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TÍTULO: A EFICÁCIA DO PROGRAMA DE REDUÇÃO DE DANOS (RD) PARA USUÁRIOS DE DROGAS INJETÁVEIS

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Realização: IES parceiras:

TÍTULO: A EFICÁCIA DO PROGRAMA DE REDUÇÃO DE DANOS (RD) PARA USUÁRIOS DE DROGAS INJETÁVEIS

CATEGORIA: CONCLUÍDO

ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: Serviço Social

INSTITUIÇÃO: FACULDADES INTEGRADAS DE BOTUCATU - UNIFAC AUTOR(ES): MARCOS EDUARDO DA SILVA SCORSATTO

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1. RESUMO

A Redução de Danos (RD), foi adotada, no Brasil, no ano de 1989, na cidade Santos – SP. Na impossibilidade de conseguir interromper o consumo total da droga o dependente deve minimizar os danos advindos do consumo, o que começou a ser feito através do Programa de Troca de Seringas, quando foram distribuídas seringas aos usuários de drogas injetáveis para que deixassem de ser compartilhadas e assim, evitar novas infecções pelo vírus HIV. As atividades de RD aplicam-se também as drogas lícitas, representando um importante papel nesse cuidado e uma grande perspectiva de enxergar alternativas de assistência no uso de drogas, considerando a realidade e as possibilidades reais de intervenção neste processo que deteriora o ser humano. Em 11 de abril de 2019, o governo brasileiro reformulou a Política Nacional sobre Drogas, retirando a Redução de Danos e instituindo em seu lugar a proposta de abstinência, o que regulamenta a internação involuntária de dependentes químicos. Os programas de redução de danos estão longe de serem considerados o ideal, mas podem ser considerados uma alternativa que minimiza a transmissão do HIV e outras doenças transmitidas através do sangue, que, apesar de reconhecer a abstinência como um resultado sem contestação, é uma alternativa de saúde pública à doença do uso e da dependência de drogas.

2.INTRODUÇÃO

A (RD) é um conjunto de estratégias e ações para a abordagem dos problemas relacionados ao uso de drogas e que visa reduzir os efeitos negativos do uso dessas drogas, sem, no entanto, a necessidade de abstinência.

A política de redução de danos, no Brasil, teve seu primeiro programa de troca de seringas para usuários de drogas injetáveis, em 1989, no município de Santos (SP), que apresentava uma das taxas mais elevadas de infecção pelo HIV/AIDS em todo o Brasil – prevalência de 66%, contra 65% nos EUA.

Os coeficientes de prevalência e incidência do HIV entre UDI ( Usuários de drogas injetáveis) variam consideravelmente, dependendo da localização geográfica, assim como a eficiência da transmissão que varia de acordo com os diversos comportamentos de risco deste segmento, como: freqüência do uso e de compartilhamento dos equipamentos usados, número de parceiros com quem compartilham estes equipamentos e práticas sexuais, sendo que o compartilhamento

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é apontado como o maior e mais importante fator de risco quanto à soro-conversão e a determinação de altos coeficientes de prevalência do HIV.

Em 1999, ano em que a cocaína some de circulação e o crack passa a ser a droga de substituição para os UDI(1) o governo do Estado de São Paulo passou a entregar aos usuários um kit completo de redução de danos para UDI, composto de seringas com agulhas, garrote, lencinhos umedecidos com álcool para limpeza do local de aplicação (swab), água destilada, recipiente para diluição da droga, preservativos e gel lubrificante, dentro de um estojo plástico (como de óculos), além de materiais educativos específicos para esses usuários de drogas.

(1) Os usuários de crack passaram a ser mais que o dobro dos UDI, fazendo-se necessário um redesenho do projeto voltado para essa população.

Os efeitos positivos das políticas brasileiras são reconhecidos internacionalmente e atuam, entre outras, na redução de doenças como a hepatite e a AIDS, partindo do pressuposto de que é necessário garantir o direito de todos à saúde. A assistência deve ser oferecida em todos os níveis de atenção, privilegiando os dispositivos extra hospitalares, como Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS ad) e serviços de atenção primária

O que define se as drogas são legais ou ilegais não é a ausência ou a presença de riscos. Algumas drogas permitidas na sociedade podem ter grande potencial de dano, a exemplo do álcool, nicotina, ópioides (morfina, codeína e a meperidina) e benzodiazepínicos que são drogas lícitas (que têm sua produção, distribuição e consumo regulados por leis), mas podem provocar dependência e morte.

O abandono do uso de drogas é até um propósito desejável da redução de danos, entretanto, é reconhecido que não deve e não pode condicionar a atenção à pessoa que usa drogas à exigência de algo que, naquele momento, ela não sente necessidade ou não consegue realizar, mas sim formulação de práticas que visam diminuir os danos causados por elas, sejam danos físicos, psicossociais e jurídicos. Desta forma, e considerando os danos para o usuário e para as pessoas que com ele se relacionam, esse trabalho pretende demonstrar a eficácia ou não das estratégias de redução de danos para dependentes químicos, principalmente os usuários de drogas injetáveis.

3.OBJETIVO

Demonstrar a eficácia da redução de danos em casos onde o indivíduo não deseja ou não consegue a interrupção imediata do uso de drogas.

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4.METODOLOGIA:

Este artigo constitui em uma revisão bibliográfica e pesquisa documental desenvolvidas via busca em bases bibliográficas e/ou ferramentas de busca como Google Acadêmico como também em manuais e relatórios oficiais disponíveis em sites sobre a estratégia de redução de danos no Brasil.

5.DESENVOLVIMENTO

O cenário político, econômico e social do Brasil, associados ao sucateamento da educação, pode ter contribuído para o aumento da violência e a instalação do mercado ilícito nos anos de 80 e 90 quando o tráfico de drogas teve uma expansão tanto nacional como internacional. (Batista, 1998, 2001).

Ainda nos anos 80, os idealizadores do programa de redução de danos, em Santos – SP, foram acusados de incentivarem o uso de drogas pelo seu posicionamento por práticas progressistas, numa época em que a cidade era conhecida como capital da AIDS e que dados epidemiológicos indicavam que 51% dos casos de contaminação de HIV/AIDS estavam relacionados ao compartilhamento de seringa para o uso de drogas injetáveis (Mesquita, 1991).

Droga, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), é qualquer substância que, introduzida no organismo, interfere no seu funcionamento. A dependência de drogas lícitas ou ilícitas é uma doença e o uso indevido de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína é um problema de saúde pública de ordem internacional que preocupa nações do mundo inteiro, pois afeta valores culturais, sociais, econômicos e políticos.

Drogas lícitas são aquelas comercializadas de forma legal, podendo ou não estar submetidas a algum tipo de restrição, como álcool, cuja venda é proibida a menores de 18 anos, e alguns medicamentos que só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial.

Já as drogas ilícitas são aquelas que são proibidas por lei, ou seja, o seu porte, venda ou consumo, se flagrado por autoridades responsáveis, está sujeito a penalidades de acordo com o código penal.

População

Embora a transmissão sexual dos UDI para seus parceiros represente um risco para homens e mulheres, estima-se que 75 a 90% das mulheres UDI têm parceiros que consomem drogas por esta via, e que de 20 a 50% dos homens UDI têm parceiras UDI.

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Diversos estudos apontam que a maior frequência em que mulheres UDI engravidam pode estar atrelada ao uso inconsistente de preservativos ou ao não uso deles, o que, consequentemente eleva a frequência de recém-nascidos infectados pelo HIV, filhos dessas mulheres.

Várias evidências apontam que o uso compartilhado de drogas injetáveis desempenha um papel relevante na dinâmica da epidemia pelo HIV entre mulheres e crianças. Em 2012/2013, foi traçado “Perfil dos usuários de crack no município de Santos” (VILLARINHO, L.O. et al, 2017).

A maior prevalência era de homens, solteiros, pardos, moradores de rua, com idade média de 35 anos e escolaridade média de 8 anos. Destes, 15,8% consumiam somente o crack, fazendo uso desta substância na forma “pipada”, ou seja, no cachimbo.

A quantidade de pedras consumidas variou de 2 a 150 pedras/dia e o valor da pedra entre R$ 5,00 e R$ 10,00. A maioria, indivíduos com a idade mínima de 8 anos e a máxima 59 anos, iniciou o uso por curiosidade.

Redução de Danos (RD)

Partindo do princípio de que as drogas sempre estarão presentes na sociedade, é melhor reduzir os danos ao invés de tentar eliminá-los por completo. As ações de “redução de danos” têm por objetivo reduzir e/ou prevenir as conseqüências negativas associadas ao uso de drogas injetáveis, podendo ser entendida, a grosso modo, como uma alternativa às abordagens que têm como meta exclusiva a abstinência.

O sucesso de programas como o Programa de Troca de Seringas (PTS) tem sido inegável e muito tem contribuído para a redução das taxas de infecção pelo HIV e demais agentes infecciosos de transmissão sangüínea em todo o mundo (Bastos & Strathdee, 2000).

Outras estratégias vêm sendo implementada no Brasil e no mundo acompanhando as mudanças socioculturais nos padrões de consumo de drogas nos diferentes contextos, procurando alternativas criativas para reduzir os danos decorrentes desse uso, sejam eles biológicos, psíquicos, sociais ou econômicos.

Embora a política de drogas brasileira seja orientada para a redução da oferta, por meio da repressão ao uso e tráfico de drogas, o país tem desenvolvido programas de excelência em RD (redução de dano), colocando-o com uma atuação central no conjunto dos países da América Latina na formulação e implementação das

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intervenções de redução de danos entre a população de Usuários de Drogas Injetáveis (UDI).

Embora bastante heterogênea, a AIDS e outras infecções de transmissão sanguínea, nos últimos tempos, tem-se disseminado na região sul do país onde também houve aumento do consumo e tráfico de cocaína.

A epidemia de Aids entre UDI (usuários de drogas injetáveis) no Brasil tem lugar em um cenário complexo e em constante transformação; à princípio, os usuários de crack não pareciam constituir um alvo importante das ações de RD, porém, o risco de transmissão sexual do HIV e outras IST( Infecções Sexualmente Transmissíveis) nessa população se mostra elevado e preocupante, reclamando a adoção de medidas preventivas urgentes (Mello & Andrade, 2001).

Atualmente, existem, no Brasil, mais de cem PRD (Programa de Redução de Danos) em funcionamento. Além da troca de seringas e agulhas propriamente dita, são oferecidos outros serviços, como distribuição de preservativos, aconselhamento para redução de risco, encaminhamento para testagem para o HIV e hepatites virais e acesso a serviços de saúde em geral (Caiaffa et al., 2003).

Em 11 de abril de 2019, o governo brasileiro reformulou a Política Nacional sobre Drogas, retirando a Redução de Danos através do Decreto número 9.761, instituindo em seu lugar a proposta de abstinência e incorporando as comunidades terapêuticas ao sistema público de cuidados para usuários de drogas. Regulamenta ainda a internação involuntária de dependentes químicos.

As ações, os programas, os projetos, as atividades de atenção, o cuidado, a assistência, a prevenção, o tratamento, o acolhimento, o apoio, a mútua ajuda, a reinserção social, os estudos, a pesquisa, a avaliação, as formações e as capacitações objetivarão que as pessoas mantenham-se abstinentes em relação ao uso de drogas, estão entre os pressupostos da Política Nacional de Drogas.

Profissionais da saúde, assistentes sociais e outros profissionais/pessoas ligadas aos direitos humanos lutam para que, após muitos reveses por mais de 30 anos, o conjunto de práticas construídas pelas RD, continuem a fazer parte da Política Nacional de Drogas.

6. RESULTADOS

Os resultados foram obtidos por meio de pesquisa bibliográfica. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Oriunda da década de 1920 no Reino Unido, a Redução de Danos (RD) vem sendo considerada uma perspectiva ético-clínico-política, pautada nos direitos humanos, para compreensão e intervenção acerca da problemática do uso de drogas. A RD teve seu ápice frente aos resultados positivos no controle do HIV/AIDS no mundo. Compõem a RD, uma série de ações que objetivam a redução dos riscos e danos sociais, econômicos e à saúde das pessoas que não querem ou não conseguem deixar de usar drogas, sendo o compartilhamento de seringas, responsável pelo grande índice de novas infecções pelo HIV entre os UDI.

No entanto, alguns pesquisadores e autores consideram que o PRD (Programa de Redução de Danos) apresenta limitações relevantes a médio prazo, por entenderem que a transmissão sexual, nesta população é uma agravante e que programas voltados à prevenção provavelmente terão resultados mais satisfatórios não só com relação ao HIV, mas também com relação aos demais patógenos veiculados pelo sangue e/ou pelas relações sexuais.

Alterando a lógica do tratamento dos dependentes a Política Nacional de Drogas prioriza a abstinência, em vez da redução de danos, enquanto nos PRD, a abstinência é a consequência esperada, mas cada pequeno ganho na diminuição do uso durante o processo de tratamento é bastante valorizado.

Os programas de redução de danos estão longe de serem considerados o ideal, no entanto constituem a alternativa mais abrangente e bem sucedida de minimizar a transmissão do HIV e outros patógenos de transmissão sanguínea, surgindo também como alternativa de saúde pública à doença do uso e da dependência de drogas, reconhecendo a abstinência como resultado ideal, mas aceitando alternativas que reduzam danos.

8. FONTES CONSULTADAS

LARANJEIRA, R. – Dependência Química – prevenção, tratamento e políticas públicas, 2ª. Edição, Artmed

https://portal.fiocruz.br/en/node/58607, acesso em 17/09/2020

http://bvsms.saude.gov.br/component/content/article?id=2908, acesso em 17/09/2020

Brasil. Ministério da Saúde (MS). A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília: MS; 2004.

BATISTA, V. M. (1998). Difíceis ganhos fáceis. Rio de Janeiro: Ed. Instituto de Criminologia Carioca/Freitas Bastos.

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BATISTA, V. M. (2001). Drogas e criminalização da juventude pobre. In Associação Beneficente São Martinho (Org.), No mundo da rua (pp. 56-44). Rio de Janeiro: Ed. Casa da Palavra.

MESQUITA, F. (1991). Aids e drogas injetáveis. In A. Lancetti (Org.), SaúdeLoucura 3 (pp. 46-53). São Paulo: Ed. Hucitec.

BASTOS, F. I & STRATHDEE, S. A. Evaluating effectiveness of syringe exchange programmes: current issues and future prospects. Social Science Medicine, 51(12):1.771-1.182, 2000.

CAIAFFA, W. T. et al. Practices surrounding syringe acquisition and disposal: effects of Syringe

Exchange Programmes from different Brazilian regions – the AjUDEBrasil II Project. International

Journal of Drug Policy,14:365-371, 2003.

MELLO, A. & ANDRADE, T. Redução de danos: princípios e práticas. In: PINHEIRO, R.; SILVEIRA, C. & GUERRA, E. (Orgs.). Drogas e Aids: prevenção e tratamento. Belo Horizonte: FHEMIG/Centro mineiro de Toxicomania, 2001.

CAIAFFA, W. T. et al Usuários de drogas injetáveis e infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana: epidemiologia e perspectivas de intervenção. Revista Brasileira de Epidemiologia, acesso em 20/09/2020 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt1028_01_07_2005.html#:~:text=2%C2%BA%20 Definir%20que%20a%20redu%C3%A7%C3%A3o,como%20objetivo%20reduzir%20os%20riscos, acesso em 18/09/2020 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm, acesso em 20/09/2020 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357/do1e-2019-04-11-decreto-n-9-761-de-11-de-abril-de-2019-71137316, acesso em 20/09/2020

Referências

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