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Andreia Castiglia Fernandes Edson Roberto Oaigen RESUMO

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Academic year: 2021

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IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NUM PROCESSO

DIALÉ-TICO E DIALÓGICO COM ACADÊMICOS DE UMA

INSTI-TUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PORTO ALEGRE/RS

Andreia Castiglia Fernandes Edson Roberto Oaigen RESUMO

As contradições sobre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável es-tão em pauta em todo o planeta e também no Brasil que principia seu potencial econô-mico modificando sua estratificação social, como uma de suas primeiras medidas. Des-ta forma, o objetivo da pesquisa foi de interpreDes-tar o conhecimento e a importância das percepções dos acadêmicos de diferentes estratos sociais em relação a necessidade de ruptura de paradigmas ambientais e da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, num processo Dialético e Dialógico. Tendo o problema de pesquisa questionado sobre como o conhecimento e importância das percepções destes acadêmicos de diferen-tes estratos sociais influem na necessidade da ruptura de paradigmas ambientais e da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. A metodologia caracterizou-se pela natureza qualitativa, evidenciada por utilizar os métodos dialético e dialógico, desta-cando o contexto percebido pela amostra em cada tema abordado. Isto ocorreu com a realização de um Seminário Interno, onde os resultados foram validados a partir do método dialético-dialógico. Como considerações parciais, destaca-se que há diferen-ças no conhecimento dos acadêmicos considerando seus estratos sociais, bem como existe diferença entre as percepções apresentadas evidenciando-se que os acadêmi-cos compreendem a importância de adquirir estes conhecimentos em suas vivências, já que observam-se com falhas e, por este motivo, estão abertos para supri-las em busca de um futuro sustentável, através do desenvolvimento da capacidade crítica de agir conforme uma nova ordem ambiental com os princípios da EDS.

Palavras-chave: Educação. Desenvolvimento Sustentável.  Estratos sociais. Paradig-ma ambiental. Dialético e Dialógico.

ABSTRACT

The contradictions of economic growth and sustainable development are on the agenda around the world and also in Brazil which starts its economic potential modi-fying their social stratification, as one of its first steps. Thus, the objective was to in-terpret the knowledge and the importance of perceptions of academics from different social strata regarding the need to break paradigms and Environmental Education for Sustainable Development, a Dialectic and Dialogic process. Having the research pro-blem asked how the knowledge and importance of perceptions of these scholars from different social strata influence the need for breaking environmental paradigms and Education for Sustainable Development. The methodology was characterized by

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qua-litative nature, which to use the dialectical and dialogical methods, highlighting the context perceived by the sample in each topic discussed. This occurred with the com-pletion of an internal seminar where the results were validated from the dialectical--dialogical method. As partial consideration, it is emphasized that there are differences in the knowledge of academics considering its social strata, and there is difference be-tween the perceptions presented to demonstrating that academics understand the im-portance of acquiring this knowledge in their experiences, as are observed with failures and, therefore, are open to supply them in search of a sustainable future through the development of critical capacity to act as a new environmental order with the princi-ples of EDS.

Keywords: Education. Sustainable development. Social layers. Environmental

para-digm. Dialectical and dialogcis.

1 INTRODUÇÃO

Após o advento da Revolução Indus-trial, o Século XIX trouxe consigo mu-danças significativas no mundo, espe-cialmente. Essas mudanças impactaram positivamente na capacidade de produ-ção industrial, gerando um crescimento econômico nunca vivido pela sociedade, particularmente europeia, que, aliado as descobertas em todos os campos da ciência, evidenciaram desequilíbrios am-bientais jamais vistos.

Especificamente o Brasil, no início do século XXI, traz ainda maiores parti-cularidades que merecem evidência num estudo que prevê a ousadia de verificar hábitos sustentáveis na chamada “nova classe média”. Classe denominada assim devido às alterações da estrutura social do país, através de políticas públicas de apoio às rendas na base da pirâmide so-cial brasileira, envolvendo valorização real do salário mínimo e fortalecendo as classes trabalhadoras.

Essa emergência infere na mudan-ça de paradigma da sociedade, global e local, que não só reflete uma crise am-biental, mas que perpassa pelos concei-tos de progresso e de desenvolvimento econômico. Não é mais compreensível o crescimento desmedido e, sim, um novo raciocínio social que envolva principal-mente práticas educativas para este fu-turo se fazer possível.

Ao observar as estruturas sociais faz-se possível uma reflexão acerca do

modo de vida atual e as complexidades que o envolvem. Essa reflexão sugere que essas estruturas se configuram no mais alto grau de responsabilidade para um futuro saudável e sustentável.

Essa emergência infere na mudan-ça de paradigma da sociedade, global e local, que não só reflete uma crise am-biental, mas que perpassa pelos concei-tos de progresso e de desenvolvimento econômico. Não é mais compreensível o crescimento desmedido e, sim, um novo raciocínio social que envolva principal-mente práticas educativas para este fu-turo se fazer possível.

“O conceito chave é de que cada um pode mudar o mundo através de escolhas conscientes e inteligentes que reflitam seus próprios valores e necessidades.” (SOUZA, 2010, p. 211).

Baquero e Cremonese (2015) consi-deram sustentabilidade um antipoder e uma opção ética que se opõem à globa-lização que instituiu o caos contemporâ-neo. E se empenham em afirmar que a educação para a sustentabilidade é mais do que modificar as relações de força existentes.

Esta força deve emergir de todos os estratos sociais de forma que invada o cotidiano das populações transforman-do as mentes com um novo raciocínio ambiental. Que perpasse a complexida-de e que, muito além complexida-de todas as metas para o desenvolvimento sustentável, qualifique o fazer na educação,

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direcio-nando o hoje em atitudes corretas para que exista o futuro digno para as próxi-mas gerações.

O princípio da sustentabilidade sur-ge exatamente na era da globalização onde a racionalidade é admitida através do crescimento econômico que tem ne-gligenciado a natureza. Este é o paradig-ma dominante onde a acumulação paradig- ma-terial e a lógica capitalista sobressaem.

A crise da civilização, segundo Leff (2012), é manifestada através da degra-dação ambiental exatamente pelo pre-domínio do modelo de desenvolvimento por sobre a natureza, onde o ambiente emerge com novos valores éticos ne-cessitando fomentar-se como um saber reintegrador.

Sustentabilidade ambiental envol-ve simultaneamente enfrentar que problemas ambientais devem ser solucionados através da dinâmica social. Considerando a riqueza e a pobreza e que as questões sociais e ambientais são indissociáveis e que deve assumir posturas em ações educativas que consideram o con-texto socioeconômico em conexão com as questões ambientais, in-cluindo atores sociais em situação de risco, exclusão social e articula-ção de forças sociais para um mun-do melhor (LOUREIRO; LAYARGUES; CASTRO, 2009).

As noções dos princípios de EDS, se inseridas em cada estrato social, dignifi-cará ou não o futuro sustentável do país. Conforme a compreensão da cada indi-cador saber-se-á se é possível vislum-brar um futuro sustentável dentro dos padrões atuais.

Desenvolvimento sustentável signifi-ca transformação. E isso pressupõe que a sociedade está em constante mudança e não incentiva o status quo, portanto analisar e descrever as percepções, o co-nhecimento e a relação de importância que cada estrato social dá a esse conhe-cimento e que esteja sendo reconstruído por eles, será significativo para acompa-nhar essa transformação.

Donde emerge o problema de pes-quisa: como o estudo sobre o conheci-mento e a importância das percepções dos acadêmicos de diferentes estratos sociais influem na ruptura de paradig-mas ambientais diante dos princípios da Educação para o Desenvolvimento Sus-tentável?

A questão que fundamenta esta in-vestigação perpassa os princípios de Educação para o Desenvolvimento Sus-tentável - que se estrutura através de ações de uma sociedade global - da mesma forma que a educação em si, e sua relação com a mudança nos estra-tos sociais brasileiros - na perspectiva de compreender se existe possibilidade de transformação de paradigmas através desta mudança social.

Portanto, o objetivo deste estudo se concretizou através de uma discus-são sobre os princípios da EDS realizado em um Seminário Interno na Instituição usando o método dialético/dialógico com os integrantes da amostra visando a validação da escala utilizada.

2 BASE TEÓRICA

Leff (2002), a partir de um paradigma da complexidade apresenta a problemá-tica ambiental através de uma estratégia epistemológica. É preciso resignificar o que é ambiental ultrapassando as bar-reiras e fronteiras da racionalidade di-tada pela ciência, dialogando, inclusive, com conceitos contraditórios como ser, saber e conhecer, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, racional e moral, formal e substantivo.

Afirma que é extremamente necessá-rio criar uma teoria que seja adequada às problemáticas sociais, sendo discuti-das buscando uma nova ordem social. O autor compreende que o sujeito trans-formado altera o paradigma da ciência e, por consequência, transforma a socie-dade.

Por sua vez, Santos em sua obra

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mostra-nos a importância de serem observadas outras sociologias que não as desenvolvidas na Europa. O episte-mólogo vem dedicando sua obra aos movimentos sociais principalmente na América Latina, onde as teorias não es-tão incitando a prática e, sim, aprenden-do com a prática. Esse acompanhamento dos movimentos sociais traz compara-ções com outras experiências de eman-cipação e estuda não os que estão na frente, mas os que estão atrás, segundo o autor.

Por su parte, para las epistemolo-gías del Sur, el individuo autónomo es un producto de comunidades autónomas, y las comunidades au-tónomas no afirman su autonomía negando la naturaleza, sino todo lo contrario, asumiendo ser parte de ella, de esa madre tierra, y en armonía con ella, como forma de sostenibilidad de la vida. (SANTOS, 2010, p.19).

Para Santos, somente se conseguirá ampliar os horizontes ampliando as in-teligibilidades através de dois procedi-mentos que resumem as Epistemologías del Sur: Ecologia dos saberes e tradução intelectual.

A criação dessa epistemologia que discute o mundo latino compreende a grande diversidade do mundo que deve ser transformada teórica e praticamente, de maneiras plurais e, para isso, precisa buscar formas plurais de conhecimento.

Para contemplar as teorias sobre sustentabilidade há de se destacar que, na década de 80, a Assembleia Geral da ONU em que foi gerado o informe Brun-dtland (1987), sendo até hoje considera-do um considera-dos mais importantes considera- documen-tos por prever uma agenda global para a mudança, conseguiu estreitar dois te-mas pertinentes como a economia e a ecologia, de forma que a partir dele foi possível discutir desenvolvimento e for-malizar o conceito de desenvolvimento sustentável.

Este documento chamado Nosso

Futuro Comum, foi base para a Confe-rência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) realizada em 1992, no Rio de Janeiro. Essa conferência identificou políticas negati-vas para as causas ambientais e concluiu que desenvolvimento sustentável é so-cial e político e que proteção ambiental é parte integrante desse desenvolvimento.

É nesse relatório que se encontra a definição mais conhecida de desen-volvimento sustentável: “é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a pos-sibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias neces-sidades” (CMMAD, 1991, p. 46). O programa adotado em 1997, para implantar a Agenda 21, passou a uti-lizar as expressões Educação para a Sustentabilidade e Educação para o Futuro Sustentável, que modificaria a relação da UNESCO em relação à EA, previa como temas centrais a educação permanente, a educação transdisciplinar e a educação multi-cultural (BARBIERI; SILVA, 2011). O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser contemplado através das dimensões que o cons-tituem: a sociedade, o meio am-biente e a economia. Na dimensão sociedade entende-se o papel das instituições sociais na mudança e desenvolvimento, bem como a par-ticipação e democracia de sistemas representativos que tragam solu-ções para a mesma (UNESCO, 2005).

Para a dimensão meio ambiente travam-se esforços para conscientizar a fragilidade do meio ambiente através da forte incidência das ações e resoluções do homem e também a inclusão de de-cisões ambientais nas políticas públicas e sociais.

Sobre a dimensão econômica incide a conscientização para com o de-senvolvimento econômico, o respei-to aos limites ambientais para esse fim e a preocupação com a redução dos níveis de consumo estabele-cidos (UNESCO, 2005). “Estes três elementos supõem um processo

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de mudança permanente em longo prazo - desenvolvimento susten-tável é um conceito dinâmico que reconhece que a sociedade humana está em constante transformação” (UNESCO, 2005, p.39).

A Carta da Terra, aprovada em 2003, pela Conferência Geral da UNESCO, é considerada o marco ético e valiosa fer-ramenta para o desenvolvimento susten-tável, cujo objetivo é o de construir uma sociedade justa, global e sustentável.

A partir desse diálogo global é que emerge o programa Educação para o Desenvolvimento Sustentável que “deve compartilhar as caracterís-ticas de qualquer experiência de aprendizagem de qualidade, com os critérios adicionais de que o processo de aprendizagem/ ensino deve servir de modelo para os va-lores do próprio desenvolvimento sustentável.” (UNESCO, 2005, p.46).

Portanto, a EDS engloba a Educação Ambiental ampliando-a para fatores so-cioculturais e sociopolíticos, envolvendo transformações sociais e não deve con-ter-se em ser ensinada como disciplina isolada devendo, sim, ser interdisciplinar e holística.

Consideramos fundamental a cons-trução da identidade do sujeito histórico no processo de formação em educação ambiental, que se inicia por um reconhe-cimento de si em interação social com o outro, com tempos e olhares diferentes, em espaços que cabe ao processo peda-gógico fornecer. (REIGOTA, 2008, p. 13).

Desta forma, conclui-se que a Educa-ção para o Desenvolvimento Sustentável deve fomentar a crítica emancipatória de modo que existam superações da so-ciedade para resistir às formas de domi-nação, direcionando a todos rumo a um futuro justo, equânime e sustentável.

3 METODOLOGIA

O trabalho de pesquisa foi caracte-rizado quanto ao tipo como qualitativa,

já que foi utilizada para investigar e co-nhecer uma realidade social. Trazendo, portanto, profundidade no estudo que agrega o cotidiano da amostra e seus co-nhecimentos.

A pesquisa qualitativa permite um intenso contato do pesquisador, incluindo trabalhos de campo, com a situação que está sendo in-vestigada, buscando dados direta-mente em seu ambiente de estudo (DENKER, 2001).

Bauer e Gaskell (2002) consideram importante a realização de uma abor-dagem qualitativa quando uma deter-minada realidade não seja perceptível estatisticamente e, sobretudo, por apro-fundar-se nas relações humanas bem como no significado das ações, sendo correlata com os objetivos desta investi-gação que necessita de esclarecimentos sobre o conhecimento dos princípios da EDS numa determinada realidade social.

O presente estudo utiliza-se de mé-todos apropriados às pesquisas qualita-tivas, sendo o hermenêutico o mais re-presentativo delas.

Conforme Santos (2012) a hermenêu-tica é uma ciência que interpreta a partir de hipóteses, afastando o relativismo e indicando um critério mais objetivo a ser seguido.

Deste modo, a presente investigação será apoiada no método dialético que segundo Zago (2014) rompe com o senso comum de um cotidiano sem clareza, re-presentado por um mundo que não traz conexão com as situações históricas e sociais, chamado por ele de pseudocon-creticidade, para então construir a com-preensão da realidade, a comcom-preensão da coisa em si.

Considera a dialética dinâmica e constante do ponto de vista da construção social “[...] por desve-lar as tramas que relacionam a es-sência ao fenômeno. [...] O método dialético irá justamente buscar as relações concretas e efetivas por

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trás dos fenômenos.” (ZAGO, 2014, p. 114-115).

O método dialético, segundo Diniz (2008), foi primeiramente equalizado ao diálogo para depois se estabelecer de forma ampliada como exercício da ar-gumentação. Através desta dinâmica a dialética forma um diálogo conflitivo e, por isso, envolve relação de comunica-ção, porém com diferentes contrapontos. Desta forma, compreende-se que o processo dialógico sustenta o processo dialético de confronto de ideias, sendo que as inúmeras possibilidades de inter-pretação no processo dialético e dialó-gico caracterizam a hermenêutica e qua-lificarão os objetivos desta investigação. Ainda tratando das técnicas utiliza-das verifica-se a relevância da Escala Li-kert para a construção de conhecimento advinda do ICD apresentado. Neste ins-trumento verificou-se através da escala mencionada os juízos dos indivíduos pe-rante as proposições oferecidas à amos-tra.

A população-alvo escolhida foram acadêmicos de uma IES de Porto Alegre que conta hoje com 1200 alunos, mora-dores de Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul, Canoas, Viamão, Cachoeirinha e Gravataí.

Como perfil desta amostra observa--se que a grande maioria é de origem urbana, que tem uma idade média total de 29 anos, sendo que a mais alta per-tence ao estrato B1 com idade média de

32 anos e a mais baixa na classe C, com média apresentada de 24 anos. Dentre os 87 que responderam a questão sobre ter cursado a disciplina de Gestão Ambien-tal, apenas 29 afirmaram já tê-la no currí-culo, sendo que a maior parte pertencia à classe B2.

Para compor a análise e discussão do ICD foi necessária a realização de um Seminário Interno na referida faculda-de. Ele foi realizado no dia 8 de junho de 2016 e teve 80 participantes, sendo 60 acadêmicos e 20 convidados, desta-cando-se entre os mesmos, professores, egressos e funcionários da instituição.

Nesta oportunidade foi possível apresentar todos os dados discutidos e analisados, devolvendo para a amostra o conhecimento adquirido ao longo da investigação. Após a apresentação dos dados a amostra foi submetida a um ins-trumento de coleta de dados, usando a escala Likert, com os critérios discordo totalmente (DT), discordo (D), indiferen-te (I), concordo (C), concordo totalmenindiferen-te (CT), contendo 20 afirmativas trazidas a partir das percepções dos ICD anteriores.

A análise do ICD permitiu que as afirmativas fossem agrupadas visando o aprofundamento da discussão, evitando--se a repetição no processo discursivo.

O Grupo chamado de Sustentabi-lidade e Socioambiental tratou das di-mensões sobre sustentabilidade e dis-cussões socioambientais. Consistiu nas afirmativas de número 1 a 8 e se apre-sentou com esta configuração:

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Quadro 1: ICD Grupo Sustentabilidade e Socioambiental GRUPO SUSTENTABILIDADE E SOCIOAMBIENTAL

QUESTÕES DT D I C CT

1. O indicador Sustentabilidade provocou o co-nhecimento dos respondentes e o cuidado com o futuro foi mencionado como importante. Tam-bém contemplou as dimensões social e política, mostrando que é necessário entender mais sobre sustentabilidade. Sustentabilidade é importante para o futuro em todos os contextos: ambiental, social e político, portanto seu conhecimento é fundamental para a cidadania plena.

1 1 2 22 34

2. O papel da sociedade no contexto da Educa-ção para o Desenvolvimento Sustentável é de possibilitar uma reflexão crítica e explorar novos caminhos, novos conceitos, novos métodos e no-vos instrumentos para que se oportunize práticas sustentáveis.

0 0 7 26 27

3. A Educação para o Desenvolvimento Sustentável desenvolve e reforça a capacidade dos indivíduos, dos grupos, das comunidades, das organizações e dos países para formar juízos de valor e fazer escolhas no sentido do desenvolvimento sus-tentável. Pode ainda favorecer uma mudança de mentalidades, permitindo tornar o mundo mais seguro, mais saudável e mais próspero, trazendo qualidade de vida.

0 3 3 26 28

4. Uma preocupação que a sociedade deve ter é para com a responsabilidade socioambiental cor-porativa, pois quando faltam filtros nas fábricas, ou quando os poluentes são emitidos pelas em-presas sem nenhum controle, ou quando os carros e ônibus não respeitando as legislações, tudo isto colabora para a falta de qualidade ambiental, atingindo os diferentes ecossistemas.

0 1 3 22 34

5. As alterações no meio ambiente em sua maioria são provocadas pelo ser humano, sendo resultado de suas ações. Outras são consequências dos atos gerados por processo produtivo ou doméstico, sendo o descontrole do ser humano o maior cau-sador dos problemas ambientais.

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GRUPO SUSTENTABILIDADE E SOCIOAMBIENTAL

QUESTÕES DT D I C CT

6. Pensar o tema desta pesquisa acaba por trazer muitas indignações para o contexto vivido. Algu-mas delas são: culpa de irresponsáveis; tudo pelo fato da ganância da humanidade; a industriali-zação aumenta seus danos; grandes corporações têm medidas paliativas; as empresas deveriam ter mais consciência e serem educadas quanto aos impactos ambientais; pouca ação do governo e muitos veículos na rua aumentando os gases poluentes.

0 3 6 23 27

7. Outro aspecto salientado na pesquisa refere-se a lógica que alia cidadania e ética ao contexto vivido pelos indivíduos: compreender-se como cidadão pode elevar a atual condição de vida para uma melhor. Esta caracterização é importante para as dinâmicas socioambiental, cultural, educacional e econômico, pois, coloca o homem como respon-sável único pelo manejo e equilíbrio ambiental.

0 2 2 32 24

8. Deve-se, como sociedade, exigir da esfera pú-blica novas estratégias e pesquisas científicas que atendam às necessidades da população no con-texto socioambiental, bem como deve-se exigir da população o compromisso de atender as políticas públicas determinadas para este fim.

0 1 1 21 37

Fonte: Pesquisa aplicada pela Autora

Para avaliar o quadro 1 há de se con-siderar o teor das afirmativas que dis-correram sobre sustentabilidade ligada à cidadania, bem como a Educação para o Desenvolvimento Sustentável peran-te sua força de mudança e de reflexão crítica. Este grupo envolve também o papel da sociedade compreendendo e cobrando responsabilidades das esferas pública e privada pelas suas parcelas na elevação da atual condição de vida.

As respostas permearam a escala em concordância para com os contextos in-vestigados em sua maioria. Vale ressaltar as questões 2 e 3, que versam sobre a sociedade como ator relevante e atuante da EDS, onde 7 e 3 respondentes,

respec-tivamente, permaneceram indiferentes à afirmativa e, na questão 3, três respon-dentes discordaram.

Destaca-se também a questão 5, que responsabiliza o homem e seu descon-trole para com a crise ambiental, donde 2 discordaram totalmente, 3 discordaram e dois respondentes foram indiferentes.

Já a afirmativa de número 6 traz como tema percepções que mostram as indig-nações da população para com a falta de compromisso da esfera privada (grandes corporações e indústrias) e também da pública na questão ambiental. Nela, 3 respondentes posicionaram-se com dis-cordância e 6 deles de forma indiferente.

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Em seu estudo, Portilho (2010) abran-ge consumo e cidadania trazendo um profundo conhecimento sobre as ações individuais e coletivas dos atores sociais. Reflete sobre esse comportamento e traz as teorias de Olson (1971) para a discus-são. A partir da lógica do “carona” po-de-se perceber a dificuldade de adesão e de percepção de benefício superior pelos indivíduos em ações coletivas. Se o resultado da ação é um bem público (no sentido de algo positivo para todos), a expectativa ou prévia constatação de que outros o realizarão faz com que o indivíduo abstenha-se de seu envolvi-mento.

Conforme a autora:

[...] os fundamentos racionais da

inação coletiva: cada indivíduo

racional procura maximizar seus próprios interesses, evitando a participação em uma ação coletiva e preferindo seguir a estratégia do “free rider”, ou “carona”, graças à qual se beneficiará do resultado co-letivo da ação sem arcar com seus custos (PORTILHO, 2010, p. 171).

Isto, por compreender que o custo de sua participação é maior do que o benefício recebido. Desta forma, mesmo existindo consciência e interesses co-muns em grandes grupos, estes não se-riam suficientes para desencadear ações coletivas já que “as contradições entre interesses individuais e interesses cole-tivos, [...] leva a pôr de lado os interesses coletivos em favor dos individuais” (POR-TILHO, 2010, p. 172).

E a autor ainda se vale do clássico Dilema do Prisioneiro para exemplificar a participação dos indivíduos em ativi-dades ambientais:

[...] é “melhor” para todos se alguns cooperarem do que se ninguém o fizer, mas é “melhor” para cada um não fazê-lo. [...] Sendo assim, é me-lhor para todos se todos forem à cidade de ônibus do que se todos forem de carro, mas para cada um é melhor ir de carro. Da mesma for-ma, é melhor para todos se todos

comprarem produtos orgânicos (o que poderia estimular a produção acarretando a redução de seu pre-ço), mas é melhor para cada um não compra-los, já que os preços são excessivamente caros. É melhor para todos se todos participarem de manifestações políticas e boicotes, mas é melhor para cada um não participar, devido aos custos desta participação. Note-se que a palavra “melhor” é usada aqui dentro do sentido restrito da racionalidade utilitária, preocupada com resulta-dos imediatos (PORTILHO, 2010, p. 173).

Esta contradição é digna da contem-poraneidade de onde carecem muitas transformações para que se atinja uma evolução.

Conforme Layrargues (2006, p. 1) “porque não se trata apenas de estabele-cer uma nova relação entre os humanos e a natureza, mas dos humanos entre si, e destes com a natureza”. Já Leff (2002, p. 139) corrobora e vai além quando infere que “a emergência do saber ambiental abre uma nova perspectiva à sociologia do conhecimento”, de forma que deve ser construído em novas bases episte-mológicas, que rompam os paradigmas estabelecidos e culminará na integração de saberes.

Estes novos saberes, construídos a partir da complexidade ambiental, trará o novo pensar ambiental.

Nas afirmativas que relacionam co-branças para com as esferas pública e privada por parte da sociedade atual, podem ser compartilhadas de acordo com Portilho (2010) quando afirma que essa é a forma concreta da nova noção de cidadania onde ”sujeitos sociais ati-vos definam o que consideram ser seus direitos [...] de construção democrática e de transformação social” (p.192), de modo que venha a construir novas práti-cas sociais e polítipráti-cas concretas.

Para Jacobi (2003, p.198) o novo pen-sar envolve cidadania plena e “implica a necessidade de romper com o

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estereó-tipo de que as responsabilidades urba-nas dependem em tudo da ação gover-namental e os habitantes mantêm-se passivos e aceitam a tutela”. Para ele a educação calcada na formação cidadã:

representa a possibilidade de mo-tivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais cami-nhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na edu-cação para a participação. (JACOBI, 2003, p.199).

Finalizando esta discussão, Massimi-no e Pamplona (2015) trazem Morin e a construção dos sete saberes para afirmar a importância de ensinar junto o que foi “tecido junto”. Quando os autores com-param os princípios de EDS e a lógica moriniana da complexidade consideram as duas inseparáveis.

[...] verifica-se que Morin adota como indispensáveis à educação do futuro os seguintes enunciados: As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; Os princípios do conhe-cimento pertinente; Ensinar a con-dição humana; Ensinar a identidade terrena; Enfrentar as incertezas; En-sinar a compreensão; e A ética do gênero humano. Tais enunciados podem ser considerados um eixo condutor à compreensão da edu-cação na perspectiva da complexi-dade, bem como a compreensão da própria EDS nessa nova realidade (MASSIMINO E PAMPLONA, 2015, p. 458).

Dentre estes saberes, destaca-se o ensinar a condição humana e ensinar a identidade terrena como pertinentes a este grupo de afirmativas do ICD 03/2016, no que perpassa as questões de gerar consciência e mudar atitudes, comporta-mentos e valores garantindo um mundo melhor e evolutivo “comprometendo-se, dessa maneira, com a humanidade em escala planetária, e não mais apenas calcando suas ações no individualismo” (MASSIMINO E PAMPLONA, 2015, p.463).

De acordo com o apresentado até aqui pode-se compreender que os prin-cípios de EDS só serão realmente apren-didos e articulados quando se instalar uma visão holística e sistêmica que evi-dencia as dinâmicas socioambientais para caminhos possíveis dentro de seus princípios.

CONCLUSÃO

De acordo com o objetivo deste trabalho, a investigação proporcionou a discussão sobre os princípios da EDS realizando um Seminário Interno na instituição, e utilizando-se do método dialético-dialógico que validou a escala utilizada.

O grupo de questões apresentadas consistiu nos aspectos relativos a sus-tentabilidade e questões socioambien-tais onde foram abordados conceitos de sustentabilidade nas dimensões social e política, chegando à cidadania plena através da ética. Isto trouxe a sociedade no contexto da EDS contemplando o fa-vorecimento da mudança com escolhas sustentáveis, cobrando das esferas priva-das as responsabilidades socioambien-tais corporativas, bem como para com as atividades antrópicas e, sobretudo, exigir da esfera pública estratégias e pesquisas científicas que atendam a população e exigir da mesma o compromisso com as políticas determinadas para estes fins.

Mesmo tendo como respostas a cordância da amostra para com o con-texto investigado, ficou claro que a afir-mativa sobre as ações do homem como responsável pelo descontrole da crise ambiental não deixou a amostra confor-tável.

Ficou claro, diante desta investiga-ção, que os respondentes compreendem a importância que ter estes conhecimen-tos em suas vivências. Ficou evidente que os investigados se observam com fa-lhas nestes conhecimentos e estão aber-tos para suprir esta questão em busca de um futuro sustentável, desde que

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com-preendam onde estas novas atitudes e conceitos os levarão.

Torna-se significativo para os inves-tigados que a melhoria da qualidade de vida poderá ser constante, visto que amplia o conceito de cidadania fazendo com que este indivíduo tenha capaci-dade crítica de agir conforme uma nova ordem ambiental, bem como cobrar das esferas responsáveis sua eficácia.

No atual momento, a sociedade en-contra-se com uma infinidade de cons-truções teóricas e informacionais que urgem de práxis para serem efetivas. A globalização como cultura e a urgência de comportamentos locais acabam sen-do o parasen-doxo que impede a atenção e a relação saudável dos indivíduos para com o ambiente. Principalmente se este ambiente é uma grande metrópole, pos-to que o distanciamenpos-to da população--natureza acaba influenciando no com-portamento habitual destes indivíduos.

A dinâmica deve aproximar estas duas dimensões: a realidade cotidiana dos indivíduos e os comportamentos que possibilitarão um futuro qualitativo em termos de ambiente de acordo com cada realidade estudada.

REFERÊNCIAS

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Referências

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