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ECLI:PT:STJ:2007:07A

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ECLI:PT:STJ:2007:07A107.08

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:STJ:2007:07A107.08

Relator Nº do Documento

João Camilo sj20070301001071

Apenso Data do Acordão

01/03/2007

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso

Público

Meio Processual Decisão

Revista negada

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores

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Sumário:

I. A forma de aquisição da propriedade acessão industrial imobiliária, na modalidade prevista no art. 1343º, nº1 do Cód. Civil, exige como requisitos, além de outros: que o agente ao proceder à

construção de edifício em terreno próprio, ocupe também terreno alheio de boa fé, e que decorram três meses a contar do início da ocupação, sem haver oposição do proprietário “ocupado”.

II. Tendo-se provado nos autos que o agente “ocupante” do prédio da autora sabia que o terreno que ocupava pertencia àquela autora e que esta o reclamava como tal e que tendo a ocupação se iniciado em princípio de 1997, a autora sabendo de tal obra em Março de 1997, logo solicitou a demolição daquela obra, fica provado a não verificação daqueles requisitos legais.

III. A nulidade processual da sentença de 1ª instância decorrente da omissão de pronúncia e da contradição da decisão com os fundamentos daquela, não arguida nas alegações da apelação daquela sentença interposta, não pode ser conhecida no recurso de revista.

Decisão Integral:

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça:

A sociedade AA – Imobiliária , S. A. intentou a presente acção de reivindicação, com processo sumário, no 3º Juízo Cível de Oeiras, contra BB - Construções e Empreitadas , L.da, pedindo a condenação da Ré a:

- Reconhecer o direito de propriedade sobre o prédio descrito no art.º l° da p.i., incluindo a parcela descrita nos arts.6° e 11° e graficamente identificada no documento n.º2;

- Demolir o muro que construiu abusivamente dentro do prédio identificado no art.º lº;

- Restituir à Autora a parcela com a área de 104,94 metros quadrados, identificados nos arts. 6° e 11°.

Para tanto alegou, em resumo, ser dona de um lote de terreno para construção confinante com outro pertencente à ré, tendo esta construído um muro dentro dos limites do lote da autora e com cuja construção ocupou aquela parcela de terreno pertencente ao lote da autora.

Citada a Ré veio contestar, por excepção, invocando a ilegitimidade da Ré, com fundamento em que o actual proprietário do Lote 00 – que autora alegou ser da ré -, não é esta, mas sim CC, que o adquiriu por compra a DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A.".

Por impugnação, alega que o muro está dentro dos limites do lote 54, não ocupando qualquer espaço pertencente à Autora.

Conclui pela procedência da excepção de ilegitimidade, com a absolvição da Ré da instância. A não se entender assim, conclui pela improcedência da acção, absolvendose a Ré do pedido. A Autora replicou, alegando que o esbulho descrito na p.i., com a construção do muro dentro do prédio da A . foi feito pela ré, sendo o CC filho do sócio gerente da ré.

Deduziu, porém, incidente de intervenção principal provocada de CC , que é o proprietário actual do terreno que alega que este o utiliza com a ré.

Veio a Autora alterar o pedido, pedindo que pela procedência da acção:

- Seja reconhecido o direito de propriedade da Autora sobre o prédio descrito no art.º l ° da p.i., incluindo a parcela descrita nos arts.6° e 11 ° do mesmo articulado e graficamente identificada no documento n.º2 junto com a referida peça;

- Sejam os Réus condenados a reconhecer o direito de propriedade da Autora sobre o prédio referido no art.º l ° da petição inicial, incluindo a parcela referida na segunda parte da alínea

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anterior;

- Sejam os Réus condenados a restituir à Autora a parcela com a área de 104,94 metros quadrados identificada nos arts.6° e 11 ° da petição inicial e consequentemente a demolir o muro

abusivamente construído dentro da propriedade da Autora repondo o terreno na situação em que se encontrava antes da construção do mesmo;

- Sejam os Réus condenados, caso não cumpram a obrigação de demolir o muro no prazo de oito dias sobre a trânsito em julgado da sentença condenatória, a pagar à Autora as despesas relativas à demolição do muro abusivamente construído dentro do prédio identificado no art.º l o da petição inicial e à reposição do terreno no estado em que se encontrava antes do esbulho, a liquidar em execução de sentença.

Foi admitida a intervenção principal do chamado CC e a alteração do pedido.

Citado o chamado, veio contestar e deduzir pedido reconvencional. Alegou que as estremas dos prédios que originaram os lotes 8 e 54 foram delimitadas e verificadas amigavelmente e conforme o acordado pelos respectivos proprietários.

A não se entender assim e em reconvenção, vem alegar ter adquirido o lote 54, à "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A.", por escritura outorgada em 17 de Dezembro de 1997, tendo realizado na parcela de terreno reivindicada pela Autora, construções e obras, no valor de 12.000.000$00.

A parcela de terreno reivindicada pela Autora, antes das obras e o eventual prejuízo resultante da desvalorização do restante terreno, tem um valor de 2.000.000$00, sendo o valor que as obras trouxeram à parcela de terreno em questão maior do que o valor que esta tinha antes das obras. Em consequência, a serem verdadeiros os factos alegados pelo Autor, o chamado teria direito a adquirir a propriedade da parcela de terreno objecto da acção, mediante o pagamento do valor desse terreno, por acessão imobiliária, já que estão verificados todos os requisitos para o efeito. Conclui pela improcedência da acção.

Caso assim se não entenda, pede que:

- Seja reconhecido ao chamado o direito de propriedade sobre a parcela de terreno identificada no art.º l da petição inicial e graficamente identificada no Doc. 2 junto com o articulado, mediante o pagamento do valor do terreno e reparação do prejuízo causado, no montante de 2.000.000$00; - O Tribunal fixe um prazo não inferior a quinze dias, para o reconvinte proceder à consignação em depósito da prestação devida, caso se prove que a parcela de terreno reivindicada pela Autora lhe pertence, e só após o trânsito em julgado da respectiva sentença.

A Autora deduziu réplica em que defende que tanto o Réu CC como as sociedades que o antecederam na propriedade do lote 54, sabiam bem que a parcela ora em disputa não lhes pertencia, tendo actuado com má-fé.

Invoca ainda a inconstitucionalidade do art.1343° do Código Civil.

Conclui pela procedência da acção, condenando-se os Réus no pedido e pela improcedência do pedido reconvencional, absolvendo-se a Autora do referido pedido, com as legais consequências. Pede ainda que se julgue inaplicável o art.1343° do Código Civil, por inconstitucionalidade, com as legais consequências.

Se assim não for entendido, defende que o valor a pagar pelo Réu reconvinte seria de 8.358.000$00 e não de 2.000.000$00, como consta de pedido reconvencional.

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Proferido o despacho saneador, no qual se julgou improcedente a excepção de ilegitimidade arguida pela Ré "BB-Construções e Empreitadas, L.da.”, foram fixados os factos assentes e elaborou-se a base instrutória, que foi objecto de reclamação, parcialmente deferida.

No decurso da acção, veio EE- Imóveis e Serviços, S A ., deduzir incidente de habilitação de cessionário contra AA - Imobiliária, S.A, BB – Construções e Empreitadas, L.da e CC , alegando que a requerida AA vendeu o prédio dos autos a um tal FF, que, por sua vez, vendeu o mesmo prédio à requerente.

Instruído o incidente, foi proferida decisão, julgando habilitada a adquirente do prédio EE- Imóveis e Serviços, S.A , para prosseguir como Autora na acção ordinária em causa.

Após julgamento, foi decidida a matéria de facto, e proferida sentença que:

A) Reconheceu o direito de propriedade da habilitada EE–Imóveis e Serviços, S.A., sobre o prédio urbano correspondente ao lote de terreno para construção, com a área de 1106 m2, denominado AA, lote 8, em Laveiras, descrito na 1ª Conservatória do Registo Predial de Oeiras, sob a ficha no21201970715, incluindo a parcela descrita nos arts.6° e 11 ° da petição inicial e graficamente identificada no documento no2;

B) Condenou o chamado CC a restituir à EE Imóveis e Serviços, S. A . a parcela com a área de 104,94 metros quadrados identificada nos arts.6° e 11° da petição inicial, absolvendo-o dos demais pedidos formulados.

C) Condenar a Ré BB – Construções e Empreitadas L.da, a demolir o muro construído dentro da propriedade. da EE Imóveis e Serviços, S.A, atrás referida, no prazo de trinta (30) dias, repondo o terreno na situação em que se encontrava antes da construção do mesmo, absolvendo-o dos demais pedidos formulados.

D) Julgar a reconvenção deduzida por CC improcedente, por não provada, absolvendo a habilitada EE– Imóveis e Serviços, S.A. do pedido reconvencional deduzido nos autos.

Inconformados a ré e o interveniente interpuseram apelação que foi na Relação de Lisboa julgada improcedente. Também interpôs recurso subordinado a autora que não foi conhecido na Relação por se haver julgado prejudicado com a improcedência do recurso da ré e interveniente.

Ainda inconformados vieram os apelantes interpor a presente revista, tendo nas suas alegações formulado as conclusões seguintes:

- O chamado CC só foi citado para esta acção em 1 de Fevereiro de 1998 e a DD não foi demandada.

- O início da ocupação verificou-se em Janeiro de 1977.

- Quando ocorreu o levantamento topográfico com vista à definição das estremas dos prédios, por existirem dúvidas, em Maio de 1997 e foi elaborado o relatório de pericia constante dos autos em oito de Novembro de 2001, já tinham decorrido mais de três meses após a referida ocupação. - A autora em Julho de 1998, ainda estava erradamente convencida que o lote 54 pertencia à BB, sendo certo que a DD adquiriu por compra à BB a propriedade e registou seu favor na 1ª

Conservatória de Registo Predial de Oeiras essa aquisição em 13/02/1997.

- O próprio Instituto Geográfico Português forneceu coordenadas diferentes para as definições das estremas dos prédios e certificou que existe margem para erro de cerca de 2,5 m.

- No caso em apreço a questão da delimitação das estremas só ficou resolvida com o trânsito em julgado da presente acção, uma vez que ambas as partes, fundadamente estavam convencidas que lhes assistia a razão quanto à definição das estremas dos prédios.

- A invasão que se verificou neste caso de parte do prédio da autora resulta de um equívoco e dificuldades de definição das estremas dos prédios, erro relativamente frequente neste tipo de

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loteamentos, sendo certo que existe sempre uma margem de erro, conforme certificou o Instituto Geográfico Português.

- Este “desconhecer que o terreno era alheio” e equívocos quanto à delimitação da linha divisória não afasta a boa fé.

- A autora não teve a vigilância necessária sobre o prédio que lhe pertencia, nem fez as diligências necessárias para averiguar a identidade do legítimo proprietário do lote contíguo, motivo pelo qual não deduziu oposição eficaz no momento oportuno por qualquer dos meios admitidos para a declaração negocial.

- A ré BB não é proprietária nem possuidora do imóvel, não se vislumbrando como pode proceder à destruição de parte do muro, conforme foi condenado, sendo que o chamado foi absolvido deste pedido.

- A sentença nada diz quanto à demolição da adega.

- Verificam-se todos os requisitos para o chamado adquirir a propriedade por acessão, nos termos do disposto no nº 1 do art. 1343º do Cód. Civil da parcela de terreno ocupado, mediante o

pagamento do respectivo valor.

- O douto acórdão da Relação violou o correcto entendimento, nomeadamente, dos arts. 217º, 224º, 295º, 1340º, nº 4 e 1343º, nº 1 , todos do Cód. Civil e 653º, nº 2 do Cód. de Proc. Civil. Não foram apresentadas contra-alegações.

Corridos os vistos legais, urge apreciar e decidir.

Como é sabido – arts. 684º, nº 3 e 690º, nº 1 do Cód. de Proc. Civil, a que pertencerão todas as disposições a citar sem indicação de origem -, o âmbito dos recurso é delimitado pelo teor das conclusões dos recorrentes.

Das conclusões dos aqui recorrentes se vê que estes, para conhecer neste recurso, levantam as seguintes questões:

a)Verificam-se os requisitos legais previstos no art. 1343,º, nº 1 do Cód. Civil, para o recorrente CC adquirir por acessão, a propriedade da parcela de terreno aqui em discussão, nomeadamente, a boa fé e o decurso de três meses sem que a autora tenha deduzido oposição à obra de ocupação daquela parcela ?

b)Não sendo a ré BB proprietária ou possuidora do imóvel, não se vislumbra como pode proceder à destruição de parte do muro em que foi condenado, dado que o chamado foi absolvido do mesmo pedido ?

c)A sentença nada diz quanto à demolição da adega ?

Vejamos, antes de mais, os factos que as instâncias deram por provados e que são os seguintes: 1. O prédio urbano correspondente ao lote de terreno para construção, com a área de II 06 m2, denominado AA. lote 8, em Laveiras, encontra-se descrito na 1 a Conservatória do Registo Predial de Oeiras, sob a ficha no2120/970715, e inscrito, com data de 16.6.93, a favor de "AA-Imobiliária, S.A.", por compra, com data de 6/3/03, a favor de FF por compra e com data de 31/03/03, a favor de EE-Imóveis e Serviços, S.A., também por compra.

2. O prédio urbano denominado lote 54, sito em Quinta da ..., Paço de Arcos, com a área coberta de 203m2 e descoberta de 1099m2, encontra-se descrito na 1ª Conservatória do Registo Predial de Oeiras sob a ficha n° 1529/900709, e inscrito, com data de 24.6.97, a favor de CC, por compra a "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A." (cfr. certidão da C.RP. junta a fls. 75 a 79 dos autos, cujo teor aqui se reproduz integralmente );

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3. O prédio referido em B) mostra-se inscrito, com data de 13.2.97, a favor de "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A." por compra a "BB-Construções e Empreitadas, L.da" (idem); 4. Por escritura pública realizada em 17.12.1997, perante o Ajudante Principal do 1º Cartório Notaria1 de Lisboa, "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A” disse que "vende" a CC e este declarou que "compra", entre outros, o prédio mencionado em 2., pelo preço de Esc. 25 500 000$00 ( cfr . certidão junta a fls. 90 a 110 dos autos, cujo teor aqui se reproduz integralmente ); 5. O lote referido em B) confronta com o lote referido em A) a Norte e a Nascente;

6. "BB Construções e Empreitadas, L.da" encontra-se matriculada na 2ª Conservatória do Registo Predial e Comercial de Oeiras, sob o n° 06208/890720, e mostra inscrito como gerente e titular de uma quota de Esc. 750000$00 ".., c.c. ..."( cfr . certidão da 28 C.R.P. C. de Oeiras junta a fls. 144 a 148 dos autos, cujo teor aqui se reproduz integralmente );

7. "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A." encontra-se matriculada na 2ª Conservatória do Registo Predial e Comercial de Oeiras, sob o n° 11197/971112, desde 22.12.95 como

"sociedade anónima" (cfr. certidão da 28 C.R.P .C. de Oeiras junta a fls. 149 a 157 dos autos, cujo teor aqui se reproduz integralmente );

8. Mostra-se, antes da referida "transformação", inscrito como gerente e titular de uma quota de Esc. 10 000 000$00 (idem);

9. Encontrando-se inscrito, desde 22.12.95, como subscritor de Esc. 500000$00 do capital respectivo, CC , e designado, como Presidente e Administrador Delegado do Conselho de Administração para o triénio 1995/1997, ... (idem);

10. Encontra-se, ainda inscrito, com data de 8.1.97, como Administrador Delegado do Conselho de Administração até ao termo do triénio 1995/1997, CC (idem);

11. E inscrito, com data de 2.6.98, "para o triénio 1998/2000", ... como Presidente do Conselho de Administração, e CC como vogal daquele Conselho (idem).

12. O Réu CC ocupa uma parcela a nascente do lote referido em A) dos "Factos Assentes", com a área de 104,94 m2.

13. Sem autorização e contra a vontade da A.

14. A Ré "BB-Construções e Empreitadas, Lda" construiu, no principio de 1997, um muro de vedação em volta do lote referido em B).

15. O referido muro foi edificado na linha que segue o eixo norte/sul e que separa o terreno referido em 1. Supra, a norte e a nascente, do Lote descrito em B) supra, avançando cerca de 4 metros para poente.

16. E ocupando uma faixa do lote referido em 1. dos "Factos Assentes" com o comprimento de 28m e a largura média de 4m.

17. A AA Imobiliária, S.A. apenas tomou conhecimento do acima referido, em Março de 1997. 18. E logo solicitou a demolição do muro e a reconstrução do mesmo sobre a linha divisória dos dois lotes.

19. Em consequência do facto provado em 18., por acordo entre a AA-Imobiliária, S.A. e o sócio gerente da BB, L.da e sócio da DDConstruções e Empreitadas, L.da, , Silvino Freire, foi realizado um levantamento com vista à definição das estremas de ambos os prédios.

20. Na parcela referida em 12., foi construída em 1997, parte de um muro e de uma adega. 21. Na mesma parcela, foram realizadas, também em 1997, parte das infra-estruturas, com instalação de rede de gás, águas, electricidade e sistema de rega e arranjos exteriores com um espaço para o jardim.

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23. Existem construções no lote referido em 2.

24. Aquando da edificação do muro de vedação referido no facto 14. foi construído um anexo com uma "pérgola"

25. A construção do mencionado anexo e "pérgola" encontrava-se "a meio" em Maio de 1997. 26. A edificação existente na parcela indicada no facto 12., foi realizada antes da aquisição do lote referido em 2.dos "Factos Assentes" pelo R. CC.

27. O anexo construído na parcela constitui um corpo separado do edifício principal edificado no lote referido em 2. que constitui a habitação.

28. A parcela de terreno referida no facto 12., tinha, antes das construções referidas, o valor de 10.475,00 Euros.

29. O valor actual do terreno para construção no local, por m2, é de pelo menos 159,6 Euros 30. O valor actual do terreno para construção no local, durante o ano de 1997 e meados de 1998, era de cerca de 99,75 Euros, o m2.

31. O índice de construção previsto para o loteamento do prédio referido em 1. dos "Factos Assentes" é de 0,40.

32. Sendo "os afastamentos obrigatórios" de 5m laterais e de frente e 8m a tardoz. 33. A parcela mencionada situa-se a tardoz.

34. O que reduz a possibilidade de construção na parcela restante.

35. A desvalorização do terreno indicado em 1. dos Factos Assentes, resultante da perda da parcela indicada no facto 11., é de 10.495 Euros.

36. Tanto a "DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A.", como a "BB- Construções e Empreitadas, L.da" e o R CC sabiam que a parcela referida em 12., fazia parte do prédio referido em 1.

37. Atento o referido em 9. e 11. dos "Factos Assentes", o R CC sabia que a A. reclamava como sua a parcela dos autos.

38. Logo que concluíram o levantamento, em Maio de 1997, os topógrafos que a realizaram confirmaram à Autora e ao representante legal da "BB Construções e Empreitadas, L.da" e DD-Construções e Investimentos Imobiliários, S.A.", que a parcela em causa pertencia à Autora. Vejamos então as questões acima elencadas como objecto deste recurso.

a) Na primeira questão pretendem os recorrentes que se verificaram os requisitos legais de que depende a aquisição da propriedade da parcela em causa pelo recorrente CC, previstos no art. 1343º, nº 1 do Cód. Civil, consistentes em aquele haver agido de boa fé e em a autora não haver deduzido oposição no prazo de três meses a partir da ocupação da parcela.

Esta pretensão já fora colocada da mesma forma no recurso de apelação e naquela foi rejeitada fundamentadamente, tal como fora não menos doutamente rejeitada na sentença de primeira instância.

Daí que bastava a remessa para aquelas decisões para fundamentar a rejeição desta pretensão, ao abrigo do disposto no art. 713º, nº 5.

Porém, sem a convicção de dizer nada de novo, iremos apontar sinteticamente os principais argumentos para a rejeição daquela pretensão.

Tal como doutamente a sentença de primeira instância referiu, para a proceder a pretensão de aquisição da propriedade da parcela de terreno em causa pelo chamado CC por acessão, nos termos do art. 1343º, nº 1 do Cód. Civil, tem de verificar-se, entre outros, os requisitos:

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fé;

- Decurso de três meses a contar do início da ocupação, sem oposição do proprietário.

Ora dos factos provados resulta que as obras de ocupação da parcela de terreno pertencente à autora em causa se iniciaram no princípio de 1997, tendo a aqui primitiva autora, então proprietária daquela parcela, sabido da realização da mesma obra em Março de 1997 e logo solicitou a

demolição da mesma obra.

Daqui resulta que a oposição da então proprietária do terreno ocupado se deu de imediato ao conhecimento da realização da obra - Março de 1997, tendo a obra começado em princípios de 1997.

Por outro lado, dos mesmos factos provados resulta que tanto a ré BB – autora das obras iniciais “ocupantes” da parcela consistentes na construção do muro sobre aquela -, como a DD– primeira adquirente do prédio daquela ré – e, ainda, como o chamado CC – adquirente à DD do mesmo prédio, sabiam que a parcela em causa fazia parte do prédio da autora, sabendo também este último que a autora a reclamava como sua.

Daqui se conclui obviamente a falta de verificação dos dois requisitos acima mencionados que condicionam a verificação da acessão, nos termos do art. 1343º, nº 1 citado.

Soçobra, desta forma, este fundamento do recurso.

b) Nesta segunda questão defendem os recorrentes que não sendo já a BB dona do prédio – quererá dizer do prédio do chamado CC -, não se vislumbra como pode proceder à demolição do muro em que foi condenado, dado que o chamado CC foi deste pedido absolvido.

Não se percebe bem o alcance desta pretensão.

Se os recorrentes querem com isso dizer que a sentença de 1ª instância é contraditória no tocante à decisão e aos seus fundamentos, e como tal nula, nos termos da al. c) do nº 1 do art.668º, devemos dizer que tal matéria não é cognoscível neste recurso, pois devia ter sido tal nulidade arguida na apelação e não o foi – nº 3 do art. 668º -, não cabendo à revista conhecer desta causa de nulidade da sentença de 1ª instância – art. 722º, nº 1.

Os recorrentes com aquela pretensão podem também querer atacar a decisão de mérito da sentença de 1ª instância, no sentido de que tendo o dono do prédio do prédio onde se realizaram as obras que se prolongaram para o prédio da autora sido absolvido do pedido de demolição do muro que ocupou o prédio da autora, ser impraticável a condenação da ré BB na demolição daquele muro - pretensão incompreensível por a demolição ordenada ter sido apenas do muro construído na parcela que se julgou pertencer ao lote da autora e não ao prédio do chamado Ora então, esta seria uma questão nova que devia ter sido colocada na apelação da decisão da 1ª instância e não tendo sido colocada, nessa parte, já não pode ser colocada na revista, já que a admissibilidade daquela condenação ficara já assente na decisão de 1ª instância.

Com efeito, é opinião pacífica que os recursos, em princípio, visam apenas a reapreciação das questões já colocadas e decididas no tribunal inferior hierarquicamente, salvo as questões que sejam do conhecimento oficioso.

Ora aquela condenação da primeira instância apenas foi impugnada no sentido de que se verificou a acessão por parte do chamado da parcela da autora ocupada pelos réus.

Não se verificando, como vimos a acessão, não pode agora ser reapreciada a condenação da ré BB na demolição do muro.

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c) Finalmente resta a apreciação da questão consistente em a sentença nada haver dito sobre a demolição da adega.

Também aqui não pode este recurso apreciar esta questão por se verificar os obstáculos referidos na apreciação da questão anterior.

O levantamento desta questão poderia interessar se apreciada na vertente de ter a sentença de 1ª instância omitido o conhecimento de qualquer questão que lhe tenha sido submetida a apreciação, ao abrigo do disposto na primeira parte da al. d) do nº 1 do art. 668º.

Mas tal arguição da nulidade deveria ter sido feita na apelação e não foi, pelo que não pode já aqui ser conhecida, até porque, como dissemos, tal matéria está subtraída ao conhecimento deste Supremo Tribunal – art. 722º, nº 1.

De qualquer forma, também se não vê onde tal questão tenha sido submetida à apreciação do tribunal na 1ª instância e, além disso, a condenação decretada na reposição da parcela no estado anterior à construção do muro devidamente interpretada pode resolver a dúvida dos recorrentes. Daqui resulta a improcedência deste fundamento do recurso.

Pelo exposto, nega-se a revista pedida. Custas pelos recorrentes.

Lisboa, 01-03-2007

João Moreira Camilo ( Relator ) Fernando Azevedo Ramos Manuel Silva Salazar.

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