A
proximidade das eleições presidenciais no Brasil fez o futebol começar a virar palco para manifestações partidárias, algo que não se via acontecer havia algumas décadas dentro do país. E essas manifestações geraram bastante polêmica para atletas e clubes envolvidos nas discussões.O jogador do Palmeiras Felipe Melo foi o primeiro a acirrar o ânimo nas redes sociais depois de dedicar o gol marcado contra o Bahia ao candidato à presidência Jair Bolsonaro, chamado por ele de “nosso futuro presidente”. A declaração gerou revolta entre torcedores que não apoiam o candidato. Muitos palmeirenses recla-maram que ele usou o poder midiático do clube para fazer campanha a Bolsonaro, desrespeitando os torcedores do clube que não apoiam o candidato.
O B O L E T I M D O M A R K E T I N G E S P O R T I V O
DO
POR REDAÇÃO
Clima político aquece
e interfere no futebol
1
N Ú M E R O D O D I A
de libras foi o faturamento do Manchester City no último ano, o maior da história do clube inglês, que lucrou 10 mi de libras
500
mi
O caso, porém, ficou restrito a debates nas redes sociais, uma vez que o Palmei-ras não se manifestou publicamente sobre as declarações do atleta, que foi exal-tado pelos filhos de Bolsonaro nas redes sociais. Em várias outras ocasiões Melo já declarou apoio ao candidato, inclusive em vídeos com ele dentro do Palmeiras.
A situação que se tornou pública, porém, envolveu o Atlético-MG, que repu-diou publicamente cântico homofóbico entoado por sua torcida durante o clássico contra o Cruzeiro e que envolveu também Bolsonaro. No intervalo do jogo, os torcedores cantaram “Cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar veado”.
Horas após a partida, o Atlético soltou uma nota oficial repudiando qualquer atitude preconceituosa. O clube lembrou que é um “time de todos”, numa crítica ao grito da torcida. Além disso, foi replicado um vídeo produzido em 23 de agosto passado, exaltando que o clube é aberto a todas as pessoas. Se, antes, o vídeo tinha pouco mais de 4 mil visualizações, após a publicação da noite de ontem, a audiência foi para mais de 350 mil visualizações, nas somas de Twitter e Facebook.
A proximidade do primeiro turno das eleições e a indefinição do cenário político levaram até para o exterior o debate envolvendo futebol e política. Na semana passada, o atacante Lucas Moura, do Tottenham, foi duramente criticado na Ingla-terra por também declarar apoio a Bolsonaro. As declarações preconceituosas do candidato de extrema direita foram relembradas pela mídia e por torcedores para criticar a escolha de Lucas. O Tottenham é um clube que historicamente sempre se posicionou ao lado de minorias e de causas em favor do fim do preconceito. Após o caso, o clube tratou de “blindar” o atleta das críticas dos mais fanáticos.
I M A G E M D A S E M A N A
FRANCÊS TEM
TORCIDA NA
BANHEIRA EM
ESTÁDIO
O Caen, da França,
fez uma ação para
o jogo contra o
Lyon, no sábado,
em que um casal
viu o empate por
2 a 2 de dentro de
uma banheira de
hidromassagem na
beira do gramado;
a empresa de
massagem Thalazur
patrocinou a ação
O P I N I Ã O
Rodada mostra os
limites da política
E
m fevereiro deste ano, uma coluna do apresentador da Globo Tiago
Lei-fert na revista GQ gerou polêmica pela crítica feita por ele às
manifesta-ções políticas no esporte. Oito meses depois, a rodada do Campeonato
Brasileiro mostra que a discussão deve ser levada a sério pelo segmento.
Há uma certa unanimidade que o afastamento entre política e esporte é um
mo-vimento conservador e que pouco tem a ver com a História do próprio esporte. Ao
longo do século, diversas questões foram levantadas e debatidas graças a manifestações
de times, atletas e torcedores ao redor do mundo.
Mas o limite é claro: quando a manifestação deixa de ser política para ser
partidá-ria. Nesse caso, parece não ser o papel do esporte servir de palanque. Infelizmente foi
o que aconteceu no Brasil no fim de semana, durante o Brasileirão.
O volante do Palmeiras Felipe Melo
tomou a libertada de dedicar seu gol ao
“futuro presidente Jair Bolsonaro”. O
pre-sidenciável, com posições no mínimo
po-lêmicas, ganhou mais manifestações com
o seu nome: “Cruzeirense, toma cuidado,
o Bolsonaro vai matar veado”, gritou parte
da torcida do Atlético Mineiro.
Obviamente, a indústria do esporte
não pode se prestar a ser porta-voz desse
tipo de mensagem. Assim como não
po-deria ser amplificador de mensagens de
“Lula livre” ou coisa do tipo. Gritos partidários destoam do contexto esportivo.
O curioso é que existe um tratamento que não é igual dentro do esporte. Basta
lembrar que neste ano o Corinthians foi impedido de jogar com a palavra
“Democra-cia” no uniforme durante a Libertadores. Foi entendido que isso seria uma
manifesta-ção política dentro do torneio que tem o nome de Libertadores da América.
Nos Estados Unidos, algo surreal tem acontecido há dois anos: a repressão a
ma-nifestações contra o racismo. Sob a justificativa calhorda de desrespeito ao hino
nacio-nal, atos de jogadores negros têm sofrido pressão direta do presidente Donald Trump.
Historicamente, a política tem muita relação com o esporte, mas como elemento
de ruptura. É com o esporte que alguns grupos com menos voz conseguem gritar para
o mundo, e isso é uma das coisas mais espetaculares desse segmento.
Apoio partidário, por outro lado, abre caminho para suporte a discursos que
deveriam ficar distante do esporte. Não é fácil medir o que deve ser permitido, mas
afastar a figura do político do esporte parece um caminho mais simples para isso.
Esporte precisa entender a diferença
que existe entre manifestação política
de uma manifestação partidária
POR DUDA LOPES
Uefa quer serviço
de streaming para
‘completar’ TV
A Liga de Basquete da Austrália
(NBL) viveu uma situação
inus-itada após receber um calote de um
patrocinador. A liga, agora, é sócia
da empresa de energia renovável
Pa-thion, após decisão da Justiça que
condenava a empresa a pagar US$
720 mil para a liga pelo patrocínio.
Fundada nos Estados Unidos, a
Pathion da Austrália foi à falência
e deixou de fazer os pagamentos
à Liga. Agora, para compensar a
dívida, a empresa decidiu tornar a
NBL acionista da companhia até o
instante em que a Pathion consiga
levantar US$ 30 milhões em
inves-timento de fundos privados.
O patrocínio havia sido assinado
em novembro do ano passado.
C A L O T E FA Z
L I G A V I R A R
S Ó C I A D E E X
-PAT R O C I N A D O R
Além do lançamento de um
ser-viço de streaming, a Uefa quer inserir
o e-Sports no calendário de
com-petições da entidade. A ideia é que, já
na Euro 2020, seja implementado o
campeonato. Atualmente, a entidade
realiza um chamamento público de
oferta para interessados em criar o
game e ainda a competição.
A ideia da Uefa é que uma empresa
seja declarada vencedora dessa
concor-rência no próximo mês de outubro. O
modelo de evento é o feito pela Fifa.
E N T I D A D E
P L A N E J A
E - S P O R T S N A
E U R O D E 2 0 2 0
POR REDAÇÃO
A Uefa terá uma plataforma de streaming própria e a usará para aumentar a visibilidade de categorias como o futebol feminino e o futsal. Em entrevista ao site Palco 23, Guy-Lau-rent Epstein, diretor de marketing da Uefa, detalhou o plano. “Vamos criar nosso próprio OTT (streaming) para comple-mentar a TV paga. Ele ainda não está pronto, mas estamos construindo nossa própria plataforma OTT para realmente ir além do conteúdo atual”, afirmou o executivo.
De acordo com a publicação, a Uefa acredita que as trans-missões ao vivo de curto e médio prazo das principais com-petições (Liga dos Campeões e Liga Europa) permanecerão nas mãos das emissoras de televisão, responsáveis por “en-gordar” a receita da entidade com a compra dos direitos.
“Nós não queremos competir com elas (as emissoras de TV), mas aproveitar a ampla oferta de conteúdo que temos, como resumos, imagens dos bastidores e competições de futsal, futebol feminino e de categorias de base, cujas trans-missões geralmente não têm a mesma visibilidade que os torneios masculinos. Além disso, serviria para ajudar as 55 federações da Uefa a aumentarem suas visibilidades”, disse.
Além disso, ainda há mais um objetivo embutido na estra-tégia: adaptar a Uefa ao “novo” ambiente digital.
“Há aumento da concorrência para capturar a atenção do público com ligas domésticas de outros esportes e novos serviços como Netflix. O panorama da mídia evoluiu muito e gera oportunidades para oferecer conteúdo relevante”.
O
primeiro maratonista a correr abaixo de 2h. Nos últimos anos, Adidas e Nike travam um duelo velado em busca desse recorde. No domingo, a empresa americana deu um importante passo em busca da marca, de-pois que o queniano Eliud Kipchoge correu em 2h01min39s a Maratona de Berlim.Kipchoge baixou em 1min18s o antigo recorde mundial da maratona, estabele-cido pelo compatriota Dennis Kimetto em 2016, também em Berlim, na primeira vez que um atleta cruzou uma maratona abaixo do tempo de 2h03min. Kimetto, não por acaso, é um dos principais nomes da Adidas na corrida de longa distância.
Desde 1967 não havia uma redução de tempo tão grande numa quebra de re-corde da maratona. Naquela ocasião, Derek Clayton baixou em 2min23s a marca. Mais do que a quebra do recorde, a vitória de Kipchoge coroa o projeto da Nike com o queniano. Ele foi o escolhido pela empresa para liderar o Breaking2, nome dado ao desafio de correr a distância de uma maratona em menos de 2h. A Adidas tem projeto similar, mas nunca tornou público seus planos para atingir essa marca. “Na Nike, a gente não espera que os sonhos se tornem realidade. A gente traba-lha para alcançar o futuro mais rápido, reescrevendo a história e as possibilidades do potencial humano ao mesmo tempo”, afirmou a empresa ao anunciar o desafio. Em setembro do ano passado, a Nike alugou o autódromo de Monza, na Itália, contratou atletas para fazerem o papel de “coelho”, ditando o ritmo das passadas, e usou até mesmo um carro-madrinha para fazer vácuo e permitir a aceleração de Kipchoge, que finalizou a distância no tempo de 2h00min25s. Pelo que se viu em Berlim no último domingo, a barreira das 2h não é mais um sonho tão impossível.
Recorde vira trunfo da
Nike sobre Adidas
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