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Carlos Eduardo Piazentine COSTA 1

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Academic year: 2021

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Carlos Eduardo Piazentine COSTA1

RESUMO

Este trabalho objetiva investigar a palavra segurança em português e suas traduções para o inglês “safety” e “security”, segundo uma abordagem lexicográfica. Analisamos oito obras incluindo dicionários monolíngues, bilíngues português/inglês, um dicionário etimológico, um dicionário de termos técnicos, um dicionário de sinônimos do inglês e um aplicativo eletrônico gratuito. A investigação recobre o conteúdo das entradas dessas palavras, focando em como esses produtos as abordam em relação ao seu significado e campo semântico. Analisamos a visão lexicológica e lexicográfica adotada sobre as palavras selecionadas para o estudo e quanto à tradução para o inglês. Verificamos também se as obras em questão auxiliam na compreensão dessas palavras e se conseguem fornecer informações que ajudem a sanar o problema tradutório em discussão. Pretendemos contribuir com dados que auxiliem professores de inglês como língua estrangeira e tradutores.

PALAVRAS-CHAVE: Campo semântico. Abordagem dicionarista. Segurança. Safety. Security. ABSTRACT

This paper aims at observing the word “segurança” in Portuguese and its translations “safety” and “security” into English under a lexicographer approach. We analised eight dictionaries, including monolinguals, bilinguals Portugues/English, one etymological dictionary, a technical terms one, an English synonyms one and a free of charge electronic dictionary. The study covers the content of each dictionary item regarding the selected words, focusing on how these materials direct to them concearning their meanings and semantic field. We observed the lexicological and lexicographical approaches adoped for the words. We also verified if our dictionaries are helpfull tools to understand when to use “safety” or “security” when dealing with its translation toward this problem. We were intended to providing teachers of English as a foreign language and translators with useful data regarding the safety/security theme.

KEYWORDS: Semantic field. Lexicographer approach. Segurança. Safety. Secutity.

1 Mestrando em Estudos da Tradução, na USP; professor de línguas inglesa e espanhola, tradutor inglês/português/espanhol;

pesquisador, sob orientação da profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo, convidada da USP São Paulo e profa. Titular da UNESP, São José do Rio Preto.

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A motivação desta pesquisa surgiu da união de interesses relacionados tanto a meu trabalho de tripulante aeronáutico, no qual lido diretamente com o tema da segurança, como também a minha formação acadêmica como professor de língua inglesa, com mais de uma década de experiência na realização de trabalhos de tradução em áreas diversas.

Em um primeiro olhar, os dicionários de língua inglesa, tanto monolíngues como bilíngues português-inglês, inglês-português, de modo geral abordam as palavras “safety” e “security” de modo sinonímico e as traduzem como “segurança” (MARQUES & DRAPER: 1995, p. 277, 285). Até mesmo dicionários monolíngues definem-nas de maneira muito próxima ou idêntica e, como consequência, tanto na aprendizagem da língua, como na tradução, podem gerar confusões, enganos e erros.

Partindo dessa questão tradutória, é apresentado um estudo das palavras “segurança”, “safety” e “security” sob uma abordagem dicionarista, propondo investigar como dicionários de diferentes modalidades trazem as palavras em estudo. O intuito é descrever e possibilitar uma melhor compreensão delas, auxiliando tradutores, professores de língua inglesa, estudantes e profissionais que atuam com esse tema, além de permitir uma reflexão para os profissionais da área lexicográfica quanto à abordagem de sinônimos na produção de obras terminográficas.

A tradução, compreendida como recurso de acessibilidade a informações e textos entre línguas diversas, tem função de possibilitar a compreensão da linguagem tanto para falantes nativos, como para falantes de línguas estrangeiras. Os idiomas utilizados em seus atos reservam peculiaridades bastante curiosas que refletem características culturais que são únicas e merecem destaque.

Quando tratamos de tradução, é importante salientar que cada aspecto envolvido no processo ganha uma visibilidade muito mais abrangente quando se observa, com proximidade, os códigos linguísticos envolvidos e suas particularidades.“A própria natureza de cada código resulta em soluções diferentes, não paralelas, não espelhadas, conforme a direção adotada no ato tradutório em questão” (AUBERT: 1993, p.34).

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De início, competiria, talvez, admitir que o conceito de visão de mundo, na sua acepção corriqueira, é algo vago, requerendo, se não uma definição precisa, ao menos um delinear nocional suficiente para fundamentar uma argumentação. Tal como entendida aqui, uma determinada visão de mundo corresponde a um conjunto de representações da realidade que, privilegiada, mas não exclusivamente, encontram-se entremeadas na estrutura e no uso de determinada língua. (AUBERT: 1993, p. 35)

Considerando sua visão, no que se refere ao par português-inglês, como códigos utilizados em uma dada tradução, a forma de expressão que a cultura de língua inglesa apresenta ao abordar o tema segurança é distinta e ao menos mais complexa do que a utilizada pela cultura de língua portuguesa. Isso acontece porque sua tradução corresponde a uma palavra polissêmica, no caso do português, e geralmente a duas palavras, no caso do inglês.

“A polissemia constitui uma situação em que dois ou mais conceitos, em relação de oposição transitiva, são designados por uma mesma unidade lexical ou terminológica” (BARROS: 2004, p. 225). Para a autora, em uma oposição de identidade, há sinonímia quando um mesmo conceito é designado por significantes diferentes.

Para Barros (2004, p. 40), a “palavra” é uma unidade léxica (ou unidade lexical), ou seja, é um signo linguístico, composto de expressão e conteúdo, que pertence a uma das grandes classes gramaticais (substantivo, verbo, adjetivo ou advérbio). Assim, adotamos “palavra” para nos referirmos ao objeto de estudo “segurança” e seus correspondentes em inglês “safety” e “security”. Observamos que, ao fazer a tradução para o inglês, temos duas correspondências, a partir da palavra da língua portuguesa, com seus traços semânticos recobrindo as duas formas do inglês. Desse modo, trata-se de uma palavra polissêmica em português, ao referir-se a uma forma ou designação que aprereferir-senta mais de um conceito ou conteúdo.

Na língua inglesa, as palavras “safety” e “security” são ambas traduzidas para o português como “segurança” e recobrem traços semânticos parecidos e bastante semelhantes. As duas são compreendidas, no inglês, como sinônimos. Ainda de acordo com Barros, há sinonímia quando um mesmo conceito é designado por significantes diferentes, o que ocorre com o correspondente de “segurança” na língua inglesa.

“A sinonímia ou sinonímia próxima é um fenômeno linguístico comum ainda que complexo. Enquanto os sinônimos expressam basicamente o mesmo conceito, eles ainda o fazem em diferentes estilos, para diferentes contextos, e/ou em diferentes perspectivas” (LIU: 2010, p.56). Assim, considerando as palavras “safety” e “security”, entendemos que esses sinônimos próximos trazem aspectos, estilos e perspectivas que

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possam ser distintos e necessitam maior observação. Analisamos neste estudo, de forma descritiva, como dicionários de diferentes modalidades abordam seus significados.

A tradução vista como recurso comunicativo entre determinados códigos linguísticos inclui formas que são compreendidas como correspondentes dentro dos idiomas utilizados entre falantes.

Para Camargo (2005, p. 293-294), embora a conceituação de equivalência ainda não tenha chegado a um consenso entre os teóricos da tradução, já haveria, atualmente, uma unanimidade entre os pesquisadores da Terminologia. Dessa maneira, com base em Dubuc (1985, p. 69), o termo de uma língua A que recobre somente de forma parcial os traços semânticos de uma língua B não é equivalente e, sim, correspondente. Adotaremos, neste estudo, para a tradução da palavra “segurança” em língua portuguesa, os correspondentes, em língua inglesa, “safety” e “security”, uma vez que esses dois vocábulos recobrem parcialmente traços semânticos presentes no correspondente em língua portuguesa.

Os propósitos do uso do dicionário são diversos. Servem para aquisição de competência linguística em língua materna, em segunda língua, ou em língua estrangeira, assim como para propósitos de aquisição de competência tradutória e para subsidiar o trabalho de tradutores e profissionais das mais distintas áreas. É irrefutável o importante papel que os dicionários possuem na história cultural e comercial das civilizações. Segundo Béjoint, os ‘verdadeiros’ dicionários aparecem quando as sociedades começam a ter relações comerciais ou culturais com comunidades que usavam línguas diferentes e precisavam de traduções. (BÉJOINT: 2000, apud Duran, 2008). Dessa forma, um estudo sobre como dicionários recobrem uma palavra e seus correspondentes tradutórios para outra língua é mais uma de suas várias facetas que busca contribuir para melhor compreensão dos códigos envolvidos no universo da tradução.

“As pesquisas sobre uso de dicionários constituem uma das áreas de estudo da metalexicografia e são realizadas com diversos fins e metodologias, mas, principalmente, visando a aprimorar as obras lexicográficas para públicos específicos, com necessidades específicas” (ZUCCHI: 2010, p.133). Seguindo essa visão, na questão dicionários e sinônimos, pode-se semear a investigação desse fenômeno tão comum e presente nas linguagens a fim de buscar um aprimoramento na elaboração dessa vertente de obras de referência.

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O presente estudo qualitativo propõe investigar a palavra “segurança” em português e seus correspondentes tradutórios para o inglês “safety” e “security” nos dicionários.

Utilizamos oito referências, sendo sete dicionários impressos organizados de forma semasiológica (ordem alfabética) e um aplicativo eletrônico bastante conhecido que opera com a digitação da palavra de busca, descritos individualmente a seguir:

1 – Aurélio Século XXI, O Dicionário da Língua Portuguesa (ALP). É monolíngue, para falantes de língua portuguesa;

2 – The Oxford English Dictionary (OED). É um dicionário monolíngue para falantes de língua inglesa; 3 – Oxford Advanced Learner’s Dictionary (OAL). Monolíngue e desenvolvido para aprendizes de língua inglesa como língua estrangeira;

4 – Dicionário Inglês-Português Antônio Houaiss (DIPH). É um dicionário bilíngue para falantes de inglês como segunda língua;

5 – Etymological Dictionary of the English Language (EDE). É um dicionário etimológico monolíngue, desenvolvido para falantes nativos de língua inglesa;

6 – Crabb’s English Synonyms (CES). Dicionário monolíngue de sinônimos do inglês, direcionado a falantes nativos dessa língua;

7 – Eugênio Furstenau Novo Dicionário de Termos Técnicos Inglês-Português (DTT). Dicionário bilíngue desenvolvido para falantes de português nativos e de inglês como língua estrangeira;

8 – Aplicativo eletrônico Google Tradutor (GT). É multilíngue e gratuito, para o estudo, sua versão é em língua portuguesa. Disponível em formato para microcomputador, telefone celular e tablet.

A escolha dos dicionários e fontes descritos se dá pela intenção de utilizar modalidades distintas, entre elas monolíngues nas duas línguas em estudo, bilíngues português-inglês, dicionário etimológico, dicionário de termos técnicos, dicionário de sinônimos e a inclusão de um aplicativo eletrônico consagrado e bastante conhecido, considerando as novas tecnologias como modalidade importante e presente na utilização de dicionários na atualidade. Outros critérios utilizados na escolha do material da análise foram a disponibilidade desses dicionários em bibliotecas universitárias e o reconhecimento de suas editoras por parte do meio acadêmico, entre elas a Oxford e a editora Globo, que representam grande parte da circulação desse tipo de obra de referência em âmbito nacional e de representativa divulgação e conhecimento do público consulente.

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Todas as consultas foram realizadas em novembro de 2015. O aspecto considerado para a análise foi o conteúdo da entrada das palavras “segurança”, “safety” e “security”, considerando sua abordagem e descrição, uma vez que os demais itens componenciais da microestrutura desses dicionários não fazem parte de nosso escopo. Também ressaltamos que mantivemos nosso foco no campo semântico das palavras selecionadas, como unidade lexical, não havendo necessidade de lematização dos objetos de estudo.

As análises foram realizadas respeitando a etiquetagem numérica de cada dicionário, sua abreviação e a ordem, conforme mencionado anteriormente na descrição de cada um.

O ALP inicia a entrada da palavra “segurança” por sua composição: segurar + ança. Ele traz o total de dez acepções abordando o estado ou condição de seguro, certeza, convicção, garantia e menciona um exemplo composto da palavra (alfinete de segurança). Destaca também a pessoa responsável pela segurança pessoal de alguém − o guarda-costas. Mostra ainda cinco exemplos de uso para facilitar a compreensão de contexto. “Ex: Mal entrou no avião, foi apertando o cinto de segurança”.

Este dicionário monolíngue aborda informações gerais, traz sinônimos, exemplos e a formação da palavra. Tais dados contribuem para a compreensão da língua portuguesa corrente e geral.

O OED traz de início “safety” com registro diacrônico de suas grafias antigas e diversas, diacronicamente e uma única definição: “1. The state of being safe; exemption from hurt or injury; freedom from danger.” Menciona depois o comitê de segurança criado na Inglaterra em 1659 e, em seguida, traz uma sequência de eventos históricos e literários ingleses, com trechos utilizando a palavra da entrada tanto com sua grafia atual, quanto com formas gráficas antigas.

Na entrada de “security” a organização é exatamente a mesma. Primeiro o OED mostra as distintas formas gráficas ao longo do tempo e, depois, traz a definição única: 1. The condition of being secure. The condition of being protected from or not exposed to danger; safety. Na sequência, o dicionário também registra uma sequência de eventos com datas, apresentando a palavra com grafias antigas e a atual.

Este dicionário aborda a primeira palavra num aspecto de cuidado e atenção. A segunda traz uma carga de proteção a um risco ou perigo. Sugere, em um primeiro momento, uma distinção semântica, porém,

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no caso de “security”, acrescenta “safety” como sinônimo. Com isso, não há clareza quanto à utilização de uma palavra em contraste com a outra, o que pode gerar imprecisão e confusão sobre seu entendimento.

O OAL apresenta cinco acepções para “safety”, sendo as três primeiras acompanhadas de exemplo, uma com sugestão da remissiva “safety catch” (um tipo de trava de segurança) e a última com seu significado no contexto de futebol, sem exemplo. Em seguida, ele aborda em diversas outras entradas, separadamente, expressões derivadas da palavra, como por exemplo, “safety belt” e “safety glass”.

Na entrada de “security” este dicionário apresenta quatro subentradas, explicando seus sentidos, sendo o primeiro com significado de proteção, o segundo de sensação de felicidade/segurança, o terceiro sobre um empréstimo de valor e o quarto sobre ações de empresas/financeira. Todas elas seguem uma definição e exemplo naquele sentido explicitado anteriormente. Igualmente ao caso de “safety”, na disposição semasiológica, a obra traz expressões derivadas, como “security blanket”, por exemplo.

Por se tratar de um dicionário direcionado para aprendizes avançados de língua inglesa como língua estrangeira, o OAL aparentemente é mais detalhado em suas explicações e suas definições são estruturadas utilizando um vocabulário corrente e simples. A respeito das semelhanças e distinções semânticas, embora o conteúdo de suas entradas destaque diversos traços de significado das palavras observadas, não fica claro quando utilizar uma ou outra.

O DIPH mostra a palavra “segurança”, na seção português-inglês, traduzida como “security”, “safety”, “reliability”, “assurance” e “certainty”. Embora encontremos alternativas várias, fica vago quando utilizar um ou outro. O dicionário sugere essas opções como sinônimas. Quando se observa seus exemplos, as confusões ficam menos prováveis, uma vez que a obra mostra expressões como “safety-belt” –- cinto de segurança e “security lock” – trava de segurança. Apesar disso, seria necessário um enorme número de exemplos para cobrir toda uma língua de forma representativa.

Na seção inglês-português, as palavras “safety” e “security” são abordadas com maior delineação. A primeira é traduzida como “segurança, salvação, salvamento, proteção e custódia”. A segunda aparece como “segurança, certeza, estabilidade, despreocupação, tranquilidade; proteção e defesa; garantia”. Novamente, cada entrada aborda traços sêmicos específicos e distintivos, mas alguns deles são repetidos na tradução das duas palavras para o português e sua representação fica vaga e imprecisa em alguns pontos.

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A análise seguinte é conduzida em uma obra de caráter etimológico, o EDE. De início percebe-se a ausência das entradas das palavras de pesquisa do inglês, em sua forma substantiva. Foi possível encontrar ambas, apenas na forma adjetiva, ou seja, “safe” e “secure”. Apesar disso, suas análises permanecem, tendo em vista que o foco deste estudo é seu campo semântico.

A entrada da palavra “safe” traz, em seu início, “unharmed”, “secure”, “free from danger”. Posteriormente, encontramos uma sequência de referências a obras que mostram as formas antigas de grafia e algumas derivações. É, inclusive onde aparece o substantivo “safety”, na expressão “sauf and sound” (correspondente a “são e salvo”, em português, porém com sua grafia de época de registro) e uma remissão a “salvation” e ao verbo “save”.

Em relação a “secure”, a entrada começa com “free from care or anxiety, safe, sure”. Observamos também formas derivadas, inclusive “security”, uma menção da palavra na obra Hamlet de Shakespeare e novamente uma remissiva ao prefixo “se” e ao verbo “cure”.

De fato, o EDE, cumpre, por meio dos esclarecimentos contidos nessas duas palavras, sua função de trazer informações sobre seu registro por parte da comunidade linguística à qual se refere. Ainda que as definições das duas entradas auxiliem a compreensão de seus significados, o fato de ambas trazerem uma à outra, como sinônimos, não nos permite chegar a um entendimento qualitativo, pode resultar em confusão.

O dicionário de sinônimos CES apresenta também apenas a entrada para o adjetivo “safe” e a primeira informação que a obra traz é “secure”. Em seguida, observamos o estabelecimento de sua origem do latim, como correspondente “salvus”, uma remissão para “certain” e uma explicação detalhando que no sentido de isenção de perigo, “safety” expressa muito menos que “security”: nós podemos estar seguros (safe) sem utilizar nenhuma medida particular; mas de modo algum podemos considerar qualquer grau de segurança (security) sem grande precaução. A obra conclui essa explicação com o exemplo: uma pessoa pode estar segura (safe) em cima de um sofá durante o dia; mas se ela deseja estar segura (secure), à noite e evitar cair dele, ela deve estar amarrada.

Sobre “security”, encontramos tanto o substantivo como o adjetivo, em duas entradas separadas. As duas palavras trazem apenas remissões, sendo “secure” para “certain”; “preparedness”; “safe” e “security” para “deposit”; “fence”; “guarantee”, cujas traduções são “cofre”, “cerca” e “garantia”.

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Embora na segunda palavra do inglês, o conteúdo seja apenas de remissivas com referência a sentidos específicos, esta obra parece ser a única que apresenta uma preocupação em explicar o aspecto semântico distintivo entre os dois itens lexicais, dada sua função e natureza sinonímica. Na questão de esclarecimento de seus usos, recai em imprecisão, dada sua abordagem de uma palavra pela outra.

O dicionário de termos técnicos de nossa análise, DTT, traduz “segurança” para o inglês como “safety”, “security”, “certainty”, “surveillance” e em seguida apresenta uma série de expressões específicas como “válvula de segurança” com traduções. Na sessão de inglês-português, ele traduz “safety” como “segurança”; “seguridade”; “salvação” e traz uma sequência de termos como “safety brake” (freio de segurança).

O mesmo ocorre com a entrada de “security”. A palavra é traduzida para o português como “segurança”; “segurança do patrimônio” (edifícios, dinheiro, documentos, informações, etc.) e o dicionário ainda mostra exemplos de termos como “security key” (tecla de segurança).

Esta obra parece suprir sua proposta de apresentar termos técnicos e é ampla em exemplos, porém foi observado que, na questão de esclarecimento dos traços semânticos, permanece vaga.

Nossa análise do aplicativo eletrônico GT mostra “segurança”, traduzida para o inglês como “security”; “safety”; “certainty”; “reliability”; “dependability”; “assuredness”; “coverage”; “shelter”; “indemnity”; “dependence”; “salvation”; “dependency”; e “self-assurance”. Este dicionário gratuito digital mostrou ser uma ferramenta prática, moderna, rápida e de fácil manuseio. Porém, apesar de trazer uma lista com 13 possíveis traduções para a palavra de busca, elas são exibidas de forma descontextualizada, ausentes de exemplos e irrefutavelmente não apresenta, neste caso, solução ou alternativas de responder a questão da descrição do campo semântico de nosso estudo.

Esta pesquisa propõe uma investigação de como dicionários de diferentes modalidades abordam o significado da palavra “segurança” em português e seus correspondentes no inglês “safety” e “security”. Nosso escopo é verificar se esses dicionários representam o campo semântico dessas palavras de forma a prover uma compreensão qualitativa delas e também se eles conseguem esclarecer, no caso da língua inglesa, quando podemos utilizar “safety” ou “security”.

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Os resultados mostram que, em português, os dicionários analisados recobrem de forma qualitativa o campo semântico da palavra de estudo com suas definições e exemplos contidos em suas entradas. Em inglês, porém, as análises sugerem definições imprecisas e em diversos casos, abordam a palavra “safety” e “security” como sinônimos e não esclarecem quando empregar uma ou outra. O dicionário de sinônimos CES se destaca, pois é o único que apresenta uma explicação sobre seus usos quanto à intensidade e tenta distinguir traços sêmicos dessas palavras, com exemplo, além de fornecer evidência para o entendimento.

A abordagem dicionarista das palavras selecionadas sugere inconsistências por parte das obras de referência utilizadas, com ressalva na tentativa de explicação no caso do dicionário de sinônimos (CES), embora cada uma das obras pareça suprir sua função em relação a suas especificidades. Vale ressaltar que cada tipo ou modalidade de dicionário possui propostas distintas e peculiares em sua macro e microestrutura, sendo, assim, imperativo que o consulente refine suas expectativas e pretensões de consulta e/ou pesquisa a fim de ter êxito.

Como encaminhamentos futuros, sugerimos uma pesquisa com metodologia que permita o estudo dessas palavras de forma contextualizada e em grandes volumes de textos a fim de que possam ser representativos do mapeamento de seus traços semânticos na língua portuguesa e na língua inglesa. Isso de modo a permitir que se busque a compreensão real de seu uso e propor esclarecimentos que possam ser úteis para aprendizes de inglês como língua estrangeira assim como para o problema tradutório em questão.

CRABB, G. Crabb’s English Synonyms. London: Routledge & Kegan Paul Limited,1982.

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GOOGLE, Google Tradutor, 2007, versão online 4.4.13869, Disponível em: https://translate.google.com/m/translate?hl=pt-BR (Último acesso em: 30/11/2015).

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Data de submissão: out./2016. Data de aprovação: nov./2016.

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