CCNEXT - Revista de Extensão, Santa Maria v.3 - n.Ed. Especial XII EIE- Encontro sobre Investigação na Escola , 2016, p. 1059– 1063 Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM
IISSN on-line: 2179-4588
A construção dos saberes no cotidiano da sala de aula
Késia Cardoso Corrêa e Tatiane Suita Machado kesiac@yahoo.com.br; tati-suita@hotmail.com
Resumo
Este trabalho procura relatar algumas das experiências vividas a partir da inserção em uma Escola Municipal Cidade do Rio Grande – CAIC, em uma turma de 1° ano, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID no subprojeto Pedagogia.
Desta forma, nossa intenção inicial em sala de aula era conhecer as crianças, no começo trouxemos algumas dinâmicas como formas de aproximação e interação, a partir disso surgiram novas possibilidades, assim, utilizamos brincadeiras, canções de roda, poesias, oportunizando as crianças de aprimorarem suas habilidades através da ludicidade e a musicalidade, favorecendo se trabalhar, entre elas o
ritmo, o equilíbrio, a coordenação motora, a expressão, a relação com o tempo, com o espaço, a contagem, a sequência entre outras. Visto que a partir das diferentes linguagens, se buscou valorizar a diversidade como um todo, valorizando o que cada criança traz.
Possibilitou-nos ir construindo saberes no cotidiano escolar. Palavras chave: Educação, Infância, Ludicidade.
1.
Apresentação
Ao relatar nossas vivências, consideramos que através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência- PIBID, sendo uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica, dessa maneira, se promove a inclusão dos estudantes no contexto das escolas públicas. Nessa direção, oportuniza vivências no cotidiano da escola bem como, o desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas, com as crianças. Desta forma nos oportunizou está inserido em uma escola de educação básica, denominada Escola Municipal Cidade do Rio Grande-CAIC, onde iniciamos um trabalho junto às turmas do 1º ano e às professoras regentes, auxiliando-as noaprendizado e desenvolvimento das crianças. Também, tivemos a possibilidade de atuar em sala de aula uma vez por semana, momento em que o professor participava da formação continuada.
Onde buscamos não somente a experiência e a prática em sala de aula, mas também procuramos compreender as especificidades da turma para realizarmos um trabalho em conjunto com a professora regente e as crianças. Tendo essa perspectiva como horizonte, contaremos um pouco dessa trajetória como pibidianas e nossa inserção em sala de aula discutindo sobre os saberes que estamos construindo através do cotidiano na instituição.
2.
Conhecendo as crianças
Para conhecermos a escola e as turmas de 1° anos, utilizamos formas de aproximação e de interação com as crianças. Assim, propusemosalgumas dinâmicas e brincadeiras como à teia de aranha e a cabra-cega. Estas duas dinâmicas foram feitas com o intuito de que se buscasse o entrosamento, a aproximação entre os alunos.
No nosso primeiro dia de aula com as crianças, utilizamos a dinâmica teia de aranha, formamos uma roda e com o novelo de lã, solicitamos que as crianças fossem jogando para o colega, desejando um sentimento (paz, amor, respeito); em um segundo momento questionamos o que poderia e o que não poderia ter em nossa teia e, por fim, deixamos eles darem um nome pra dinâmica. Sintetizando a atividade vivenciada construímos um texto coletivo para os combinados da nossa teia.
No segundo dia, usamos a dinâmica da cabra-cega, o objetivo foi ressaltar a importância de brincar em grupo e se respeitar. Pedimos para que formassem uma roda, e que quem fosse a cabra-cega iria para o meio da roda com os olhos vendados. Os demais alunos de mãos dadas iam rodando, e a cabra-cega tentava adivinhar. Após esta dinâmica utilizamos a história “Menina Bonita Do Laço de Fita” de Ana Maria Machado, que conta a história de uma menina linda, negra, e do lado de fora da casa dessa menina, morava um coelhinho que achava a menina a mais bonita que já tinha visto na vida, e daí por diante ele também quer ter a pele escura, igual a da linda menina e vai fazer de tudo para conseguir. É importante ressaltar, que durante e após a contação de histórias buscávamos ir conversando com as crianças, de maneira que elas pudessem pensar e verbalizar algumas questões, como: O que é ser bonito? Como deve ser uma pessoa para ser bonita? Na medida em que as crianças foram dando suas opiniões, enfatizamos a importância da diferença de cada um, destacando para as crianças a importância de ser diferente, valorizando a diversidade. Em relação à dinâmica podemos indagar: Já imaginaram se todos fossemos iguais como seria a brincadeira da cabra-cega?
1061 Corrêa e Machado: A construção dos saberes no cotidiano da sala de aula
Vale ressaltar que fomos utilizando dessas dinâmicas como formas de unir as crianças e de buscarmos trabalhar diversas questões e valores. Como por exemplo, a questão das diferenças, sempre buscando construir uma relação de amizade e respeito. Também utilizamos bastante a perspectivas da roda, entendendo “a roda” como o carrossel de relações vivenciadas no decorrer do processo existencial dos sujeitos. Além do que o formato da roda aponta muitas vantagens, como afirma Albuquerque e Galiazzi (2011):
Essa configuração em roda facilita a comunicação. Os sujeitos Conseguem se olhar, e, com isso, as interações acontecem com mais facilidade. Ocorrem trocas de olhares, trocas de argumentos, trocas de críticas, trocas de experiências. Quando se está em roda, as trocas acabam sendo inevitáveis; conseguimos por meio dela conhecer um pouco do outro, observando seu comportamento, suas reações e manifestações. (p. 388).
Desta forma utilizamos a roda como um meio facilitador. Por ser uma forma das crianças se olharem, se perceberem, entenderem que somos diferentes. Na roda utilizamos algumas brincadeiras e cantigas como escravos de Jó, passa anel, amarelinha e chicotinho queimado. A intenção foi que, na medida em que iam brincando e cantando se buscasse a interação e a cooperação de maneira que a criança estabelecesse formas de interagir com o outro. A sonoridade sendo uma forma de comunicação se faz de suma importância no contexto da educação. A roda, as brincadeiras e as músicas, oportunizam o aprimoramento de habilidades, entre elas o ritmo, o equilíbrio, a coordenação motora, a expressão, a relação com o tempo, com o espaço, a contagem, a sequência entre tantas outras possibilidades.
É preciso registrar que o trabalho com tais dinâmicas no início, foi recebido com resistência pelo fato de eles não nos conhecerem, por não conhecerem as músicas e por terem preconceito com as toadas infantis. Mas aos poucos elas foram se interessando, até que partiu deles o desejo de querer apresentar uma música para as outras turmas. Vale ressaltar ainda, que fomos aos poucos levando algumas musicas infantis, não desconsiderando o que eles gostavam, algumas músicas utilizadas foram: Pisa no chiclete, Da abóbora faz melão, O pato pateta, O pé do pato, Dança do saci, entre outras. Também trabalhamos o folclore, onde podemos contar algumas lendas escolhidas por elas, também utilizando-se de músicas e brincadeiras.
3.
A construção dos saberes
A escolha de trazer a música se deu após conhecermos mais um pouco as especificidades da turma. Começamos a explorar a musicalidade e a ludicidade, trabalhando além de brincadeiras, poesias, músicas infantis, teatro, cantigas, histórias e lendas, possibilitando momentos de apreciação de diferentes estilos musicais. Foram abordados tambémrimas com músicas, através das quais foi explorado a importância da leitura. Continuamente procuramos ir instigando e perguntando às crianças, do que elas gostavam de escutar, de brincar e quais histórias conheciam.
Visto que, a música e as brincadeiras sempre estiveram associadas às tradições e as culturas de cada época, percebemos que atualmente com o avanço tecnológico, as referências musicais vêm sendo modificadas consideravelmente. Pensando nisso como trabalhar músicas infantis, poesias, parlendas, brincadeiras como meio
de interação, oportunizando os alunos a uma aprendizagem lúdica e social considerando a diversidade como um todo?
É preciso trabalhar reconhecendo o que cada criança traz, e através das diversidades culturais poderá oportunizar-se a todos a expressão de seus conhecimentos, valorizando a auto-estima e possibilitando a socialização. Com a diversidade que há possivelmente os alunos vão preferir este ou aquele gênero de acordo com o que sua preferência. Por isso, salientamos a necessidade de valorizarmos a diversidade, e que possamos mostrar as crianças outras canções que elas não conhecem, não deixando de valorizar o que eles gostam. Assim:
Toda proposta de ensino que considere a diversidade musical, um caminho, oportunizando ao aluno, trazer a música para sala de aula acolhendo-a, contextualizando-a oferecendo assim acessos a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção musical. (BRASIL, 1997).
Dando continuidade ao que propusemos trazer nas dinâmicas, trabalhamos músicas como a do “Pato Pateta” do compositor Vinicius de Moraes. Trabalhamos a letra da música e cantamos com as crianças, questionando-as sobre os objetos, seus significados e rimas. Em grupo eles ilustraram a música, fizeram um cartaz com a letra, aonde iam pintando os objetos da música e também desenharam no cartaz os objetos. Questionamos com eles porque que o pato foi pra panela?
Trouxemos outras músicas, poesias entre elas a poesia “Agitando o Coração” de Evelyn Heine. Trabalhamos também, a história do Patinho feio, mais uma vez problematizando que somos diferentes, que as famílias são diferentes, que nem sempre são constituídas por pais, mães, que há famílias que são formadas por pai ou mãe solteiros, ou por pai e madrasta, mãe e madrasto, dois pais, tios e tias, há famílias adotivas. As crianças construíram ainda uma paródia sobre a música da grande família.
E ao encerramento de nossas atividades na escola as crianças dos três primeiros anos, de forma espontânea na festa de encerramento se apresentaram com a música e o teatro. Desta forma percebemos, o uso das diferentes linguagens, (músicas, brincadeiras, poesias...), o quanto contribuiu para o desenvolvimento das relações afetivas, no processo de socialização e também como recurso didático importante para a construção do processo de leitura e de escrita. Reafirma-se a oportunidade de as crianças aprimorarem suas habilidades, entre elas o ritmo, o equilíbrio, a coordenação motora, a expressão, com autonomia e liberdade neste processo.
4.
Considerações finais
Através da experiência vivenciada no cotidiano escolar, nós licenciandas vivemos e aprendemos com a dinâmica e a realidade da referida escola, aprimoramos nossas discussões dentro da academia, pois podemos ir articulando teoria e prática e refletimos sobre as leituras e a realidade da escola. A partir do nosso olhar como futuros docentes buscamos conhecer e respeitar as especificidades das crianças de cada turma e principalmente oportunizar as crianças a ampliação do seu repertório cultural.
Desta forma, pensamos que o nosso trabalho foi significativo, pois conseguimos envolver as crianças e contextualizar todos os saberes trabalhados a partir das diferentes linguagens onde se buscou valorizar a
1063 Corrêa e Machado: A construção dos saberes no cotidiano da sala de aula
diversidade como um todo, podemos perceber a importância que foi estar no cotidiano da sala de aula, deste espaço que se faz tão plural.
Referências
ALBUQUERQUE, Fernanda Medeiros. GALIAZZI, Maria do Carmo. A formação do professor em Rodas de Formação, disponível em: rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/view/1742/1609, acesso em 02/06/2013 às
15 hs.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF,1997.