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Matéria: literatura Assunto: naturalismo - aluísio de azevedo Prof. IBIRÁ

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Academic year: 2021

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Matéria: literatura

Assunto: naturalismo - aluísio de azevedo

Prof. IBIRÁ

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ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857-1913)

Obras: O Mulato (1881); Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890)

Embora tenha escrito folhetins românticos para sobreviver, foi na estética naturalista que Aluísio atingiu o seu apogeu artístico.

Já em O Mulato, obra dividida entre o enredo folhetinesco e a concepção naturalista de denúncia (o preconceito de cor contra Raimundo) percebia-se nele o caminho para um tipo de ficção que privilegiasse o meio e colocasse o indivíduo como resultante de ambientes degradados. Neste sentido, O Mulato e Casa de Pensão funcionam como preparação para O Cortiço, obra-prima do Naturalismo brasileiro.

O Cortiço

O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso. Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois. Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa. No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos. A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão. O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão. Casa de Pensão

Amâncio de Vasconcelos, um jovem maranhense, vem para o Rio de Janeiro, com o propósito de realizar o curso de Medicina. De início hospeda-se em casa de um conhecido da família, Luís Campos, que vivia com sua mulher Dona Maria Hortência e uma cunhada, Dona Cadotinha. Entretanto, Amâncio encontrara-se! com um amigo e coprovinciano, Paiva Rocha, e passa a

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viver uma vida desvairada e boêmia. As extravagâncias de chegar altas horas da noite, faltar às aulas, embebedar-se, não lhe eram permitidas em casa de Campos. Por outro lado, o jovem estudante começara a despertar um certo interesse no coração de Hortência. Levado por esses motivos resolve mudar-se para a pensão de João Coqueiro, que lhe fora apresentado por Paiva Rocha.

Acaba envolvido por Amélia, irmã de João Coqueiro, que finge ignorar o romance e explora-a, exigindo dinheiro do rapaz [Amâncio]. Enredado no ambiente asfixiante e corrupto da pensão de João Coqueiro e de Mme. Brizard, sua mulher, envolvido em uma série de tramas, Amâncio resolve viajar para São Luís, para rever a mãe, agora viúva. João Coqueiro suspeita da viagem, e consegue que a polícia prenda Amâncio sob acusação de defloramento, da qual o estudante é absolvido, em rumoroso julgamento.

Inconformado com a absolvição, João Coqueiro assassina Amâncio com um tiro.

Observações

Casa de Pensão é uma espécie de narrativa intermediária entre o romance de personagem [O Mulato] e o romance de espaço [O Cortiço]. Como em O Mulato, todas as ações ainda estão vinculadas à trajetória do herói, nesse caso, Amâncio de Vasconcelos. Mas, como em O Cortiço, a conquista, ordenação e manutenção de um espaço é que impulsiona, motiva e ordena a ação. Espaço e personagem lutam, lado a lado, para evitar a degradação.

O romance foi inspirado em um caso verídico, a Questão Capistrano, crime que sensibilizou o Rio de Janeiro em 1876/77, envolvendo dois estudantes, em situação muito próxima à da narração de Aluísio Azevedo.

As teses naturalistas, especialmente o Determinismo, alicerçam a construção das personagens e das tramas.

No texto que transcrevemos a seguir, Aluísio Azevedo, ao descrever a formação de Amâncio Vasconcelos, mostra os fatores que determinaram o seu comportamento e o seu destino: a educação severa do pai e do mestre-escola, a superproteção da mãe, a sífilis contraída da ama-de-leite, que são as geratrizes de uma personalidade reprimida e hipócrita:

“... esses pequenos episódios de infância, tão insignificantes na aparência, decretaram a diluição que devia tomar o caráter de Amâncio. Desde logo habituou-se a fazer uma falsa ideia de seus semelhantes; julgou os homens por seu pai, seu professor e seus condiscípulos. - E abominou-os. Principiou a aborrecê-los secretamente, por uma fatalidade do ressentimento, principiou a desconfiar de todos, a prevenir-se contra tudo, a disfarçar, a fingir que era o que exigiam brutalmente que ele fosse. “

Inseguro, necessitado de proteção materna, Amâncio procura na pensão carioca o substitutivo da família, incapaz de perceber as ciladas que lhe são armadas pela proprietária, Mme. Brizard e pela sensual Amélia. O dinheiro é a mola dessa sociedade corrupta e hipócrita. Observe o cinismo dos pensamentos de João Coqueiro, refletindo sobre o comportamento que sua irmã, Amélia, deveria simular, para envolver Amâncio:

“Amélia, desde que se convertesse numa necessidade para a vida de Amâncio, este, com certeza, seria o mais interessado em fazer dela sua esposa; por conseguinte, agora o que convinha era que a rapariga também ajudasse de sua parte, empregando todo o jeito e boa vontade de que pudesse dispor. - devia mostrar-se cordata, simples nos seus gostos, bem arranjadinha, amiga do asseio, honesta, digna, enfim, de um marido!”

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O Mulato

Foi o romance que marcou o começo do naturalismo na literatura brasileira. O livro abordou temas delicados para a época como o preconceito contra os negros na sociedade do Maranhão daquele período e a corrupção clerical. Desta forma, o escritor irritou seus conterrâneos e sofreu com a pressão das publicações locais.

Assim ficou conhecido Aluísio Azevedo em São Luís pela autoria de O Mulato. O grau de insatisfação que o romance causou pode ser medido por uma matéria publicada em um jornal daquele período chamado “A Civilização”, na qual o escritor era aconselhado a “pegar na enxada, em vez de ficar escrevendo”. Devido a isso, o autor precisou voltar para o Rio de Janeiro, onde foi bem recebido e teve sucesso.

Principais personagens de O Mulato:

• Raimundo: personagem principal. Filho da escrava Domingas com José Pedro da Silva. Sua figura idealiza a superioridade física, intelectual e moral.

• Ana Rosa: filha de Manuel Pescada, noiva e prima de Raimundo. O pai de Ana Rosa não concordava com sua relação com Raimundo, que era filho de escrava. Personagem utilizada para citações literárias, pois gostava de ler Eça de Queirós e Flaubert.

• Manuel Pescada: Pai de Ana Rosa. De origem portuguesa, era um homem com tino para o comércio, apreciava livros e a leitura de jornais.

A importância de O Mulato para o naturalismo brasileiro pode ser observada nos seguintes elementos:

• Sensualidade: paixão carnal de Ana Rosa em relação a Raimundo

• Crítica social: sátira feita com a criação dos tipos que habitavam São Luís. O escritor criou personagens imorais e grotescos como um comerciante grosseiro e rico, uma beata odiosa e velha, entre outros.

• Anticlericalismo: um padre assassino e descompromissado com a batina, cônego Diogo, personagem extremamente hipócrita.

• Preconceito perante os negros: em toda a trama de O Mulato, o escritor opõe-se aos abusos relacionados aos escravos.

• Triunfo do mal: o livro termina com a gratificação dos criminosos. O padre Diogo torna-se cônego e a heroína casa-se com o homem que assassinou Raimundo.

Entre outros aspectos, O Mulato foi um livro publicado em meio à forte campanha a favor da abolição da escravatura, outro fator que aumentou o escândalo causado pela obra naquela época. Um grande mérito do livro é a análise da posição do mestiço na sociedade do Maranhão e os ataques ao preconceito contra os negros.

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Bibliografia de Literatura

BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 2002.

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GONZAGA, Sergius – Curso de Literatura Brasileira, 1ª ed, Porto Alegre, Leitura XXI, 2004. JUNQUEIRA, Ivan – Escolas Literárias no Brasil, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Le-tras,2004.

MOISÉS, Massaud – História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, 2001.

MOISÉS, Massaud – A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 1996. NICOLA, José de – Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, 2011. PICCHIO, Luciana Stegagno – História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 2004.

PROENÇA, Domício – Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, 1978.

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Bibliografia de Música e Artes Plásticas

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DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, 1971. SEVERIANO, Jairo – Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34, 2013.

Referências

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