Volume 5 Número 1 Jan/Fev/Mar/Abr - 2009
do I.E.P.C.
Nesta edição três artigos científicos:
Reabsorção Radicular Externa
do I.E.P.C.
Volume 5, número 1, 2009
Periodicidade: Quadrimestral
Periodicidade: Quadrimestral ISSN 1808-740X
1. Odontologia periódicos. 2. Ortodontia I. IEPC. II. Título
DIRETOR GERAL
Prof. Dr. Irio Cavalieri (SP)
EDITORA CIENTÍFICA
Profa. Dra. Cecilia Rocha Brito (SP)
CONSELHO CIENTÍFICO
Prof. Dr. Adriano Marotta Araújo (SP) Prof. Dr. Carlos Henrique Guimarães Jr. (DF) Profa. Dra. Cristina Marta Ferreira Gradella (AP) Profa. Dra. Daisy Costa Miranda Quagliatto (AL) Prof. Dr. Eduardo Cesar Werneck
Profa. Dra. Flavia Azevedo (RJ)
Prof. Dr. Guilherme José Martins Braga (MG) Prof. Dr. Horacio Trevisan Jr (SP)
Prof. Dr. Marcio Eduardo Kato (SP) Prof. Dr. Marcelo Marotta Araújo (SP) Prof. Dr. Ronaldo Bastos (RJ)
Prof. Dr. Rogério de Lima Romeiro (SP)
EDITORAÇÃO E IMPRESSÃO Editora IEPC Av . N e s ra l l a R u be z, 1 3 2 4 – Cru ze i ro – S P – CEP – 1 2 . 7 1 0 .0 7 0 A R e v i s t a Ci e n t í fi ca do IEP C é u m a pu bl i ca çã o qu a dri m e s t ra l do IEP C (e di t a da n os m e s e s de m a rço, ju l h o e , n ov e m bro). JORNALISTA RESPONSÁVEL S e rg i o Lu i s S a n t i a g o CR J – 4 0 .9 4 7 Endereço: Av . N e s ra l l a R u be z, 1 3 2 4 – Cru ze i ro – S P – Te l . (1 2 ) 3 1 4 4 – 4 2 5 5 e -m a i l : drw e rn e ck @u ol .com .br Os di re i t os a u t ora i s e s t ã o re s e rv a dos pe l o IEP C; qu e re s g u a rda rá os m e s m os s obre os t ra ba l h os n e s t a re v i s t a pu bl i ca dos .
Queridos leitores,
É com grande satisfação que mais um número da nossa revista foi publicado com artigos de qualidade e relevância clínica. Um dos artigos sobre reabsorção radicular externa relacionada ao tratamento ortodôntico relata uma das situações mais polêmicas no tratamento ortodôntico, sendo assim, um tema muito interessante. Outros dois temas abordados nesse número relatam sobre o momento ideal para iniciar o movimento ortodôntico após as exodontias e diagnóstico, tratamento cirúrgico e acompanhamento de cisto dentígero em paciente ortodôntico.
Esperamos que nossa seleção de artigos para este número engrandeça de alguma forma o seu conhecimento. Continuamos o caminho da perseverança pelo conhecimento.
Abraços a todos
Profa. Dra. Cecilia da Rocha Brito
5
25
Avaliação da quantidade média de
reabsorção radicular externa induzida
ortodonticamente nos dentes anteriores
superiores em cada gênero
38
espaço em paciente com indicação ao
Cisto – diagnóstico e preservação de
tratamento ortodôntico
51
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
Avaliação do momento ideal para a
* Transcrito do Jornal da Sociedade Paulista de Ortodontia (SPO) ANO XVI, número 78, 2005
*Stela Maris Bassi de Carvalho *Fernanda de Oliveira e Silva
** Eduardo César Werneck
reabsorção da raiz – caracteres sexuais – raiz dentária
*Especialista em ortodontia pelo I.E.P.C.
**Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia do I.E.P.C.
A reabsorção radicular apical externa é um problema multifatorial intimamente ligado ao tratamento ortodôntico. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a
quantidade média de reabsorção radicular, os dentes anteriores superiores mais envolvidos no processo e a diferença desta manifestação entre os gêneros. Para tanto, utilizou-se uma amostra de 17 pacientes adultos (10 do gênero feminino e 7
do gênero masculino), submetidos ao tratamento ortodôntico fixo (técnica de Alexander), avaliados por meio de radiografia periapical milimetrada antes e após
um período de 8 meses de tratamento. As reabsorções radiculares ocorreram em uma média de 1,125 mm, com os incisivos centrais apresentando um valor maior (1,25 mm) quando comparados aos incisivos laterais (1 mm). Observou-se ainda que o sexo masculino apresentou maior média de reabsorção (1,075) do que o
A reabsorção radicular apical externa é um problema multifatorial encontrado em todas as especialidades odontológicas. Frequentemente está associada a tratamentos ortodônticos e, mais
recentemente, teve sua
considerável atenção
decorrente à exposição dos ortodontistas aos processos jurídicos.
Pacientes com
predisposição geralmente
apresentam reabsorção
radicular apical nos estágios
iniciais do nivelamento
ortodôntico e, se o diagnóstico for precoce, o ortodontista pode evitar danos irreparáveis, como até a perda do elemento dentário.
A compreensão da
movimentação dentária
induzida ortodonticamente requer conhecimentos relativos à biologia celular, inflamação,
microcirculação e também conhecimento de variáveis mecânicas como magnitude, duração, direção e intensidade das forças aplicadas.
A reabsorção radicular sempre ocorre em tratamentos ortodônticos.
Através desta conclusão, existe a possibilidade de um conjunto de atitudes que uma vez adotadas podem evitar, na maioria dos casos, danos
significativos ao dente
acometido.
Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a
quantidade média de
reabsorção radicular, quais os dentes anteriores superiores mais envolvidos no processo, e se há diferença entre os gêneros.
Reitan1 observou as
reações iniciais nas porções apicais das raízes submetidas a
movimentos de variada
duração, direção e magnitude de força, concluindo que na extrusão, intrusão e outros tipos de movimentos realizados ocorre reabsorção radicular na grande maioria dos casos. No
entanto, quando forças
moderadas são aplicadas, as lacunas de reabsorção são inicialmente superficiais e
pequenas e a estrutura
reabsorvida do dente, exceto a porção apical, que será
reconstruída por
cementoblastos.
Newman2 estudou a
relação entre reabsorção radicular idiopática e a influência da genética familiar, de causas sistêmicas, tipo de maloclusão, passado médico e história dental, e, evolução da
reabsorção radicular em
pacientes tratados
ortodonticamente. O autor conclui que um número maior que o esperado de pacientes foi encontrado com reabsorção radicular apical severa e moderada idiopática. Incisivos
superiores, pré-molares
superiores e segundos
pré-molares inferiores
demonstraram maior incidência de reabsorção radicular. Não se
chegou a uma conclusão
definitiva sobre a genética. Uma pequena relação foi demonstrada entre contato
oclusal e encurtamento
radicular. Pacientes com mordida aberta e função anormal da língua poderiam aumentar a possibilidade de
encurtamento radicular.
Fatores sistêmicos podem ser a maior etiologia na reabsorção radicular idiopática (incluindo a
influência de fatores
Dentes com sinais de reabsorção radicular antes do
início do tratamento
ortodôntico podem ser mais
propensos à reabsorção
radicular e dentes com trauma leve a moderado e com ligamento periodontal intacto devem ser observados por um período de 4 a 5 meses para que possam ser movimentados
com um prognóstico
comparável a dentes sem injúrias3.
Existe uma associação entre a reabsorção radicular
apical e o tratamento
ortodôntico, sendo que a reabsorção cessa ao término do
tratamento ativo. Foram
encontradas evidências que a reabsorção radicular apical durante a fase pós-tratamento não estaria necessariamente relacionada com a reabsorção radicular durante o período de tratamento ativo; e sim, com outros fatores como trauma oclusal e forças ativas nos aparelhos de contenção4.
Para determinar o
potencial reparativo de
reabsorção radicular de dentes tratados ortodonticamente,
Owman-Moll, Kurol &
Lundgren5, verificaram que a reabsorção radicular esteve presente em todos os dentes avaliados. A porcentagem de áreas reabsorvidas reparadas foi de 28% depois de uma semana de contenção e, de 75% depois de 8 semanas de contenção. O cemento da reparação foi exclusivamente do tipo celular. Houve uma grande diferença entre o potencial de reparação nas regiões cervical, terço médio e terço apical das raízes. Após 8 semanas, três de quatro áreas reabsorvidas mostram algum grau de reparação.
Uma comparação entre dentes que tiveram reabsorção radicular externa durante o tratamento ortodôntico e como se apresentavam após um longo período pós-tratamento mostrou que os incisivos superiores são os dentes que
mais freqüentemente susceptíveis e, com maior
extensão de reabsorção
radicular externa quando
comparados aos outros
dentes6.
As variáveis
frequentemente associadas a uma contribuição significativa para a reabsorção radicular apical são a sobressaliência, história de trauma nos incisivos antes do início do tratamento, tempo de tratamento com fio
retangular, tempo de
tratamento com elástico classe II, disfunção de lábios e língua, hábito de chupar o dedo por um longo período e caninos
superiores impactados
corrigidos ortodonticamente7.
Também podem ser
destacados as grandes
movimentações ortodônticas, tratamentos de longa duração, raízes estreitas, raízes longas, anomalias de forma da raiz e uso de elásticos Classe II. O tipo inicial de maloclusão, tempo de tratamento, uso de
arcos retangulares,
proximidade da raiz com o palato, ou, tratamento com osteotomia maxilar, segundo Smale et al.8, Mirabella &
Artun9, não estão relacionados
ao desenvolvimento da
reabsorção radicular.
Owman-Moll, Kurol & Lundgren10, avaliaram os
efeitos da força contínua e
interrompida de mesma
magnitude sobre a
movimentação dentária
ortodôntica e as reações teciduais adversas relacionadas e demonstraram não haver
diferença no grau de
severidade de reabsorção radicular entre as duas forças.
Ao analisarem a relação entre deslocamento do incisivo
central superior em
cefalogramas laterais e a reabsorção radicular medida em filmes periapicais anteriores Baumrind, Korn & Boyd11
concluíram que somente uma porção relativamente pequena da reabsorção apical observada poderia estar relacionada com
a movimentação dentária isolada.
Gênero, tempo decorrido e deslocamento apical revelaram associações estatisticamente significantes com a reabsorção apical externa. Taithongchai, Sookkorn & Killíany12, fizeram
um estudo para determinar se as medidas pré-tratamento da estrutura facial e dentoalveolar podem ser empregadas para predizer a possibilidade de
encurtamento do ápice
radicular. Uma relação
estatisticamente significante foi constatada entre a quantidade de encurtamento do ápice radicular e a duração do tratamento ativo.
Para avaliar a relação entre reabsorção radicular e tratamento ortodôntico, Silva, Martins & Martins13, fizeram
uma revisão de literatura e concluíram que o tratamento ortodôntico deve ser conduzido
com forças leves e
intermitentes, propiciando as raízes períodos de repouso para sua recomposição, pois as
forças ortodônticas são
contrárias aos movimentos fisiológicos dentários, podendo com isto evitar ou prevenir o aparecimento de reabsorção radicular e outras seqüelas
indesejáveis. O
acompanhamento radiográfico é de extrema importância para
detectar a presença de
reabsorções radiculares
durante o tratamento, a fim de
suspender ou alterar a
mecanoterapia. A reabsorção radicular ocorre igualmente em ambos os sexos, com maior incidência nos dentes ântero-superiores. Pacientes com hipocalcemia podem ter um aumento na ocorrência e na severidade da reabsorção
radicular. As análises
estatísticas não mostram
diferenças no grau de
reabsorção radicular para
dentes vitais quando
comparados com dentes
tratados endodonticamente. A reabsorção radicular ocorre praticamente em todos os
ortodonticamente mas não apresenta importância clinica, porque raramente excede a 1/3 do comprimento da raiz.
Através de uma revisão da literatura, Capelozza & Silva14,
procuraram definir um
programa a permitir a
identificação de indivíduos predispostos à reabsorção radicular antes do tratamento ou em tempo hábil. Uma vez identificado o problema é realizado uma adaptação das condutas clínicas e orientação
dos procedimentos pós
tratamento.
Os fatores que influenciam a reabsorção radicular são:
hereditariedade, sexo
(mulheres são mais
susceptíveis), idade (adultos tem maior predisposição), alterações endócrinas, tipo de
ma oclusão (gravidade),
hábitos, trauma prévio, estágio de desenvolvimento radicular (dentes com ápice aberto são menos susceptíveis), forma da raiz (formato atípico tem maior susceptibilidade), magnitude
da força ortodôntica (a força deverá ser leve para evitar a reabsorção radicular), intervalo de aplicação de força (quanto maior o tempo menor o risco de reabsorção radicular) e força contínua, interrompida por períodos de repouso (são as mais favoráveis para resposta celular). Para evitar reabsorção radicular externa os
autores determinaram a
adoção das seguintes medidas: planejamento ortodôntico, controle radiográfico das raízes dos incisivos durante o tratamento, cuidados com a contenção que deverá ser passiva14.
Owman-Moll & Kurol15
verificaram que a maior parte do cemento de reparação era do tipo celular que recobria uma fina camada de cemento acelular formada inicialmente. Grandes diferenças individuais foram notadas com relação à ocorrência de cicatrização da reabsorção radicular induzida ortodonticamente.
Ao avaliarem os movimentos dentários que
poderiam exacerbar a
reabsorção radicular apical externa Parker & Harris16, verificaram que os movimentos vertical, apical e incisal, e o aumento da vestibularizacão do incisivo, foram os elementos mais importantes na predição da reabsorção radicular apical externa. A intrusão incisal e o torque radicular lingual foram em conjunto os elementos de predição mais importantes para a reabsorção radicular apical externa. Por sua vez, a retração distal de corpo, a extrusão e inclinação lingual da coroa não produziram efeitos perceptíveis.
Ao estudar a relação do contato radicular com a lâmina cortical palatina e vestibular
durante a movimentação
ortodôntica com os níveis de reabsorção radicular Horiuchi, Hotokezaka, Hobayashi17,
encontraram resultados
sugerindo que a proximidade radicular com a lâmina cortical
palatina durante o tratamento ortodôntico pode explicar
aproximadamente 12% da
variância observada ao nível da reabsorção radicular, e, a largura do osso alveolar superior aproximadamente 2%. A extrusão e a lingualização da coroa também contribuíram para a reabsorção radicular. Concluiu-se que a reabsorção radicular apical do incisivo central superior foi fortemente influenciada pela aproximação radicular a lâmina cortical palatina durante o tratamento ortodôntico.
Lee, Artun & Alonzo18
estudaram a possibilidade de anomalias dentárias como
fatores de risco para
reabsorção radicular e
concluíram não haver
diferenças nas médias de reabsorção entre pacientes com anomalia dentária em pelo menos um dente e pacientes sem anomalia dentária.
Bishara, Vonwald & Jakobsen19 verificaram a não
estatisticamente significantes no comprimento radicular de pacientes não submetidos ao tratamento ortodôntico em relação a alterações com a
idade, diferenças de
reabsorções entre os gêneros e diferenças entre os lados direito e esquerdo.
Com a finalidade de estudar qual o tipo de filme radiográfico mais apropriado no pré e pós-tratamento para avaliar a reabsorção radicular
apical, Sameshima &
Asgarifar20, realizaram radiografias panorâmicas e periapicais de pacientes pré e pós-tratamento com ortodontia
fixa para avaliação do
comprimento e da forma das raízes. Raízes dilaceradas e outras formas anormais, foram claramente vistas em filmes periapicais e que em filmes panorâmicos pareciam raízes normais. Os formatos das raízes são muito mais difíceis de serem estudados em filmes
panorâmicos. Os autores
concluíram que nos casos em
que os ápices radiculares estiverem obscuros ou com outros fatores presentes que poderiam aumentar o risco de reabsorção radicular ou causar perda óssea vertical, os filmes periapicais estariam mais indicados. O uso de filmes panorâmicos para mensurar reabsorção radicular pré e pós-tratamento pode aumentar aparentemente a quantidade de perda radicular em 20% ou mais.
Rego et al.21 verificou a
importância de radiografias periapicais iniciais para
identificação prévia da
reabsorção, na determinação da morfologia radicular e da crista alveolar,como: raízes triangulares, raízes curtas e cristas ósseas retangulares
(que aumentariam a
possibilidade de reabsorções radiculares), dentes com rizogênese incompleta (menor suscetibilidade a reabsorção) e
traumatismo dentário;
constatando-se não existirem evidências entre as reabsorção
e as endocrinopatias. Fatores como idade do paciente, gênero, hereditariedade, tempo de tratamento e tipo de má oclusão não apresentaram
relação direta com a
reabsorção radicular. Não existiu uma relação causa-efeito totalmente definida entre hábitos bucais deletérios e o aumento o risco de reabsorção radicular.
A gravidade da maloclusão pode ser um fator de risco, no entanto, o conhecimento de variáveis mecânicas como tipo,
natureza, magnitude e
intervalo de aplicação de força reduziria os custos biológicos. Os dentes mais vulneráveis em ordem decrescente seriam incisivos laterais superiores, incisivos centrais superiores, incisivos inferiores, raiz distal
dos primeiros molares
inferiores, segundos pré- molares inferiores, segundos
pré-molares superiores,
molares superiores e inferiores. Protocolos individuais devem ser estabelecidos de acordo
com os níveis de reabsorção encontrada nos primeiros 6 meses da mecanoterapia. Por fim, verificou-se que a reabsorção radicular estaria
presente em todos os
tratamentos ortodônticos mas cessa após o término da mecanoterapia21.
Otis, Hong & Tuncay22,
avaliaram pacientes com
reabsorção radicular nos incisivos inferiores que não possuíam doença sistêmica, anormalidades craniofaciais, trauma dental, dentes tratados endodonticamente e impacção dentária. Verificaram que dentes maiores apresentaram uma maior rarefação radicular apical externa. As dimensões do complexo dentoalveolar ao redor da raiz, espessura do osso cortical, densidade da rede de trabecular e a
dimensão mostraram
correlação significante com a extensão da rarefação radicular apical externa.
Artun et al.23, concluiu que
podem ser detectadas nos estágios iniciais do tratamento ortodôntico.
Condutas técnicas
associadas à reabsorção
radicular, como a intrusão, estão muito mais relacionadas com a magnitude da força utilizada. Com o intuito de prevenir a reabsorção radicular antes e durante o tratamento ortodôntico, devemos realizar radiografias periapicais após 6 meses de tratamento; e ainda, se diagnosticada a reabsorção, fazer um período de 60 a 90 dias de repouso associada à reavaliação do caso para continuidade do tratamento24.
Revisando a literatura e analisando o resultado das
pesquisas apresentadas,
Consolaro25 concluiu que as
endocrinopatias não induzem
ou influenciam na
etiopatogenia das reabsorções dentárias; os pacientes com tratamento ortodôntico com ou
sem reabsorção dentária
apresentam o mesmo perfil sistêmico e endocrinológico,
assim como os pacientes sem tratamento ortodôntico. No grupo de pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico que possuiam reabsorção dentária,
a morfologia radicular
triangular e a da crista óssea retangular foram as mais freqüente do que nos demais grupos.
O movimento dentário através da aplicação de forças ortodônticas é caracterizado através de remodelação nos dentes e tecidos periodontais. Estes tecidos quando expostos
a variada magnitude,
freqüência e duração de força
mecânica expressam
resultados que podem ser
vistos macro e
microscopicamente. A
magnitude da força ortodôntica e a rigidez da fixação do arco nos bráquetes podem ser considerados os fatores mais importante para predisposição a reabsorção radicular. Os
dentes que mais sofrem
superiores em particular os incisivos centrais26.
Os objetivos desta pesquisa foram avaliar a quantidade de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico, se os incisivos centrais superiores são mais susceptíveis e a diferença na
taxa de reabsorção radicular entre os gêneros.
Foram avaliadas
radiografias periapicais
realizadas com tela
milimetrada de 17 adultos brasileiros, sendo 10 do gênero feminino e 07 do gênero masculino. Os pacientes foram tratados ortodonticamente com aparelhos fixos empregando-se bráquetes da técnica de Alexander, com encaixe .018".
As radiografias foram
realizadas utilizando o aparelho de raio-X da marca Siemens
Heliodent Vario. Filmes
radiográficos periapicais 3,0 x
4,5 cm Kodak foram
empregados. Os 17 pacientes foram radiografados na região de incisivos superiores, sendo uma tomada radiográfica do lado direito e outra do lado esquerdo, antes e após 8 meses de tratamento. Essas radiografias foram reveladas em processadora automática, da marca Revel utilizando-se soluções Kodak, com o tempo
operacional conforme a
indicação do fabricante.
Após obtenção e análise das radiografias, realizou-se uma análise matemática dos dados através da diferença de
tamanho radicular obtido nas
radiografias periapicais
milimetradas antes e após 8
meses de tratamento. O
objetivo foi esclarecer se as
medidas variaram com o tratamento, se essa variação foi diferente para algum grupo de dentes e se houve diferença entre os sexos.
Após a análise matemática dos dados verificou-se que houve uma perda de inserção radicular comparando-se os dois períodos analisados (pré-tratamento e 8 meses após o início do tratamento), sendo que a média desta reabsorção radicular foi de 1,125 mm para o período descrito (Tabela 1).
Os dentes mais afetados foram os incisivos centrais
superiores (1,25 mm) em relação aos incisivos laterais superiores (1 mm).
Observou-se ainda que o gênero
masculino apresentou média das diferenças entre os períodos observados de 1,075 mm e o feminino de 1,35 mm (Tabela 2 e 3).
Tabela 1 - Variação nas medidas dos dentes
Média e desvio-padrão (DP) por dente
ICD ICE ILD ILE
Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois
1 26 23 23 20 24 24 24 24 2 27 25 26 25 26 25 25 24 3 24 24 25 24 22 20 22 20 4 25 24 24 24 25 24 25 24 5 25 24 23 23 24 23 24 22 6 22 22 23 23 22 22 23 23 7 26 24 29 28 23 21 24 22 8 25 23 25 23 25 24 25 24 9 23 23 23 23 21 21 22 22 10 22 21 22 20 22 21 21 21 11 24 23 24 22 24 24 23 22 12 25 24 25 24 24 23 25 24 13 23 21 20 20 21 18 19 18 14 26 25 26 24 25 23 25 25 15 27 25 25 25 25 25 26 25 16 24 22 24 22 23 21 24 22 17 26 24 26 23 27 24 25 25 Média 24,7 23,4 24,3 23,1 23,7 22,5 23,6 22,8 DP 1,6 1,3 2,0 2,0 1,7 1,9 1,8 1,9
Tabela 2 - Variação nas medidas por gênero (masculino)
Média e desvio-padrão (DP) por gênero - Masculino
ICD ICE ILD ILE
Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois
1 26 23 23 20 24 24 24 24 2 27 25 26 25 26 25 25 24 3 24 24 25 24 22 20 22 20 4 25 24 24 24 25 24 25 24 5 25 24 23 23 24 23 24 22 6 22 22 23 23 22 22 23 23 7 26 24 29 28 23 21 24 22 Média 25 23,7 24,7 23,9 23,7 22,7 23,9 22,7 DP 1,6 1 2,2 2,4 1,5 1,8 1,1 1,5
Tabela 3 - Variação nas medidas por gênero (feminino)
Média e desvio-padrão (DP) por gênero - Feminino
ICD ICE ILD ILE
Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois
8 25 23 25 23 25 24 25 24 9 23 23 23 23 21 21 22 22 10 22 21 22 20 22 21 21 21 11 24 23 24 22 24 24 23 22 12 25 24 25 24 24 23 25 24 13 23 21 20 20 21 18 19 18 14 26 25 26 24 25 23 25 25 15 27 25 25 25 25 25 26 25 16 24 22 24 22 23 21 24 22 17 26 24 26 23 27 24 25 25 Média 24,5 22,2 23,2 22,1 22,5 21,4 22,5 21,6 DP 1,6 1,4 1,9 1,6 1,9 2,1 2,2 2,3 Ao avaliarem os
movimentos dentários que
poderiam exacerbar a
reabsorção radicular apical externa concluiu-se que em casos de extrusão, intrusão e outros tipos de movimentos
ocorre reabsorção
radicular1,16,25. Movimentos
vertical, apical, incisal e o aumento da vestibularizacão dos incisivos, foram os elementos mais importantes16. A extrusão e a lingualização da coroa também contribuíram para a reabsorção radicular17.
A retração distal de corpo, a extrusão e inclinação lingual da coroa não produziram efeitos perceptíveis16.
De acordo com os
resultados encontrados por Reitan1, com referência ao local
e quantidade reabsorção
radicular, foi observado uma reabsorção radicular média de 1,125 mm, podendo aparecer na forma severa e moderada idiopática2. A quantidade média de reabsorção durante o tratamento está em torno de 2,93 mm e após o tratamento,
0,1 mm4,8,23. A reabsorção radicular está presente em todos os dentes tratados ortodonticamente10, mas não
apresenta importância clínica, porque raramente excede a 1/3 do comprimento da raiz13,
podendo ser detectadas nos estágios iniciais do tratamento ortodôntico23, contudo, a mesma cessaria após o término da mecanoterapia21,27.
Observou-se que incisivos
superiores, pré-molares
superiores e segundos
pré-molares inferiores
demonstraram maior incidência de reabsorção radicular2, sendo
que os incisivos superiores são os dentes mais freqüentemente susceptíveis6,13, com os
resultados demonstrando maior taxa de reabsorção radicular observada entre os incisivos centrais, concordando com Krishman & Davidovitch26. Nas
regiões em que os ápices radiculares estiverem obscuros ou, outros fatores de risco estiverem presentes, sugeriu-se o aumento do risco de
reabsorção radicular20, bem como, raízes triangulares, raízes curtas, dentes com rizogênese incompleta21, raízes
longas, estreitas e presença de irregularidades dos incisivos. Dentes maiores, apresentaram uma maior rarefação radicular apical externa, nas dimensões do complexo dentoalveolar ao redor da raiz8.
Otis, Hong & Tuncay22 ; e Silva, Martins & Martins13 não
observaram diferença no grau de reabsorção radicular para
dentes vitais quando
comparados com dentes
tratados endodonticamente, não sendo possível predizer o
encurtamento do ápice
radicular a partir das medidas pré-tratamento da estrutura facial e dentoalveolar12.
Alguns estudos
demonstraram não haver
diferença entre os
gêneros13,19,20, embora haja
relatos afirmando uma maior
predisposição no sexo
feminino14. A idade tem
sendo que para Capelozza & Silva14 adultos são mais
vulneráveis, diferentemente de Bishara19 e Rego21 que não
observaram diferenças entre idades.
Quanto aos fatores
etiológicos, pode-se relacionar
os pacientes com maior
susceptibilidade aqueles com mordida aberta e função anormal da língua, fatores sistêmicos, pacientes em tratamento ortodôntico2,
fatores genéticos2,14, níveis de
forças13,21, sendo as forças leves as mais apropriadas, alterações endócrinas, tipo de má oclusão14, hábitos14,21,27e
trauma prévio14.
Quanto à reparação
tecidual, existiu uma larga diferença entre o potencial de reparação nas regiões cervical, terço médio e terço apical das raízes. Após 8 semanas, três de quatro áreas reabsorvidas
mostram algum grau de
reparação5. A maior parte do
cemento de reparação é do tipo celular cobrindo uma fina
camada de cemento acelular formada inicialmente.
Diferenças individuais são vistas com relação à ocorrência da cicatrização da reabsorção
radicular induzida
ortodonticamente15.
Diagnosticada a reabsorção severa, deve-se fazer um período de 60 a 90 dias de
repouso associada a
reavaliação do caso para continuidade do tratamento. Com a finalidade de prevenir a reabsorção radicular antes e
durante o tratamento
ortodôntico devemos realizar radiografias periapicais de
diagnóstico dos dentes
anteriores; bem como,
radiografias periapicais de
preservação dos dentes
anteriores após 6 meses de tratamento24.
Dessa forma, o
acompanhamento radiográfico é de extrema importância para
detectar a presença de
reabsorções radiculares
durante o tratamento, a fim de
mecanoterapia13,23. O uso de
filmes panorâmicos para
mensurar a reabsorção
radicular pré e pós tratamento
pode aumentar aparentemente
a quantidade de perda
radicular em 20% ou mais20.
- a reabsorção radicular média no período analisado foi de 1,125 mm;
- os dentes mais afetados foram os incisivos centrais superiores (1,25 mm) em relação aos incisivos laterais superiores (1 mm);
- o sexo feminino apresentou maior reabsorção (1,35 mm) do que o masculino (1,075 mm).
Root resorption, sex characteristics, tooth root.
The external root resorption is a multifactorial problem frequently related to orthodontic treatment. The aim of this study was to determine the average amount of root resorption, the upper anterior teeth more involved in this outbreak and the difference between the genders. It was used a sample of 17 adult patients (10 women and 7 men) undergoing fixed orthodontic treatment (Alexander Technique), evaluated by millimetered periapical
radiography before and after a period of 8 months of treatment. The root resorption occurred in an average of 1,125 mm, with the central incisors showing a higher value (1.25 mm) when compared to lateral incisors (1 mm). It was also observed that males
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Fernanda de Oliveira e Silva* Eduardo César Werneck**
Movimentação dentária, ortodontia corretiva, regeneração óssea.
*Especialista em ortodontia pelo I.E.P.C.
**Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia do I.E.P.C.
Para avaliar a movimentação dos caninos superiores após a extração de primeiros pré-molares superiores, acompanhou-se o tratamento ortodôntico pela Técnica de Alexander de um paciente. A distalização dos caninos foi realizada de maneira diferente em cada um dos lados da arcada, sendo que de um lado o canino foi movimentado imediatamente após a exodontia, e do outro, quarenta e cinco dias após a exodontia do pré-molar. O paciente tinha 20 anos de idade. Para realizar este
estudo, foram utilizados modelos de estudo e telerradiografias inicial e final. Conclui-se que, os caninos distalizados imediatamente após a exodontia tendem a
O longo período de
duração dos tratamentos
ortodônticos tem sido um dos problemas encontrados na prática clínicada da ortodontia. Vários estudos vêm sendo feitos para o desenvolvimento de métodos que possam reduzir o tempo de tratamento1,2, aumentar a cooperação dos pacientes e reduzir as seqüelas
associadas à terapia
ortodôntica.
Na ortodontia corretiva as exodontias de pré-molares freqüentemente são indicadas e, quando realizadas, podem
determinar uma melhor
estabilidade nos resultados obtidos3. Assim, muitos tratamentos necessitam da realização dessas exodontias para correção da maloclusão sagital ou para proporcionar
espaço adequado ao
alinhamento dentário.
Para diminuir a perda de ancoragem no arco superior, Alexander4 dividiu o movimento
de retração dos dentes
anteriores em duas fases: a retração dos caninos e, posteriormente, a retração dos incisivos, sendo que a fase de retração dos caninos deve durar em média de 6 a 8 meses.
Diversas técnicas têm sido propostas para reduzir
este período, e
conseqüentemente, a duração total do tratamento5.
O objetivo deste estudo foi avaliar, através do acompanhamento clínico de
pacientes tratados com
exodontia de primeiros pré-molares superiores, o momento ideal para inicializar a retração dos caninos no arco superior, verificando o tempo gasto para concluí-la e a posição final do dente após a retração.
O sucesso do tratamento ortodôntico depende da saúde, da cooperação do paciente, de sua resposta à terapia mecânica e muscular, da habilidade e diagnóstico do operador e do plano de tratamento. Ausência de mobilidade, porcentagem de raiz inserida em osso e ausência de doença periodontal são alguns fatores importantes para que o tratamento seja bem sucedido.
A duração do tratamento ortodôntico é um dos fatores
mais questionados pelos
pacientes, principalmente os adultos. Além disso, segundo Werneck6 quanto maior o
tempo levado para a
distalização dos caninos superiores, maior é a perda de ancoragem.
Com o intuito de melhorar estes problemas, uma técnica
de retração rápida de caninos em que os conceitos de distração osteogênica são usados, foi desenvolvida. Nesta técnica, foram realizadas osteotomias ao redor dos caninos para se conseguir o movimento rápido no segmento
dento alveolar, na
conformidade com os princípios da distração osteogênica. Os primeiros pré-molares foram extraídos, e o procedimento cirúrgico de distração dento alveolar executado. Os caninos foram movidos rapidamente nos locais da extração em 8 a 14 dias, em uma taxa de 0,8 milímetros por dia. Conclui-se que a técnica da distração dento alveolar foi um método inovador reduzindo o tempo do tratamento ortodôntico total em
quase 50%, sem efeito
desfavorável em estruturas adjacentes1.
A retração dos caninos superiores representa um
estágio fundamental em
um número considerável de tratamentos ortodônticos. O uso da técnica de arco seccionado facilita a criação de um sistema otimizado de força
que cumpre as
exigências biomecânicas para movimentos planejados dos
dentes. A
retração de caninos controlada,
geralmente em casos de
extração, requer a criação de um sistema biomecânico para integrar uma força
pré-determinada em uma
relação constante de
momento/força a fim de se evitar inclinação distal e rotação dentária. Iseri et al.1 e Hixon et al.7 descreveram que
a inclinação/rotação de caninos pode produzir outro problema que é a deflexão de arcos.
Os termos força mínima, leve, otimizada e pesada tem se tornado adjetivos familiares usados para caracterizar as
magnitudes das forças
ortodônticas para retração de caninos. No entanto seu
significado não está
universalmente claro8.
Shimizu9, ao estudar mecanismos de fechamento de espaços em tratamentos com exodontias de primeiros pré-molares, concluiu que as magnitudes de forças para as retrações de caninos superiores deveriam ser de 150 g, e para os inferiores, de 120g.
Uma força de 200g desloca um pré-molar com sucesso, o que talvez fosse entendido como um valor mínimo para inclinação do
dente. As variações no
tamanho do dente e no número de dentes afetados por uma dada força faz com que não exista um valor limite específico entre forças leve e pesada10.
Boester & Johnston11 em
uma investigação clínica dos
conceitos da
força diferencial e mais eficiente na retração canina,
considerável o interesse em caracterizar a magnitude da
força aplicada com o
movimento do
dente e a extensão da perda de ancoragem. Baeten12 verificou que o uso de forças leves é
mais eficientes e mais
"biológicos", e por isso menos doloroso.
Este tipo de força produz
menos movimento, menos
perda de ancoragem e menor desconforto ao paciente.
Daskalogiannakis e
MaClachlan13 testaram
comparativamente a freqüência da força de retração dos
caninos e avaliaram as
vantagens de uma força
contínua constante sobre uma
força não contínua. Os
resultados mostraram que a duração de aplicação de força exerceu um papel crítico na
regulação do movimento
dentário e que a constância da força de retração de caninos não significou aumento nas taxas de movimentação. Forças de baixa magnitude seriam as
mais indicadas.
Markostamos e Akli14,
estudaram os fatores que poderiam determinar o ideal de forças para a movimentação dentária com especial atenção para a distalização de caninos. Enumeraram que os fatores seriam os seguintes: modo de
movimentação, situação
anatômica, situação biológica, fatores individuais, duração do movimento e o controle dos vetores de forças. A análise provou haver uma variedade no ideal de forças da distalização de caninos, que estariam na dependência de movimento de inclinação ou de corpo dos mesmos; se aplicado sobre osso cortical ou osso esponjoso; em pacientes jovens ou adultos; no comprimento de raízes dos caninos e, finalmente, no grau de atrito com que o canino foi distalizado.
Apesar dos dispositivos de Ricketts e Burstone oferecerem ações sem fricção, eles não puderam prover o momento necessário para
produzir efetivamente controle da raiz do canino quando de 150 a 200g de força horizontal foram aplicadas12.
Hasler et al.13
compararam a taxa de
movimentação de distalização de caninos entre locais de exodontia recente de pré-molares e locais já cicatrizados. Para isto realizaram a primeira exodontia do primeiro pré-molar em um dos lados da arcada dentária e, em média, 86 dias após, realizaram a segunda exodontia de primeiro pré-molar no outro lado da arcada. A distalização de ambos os caninos foi realizada através da mola de retração de Gjessing5. A posição do canino
no início da distalização e ao final da mesma foi verificada através de radiografia intra-bucal. Concluiu-se que o canino no local de exodontia recente moveu-se comparativamente mais que no local já cicatrizado e que a inclinação no local de exodontia recente foi também maior.
Murphey2, comparou o efeito da oxitetraciclina
microfluorescente na
retração ortodôntica em locais de extração recente e tardia. Os efeitos contra locais cicatrizados da extração na retração ortodôntica foram avaliados histologicamente empregando oxitetraciclina e não foi observada nenhuma vantagem na retração imediata no local de uma extração recente.
Dentre os métodos de distalização do canino, a eficiência da retração em mecanismos de deslizamento é menor comparando-se com o uso de uma mola de retração de caninos. Com esta última, o
canino é retraído mais
rapidamente e com menos
inclinação do que com
mecanismos de deslize. No entanto, a mola de retração de caninos não é superior aos mecanismos de deslize no controle da rotação canina durante a retração16.
degradação de forças in vitro das cadeias elastoméricas concluindo estas experimentam degradação de forças que variam de acordo com o tempo de exposição e a marca comercial. Nas primeiras 24 horas, o declínio de forças foi acentuado para todos os espécimes estudados, variando de 28,9 a 44,6% e o declínio de forças prosseguiu com perda adicional que variou de 5,5 a 9,4%, nos 20 dias restantes. Segundo o autor, a citada distalização de caninos poderia ser iniciada com elásticos em
cadeia, com os mesmos
produzindo forças em torno de 250- 300g, em fio de aço redondo .016”.
Kojima & Fukui18
verificaram que a distalização do canino com fio redondo .016” provocou maior inclinação e esta diminuiu quando o tamanho do calibre do foi fio aumentado ou quando a força aplicada foi diminuída. Os
dentes de ancoragem
moveram-se em estado
constante e inclinaram no sentido mesial. O fio quadrado foi mais eficaz para diminuir o movimento dos dentes de ancoragem do que o fio redondo. Gjessing5 relatou
vantagem em movimentar os dentes ao longo de um fio
rígido pois o mesmo
demonstrou vantagens no
controle do movimento apical e coronário.
Acompanhou-se um caso de exodontia de primeiros pré-molares superiores tratado ortodonticamente pela Técnica de Alexander em paciente com 20 anos de idade.
A distalização dos caninos foi realizada de maneira diferente em cada um dos lados da arcada.
De um lado o canino foi movimentado imediatamente após a exodontia, e do outro lado, quarenta e cinco dias após a exodontia do pré-molar. Foi realizado modelos de estudo e telerradiografias inicial e final
para avaliação da
movimentação do canino.
Neste estudo, a
distalização foi realizada através de ligaduras elásticas em corrente com forças aplicadas por vestibular de magnitude inicial de 250 g, com os elásticos em cadeia, sobre fios de calibre .016”x .022”.
O tratamento bem
sucedido depende de alguns
fatores como
saúde, cooperação do paciente, de sua resposta à terapia
mecânica e muscular,
habilidade e diagnóstico do operador e planejamento do tratamento.
O uso de forças leves tornou-se popular com efeitos
geralmente mais
eficientes e mais "biológicos", e por isso, menos dolorosos12.
Contudo, segundo Weinstein10,
existe um valor mínimo para movimentação do dente, e este valor é regulado por diversas variáveis como, tamanho e número de dentes afetados por
uma dada força.
Diferentemente, Boester & Johnston11 afirmaram não
haver nenhuma diferença
significativa entre as forças aplicadas no que diz respeito ao desconforto dos dentes.
Inúmeros trabalhos que tentam investigar a magnitude da força, com a finalidade de
se definir um nível ideal para o movimento ortodôntico7,8. Na
Disciplina de Alexander o movimento de retração dos dentes anteriores é subdividido em duas fases: a retração dos caninos e, posteriormente, a retração dos incisivos4. A
subdivisão do movimento de retração anterior, teria grande significado e eficiência clínica,
retraindo-se o canino
individualmente, com a
finalidade de se reduzir a pressão sobre a ancoragem posterior4,5,8,12,13,15,16,18. Neste trabalho foi realizada a retração dos dentes anteriores em 2 etapas: distalização do canino e retração anterior.
Segundo Gjessing5 e
Hasler et al.15 a aplicação das forças para retração dos caninos pode ser realizada com molas de retração. Já Burstone e Köenig18, Daskalogiannakis &
MaClachlan13 utilizaram arcos
com alças; enquanto que Baeten12 fizeram uso de
retratores especiais.
Neste projeto, a
distalização foi realizada através de ligaduras elásticas em corrente baseados em bons resultados obtidos nos trabalhos de Hixon et al.7, Ziegler & Ingerval16 e Alexander4.
Tal como Baeten12, foram
aplicadas forças por vestibular de magnitude inicial de 250g, com os elásticos em cadeia, sobre fios de calibre .016”x .022”.
Shimizu et al.19, afirma ou
que na retração dos caninos a força necessária para a retração dos mesmos deveria variar entre 120 a 200g. A proporção do momento/força deveria ser suficiente para proporcionar um movimento com inclinação controlada, que poderia ser dificultada por uma elevada magnitude de forças aplicadas. Darendeliler, Darendeliler & Ülner20 afirmaram que força
até 100g evitariam questões problemáticas; tais como perda
de ancoragem molar,
inclinação/rotação de caninos e deflexão de arcos. Dessa forma, efeitos indesejáveis seriam
melhor controlados. Ao contrário, as forças de alta magnitude (acima de 150g)
poderiam causar os
movimentos indesejáveis, como os descritos por Hixon et al.7, Baeten12, Shimizu et al.19
afirmaram que as forças ideais estariam entre 150/160g; diferentemente do que afirma Alexander4 que utilizou níveis de forças entre 250/300g.
No momento de se retrair os caninos, este trabalho concorda com Hasler et al.17
que afirmaram que a
movimentação dos caninos superiores para distal é maior
quando realizadas
imediatamente após as
exodontias de pré-molares, se comparadas aos locais, onde o sítio das exodontias já estavam cicatrizados. Porém, este movimento ocorre mais por inclinação da coroa. Assim, o movimento de corpo do dente ocorre melhor quando o local
da exodontia já está
cicatrizado.
Ao avaliar
histologicamente o emprego da oxitetraciclina, não foram observados nenhuma vantagem para a retração imediata no
local de uma extração
recente2. Ao contrário, o canino no lado recente da extração moveu-se mais rapidamente que o do lado cicatrizado, mas com maior inclinação15. Dispositivos como os de Ricketts e Burstone não puderam prover o momento necessário para produzir efetivamente controle da raiz do canino12.
Desta forma, a retração de caninos controlada, requer a
criação de um
sistema biomecânico, em fios de aço inoxidáveis de calibre .016" x .022"5, com mecânica de deslizamento16, evitando-se
o fio da calibre redondo que permitiria um maior movimento dos dentes de ancoragem18,
para empregar uma força pré- determinada em uma relação constante de momento força a fim de se evitar inclinação distal e rotação do dente5.
Poderá ainda ser utilizada, a técnica da distração dento alveolar que reduz o
tempo do tratamento
ortodôntico total em quase 50%, sem efeito desfavorável em estruturas adjacentes1,
sendo relevante lembrar no entanto, que a inclinação do canino diminuiu quando o calibre do foi fio aumentado, ou, quando a força aplicada foi diminuída18.
Após este estudo, concluiu-se que os caninos distalizados imediatamente após a
exodontia tendem a movimentar-se mais rápido, porém com maior inclinação em sua
posição final. Locais de extração recente implicam, para a movimentação de caninos, uma dificuldade com respeito a qualidade
do movimento final, com maior inclinação dos mesmos.
To evaluate the upper canines’ movement after extraction of first superior premolars, one patient were followed during orthodontic treatment
made by Alexander’s Technique. The canines’ distalization was different performed on each side of the arch. At one side, the canine was retracted immediately after extraction, and on the other, forty-five days after the premolar’s extraction. The patient were 20 years age. To accomplish this
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* Eduardo César Werneck ** Alessandro Guerra ** Marcio Garcia da Silva *** Ronaldo Bastos *** Irio Cavalieri
cisto dentígero, descompressão, barra lingual * Especialista, Mestre e Doutorando em Ortodontia – São Leopoldo Mandic – Campinas
Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do IEPC – Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro ** Especialista em Ortodontia
Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do IEPC – Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro *** Mestre em Prótese BucoMaxiloFacial
Professor Convidado do Curso de Especialização em Ortodontia do IEPC – Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro
Na fase de diagnóstico do tratamento ortodôntico, a análise radiográfica é fundamental. Assim, paciente com idade de 6 anos e 9 meses, do gênero masculino, procurou a clínica do IEPC, apresentando maloclusão de classe II. Na radiografia panorâmica, constatou-se cisto de grande magnitude, na região de
pré-molares inferiores do lado direito, desvio no trajeto eruptivo do mesmo, sem evidenciação clínica desta condição. Devido a idade precoce, realizou-se a abertura e trepanação do dente 85 para descompressão do cisto, mantendo este dente com esta perfuração na cavidade bucal. Após quatro meses
nova radiografia panorâmica permitiu avaliar grande redução da imagem cística, com conseqüente alteração do trajeto eruptivo dos pré-molares relacionados a esta lesão. Seis meses após a cirurgia
adaptou-se um mantenedor de espaço (barra lingual), adaptou-sendo extraídos os dentes 84 e 85, mais o resíduo da cápsula cística. Novas radiografias realizadas respectivamente 8, 14, e 36 meses após a trepanação dos dentes decíduos, comprovaram o sucesso do procedimento, destacando a importância da radiografia panorâmica
como auxiliar importante no diagnóstico, e a manutenção de espaços durante a transição da dentição decídua para a permanente.
Variações na cronologia de erupção normal podem
ocorrer, mas desvios
significantes devem alertar o ortodontista1.
Com a ocorrência e freqüência destes incidentes podendo ser indicativo de alterações fisiológicas, e/ou, sistêmicas do complexo crânio-facial; e passíveis de avaliação
por meio de análise
radiográfica2-3-4-5.
O cisto dentígero envolve a coroa de um dente não
irrompido, sendo
assintomáticos6, com
tratamento simples quando pequenos, mas requerendo,
quando extensos,
procedimentos mais agressivos;
assim, a enucleação e
descompressão do cisto, sem
exodontia dos dentes
envolvidos pode ser uma
modalidade indicada em
pacientes jovens7.
A abertura do cisto, para
possibilitar a contínua
descompressão, permite a erupção espontânea do dente
permanente envolvido,
ocorrendo de forma simultânea, a ossificação do defeito ósseo, com o processo reparatório completado entre um e dois anos8.
Os dentes permanentes
relacionados ao cisto,
erupcionam mais rapidamente apesar do nível de formação de raiz, tipo e dimensão do cisto, com a inclinação acentuada da raiz melhorando rapidamente nos três meses seguintes a intervenção cirúrgica, em pacientes pré-adolescentes9-10.
O exame histológico é obrigatório para definir com precisão a distinção de um cisto odontogênico queratinizado dos não queratinizados11.
É desaconselhável, o
tracionamento do dente
recomendável, a observação
cuidadosa na fase de
tratamento ortodôntico ativo em pacientes em fase de crescimento12.
Pode existir relação no desenvolvimento do cisto dentígero, o fato do dente decíduo ser pulpotomizado com formocresol, e nestes casos, há necessidade de exodontia do dente decíduo, e em seguida, intervenção cirúrgica sobre o cisto13, sendo então necessário,
adaptação de um arco lingual com o intuito de preservar o
perímetro, prevenindo a
migração mesial dos dentes posteriores14.
Utilizando vários
parâmetros como idade do paciente, angulação do pré-molar impactado em relação ao
dente adjacente, espaço
presente, período de erupção e dimensão do cisto foi possível afirmar que após a intervenção cirúrgica as possibilidades de sucesso na erupção do dente tornaram-se efetivas15, como o
caso clínico que se segue.
Paciente com 6 anos e 9 meses (figuras 1 e 2), gênero
masculino, leucoderma,
apresentando maloclusão de classe II (figuras 3, 4 e 5),
compareceu à nossa clínica para tratamento ortodôntico de
natureza preventivo e
interceptativo.
Figura 1 – Visão frontal do paciente
Figura 2 – Visão lateral do pré-tratamento
Nas figuras 3, 4, e 5 podemos constatar respectivamente em visão intra-bucal frontal e lateral direita e esquerda, a
maloclusão de classe II instalada em paciente em fase dentição mista, ausência de problemas clínicos mais
severos.
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Ao avaliarmos a radiografia panorâmica em 02/06/06 (figura 6), constatou-se uma imagem radiolúcida de aspecto cístico, na região de pré-molares inferiores do ladodireito, com os mesmos
apresentando desvio em seus trajetos eruptivos relacionado ao dente segundo molar inferior decíduo (85), pulpotomizado com técnica de aplicação de formocresol.
Figura 6 – radiografia panorâmica, onde se observa na região de pré-molares inferiores do lado direito imagem radiolúcida, na qual constatamos alteração da direção de
erupção de pré-molares, indicativa de presença de cisto dentígero.
O procedimento adotado pelo Cirurgião bucomaxilofacial, foi o de trepanação do dente
decíduo (85) com broca
cirúrgica em alta-rotação, com a finalidade de descompressão
(figuras 7 e 8).
Figura 7 – radiografia periapical evidenciando o
local onde foi realizada a trepanação. Figura 8 – radiografia periapical evidenciando o dente 85 já trepanado.
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Sendo constatado através do exame histopatológico realizado no laboratório do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP, se tratar de cisto de natureza odontogênico.
Quatro meses após a intervenção cirúrgica, realizou-se nova radiografia panorâmica
de acompanhamento (figura 9), quando observamos, melhora acentuada, no trajeto eruptivo dos pré-molares relacionados ao cisto, e formação óssea sugerindo a involução do cisto dentígero.
Figura 9 – radiografia panorâmica de 23/10/2006, sendo constatado, o início de formação óssea no local relacionado
ao cisto, e alteração nos trajetos eruptivos dos dentes da região.
Dois meses após esta data, foi cimentada uma barra lingual, como elemento de manutenção de espaço, pois foi planejada a remoção de ambos
os molares decíduos, do lado direito inferior (figuras 10 e 11), e em seguida extraídos ambos os dentes inferiores (figuras 12 e 13).
Figura 10 – visão oclusal da arcada inferior,
evidenciando o posicionamento da barra
lingual
Figura 11 – visão oclusal do lado direito da arcada inferior, destacando os dentes a serem extraídos
Figura 13 – visão oclusal do lado direito, após a curetagem e sutura da região. Figura 12 – visão oclusal do lado direito da arcada inferior, logo após as exodontias dos
dentes 84 e 85.
Dois meses após as exodontias, em nova radiografia panorâmica constatou-se a regressão da imagem cística (figura 14), com os pré-molares do lado direito, redirecionando seus trajetos eruptivos para
condição muito próxima de um
padrão de normalidade,
mantendo-se ainda, presente a barra lingual, considerando o grau de formação de raízes de ambos os dentes citados.
Figura 14 – radiografia panorâmica de 01/02/2007, observando-se a presença da barra lingual preservando o perímetro do arco inferior, e a alteração importante no trajeto
eruptivo de pré-molares na região anteriormente afetada pelo cisto dentígero.