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ESTUDO DA EVOLUÇÃO URBANA DA ZONA 3. Irene de Freitas Mendonça 1. Renato Leão Rego 2. Gláucia Maguetas Gonçalves 3. Juliana Alves Pereira 4

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ESTUDO DA EVOLUÇÃO URBANA DA ZONA 3

Irene de Freitas Mendonça

1

Renato Leão Rego

2

Gláucia Maguetas Gonçalves

3

Juliana Alves Pereira

4

RESUMO

Maringá, embora tenha sido planejada, apresenta problemas principalmente na área central da cidade, assim como muitos centros urbanos. Através do estudo da evolução urbana da Zona 3 ou Vila Operária, que faz parte do plano original da cidade, pretende-se levantar se ocorreram alterações no projeto durante as fases de implantação e desenvolvimento do bairro, quais as causas e conseqüências dessas modificações, verificando se estas têm influência na geração dos problemas atuais. Para atingir os objetivos propostos, fez-se um levantamento da evolução urbana do bairro e de suas alterações, desde seu início em 1947 até o ano de 2008. Os levantamentos incluem as transformações estruturais e físicas, os diferentes planos e legislações implantadas no bairro, e também as alterações sociais e econômicas que de alguma forma influenciaram nos diferentes períodos estudados. Através dos levantamentos e análises realizadas, constatou-se que o bairro passou por alterações em relação ao projeto original ao longo dos anos. Tais alterações interferiram na continuidade histórica da paisagem urbana prejudicando a identidade e singularidade do local.

Palavras-chave: Morfologia urbana, Desenho urbano, Zona 3 em Maringá.

1

Mestranda, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU, ifmendonca@yahoo.com.br

2

Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Arquitetura e Urbanismo-DAU, rlrego@uem.br

3

Mestranda, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU, glauciamaguetas@hotmail.com

4 Mestranda, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia

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1. INTRODUÇÃO

Maringá, embora tenha sido planejada, apresenta problemas principalmente na área central da cidade, assim como muitos centros urbanos. Os conflitos são diversos, como problemas de drenagem: falta de áreas permeáveis, erosão nos parques. Há também problemas decorrentes do sistema viário: fluxo de tráfego, poluição sonora, falta de estacionamentos, entre outros.

Mas o que teria levado a essa situação? Quais seriam as causas? Alterações no projeto original, descontrole no processo de ocupação, desrespeito ao planejamento territorial, especulação imobiliária?

Através do estudo da evolução urbana da Zona 3 ou Vila Operária, que faz parte do plano original da cidade, pretende-se levantar se ocorreram alterações no projeto durante as fases de implantação e desenvolvimento do bairro, quais as causas e conseqüências dessas modificações e ainda verificar se as alterações têm influência na geração dos problemas urbanos atuais.

Para atingir os objetivos propostos, fez-se um levantamento da evolução urbana do bairro através do estudo da morfologia urbana, desde seu início em 1947 até o ano de 2008.

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS

A morfologia urbana compreende a lógica de formação, evolução e transformação dos elementos urbanos (sítio, lote, rua, praça, etc.) e da articulação deles entre si e também com os lugares que constituem o espaço urbano. A análise através da morfologia urbana tem grande relevância, pois possibilita a identificação de formas mais apropriadas, cultural e socialmente, tanto para a intervenção na cidade existente como para o desenho de novas áreas (LAMAS, 2000).

Para Conzen (2004), sob uma abordagem geográfica, a morfologia urbana engloba o estudo de três complexos elementos físicos da paisagem urbana: o plano urbano, a forma construída e o uso do solo.

Os planos urbanos são importantes documentos para entender o desenvolvimento das cidades, pois através deles pode-se fazer leituras sobre as condições econômicas e políticas das cidades em cada período.

A forma construída consiste na forma do terreno e da edificação e ambos configuram a paisagem urbana. Segundo Conzen (2004), a forma do terreno é praticamente imutável ao longo dos tempos, já a forma construída muda lentamente, e em cada período a forma produzida tem seu próprio estilo, sendo possível reconhecer diferentes períodos morfológicos.

Com relação ao padrão de utilização do solo, ele é o que muda mais rapidamente com o tempo, e é um fenômeno essencial de ligação entre morfologia e investigação funcional (CONZEN, 2004).

Segundo o autor, o estudo desses três elementos físicos permite analisar se há continuidade histórica da paisagem urbana, que contribui para o senso de bem estar do grupo e proporciona identidade e singularidade à comunidade.

3. EVOLUÇÃO URBANA

Os dados serão apresentados desde o projeto original e início da ocupação territorial até o ano de 2008. Os levantamentos incluem as transformações estruturais e físicas, os diferentes planos e legislações implantadas no bairro e também as alterações sociais e econômicas que de alguma forma influenciaram nos diferentes períodos estudados.

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Foram analisadas principalmente as alterações em relação aos planos urbanos, forma construída e uso do solo, que são os elementos utilizados por Conzen (2004) no estudo da morfologia urbana.

3.1. O início do bairro

A partir de 1947, com o início da venda de lotes, nas Avenidas Brasil e Mauá as construções começaram a surgir rapidamente (Figura 1). Estas eram feitas em sua maioria de madeira, pois era a forma mais rápida e barata de se construir naquela época, devido à abundância de matéria-prima.

Parque do Ingá

Zona 3

Av.

Brasil Av.

Mauá

Figura 1 - Vista de parte da Zona 3 em 1949: Av. Brasil e Av. Mauá

Fonte: Acervo do Museu da Bacia do Paraná/ UEM; adaptado pelos autores.

Maringá torna-se distrito de Mandaguari em 1947, sendo elevada a categoria de município em 1951. A partir desse momento a prefeitura passa a assumir o controle sobre o processo de urbanização da cidade, que antes pertencia a CMNP – Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (DIAS 1999 apud BELOTO, 2004, p. 68).

A Companhia foi a responsável pelo primeiro plano que ordenava o uso e a ocupação do solo e criava a forma urbana inicial da cidade. Porém a rápida expansão da malha urbana não seguiu o traçado original da cidade. Ao mesmo tempo em que se colocavam a venda lotes nas zonas do projeto original, novos loteamentos iam surgindo na periferia da cidade, para atender a população com menor poder aquisitivo que não tinha condições de adquirir lotes dentro desse perímetro urbano inicial (MENDES, 1992).

Assim, constata-se que o uso do solo urbano não obedeceu ao zoneamento original desde o início, pois não houve continuidade no planejamento. Esse crescimento desordenado gerou inconvenientes, como vazios urbanos e sobrecargas de custos, devido à infra-estrutura que tantos novos loteamentos exigiam.

3.2 Os anos 50

A década de 1950 foi marcada pelo ciclo do café, mas nos anos de 1953 a 1955 devido as fortes geadas que atingiram as plantações, ocorreu uma diminuição no ritmo das construções na cidade, diferente do ano de 1953 que apresentou o maior número de projetos aprovados (MENDES, 1992).

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Nesse período a Vila Operária já era um dos bairros mais populosos da cidade (Figura 2) e começou a apresentar problemas sociais ligados ao desemprego, pois as fábricas já não absorviam toda a mão-de-obra disponível.

Parque do Ingá

Avenida Riachuelo

Igreja São José

Av. Brasil

Figura 2 - Vista aérea da Zona 3 em 1953

Fonte: Acervo da Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural da P.M.M; adaptado pelos autores.

Com a criação do município em 1951, se constitui o poder executivo e legislativo na cidade, sendo aprovado em 1959 a primeira legislação urbanística de Maringá. O Código de Posturas e Obras – Lei 34/59 abrangia os quesitos urbanísticos de uso, ocupação e parcelamento, e ainda normas técnicas sobre edificações, higiene e relação de uso do espaço urbano. O zoneamento deste plano usa as zonas anteriormente estabelecidas pela CMNP, porém as zonas comerciais extrapolam o limite da Zona 1, estendendo-se principalmente pela Avenida Brasil (BELOTO, 2004).

Na Vila Operária, de acordo com o mapa de zoneamento (Figura 3), as Avenidas Riachuelo e Paissandu, assim como as quadras entre as Avenidas Brasil e Mauá se enquadrariam como zona comercial (ZC4).

ZC4

ZR3

ZM

Figura 3 - Zoneamento da Zona 3 (Lei 34/59 alterada pela Lei 380/65)

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Nessa zona, segundo os parâmetros de uso e ocupação do solo, a altura máxima das edificações poderia atingir até três vezes a largura da via, mas nesse período, principalmente devido à falta de infra-estrutura, não ocorre a verticalização do bairro.

Segundo Beloto (2004) a Lei 34/59 sofre alterações em 1965, quando o legislativo através da Lei 380/65 cria a zona mista (ZM), que passa a permitir o uso comercial em avenidas residenciais.

3.3 Os anos 60

Em 1967 Maringá elabora seu primeiro plano diretor, porém suas leis 624/68, 625/68 e 626/68 - zoneamento, parcelamento do solo e código de obras respectivamente, foram promulgadas em 1968. Para Beloto (2004) esse plano traz uma concepção tecnicista ao planejamento urbano da cidade, contudo suas leis apresentam-se confusas, não trazendo todos os parâmetros necessários para a configuração do espaço, o que facilitou futuras alterações.

De acordos com o mapa de zoneamento (Figura 4) a Vila Operária teria as quadras entre a Rua Santos Dumont e a Avenida Mauá classificadas dentro da zona comercial - ZC2 e o restante do bairro na zona residencial - ZR3. Segundo os parâmetros de uso e ocupação do solo, dentro da ZR3, seriam permitidos outros usos além do residencial e as edificações deveriam ter no máximo 2 pavimentos. Já na ZC2, seria permitido o uso para comércio atacadista e varejista e permissivo para habitações coletivas e oficinas.

ZC2

ZR3

Figura 4 - Zoneamento da Zona 3 (Lei 624/68)

Fonte: Câmara Municipal de Maringá Lei 624/68 apud Beloto (2004), p. 101.

3.4 Os anos 70 e 80

Na década de 1970 a crise na cultura do café leva a introdução de novas culturas no campo, o que associado à modernização da agricultura gera um esvaziamento demográfico da área rural e um intenso movimento migratório em direção aos centros urbanos.

O crescimento vertiginoso da cidade nesse período leva a criação de muitos loteamentos fora do perímetro urbano. Em 1974, a Lei 1063/74 amplia o perímetro da cidade em duas vezes, já em 1979 é aprovado um novo aumento da área urbana, que representou um adicional de 50% a área existente (BELOTO, 2004).

A verticalização da cidade entre 1970 e 1979 teve como características edifícios habitacionais voltados à classe média e alta e a descentralização das construções, que além da zona central, se distribuem nas zonas 3, 4, 7, 8 e 17 (MENDES, 1992).

Na década de 1970, através da introdução de benefícios, como pavimento asfáltico, rede de esgoto, galerias de águas pluviais e arborização, há uma melhoria nas condições de vida dos

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moradores. Porém eleva-se o custo de moradia no local, com aumento dos impostos e aluguel de imóveis, levando muitos a migrarem para bairros mais afastados (MARINGÁ, 2002).

Assim novos moradores se mudam para o bairro, atraídos pela comodidade da cidade e também pelo interesse em investir em áreas urbanas, estes têm melhores condições financeiras e são geralmente de origem rural.

A partir dos anos 80 há uma aceleração do processo de verticalização na cidade, diferente da década anterior, que foi marcada pela expansão horizontal com aumento do perímetro urbano, devido à especulação imobiliária e fundiária, viabilizada por loteadores clandestinos.

Na Vila Operária ocorrem significativas mudanças físicas em sua paisagem, devido à troca das construções de madeira por alvenaria, e à construção dos condomínios residenciais verticais.

Em 1979 entra em vigor a Lei federal 6766/79, que dispõe sobre o parcelamento para fins urbanos, servindo como base para elaboração de padrões mínimos de parcelamento de solo no país. Em Maringá, com a justificativa de adequar as leis à nova realidade, pois ainda vigorava a legislação de 1968, um conjunto de novas leis urbanas é aprovado em 1983, porém não há a elaboração de um novo plano diretor (BELOTO, 2004).

Para a cidade, os parâmetros que mais se destacam na nova Lei de Zoneamento 1736/83 foram o coeficiente de aproveitamento com índice 10 e também a taxa de ocupação de 100% para a zona comercial central (ZC1). Este fato, associado à implantação de infra-estrutura e aos interesses do setor imobiliário, explica a grande verticalização que ocorreu em Maringá nos anos 1980.

Na Vila Operária (Figura 5), as alterações da nova Lei 1736/83 em relação à Lei 624/68, também merecem atenção. Os parâmetros de uso do solo permitem novos usos tanto na zona comercial (ZC1) como na residencial (ZR4).

Com relação aos parâmetros de ocupação do solo as principais modificações são: a altura máxima das edificações, antes limitada a 2 pavimentos na zona residencial, agora passa a ser livre, assim como na comercial; o coeficiente de aproveitamento passa para índice 10 na zona comercial; a taxa de ocupação muda de 50% para 70% na zona residencial e de 66% para 100% na comercial.

Essas modificações têm algumas conseqüências que vão além da alteração da paisagem física do bairro, como por exemplo: o adensamento populacional não preconizado no projeto original leva a sobrecarga na infra-estrutura; problemas ambientais devido a total impermeabilização do solo; problemas de salubridade em decorrência do sombreamento dos edifícios; dentre outros.

ZR4 ZC1

Via uso misto

Figura 5 - Zoneamento da Zona 3 (Lei 1736/83)

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3.5 Os anos 90 até 2008

A Zona 3 atualmente se encontra em fase de transição, com edificações de classe média e com significativo número de construções destinadas ao uso de comércio e serviços.

Nos anos 90, além das alterações no perfil construtivo do bairro devido à verticalização, ocorrem mudanças no perfil social, com a migração em massa de moradores de outros bairros, com melhores condições financeiras, que são atraídos pela valorização do local (MARINGÁ, 2002).

No período de 1991 a 1999 há uma alteração no processo de desenvolvimento de Maringá em relação à década de 1980, com queda na verticalização da cidade e retomada para o crescimento horizontal. Para Meneguetti (2001) esse período foi caracterizado pelo aumento do número de loteamentos aprovados e também de habitações uni e bifamiliares. Por outro lado, houve queda na evolução da densidade demográfica e também no número de novos edifícios destinados à habitação coletiva.

Um dos fatores que contribuiu para a redução na verticalização foram as novas legislações implantadas a partir de 1991, consideradas mais restritivas.

Em 1991 há a elaboração do segundo plano diretor de Maringá, sob a responsabilidade do METROPLAN – Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Metropolitano da Região de Maringá, Marialva, Sarandi e Paiçandu, que passou a elaborar planos diretores para as cidades consorciadas (MENEGUETTI, 2001).

Na Lei Complementar 03/91 que dispõe sobre o zoneamento do uso e ocupação do solo, as mudanças mais significativas para a Zona 3 (Figura 6) em relação a Lei 1736/83, foram a ampliação da zona central (ZC) que agora se estende por toda a Avenida Brasil, a redução do coeficiente de aproveitamento da zona central de 10 para 4 ou 4,5, e as vias de uso misto que passam para eixo de comércio e serviços (ECS).

ZC

ZR3

ECS2

Figura 6 - Zoneamento da Zona 3 (LC 03/91)

Fonte: Câmara Municipal de Maringá LC 03/91 apud Beloto (2004), p. 129.

Em 1994, há aprovação de nova legislação urbanística, porém sem a existência de um plano diretor. A lei de zoneamento 46/94 altera as zonas urbanísticas anteriormente instituídas para atender a expansão horizontal, com aumento do perímetro urbano e das taxas de ocupação, porém sem modificações no coeficiente de aproveitamento (BELOTO, 2004).

No caso da Zona 3, não ocorrem mudanças significativas em relação à Lei Complementar 03/91, quanto aos parâmetros de uso e ocupação do solo, as ruas Santos Dumont, Néo Alves e parte da Marcílio Dias são alteradas de residenciais para eixo de comércio e serviços - ECS1 (Figura 6), tendo seus parâmetros praticamente iguais as vias de eixo de comércio e serviços 2 - ECS2 já existentes (Figura 7).

(8)

ZC

Figura 7 - Zoneamento da Zona 3 (LC 46/94)

Fonte: Câmara Municipal de Maringá LC 46/94 apud Beloto (2004), p. 136.

As transformações de vias residenciais em eixos comerciais para Beloto (2004), alteram a paisagem urbana de bairros cujas características eram residenciais e implicam em problemas, como a incompatibilidade de determinados usos de comércio ou serviços com o uso residencial, e ainda o comprometimento da qualidade da paisagem urbana, devido a alterações na forma de ocupação dos lotes com a construção no alinhamento predial.

Outro problema decorrente da alteração no uso do solo de residencial para comercial é a geração de novos fluxos de tráfego, que conseqüentemente contribui para a elevação dos níveis de poluição sonora. Para Tuan (2005), o ruído na cidade é uma manifestação de desordem do ponto de vista do meio ambiente físico. Para o autor, com o tempo o morador aprende a tolerar o ruído, porém este ainda continua a criar tensão e ansiedade.

Em 1999, com a justificativa de adotar um modelo de organização do espaço urbano diante da desorganização do funcionamento da cidade devido às diversas alterações realizadas, são aprovadas as leis complementares 331/99, 332/99, 333/99, 334/99, 335/99, 336/99, respectivamente lei de zoneamento, perímetro urbano, sistema viário, parcelamento do solo, edificações e solo criado (BELOTO, 2004). Porém, no ano seguinte, novas modificações são aprovadas com a Lei Complementar 340/00, que ainda está em vigência.

Na Zona 3, tem-se novas alterações no zoneamento (Figura 8) através da nova lei. Há inclusão de uma parcela do bairro para a zona central (ZCS), e modificações nas vias classificadas como eixo de comércio e serviços (ECS).

Figura 8 - Zoneamento da Zona 3 (LC 331/99 alterada pela LC 340/00)

Fonte: Câmara Municipal de Maringá LC 340/00 apud Beloto (2004), p. 147.

ZR3 ECS2 ECS1 ZCS ECS C ECS E ECS F ZR3

(9)

As avenidas Paissandu, Riachuelo e Laguna passam de ECS2 para ECS C, sendo que parte da Avenida Laguna que contorna o Parque do Ingá passa para ECS E, no qual é permitido também clínicas médicas. Os eixos ECS1 são classificados como ECS F, com acréscimo das ruas Itapura, Furtado de Mendonça e Vidal de Negreiros.

Com relação aos parâmetros de ocupação do solo, as principais modificações no bairro em relação a Lei Complementar 03/91, são: a redução do coeficiente máximo de aproveitamento tanto na zona central (ZCS) – de 4 e 4,5 para 3,5- como na zona residencial (ZR3) – de 3,5 para 2,5; a altura máxima das edificações de livre passa para 8 pavimentos na zona residencial; e também há alterações na taxa de ocupação máxima do terreno, com redução na zona residencial (1º pavimento) e aumento na zona central (1º e 2º pavimentos).

Em 2006 foi aprovado um novo plano diretor para Maringá, porém só há a definição do macrozoneamento. No novo plano, a Zona 3 está classifica dentro da Macrozona Urbana de Consolidação. Esta macrozona se subdivide em área central e áreas predominantemente residenciais 1 e 2. A área central tem como objetivo a consolidação da diversidade de usos e atividades de caráter urbano e metropolitano e as áreas predominantemente residenciais tem como objetivo: a consolidação do atual padrão de ocupação; a diversificação das atividades, desde que compatíveis com o uso residencial; e a conservação do desenho e da paisagem de cidade jardim, proposta pelo plano original da cidade (MARINGÁ, 2006).

A contigüidade da Zona 3 à zona central comercial possibilitou a expansão da verticalização para o bairro, que pode ser percebido com a maior verticalização do quadrante mais próximo a Zona 1. A zona central, conforme Moro (2003), foi a que primeiro passou por um intenso processo de verticalização, devido à localização dos principais equipamentos e atributos urbanos de caráter administrativo, comercial, financeiro, religioso, cultural, etc. O que exerce efeito de polarização sobre os habitantes, atraindo-os para morar em tais áreas.

Ao analisar o mapa de uso do solo (Figura 9), constata-se que a Avenida Mauá que tinha inicialmente o uso industrial como predominante passa por transformações. Devido a problemas de poluição e razões de ordem técnica e urbanística, muitas empresas estão se deslocando para os parques industriais, localizados em zonas mais afastadas. Atualmente predomina o uso comercial e a prestação de serviços, assim como na Avenida Brasil, que hoje faz parte da Zona Comercial Central. LEGENDA: Residencial Serviços Comercial Lazer Industrial Religioso Terrenos vagos

Terrenos não cadastrados

Figura 9 - Mapa de uso do solo da Zona 3

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Ainda com a criação dos eixos de comércio e serviços, as avenidas Paissandu, Riachuelo e Laguna, e a Rua Santos Dumont, também deixaram de apresentar características exclusivamente residenciais, devido às alterações no uso do solo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos levantamentos e análises realizados, constatou-se que o bairro passou por alterações em relação ao projeto original de Jorge Macedo Vieira ao longo dos anos. Com relação ao uso do solo, atualmente além do uso residencial, também é grande a presença do uso comercial e de prestação de serviços. Tais alterações possivelmente são conseqüências da expansão da área de comércio central. Essa valorização dos terrenos provocou intensa rotatividade das funções dos espaços urbanos no bairro. A troca de usos dos terrenos fez parte da dinâmica das ocupações espaciais, e ocorreu tanto por iniciativa do poder privado quanto do poder público, que permitiu a mudança nos usos através de consecutivas alterações no zoneamento do bairro.

As alterações nos usos, como a transformação de vias residenciais em eixos comerciais tem como conseqüência a mudança das características residenciais do bairro, e implica em problemas, como a incompatibilidade de determinados usos de comércio ou serviços com o uso residencial; a geração de novos fluxos de tráfego que levam ao aumento da poluição sonora e do ar; e ainda alterações na forma de ocupação dos lotes com a construção no alinhamento predial, que compromete a qualidade da paisagem urbana.

A forma construída também passou por modificações ao longo dos anos. As construções de madeira inicialmente predominantes e características do bairro, aos poucos foram sendo substituídas por construções em alvenaria e também por edifícios. A verticalização do bairro ocorreu com maior intensidade na década de 1980 e 1990, devido à valorização da área, e só foi possível graças a alterações nos parâmetros de uso e ocupação do solo.

O estudo dos planos urbanos de Maringá e das legislações urbanísticas possibilitou o levantamento e análise das alterações nos parâmetros de uso e ocupação do solo para o bairro em diferentes períodos.

A taxa de ocupação máxima do terreno na legislação de 1983 permitiu até 100% de ocupação numa porção do bairro (zona comercial central), o que possibilitou em alguns casos a total impermeabilização do solo, influenciando na drenagem da área e levando a problemas ambientais.

O coeficiente máximo de aproveitamento nessa mesma Lei (1736/83), com índice 10, e a altura máxima das edificações sendo livre também possibilitaram a verticalização do bairro, não preconizada no projeto original. A verticalização traz consigo o aumento da densidade, o que em certos casos leva a sobrecarga na infra-estrutura urbana. Várias outras modificações foram constatadas, e estas possivelmente têm influência nas deficiências existentes nos sistemas urbanos hoje.

Através dos estudos até aqui realizados, que analisaram as modificações no uso do solo, na forma construída e nos planos urbanos, foi possível verificar através da metodologia de Conzen (2004), alterações na continuidade histórica da paisagem urbana. Tais alterações na paisagem do bairro influem no senso de bem estar do grupo e interferem na identidade e singularidade da comunidade.

Essas alterações sempre ocorrerão no meio urbano, pois a cidade não é estática. É necessário que as modificações contribuam para melhorias no contexto das cidades, estabelecendo princípios coerentes e fundamentados na qualidade de vida urbana e no espaço construído.

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REFERÊNCIAS

BELOTO, Gislaine Elizete. Legislação urbanística: instrumento de regulamentação e exclusão territorial - considerações sobre a cidade de Maringá. 2004. Dissertação (Mestrado em Geografia)– Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2004.

CONZEN, M. R. G. Thinking about urban form. Papers on urban morphology, 1932-1998. Bern: Peter Lang AG, 2004.

DIAS, Reginaldo B. A experiência do Legislativo municipal em Maringá: 1947 – 1998. Maringá: Câmara Municipal de Maringá, 1999.

LAMAS, José Manuel Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. 2.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/ Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 2000. MARINGÁ, Município de. Plano Diretor de Desenvolvimento de Maringá. Maringá, 2006. _____. Plano Diretor de Desenvolvimento de Maringá. Maringá: CODEM/ CODEPAR, v. 1 e 2, 1967.

MARINGÁ, P. M. Catálogo do acervo da DPHC. Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural, Maringá, 1995.

_____. Maringá, ano 34 – pólo social esportivo. Prefeitura do Município, Administração João Paulino Vieira Filho, Maringá, 1981.

_____. Memória dos Bairros: Vila Operária. Prefeitura do Município, Secretaria da Cultura, Gerência de Patrimônio Histórico, Maringá, 2002.

MENDES, César Miranda. O edifício no jardim. Um plano destruído. A verticalização de Maringá. 1992. Tese (Doutorado em Geografia)–Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.

MENEGUETTI, Karin Schwabe. Desenho urbano e qualidade de vida: o caso de Maringá – PR. 2001. Dissertação (Mestrado em Geografia)–Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2001. MORO, Dalton Aureo (Org.). Maringá espaço e tempo. Ensaio de Geografia Urbana. Maringá: Programa de Pós-graduação em Geografia – UEM, 2003.

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