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FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: O QUE APONTAM AS PESQUISAS RECENTES?

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ISSN 2176-1396

SUPERVISIONADO: O QUE APONTAM AS PESQUISAS RECENTES?

Renata Portela Rinaldi1 - UNESP/Campus de Presidente Prudente Eixo – Formação de Professores Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

A análise da formação inicial de professores no curso de Licenciatura em Pedagogia e do estágio curricular supervisionado é bastante referenciada nas discussões e pesquisas sobre o tema em diversos tipos de veículos de divulgação científica, a saber: artigos, dissertações e teses. O presente texto tem como principal objetivo mapear as tendências teórico-práticas que marcaram a compreensão da formação inicial e do estágio curricular supervisionado ao longo do tempo. Apresenta uma análise bibliográfica sobre o tema, compreendendo o período de 2009-2015. O levantamento bibliográfico foi realizado a partir das produções disponíveis nas bases de dados de periódicos nacionais, avaliados na área da Educação com Estrato A1 e A2, publicados na versão on-line. Foram utilizados os seguintes unitermos: formação inicial de professores, estágio, prática de ensino, desenvolvimento profissional da docência e aprendizagem profissional da docência. Após a seleção destes textos, foi realizada uma análise minuciosa do conteúdo a partir da técnica de análise sistemática, levando em consideração seus aspectos metodológicos, problemática discutida e implicações para o desenvolvimento do estágio como aporte na formação inicial de futuros professores para o exercício na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Os resultados indicaram um total de 191 periódicos selecionados; devido ao volume de materiais, procedeu-se a partir da definição de critérios específicos a uma nova seleção a partir da qual foram analisadas as produções de 27 periódicos classificados como A1 e 36 A2. Em média cada periódico publicou três números no ano com aproximadamente doze artigos cada. Nessa análise inicial observou-se que majoritariamente os veículos mais bem avaliados estão vinculados às instituições públicas de pesquisa (universidades e/ou fundações) da região sudeste do país. Posteriormente, os resultados indicaram um total de 11340 artigos, dos quais foram selecionados inicialmente pelos títulos, resumos ou palavras-chave aproximadamente 1400 e, finalmente, 717 para leitura e análise sistemática.

Palavras-chave: Formação inicial de professores. Estágio supervisionado. Revisão sistemática.

1 Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2009), Professora Assistente Doutora - nível

II, da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – UNESP, atua no Departamento de Educação e no Programa de Pós-Graduação em Educação da FCT/UNESP, Presidente Prudente. Líder do grupo de pesquisa “Formação de Professores e Práticas de Ensino na Educação Básica e Superior”. E-mail: reanata.rinaldi.unesp@gmail.com

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Introdução

O texto apresenta resultados parciais de uma investigação mais ampla em que se tem como principal objetivo analisar as contribuições e os desafios à universidade para a construção de parcerias efetivas entre a instituição de ensino superior e a escola pública para ressignificação do estágio curricular supervisionado na formação do pedagogo, cujo perfil profissional se volta para a docência na Educação infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. Tem como objeto de estudo o curso de Licenciatura em Pedagogia de uma universidade pública no interior do estado de São Paulo, organizado a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas pela Resolução CNE/CP2 nº 1/2006 (BRASIL, 2006) e CNE/CP nº 2/2015 (BRASIL, 2015); e, também, pelas Deliberações3 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo instituídas pela Deliberação CEE N° 111/2012 (SÃO PAULO, 2012) e CEE 126/2014 (SÃO PAULO, 2014), respectivamente.

A formação de professores é um tema bastante frequente nas produções científicas nos últimos anos, o que indica a sua relevância e inesgotável fonte de discussão quando considerada como objeto de estudo e campo de investigação. Nessa direção, Gauthier (1999, p. 24) descreveu que “[...] cada dispositivo do olhar e da observação modifica o objeto de estudo [...] por isso, nunca estudamos um objeto neutro, mas sempre um objeto implicado, caracterizado pela teoria e pelo dispositivo que permite vê-lo, observá-lo e conhecê-lo”.

Nessa perspectiva, é importante uma reflexão sistematizada sobre o objeto investigado, no caso em questão, a formação inicial de professores no curso de licenciatura em Pedagogia. Considerando os limites para a presente produção realizou-se, inicialmente, um estudo sobre as bases legais que orientam a formação inicial de professores para o exercício na educação básica, especificamente, na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Posteriormente, um mapeamento das produções de artigos que versavam sobre o tema em periódicos científicos on-line qualificados nos estratos A1 e A2 a partir dos critérios definidos no Portal do Sistema Integrado da CAPES (WebQualis). Os resultados obtidos foram tratados a partir do procedimento de revisão sistemática (SAMPAIO; MANCINI, 2007) e compartilhados com o objetivo de contribuir para novas reflexões sobre o tema.

2 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. E,

respectivamente, define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.

3 Fixam Diretrizes Curriculares Complementares para a Formação de Docentes para a Educação Básica nos

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Considerações sobre a formação do pedagogo e o estágio curricular supervisionado

O curso de Pedagogia foi criado no Brasil em 1939, pelo Decreto Lei nº 1.190, de 4 de abril de 1939, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, e desde então passou por inúmeras reformulações e indefinições sobre qual seria sua identidade, como demonstram vários estudos a esse respeito (BRZEZINSKI, 1996; SCHEIBE, 2007; AGUIAR; BRZEZINSKI; FREITAS; SILVA; PINO, 2006).

O impasse em relação ao campo de atuação do pedagogo chegou, a princípio, a um consenso, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 (BRASIL, 1996) e, sobretudo, com a publicação da Resolução do Conselho Nacional de Educação CNE/CP nº 01/2006 (BRASIL, 2006) que passam a compreender a docência como fundamento da formação do pedagogo, estabelecendo estruturas curriculares mínimas para contemplar as áreas de formação deste profissional. Essas regulamentações normativas, no entanto, trazem um grande desafio às instituições formadoras, pois estabelecem várias funções ao futuro pedagogo, o qual deverá ser formado para o exercício de múltiplas funções, a saber:

Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino. (BRASIL, 2006)

Assim, percebe-se que em exíguo espaço de tempo (três a quatro anos, em média), o pedagogo precisa estar apto a atuar como docente na educação infantil, nos anos iniciais do ensino fundamental, na educação de jovens e adultos, no ensino normal médio, trabalhar como gestor escolar, além de outras capacidades que dele se espera, de acordo com a resolução. Ou seja, espera-se que o pedagogo seja um profissional polivalente não somente em relação ao domínio dos conteúdos específicos (língua portuguesa, matemática, ciências, história e geografia), mas também em relação à diversidade de áreas e contextos que ele deverá ser apto a atuar.

Com a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a Formação Continuada (BRASIL, 2015), há uma demarcação para a articulação entre a “[...] formação inicial e continuada dos profissionais do

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magistério para viabilizar o atendimento às suas especificidades nas diferentes etapas e modalidades de educação básica observando suas políticas e diretrizes” (BRASIL, 2015, p. 3). Define a

[...] formação de professores para o exercício da docência na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e nas respectivas modalidades de educação (Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Escolar Quilombola), nas diferentes áreas do conhecimento e com integração entre elas, podendo abranger um campo específico e/ou interdisciplinar.

A respectiva Diretriz, em seus parágrafos 1º e 2º, do Art. 2º, respectivamente, compreende a docência como:

[...] ação educativa e como processo pedagógico intencional e metódico, envolvendo conhecimentos específicos, interdisciplinares e pedagógicos, conceitos, princípios e objetivos da formação que se desenvolvem na construção e apropriação dos valores éticos, linguísticos, estéticos e políticos do conhecimento inerentes à sólida formação científica e cultural do ensinar/aprender...

[...] a ação do profissional do magistério da educação básica é permeada por dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas por meio de sólida formação, envolvendo o domínio e manejo de conteúdos e metodologias, diversas linguagens, tecnologias e inovações... (BRASIL, 2015, p. 3)

Conforme as novas Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2015) os cursos de formação inicial de professores para a educação básica em nível superior, em cursos de licenciatura, deverão ter 3.200 horas, mantendo-se a totalidade da carga horária já prevista anteriormente, por exemplo, para o curso de Licenciatura em Pedagogia (BRASIL, 2006). Entretanto, define modificações na carga-horária quanto à prática como componente curricular, o estágio supervisionado e as atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas:

I - 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, distribuídas ao longo do processo formativo;

II - 400 (quatrocentas) horas dedicadas ao estágio supervisionado, na área de formação e atuação na educação básica, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto de curso da instituição;

III - pelo menos 2.200 (duas mil e duzentas) horas dedicadas às atividades formativas estruturadas pelos núcleos definidos nos incisos I e II do artigo 12 desta Resolução, conforme o projeto de curso da instituição;

IV - 200 (duzentas) horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos estudantes, conforme núcleo definido no inciso III do artigo 12 desta Resolução, por meio da iniciação científica, da iniciação à docência, da extensão e da monitoria, entre outras, consoante o projeto de curso da instituição. (BRASIL, 2015, p. 11)

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Observa-se um ‘avanço’ ao investir na proposta de ampliação da carga horária destinada ao Estágio Supervisionado e a necessária articulação entre a formação inicial e continuada para o magistério na educação básica. Percebe-se uma tentativa de valorização do espaço da escola, enquanto futuro contexto de atuação profissional do licenciando, assim como espaço privilegiado de potenciais experiências de formação continuada para os docentes em exercício. Mas, compreende-se, também, o desafio às instituições de ensino superior para estabelecer parcerias com as escolas de educação básica para o desenvolvimento de iniciativas efetivas e condizentes com os pressupostos preconizados, reconhecendo-a como produtora de conhecimentos. Apenas a ampliação da carga horária destinada aos estágios curriculares sem a devida ressignificação dessa experiência em parceria com a escola de educação básica, de nada contribuirá para a formação inicial, nem mesmo para superação das fraudes que inúmeras vezes ainda ocorrem na realização dos estágios por parte dos licenciandos.

Refletir a respeito da formação inicial de professores e o estágio curricular supervisionado exigem que se recorra à pesquisa e à prática de formação. Sabemos, no que tange a pesquisa, que ela acompanha os movimentos políticos, econômicos e socioculturais que vão apresentando forma ao desempenho que deve ser efetivado pelo professor, seja na expectativa de realidade ou idealizado como adequado. Já a prática, vai se estabelecendo a partir de um amalgama de condições teórico-contextuais.

Nessa direção, os resultados apresentados, enfocam algumas das tendências teórico-práticas observadas na produção acadêmico-científica recente que marcaram a compreensão da formação inicial e do estágio curricular supervisionado ao longo do tempo, a partir do mapeamento realizado em bases de dados nacionais considerando periódicos avaliados na área da Educação com estrato A1 e A2, publicados na versão on-line, no período de 2009-2015. Com isso, almeja-se contribuir com as reflexões do campo de estudos, sem a pretensão de esgotamento do tema e consciente de sua provisoriedade.

Delineamento metodológico do estudo

A pesquisa, de natureza descritivo-analítica, orienta-se a partir da matriz teórico-epistemológica da abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Caracteriza-se como uma investigação do tipo pesquisa bibliográfica e é entendida como “[...] um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso,

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não pode ser aleatório” (MINAYO, 2002). Ela se caracteriza como um procedimento metodológico de caráter exploratório-descritivo. Ou seja, o passo inicial para concretização deste tipo de pesquisa consiste na realização do levantamento bibliográfico e uma revisão sistemática do tema estudado, buscando uma problematização a partir das referências de investigações anteriores disponíveis em documentos impressos ou digitais.

Especificamente para este estudo as produções analisadas foram selecionadas em diversas bases de dados on-line, de periódicos nacionais, classificados pelo Portal do Sistema Integrado da CAPES (WebQualis), na área de avaliação “Educação”, que apresentavam estrato A1 e A2. Definiu-se como recorte temporal o período de 2009 a 2015. Foram definidos os seguintes unitermos: formação inicial de professores, estágio, prática de ensino, desenvolvimento profissional da docência e aprendizagem profissional da docência. O tratamento dos dados obtidos foi realizado com base nos procedimentos da análise sistemática (SAMPAIO; MANCINI, 2007).

Esse tipo análise:

[...] requer uma pergunta clara, a definição de uma estratégia de busca, o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos artigos e, acima de tudo, uma análise criteriosa da qualidade da literatura selecionada. O processo de desenvolvimento desse tipo de estudo de revisão inclui caracterizar cada estudo selecionado, avaliar a qualidade deles, identificar conceitos importantes, comparar as análises estatísticas apresentadas e concluir sobre o que a literatura informa em relação a determinada intervenção, apontando ainda problemas/questões que necessitam de novos estudos (SAMPAIO; MANCINI, 2007, p. 84).

A organização da análise, tal como orientada por Sampaio e Mancini (2007) requer a sequência de cinco passos: 1. Definição da pergunta; 2. Busca da evidência; 3. Revisitar e selecionar os estudos; 4. Analisar a qualidade metodológica dos estudos; 5 Apresentar os resultados.

Na primeira etapa, “definindo a pergunta”, é necessário que haja uma questão clara e explicita que guiará esta revisão sistemática de acordo com o objetivo da pesquisa. Os autores destacam que esta pergunta deve ser clara e bem formulada. Na segunda etapa, “buscando evidências”, é necessário que sejam selecionadas as palavras-chave para a busca do material, as estratégias que serão utilizadas e a fonte em que serão realizadas as buscas. Na terceira etapa (revisando e selecionando estudos), serão inicialmente selecionados os artigos por meio da leitura de resumos, orientado pela pergunta norteadora. Na etapa “analisando as qualidades

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metodológicas dos estudos”, para assegurar a qualidade da pesquisa trabalhou-se com artigos científicos selecionados a partir dos critérios previamente definidos nas etapas anteriores.

Primeiros resultados

Inicialmente serão apresentados os dados quantitativos a partir da seleção dos periódicos, haja visto que foi possível perceber uma tendência dos veículos melhor avaliados e sua vinculação às instituições públicas de ensino e pesquisa, e sua concentração na região sudeste. Posteriormente, são apresentados os principais resultados obtidos por meio da análise dos artigos considerando a temática investigada.

Pode-se dizer que, no cenário nacional, temos uma generosa gama de periódicos bem avaliados pelo Sistema WebQualis, na área da Educação, com Estratos A1 e A2, respectivamente. Obteve-se, em uma primeira etapa, um total de 114 periódicos classificados como A1 e 77 como A2, cada um deles com publicação média de 3 números por ano com aproximadamente 12 artigos por número. O volume de dados consistiu, também, de desafios à pesquisadora para seleção de materiais que contribuíssem para análise do objeto investigado. Dessa forma, foram definidos outros critérios para a seleção desses veículos, a saber: do relatório gerado pelo sistema WebQualis foram excluídos os periódicos internacionais e aqueles apenas em versão impressa, dada a dificuldade de acesso à publicação.

Apresenta-se, então, os resultados da segunda etapa em que se obteve inicialmente um total 27 periódicos nacionais classificados como A1 e 36 como A2. No quadro 1 e 2, respectivamente, buscou-se sistematizar as informações sobre a vinculação institucional desses veículos e o título do periódico, conforme o estrato de avaliação.

Quadro 1 – Lista de periódicos nacionais classificados no estrato A1.

Instituição Título do Periódico

ANPED Revista Brasileira de Educação ANPOCS Revista Brasileira de Ciências Sociais FGV CPDOC Estudos Históricos

Fundação Carlos Chagas Cadernos de Pesquisa Fundação Casa de Rui Barbosa Machado de Assis em linha

Fundação Cesgranrio Ensaio

UERJ Dados

UFMA Cadernos de Pesquisa

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Varia História

UFPR Educar em Revista

UFRGS Educação e Realidade

Psicologia: Reflexão e crítica UnB Estudos de Literatura Brasileira

contemporânea

UNESP Alfa: Revista de Linguística

UNICAMP Avaliação

Cadernos de Estudos Linguísticos Educação & Sociedade

ETD - Educação temática digital Pró-Posições

USP ARS

Educação e pesquisa Paidéia

Revista de história

Revista do Instituto de Estudos Brasileiros Via Atlântica

Revista Brasileira de História

Fonte: Sistematização própria a partir dos dados gerados no Portal WebQualis.

Na origem institucional dos periódicos mais bem avaliados, ou seja, no estrato A1, observa-se que 78,5% são publicações que estão sob a responsabilidade de universidades públicas brasileiras em diferentes regiões do país e as demais estão vinculadas a fundações de pesquisa e associação de pesquisadores da área da educação. É possível observar no Quadro 1, que a Universidade de São Paulo (USP) tem a maior quantidade de periódicos classificados nesse estrato, perfazendo o total de 7, seguida pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, com um total de 5 periódicos; a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS com 2 cada, a Universidade Estadual Paulista – UNESP, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Universidade Federal do Maranhã - UFMA, Universidade de Brasília – UnB e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ com 1 periódico cada classificado com o estrato supracitado.

Ainda, é possível perceber que a região do país com maior concentração de periódicos mais bem qualificados é a Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo.

Quando analisamos os periódicos classificados no estrato A2 (Quadro 2), nota-se uma significativa ampliação no total de veículos em relação ao anterior. Da mesma forma,

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observa-se que a vinculação institucional desses periódicos permanece, em sua maioria, vinculado às instituições de ensino superior públicas.

Quadro 2: Lista de periódicos nacionais classificados no estrato A2.

Instituição Título do Periódico

UNESP Alfa: Revista de linguística Ciência e educação

Interface

Revista brasileira de educação especial PUC Bakhtiniana: Revista de estudos do discurso

DELTA. Documentação de estudos em linguística teórica e aplicada.

Estudos de Psicologia Projeto história Revista Educação Revista e-Curriculum

UFU Cadernos de história da educação Educação e filosofia

UNICAMP Cadernos Pagu

UFRGS Currículo sem fronteiras História da educação

Investigações em ensino de ciências Psicologia e sociedade

Revista Brasileira de Política e Administração da Educação UNISINOS Educação Unisinos

UFMG Ensaio: Pesquisa em educação em ciências UnB Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea UFRN Estudos de Psicologia

Revista Educação em Questão FCC Estudos em Avaliação Educacional FGV Estudos históricos

UEPG Práxis educativa UEM Psicologia em estudo

Revista Psicologia Escolar e Educacional UFBA Repertório Teatro e Dança

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ANPOLL Revista da ANPOLL UFMT Revista de Educação Pública

USP Revista do Instituto de Estudos Brasileiros Tempo Social

Via Atlântica

Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências Fonte: Sistematização própria a partir dos dados gerados no Portal WebQualis.

Verifica-se, no Quadro 2, que a Pontifícia Universidade Católica (PUC) tem a maior quantidade de periódicos classificados no estrato A2, perfazendo o total de 6, seguida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, com um total de 5 periódicos, a Universidade Estadual Paulista – UNESP e Universidade de São Paulo – USP com 4 cada, a Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e Universidade Estadual de Maringá – UEM com 2 periódico cada, e a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Fundação Getúlio Vargas – FGV, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Universidade de Brasília – UnB, Fundação Carlos Chagas – FCC, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Universidade Federal da Bahia – UFBA, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística – ANPOLL, com 1 periódico classificado com o estrato supracitado.

Após acessar todos os periódicos selecionados, no período de 2009 a 2015, e analisar inicialmente cada número publicado chegou-se a um total de aproximadamente 11340 artigos e verificou-se que em vários periódicos nenhum artigo publicado versava sobre a temática. Posteriormente, procedeu-se, a leitura do título, resumo e/ou palavra-chave a partir do objeto investigado obtendo-se uma redução para 1400 textos e, finalmente, após nova análise excluindo-se aqueles textos que não abrangiam o estágio curricular obrigatório na formação inicial de professores para educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental chegou-se a um total de 717 artigos para leitura e análise sistemática.

Nesse sentido, observa-se como resultados gerais, os seguintes achados para os periódicos classificados no estrato A1 (Tabela 1). Nessa busca e análise dos artigos, percebeu-se que alguns temas aparentemente diversos do objeto investigado tratavam em percebeu-seu conteúdo da formação inicial dos professores, por essa razão foram inicialmente selecionados.

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Tabela 1 – Temas encontrados nos artigos dos periódicos A1 no período 2009-2015. TEMA ANO 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Desenvolvimento profissional 27 23 19 14 19 0 6 Estágio 5 0 3 1 2 0 3 Aprendizagem da docência 6 7 9 14 10 0 0 Formação de professores 36 18 12 13 15 0 12 Professores iniciantes 6 5 5 3 5 0 0 Formação inicial 25 15 13 7 8 0 2 Educação inclusiva 5 3 3 0 2 0 5 Parceria universidade-escola 5 2 2 1 1 0 0 Educação multicultural 5 2 7 0 0 0 0 Identidade docente 6 12 3 2 1 0 0 Currículo 6 4 5 0 1 0 2 Prática de ensino 24 14 11 7 12 0 3 Relação professor-aluno 0 0 1 2 1 0 0 TOTAL 156 105 93 64 77 0 32

Fonte: Sistematização própria a partir dos resultados de pesquisa.

De modo geral a distribuição dos artigos a partir dos temas não se mostrou equilibrada ao longo do tempo. Do total de artigos que versavam, direta ou indiretamente, sobre o objeto de estudo foi possível verificar que a temática do estágio (2,4%) e da parceria entre a universidade e a escola (2,08%) foram pouco investigadas pelos pesquisadores que publicaram nesses veículos melhor avaliados. A temática da formação inicial (13,3%) e da prática de ensino (13,5%) foram aquelas que apresentaram maior interesse dos pesquisadores no período. É interessante observar que temas transversais à formação de professores emergiram como resultados interessantes, por exemplo, a temática da educação multicultural, currículo e identidade docente.

De modo geral, sobre o conteúdo analisado nas produções a partir dos textos que trataram especificamente da temática do estágio, verificou-se que versavam sobre a avaliação do estágio na formação profissional (ANDRADE, 2010) ou experiências de estágio supervisionado em diversos cursos de licenciatura, mas ainda com uma proposta de aplicação

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de regência a partir de um conteúdo específico trabalhado nas disciplinas fundamentais do curso (HINZ; DI FANTI, 2013; SILVA; SILVA NETO, 2013; ALBUQUERQUE; SILVA; RESENDE; GONÇALVES; GOMES, 2015 entre outros).

No caso dos periódicos classificados no estrato A2, obteve-se os seguintes resultados sistematizados na Tabela 2.

Tabela 2 – Temas encontrados nos artigos dos periódicos A2 no período 2009-2015. TEMAS

ANO

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Aprendizagem da docência 4 3 6 6 4 3 7

Desenvolvimento profissional da docência 8 6 12 5 7 5 7

Estágio 0 0 3 5 2 3 6 Formação inicial 12 5 4 7 14 8 4 Parceria universidade-escola 0 0 2 0 0 1 2 Políticas educacionais 1 0 2 3 1 4 5 Práticas de ensino 4 3 2 1 2 3 4 TOTAL 29 17 31 27 30 27 35

Fonte: Sistematização própria a partir dos resultados de pesquisa.

Estes achados apresentados na Tabela 2 nos permite perceber nos periódicos A2, uma ampliação do total de produções que investigaram a temática do estágio supervisionado em relação às publicações dos periódicos A1. Os resultados apontam que aproximadamente 10% dos artigos analisam explicitamente a experiência do estágio supervisionado em cursos de formação inicial (licenciatura e bacharelado), assim como as publicações que versam sobre iniciativas de parceria entre a universidade e a escola (2,5%). Neste último caso, comparecem como iniciativas de aproximação entre a instituição de educação superior e da educação básica para melhor preparar o futuro professor para a docência, ainda sem uma preocupação com a formação continuada de professores da educação básica que receberam os licenciandos. Ou seja, dos trabalhos que versaram sobre a temática da parceria entre a universidade e a escola todas elas abordavam essa parceria a partir das práticas do estágio supervisionado.

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As temáticas da prática de ensino (9,7%) e da formação inicial (27,5%) comparecem, também nos periódicos qualificados como A2 como aquelas que recebem grande interesse dos pesquisadores. Mas, destacam-se as investigações sobre a aprendizagem da docência (16,8%) e desenvolvimento profissional (25,5%). Por sua vez, aquelas temáticas que emergiram como transversais na análise anterior desaparecem nas produções nos veículos qualificados como A2. Por sua vez, a temática das políticas educacionais emerge como iniciativa de forte interesse por parte dos pesquisadores sobre o tema e mantem regularidade ao longo do período analisado, ampliando-se nos últimos anos.

Considerações finais

Ainda que se tenha observado avanços na pesquisa sobre formação de professores ao longo dos anos nas produções analisadas, percebe-se que a temática do estágio curricular supervisionado ainda foi pouco considerada pelos pesquisadores, pouco mais de 5%, que publicaram no período nos periódicos analisados a partir dos critérios estabelecidos. Percebe-se que a abordagem do tema a partir das publicações nos periódicos A2 aprePercebe-sentam analiPercebe-ses a partir de experiências mais diversificadas que indicam aproximação entre a universidade e o futuro contexto de atuação profissional, quer seja para orientação e desenvolvimento do estágio nos cursos de licenciatura, como Pedagogia, Letras e Química, quanto em cursos de bacharelado, como Fisioterapia e Odontologia.

De modo geral, no cenário nacional, os estudos apontam para a necessidade de ampliar as pesquisas sobre a temática do estágio supervisionado como eixo articulador e de fundamental importância na formação profissional, para que articulem as concepções do futuro professor, o andamento e a prática de ensino do professor mais experiente e em exercício como apoiador na construção da prática do futuro docente. Além disso, discussões sobre as condições de trabalho e remuneração dos professores, a proletarização e desvalorização da profissão, assim como avaliação docente, estágio supervisionado e políticas públicas são temas muito pouco explorados nos trabalhos analisados e que se julga premente para melhor compreensão do campo de pesquisa da formação de professores.

REFERÊNCIAS

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Referências

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