Exposômica: Um novo olhar para a saúde do trabalhador
e para a defesa de interesses
Rachel Novaes Gomes, PhD
Breve histórico da Higiene Ocupacional: Final do século XVIII Início do século XX Ano 460-375 aC. Hipócrates, Descreveu quadro clínico de intoxicação por chumbo em atividades de mineração Plínio, o velho, Descreve aspectos dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeira em atividades de mineração Ano 70 dC. Bernardino Ramazzini, “pai da medicina do trabalho”; descreve doenças que ocorrem
em mais de 50 profissões 1633-1714 A partir da década de 1970 HOJE EM DIA Lacuna de registros sobre saúde ocupacional/Id
ade das Trevas
Ano 70 dC 1200s Muitas contribuições científicas e o primeiro com preocupações relacionadas a ergonomia Mudança de paradigmas e surgimento das regulamentações Pós guerra: um novo olhar sobre a saúde a longo prazo Leis trabalhistas com capítulo sobre higiene e segurança do trabalho Exposições desconhecidas, novos efeitos e legislação mais restritiva
Definição:
A Higiene Ocupacional ou Industrial é a ciência que antecipa,
reconhece, controla e previne os riscos ocupacionais com
potencial para afetar, de qualquer forma, o bem-estar dos
trabalhadores.
PERIGO
Qualquer circunstância, seja caracterizada por
um agente físico, químico ou biológico, ou um
conjunto de circunstâncias, que possa causar
dano a um indivíduo
RISCO
PROBABILIDADE OU CHANCE DE UM “PERIGO”
LEVAR AO DANO
Físico
Ergonômicos
Combinação da
probabilidade e gravidade
de um determinado
evento/ “perigo” ocorrer.
RISCO = PERIGO X EXPOSIÇÃO
EXPOSIÇÃO
Contato com qualquer fator que possa ser relevante para a saúde do indivíduo, sejam fatores ambientais, biológicos ou relacionados à situação psicológica e socioeconômica,
atuando isoladamente ou em interação com fatores genéticos
Contato com substâncias que aumentam o risco de incidência de
diversas patologias, como doenças crônicas e neoplasias malignas
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL: DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS
CÂNCER
NEOPLASIA, CÂNCER, TUMOR
• Doenças caracterizadas pelo crescimento celular desordenado
• Tumores, invasão (próximo), metástase (distante)
Oncogênese
• Fatores endógenos (genéticos)
• Fatores exógenos (ambientais/ infecciosos/ ocupacional) • IARC – Agência Internacional para Pesquisa Sobre o
Câncer (OMS)
88 agentes
23 principalmente em ambientes de trabalho
13 em processos de trabalho
Mecanismos de Carcinogênese
• Substâncias Iniciadoras: causam mutações no DNA (ex: amianto)
• Substâncias Promotoras: estimulam a replicação celular (aumenta a probabilidade de mutações) - ex: níquel
Medidas restritivas de controle de exposição a substâncias carcinogênicas
AÇÕES DE CURTO PRAZO:
- Desenvolvimento de Biomarcadores mais sensíveis e específicos de exposição que antecipem o
aparecimento da doença;
- Desenvolvimento de Sensores de monitoramento ambiental de tempo real, proporcionando
medidas corretivas imediatas;
- Desenvolvimento de Programas educacionais e de conscientização dos trabalhadores sobre
prevenção e proteção no ambiente de trabalho;
- Aprimoramento de novo materiais, mais seletivos para substâncias de interesse, para o uso de
equipamentos de uso individual (EPI) e proteção coletiva (EPC);
Medidas restritivas de controle de exposição a substâncias carcinogênicas
AÇÕES DE MÉDIO/LONGO PRAZO:
- Regulamentação da substituição ou descontinuação de processo ou substância carcinogênica
por outra que apresente perigo menor;
- Prevenção da liberação dos agentes carcinogênicos nos ambientes de trabalho, como por
exemplo, os sistemas fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora, armazenamento adequado dos produtos químicos, entre outras;
- Políticas de incentivo a empresas que eliminem ou substituam substâncias de potencial
NANOTOXICOLOGIA
EFEITOS TÓXICOS DAS NANOPARTÍCULAS
SISTEMA REPRODUTOR
CARDIOVASCULAR GASTROINTESTINAL
PULMONAR
ÂMBITO REGULATÓRIO, já existem alguns documentos:
ISO/TR 27628 : NANOMATERIAS E NANOTECNOLOGIA, AMBIENTES DE TRABALHO; ISO/TR 12885 : NANOTECNOLOGIA: NANOPARTICULAS, NANOFIBRAS;
Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - IARC
– Ramos de risco:
• Indústria do alumínio
• Fabricação e reparo de calçados/ couro
• Indústria de Móveis e Marcenaria
• Tratamento do couro
• Fundição de ferro e aço
• Indústria da borracha
• (...)
Classificação IARC
Grupo
Evidências
1
É carcinogênico para humanos (105)
2AProvavelmente carcinogênico para
humanos (66)
2B
Possivelmente carcinogênico para
humanos (248)
3
Não é classificável para
carcinogenicidade em humanos (515)
4
Provavelmente
não
carcinogênico em
Câncer de cavidade nasal - fatores de exposição ocupacional
• Radiações ionizantes • Cromo VI • Níquel • Poeira de madeira • Indústria do couro • Poeiras orgânicasCâncer de pele- fatores de exposição ocupacional
• Arsênio
• Alcatrão, piche, xisto
• Radiações ionizantes
• Radiação Ultravioleta (Solar)
• Óleos Minerais lubrificantes
Leucemias- fatores de exposição ocupacional
•Benzeno
•Radiações ionizantes
•Agentes antineoplásicos
•Agrotóxicos (clorados)
Câncer de pulmão - fatores de exposição ocupacional
•Arsênio
•Asbesto (Amianto)
•Berílio
•Cádmio
•Cromo VI
•Cloreto de Vinila (PVC)
•Sílica
•Radiação ionizante
•Níquel
•Formol
•Alumínio (fundição)
•Névoa de óleos
ANTES DOS ANOS DE
1980
Poderosa
ferramenta
para avaliar variáveis
intrínsecas, extrínsecas e
suas
consequentes
interações…
Exposoma
Genoma Transcriptoma Proteoma Metaboloma Microbioma EpigenomaRepresenta toda exposição de um
indivíduo ao longo da vida (incluindo
dieta, estilo de vida e fontes endógenas)
envolvido na etiologia de doenças.
Exposoma
”The cumulative measure of environmental influences and associated biological responses throughout the lifespan, including exposures from the environment, diet,
Figura: - Exposômica: exemplo de correlação global com fatores de exposição. Adaptado de Patel e Manrai, ano
➢ A “ciência” que visa estudar a totalidade das exposições ambientais ao longo da vida de um indivíduo, incluindo fatores como dieta, estresse, estilo de vida, uso de drogas, químicos ambientais e infecções.
➢ Oferece um novo olhar para os estudos relacionados a exposição ocupacional, com base na biomonitoração, monitoramento ambiental, fatores psicossociais e qualidade de vida, trazendo uma visão mais profunda dos fatores de risco que acometem o indivíduo.
Um conceito realmente grandioso...
EXPOsOMICS Project
(http://www.exposomicsproject.eu)
Consórcio Europeu envolvendo
diferentes insituições em países
HELIX Project
(http://projecthelix.eu)
Consórcio Europeu para estabelecer o exposoma de
gestantes e parturientes e seus filhos até os 9 anos de
idade.
EXPOSOME Project
(http://www.niehs.nih.gov/research/supported/translational/peph/ podcasts/exposome/index.cfm)
Projeto financiado pelo governo Americano
atravésda agência
de Saúde (National Institute of Environmental Health Science)
PERSPECTIVAS DA HIGIENE OCUPACIONAL NA INDUSTRIA DO FUTURO
Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial é uma expressão
que engloba algumas tecnologias para automação e troca
de dados e utiliza conceitos de Sistemas ciber-físicos,
Internet das Coisas e Computação em Nuvem.
PREVISIBILIDADE DOS ACONTECIMENTOS ADVERSOS
Como deverá ser a postura do
Higienista na Industria 4.0?
ANTECIPAÇÃO COM VISÃO HOLÍSTICA DOS DESAFIOS AVALIAÇÃO MAIS AMPLA: FATORES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS
ISOLAMENTO SOCIAL – TRABALHO VIRTUAL
ESTRESSE – MUITAS HORAS AO COMPUTADOR
Rachel Novaes Gomes
Pesquisadora do CIS-HO
Produtividade e Competitividade da Indústria Segurança e Saúde do Trabalhador Oportunidade de Mercado
▪ Mais empresas atendidas ▪ Mais serviços por empresa Melhoria de estilo de vida (IGEV)
Redução de acidentes, doenças e fatores de
riscos(Métricas para SST)
▪ Redução do absenteísmo
▪ Redução de custos com saúde
INOVAR EM SEGURANÇA E SAÚDE É DESENVOLVER
NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS QUE TENHAM
POTENCIAL DE ESCALA E GEREM IMPACTOS
POSITIVOS MENSURÁVEIS NOS AMBIENTES INDUSTRIAIS
E NOS TRABALHADORES
Para o SESI…..
NOVIDADE ESCALA IMPACTOINOVAÇÃO
Linhas de Pesquisa
Desenvolvimento de metodologia para avaliação clínica em processos admissionais de trabalhadores envolvidos em atividades de risco
Ex:
- Desenvolvimento de biomarcadores moleculares e bioquímicos para avaliar
pré-disposição a doenças crônicas e ocupacionais.
- Desenvolvimento de métodos analíticos para diagnóstico de uso de drogas de
abuso.
Linhas de Pesquisa
Desenvolvimento de métodos preditivos para análise de doenças ocupacionais e doenças do trabalho através do uso de biomarcadores
miRNA
+ +
- - - +
coleta
Linhas de Pesquisa
Desenvolvimento e otimização de métodos de amostragem em higiene ocupacional
Ex: Desenvolvimento de sensores de alta sensibilidade a base de
nanomateriais para detecção de VOCs (Benzeno, Formaldeído)
Linhas de Pesquisa
Desenvolvimento e otimização de marcadores biológicos e moleculares de exposição a agentes físicos, químicos e biológicos
Ex: Biomarcador para avaliação de exposição ao benzeno através
da análise multiplex de 18 AM e microRNA
Linhas de Pesquisa
Processos e materiais para a redução ou eliminação de compostos químicos de importância para a toxicologia ocupacional
Linhas de Pesquisa
Avaliação de risco ocupacional da exposição a agentes químicos
Ex: Possibilidade de colaboração com outros regionais ou CRs.
Observamos alinhamento com o CR de Econometria da Saúde (CE)
Identificação do risco, avaliação de toxicidade, avaliação do risco
ocupacional, medidas preventivas e de remediação, etc...
Desenvolvimento de novas tecnologias para mitigar a exposição ao formaldeído em plantas industriais do segmento químico.
1.
Desenvolvimento de novas metodologias de amostragem e de avaliação da exposição ao benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno (BTEX) através de biomarcadores baseados na quantificação de ácidos mercaptúricos e de miRNA. 2.
Inovação das técnicas de monitoramento e criação de instrumentos para redução da exposição ocupacional a fumos metálicos na indústria metalúrgica e afins.
3.
Bomba de amostragem pessoal (não-invasivo) miRNA Sangue Urina Análise de metais Análise de metabólitos Análise de formaldeído Análise de BTEX Análise de metais
Parceiro indústria:
Overview
103 106 109
Crescimento bacteriano
Inóculo (20 mL por vaso) por pulverização 2 dias depois Formaldeído 37% -20ppm por câmera 12 horas incubação Extração de RNA Análise e amplificação da
região 16S rRNA- real time
PCR
Análise da fitoremediaçção por Cromatografia gasosa
Desenho experimental:
Criação do Protótipo:
Consórcio de Nanotecnologia
Grafenos
funcionalizados
Titanatos
Carbonos Grafíticos
Fe/Ni
Formaldeído
Benzeno
Fumos metálicos
UERJProf. José Brant Thatiana (Mestrando) PUC - RIO PhD. Eric Romani SENAI SOLDA PhD. Suzana Peripolli UFF
Prof. Juan Lucas Nachez
UFRRJ – Pesquisador Visitante
Prof. José Carlos Ferreira
PUC – RIO
Prof. Roberto Avillez Prof. Cecília Vilani Thiago (Mestrando)
Equipe ISI Higiene Ocupacional
- 5 doutores
- 4 mestres
- 3 técnicos dedicados
- 2 estagiários dedicados
- 3 técnicos compartilhados
Instituições com cooperação Técnica
- IST SOLDA (2 doutores)
- PUC – RIO (3 doutores)
- UERJ (1 doutor)
- UFRRJ (1 doutor)
- UFF (1 doutor)
- INMETRO (1 doutor)
4 Mestrandos
PUC – RIO
UERJ
(1 mestrando UNIRIO)
Alunos de pós-graduação
Equipe IST Ambiental
Equipe ISI Química
Verde
Trabalho em Rede
CR Higiene Ocupacional
Departamentos
Regionais
Centros de
Referência
Predição de Riscos Ergonômicos Ocupacionais:
Avaliação de Biomarcadores
Ergonomia é a ciência que trata da adaptação dos sistemas e
artefatos tecnológicos às características humanas, com o
objetivo de gerar saúde, segurança e bem-estar do trabalhador,
aumentando sua eficiência e produtividade.
Ergonomia na Indústria
Melhoria das interfaces dos sistemas homens-tarefas; Melhoria das condições ambientais de trabalho; Melhoria das condições organizacionais de trabalho;
Melhor Case em Ergonomia -Prêmio Proteção Brasil
Desenvolvimento de dispositivo especial diminui o esforço e o desconforto em
serviços de manutenção
Eletrobras Eletronorte - Tucuruí/PA
Desenvolvimento de móveis escolares com a mais perfeita ergonomia
Causas de Absenteísmo
As doenças enquadradas neste grupo compreendem uma heterogeneidade de distúrbios funcionais e/ou orgânicos,
que manifestam em seu portador sintomas comuns, muitas vezes inespecíficos como:
✓ Fadiga Muscular;
✓ Dor;
✓ Sensação de peso;
✓ Mal estar;
✓ Processos inflamatórios em tendões e ligamentos;
Sinais de Alarme
✓
repetitividade de erros cometidos em uma tarefa;
✓
as baixas na produtividade e na qualidade da
performance do operador;
✓
aumento do índice de retrabalhos;
✓
incidentes de trabalho;
Jeremy Sokolove and Christin M. Lepus. Ther Adv Musculoskel Dis, 5(2), 77–94, 2013.
Trauma comum ou Uso repetitivo
Alteração da biomecânica, instabilidade e dano tecidual
Biomarcadores
Biomarcadores Biomarcadores
BIOMARCADORES OU INDICADORES BIOLÓGICOS
✓ Os Biomarcadores são moléculas ou metabolitos que podem ser detectados e medidos em diferentes partes do corpo, como o sangue ou tecidos biológicos característicos.
✓ Eles podem indicar processos normais ou patológicos no corpo, dependendo dos níveis de detecção.
BIOMARCADORES OU INDICADORES BIOLÓGICOS
Células
Proteínas Hormônios
Genes
O ASSASINO SECRETO
OBJETIVO: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES PARA PREDIÇÃO DE
DOENÇAS OSTEOMUSCULALES RELACIONADAS AO TRABALHO –
DORT
BIOMARCADORES Substância P COMP (*) (gene) MMP-1 (**) (gene IL-1 TNF CCR2 CK-MM (creatina quinase fração MM) Ácido-D-láctico
(*) – gene que codifica a Proteína da matriz oligomérica da cartilagem; (**)- gene que codifica proteína metaloproteinase-1 de matriz ou colagenase;
EXPOSÔMICA HUMANA
ESTILO DE VIDA + GENÉTICA = SAÚDE
Dieta/Nutrientes Atividade Física Produtos Consumidos Gestão do Estresse Sono/Recuperação Escolhas Estilo de Vida
Genética Status Saúde Ambiente Poluição Interação Social Exposição Química Poluição Clima
Obrigada!!!
rngomes@firjan.com.br
plataforma nacional de soluções inovadoras
-http://inovacaosesi.org.br/
Livro:
Inovação para a saúde, qualidade de vida e segurança nas empresas brasileiras - volume 6 da ABQV