda-se com o constatado por Marques4: “aceitamos a existência de um padrão geral, mas sustentamos a existência de graus variados de heterogeneidade social e cumulatividade de carências”.

A segregação designa as desigualdades sociais expressas como organização do território da cidade e da metrópole. O espaço urbano contém um conjunto de recursos importantes à reprodução das categorias sociais, na forma de bens materiais e simbólicos, mas a sua distribuição reflete chances desiguais de acesso. (Ribeiro)5

Dessa forma, analisar o panorama da educação relacionado ao quadro da segregação de áreas da cidade, parece ser uma análise fecunda para se avaliar o desempenho educacional, no sentido de que, a segregação sócio-espacial pode induzir à uma relativa homogeneidade no perfil educacional do alunado, reproduzindo espaços sociais segregados de baixa escolarização.

Nesta direção é que se insere a perspectiva deste trabalho. A proposta é proceder a análise da educação na RMSP, utilizando-se de uma metodologia específica e de um conjunto amplo de dados produzidos pelo Observatório das Metrópoles de São Paulo,6 os

quais serão apresentados mais adiante.

3Eduardo Marques , op. cit.p.25 4 Eduardo Marques, op. cit.. p. 19.

5 Luiz César de Queiroz Ribeiro. Segregação Residencial e Políticas Públicas: Análise do Espaço Social

da Cidade na Gestão do Território .mimeo.

6 O Observatório das Metrópoles é um grupo de estudo que funciona em rede, reunindo pesquisadores de

instituições dos campos universitários, governamental e não-governamental. As equipes reunidas vêm trabalhando sobre 11 metrópoles e uma aglomeração urbana - Rio de janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Recife, Salvador, Natal, Fortaleza e Belém e a aglomeração urbana de Maringá, identificando as tendências convergentes e divergentes entre as metrópoles, geradas pelos efeitos das transformações econômicas, sociais, institucionais e tecnológicas por que passa o país nos últimos 20 anos. Além dos objetivos acadêmicos, o Observatório das Metrópoles mantém a intenção de aliar suas atividades de pesquisa e ensino com a realização de atividades que auxiliem os atores governamentais e da sociedade civil no campo das Políticas Públicas.

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O Contexto da Região Metropolitana de São Paulo

A Região Metropolitana de São Paulo atravessa os primeiros anos do século XXI, apresentando uma das maiores concentrações populacionais do mundo em seus 39 municípios. O município pólo que no censo de 1940 concentrava 84,58% da população da RMSP, passou a expandir a sua população para os municípios vizinhos, apresentando no censo de 1991, 62,53% e em 2000, só 58,37% da população da RMSP residia no município de São Paulo, conforme tabela 1.

Tabela 1. População do Município de São Paulo (MSP), da Região Metropolitana (RMSP) e do Estado de São Paulo (ESP), 1991 -2000

Proporção

ANO MSP RMSP ESP

MSP/RMSP MSP/ESP RMSP/ESP

1991 9.610.659 15.369.305 31.436.273 62,53 30,57 49,40

2000 10.435.546 17.878.703 37.032.403 58,37 28,18 48,28

Fonte: IBGE/ Censos Demográficos de 1991 e 2000

A Região Metropolitana de São Paulo- RMSP- vem passando nas últimas décadas, por transformações que vêm afetando diretamente o Estado a economia e a sociedade, trazendo novas dinâmicas e estilos de vida para a sua população.

Há em curso uma profunda reestruturação, desencadeando medidas em matéria de desregulamentação da economia, privatização, flexibilização do trabalho e de formas de emprego, criando novos tipos de serviços, de equipamentos e espaços de consumo que, adotando novas tecnologias de informação e de comunicação, desempenham papel fundamental de inserção da cidade à dinâmica do mundo globalizado. (Marques, 2005)7

As mudanças ocorridas na base econômica do município pólo da RMSP vêm exigindo não só um novo formato do mercado de trabalho, como também, uma maior dispersão territorial das atividades produtivas na Região Metropolitana, gerando novos pólos financeiros, culturais, educacionais, de saúde, de lazer, assim como, uma maior polarização e segregação social com distintas camadas sociais evidenciando a sofisticação de consumo de uma minoria e as condições precárias de vida de uma maioria.

7 Eduardo Marques. “Elementos conceituais da segregação, da pobreza urbana e da ação do Estado.”In: São

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Assim, a região, ao mesmo tempo que concentra tecnologias de ponta e um forte capital produtivo e financeiro, apresenta altas taxas de pobreza e de “exclusão social”, principalmente em suas franjas territoriais.

Segregação e Desempenho Educacional da RMSP – 1991 -2000

A RMSP teve grandes ganhos educacionais, nas últimas décadas do século passado, quando, por exemplo, o percentual de pessoas alfabetizadas vai progressivamente aumentando desde o censo de 1980, conforme dados da tabela 2 que se segue:

Tabela 2. Brasil, Estado de São Paulo e Grande São Paulo. Distribuição de pessoas com 10 anos ou mais, segundo condição de alfabetização: 1980 - 1991 – 2000.

Região/pessoas Alfabetizadas 1980 nºs abs. % 1991 nºabs. % 2000 nºs abs. % Brasil 65.671.034 74,5 90.628.634 80,3 119.328.353 87,2

Estado de São Paulo 16.810.810 87,1 22.808.546 90,7 28.800.475 93,9 Grande São Paulo 8.710.493 89,3 11.328.005 92,2 13.999.403 94,8 Fonte: EMPLASA, 2005

De forma geral, nota-se uma melhora acelerada no seu nível educacional no decorrer dos últimos anos, crescendo mais rápido que a média de outros locais brasileiros. Atualmente, nenhum município da RMSP apresenta dados inferiores à média brasileira, ou seja, as condições de vida e de escolaridade são superiores.

Se constata que os benefícios obtidos por crianças e adolescentes residentes em espaços e domicílios com maior nível de integração social influenciam na educação, pois essas variáveis interferem na ação da escola, na formação educacional , na mobilidade social das famílias e na configuração de espaços mais integradores.

Evidencia-se, ainda, que os riscos da evasão e do atraso escolar configuram o desencadeamento do processo de marginalização. Uma atuação educacional efetiva, com a incorporação de conhecimento, informação e socialização, auxilia nas chances de integração social e mobilidade (Durkheim, 1922)8, reduzindo os riscos da anomia social em

áreas periféricas e marginalizadas.

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A análise dos fenômenos sócio espaciais no desencadeamento de mecanismos de reprodução das desigualdades e pobreza, busca discutir a hipótese do Observatório das Metrópoles sobre o “bloqueio do aproveitamento de oportunidades através de processos que minam a reprodução dos mecanismos básicos de integração social fechando o círculo negativo pelo conseqüente enfraquecimento das instituições primordiais da sociedade nos planos das metrópoles e dos bairros”9

Caldeira (2000)10 aponta que a segregação social ao longo da história teve três configurações diferentes: no início era a cidade concentrada e os grupos diferenciavam-se pela moradia; depois a dicotomia centro-periferia predominou no desenvolvimento urbano para, a partir de 1980, os grupos sociais estarem cada vez mais próximos, mas separados por muros e tecnologias de segurança que os impedem de conviver.

As pessoas estão tão perto e tão longe, passam a viver em enclaves homogêneos, separadas dos diferentes e a riqueza, assim como a pobreza, se concentram em diferentes espaços.

Os mecanismos de socialização, integração social e fortalecimento do capital social de um espaço desencadeiam-se a partir da educação. Por outro lado, a fragilização do espaço enfraquece a instituição escolar e, desse modo, faz com que a segregação espacial seja duplicada pela segregação escolar.

Assim sendo, a democratização das oportunidades via universalização da educação está sendo bloqueada pelos efeitos da concentração territorial da pobreza, ou seja, a segregação residencial e o risco da reprodução das desigualdades estão relacionados. A falta de acesso à escola e/ou o fraco desempenho escolar, estão relacionados à configuração do espaço metropolitano.

As áreas sociais na RMSP com vulnerabilidade social e educacional existem há décadas pois São Paulo tornou-se uma cidade na qual “pessoas de diferentes classes sociais não estavam só separadas por grandes distâncias mas também tinham tipos de habitação e qualidade de vida urbana radicalmente diferentes” (Caldeira, 2000)11.

9 Documento: Atividades por linhas de pesquisa. In: Projeto Milênio. Rio de Janeiro, Observatório das

Metrópoles, 2005 /2008, p. 55.

10 Op. cit., 2000. 11 Op. cit. 2000, p. 227

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Por meio da análise comparativa desse espaço, com base no censo de 1991 e 2000, utilizando as tipologias sócio espaciais, construídas pelo Observatório das Metrópoles – São Paulo, busca-se evidenciar essas diferenças e como esses fatores vão condicionar o desempenho educacional da população.

Analisa-se o comportamento das variáveis educacionaisversus a composição social

das áreas da metrópole, classificadas segundo a tipologia sócio espacial ou clusters. A tipologia é um instrumento de classificação e descrição. Foram utilizadas na construção das tipologias as “cats” (categorias sócio-ocupacionais) como proxy da estrutura social. As “cats” são resultantes da combinação da ocupação, renda e escolaridade, variáveis mensuradas pelo IBGE (classes de renda, anos de escolaridade, ocupação). As unidades de informação para o estudo foram os setores censitários do IBGE agrupados por Áreas de Expansão Demográfica – AEDs. As “cats” foram organizadas por hierarquia e o ponto de partida para a categorização das áreas foi o perfil delas, o que foi feito por análise fatorial por correspondência binária, seguida de classificação hierárquica, segundo a posição de cada uma no espaço obtido pelo peso dos dois primeiros fatores. Deste processo, foram construídas tipologias de áreas homogêneas – os clusters

Os clusters criados pelo Observatório das Metrópoles, tanto em 1991 como em 2000 são em número de 14. A análise dos clusters permite analisar as mudanças intra-urbanas ocorridas do decorrer da década. Cada cluster congrega um número específico de Áreas de Expansão Demográfica –AEDs- que sofrem transformações de 1991 a 200012.

A identificação de cada clusters e algumas especificações como o número de AEDs e a sua população, nos censos de 1991 e 2000, estão registradas no quadro que se segue:

Nome Clusters No AEDs

1991 População 1991 No AEDs 2000 População 2000 Descrição das transformações/mudanças Superior

dirigente 56 1098978 83 1503160 Aumenta

Superior

intelectual 61 1238603 84 1551739 Há um significativo crescimento

Superior médio 66 1378996 161 3419958 Aumenta – é o maior cluster

em 2000

Médio 40 829248 69 1539704 Aumenta

Médio operário 60 1286222 21 444011 Diminui

Operário 31 636735 54 1217153 Aumenta

Operário 81 1711241 71 1459310 Diminui e muda o perfil; era o

12 As especificações mais detalhadas acerca de cada cluster, em 1991 e 2000, constam em Documentos

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Moderno 2o mais populoso em 1991.

Operário

tradicional 69 1489343 52 1301146 Diminui

Operário

popular 93 1675447 64 1580957 Diminui

Popular 121 1780576 75 1894378 Diminui; era o maior cluster

em 1991 Popular

Operário 36 729302 36 975470 Continua com a mesma densidade

Popular

agrícola 75 1187145 25 652874 Transforma-se

Agrícola

popular 15 283715 12 268297 Diminui

Agrícola 8 114410 4 71840 Diminui

Quadro no 2: Caracterização dos clusters 1991/ 2000 Fonte: Observatório das Metrópoles/ SP, 2007

Segundo estudos do Observatório das Metrópoles (2007), no período de 1991-2000, houve diminuição dos clusters agrícolas e, também, dos clusters operários, sobretudo no caso do tradicional e do popular. Observa-se, ainda, nesse período um crescimento muito menor das camadas médias.

Por outro lado, houve um grande crescimento dos clusters superiores, e do proletariado terciário, assim como dos trabalhadores da sobrevivência.

Nas figuras 1 e 2 a seguir apresentadas, pode ser visualizado no espaço da RMSP e no Município Pólo, separadamente, a configuração dos Clusters em 1991:

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Figura 1. Região Metropolitana de São Paulo – 1991 Áreas Homogêneas

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Figura 2. Município de São Paulo – 1991 Áreas Homogêneas

Fonte: Observatório das Metrópoles São Paulo, 2007

A distribuição do espaço metropolitano e o do município pólo, por clusters em 2000, dá-se conforme configuração, das figuras 3 e 4 que se seguem:

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Figura 3. Região Metropolitana de São Paulo – 2000

Áreas Homogêneas

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Figura 4. Município de São Paulo – 2000 Áreas Homogêneas

Fonte: Observatório das Metrópoles São Paulo, 2007

Com base na análise comparativa dos dados desses dois últimos censos, verifica-se que o crescimento populacional vai se dando na periferia da RMSP onde estão os piores indicadores. Aí está concentrada a maior taxa de crescimento de jovens, não brancos e migrantes. A renda concentra-se em alguns clusters. Há melhoria das condições habitacionais e de infra estrutura – saneamento básico, rede elétrica, abastecimento público de água - o que levaria a suposição que a segregação centro-periferia estaria amenizada, haja vista que não está havendo um acesso tão diferencial a esses serviços urbanos; entretanto a população favelada aumenta. A população, no decorrer dessa década, envelhece.

Os dados populacionais por clusters e faixa etária podem ser vistos na tabela 3, que se segue:

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Tabela 3. Faixa Etária por Cluster -1991-2000

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Agrícola

11,73 10,63 12,06 10,12 11,75 10,47 10,61 10,02 17,25 17,42 13,53 14,54 9,70 10,54 6,55 7,59 6,81 8,69 100,00 100,00

Agrícola popular 11,66 10,58 12,42 10,23 12,01 10,49 9,91 10,32 18,12 17,81 15,69 15,41 9,93 11,41 5,35 6,93 4,92 6,82 100,00 100,00

Popular agrícola 12,49 10,63 13,15 10,10 12,14 10,36 10,22 10,75 19,60 18,97 15,87 15,94 9,16 11,89 4,27 6,29 3,10 5,07 100,00 100,00

Popular operário 11,58 12,61 12,24 11,43 11,54 10,74 10,16 10,60 19,96 19,78 16,12 16,50 9,73 10,39 4,99 4,82 3,68 3,13 100,00 100,00

Popular

12,45 10,66 12,89 9,69 11,67 9,83 10,21 10,69 19,95 20,52 15,68 16,30 9,15 11,35 4,57 6,33 3,43 4,63 100,00 100,00

Operário popular 11,23 11,73 11,76 10,86 10,82 10,65 9,82 10,58 20,29 19,44 16,27 16,55 9,92 10,86 5,50 5,47 4,39 3,85 100,00 100,00

Operário tradicional 10,57 10,26 11,36 9,61 10,58 10,01 9,49 10,64 20,08 19,29 16,69 16,21 10,21 11,97 5,88 6,68 5,14 5,32 100,00 100,00

Operário moderno 10,22 10,65 10,94 9,96 10,58 10,04 9,65 10,40 19,58 19,95 16,34 16,97 10,65 11,55 6,41 5,95 5,63 4,54 100,00 100,00

Operário

8,37 9,44 9,38 8,92 9,37 9,47 8,44 10,34 18,83 19,32 17,09 16,62 12,10 12,47 8,11 7,23 8,32 6,18 100,00 100,00

Médio operário

8,99 7,93 9,78 8,01 9,47 9,11 8,86 10,14 19,09 18,64 16,85 16,59 11,14 13,63 7,69 8,27 8,12 7,69 100,00 100,00

Médio

8,19 8,53 8,92 8,09 8,73 8,89 8,22 9,97 18,22 18,92 17,13 16,20 11,79 13,00 8,68 8,23 10,13 8,15 100,00 100,00

Superior médio

7,71 7,32 8,52 7,16 8,40 8,10 7,98 9,31 18,75 18,24 17,51 16,32 12,03 13,79 8,64 8,95 10,46 10,81 100,00 100,00

Superior intelectual 6,83 5,84 7,69 5,94 7,84 7,08 7,67 8,50 18,13 17,31 17,41 16,12 12,51 14,73 9,45 10,35 12,47 14,13 100,00 100,00

Superior dirigente 5,76 4,84 6,42 4,89 7,22 5,86 7,67 7,58 18,34 17,61 17,36 15,85 13,62 15,27 9,49 11,42 14,13 16,67 100,00 100,00

TOTAL

9,80 8,95 10,49 8,48 10,04 8,99 9,15 9,83 19,30 18,91 16,59 16,32 10,82 12,70 6,76 7,73 7,05 8,09 100,00 100,00

10 a 14

15 a 19

20 a 29

Total

CLUSTER

0 a 4

5 a 9

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 e mais

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Observando-se os dados da tabela 3 pode-se verificar que o percentual de crianças nas faixas etárias de 0 a 4, como de 5 a 9 anos, é muito expressivo no cluster popular operário, tanto em 1991 como em 2000, dado esse que pode ser comparado com a escolaridade nas tabelas de nº 9 e 10. Por outro lado, é inexpressivo nas áreas com predominância de superiores dirigentes, onde se sobressaem as pessoas com mais de 60 anos, realidade que se encontra em 1991 e se mantém em 2000 e, é nesse cluster que verifica-se o melhor atendimento escolar de crianças até 9 anos que frequentam prioritariamente escolas privadas conforme dados da tabela nº 6. As pessoas mais velhas são mais presentes, também, nos clusters “médios”.

Quanto aos jovens a situação se repete. O cluster popular operário concentra um percentual significativo deles nas faixas de 10 a 14 anos e de 15 a 19 anos. É interessante observar que os clusters operário e agrícola são os que apresentam o maior número de crianças e jovens, ou seja, uma taxa maior de natalidade, enquanto que nos demais essas faixas diminuem significativamente, tanto em 1991 quanto em 2000.

Os clusters populares também concentram os maiores percentuais da população economicamente ativa – PEA, ou seja, os que se encontram nas faixas de 20 a 29 anos, de 30 a 39 e 40 a 49 anos.

Ao analisar a variável renda, cruzada com anos de estudo por cluster, em 1991 e 2000, pode-se observar que, conforme dados da tabela 4, a maior renda e anos de estudo encontra-se no cluster “superior dirigente”, que representa concentração de cerca de 6 vezes mais capital que o “popular” (de menor renda) e o do “popular agrícola” (de menor escolaridade).

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Tabela 4. Renda e Média de Anos de Estudo por Cluster - 1991

CLUSTERS Renda (SM*) Média de anos de estudo

Agrícola 7,23 5,98 Agrícola popular 12,65 6,50 Popular agrícola 7,62 5,60 Popular operário 8,00 6,27 Popular 7,03 5,72 Operário popular 8,35 6,51 Operário tradicional 10,40 7,15 Operário moderno 8,88 7,08 Operário 11,86 8,20 Médio operário 10,97 8,00 Médio 12,78 8,61 Superior médio 14,68 9,10 Superior intelectual 19,98 10,21 Superior dirigente 31,74 11,43 TOTAL 12,81 7,87

* Salário mínimo de maio de 1991.

Fonte: Observatório das Metrópoles/ SP, 2007.

Da mesma forma, o nível mais alto de escolaridade, em 1991, se concentra no cluster “superior dirigente” (11,43), que tem mais que o dobro de escolaridade do cluster “popular operário” (5,60), o que vem confirmar a hipótese de que a escolaridade é mais alta nos espaços de maior renda.

Quanto a esse contexto em 2000 verificam-se algumas mudanças no espaço intra- metropolitano, evidenciadas nas tabelas 5 que se segue:

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Tabela 5 . Renda e Média de Anos de Estudo por Cluster – 2000 CLUSTERS Renda (SM) Média de anos de estudo

Agrícola 3,49 6,74 Agrícola popular 4,22 7,16 Popular agrícola 4,73 7,31 Popular operário 3,57 6,28 Popular 4,16 7,37 Operário popular 3,50 6,81 Operário tradicional 4,14 7,64 Operário moderno 4,04 7,31 Operário 5,04 8,05 Médio operário 6,02 8,86 Médio 5,41 8,57 Superior médio 7,26 9,41 Superior intelectual 10,76 10,80 Superior dirigente 20,61 12,42 TOTAL 7,32 8,77

Fonte: Observatório das Metrópoles/ SP, 2007

Observa-se um aumento do nível médio de escolaridade de 1991 para 2000. O menor nível apresentado na RMSP está no cluster “popular operário” com a média de 6,28 anos de estudo, maior que a média do Estado e do País, onde no Nordeste um quinto da população ainda não lê, conforme dados do PNAD, 2006. Os melhores índices de escolaridade estão nos clusters “superiores”.

Quanto à renda, os dados de 2000 revelam um índice bem inferior ao de 1991. Entre o cluster “agrícola” e o “superior dirigente” a distância é de 6 vezes mais; ela melhora um pouco no cluster médio operário, mas é relevante nos clusters superiores, apesar de se observar em relação à educação, em quase todos os clusters há um aumento do desempenho educacional, em termos de anos de escolaridade no período de 1991 a 2000, aumentando a média de estudo na RMSP de 7, 87 para 8,77 anos.

Outras variáveis/indicadores revelam diferentes desempenhos educacionais por áreas correspondentes à tipologia sócio espacial, evidenciando o quadro espacial das fragilidades e/ou potencialidades educacionais da RMSP, como se pode visualizar nas tabelas 6 e 7 a seguir:

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Tabela 6. Crianças de 7 a 14 anos que Freqüentam Escola por Clusters -2000 FREQÜENTA ESCOLA OU CRECHE

CLUSTERS Sim, rede particular Sim, rede pública Não, já freqüentou Nunca freqüentou Total Agrícola 1,34 92,71 3,43 2,52 100,00 Agrícola popular 5,00 90,39 2,90 1,71 100,00 Popular agrícola 5,68 90,67 1,84 1,81 100,00 Popular operário 2,39 91,83 3,25 2,53 100,00 Popular 6,08 89,31 2,71 1,90 100,00 Operário popular 2,54 93,47 2,43 1,56 100,00 Operário tradicional 5,16 91,62 1,94 1,29 100,00 Operário moderno 4,53 92,08 2,01 1,38 100,00 Operário 8,94 87,83 1,77 1,46 100,00 Médio operário 11,68 86,05 1,17 1,09 100,00 Médio 12,91 84,23 1,68 1,18 100,00 Superior médio 21,24 75,96 1,70 1,10 100,00 Superior intelectual 39,71 58,40 1,21 0,67 100,00 Superior dirigente 64,99 33,22 1,13 0,66 100,00 TOTAL 14,03 82,55 2,01 1,41 100,00 Fonte: Censo 2000.

Os dados evidenciam que só o cluster superior dirigente faz uso com maior freqüência do ensino privado (64,99%), com escolas mais bem equipadas e de melhor qualidade de ensino, contrapondo-se ao cluster operário popular (93,47%) e agrícola (92,71%) que tem suas crianças nessa faixa etária quase que exclusivamente na escola pública. Com essas constatações sobre a realidade educacional da RMSP, em que o cluster superior dirigente é o agrupamento de municípios que apresenta melhores condições educacionais, reforça-se a tese do educador Anísio Teixeira sobre a “escola seletiva13” - que reproduz as relações de segregação, por meio da educação.

Quanto à população de 10 anos e mais que sabe ler, os dados evidenciados nos clusters em 1991 e 2000, reforçam o quadro já constatado com as outras variáveis, conforme está explicitado na tabela de no 7 :

13Na visão de Anísio Teixeira a escola seletiva é a que não cumpre a função de ministrar uma cultura básica

ao povo brasileiro. “o ensino primário vem se fazendo um processo puramente seletivo” – isto é “ escolha de alguns destinados a prosseguir a educação em níveis pós primários” . Anísio Teixeira. A educação escolar no Brasil. IN: Pereira et. Foracchi. Educação e sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1964. p.389.

(18)

Tabela 7. Percentual da população de 10 anos e mais que Sabe Ler por Cluster 1991/2000

SABE LER E ESCREVER

Sim Não Total

CLUSTERS 1991 2000 1991 2000 1991/2000 Agrícola 84,54 76,70 15,46 23,30 100,00 Agrícola popular 87,28 78,33 12,72 21,67 100,00 Popular agrícola 88,04 79,67 11,96 20,33 100,00 Popular operário 90,08 75,23 9,92 24,77 100,00 Popular 87,98 80,01 12,02 19,99 100,00 Operário popular 91,03 77,89 8,97 22,11 100,00 Operário tradicional 91,85 81,12 8,15 18,88 100,00 Operário moderno 92,69 80,18 7,31 19,82 100,00 Operário 94,56 82,95 5,44 17,05 100,00 Médio operário 93,94 85,63 6,06 14,37 100,00 Médio 95,11 84,86 4,89 15,14 100,00 Superior médio 95,53 87,21 4,47 12,79 100,00 Superior intelectual 96,23 90,55 3,77 9,45 100,00 Superior dirigente 96,89 92,76 3,11 7,24 100,00 TOTAL 92,55 83,73 7,45 16,27 100,00

Fonte: IBGE/ Censos Demográficos de 1991 e 2000

O maior índice de escolaridade, em 1991 e 2000, está no cluster “superior dirigente” seguido do “superior intelectual” e “superior médio”. O maior percentual de quem não sabe ler está no “cluster agrícola”.

Finalmente, apresenta-se mais duas tabelas de 1991 e 2000 relacionadas aos anos de estudo do chefe da família por clusters.

Esses dados permitem ter uma visão intra metropolitana onde estão os melhores níveis de escolaridade. São dados que podem ser cruzados com outras variáveis para obter, desse modo, a visão do território, que para Milton Santos14, não é simplesmente um conceito: “ele só se torna um conceito utilizável para a análise social quando o consideramos a partir do seu uso, a partir do momento que o pensamos juntamente com aqueles atores que dele se utilizam”.

14 SANTOS, Milton. Território e sociedade: entrevista com Milton Santos. São Paulo: Perseu Abramo, 2000,

(19)

Tabela 8. Anos de estudo do chefe do domicílio por clusters - 1991

Sem

Instrução ou

menos de 1

ano

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos

17 anos

ou mais

Não determinado

Alfabetização de

adultos

Agrícola

24,23 4,44 8,58 10,10 24,94 2,85 2,27 2,62 8,03 1,16 1,17 5,28 0,28 0,40 0,37 1,47 0,72 0,21

0,06

0,80

100,00

Agrícola popular

19,51 3,82 7,19 9,06 25,47 4,38 2,68 2,88 7,81 1,04 1,08 5,77 0,33 0,49 0,83 3,99 2,45 0,72

0,00

0,49

100,00

Popular agrícola

17,88 3,80 8,04 10,42 28,61 5,88 3,68 4,17 9,22 0,91 1,02 3,81 0,19 0,19 0,28 0,83 0,27 0,11

0,03

0,66

100,00

Popular operário

14,56 3,29 6,76 8,48 29,20 5,65 3,67 4,42 11,11 1,26 1,40 6,83 0,32 0,33 0,48 1,16 0,42 0,16

0,03

0,46

100,00

Popular

17,33 3,82 7,59 9,61 29,80 5,75 3,82 4,30 9,12 1,08 1,15 4,31 0,18 0,26 0,24 0,68 0,13 0,07

0,04

0,71

100,00

Operário popular

13,38 3,20 6,28 8,30 30,48 4,99 3,49 4,42 11,15 1,53 1,55 7,33 0,42 0,47 0,47 1,39 0,40 0,12

0,05

0,58

100,00

Operário tradicional 11,83 2,99 5,69 7,38 27,62 4,60 3,19 3,99 11,84 1,57 1,60 10,14 0,57 0,79 0,98 3,28 1,18 0,23

0,02

0,51

100,00

Operário moderno

11,14 2,88 5,36 7,23 30,19 4,40 3,40 4,39 11,75 1,54 1,94 9,84 0,58 0,71 0,75 2,49 0,68 0,16

0,04

0,54

100,00

Operário

8,93

2,22 4,25 5,68 29,15 2,83 2,71 3,52 12,46 1,64 1,99 13,18 1,01 1,35 1,30 5,26 1,64 0,33

0,04

0,51

100,00

Médio operário

8,85

2,40 4,45 5,91 29,17 3,16 2,57 3,67 12,49 1,44 2,03 13,15 0,88 1,14 1,27 4,87 1,61 0,36

0,03

0,56

100,00

Médio

7,97

2,18 3,87 4,76 29,02 2,46 2,16 2,98 12,52 1,32 1,93 15,10 0,95 1,30 1,51 6,76 2,21 0,40

0,02

0,56

100,00

Superior médio

6,09

1,89 3,17 4,40 24,66 2,31 2,08 2,78 12,55 1,30 1,83 16,91 1,16 1,64 2,11 9,39 4,33 1,04

0,01

0,34

100,00

Superior intelectual

5,14

1,24 2,34 3,14 20,58 1,44 1,50 2,04 11,28 0,94 1,65 18,58 1,14 1,91 2,72 13,74 8,16 2,19

0,02

0,25

100,00

Superior dirigente

3,80

0,79 1,23 1,59 10,80 0,76 0,76 1,21 8,31 0,52 1,01 17,99 1,12 2,07 3,11 19,70 18,29 6,81

0,01

0,12

100,00

TOTAL

10,78 2,59 4,96 6,47 26,41 3,70 2,75 3,47 11,01 1,25 1,57 11,30 0,70 1,00 1,27 5,84 3,38 1,04

0,03

0,48

100,00

CLUSTERS

ANOS DE ESTUDO - 1991

Total

Fonte: IBGA/Censo 1991

Percebe-se que o cluster com maior índice de escolaridade é o superior dirigente. A maior freqüência verificada é da população da RMSP que tem até 4 anos de escolaridade (26,41%). Quanto ao censo de 2000 os dados estão contidos na tabelas 9.

(20)

Tabela 9. Anos de estudo do chefe do domicílio por clusters - 2000

Sem

Instrução ou

menos de 1

ano

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos

17 anos

ou mais

Não determinado

Alfabetização de

adultos

Agrícola

16,14 3,47 7,60 9,24 21,31 7,59 3,74 3,97 9,49 2,29 1,69 9,42 0,45 0,52 0,46 1,34 0,79 0,30

0,03

0,16

100,00

Agrícola popular

12,95 4,46 6,72 8,03 20,78 7,34 4,20 4,54 9,80 1,86 1,94 10,63 0,49 0,83 0,85 2,47 1,18 0,55

0,28

0,11

100,00

Popular agrícola

10,23 4,07 5,78 7,38 21,31 7,94 4,38 4,87 11,57 2,09 2,29 11,41 0,59 0,66 0,78 2,32 1,12 0,55

0,50

0,16

100,00

Popular operário

11,75 5,42 6,82 8,64 22,15 9,59 5,00 5,08 11,36 2,02 1,84 7,66 0,26 0,29 0,25 0,72 0,35 0,13

0,49

0,17

100,00

Popular

9,09

4,11 5,35 7,20 20,92 8,07 4,92 5,28 12,90 2,37 2,50 12,53 0,52 0,64 0,65 1,50 0,62 0,18

0,46

0,20

100,00

Operário popular

9,49

4,56 5,83 7,74 22,16 9,41 5,35 5,53 12,39 2,31 2,53 10,06 0,30 0,35 0,37 0,62 0,27 0,08

0,51

0,14

100,00

Operário tradicional

8,35

3,55 4,63 6,47 21,66 7,61 5,00 5,48 13,85 2,56 2,82 13,35 0,68 0,55 0,66 1,57 0,53 0,14

0,40

0,13

100,00

Operário moderno

9,16

4,12 4,97 6,84 21,31 8,32 5,07 5,31 13,65 2,53 2,63 12,32 0,45 0,50 0,51 1,01 0,45 0,13

0,51

0,20

100,00

Operário

7,28

3,32 4,37 6,34 21,41 7,02 4,26 5,09 13,00 2,33 2,81 15,72 0,77 0,92 1,04 2,39 0,97 0,36

0,43

0,17

100,00

Médio operário

6,27

2,57 3,51 5,08 21,38 5,33 3,69 4,41 13,73 2,32 3,00 17,79 1,10 1,28 1,32 4,39 1,60 0,59

0,47

0,17

100,00

Médio

6,39

2,73 4,01 5,67 21,38 5,68 3,88 4,58 13,35 2,38 2,99 17,67 1,04 1,15 1,26 3,36 1,50 0,42

0,40

0,17

100,00

Superior médio

5,11

2,19 3,15 4,77 19,95 4,26 2,98 3,62 12,62 1,90 2,83 19,73 1,50 1,86 2,11 6,78 3,14 0,98

0,37

0,14

100,00

Superior intelectual

3,02

1,34 2,22 3,23 16,33 2,39 2,01 2,61 10,92 1,61 2,53 21,06 2,07 2,62 3,28 12,63 7,15 2,61

0,23

0,14

100,00

Superior dirigente

1,42

0,74 1,10 1,82 8,64 1,12 1,05 1,29 7,16 0,78 1,60 17,63 1,95 2,88 4,58 20,58 16,53 8,85

0,23

0,06

100,00

TOTAL

6,76

2,98 4,03 5,61 19,37 5,88 3,72 4,19 12,04 2,03 2,54 15,60 1,06 1,32 1,64 5,75 3,46 1,50

0,39

0,15

100,00

CLUSTERS

ANOS DE ESTUDO - 2000

Total

Fonte: IBGE/Censo 2000.15

Percebe-se que o quadro educacional intra urbano do território da RMSP modifica-se apremodifica-sentando a maior freqüência com pessoas que tem até 4 anos de estudo (26,41% em 1991 e 19,37% em 2000), diminuindo esse baixo nível de escolaridade em 7,06% em 2000. Percebe-se a existência do analfabetismo funcional junto aos chefes de família sem instrução, ou com até 3 anos de estudo, cujo percentual em toda a RMSP é de 24,8% da população em 1991, diminuindo para 19,38% em 2000. Juntando-se esse índice com quase

15 Todas as tabelas deste texto foram organizadas pelo pesquisador do Observatório de São Paulo, Rafael

(21)

um quarto da população que tem até 4 anos de estudo, constata-se que cerca da metade da população da RMSP – 50,9% em 1991 e 39,08% em 2000- não ultrapassou o nível de 4 anos de escolaridade. Os chefes analfabetos ou com escolarização muito reduzida, são mais expressivos entre os clusters “agrícola” e “agrícola popular”.

Observa-se que, mesmo nos clusters de maior escolaridade, é expressiva a presença de chefes sem escolaridade nenhuma ou com no máximo até 3 anos de estudo.

Também é pouco expressivo os chefes de família que possuem 11 ou mais anos de estudo nos clusters analisados. Ressalta-se que, nos clusters “operário tradicional”, “médio”, “popular”, o percentual de chefes sem esse nível de escolarização é o mais significativo, menor até que o do cluster “agrícola”, o que pode ser explicado devido ao envolvimento da população com o trabalho.

Considerações Finais

No decorrer do ano de 1991, para o ano de 2000, o contexto da RMSP sofre modificações.

Verifica-se, de modo geral, uma melhora no nível de escolaridade, em termos de número de matrículas nas escolas e de um número maior de anos de escolaridade tanto da população como entre os chefes de família, sendo que os que possuem educação mais restrita estão localizados principalmente nas áreas mais periféricas, ou seja, nos clusters agrícolas e o de melhor nível nos clusters superiores.

A população da RMSP cresceu embora com taxas menores em relação as últimas décadas, sendo que o crescimento populacional deu-se na periferia onde estão os piores indicadores educacionais e econômicos. Aí se encontra a maior taxa de crescimento de crianças e jovens no período de escolarização.

Houve melhoria das condições sociais e de infra estrutura – saneamento básico, rede elétrica, abastecimento público de água nas áreas mais distantes, entretanto esse dado não chega a amenizar a segregação centro-periferia.

A população envelheceu: a proporção de maiores de 60 anos passou de 7,05% para 8,09% enquanto que o percentual de crianças nas faixas de 0 a 4 anos e 5 a 9 anos,

(22)

diminuiu de 20,29% em 1991 para 17,43% em 2000. A renda continua concentrada nos clusters superiores.

Este é um trabalho inicial onde se acredita que ao se analisar a relação “educação e segregação” pode-se contribuir de uma forma mais efetiva para as políticas públicas.

O percurso aqui desenvolvido foi o de eleger a Região Metropolitana de São Paulo debruçar-se sobre ela, buscar compreende-la nos seus espaços intra-metropolitanos, relacionando as variáveis espaço, educação, renda, ocupação e segregação.

Saber sobre a metrópole, pensar a metrópole são formas de buscar, de reivindicar uma outra cidade menos desigual, menos fragmentada em espaços sociais antagônicos. Pensar na sua dimensão intra-urbana é constatar a cidade que temos, para servir de subsídio para planejar a cidade que queremos: a utopia de cidade não permite conviver com espaços segregados de reprodução da marginalização.

É no território que as desigualdades sociais tornam-se evidentes. É nele que as condições de vida entre os moradores de uma mesma cidade/região mostram-se diferenciadas.

A relação inseparável, apontada por Milton Santos (2003)16 “entre territórios e sujeitos, ou território e população, permite uma visão da própria dinâmica do cotidiano vivido pelas pessoas, pelos moradores de um lugar.”

16 Milton Santos apud Dirce Koga, p.35. Medidas de cidades: entre territórios de vida e territórios

Referências

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