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Jefferson Gomes Confessor Graduando em Geografia

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AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS APÓS A

IMPLEMENTAÇÃO DE TÉCNICAS VOLTADAS AO CONTROLE DE

EROSÃO E RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA NO MUNICÍPIO

DE UBERLÂNDIA - MG

Jefferson Gomes Confessor laggusa@hotmail.com Graduando em Geografia Universidade Federal de Uberlândia

Diego Fernandes Terra Machado ftm.diego@yahoo.com.br Graduando em Geografia e bolsista PIBIC Universidade Federal de Uberlândia

Silvio Carlos Rodrigues silgel@ig.ufu.br Prof. Dr. Do Curso de Geografia Universidade Federal de Uberlândia

Resumo: A avaliação da recuperação de áreas degradadas tem como objetivo o

entendimento dos resultados obtidos após a implementação das técnicas empregadas provenientes de um dado período, visto que muitos projetos de pesquisa focados no desenvolvimento de recuperação de áreas degradadas não recebem a manutenção necessária após o término da pesquisa. Desta maneira, este artigo tem como finalidade a avaliação qualitativa dos trabalhos desenvolvidos em áreas degradadas no ambiente de Cerrado, procurando analisar a validade das práticas empregadas e compreender como se dá a sequência dos trabalhos realizados após o término destas atividades. Para isso, esta pesquisa traz uma análise qualitativa das intervenções realizadas pelo Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos (LAGES) da

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Universidade Federal de Uberlândia - MG no ambiente degradado, realizando também

a comparação com a atual situação do local onde foram empregados.

Palavras chave: Processos erosivos; Áreas degradadas; Avaliação;

Abstract: The evaluation of the recovery of degraded areas aims the understand the results obtained after the implementation of techniques from a given period, since many research projects focused on the development of recovery of degraded areas does not received the required maintenance after the conclusion of this. Therefore, this article aims to qualitatively assess that work on degraded areas in the Cerrado, attempting to assess the validity of the practices used and understand how the result of work is carried out after completion of the activities. To this end, this research provides a qualitative analysis of the interventions made by the Laboratory of Geomorphology and Soil Erosion (LAGES) of Universidade Federal de Uberlândia - MG in the degraded area, also making the comparison with the current situation where they were performed

Key Words: Erosion; degraded areas

Geomorfologia, Morfotectônica e Dinâmica da Paisagem

Introdução

O solo como recurso natural é de extrema importância para diversas atividades, é através dele que se dão uma enorme gama de fenômenos dos mais variados tipos, como a interação solo planta, também é uma fonte importantíssima na dispersão e armazenamento de água, além do fato de sermos tão dependentes deste recurso, pois o utilizamos de diversas maneiras, desde a fixação e construção de nossas casas, para cultivar nosso alimento, e mais uma infinidade de vantagens que nos proporciona.

O solo é um recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal de terra, sem a qual os seres vivos não poderiam existir. Nessa cobertura, incluem-se não só cultura como, também, todos os tipos de arvores, gramíneas raízes e herbáceas que podem ser utilizadas pelo homem.(BERTONI, 2008, p. 28).

O processo de formação do solo em relação à escala temporal humana é muito lenta, sendo assim é de extrema importância a sua conservação. Porém em diversos

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casos o uso intensivo ou a má aplicação de técnicas favorecem a sua degradação,

produzindo grandes áreas inférteis ou com algum tipo de restrição. Danos estes que na maioria das vezes não se reabilitam de maneira natural, sendo necessária a intervenção de forma correta, através de práticas conservacionistas que vão desde medidas de prevenção até a implantação de ferramentas que auxiliem na redução ou até mesmo a extinção da problemática.

A proposta deste trabalho é realizar uma analise qualitativa dos resultados obtidos a partir de trabalhos realizados em uma área degradada, que foram conduzidos por pesquisadores vinculados ao Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos (LAGES) na Fazenda Experimental do Campus Glória (Universidade Federal de Uberlândia). O local serviu para retirada de cascalho durante a construção da Br 050, que após cumprido seu propósito não recebeu nenhum cuidado quanto a recuperação do solo, e com o tempo os agentes naturais atuaram sobre a área produzindo um ambiente singular, em avançado estágio de degradação.

Segundo RODRIGUES e NISHIYAMA, (2001) Os solos na região de Uberlândia bem como o Triangulo Mineiro apresentam características semelhantes, são solos profundos caracterizados por forte intemperismo, alta presença de fração areia e boa drenagem, são solos ácidos de baixa fertilidade natural e apresentam coloração uniforme.

Sua localização geográfica encontra se na zona 22S coordenadas UTM 7899922 m N e 794199 m E. De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw tropical chuvoso, com inverno seco (EMBRAPA 1982). A média anual da temperatura é em torno de 22º C, sendo os meses de outubro a março os mais quentes, tendo uma temperatura média de 24,7º C.

Do ponto de vista geomorfológico o sítio estudado está localizado em área de cerrado, no domínio dos Planaltos da Bacia Sedimentar do Paraná, a área apresenta vertentes íngremes esculpidas por duas linhas de drenagem ortogonais que se aprofundaram em espessa cobertura sedimentar inconsolidada da Formação Marília, resultando em encostas de curta extensão e declive acentuado. (SILVA et al., 2010, p.4).

No local é possível observar as consequências do mau uso do solo, que com a retirada da vegetação e do solo em si durante o processo de extração do cascalho, as camadas sub-superficiais ficaram expostas, e com o passar do tempo, a ação das chuvas, contribuiu para a formação de um solo extremamente compactado

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superficialmente, auxiliando na formação de fluxos de água superficiais nos períodos

de chuva, estes fatores aliados à fragilidade do solo do local, obtiveram como produto uma grande voçoroca.

A recuperação de áreas degradadas em estagio avançado é de difícil implantação requerendo na maior parte dos casos muita mão de obra e recursos materiais, elevando assim os custos. Sendo assim as praticas intervencionistas dos trabalhos apresentados tiveram como função o retardamento ou o controle dos efeitos gerados pelo mau uso dos solos do local, e por se tratar de um processo oneroso a maior parte dos trabalhos tem o emprego de métodos alternativos a fim da diminuição dos custos de implantação.

Por se tratar de um ambiente com muitos tipos de degradação, várias técnicas de intervenções também foram aplicadas a fim de se obter o melhor resultado possível. As praticas conservacionistas podem ser divididas em vegetativas, edáficas e mecânicas, cada qual agindo sobre uma parte especifica da problemática, sendo necessário na maior parte dos casos o emprego de mais de uma pratica conservacionista no mesmo local, segundo Bertoni (2008) a conservação do solo é um complexo de praticas e tarefas que se correlacionam, se completam e se interdependem.

Objetivo

O foco principal deste trabalho é realizar uma avaliação qualitativa sobre os trabalhos empregados na área de estudo, para se ter um panorama de como seguem e se suas funções se mantem ao longo do tempo, notando que as técnicas adotadas após o período de pesquisa foram deixadas em curso natural, sem nenhuma intervenção posterior. Neste sentido, este trabalho tem como principal objetivo uma avaliação qualitativa da atual situação do local a partir das observações realizadas em campo e dos resultados obtidos pelos projetos desenvolvidos no ano de 2009 na área de estudo em questão, buscando apontar se as intervenções realizadas foram bem sucedidas ou não, e como quais os resultados destas a longo prazo.

Referencial teórico

Práticas Vegetativas

As práticas vegetativas são empregadas a fim de se ter a reestruturação da forma vegetal anteriormente apresentada no local, porém não sendo possível a

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inserção de imediato das espécies previamente ocupantes, outras são instaladas para

se amenizar ou corrigir a problemática. Desta forma se utiliza a vegetação para recobrir o solo exposto, com o papel de proteção contra as mais variadas formas de erosão, sendo que quanto mais densa a vegetação e suas raízes, menor será a desagregação do solo, havendo uma proteção superior e um travamento em sub superfície.

De acordo com Bertoni (2008), uma das formas mais básicas de conservação se dá através da utilização da vegetação, de modo a garantir o revestimento e o travamento do solo. Praticas de conservação de caráter vegetativo podem ser das mais diversas, porém deve-se respeitar as exigências das plantas a serem administradas no local, tipo de clima, solo e características do terreno são alguns dos fatores a serem respeitados na escolha de qualquer espécie.

No local foi empregado a técnica de reflorestamento, para se ter uma vegetação perene de grande porte arbóreo. Sendo assim foi realizado o plantio de mudas no entorno da voçoroca com o intuito de proteção de suas vertentes, auxiliando na redução dos fluxos superficiais, além da retenção de grande parte do material encosta acima.

O plantio de mudas tem como principal função a estabilização do terreno no entorno da voçoroca, pois em seu interior se trata de um solo altamente friável, a vegetação promove uma cobertura evitando o contato direto com as gotas de chuva, minimizando o efeito splash, as raízes também auxiliam na retenção de material, segurando o solo evitando sua perda canal abaixo.

Práticas Edáficas

As práticas de caráter edáfico têm como principal função a melhora da fertilidade do solo, modificações no modo de cultivo além do próprio controle da erosão. Este sistema é de grande importância, visto que aumenta significativamente as chances de sucesso na recuperação da área degradada. Dentro das praticas edáficas podemos ressaltar três tipos de manejo, a adubação verde, a adubação orgânica e a adubação química.

“Não basta controlar a erosão para manter a fertilidade do solo, pois também contribuem para seu depauperamento o consumo de elementos nutritivos pelas plantas, a combustão da matéria orgânica e a lixiviação pelas aguas de percolação”.(BERTONI, 2008, p. 109).

A adubação verde incorpora ao solo matéria orgânica através das plantas cultivadas para este próprio fim, plantas de ciclo curto que depois de mortas fornecem

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material para as plantas subsequentes ao seu ciclo. As plantas utilizadas como adubo

verde podem ser de diferentes tipos, porém estas devem gerar uma grande quantidade de massa em um pequeno intervalo de tempo. Plantas da família das leguminosas tem a vantagem da fixação do nitrogênio, sendo assim optaram por algumas espécies.

A adubação orgânica também é de extrema importância, qualquer tipo de material orgânico de fácil decomposição auxiliará na retenção de agua e na adição de minerais no solo, e por se tratar de uma região rural esterco de animais foi utilizado no plantio das mudas.

A adubação química adiciona os micro e macro nutrientes, porém não há uma melhora nas condições do solo instantaneamente, desta forma foi adotada juntamente com a adubação orgânica, a fim de maximizar seu efeito.

Práticas Mecânicas

As práticas mecânicas têm como finalidade dar suporte às demais práticas, desta maneira os sistemas devem ser implantados concomitantemente, a fim de se produzir um ambiente propício tanto para o surgimento de vegetação como seu desenvolvimento. Este tipo de prática tem um maior custo devido à própria mecanização, porém é possível implantar alguns métodos alternativos a fim de minimizar os custos.

[...] estratégias de controle de erosão propostas para a recuperação de áreas com presença de voçorocas constituem normalmente de práticas mecânicas e vegetativas de baixo custo. Praticas mecânica referem-se a operações mecanizadas e/ou manuais para transporte de material, movimentação de terra, alocação e ou remoção de rejeitos e construção de pequenas obras de contenção e dispositivos de drenagem superficial. Estas possuem como objetivo estabelecer condições mínimas para que se possam estabelecer as práticas vegetativas, ou vegetação. Esta ultima que constitui no plantio de espécies adaptadas aos ambientes em questão, o que também é normalmente complementado com praticas edáficas, isto é, a incorporação de cobertura morta para a proteção superficial do solo e formação de serrapilheira. (ANDRADE, PORTOCARRERO E CAPECHE, 2005, p.2)

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De acordo com Bertoni (2008), a dispersão dos fluxos concentrados nos

eventos chuvoso ou a retenção destes são muito eficientes no controle de voçorocas, recomendando ainda que, antes que se inicie qualquer tipo de tratamento na feição propriamente dita, deve-se construir os canais de dispersão. Estes devem estar dispostos a uma distância média de 30 metros da cabeceira da voçoroca.

Para uma estabilização mais efetiva da voçoroca, os fluxos de água que agiram sobre o local foram desviados, sendo que em toda parte superior da vertente foram construídos patamares e curvas de nível a fim de retardar a chegada da água provinda de escoamento superficial à montante. A retenção do fluxo de água é de grande importância, a perda de sedimento é reduzida dando a possibilidade da vegetação se fixar nas partes mais baixas da voçoroca. Para a contenção do fluxo nas extremidades dos taludes foram construídas bacias de retenção no fim de cada terraço, dando mais tempo para que a água infiltre no terreno.

Metodologia

Para a realização deste estudo, foram feitas pesquisas bibliográficas a fim de se identificar as técnicas e métodos implementados durantes as pesquisas voltadas a recuperação da área. A partir deste levantamento foram realizadas visitas a campo para observações quanto a atual situação da área, dos resultados obtidos com as práticas empregadas além da realização de registros fotográficos.

Resultados

Por se tratar de uma extensa área, assim como foram várias as intervenções realizadas no local, optamos por dividir a análise em quatro setores principais, (conforme figura 1) sendo estes: 1. Ravinas conectadas a voçoroca pela sua lateral; 2. Cabeceira da Voçoroca; 3. Canal principal da voçoroca; 4. Lateral direita da voçoroca.

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Fonte: Acervo LAGES (2004)

1. Ravinas conectadas a voçoroca

Na parte lateral da voçoroca encontrava-se uma área em constante mudança, onde processos erosivos atuavam de maneira acelerada, devido ao fato do escoamento superficial promover o carreamento de material mais inconsolidado, e através de desmoronamentos nas vertentes por meio de alcovas, por se tratar de uma área com processos erosivos atuantes a vegetação não obtinha as condições propícias para seu desenvolvimento.

Desta maneira a fim de se promover a estabilização do local algumas práticas foram adotadas para que pudesse dar suporte ao crescimento da vegetação, práticas mecânicas como a estruturação de barreiras. Estas barreiras foram confeccionadas com materiais alternativos, bambu e sacos de ráfia. Os bambus tem como finalidade a estruturação da barreira e retenção do material mais grosseiro, enquanto os sacos de ráfia tem o papel de retenção do material mais fino, que após algum tempo fixam em seus poros proporcionando assim até a retenção da água, porem sendo semipermeável.

As barreiras (foto2) tem como finalidade principal a contenção da água e sedimento, com a retenção da água reduz-se consideravelmente seu poder erosivo, já que sua energia é dissipada ao longo do canal por diversas barreias. Com a redução da energia, a água perde a sua capacidade de transporte, depositando assim o sedimento que carreava, desta maneira a maior parte do sedimento produzido percorrem pequenas distancias, permanecendo perto de seu local de origem.

Foto2 – (A) Construção das barreiras em 2008; (B) Local atualmente (2014)

B

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Fonte: Acervo Lages

Outra pratica mecânica realizada no local foi a confecção de uma manta têxtil feita a partir de “sacos de laranjas”, com papel fundamental de reter o sedimento e qualquer outro tipo de material adicionado no local, como a matéria orgânica e sementes, que posteriormente foram plantadas.

Diversos tipos de espécies vegetais foram utilizados para cobertura do solo, variando entre gramíneas, trepadeiras, e leguminosas, algumas forrageiras, arbustivas e outras arbóreas cada qual plantada com uma função e escolhidas de maneira que suas necessidades fossem supridas de acordo com cada ambiente.

As espécies escolhidas tiveram como finalidade principal a contenção da erosão, afim de que recobrissem todo o solo exposto, retardando os efeitos erosivos, diminuindo o escoamento superficial, propiciando assim uma melhora nas taxas de infiltração e consequentemente reduzindo o poder erosivo do escoamento superficial.

Outro auxílio que a vegetação produz na recuperação da área é o travamento do solo promovido por suas raízes, e com o passar do tempo há um incremento de matéria orgânica advindo das próprias plantas, auxiliando na melhor composição física e química do solo, como no caso das leguminosas que além de promover o que foi citado acima também fixam nitrogênio no solo.

As espécies utilizadas foram Macrotyloma Axillare (JAVA) e Capim Napier, que foram plantadas juntas próximas as bordas da feição,e para potencializar o efeito das barreiras a espécie Gliricídia foi introduzida disposta em linha à frente das barreias, já que com o passar dos anos as barreiras se deterioram, porém a linha de vegetação se mantem.

Avaliação da condição atual no local

As praticas dotadas obtiveram êxito em vários quesitos, com uma visão geral da área é possível perceber a diferença nítida na quantidade de vida vegetal, onde uma cobertura verde recobre grande parte da parcela onde foram realizados os experimentos.

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Das praticas mecânicas, como esperado o tempo às degradou, as barreias

desmoronaram e sua estrutura foi comprometida, porém nota-se que obtiveram êxito em sua função, o solo encontra-se bem úmido nas partes mais baixas, e com a retenção dos sedimentos ao longo do tempo, houve uma formação de um solo mais propicio a germinação de plântulas.

As mantas têxteis foram totalmente degradadas, mas pôde se ver a instalação de alguns tipos de espécies vegetais ocupando seu lugar, assim como nas alcovas, (Foto3) onde foram inseridas as espécies Macrotyloma Axillare (JAVA) e o Capim Napier. A Macrotyloma Axillare (JAVA) desapareceu com o passar dos anos, dando lugar a espécies invasoras nativas, que estão vegetando grande parte da área.

O Capim Napier se desenvolveu, mas não se espalhou, porém devido a seu grande porte arbustivo recobre uma área considerável da parcela promovendo o sombreamento e o travamento do solo abaixo, proporcionando uma constância maior na umidade do solo, favorecendo o crescimento de espécies invasoras nativas.

Foto3 – (A) O registro foi feito no ano de 2009. Nota-se a presença de grandes alcovas de regressão, e pouca vegetação no local; (B) O local atualmente (2014) encontra-se mais densamente vegetado, e apesar de alguns desmoronamentos pontuais, houve uma significativa redução na evolução da erosão.

Fonte: Acervo Lages

A Gliricídia não teve um desenvolvimento satisfatório, muito devido ao fato de que nos locais onde estas foram plantadas atualmente apresentam-se bastante úmidos por um longo período de tempo. Entretanto, alguns indivíduos desta espécie permaneceram a se desenvolver fora destas áreas úmidas.

A implantação concomitante de todas as práticas criou um ambiente propicio ao aparecimento de novas espécies vegetativas no local, varias espécies invasoras são encontradas deste as partes inferiores até as superiores do experimento, promovendo uma estabilização dos barrancos. A erosão se mantem estável, sendo mais perceptível apenas em eventos chuvosos mais intensos, demonstrando que as

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praticas adotadas unidas foram de grande valia para o controle e estabilização da

erosão.

2. Cabeceira da Voçoroca

Na parte superior da feição erosiva alguns procedimentos foram realizados com intuito de promover a não interação direta dos fluxos superficiais à montante com as partes mais baixas do terreno, a fim de reter a água e ou desvia-la a outras localidades de maneira segura, evitando causar danos não somente à feição erosiva como ao seu entorno. Além disso a área foi isolada com a construção de uma cerca para impedir o pastejo e o pisoteio pelo gado, assim como a prática de atividades agrícolas ou de extração como vinha ocorrendo no local, com a extração de cascalho.

Outra prática adotada foi a construção de mulchings na parte superior da voçoroca, para que a água obtivesse local para infiltração, e após o crescimento da vegetação em seu canal fez o papel de barreira física, retardando o escoamento superficial. Mais próximo à voçoroca taludes foram construídos, desta maneira todo o fluxo de água superficial que venha a passar pelos mulchings é retido pelo talude, que tem como função a redução do potencial erosivo dos fluxos superficiais ao longo da vertente.

Desta forma as praticas mecânicas se intencionam na criação de condições favoráveis para que se introduzisse vegetação no local, foram plantadas mudas em covas, pois o solo compactado não possibilitava o plantio de outra forma. As mudas do tipo arbóreo foram plantadas nas proximidades da voçoroca, e assim como nas laterais o intuito foi de estabelecer a reestruturação da vegetação, onde espécies nativas e exóticas foram introduzidas para que a recuperação fosse mais acelerada.

Avaliação da condição atual na área correspondente a cabeceira da voçoroca

As pratica adotadas na parte superior da voçoroca não só auxiliaram no melhoramento em sito, como também toda a parte a jusante da feição, pois a retenção dos fluxos de água superiores promoveram um ambiente mais estável nas partes laterais e baixas da voçoroca, com isto a vegetação pôde se desenvolver não somente na parte externa como interna (Foto 4).

Foto4 – (A) Cabeceira da Voçoroca em 2008; (B) Imagem da cabeceira da voçoroca

atualmente (2014). Nota-se que com a estabilização dos processos erosivos mais intensos, a vegetação conseguiu se estabelecer principalmente no fundo da feição

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. Fonte: Acervo Lages

Fonte: Acervo Lages

Os mulchings encontram-se totalmente vegetados assim como as mudas introduzidas ainda estão se desenvolvendo, espécies nativas também iniciaram sua ocupação e estão competindo diretamente com o capim exótico proveniente de pastagem antiga, nota-se seu desaparecimento em algumas áreas e em outras já é minoria, acreditando que com o passar do tempo seja abafado por toda a vegetação nativa.

3. Canal principal da voçoroca

O canal da voçoroca possui um espelho d’água perene, que por si só, atualmente não promove grandes danos á feição, porém em dias de chuva intensa, os fluxos são concentrados em direção ao canal principal da voçoroca aumentando consideravelmente o poder erosivo ao longo do canal, podendo influenciar diretamente no aprofundamento da voçoroca e também na ampliação da largura do canal.

Sendo assim, para a retenção dos sedimentos e quebra de energia dos fluxos de água, foram erguidas barreiras no canal da voçoroca. Estas estruturas foram construídas com madeira, bambu e sacos de ráfia, a fim de reter o sedimento carreado pelos fluxos de água. Esta medida foi de extrema importância, pois além de promover a estabilização dos taludes, ela impede que o material transportado pelo canal seja depositado no córrego a jusante, ao qual a voçoroca está conectada.

Foto5 – Barreira construída no canal principal da voçoroca. É possível observar que há uma grande quantidade de sedimentos retida no fundo do canal, de modo que a barreira observada na imagem a esquerda já encontra-se entulhada atualmente.

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Fonte: Acervo LAGES

As barreiras construídas ao longo do canal da voçoroca, se mostraram bastante eficientes na contenção da evolução da erosão, tanto em relação ao seu aprofundamento quanto lateralmente. Entretanto, devido aos tipos de materiais utilizados, principalmente no que diz respeito à cortina confeccionada com sacos de ráfia, estas necessitam de manutenção periodicamente, caso contrário, estão sujeitas a rompimentos e/ou vazamentos.

Nota-se ainda que com a estabilização dos processos erosivos, a vegetação tem se fixado mais facilmente, aumentando assim a densidade de indivíduos ao longo dos taludes no canal principal da voçoroca. Grande parte das espécies são pioneiras, que tiveram sua fixação espontaneamente, uma vez que não foram realizadas intervenções quanto a inserção de vegetação nestes locais. Em alguns locais específicos, já é possível observar algumas gramíneas colonizando o sedimento depoisitado no fundo do canal, cuja estabilidade foi favorecida pelo suporte resultante das barreiras instaladas no local.

Foto6 – Barreira construída no canal principal da voçoroca. Nota-se que a vegetação começa a desenvolver-se sobre o sedimento acumulado no fundo do canal da voçoroca.

Fonte: Acervo LAGES

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Apesar da voçoroca que ocorre no local ser o principal problema relacionado a

erosão, a área de modo geral encontra-se em estado de intensa degradação. A regirada da vegetação deixando o solo exposto, fazendo com que este se tornasse compactado ao longo do tempo pela exposição direta ao impacto das gostas das chuvas principalmente. Com isso, em episódios de chuva intensa, devido à infiltração no local ser prejudicada, os fluxos superficiais são intensos, sendo que em uma grande área são drenados rumo ao canal principal da voçoroca, deste modo, as práticas voltadas à estabilização dos processos erosivos e recuperação não foi concentrada apenas na área da voçoroca, mas também em seu entorno.

Na parte lateral direita da feição, local bastante prejudicado durante as atividades extrativistas, foram empregadas algumas técnicas com a finalidade de reduzir os fluxos superficiais, buscando, além disso, devolver ao local a capacidade de dar suporte à vida vegetal.

Quanto às intervenções realizadas, iniciou-se com adoção de praticas mecânicas, com a elaboração de mulchings (Foto7), que são cortes no solo preenchidos com matéria orgânica com finalidade de criar uma barreira vertical porosa, que possibilita a infiltração da água com mais facilidade, reduzindo a energia dos fluxos superficiais além de favorecer o crescimento da vegetação.

Como a vegetação no local havia sido retirada, o plantio de mudas arbóreas foi utilizado com intenção de promover à restruturação vegetal da área, utilizando-se de plantas nativas e outras exóticas, porém escolhidas para se adaptar às condições desfavoráveis do local. Sendo as espécies exóticas do grupo das acácias (A. mangium e A. auriculiforme) e as nativas o Ingá e Gonsalo Alves.

Foto7 – (A) Implementação dos Mulchings, que ocorreu no ano de 2008. (B) Vista do local

atualmente (2014).

Fonte: Acervo LAGES

Avaliação da condição atual da área lateral (direita) da voçoroca

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A parte lateral externa da voçoroca recebeu alguns cuidados fundamentais

para a estabilização do interior e vertentes da feição erosiva. Rapidamente após a construção dos mulchings a vida vegetal se instalou promovendo uma barreia natural ao escoamento superficial, desta maneira reduzindo o potencial erosivo dos fluxos de água superficiais. E com a estabilização do terreno superior aliado ao plantio de mudas, favoreceu o aparecimento de novas espécies vegetais, tornando-se uma área com vegetação mais adensada se comparado a condição posterior as intervenções, com espécies de porte variado, desde gramíneas, pequenos arbustos e arvores ainda em desenvolvimento. O solo ainda se encontra compactado em alguns locais, dificultado o estabelecimento da vegetação ao longo de toda área, porém nota-se uma melhora qualitativa significativa quanto à recuperação da área. Outro aspecto que permite esta afirmação, se dá pelo fato de que as ravinas e alcovas mais próximas ao local em questão apresentam sinais de estabilização quanto ao avanço dos processos erosivos.

Conclusão

É notável que todas as medidas adotadas nas partes superiores da voçoroca afetam diretamente as partes mais baixas, sendo assim deve se tratar da feição toda como um sistema integrado onde recebe influencia direta de suas partes e áreas circundantes.

Apesar de alguns experimentos não ter obtido êxito direto, proporcionaram condições favoráveis ao aparecimento e estabilização da área, mesmo as barreias que se deterioraram com o tempo, puderam dar condições ao aparecimento de vegetação, de modo que esta passou a cumprir o papel de reter os sedimentos e proteger o solo, substituindo as barreiras nesta função. E mesmo a vegetação que foi inserida no local não tendo se fixado, estas acabaram de certo modo propiciando melhores condições para que outras espécies que se encontram no local, se estabelecessem, contribuindo para uma melhora contínua do ambiente, não regredindo em sua recuperação.

A recuperação de áreas degradas demanda tempo e dinheiro, porém medidas alternativas auxiliam na redução dos custos, ficando provado sua eficácia num período de 5 anos, visto que proporcionaram condições favoráveis a fixação de plantas nativas além de promover a estabilização da voçoroca e arredores.

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EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço Nacional de

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Disponível em: <http://www.cnps.embrapa.br/publicacoes/pdfs/comtec33_2005_controle

Referências

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