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InfoEmagis em Pauta Informativo STJ 578. Rodada 1. Prof. Felipe Cadete. Terceira Turma

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Academic year: 2021

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Rodada 1.

Prof. Felipe Cadete

Terceira Turma

DIREITO CIVIL. TERMO FINAL DE PENSÃO MENSAL POR ATO ILÍCITO COM RESULTADO MORTE.

O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima. Na jurisprudência nacional, é assente o entendimento de que, nos casos em que há acidente com morte, cabe, como forma de reparar o dano material sofrido, entre outras medidas, a fixação de pensão mensal a ser paga ao dependente econômico da vítima. Nos casos em que a vítima é jovem, a orientação do STJ é a de que referida obrigação deve perdurar até a data em que a vítima vier a atingir a idade correspondente à expectativa média de vida do brasileiro na data do óbito (REsp 1.201.244-RJ, Terceira Turma, DJe 13/5/2015; REsp 1.325.034-SP, Terceira Turma, DJe 11/5/2015; AgRg nos EDcl no AREsp 119.035-RJ, Quarta Turma, DJe 19/2/2015; e AgRg nos EDcl no REsp 1.351.679-PR, Quarta Turma, DJe 16/10/2014). No entanto, este mesmo critério não pode ser utilizado como forma de obstar o direito daquele que é dependente econômico de vítima cuja idade era superior à expectativa média de vida do brasileiro na data do falecimento, na medida em que representaria a adoção do entendimento segundo o qual, quando a vítima tivesse superado a expectativa média de vida do brasileiro, o seu dependente econômico direto simplesmente não teria direito ao ressarcimento material representado pelo pensionamento, o que não seria razoável. O direito à pensão mensal surge exatamente da necessidade de reparação por dano material decorrente da perda de ente familiar que contribuía com o sustento de quem era economicamente dependente até o momento do óbito. Nesse contexto, o fato de a vítima já ter ultrapassado a idade correspondente à expectativa média de vida do brasileiro, por si só, não é óbice ao

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deferimento do benefício, pois muitos são os casos em que referida faixa etária é ultrapassada. Por isso, é conveniente a utilização da tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade correspondente ao gênero da vítima) do IBGE em vigência na data do óbito para melhor valorar a expectativa de vida da vítima e, consequentemente, para fixar o termo final da pensão. REsp 1.311.402-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/2/2016, DJe 7/3/2016.

Comentários.

A questão envolve a indenização por danos materiais por homicídio, mais especificamente os lucros cessantes, que se expressam na forma de alimentos por (causa de) ato ilícito ou pensão civil, que tem por fundamento o inciso II do art. 948 do CC (por oportuno, é bom lembrar que o inciso I se refere ao dano emergente, que, entretanto, não é objeto do presente julgado):

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

A doutrina costuma chamar este dano por morte como indenização ricochete ou reflexa. A razão do nome é que a indenização não é pleiteada por aquele que diretamente sofreu o dano (que inclusive falece no homicídio), mas por pessoas ligadas à vítima (em regra parentes ou consorte) que também sofrem um dano indireto. A respeito do tema confira-se o Enunciado 560 do VI Jornada de Direito Civil do CJF: “No plano patrimonial, a manifestação do dano reflexo ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. 948 do Código Civil.”.

Ainda sobre o tema pensão civil, o fato de a vítima morta não trabalhar efetivamente quando do homicídio por ser jovem e economicamente inativa não é fato obstativo ao direito à pensão, como consta da Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.”.

Pois bem, o presente julgado nada mais fez que uma interpretação a simili da Súmula 491, para indicar que o fato da vítima ser muito velha igualmente não é óbice à pensão civil.

O caso concreto tratava de uma vítima de acidente automobilística bastante idosa, que inclusive já havia superado a expectativa de vida média dos brasileiros. Isso levou o STJ a fazer um distinguishing em relação à sua tradicional jurisprudência acerca do termo final da pensão civil, que usa em regra a hipotética sobrevida da vítima:

(...)

DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO MENSAL EM BENEFÍCIO DA GENITORA DA VÍTIMA. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. PRESCINDIBILIDADE DA PROVA DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA PELO MENOR. 4. Consoante a jurisprudência desta Corte, a pensão mensal em tal situação deve ser fixada no patamar de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, desde os 14 anos de idade

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da vítima (data em que o direito laboral admite o contrato de trabalho), devendo ser reduzida para 1/3 (um terço) do salário após a data em que esta completaria 25 anos (quando possivelmente constituiria família própria, reduzindo a sua colaboração no lar primitivo), perdurando tal obrigação até a data em que a vítima atingiria idade correspondente à expectativa média de vida do brasileiro, prevista na data do óbito, segundo a tabela do IBGE, ou até o falecimento dos eventuais beneficiários, se tal fato ocorrer primeiro.

(REsp 1201244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 13/05/2015)

Como corretamente entendeu o STJ, tal critério não poderia ser utilizado quando a vítima já detinha idade superior à expectativa média de vida do brasileiro na data do homicídio.

Isto porque o fato gerador da pensão civil surge exatamente da necessidade de reparação por dano material (art. 948, II) através de alimentos no intuito de reparar a perda de ente familiar que contribuía com o sustento de quem era economicamente dependente até o momento do óbito.

O critério encontrado fora de os alimentos por ato ilícito serão devidos até a data em que a vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-se o gênero e a idade da vítima.

Prof. Bernardo Lima

Corte Especial

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PRAZO

DECADENCIAL PARA IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA REDUÇÃO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO.

O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês. A citada redução, ao revés da supressão de vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois não equivale à negação do próprio fundo de direito. Assim, o prazo decadencial para se impetrar a ação mandamental renova-se mês a mês. Precedente citado: AgRg no REsp 1.211.840-MS, Segunda Turma, DJe 6/2/2015. EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015, DJe 25/2/2016.

Comentários.

Primeiramente, devemos lembrar que a Lei nº 12.016/09, a qual regulamenta a ação de mandado de segurança, fixa um prazo decadencial para que a pessoa que entenda ter tido seu direito líquido e certo violado por ato ilegal ou abusivo de autoridade pública ingresse com a ação mandamental, verbis:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

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Por outro lado, importante também frisar que o Supremo Tribunal Federal já sedimentou seu entendimento no sentido de que a fixação de tal prazo decadencial pela legislação ordinária não fere a Constituição Federal, conforme se infere do seguinte enunciado sumular:

Súmula STF nº 632. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança.

Fixadas as premissas acima, tem-se que a questão posta perante o STJ para solução no caso em apreço pode ser resumida da seguinte forma: em havendo redução de vantagem pecuniária integrante de vencimento de servidor público ou de provento de benefício previdenciário, o termo inicial da contagem do prazo decadencial de 120 dias para o prejudicado impetrar mandado de segurança contra esse ato conta-se da primeira redução realizada pela Administração Pública ou esse prazo renova-se mês a mês, a cada nova redução?

Em suma, o STJ decidiu que, no caso, tratando-se de relação de trato sucessivo, a prática do suposto ato ilegal ou abusivo é renovada a cada pagamento feito a menor, mês a mês, de modo que o início do prazo decadencial também, por força de consequência, volta a iniciar-se a cada novo desconto.

Segundo a Corte, a situação seria diferente caso, ao invés da redução da vantagem, houvesse ocorrido sua completa supressão, pois, nessa última hipótese, teria havido a própria negativa do fundo do direito, de modo que o aludido prazo decadencial iniciar-se-ia desde então uma única vez.

Corte Especial

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EFEITOS FINANCEIROS DA CONCESSÃO DE ORDEM MANDAMENTAL CONTRA ATO DE REDUÇÃO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO.

Em mandado de segurança impetrado contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público, os efeitos financeiros da concessão da ordem retroagem à data do ato impugnado. Não se desconhece a orientação das Súmulas n. 269 e 271 do STF, à luz das quais caberia à parte impetrante, após o trânsito em julgado da sentença mandamental concessiva, ajuizar nova demanda de natureza condenatória para reivindicar os valores vencidos em data anterior à impetração do mandado de segurança. Essa exigência, contudo, não apresenta nenhuma utilidade prática e atenta contra os princípios da justiça, da efetividade processual, da celeridade e da razoável duração do processo. Ademais, essa imposição estimula demandas desnecessárias e que movimentam a máquina judiciária, de modo a consumir tempo e recursos de forma completamente inútil, e enseja inclusive a fixação de honorários sucumbenciais, em ação que já se sabe destinada à procedência. Corroborando esse entendimento, o STJ firmou a orientação de que, nas hipóteses em que o servidor público deixa de auferir seus vencimentos ou parte deles em razão de ato ilegal ou abusivo do Poder Público, os efeitos financeiros da concessão de ordem mandamental devem retroagir à data do ato impugnado, violador do direito líquido e certo do impetrante. Isso porque os efeitos patrimoniais são mera consequência da anulação do ato impugnado que reduz o valor de vantagem nos proventos ou remuneração do impetrante (MS 12.397-DF, Terceira Seção, DJe

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16/6/2008). Precedentes citados: EDcl no REsp 1.236.588-SP, Segunda Turma, DJe 10/5/2011; e AgRg no REsp 1.090.572-DF, Quinta Turma, DJe 1º/6/2009. EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015, DJe 25/2/2016.

Comentários.

Nesse segundo julgado, decidiu o STJ que na referida hipótese (impetração de MS contra redução de vantagem de remuneração ou proventos de servidor), os efeitos financeiros devem retroagir à data da edição do ato impugnado. Isso porque a retroação dos efeitos patrimoniais constituiria decorrência lógica e necessária da anulação do ato impugnado que reduziu o valor de vantagem.

Afirmou o STJ que a exigência de que o impetrante proponha nova ação de cobrança para reaver os valores pretéritos “não apresenta nenhuma utilidade prática e atenta contra os princípios da justiça, da efetividade processual, da celeridade e da razoável duração do processo”, além do que representa estímulo ao ajuizamento de demandas desnecessárias, consumindo “tempo e recursos de forma completamente inútil”. O ponto que merece maior destaque na presente decisão consiste no fato de ter ela afastado o entendimento há muito consolidado no sentido de que a ação mandamental não pode gerar efeitos financeiros retroativos, orientação jurisprudencial essa cristalizada nas Súmulas nºs 269 e 271 do Supremo Tribunal Federal, a ver:

Súmula STF nº 269. O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Súmula STF nº 271. Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.

Deve o aluno, então, tomar bastante cuidado ao ler a conclusão deste julgamento para não apensar ser esta a posição majoritária e prevalecente. Na verdade, como se disse, ela vai em sentido contrário à jurisprudência consolidada da Suprema Corte, razão pela qual poderá ser objeto de questionamento perante o STF.

Prof. Gabriel Brum

Terceira Seção

DIREITO PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL NA HIPÓTESE EM QUE A QUESTÃO ATACADA TAMBÉM TENHA SIDO ENFRENTADA PELO STF EM HC.

O julgamento pelo STF de HC impetrado contra decisão proferida em recurso especial não afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior revisão criminal. Inicialmente, destaca-se que não pode subsistir o recente posicionamento adotado pela Terceira Seção do STJ, no sentido de ser inviável que o STJ, ao julgar revisão criminal, revise questão por ele decidida que também fora enfrentada pelo STF em HC (AgRg na RvCr 2.253-RJ, DJe 28/4/2014). Isso porque a perpetuidade desse entendimento significaria obstáculo intransponível ao manejo de

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revisão criminal nessas hipóteses. De fato, quando o STJ julga determinada questão em recurso especial, afasta-se a competência do Tribunal de origem para o processamento e julgamento de revisão criminal quanto ao tema, competência que passa a ser exercida pelo Tribunal Superior. Ademais, compete ao STF processar e julgar, originariamente, a revisão criminal de seus julgados (art. 102, I, "j", da CF), sendo que, no Regimento Interno desse Tribunal, existe a previsão de se admitir a revisão criminal dos processos findos cuja condenação tenha sido proferida ou mantida no julgamento de ação penal originária, recurso criminal ordinário (art. 263) ou, se o fundamento coincidir com a questão federal apreciada, recurso extraordinário (art. 263, § 1º). Assim, o STF não seria competente para o julgamento de revisão criminal proposta contra julgado proferido em HC. O que, aliás, já foi reconhecido pela própria Suprema Corte, por ocasião da apreciação da RvC 5.448-MG (DJe 2/10/2015) e da RvC 5.426-DF (DJe 15/2/2011). Portanto, desde que observados os demais requisitos, conclui-se que o fato de a questão haver sido julgada pelo STF em HC não afasta a possibilidade de que seja apresentada no STJ a revisão criminal. RvCr 2.877-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 25/2/2016, DJe 10/3/2016. Comentários.

Interessante o precedente ora em análise, burilado pela 3ª Seção do STJ.

Sua relevância maior nasce da constatação de que, com ele, assistiu-se a superação de entendimento outrora adotado pela mesma 3ª Seção, e cuja lembrança deve ser feita através da seguinte ementa:

AGRAVO REGIMENTAL. REVISÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS.

SEGUIMENTO NEGADO. USO DE DOCUMENTO FALSO. ESTELIONATO. DOSIMETRIA.

CONCURSO FORMAL. QUESTÃO SUBMETIDA AO STF. NOVO EXAME. IMPOSSIBILIDADE.

1. Inviável o pedido de revisão criminal, tendo em vista que a matéria já foi submetida à Suprema Corte pela defesa e enfrentada no julgamento do HC n. 114.552/RJ.

2. Ausente a demonstração de quaisquer das hipóteses previstas para o cabimento da revisão criminal, tendo o requerente manifestado apenas o inconformismo com o critério utilizado na fixação da pena.

3. Inviabilidade da pretensão, ante a observância do princípio da non reformatio in pejus.

4. Agravo regimental improvido.

(AgRg na RvCr 2.253/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/04/2014, DJe 28/04/2014)

Vejamos o caso concreto em análise, para extrair do julgado ora comentado todos os pontos importantes nele envolvidos.

A ré fora condenada em primeira instância pelos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica e estelionato, à pena de 16 anos e 5 meses de reclusão, condenação essa mantida à unanimidade pelo TRF da 5ª Região.

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Em recurso especial interposto pela defesa, o STJ declarou extinta a punibilidade em relação aos crimes de estelionato e de falsidade ideológica, em razão da prescrição da pretensão punitiva, mantendo, no entanto, a condenação pelo crime de corrupção passiva, que transitou em julgado.

Na revisão criminal em análise, a defesa questionou a dosimetria da pena e o regime inicial de cumprimento.

Inicialmente, sobre a questão atinente ao regime inicial de cumprimento da pena, a 3ª Seção não conheceu do pedido revisional, porque a questão não havia sido expressamente decidida pelo STJ, no julgamento do recurso especial. Nesse aspecto, note-se que a competência do tribunal para a revisão criminal somente desponta em relação aos tópicos que efetivamente foram por ele decididos (RISTJ, art. 240), algo não verificado, in casu, no que tange ao regime inicial de cumprimento da pena.

Quanto ao mais, registrou-se que, contra o julgamento do recurso especial, a defesa havia impetrado habeas corpus perante o Supremo Tribunal Federal para discutir a dosimetria da pena, e o Excelso Pretório efetivamente conheceu das questões suscitadas, negando, contudo, a ocorrência de ilegalidade.

Fosse o caso de aplicar-se o entendimento exarado no referido precedente (AgRg na RvCr 2.253), não se deveria conhecer dessa questão na revisão criminal ajuizada perante o STJ. O problema, porém, é que, se esse entendimento fosse mantido, na prática a defesa não teria à sua disposição o manejo da revisão criminal. Vejamos. O STF entende que não é da sua competência processar e julgar revisão criminal de questão meramente decidida em habeas corpus lá impetrado. É essa a sua jurisprudência. Aliás, o seu próprio Regimento Interno espelha, a contrario sensu, essa linha de orientação, ao prever que se admite a revisão criminal dos processos findos cuja condenação tenha sido proferida ou mantida no julgamento de ação penal originária ou recurso criminal ordinário (RISTF, art. 263), ou no julgamento de recurso extraordinário, se o fundamento coincidir com a questão federal apreciada (RISTF, art. 263, § 1º). Não se prevê a competência do STF, como se percebe, para revisão criminal relativa a pontos que foram enfrentados meramente no âmbito de habeas corpus lá impetrado.

Desse modo, a prevalecer o entendimento anterior da 3ª Seção do STJ (AgRg na RvCr 2.253), a defesa não poderia ajuizar a revisão criminal nem no STJ, nem no STF; e tampouco haveria a possibilidade de fazê-lo perante o Tribunal de segunda instância, porque, no raciocínio esboçado, o STJ deixaria de conhecer da questão na ação revisional porque o STF a teria conhecido em julgamento de habeas corpus, mas o próprio STJ, não fosse esse obstáculo, dela conheceria na revisão criminal porque efetivamente havia deliberado sobre o ponto no bojo de recurso especial interposto na demanda primeva. Portanto, com esse novo e relevante posicionamento da 3ª Seção, o fato de o STF ter conhecido da mesma questão em sede de habeas corpus e sobre ela emitido decisão não afasta a competência do STJ para processar e julgar ações de revisão criminal, quando efetivamente, repise-se, esse Tribunal da Cidadania tenha sobre ela emitido decisão.

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