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O TEMA OBESIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS PROFESSORES

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O TEMA OBESIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ANÁLISE A

PARTIR DOS PROFESSORES

José Henrique Dias de Morais1 Arestides Pereira da Silva Júnior1,2,3 Dayane Cristina de Souza1,2 Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira1

1Universidade Estadual de Maringá - UEM

2Universidade Estadual de Londrina - UEL

3Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

RESUMO

Atualmente, as pesquisas têm evidenciado um aumento significativo de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Este panorama pode acarretar inúmeras consequências a estes indivíduos, principalmente no que se refere as suas condições de saúde e qualidade de vida. A presente pesquisa limita-se a analisar como os professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino do município de Maringá/ PR trabalham com o tema obesidade nas aulas de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Participaram desta pesquisa 20 professores (10 masculino e 10 feminino). Como instrumento foi utilizado um questionário com questões fechadas e abertas. Os resultados foram apresentados por meio de estatística descritiva (%) e seleção de conteúdos qualitativos. Todos os professores relataram que trabalham o tema obesidade em suas aulas, com maior frequência no 4º e 5º ano do Ensino Fundamental. Constatou-se que os professores têm dificuldades em ministrar este tema nas aulas, principalmente quanto aos tópicos relacionados ao isolamento do aluno obeso, o preconceito entre os alunos e a falta de apoio familiar. Os dados indicam a necessidade de que a Secretaria da Educação de Maringá (SEDUC) reavalie o tema na proposta curricular existente, da mesma forma que busque um processo de formação específica aos professores, uma vez que esta temática tem sido alvo de alertas em nível mundial de suas consequências às futuras gerações.

Palavras-chave: Obesidade. Currículo. Educação Física.

OBESITY IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES IN THE EARLY

BASIC EDUCATION YEARS: AN ANALYSIS FROM TEACHERS’

PERSPECTIVE

ABSTRACT

Currently, researches have indicated a significant increase in the number of overweight or obese children. This scenario can bring numerous consequences to those individuals, especially regarding their health conditions and life quality. Our research treats the analysis of how Physical Education teacher of the city educational system of Maringá/PR work the theme of obesity in Physical Education classes of the early basic education years. Twenty teachers (10 male, 10 female) took part in this research. Our instrument was a questionnaire with both close- and open-ended questions. The results were presented through descriptive statistics (%) and selection of qualitative content. All of the teachers reported the approach of obesity in their classes, with higher frequency for the 4th and 5th year of the Elementary School. Teachers proved having

difficulties in discussing the theme in their classes, especially concerning the topics related to obese students’ isolation, prejudice among students and lack of family support. Data have indicated that the Secretariat for Education of Maringá (SEDUC) is required to revaluate the theme in the current curricular proposal and seek specific training for teachers, since this issue and its consequences for future generations have become a worldwide alert.

Keywords: Obesity. Curriculum. Physical Education.

M O R A IS , J .H .D .; J Ú N IO R , A .P .S .; S O U Z A , D .C .; O LI VE IR A , A .A .B .; O t em a o be si da de n as a ul as d e e du ca çã o f ís ic a n os a no s i ni ci ai s d o e ns in o fu nd am en ta l: u m a a ná lis e a p ar tir d os pr of es so re s. C ol eçã o P es qu is a e m E du ca çã o F ís ica , V ár ze a P au lis ta , v . 1 4, n . 1 , p . 1 13 -1 20 , 2 01 5. I SS N : 1 98 1-43 13 .

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INTRODUÇÃO

A obesidade, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, é um fator de risco que tem associação com o desencadeamento de uma série de doenças. Em recente pesquisa do Ministério da Saúde quanto à prevalência de pessoas com excesso de peso no Brasil, foi constado que 51% da população adulta (acima de 18 anos) encontram-se acima do peso ideal (excesso de peso), ou seja, mais da metade da população. Este é um dado preocupante e revela que o índice vem crescendo nos últimos anos, pois em 2006, o percentual de pessoas com excesso de peso era de 43% (BRASIL, 2012).

Júnior e Silva (2008) afirmam que a obesidade tem sido considerada um dos maiores problemas da saúde pública da atualidade, atingindo a população desde a infância até a maturidade. Dentre as principais consequências, Oliveira (2013) revela que pessoas com obesidade têm um maior risco de desencadear alguns tipos de doenças tais como, diabetes tipo II, doenças vasculares, arteriosclerose, disfunções pulmonares e alguns tipos de câncer, dentre outras. Além disso, a maior parte das pessoas obesas não se sente satisfeita com o seu corpo, e assim apresentam baixa autoestima.

As causas para o excesso de peso e obesidade são várias, desde fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais. No entanto, a alimentação inadequada e o sedentarismo aparecem com mais evidência por se tratarem de aspectos ligados a comportamentos e hábitos dos indivíduos. No Brasil, como em diversos outros países do mundo, as pessoas estão se alimentando mal, normalmente com excesso de alimentos calóricos e de gordura. Por outro lado, é evidente a ocorrência da redução da prática de atividades físicas, principalmente em crianças e adolescentes (CAMPAGNOLO, VITOLO e GAMA, 2008; LANES et al., 2011; SILVA JÚNIOR, MIRANDA e VELARDI, 2012).

Atualmente, os jovens vivem numa era em que os avanços tecnológicos proporcionam atratividade, desafios, comodidade e conforto, despertando o interesse dos jovens a substituir as “velhas brincadeiras”, jogos, práticas esportivas e outras atividades físicas por atividades menos ativas, como por exemplo, a internet, o vídeo game, o smartphone, a televisão, dentre outros, e como consequência deste estilo de vida menos ativo, os índices de sobrepeso e obesidade em jovens vêm aumentando consideravelmente (CAMPAGNOLO, VITOLO e GAMA, 2008; LANES et al., 2011). A pesquisa desenvolvida por Campagnolo, Vitolo e Gama (2008) apresenta a associação entre obesidade e o tempo gasto assistindo televisão e revela que os adolescentes que assistem televisão por mais de 5 horas diárias têm a probabilidade três vezes maior de serem obesos quando comparados a indivíduos que assistem televisão em tempo inferior a 2 horas por dia.

Considerando a obesidade, suas causas e consequências para os indivíduos, principalmente na infância e adolescência, por se tratar de um período de formação de hábitos para toda a vida, ressalta-se o papel da escola, pois por meio dos ensinamentos da educação formal aliados às aprendizagens, aos bons costumes e aos hábitos do ambiente familiar e em sociedade, os jovens poderão “colher os frutos” desta educação no futuro, e assim, possivelmente terão melhores condições de gerenciar com autonomia suas condições de saúde (SILVA JÚNIOR, MIRANDA e VELARDI, 2012).

Neste sentido, a Educação Física, dentre as disciplinas do currículo, é um componente curricular fundamental para possibilitar aos alunos conhecimentos necessários nas questões de saúde, na qual a obesidade é abordada. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) de Educação Física (BRASIL, 1997, p. 33), espera-se que ao final do Ensino Fundamental o aluno seja capaz de “reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais, relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de recuperação, manutenção e melhoria da saúde coletiva”. Palma, Oliveira e Palma (2010, p.74) ressaltam que nos anos iniciais do Ensino Fundamental é necessário “possibilitar o entendimento e o envolvimento da interação entre a ação motora e a saúde, destacando os benefícios que esses conhecimentos podem trazer para a melhoria da qualidade de vida”.

Considerando a importância do trabalho com o conteúdo saúde e os temas associados (no qual incluímos a obesidade) na Educação Física escolar, as Diretrizes e Currículos vêm, ainda que de forma discreta, ampliando e abarcando estes conteúdos nos documentos norteadores da disciplina.

No município de Maringá existe um currículo que foi elaborado pela Secretaria da Educação de Maringá (SEDUC) durante os anos de 2008 a 2011, e é direcionado para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. Dentre os temas e conteúdos apresentados neste currículo para a disciplina de Educação Física, o tema obesidade é citado no conteúdo qualidade de vida. Assim sendo, surgiu o questionamento: como os professores desenvolvem o tema obesidade em suas aulas? Desta forma, o objetivo central desta pesquisa foi o de analisar como os professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino

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do município de Maringá-PR trabalham o tema obesidade nas aulas nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva de cunho diagnóstico. De acordo com Gil (1996) as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou então o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais importantes está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário.

A população foi composta por professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino do município de Maringá/PR, que ministram esta disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Segundo levantamento informado pela Assessoria Pedagógica de Educação Física da SEDUC no ano de 2013, a Rede Municipal de Ensino era composta por 105 professores de Educação Física.

A amostra foi constituída por 20 professores de Educação Física de 15 Escolas da Rede Municipal de Ensino do município de Maringá/PR, sendo 10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com a média de idade de 35,7 anos para os homens e 33,5 anos para as mulheres. O critério para seleção da amostra foi a permissão da SEDUC para a realização da pesquisa apenas nas escolas autorizadas. Todos os professores da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Como instrumento de coleta de dados, foi aplicado um questionário com questões fechadas e abertas. Esse questionário foi elaborado pelos pesquisadores desta pesquisa, sendo que o mesmo foi testado e avaliado por três professores doutores do Curso de Educação Física de uma Instituição de Ensino Superior. Gil (1996) revela que o questionário é uma técnica de investigação formada por um número de questões, sendo apresentado a um determinado grupo de pessoas tendo como objetivo o conhecimento de opiniões, expectativas, interesses, entre outros.

Os resultados das questões fechadas foram apresentados por meio de estatística descritiva (%) e discutidos com o referencial teórico. Já para a questão aberta, foram seguidos os seguintes procedimentos sugeridos por Laville e Dione (1999): leitura crítica, triagem das informações relacionadas aos objetivos e necessidades da pesquisa, interpretação e escrita em forma de texto confrontando com o referencial teórico para atender ao objetivo proposto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atualmente, é comum observarmos no ambiente escolar, principalmente nas aulas de Educação Física, o aumento de crianças com excesso de peso e obesidade, o que por vezes acarreta em comportamentos de discriminação e preconceito por parte dos demais alunos. E nem sempre os professores estão preparados para lidar com as inúmeras situações que ocorrem nas aulas em relação ao tema obesidade e suas implicações. Nesse sentido, ressaltamos a ideia de que educação física deve se atentar para o tema saúde, trabalhando-o efetivamente no seu desenvolvimento ao longo dos anos escolares (FERREIRA, 2001; GOMES, 2009; GUEDES, 1999) como um meio importante para melhoria da qualidade de vida e promoção da saúde dos alunos.

Gomes (2009) apresenta quatro motivos que justificam o desenvolvimento de ações ou práticas pedagógicas de uma educação para a saúde na escola: 1º) pelo fato de que todas as crianças deverão passar pela escola, ou seja, a possibilidade de atingir a totalidade populacional de um país, estado ou cidade é favorecida; 2º) pesquisas científicas mostram que as raízes do comportamento humano se situam na infância ou adolescência; 3º) as pessoas a serem educadas são jovens, e por isso, normalmente, são mais receptivas à aquisição de hábitos e assimilação de conhecimentos; 4º) por contar com a colaboração de profissionais valiosos que possuem conhecimentos para trabalhar com as questões de saúde.

Dada à problemática e sua importância, a presente pesquisa analisou como os professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino do município de Maringá-PR trabalham com o tema obesidade em suas aulas. Neste sentido, na Questão 1 os professores foram questionados se trabalham ou não com o tema obesidade nas aulas. Todos os docentes relataram que trabalham com o tema. Considerando a importância do trabalho dos diversos conteúdos da Educação Física escolar no enfoque de educação para a saúde (FERREIRA, 2001; GOMES, 2009; GUEDES, 1999), é fundamental que o professor de Educação Física ofereça a seus alunos os conhecimentos e vivências mínimas para que eles possam conhecer os determinantes para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida. Neste sentido, temas como a obesidade devem ser discutidos e trabalhados a fim de possibilitar aos alunos condições de conhecer as

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causas, consequências e a importância da prática regular de atividades físicas na prevenção e no controle do sobrepeso e obesidade.

Ainda são restritas as pesquisas que investigam o tema obesidade nas aulas de Educação Física, por outro lado são inúmeras as pesquisas que enfatizam a importância e viabilidade de se trabalhar com o tema saúde e seus determinantes nas aulas de Educação Física (BISCONSINI, RINALDI e BARBOSA-RINALDI, 2011; GOMES, 2009; GUEDES, 1999; ZANCHA et al., 2013). Tais pesquisas não investigam a obesidade de forma específica, mas a consideram como um dos elementos intervenientes para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida dos escolares.

Desta forma, compactuamos com Bisconsini, Rinaldi e Barbosa-Rinaldi (2011) ao afirmarem que é viável e fundamental o desenvolvimento da temática saúde nas aulas de Educação Física, permitindo que os alunos tenham conhecimento dos diversos determinantes para a promoção da saúde, dentre eles a obesidade, e assim possam ter melhores condições de gerenciar a sua saúde.

Mas em que momento isto poderia ou deveria ser trabalhado na escola? Para responder a tal questionamento, os professores participantes da pesquisa foram perguntados na Questão 2, em quais séries/ anos o tema obesidade é contemplado nas aulas de Educação Física? Constatou-se que 20% dos professores trabalham com o tema no 1º ano, 20% no 2º ano, 35% no 3º ano, 85% no 4º ano e 80% no 5º ano. Não podemos dizer que a maioria dos professores não está cumprindo o seu papel, pois no Currículo da SEDUC (2012) o tema obesidade é contemplado apenas para o 5º ano do Ensino Fundamental, como um objetivo específico no conteúdo “qualidade de vida”. No entanto, entendemos e corroboramos com Bisconsini, Rinaldi e Barbosa-Rinaldi (2011) que os conteúdos ligados à saúde devam ser contemplados durante toda a Educação Básica e não apenas ou a partir de uma série/ano.

Palma, Oliveira e Palma (2010) apresentaram uma proposta de organização curricular, na qual o núcleo temático denominado de “O movimento e a saúde” é considerado como um elemento imprescindível às condições básicas de saúde dos escolares por envolver questões de higiene, hábitos saudáveis, qualidade de vida e valorização e incentivo à prática da atividade física regular. Desta forma, os autores também entendem que este núcleo deva ser trabalhado em todas as séries da Educação Básica, desde a Educação Infantil até a finalização do Ensino Médio. Nesta proposta de organização curricular são exemplificados alguns dos temas relativos à obesidade que podem ser trabalhados, como: composição corporal, alimentação balanceada, controle alimentar, gasto energético, exercício físico, doenças crônico-degenerativas, ingestão de líquidos, dentre outros.

A Questão 3 abordou como os professores trabalham com o tema obesidade em suas aulas. Os resultados da pesquisa indicam que 20% dos professores desenvolvem o tema apenas nas aulas teóricas e 80% nas aulas teórico/práticas. Nenhum professor respondeu que trabalha o tema apenas na parte prática. Os resultados são satisfatórios se considerarmos a necessidade de transcendência do dualismo vivenciado em alguns momentos históricos e que até hoje são visualizados na prática pedagógica de professores. Conforme Sánchez Gamboa (2007), tanto a teoria quanto a prática são compostos integrantes da ação social humana, a qual não resulta de uma teoria posta em prática, nem de uma prática que se torna teoria, mas na inter-relação dinâmica e complexa em que uma tenciona a outra, o qual a denomina de práxis.

Na Questão 4, os professores foram questionados se consideram as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais ao trabalhar o tema obesidade nas aulas de Educação Física. Os resultados apontam que 80% dos professores abordam a dimensão conceitual, 75% a dimensão atitudinal e 50% a dimensão procedimental. Zancha et al., (2013) realizaram uma pesquisa na qual se propuseram a identificar de que maneira os professores trabalham com o conceito saúde nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental. O resultado foi semelhante ao desta pesquisa, na qual os professores valorizam a dimensão conceitual e apresentam mais dificuldade de trabalhar as dimensões procedimentais e atitudinais. Os autores reforçam a necessidade de que os conteúdos sejam ensinados em todas as suas dimensões, no sentido de desenvolver as competências e habilidades do educando de forma integral, motivando-os a participar das aulas.

Na Questão 5, os professores foram indagados se consideram os seus conhecimentos suficientes para trabalhar o tema obesidade nas aulas de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Verificou-se que 40% dos professores consideram possuir conhecimentos plenos, 55% conhecimentos razoáveis e 5% consideram-se limitados de conhecimentos referentes a este tema. É fundamental que o professor de Educação Física tenha minimamente os conhecimentos básicos para desenvolver os conteúdos a serem contemplados nas aulas. Para isto, é fundamental que os professores tenham iniciativa de manter-se em constante atualização frente às questões relativas à saúde e manter-seus determinantes, como é o caso da

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obesidade. Além disso, é importante que a SEDUC invista no aperfeiçoamento do seu quadro de magistério com a oferta de cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização.

Além de possuir o conhecimento teórico e conceitual básico para trabalhar com o tema obesidade, é necessário que os professores estejam preparados para lidar com situações que vão além da transmissão de conhecimentos. Desta forma, complementando a discussão, na Questão 6 os professores foram perguntados como consideram a sua atuação (tanto na teoria quanto na prática) para trabalhar o tema obesidade nas aulas de Educação Física. Os resultados revelam que 25% dos professores se sentem plenamente preparados, 70% sentem-se parcialmente preparados e 5% não se avaliam como preparados com a sua atuação frente à temática. Lanes et al., (2011), ressaltaram que nas escolas brasileiras há um despreparo dos professores nas temáticas relacionadas à saúde, o que acarreta na qualidade de ensino.

No caso do tema obesidade é necessária atenção redobrada, pois dependendo de como o assunto é exposto e trabalhado nas aulas os efeitos poderão ser negativos, pois o preconceito com as pessoas obesas na escola, principalmente nas aulas de Educação Física, ainda é grande. Costa, Souza e Oliveira (2012) apresentam em sua pesquisa que o professor é um dos principais responsáveis por desenvolver atos que possam gerar discussões sobre a di versidade cultural, bem como táticas que possam minimizar o preconceito que existe para com o(s) aluno(s) obeso(s) no contexto educacional em que está inserido. Neste sentido, é papel do professor possuir conhecimentos que favoreçam a lidar com situações de conflito e que permitam aos alunos compreenderem melhor as normas, valores e comportamentos inseridos na sociedade (GALVÃO, 2002).

Precioso (2004) afirma que é fundamental na formação do professor (não apenas do professor de Educação Física) ter vivências teóricas e práticas que colaborem na construção da educação para saúde, pois essa proposta torna-se eficaz quando os professores estiverem convictos da sua necessidade no ambiente escolar e com conhecimentos suficientes para atuar.

Na continuidade, a Questão 7 indagou sobre o interesse dos alunos com o tema obesidade. Constatou-se que os resultados para esta questão são satisfatórios, pois 85% dos professores responderam que os alunos têm uma boa aceitação/interesse e 15% relataram que é regular. Zancha et al., (2013) afirmam que o ensino das questões ligadas à saúde tem sido um desafio no contexto da Educação Física escolar, pois os alunos ainda apresentam dificuldade de assimilar o conhecimento teórico para mudar, transformar ou adequar suas atitudes e hábitos de vida, por isso, muitas vezes, os temas ligados à saúde não são bem aceitos e incorporados pelos alunos. Por outro lado, é importante salientar e relembrar que os professores participantes desta pesquisa têm como população alvo crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental, fato este que pode facilitar na aceitação do trabalho com este tema, pois os alunos desta faixa etária são mais receptivos à aprendizagem de novos conhecimentos, bem como estão em fase inicial de formação no que tange à escolarização e possivelmente ainda não se “contagiaram” por modelos ou conteúdos hegemônicos tradicionais das aulas de Educação Física.

Na Questão 8 foram apresentadas as principais dificuldades de se trabalhar o tema obesidade nas aulas de Educação Física. Os resultados indicam que 70% dos professores consideram o preconceito entre os alunos como a principal dificuldade, seguido pela falta de respeito entre os alunos (45%), isolamento do próprio aluno (40%), falta de apoio familiar (30%) e falta de conhecimento dos alunos (10%). Os aspectos citados nesta questão não são exclusivos das aulas de Educação Física, mas acabam sendo mais evidenciados nesta aula em virtude de vários motivos, principalmente pela maior exposição do corpo na realização das atividades.

A principal dificuldade apontada pelos professores foi o preconceito entre os alunos, que em muitas vezes, manifesta-se das mais diferentes formas que promovam e incitem situações de violência física e/ou simbólica no convívio com o “diferente”, o que atualmente se denomina de bullying. Segundo Matos, Zobole e Mezzaroba (2012, p. 274), “o bullying abrange todas as manifestações de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, sendo caracterizada por uma maneira insistente e perturbadora de ação, que ocorrem de forma velada sem motivação aparente e evidente, sendo adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), dentro de uma relação desigual de poder (seja ele físico, econômico ou social)”.

Na pesquisa realizada por Matos, Zobole e Mezzaroba (2012) com alunos obesos do sexo masculino e feminino, do 3º ao 7º ano do Ensino Fundamental, constataram que 66% destes alunos sofrem bullying escolar e convivem com situações de humilhações e agressões. Normalmente, começam com brincadeiras de mau gosto, gozações e risos provocativos, mas com o passar do tempo chegam ao ponto de agressões físicas, como empurrões, socos, pontapés, tapas, beliscões, puxada de cabelos, dentre outras. Na pesquisa são citados alguns dos apelidos em que os alunos já tiveram ou têm, por exemplo: “baleia”, “baleia assassina”, “baleia rosa”, “baiacu”, “barril”, “fofinho(a)”, “Free Willy”, “gordura três”, “mamute”, “Nhonho”, “Rasputcha” e “tribufu”. Os autores concluem a pesquisa ressaltando a necessidade da inclusão de projetos que fortaleçam a interação conjunta entre os alunos, funcionários, pais, professores e dirigentes para combater situações de

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desrespeito, preconceito e violência contra os alunos com sobrepeso ou obesidade nas aulas de Educação Física.

Neste sentido, a Questão 9 desta pesquisa investigou se existem projetos sobre obesidade nas escolas dos professores participantes da pesquisa. Os resultados apontam que em 10% das escolas existem projetos de prevenção à obesidade infantil e em 90% não existem. Considerando o resultado para esta questão, é evidente a necessidade de uma ação da SEDUC que incentive os professores de Educação Física e de outras áreas para elaborar e implantar projetos que abordem esta temática nas aulas. Matos, Zobole e Mezzaroba (2012) indicam que uma possibilidade para combater atitudes de desrespeito e preconceito às crianças obesas é a criação de projetos coletivos que envolvam toda a comunidade escolar (professores, funcionários, alunos e pais).

A Questão 10 abordou como é trabalhado o tema obesidade na escola, se é apenas pelo professor de Educação Física, ou se os demais professores, a equipe pedagógica e a família também participam. Constatou-se que em 60% das escolas o trabalho é desenvolvido apenas pelos professores de Educação Física, em 30% há parceria com os demais professores e equipe pedagógica e em 10% há parceria entre os professores, equipe pedagógica e a família dos alunos.

Neste sentido, corroboramos com Gomes (2009), o qual defende a ideia de que projetos de saúde desenvolvidos na escola sejam realizados de forma transversal, ou seja, é necessário um trabalho conjunto de toda a equipe da escola, abrangendo todas ou grande parte das áreas de conhecimento. Segundo o autor, além do trabalho integrado, a transversalidade exige: a definição dos conteúdos (atitudes, habilidades, procedimentos, valores, comportamentos, conceitos, fatos, normas) de saúde que se considerem relevantes para a sua população escolar; a reflexão e formação sobre o que significa ensinar saúde; o relacionamento do que se ensina com os problemas da vida diária; a incorporação dos conteúdos referidos aos valores, atitudes e hábitos.

Na Questão 11, os professores foram questionados se consideram que o Currículo da SEDUC contempla adequadamente o tema obesidade na disciplina de Educação Física. Os resultados apontam que 30% dos professores avaliam o Currículo da SEDUC como adequado para trabalhar o tema obesidade, 50% consideram parcialmente adequado e 20% avaliam como não adequado. É importante ressaltar que a elaboração do currículo é uma construção coletiva, na qual os professores também são responsáveis na edificação da proposta. Na apresentação do Currículo da SEDUC (2012) a participação dos professores da Rede é um aspecto enfatizado e valorizado no documento, mas diante das fragilidades evidenciadas nesta pesquisa, questionamos: Por que os professores não se pronunciaram na elaboração da proposta? Houve desconhecimento da importância de valorizar este tema no currículo? Foi descuido/esquecimento de contemplar o tema na proposta? Ou na época da construção, o tema não tinha tanta evidencia/pertinência na realidade das escolas? Independente das respostas, o que se evidencia, tendo em vista os resultados desta pesquisa e a importância desta temática é a necessidade de haver um cuidado especial quanto à contemplação do tema sobrepeso/obesidade no currículo da disciplina de Educação Física.

Na Questão 12 (questão aberta) procurou-se levantar sugestões advindas dos professores no sentido de incorporar o tema obesidade no Currículo da SEDUC. A seguir são apresentados alguns dos relatos dos professores: PROF. 6 – “Acredito que esse tema deveria ser discutido com maior profundidade, com formas diferentes de explorar na escola e realizar atividades de conscientização, pois esse tema faz parte do cotidiano das crianças (Ex: projetos, palestras, debates na escola)”. PROF. 7 – “Abordar os conteúdos em todos os bimestres não apenas quando se trata do conteúdo qualidade de vida”. PROF. 19 – “Contemplar o tema nos quatro bimestres e não somente em alguns bimestres e que sejam realizadas oficinas para que esse tema fosse abordado por todos os professores em as todas escolas da rede”. PROF. 11 – “Apresentar projetos nas escolas, abordando o tema para maior entendimento e aceitação dos alunos”. PROF. 16 – “Deveria haver mais cursos sobre a temática de como abordar o tema para os anos iniciais do Ensino Fundamental”.

As respostas de sugestões apresentadas pelos professores vão ao encontro dos aspectos mencionados e discutidos nas questões anteriores. Neste sentido, ressaltamos aos professores de Educação Física, que na reestruturação do Currículo da SEDUC busquem ter uma participação ativa, cuidadosa e criteriosa na escolha e organização dos temas e conteúdos a serem contemplados na proposta curricular, de forma que o tema obesidade possa ser mais bem aproveitado e incorporado nas aulas de Educação Física para os anos iniciais do Ensino Fundamental. “Uma proposta curricular é um caminho a ser construído na medida em que procura situar o lugar de onde se fala, o valor que o constitui, as dificuldades a serem enfrentadas e a direção a ser tomada, para no percurso das situações e ideias, construir uma resposta” (PALMA, OLIVEIRA e PALMA, 2010, p. 30).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obesidade tem sido um assunto de destaque no campo da saúde pública, devido as suas implicações e consequências na saúde e qualidade de vida das futuras gerações. Desta forma, atualmente, as escolas veem aos poucos se preocupando com esta importante questão e ampliando o trabalho, seja no currículo, nas disciplinas ou nos projetos desenvolvidos. Constatamos nesta pesquisa que o tema obesidade é contemplado no Currículo de Educação Física da SEDUC, contudo, ainda de forma tímida para as atuais necessidades que o mesmo requer.

Ao analisar como os professores de Educação Física trabalham com o tema obesidade em suas aulas, foram identificados alguns aspectos que merecem maior atenção na contemplação e desdobramento desta temática, destacando: a) Os professores oferecem um atendimento mais concentrado do tema nos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, com pouca atenção em outros anos; b) Os professores não diversificam adequadamente a metodologia para o trabalho com o tema, dando ênfase as questões conceituais e atitudinais e negligenciando as questões procedimentais; c) Os professores não se sentem confortáveis para trabalhar com o tema e apresentam algumas dificuldades, principalmente quanto ao isolamento do próprio aluno obeso, o preconceito entre os alunos, bem como a falta de apoio familiar; d) As escolas têm poucas ou nenhuma ação interdisciplinar com a temática.

Os dados indicam a necessidade de que a SEDUC reavalie o tema na proposta curricular existente, de forma a contempla-lo ao longo de todos os anos escolares, da mesma forma que busque um processo de formação em serviço aos professores. Além disso, é necessário que os professores tenham uma real participação na reestruturação do currículo a fim de possibilitar um melhor aproveitamento e organização do tema obesidade. A garantia destes aspectos, sem dúvidas, pode fortalecer a qualidade do ensino no trabalho do tema obesidade nas aulas de Educação Física e potencializar a efetividade do currículo.

REFERÊNCIAS

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Referências

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