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Palavras-Chave: Comissão Rondon; Carta de Mato Grosso; Tenente Luiz Moreira de Paula;

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O Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso e o relatório do

Tenente Luiz Moreira de Paula: algumas considerações sobre a saúde

da população do Mato Grosso (1941-1942).

Maria Gabriela de Almeida Bernardino1 Resumo:

O Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso (1917-1952) tinha por meta a confecção um novo mapa para o estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas a partir de levantamentos topográficos e cartográficos realizados pela Comissão Rondon. Durante os 35 anos de “gestação” do projeto, entre interrupções e reativações deste serviço, um extenso arquivo foi produzido a partir de diversas viagens ao Mato Grosso. Uma das fontes eleitas para este trabalho foi o relatório produzido pelo Tenente Luiz Moreira de Paula realizado entre 1941/1942, em sua viagem para o Sul de Mato Grosso e que tinha por objetivo o levantamento do rio Jaucoara e de outros trechos do estado. Neste documento, além de descrições rodoviárias e hidrográficas, apropriadas para a elaboração de uma carta, estão inseridas caracterizações sobre as condições de saúde da ‘população isolada’ que habitava aquela região.

Palavras-Chave: Comissão Rondon; Carta de Mato Grosso; Tenente Luiz Moreira de Paula;

Abstract:

The Service of Conclusion of the Map of Mato Grosso (1917-1952) had for aim the confection a new map for the state of Mato Grosso and Surrounding Regions from topographical and cartographic surveys carried through by the Rondon Commission. During the 35 years of “gestation” of the project, between interruptions and reactivations of this service, an extensive archive was produced from diverse trips to the Mato Grosso. One of the elect sources for study was the report produced for the Lieutenant Luiz Moreira de Paula carried through between 1941/1942, in its trip for the South of Mato Grosso and that it had for objective the survey of the river Jaucoara and other stretches of the state. In this document, beyond road and hidrografics, appropriate descriptions for the elaboration of a map, isolada' that it inhabited that region.

Key-words: Comissão Rondon; Carta de Mato Grosso; Tenente Luiz Moreira de Paula;

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Introdução

Este trabalho é parte de um projeto mais amplo denominado “Inventário da Natureza do Brasil: as atividades científicas da Comissão Rondon (1907-1930)”. O projeto tem por meta a compreensão e análise dos aspectos científicos realizados pela Comissão de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMTA), popularmente conhecida por Comissão Rondon. Na pesquisa, privilegiamos a compreensão entre ciência, conhecimento e ocupação do território.

Em um dos relatórios da Comissão de 1915, Rondon afirma que a exploração científica do território e sua incorporação ao mundo civilizado seriam partes de um só projeto (LIMA & SÁ, 2006). Durante os seus mais de vinte anos de funcionamento, os interesses da CLTEMTA foram bem diversificados: Instalação da rede telegráfica, integração territorial, reconhecimento de rios, correção de mapas, levantamentos topográficos, inspeção de fronteiras, incremento de lavouras, análises geológicas, botânicas e zoológicas. Estes múltiplos interesses da comissão estão relacionados diretamente ao triplo gerenciamento deste projeto que era composto pelos seguintes ministérios: Ministério da Guerra, Ministério da Viação e Obras Públicas e ao, então, recém 2 recriado Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (SÁ, SÁ, LIMA, 2008). Desta forma, podemos perceber o quão abrangentes foram os interesses desta comissão, assim como seu caráter multifacetado.

Dentre as diversas realizações científicas da Comissão Rondon, as minhas atenções estão voltadas para a Cartografia realizada no âmbito desta comissão. As atividades cartográficas e topográficas desenvolvidas pela CLTEMTA tiveram por conseqüência a criação do Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso (1917-1952).

Neste trabalho, pretendo delinear a trajetória do Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso, assim como, tecer algumas considerações sobre o relatório elaborado para este serviço pelo Tenente Luiz Moreira de Paula, em viagem realizada ao Sul de Mato Grosso (1941-1942) que tinha por finalidade o reconhecimento do rio Jaucoara e de outros pontos do estado. Não se pretende aqui analisar os aspectos cartográficos

2 Após a extinção do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (MACOP) em 1891, foi (re)criado em 1906 o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC), que assim como o extinto ministério, defendia o avanço da “Ciência Aplicada” no Brasil. No entanto, o MAIC só foi definitivamente implementado em 1909.

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deste relatório e sim apresentar as anotações do Tenente acerca das condições de saúde da população do Sul de Mato Grosso do início da década de 40.

O Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso

O governador do Estado de Mato Grosso, D. Francisco de Aquino Corres propôs ao General Rondon uma nova confecção da carta para o estado, uma vez que um dos interesses da Comissão Rondon estava pautado em correções cartográficas e o mapa do estado na ocasião era considerado como ‘impreciso’ e ‘cheio de falhas’.A proposta muito agradara a Rondon e também fora aprovada pelo General José Caetano de Faria, Ministro da Guerra. Sendo assim, em 1917 foi criado o Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso que contou com o próprio Rondon como Diretor Geral e o então Capitão Francisco Jaguaribe de Mattos como Chefe da Seção de Desenho.

Inicialmente, o propósito do Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso era reunir todo o acervo cartográfico e topográfico produzido pela Comissão Rondon e a partir de então começar uma nova exploração de caráter complementar ao material já existente a fim de finalizar a Carta de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas. O prazo previsto para a elaboração desta carta era setembro de 1922, quando aconteceria a Exposição do Centenário da Independência do Brasil. Em março de 1922 o capitão Francisco Jaguaribe embarcou para Paris pretendendo finalizar a carta, pois o chefe da Missão Militar Francesa no Brasil, Sr. General E. Gamelin, sugeriu a Rondon que fizesse a impressão da carta nas oficinas de "Service Géographique de l'Armée" - Paris. O convite foi aceito, entretanto, Rondon subestimou o tempo, pois seis meses não seriam suficientes para que a carta estivesse pronta e impressa. Contudo, foi publicada uma espécie de “carta provisória” especialmente produzida para tal exposição: a Carta Esquemática do Estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas, que fora desenhada e organizada pela Seção de Desenho da Comissão Rondon, sendo chefiada pelo Capitão Francisco Jaguaribe de Mattos. A legenda da carta é baseada nos feitos da Comissão Rondon, portanto é possível afirmar que se tratando de uma exposição internacional, a tal Carta Esquemática de Mato Grosso funcionou como grande propagandista da comissão.

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Na década de 20, a Carta de Mato Grosso também contou com os levantamentos realizados pelo Serviço de Inspeção de Fronteiras (1927-1930). As questões sobre território, limites e fronteiras estavam em alta e muito já se havia realizado a esse respeito pela própria Comissão Rondon. Neste contexto, o então presidente Washington Luís (1926-1930) criou o Serviço de Inspeção de Fronteiras, argumentando examinar aspectos de segurança e povoamento das regiões fronteiriças do Brasil. nomear Rondon como Inspetor de Fronteira. Durante os três anos de inspeção um vasto material cartográfico foi produzido.

Com a dissolução da Comissão Rondon em 1930, devido à Revolução, os trabalhos voltados exclusivamente para a Carta de Mato Grosso só foram reiniciados em 1939. Entretanto, no primeiro ano da década de 40 foi estabelecido um convênio entre o Ministério da Guerra e o Estado de Mato Grosso que determinava a confecção, impressão e distribuição da carta. Novos trabalhos de campo foram feitos no Sul de Mato Grosso em 1941/1942. O desenho definitivo da Carta foi iniciado após esta expedição. Entretanto, todo o vasto arquivo produzido para a confecção do projeto foi transferido do Ministério da Guerra para o Ministério da Agricultura através de acordo firmado em função da criação por este Ministério do Conselho Nacional de Proteção aos Índios3.

Com esta mudança de ministérios, apenas na década de 50 foi conseguido financiamento para a distribuição e impressão da carta e somente em 1952, a Carta de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas finalmente foi publicada.

Como foi apresentado, ao longo dos seus 35 anos de funcionamento, o Serviço de Conclusão da Carta de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas sofreu inúmeras interrupções e reativações, entretanto, neste período, acumulou um vasto arquivo cartográfico oriundo de diferentes circunstâncias. Como exemplo, temos a viagem do Tenente Luiz Moreira de Paula ao Sul de Mato Grosso no início da década de 40, que tinha por objetivo atividades complementares aos trabalhos cartográficos já existentes, para a confecção da carta do estado, entretanto, neste documento encontramos caracterizações sobre a saúde população residente naquela parte de Mato Grosso. Não pude preterir a análise deste relatório através da perspectiva da História da Saúde,

3 O Conselho Nacional de Proteção aos Índios foi criado a partir do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN) fundado em 1910 que tinha por objetivos tanto a integração indígena quanto a localização de trabalhadores rurais, tendo Rondon como diretor.

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afinal, se trata de um registro de campo, recheado de informações sobre as condições em que viviam as pessoas nas regiões visitadas por aquele Tenente.

O Relatório do Tenente Luiz Moreira de Paula

Nascido em 1898 e natural do município de São José de Além Paraíba - MG, o então Tenente Luiz Moreira de Paula foi incumbido de realizar os trabalhos complementares no Sul de Mato Grosso destinados à conclusão da carta geográfica daquele estado. Da discriminação das atividades a serem realizadas, constava a reunião de documentos topográficos e cartográficos que pudessem interessar à Carta do Estado, especialmente no que se referisse aos limites dos municípios adjacentes e a capital do estado e quando possível, examinar diretamente no terreno as linhas desses limites, levantamentos de rodovias, reconhecimento de rios e obtenção de amostras da planta silvestre denominada “Quina”, destinadas à analise para fins científicos.

Os esforços realizados foram registrados através de um relatório elaborado pelo próprio Tenente a ser apresentado ao General Rondon. Neste documento, além de descrições rodoviárias e hidrográficas, apropriadas para a elaboração de uma carta, estão inseridas caracterizações acerca das condições em que vivia o povo radicado entre Cuiabá, Poconé, Rosário-Oeste e Barra dos Bugres em 1941/1942. Para o Tenente Luiz Moreira de Paula o registro das circunstâncias, com as quais se deparou, era de total relevância, como afirma em seu relatório:

“A idéia predominante foi a seguinte: no meu encargo de funcionário pago pelos cofres públicos a fim de percorrer e obter anotações sobre uma região de característicos oficialmente pouco conhecidos, seria inepto fechar os olhos e ouvidos a pormenores equivalentes e, alguns deles, até superiores em importância ao objetivo restrito de minha tarefa, pelo simples motivo de não terem sido esses pormenores especificados em adendo ou complemento àquela incumbência... (...)”. (PAULA, 1952:65)

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Ou seja, na prática, as atividades não se restringiram apenas aos levantamentos cartográficos. Coube, portanto - a Luiz Moreira de Paula, Segundo Tenente do Exército e encarregado dos serviços cartográficos e topográficos que findavam a confecção da Carta de Mato Grosso, além de escrever sobre a Geografia da região, inserir em seu relatório o modo de vida da população considerada “isolada” e “atrasada”4.

Uma vez chegado ao Mato Grosso, em novembro de 1941, o Tenente Luiz Moreira de Paula realizou parte dos trabalhos com número restrito de pessoas ou sozinho. Ao trafegar de carro considerou o termo “rodovia” pomposo demais para o caminho utilizado com essa finalidade e o seu parecer foi que tal denominação seria pretensiosa para aquele tipo de estrada (PAULA,1952). O Tenente examinou terrenos, mediu distâncias, verificou limites municipais, obteve diversas amostras da planta quina, fez o levantamento do rio Jaucoara, conforme as instruções dadas pelo General Rondon e pelo Coronel Francisco Jaguaribe de Mattos.

Entretanto, ao avaliarmos o documento, as anotações relativas à saúde daquela região nos saltam aos olhos. Parecia, assim, num primeiro momento, que o então Tenente se preocupou em enfatizar no relatório a predominância de um mato-grossense carente dos cuidados médicos, mas paradoxalmente, negligente aos Serviços de Saúde e hábitos de higiene. Vejamos, por exemplo, no trecho a seguir, onde o Tenente descreve os tipos o qual se deparou:

“Encontram-se muitos retardados mentais e aleijados de nascença; o raquitismo e certa supuração crônica dos olhos são generalizados entre as crianças, atingindo essa moléstia da vista também aos adultos, nos quais provoca a queda de pêlos protetores dos olhos, de que resulta um aspecto repulsivo de pálpebras sanguinolentas e congestionadas; talvez até a cegueira, de que existem casos. Os exemplares geralmente aceitos como

4 É importante localizar este trabalho dentro de uma ‘tradição’ de relatos de viagem que trazem registros sobre modos de vida da população, por meio, sobretudo, de análises sobre a ‘resistência’ à medicina e à prevalência de doenças em regiões tidas como ‘afastadas’. Como exemplo, temos os artigos: “Uma interpretação do Brasil como doença e rotina: a repercussão do relatório médico de Arthur Neiva e Belisário Penna (1917-1935)” de Dominichi Miranda de Sá e “Uma brasiliana médica: O Brasil Central na expedição científica de Arthur Neiva e Belisário Pana e na viagem ao Tocantis de Paternostro” de Nísia Trindade Lima. Rev Manguinhos: KROPF, Simone Petraglia (Org.) ; SÁ, Dominichi Miranda de (Org.) . Número Especial "Chagas do Brasil: ciência, saúde e sociedade" de História, Ciências, Saúde - Manguinhos. 16. ed. Rio de Janeiro: Garamond/Faperj, 2009. v. 1. 348 p.

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tipo de beleza humana são raríssimos. Há por lá o costume de aparar os cantos dos dentes incisivos, resultando dessa original concepção de embelezamento uma dentadura que lembra a dos felinos... (...)”.

(PAULA, 1952:36)

Segundo consta o relatório, tudo o que acontecia ou deixava de acontecer na região era dado por “castigo”: peste da criação, secas, enchentes, incêndio no campo, calor, morte natural e principalmente doenças era suficientemente explicado no infinito rol dos castigos, uma espécie de povo escolhido às avessas (PAULA, 1952:49). Os quadrúpedes estavam sendo devastados pela raiva bovina, que atingia inclusive aos porcos, cabras e ovelhas. O criador ao ser questionado, sem titubear, atribuiu a peste ao castigo divino. Em suas anotações, o tenente revida:

“Talvez ele houvesse acertado com a verdadeira causa, sem o querer, é um duro castigo, pelo descaso em aplicar, nas épocas prescritas, as vacinas anti-rábicas, preparadas pelo eficiente posto do Serviço de Profilaxia da raiva Bovina do Ministério da Agricultura que diligentemente funciona em Cuiabá. Além de não acreditarem na vacina, nem no efeito benéfico do isolamento do gado doente, ninguém os compele a executar... Perguntei ao outro criador o que era feito do gado que caia atacado da peste e morria no campo. Interessava-me saber se era queimado, enterrado ou abandonado aos prazeres gastronômicos dos urubus e outros apreciadores de semelhante iguaria. E ele respondeu-me: “Alguns sarga e come, ôtros deixa prós aribús”. E assim fiquei sabendo por informação de Antônio Alves, que há por lá quem coma carne de rezes mortas de peste; é possível que ele próprio o faça, para ressarcir uma parte do prejuízo advindo do “castigo”. E como fiz refeições em sua casa, onde pernoitei, é também possível que já tenha pago por adiantamento o que agora estou dizendo aqui (...).” (PAULA,

1952:48);

Dessa maneira, a indignação de Luiz Moreira de Paula explicita a postura negligente dos criadores em relação às medidas de prevenção e cuidados com a saúde dos animais portadores da raiva. Além da ingestão desses animais, como mencionado acima, o Tenente também cita em seu relatório, a rotina alimentar daquele povo, assim como a ausência de hábitos higiênicos.

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Os produtos da fauna e flora, assim como o uso de benzeduras, emplastros e infusos eram usados empiricamente pela população que habitava aquela região. A presença de raizeiros e curandeiros também eram comuns, inclusive eram dotados de bastante clientela. Um caso curioso é relatado sobre o curandeiro de nome Pedro, conhecido por Pedrinho, se instalou em uma fazenda no Aricá, situada a cerca de 30 quilômetros de Cuiabá. Seus clientes ultrapassaram aos arredores e sua fama estendeu-se até quaestendeu-se mil quilômetros de distância. Na passagem a estendeu-seguir temos um exemplo de uma façanha de Pedrinho como foi narrada ao Tenente:

“As autoridades sanitárias de Cuiabá, ao terem notícias dos prodígios que ele vinha realizando, resolveram observar de perto sua “técnica” e liquidar com a farsa, se fosse o caso. Mas, não só acabaram consentindo em suas atividades, como chegaram até a ser embrulhadas pelo “vidente”. Tomando um carro, alguns médicos se dirigiram ao Aricá, onde encontraram o “iluminado” no afã de atender à clientela, que era grande. Teriam que esperar a vez e assim o fizeram pachorrentamente, pois que não se deixaram identificar. O motorista que os conduziu encontrou meios de ser ouvido pelo embusteiro, pouco depois da chegada e pediu--lhe remédio para um mal que o afligia: morféia. É de supor que o motorista estivesse ciente do seu próprio estado. Quando os médicos puderam falar com o Pedrinho e verificaram os processos de cura que empregava e que era um tipo de sertanejo simples, de aparência e procedimentos simplesmente vulgares, inofensivos, não encontraram motivos bastante fortes para cercear-lhe a ação. Ao o mistificador lhes disse à queima-roupa: “Estou admirado de que os senhores tragam em seu carro um motorista morfético e não tenham dado por isso “ - os médicos ignoravam o expediente do motorista para dizer ao Pedrinho o mal de que sofria e como sua aparência de saúde normal não denunciava a verdade, acabaram acreditando na “sobrenaturalidade” do Pedrinho, depois de examinarem o motorista com resultado positivo. (...)” (PAULA,

1952: 50)

Para finalizar, concluo que muitas declarações feitas pelo Tenente Luiz Moreira de Paula, embora dotadas de uma dose de humor negro, nos faz estabelecer certa consciência do que seria um provável Sul de Mato Grosso do início da década de 40. A partir do contato com esta documentação pude constituir uma conexão com este Brasil

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“isolado”, o sertanejo mato-grossense e tantas peculiaridades, que embora pareçam muito distantes ocorreram há apenas 70 anos.

Referências Bibliográficas Fontes Primárias

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_________________________________________________________: Conclusão da

Carta de Mato Grosso. Narração: Marino Neto. Brasil, 1955. FI. 1 Filme: película (5 min. 05 seg.), 35 mm, p&b, 1 rolo. Filme montado junto com o filme Epopéia da Comissão Rondon; Português.

PAULA, Luiz Moreira da. Levantamento do rio Jaucuara e de outros trechos do Estado, destinados à conclusão da Carta de Mato-Grosso: relatório dos trabalhos realizados em 1941 e 1942. apresentado ao Exmo. Sr. General Cândido Mariano da Silva Rondon pelo 2 Tenente Luiz Moreira de Paula. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1952. 116 p. + [57] retrs.

Cartas Utilizadas:

Carta Esquemática de Matto Grosso – Cópia heliográfica, papel comum, bom estado, medindo 82 cm x 55 cm

Carta do Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas 1952 - Arquivo Museu do Índio

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