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Práticas de gestão e feminização do magistério.

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FEMIN IZAÇÃO DO MAGISTÉRIO

FLÁVIA OBIN O CORRÊA WERLE Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – São Leopoldo/RS

flaviaw@ unisinos.br

RESUMO

A feminização é discutida na perspectiva de práticas administrativas, relacionadas com os processos de formação de professoras e desenvolvidas em escolas femininas a partir de 1900, no Rio Grande do Sul. Situam-se processos iniciais de formação para o magistério de primeiras letras, destacando rupturas e alterações no perfil da demanda. Conclui-se que, do atendimento a órfãs, que ocorria na Escola N ormal articulada à Diretoria de Instrução Públi-ca e cuja profissionalização estava vinculada a prátiPúbli-cas assistenciais, os cursos de formação de professoras foram reconstituídos e passaram a ser ofertados em várias instituições e locais no estado. Essas instituições, assumindo a formação de professoras de primeiras letras, torna-ram-se independentes da diretoria, vindo a constituir espaço de influência da iniciativa femi-nina na oferta de cursos para mulheres de camadas privilegiadas da população.

H ISTÓ RIA DA ED UC AÇ ÃO – PRO FESSO RA – MULH ER – AD MIN ISTRAÇ ÃO DA EDUCAÇÃO

ABSTRACT

FEMIN IZ ATIO N O F TEAC H IN G. Fe minizatio n is discusse d in the pe rspe ctive o f the administrative practices, related to the processes of female teacher education, developed in women’s schools, since 1900, in the Federal State of Rio Grande do Sul. We situate initial processes of formation for teaching os first letters, stressing ruptures and alterations in the profile of the demand. We conclude that the care for orphans, whose professionalization was linked with assistential practices, a fact that occurred at the N ormal School, articulated with the power structure of the Direction of Public Instruction. The courses of female teacher education were reconstituted, starting to be offered in various institutions and locations in the State, which, assuming the formation of teachers of first letters, became independent from the Directory, being spaces of influence of the female initiative in the offering of courses for women of the privileged strata of the population.

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Muito s são o s se ntido s da e xpre ssão fe minização do magisté rio . A maio ria do s auto re s re fe re fe m inização indicando o e xpre ssivo núm e ro de m ulhe re s que e xe rce m o m agisté rio ; apo iada e m dado s quantitativo s; incluindo argum e nto s que apo ntam pre juízo s para a fo rm ação do s aluno s de co rre nte s de tal pre -do m inância.

Tam bara (1998, p.49) analisa o m agisté rio so b a ó tica do gê ne ro , afir-m ando que ne le o co rre u uafir-m a “fe afir-m inilização ” pe la “ide ntificação e ntre a natu-re za fe m inil e a prática do ce nte no e nsino prim ário ”, num m o vim e nto de co lage m das caracte rísticas pró prias do se xo fe m inino ao m agisté rio . Para o auto r, a Esco la N o rm al fo i a grande re spo nsáve l po r e sse pro ce sso de co nsti-tuição da fo rm a fe m inil, e nvo lve ndo o asse m e lham e nto da do cê ncia co m tra-balho do m é stico , de pe ndê ncia e fragilidade .

Alme ida (1998, p.64) utiliza a e xpre ssão “fe minização do magisté rio pri-mário ” re fe rindo -se à e xpansão da mão -de -o bra fe minina no s po sto s de traba-lho e m e sco las e no s siste mas e ducacio nais, à fre qüê ncia da Esco la N o rmal e ao s traço s culturais que favo re ce ram a o cupação do m agisté rio pe las m ulhe re s.

C am po s (2002) discutindo a gê ne se histó rica do s curso s de fo rm ação de pro fe sso re s de m o nstra, pe lo núm e ro de m atriculado s e diplo m ado s nas Esco las N o rm ais, a fe m inização do m agisté rio e m São Paulo . A auto ra situa no final do sé culo XIX o pro ce sso de fe m inização da pro fissão de pro fe sso r no Brasil, re lacio nando - o ao de spre stígio do m agisté rio , à sua baixa re m une ração e qualificação , e ao fato de aco lhe r m o ças o riginárias de cam adas po bre s da po pulação .

Silva (2002, p.96) co nside ra que a fe m inização do m agisté rio o co rre u co m o luta das m ulhe re s para se e stabe le ce re m pro fissio nalm e nte , co nfiguran-do um nicho no m e rcanfiguran-do de trabalho o cupanfiguran-do po r m ulhe re s.

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m agisté rio é um a pro fissão fe m inina e m de co rrê ncia de um a atribuição so cial, inde pe nde nte m e nte do se xo de que m a e xe rce .

Lo pe s discute , a partir de um re fe re ncial psicanalítico , a fe m inização e as caracte rísticas do m agisté rio co m o m issão , vo cação e apo sto lado , te ntando e xplicar a re lação e ntre m ate rnidade e do cê ncia.

A m ulhe r-pro fe sso ra, ao assum ir e ssa função e re spo nde r ao de se jo do o utro (cultural), abre m ão do se u pró prio de se jo e faz do sacrifício a tô nica da tare fa a que passa a se de vo tar, m e sm o ao pre ço de sua vida pe sso al, e spe cialm e nte da vida am o ro sa (“e sque ce m -se de casar ”). Suste ntáculo da so cie dade , am paro do s pe que no s e que não sabe m ainda, pre stado ra de um ine stim áve l se rviço ao o utro , e la busca se ide ntificar co m um a im age m fe m inina, o u se ja, pro duzir um signo indubitáve l de m ulhe r, um signo que a fundiria num a fe m inilidade , e nfim , re co nhe cida. (1991, p.38)

A re fle xão so bre a fe m inização co m o um “e quilíbrio ne fasto ” é trazida pe la france sa Ida Be rge r (apud Lo pe s, 1991, p.30), que justifica a re fe rê ncia ne gativa pe lo fato de fo rtale ce r a influê ncia da m ulhe r na fo rm ação do s aluno s e m de trim e nto da pate rnal.

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Re to m a-se o te m a das iniciativas de instalação de curso s de fo rm ação de pro fe sso ras no Rio G rande do Sul, de stacando as caracte rísticas da clie nte la e as re laçõ e s da Esco la N o rm al co m o po de r po lítico . Pro sse gue -se co m um a discussão so bre a de signação “N o rm al” para o curso de fo rm ação de pro fe s-so re s, no qual a prática o cupava e spaço ce ntral no pro ce ss-so fo rm ativo , a ca-racte rização do C urso C o m ple m e ntar e sua clie nte la, be m co m o a discrim i-nação das caracte rísticas de um a das e sco las e studadas: o C o lé gio Sé vigné . D iscute -se , po r fim , o pe rfil de dire ção das e sco las fe m ininas m antidas po r co ngre gaçõ e s re ligio sas, fo rm ulando a hipó te se de um paradigm a de ge stão e spe cífico , dife re nte do e nco ntrado e m e sco las públicas no pe río do (final do sé culo XIX e início do sé culo XX).

SOB LIDERAN ÇA MASCULIN A: FEMIN IZAÇÃO, ASSISTEN CIALISMO E POUCA EX IGÊN CIA N A ESCOLA N ORMAL

Em 1840, na Pro víncia de São Pe dro do Rio Grande do Sul havia a inte n-ção de criar, junto a um co lé gio para re co lhime nto de me ninas de svalidas, uma Esco la N o rmal na qual e ssas co mple tariam a instrução (Schne ide r, 1993, p.60; D e saulnie rs, 1997, p.106). Essa pro po sta nunca se co ncre tizo u. Apó s muitas te n-tativas1, trinta ano s de po is, é que fo i criada a Esco la N o rmal na Pro víncia. Assim,

no ano de 1860 (Schne ide r, 1993, p.229), no vame nte é auto rizado o e stabe le ci-me nto de uma Esco la N o rmal de instrução primária, ane xa ao Lice u D . Afo nso2,

a qual, po r falta de pro fe sso re s, não che go u a se r implantada. Ape nas e m 5 de abril de 1869, é criado o C urso de Estudo s N o rmais, cujo funcio name nto inicia e m 1o de maio , no qual se riam pre parado s pro fe sso re s de ambo s o s se xo s para a

instrução prim ária. Já no ano se guinte , o utra le i re de fine a clie nte la da Esco la N o rmal: “aspirante s ao magisté rio público do se xo masculino ”.

Em bo ra o bje tivando fo rm ar pro fe sso re s ho m e ns para atuar no m agisté -rio das prim e iras le tras, m uitas de suas m atrículas fo ram o cupadas po r ó rfãs3

1. Há registros de que também em outros estados a criação da Escola N ormal tenha sido uma empreitada cheia de tentativas frustradas (Campos, 2002, p.17; Freitas, 2002, p.142-143; Bonato, 2002, p.173).

2. Ver em Kulesza (1998) a estreita vinculação entre os liceus e os cursos normais de formação de professores de primeiras letras.

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que buscavam um a fo rm a de se m ante r ao saíre m do C o lé gio Santa Te re sa, co m o que re sgatando as inte nçõ e s de 1840. Em co ntrapartida, se u prim e iro dire to r fo i o padre Jo aquim C acique de Barro s, que já e ra dire to r do C o lé gio Santa Te re sa. Po rtanto , no Rio G rande do Sul co nstata-se um a situação de fe m inização im e diata da fo rm ação para o m agisté rio , vinculada a pro m o ção de m o ças de svalidas, m uito e m bo ra a po lítica de clarada no s instrum e nto s le gais fo sse de re se rvar o e spaço para ho m e ns.

A Esco la N o rm al e ra um a instituição se parada do C o lé gio Santa Te re sa e ligada, inicialm e nte , ao Athe ne u. Em bo ra a figura do Pe . C acique fo sse , e m am bas as instituiçõ e s, de m uita im po rtância, não se po de afirm ar que no Rio G rande do Sul, ne sse pe río do , as Esco las N o rm ais fo sse m iniciativas “m e no s institucio nalizadas” (Kule sza, 1998, p.68). O C o lé gio Santa Te re sa e ra um a ins-tituição assiste ncial de stinada a aco lhe r m e ninas ó rfãs, e nquanto a Esco la N o r-m al tinha ur-m status po lítico -adm inistrativo ligado à e strutura do po de r pro vin-cial (Schne ide r, 1993, p.462-465), na qual a e ducação de algum as ó rfãs, as que m o strasse m co ndiçõ e s para o m agisté rio , se co m ple taria. Isto o co rria po is as iniciativas assiste nciais ate ndiam à dim e nsão de fo rm ação de m ulhe re s co m um pe rfil capaz de se inse rire m pro dutiva e po sitivam e nte na so cie dade , to rnando se úte is a si e ao s o utro s. Assim , tal e sco la favo re cia a inte gração na so cie -dade de m ulhe re s abando nadas na infância, que co nquistavam um e spaço de participação so cial e cujo co m pro m isso e stava dire tam e nte re lacio nado às ati-vidade s de fo rm ação e à re tribuição do s be ne fício s re ce bido s.

A Esco la N o rm al passo u po r várias re fo rm as, tanto e struturais co m o cur-riculare s, o que lhe tro uxe instabilidade . Enquanto dire to r, Pe . C acique , e m m uito s m o m e nto s apre se nto u re sistê ncia a tais re fo rm as, te ndo e m vista a pe r-ce pção4

das po ssibilidade s inte le ctuais das m ulhe re s que a fre qüe ntavam . A “na-ture za” das alunas re que ria, na visão do dire to r, um trabalho m e no s árduo para

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que lhe s fo sse po ssíve l co ncluir o curso 5

, e m cujo s o bje tivo s incluía-se a fo r-m ação para o lar. Po rtanto , o dire to r da Esco la N o rr-m al, e r-m bo ra ace itasse r-m ulhe re s e m m aio ria, re pre se ntavaas publicam e nte co m o co gnitivam e nte infe rio -re s, se m co ndiçõ e s para aco m panhar um currículo m ais variado e lo ngo .

PEDAGOGIA COMO DISCIPLIN A MIN ISTRADA POR UM HOMEM

A Pe dago gia e stava inicialm e nte vinculada à Gram ática e ao e nsino de Lín-gua Po rtugue sa. U m ho m e m as m inistrava, co m pre e nde ndo -as co m o discipli-nas se paradas, o que fo i institucio nalizado e m 1881. Isso suge re um ce rto to m não fe m inizante da fo rm ação dada na Esco la N o rm al ne ste pe río do . A pre se nça de Pe . C acique co m o pro fe sso r nas disciplinas de Pe dago gia e G ram ática não co nfirm a o e nte ndim e nto , be m m ais co nte m po râne o , de que pro fe sso re s ho -m e ns co labo rava-m na Esco la N o r-m al, e spe cial-m e nte e -m disciplinas vinculadas às C iê ncias Exatas. Em co ntrapartida, na Esco la Ele m e ntar Ane xa, o nde e ra re alizada a prática do C urso N o rm al, le cio nava um a pro fe sso ra que tinha sido criada no C o lé gio Santa Te re sa e se diplo m ado na Esco la N o rm al. Assim , a Esco la Ele m e ntar, co m o e spaço de prática para o s que se pre paravam para se r pro fe sso re s, e stava dire tam e nte vinculada ao trabalho do pro fe sso r de Pe dago gia. C o m isso se argum e nta que um po de r m asculino , m ais do que um fe -m inino , se co nstituía no inte rio r da Esco la N o r-m al e do incipie nte siste -m a de e nsino , se ja pe lo e nsino na cade ira de Pe dago gia e G ram ática, se ja pe la o rige m e o brigação m o ral da pro fe sso ra da Esco la Ele m e ntar e m re lação ao pro fe sso r de Pe dago gia, tam bé m dire to r da Esco la N o rm al, na qual se fo rm ara, e dire

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to r do asilo no qual tinha sido criada. Em 1881, re o rganiza-se no vam e nte a Esco la N o rm al e m sua clie nte la, duração e currículo , e xplicitando a dife re ncia-ção de gê ne ro . N a o casião fo i intro duzido um ano de curso de pre parancia-ção , se guido de trê s ano s de C urso N o rm al. O pre parató rio habilitava para o in-gre sso no N o rm al, instituindo -se , ade m ais, co m o e spaço de prática para aluno s do te rce iro aaluno N o rm al. O s candidato s do curso pre parató rio se paravam -se e m turmas co nfo rme o -se xo , uma para me ninas e o utra para me nino s. Assim, a prática e m e sco la ane xa o u no pre parató rio ate ndia tam bé m à dife re nciação de gê ne ro im po sta pe lo po de r da le i.

A Esco la N o rm al no Rio G rande do Sul e ra, po rtanto , um e spaço de fo rm ação pro fissio nal para ó rfãs e grupo s de sfavo re cido s no qual fo i m arcante a pre se nça m asculina de se u dire to r, que m e diava a participação de ssas ó rfãs no C o lé gio Santa Te re sa, na Esco la N o rm al e nas aulas públicas. A Pe dago gia, co m o disciplina individualizada no currículo , se co nstituiu pe la dife re nciação da Língua Po rtugue sa, po r influê ncia do prim e iro pro fe sso r de Pe dago gia do e sta-do , Pe . C acique .

UM HOMEM COM IN FLUÊN CIA N A ESCOLA N ORMAL E N O PODER PÚBLICO

Pe . C acique fo i inte le ctual de stacado e m e m bro do C o nse lho de Instru-ção Pública e D ire to r G e ral de InstruInstru-ção Pública, substituindo se u titular e m ce rto s pe río do s (Schne ide r, 1993, p.463). A alte rnância no s cargo s suge re um a ce rta co m ple m e ntaridade e ntre as instituiçõ e s, se ndo que a “Esco la N o rm al co nstituiu-se um o bje to de disputa m uito im po rtante e ntre o s vário s re pre se n-tante s do cam po do po de r ” (D e saulnie rs, 1997, p.109).

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duca-ção nas de m ais pro víncias brasile iras. Pe lo D e cre to Fe de ral 981, de 8 de ago s-to de 1890, que apro va o Re gulam e ns-to da Instrução Prim ária e Se cundária do D istrito Fe de ral, da co m po sição do C o nse lho D ire to r de Instrução fazia tam -bé m parte o dire to r da Esco la N o rm al (Brasil, 1890).

A Esco la N o rm al no Rio G rande do Sul, e m se u início , po r influê ncia de de stacado re ligio so e ho m e m público , pro fissio nalizava as m ulhe re s que a e la aco rriam , vinculando -se dire tam e nte às e struturas de po de r e tinha inge rê ncia na atribuição de cade iras públicas, se ndo , de fato , e a um só te m po , instituição co m po de r de fo rm ação e de co lo cação pro fissio nal. Era um a e sco la que in-cluía co m o alunas, m ulhe re s discrim inadas so cialm e nte , e que e stava vinculada ao filantro pism o , tanto pe las o bras de se us funvinculadado re s co m o pe la inco rpo -ração de ste no habitus de suas alunas. Vale le m brar que o filantro pism o , na ausê ncia de m e canism o s siste m ático s de financiam e nto da co isa pública, e ra im po rtante e straté gia de suste ntação de açõ e s do Estado o u de iniciativas vo l-tadas para o be m co m um .

D e qualque r fo rm a, a captação de m o ças ó rfãs para a Esco la N o rm al e , po rtanto , para o cupar funçõ e s no m agisté rio de prim e iras le tras, re lacio na-se ao trabalho de Pe . C acique que de se m pe nho u um pape l fundante na fo rm a-ção de pro fe sso ras para o m agisté rio no Rio G rande do Sul e te ve um histó ri-co pe sso al de be ne m e rê ncia e assiste ncialism o .

O po de r público da é po ca ado tava e straté gias discursivas e de co nve n-cim e nto , re afirm ando a im po rtância de re co rre r às “pro fe sso ras habilitadas pe la Esco la N o rm al”, para suprir as cade iras do se xo m asculino vagas po r falta de pro fe sso re s ho m e ns. A so cie dade da é po ca de ve ria se r co nve ncida das vanta-ge ns de m ulhe re s, e não ho m e ns, e nsinare m as prim e iras le tras ao s m e nino s. Pe la argum e ntação de age nte s do go ve rno , a re pre se ntação da m ulhe r-pro fe s-so ra se fazia pe la sua infantilização e “m ate rnage m ”6 asso ciadas à de dicação ,

am o r, carinho e do ação .

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H á m ais se m e lhança nas duas nature zas infantil e fe m inina. A ino cê ncia, a curio -sidade , a bo ndade , o se ntim e nto , as lágrim as, o s so rriso s e até a vo z, tudo se harm o niza na m ulhe r e no m e nino . To das as le is do co ração le vam o m e nino para a m ulhe r e não para o ho m e m ; e que adm ira isto , se fo i nas e ntranhas fe m ininas que e le re ce be u já um a ante -vida. (Villano va, 1877)

Po rtanto , o s pro ce sso s de fo rm ação inicial e ram um a das face s da fe m i-nização do m agisté rio . Ao lado de le s, o s age nte s da po lítica e ducacio nal atua-vam co nstruindo discurso s de se ntido fe m inizado r para atrair alunas para a pro fissão , re m une rando -as dife re nciadam e nte , para m e no s, e m re lação ao s pro fe sso re s ho m e ns. Em tais discurso s de staca-se o se ntido de do m e sticidade e m ate rnage m asso ciado às m ulhe re s pro fe sso ras para instituí-las ne ste e spa-ço público . N o pe río do de instalação da Esco la N o rm al, e ntre tanto , não e n-co ntram o s re gistro s que indique m no currículo sinais de do m e sticidade e m ate rnage m . O pro fe rim e nto fe ito pe lo s go ve rnante s e ra um a fo rm a de dar significado e co nstruir a im age m de pro fe sso ra ne ssas duas dim e nsõ e s.

DESIGN AN DO “ N ORMAL” A ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

“O C o nse lho de Instrução Pública co m põ e -se : do D ire to r G e ral, que pre sidirá as co nfe rê ncias; do s le nte s e pro fe sso r de de se nho da Esco la N o r-m al” (Re gular-m e nto do e nsino público prir-m ário de 21 de abril de 1881, apud Schne ide r, 1993, p.469). O s re spo nsáve is pe la pre paração do s pro fe sso re s e stavam , po r o brigação m o ral, “a par de to do o pro gre sso e m m até ria de e n-sino , [...] e co m m ais pro babilidade s de ace rtare m , re so lve re m to das as que s-tõ e s que se pre nde m à instrução po pular ” (Schne ide r, 1993, p.469). N e sta ar-gum e ntação transpare ce o se ntido de e sco la m o de lo7

, de instituição que dá a

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no rm a, o que tam bé m dá m arge m a um a asso ciação e stre ita e ntre a Esco la N o rm al e a hie rarquia da Instrução Pública. O co nhe cim e nto e a co m pe tê ncia prática do co rpo do ce nte dava re spaldo para que a e sco la fo sse co nside rada a instituição que de tinha, de finia e asse gurava a e ducação e le m e ntar e m sua no rm a e m e lho r fo rm a. O capital sim bó lico do s pro fe sso re s da Esco la N o rm al asse gurava a po sição de cisó ria na e strutura do e stado e le gitim ava sua ação do ce nte . A Esco la N o rm al e ra um a instituição que co nde nsava o sabe r-faze r pe dagó gico tanto num níve l m icro , o que e xigia sua vinculação a aulas e le m e n-tare s, co m o num níve l m acro , vinculando -se a e struturas da adm inistração da instrução pública e stadual.

A Esco la N o rm al o fe re cia “um padrão ” pe lo qual se de viam avaliar as habilitaçõ e s ne ce ssárias para o e xe rcício do m agisté rio público e le m e ntar. Para o dire to r da Esco la N o rm al, e m 1890, as aulas re gidas pe lo s pro fe sso re s no r-m alistas de ve riar-m co nstituir ur-m a “ve rdade ira Esco la Tipo ” para que ne las o s aluno s pude sse m praticar, diariam e nte , co m o auxiliare s do s re spe ctivo s pro -fe sso re s e o nde tam bé m fo sse m pre parado s “nas disciplinas indispe nsáve is ao m ínim o de co nhe cim e nto s que de ve te r to do o cidadão ” (Schne ide r, 1993, p.452). O co stum e de asso ciar aspirante s a pro fe sso r a um do ce nte e m e xe r-cício na co ndição de adjunto , e ra um a e straté gia institucio nalizada de fo rm ação do pro fe sso r para a instrução pública e um re co nhe cim e nto co ncre to da prá-tica co m o e spaço de fo rm ação .

Alm e id a (1 9 9 5 ), r e ve n d o a tr aje tó r ia d a Esco la N o r m al p au lista, e nfatiza a dim inuta po sição , no currículo , de co m po ne nte s dire tam e nte vin-culad o s ao e stud o d a Pe d ago gia, co ncluind o q ue o asp e cto p ro fissio nal fi-cava re le gad o ao se gund o p lano . Pe lo q ue fo i e xp o sto , é p o ssíve l fo rm ular h ip ó te se d ife re nte , re lacio nad a à im p o rtância d a p rática co m o e le m e nto fo r m ativo e d im in u ta e lab o r ação te ó r ica d e co n te ú d o s r e lacio n ad o s ao e n sin o8. O s d ad o s p ar e ce m in d icar q u e a p r ática n a au la e le m e n tar e o

am b ie nte fo rm ativo d a Esco la N o rm al to rnavam d e sne ce ssário am p liar o currículo co m d iscip linas re fe re nte s à Pe d ago gia, a q ual tam b é m não e ra d ife re nciad a suficie nte m e nte e m te rm o s d e co nte úd o s te ó rico s e e stava li-gad a ao e nsino d a língua nacio nal.

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FEMINIZAÇÃO E ASSISTENCIALISMO NO MAGISTÉRIO DA ESCOLA NORMAL

À Esco la N o rmal aco rre ram jo ve ns po bre s, re co lhidas da ro da do s e xpo s-to s, e xcluídas da so cie dade , que , ao co ncluíre m o curso , assumiam uma cade ira pública. Assim passavam a te r co ndiçõ e s de suste nto pró prio e co ntribuíam para a manutenção de outras jovens de mesma condição na Escola N ormal, destinando parte de se us pro ve nto s para que ó rfãs pude sse m pre pararse para o magisté -rio, bem como sustentando outras obras de benemerência na província. O Curso N o rmal não e ra gratuito ; e m 1881, é re fo rçada a pro po sta de facilitar a fo rmação de pro fe sso re s para classe s mais de sfavo re cidas – ó rfão s, filho s de pro fe sso -re s e o utro s funcio nário s público s po b-re s – po r me io de ise nção de taxas.

Esta re lação inicial da Esco la N o rm al co m m ulhe re s m arginalizadas da so cie dade e co m a prática da caridade de co rria da influê ncia de Pe . C acique , cujo so bre no m e “de Barro s” passo u a se r tam bé m usado pe las asiladas. U sar o so bre no m e “de Barro s”, de algum a fo rm a m arcava um a ide ntidade e o rige m de e xclusão so cial, significava co m pro m isso de apo iar o bras de caridade dan-do co ntinuidade à be ne m e rê ncia dan-do Pe . C acique , o qual fundara tam bé m , au-xiliado pe las asiladas do C o lé gio Santa Te re sa, o utro s re co lhim e nto s.

Po rtanto , no pe río do de instalação da e sco la de fo rm ação de pro fe sso -ras no Rio G rande do Sul, m ulhe re s m arcadas pe la e xclusão so cial é que o cu-param as vagas da Esco la N o rm al e le cio naram e m e sco las e le m e ntare s públi-cas. Esse s e le m e nto s de dife re nciação e e xclusão caracte rizaram a fe m inização do m agisté rio na pro víncia. Marcado pe la gratidão e dívida para co m a so cie -dade , e ra um m agisté rio de ve do r, que re tribuía o s favo re s re ce bido s m inistran-do e nsino e m e sco las públicas.

Este s fato s suge re m hipó te se s que , ao me smo te mpo , e xplicam e pro du-ze m a baixa re mune ração e a e scassa valo rização so cial da pro fe sso ra de prime i-ras le ti-ras. Embo ra a dire ção da Esco la N o rmal e stive sse e nvo lvida na administra-ção da instruadministra-ção pública da pro víncia, não havia pro cura de aulas vagas po r parte de o utro s se gme nto s so ciais. As aulas vagas não e ram disputadas ne m po r candi-dato s ho me ns ne m po r mulhe re s o riundas de classe s mais abastadas. É pro váve l que o e ncaminhame nto de mulhe re s po bre s para a Esco la N o rmal e o po ste rio r ingre sso de las no magisté rio , ise nto de e xame s de se le ção , be m co mo a vincula-ção da e sco la à e strutura de po de r pro vincial, po ssam e xplicar o s mo tivo s9

das

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de save nças que le varam o Pe . C acique a de ixar a Esco la N o rmal no final da dé cada de 1870. Ele não ape nas abando no u se u trabalho de fo rmação de pro fe sso -ras, co mo també m as asiladas do C o lé gio Santa Te re sa de ixaram de fre qüe ntar a Esco la N o rmal. Estas, para se mante r, de dicaram-se daí po r diante a atividade s de co stura e não mais disputaram siste maticame nte as vagas da Esco la N o rmal.

ESCOLA COMPLEMEN TAR: ATEN DIMEN TO A JOVEN S DE CLASSES MAIS ABASTADAS

Em 1906, fo ram criadas, no Rio G rande do Sul, Esco las C o m ple m e nta-re s10

e m substituição ao s C o lé gio s D istritais, ate nde ndo a aluno s que se m o s-travam habilitado s nas m até rias do curso e le m e ntar, co m o o bje tivo de de se n-vo lve r e apro fundar o e nsino de sse níve l e de pre parar candidato s ao m agisté rio público prim ário , m e diante e straté gias de caráte r privativo e pro fissio nal. Era um tipo de e sco la graduada, po is po de ria te r vário s pro fe sso re s se gundo as se çõ e s e m que o curso fo sse dividido . O C urso C o m ple m e ntar não e stava vin-culado às e struturas de po de r que inte rvinham po liticam e nte na instrução pú-blica da re gião , no que se dife re nçava da antiga Esco la N o rm al. Em bo ra fo r-masse para o magisté rio público primário , não le vava o no me de Esco la N o rmal, te ndo sido pre do m inante m e nte de se nvo lvido , no Rio G rande do Sul, e m ins-tituiçõ e s m antidas pe la iniciativa privada11.

10. As Escolas Complementares cumpriram importante papel no magistério no Rio Grande do Sul, até 1946, tendo formado professoras, profissionais que ocuparam cargos na hierarquia do sistema de ensino do estado, quando neste se intensificaram os processos de especializa-ção, diferenciação e hierarquização (a partir dos anos 40). Acerca do Curso Complementar, Campos, 2002, p.32 ss, citando Tanuri, afirma que nas escolas complementares a presença de homens era muito pronunciada. Este dado não encontra paralelo no Rio Grande do Sul.

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O e nsino privado para m ulhe re s e ra, na m aio ria das ve ze s, ligado a um a o rde m re ligio sa12 que de finia, e m se u m inisté rio , a e ducação . As Esco las C o m

-ple m e ntare s fo ram ligadas a o rde ns re ligio sas fe m ininas o fe re ce ndo e ducação para m e ninas de classe s m ais abastadas da so cie dade . As Esco las C o m ple m e n-tare s no Rio G rande do Sul fo ram pre do m inante m e nte um e spaço de fo rm a-ção da e lite fe m inina da re gião , pe rte nce nte ao siste m a de e nsino , m as cuja dire ção e ra inde pe nde nte da hie rarquia do siste m a, ainda que ate nde sse às no rm as le gais. Se ndo inte rnato s – e m bo ra tam bé m m antive sse m o re gim e de e xte rnato –, co nfiguravam -se co m o instituiçõ e s to tais, co ntro lando to do s o s e spaço s da vida pe sso al e to do s o s m o m e nto s do dia das alunas.

COLÉGIO SÉVIGN É

O C o lé gio Sé vigné1 3

fo i fundado e m 1 9 0 0 , po r Em m e line C o urte ilh, e spo sa do age nte co nsular da França, que no m e sm o ano , publica no jo rnal lo cal:

C U RSO S ELEMEN TARES E SU PERIO RES, D IVID ID O S EM SEIS AN O S A instrução da m ulhe r, po r m uito te m po de spre zada, é ho je co nside rada co m o parte im po rtante de sua e ducação . É po is ne ce ssário co m e çar de sde a infância e sta instrução indispe nsáve l, m inistrando às m e ninas co nhe cim e nto s claro s, sim -ple s e atrae nte s, pe rm itindo -lhe s adquirir gradualm e nte no çõ e s e xatas, base de to do o e nsino co m ple to . U m a e xpe riê ncia de m uito s ano s, co nve nce u a dire to ra de que um curso graduado e m se is ano s, co m pre e nde ndo um racio nal siste m a de e studo s, satisfaria a e stas co ndiçõ e s. Re ce be m se de sde já alunas pe nsio -nistas, se m i-pe nsio nistas e e xte rnas. O pré dio o nde funcio na o C o lé gio , um do s m ais vasto s e difício s de Po rto Ale gre , co nté m grande s salas, vasto s do rm itó rio s, assim co m o e spaço so s jardins e páte o s co be rto s, e spe cialm e nte apro priado s ao re cre io das crianças. A instrução re ligio sa, a pe dido do s pais, é dada duas ve ze s po r se m ana. U m m é dico assiste co nstante m e nte ao e stabe le cim e nto . O s cur-so s são co nfiado s a hábe is pro fe scur-so re s. Para m ais info rm açõ e s que iram o s Srs.

12. N o Rio Grande do Sul, as ordens religiosas chegaram na segunda metade do século XIX.

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Pais o u e ncarre gado s dirigir-se a m im E. C o urte ilh, dire to ra do C o lé gio Sé vigné , a rua D uque de C axias n. 253 (Po rto Ale gre ).

PRO G RAMA D O S ESTU D O S

1º AN O – Le itura, C aligrafia, Liçõ e s de C o isas, G e o grafia e le m e ntar, Aritm é ti-ca, Francê s, G inástiti-ca, Trabalho s de agulha e C anto .

2º AN O – Leitura variada, Caligrafia, Ditado, História do Brasil, elementos de Ciências N aturais, Geografia, Aritmética, Francês, Ginástica, Trabalhos de agulha e Canto. 3º e 4º AN O S – G ram ática, Sintaxe , Lite ratura, H isto ria U nive rsal, G e o grafia, C iê ncias Físicas e N aturais, Francê s, D e se nho , Trabalho s de agulha e So lfe jo . 4º e 5º AN O – H istó ria Unive rsal, Ge o grafia Unive rsal, Aritmé tica, Ge o me tria, Álge bra, Física e Q uímica, H istó ria N atural, e le me nto s de Astro no mia e de Ge o -lo gia, Eco no mia D o mé stica, Pe dago gia, Francê s, So lfe jo , D e se nho e C o rte . TAMBÉM SE LEC IO N A ALEMÃO ; IN G LÊS, PIAN O , VIO LIN O E C YTH ARA.

O co lé gio re ce be u im e diatam e nte alunas filhas de fam ílias re side nte s e m Po rto Ale gre e do inte rio r.

A não se r a re fe rê ncia de que no s 4º e 5º ano s do currículo havia a

disci-plina Pe dago gia, não se e nco ntraram o utro s re gistro s que de talhasse m as e s-traté gias de fo rm ação da pro fe sso ra. Alé m da disciplina Pe dago gia, pro vave l-m e nte l-m inistrada pe la pró pria Madal-m e El-m l-m e line , não há o utro s re gistro s re fe re nte s ao e nsino de pro ce dim e nto s pe dagó gico s. Essa fo rm ação o co rre u po r dive rso s ano s, pre parando as alunas para pre star e xam e s na Esco la N o r-m al do e stado . Ide ntifica-se , pe las disciplinas do currículo , ur-m a pro po sta clara de fo rm ação de caráte r inte le ctual, be m co m o de fo rm ação da m ulhe r pe la inclusão do s trabalho s vo ltado s à e co no m ia do m é stica e à e ducação m usical.

É e xplícita a pre o cupação co m o ate ndim e nto ao s inte re sse s do s pais e o afinam e nto e ntre a o rie ntação re ligio sa das fam ílias e do co lé gio .

PRESEN ÇA FEMIN IN A N A CRIAÇÃO E ADMIN ISTRAÇÃO DO COLÉGIO

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O C o lé gio Sé vigné o fe re ce u, de sde sua fundação , o curso de prim e iras le tras e o de pre paração para o s e xam e s de pro fe sso r que e ram pre stado s na Esco la N o rm al. O Jardim de Infância fo i fundado e m 1930 e o C urso C o m ple -m e ntar co -m e ço u a funcio nar e -m 1927. N o co lé gio funcio nara-m ta-m bé -m , co n-fo rm e o pe río do e a le gislação vige nte no siste m a e ducacio nal brasile iro , o s curso s ginasial, clássico e cie ntífico , e de fo rm ação de pro fe sso re s – C o m ple -m e ntar, N o r-m al e Magisté rio .

Lo calizado no ce ntro da cidade , na m e sm a rua da C ate dral Me tro po li-tana, Palácio do G o ve rno e Asse m blé ia Le gislativa, o C o lé gio lo go te ve grande pro cura. Em 1906 co ntava co m 70 alunas e , e m 1910, tinha um núm e ro be m m aio r de m atrículas co rre spo nde ndo a 142% de aum e nto e m re lação ao pri-m e iro pe río do re fe rido .

MUN ICIPALIZAÇÃO E ESTADUALIZAÇÃO : COLÉGIOS FEMIN IN OS E MASCULIN OS IN TEGRADOS PELO PODER PÚBLICO

N o final da dé cada de 1920 ho uve alte raçõ e s na e ducação brasile ira que le varam o C o lé gio Sé vigné a so fre r pro fundas m udanças adm inistrativas. Em de co rrê ncia de le i que re se rvo u a e quiparação das e sco las se cundárias ao co -lé gio D . Pe dro II ape nas às instituiçõ e s e staduais, o C o -lé gio te rm ino u passan-do para o po de r público .

O Ginásio Municipal de Po rto Ale gre havia sido criado co m duas se çõ e s, um a de stinada ao se xo m asculino , e ntão a cargo do G inásio Anchie ta e o utra de se xo fe m inino , o cupada pe lo G inásio Bo m C o nse lho . Em 12 de julho de 1928, pe lo fato de o s C o lé gio s Anchie ta e Bo m C o nse lho te re m passado a co nstituir o G inásio Estadual, o inte nde nte de Po rto Ale gre de cre ta a m unici-palização do C o lé gio Sé vigné . Assim , e m julho de 1928, e le é m unicipalizado e ane xado ao G inásio Municipal co m o se ção fe m inina, co m a de signação G i-násio Municipal Fe m inino Sé vigné , re gido adm inistrativam e nte po r e statuto pró prio , m as o brigado a ate nde r às co ndiçõ e s e xigidas pe lo D e partam e nto N acio nal de Ensino e so b co ntro le do m unicípio .

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-m e ntar. Se r e le vado a e sta cate go ria i-m plicava sub-m e te r-se às no r-m as do siste m a de e nsino : to do s o s e xam e s das disciplinas do curso co m ple m e ntar de -ve riam se r assistido s e fiscalizado s po r pro fe sso re s e staduais, de signado s pe lo Se cre tário do Inte rio r e Exte rio r.

Em 1928, m ais um m o m e nto im po rtante e que de m o nstra a cre dibili-dade do e nsino ne le ministrado : o C o lé gio é e quiparado ao C o lé gio D . Pe dro II, do Rio de Jane iro . A partir de 1930, passa a faze r parte da instância e stadual co mo e xte rnato do D e partame nto Fe minino do Ginásio Estadual do Rio Grande do Sul.

Em 1931, o C o lé gio passa a se r o G inásio Fe m inino do Exte rnato do G inásio Estadual do Rio G rande do Sul, pe rm ane ce ndo vinculado ao C o lé gio do Estado até 1944. C ada co lé gio co nstituía um de partam e nto do G inásio Es-tad ual1 4

. O d e p artam e nto fe m inino e xte rnato e ra o cup ad o p e lo C o lé gio Sé vigné , o de partam e nto fe m inino inte rnato , e ra o cupado pe lo C o lé gio Bo m C o nse lho , o m asculino e xte rnato , e ra o cupado pe lo C o lé gio N o ssa Se nho ra do Ro sário e o m asculino inte rnato , pe lo C o lé gio Anchie ta.

Q uando e stadualizada, a e sco la go zava do s privilé gio s de re co nhe cime nto de se us ato s curriculare s, m as de via pagar taxas, tanto para a instância e stadual co m o para a fe de ral e e ra inspe cio nada, quanto ao pré dio e ato s pe dagó gico s e adm inistrativo s, po r inspe to re s público s. As pro fe sso ras do Sé vigné e ram no m e adas para e xe rce re m o m agisté rio no G inásio Estadual, m e sm o que ne le já trabalhasse m o u que fo sse m re ligio sas. Esta pre se nça auto ritária do po de r público no pe río do de apro xim adam e nte 14 ano s e m que o C o lé gio Sé vigné e ste ve subo rdinado à instância e stadual e à fe de ral, não e stá e ntre tanto re gis-trada na histó ria que a e sco la siste m atiza ace rca de si m e sm a. N e la tam bé m e stá info rm ada ape nas a pre se nça de dire to ras m ulhe re s e m bo ra, no pe río do e m que o co lé gio fo i m unicipalizado e e stadualizado , te nha havido dire to re s ho m e ns do G inásio Estadual, ao qual o C o lé gio pe rte ncia. A e sco la re té m , no s se us re gistro s alte raçõ e s de curso s e de co ndição adm inistrativa; se ndo um co lé gio m antido po r re ligio sas cató licas re ite ra que , de 1900 a 1906, fo i dirigi-do po r sua fundadirigi-do ra, le iga, passandirigi-do daí e m diante para a adm inistração da

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co ngre gação , o u se ja, m anté m o no m e de m ulhe re s na co ndição de e xdire -to ras, le igas o u re ligio sas, m as o m ite o de ho m e ns que o cuparam cargo s ad-m inistrativo s no C o lé gio Estadual do qual o Sé vigné e ra uad-m de partaad-m e nto . Po r o utro lado há que re gistrar o e nco brim e nto da figura fe m inina fundado ra do Sé vigné e m Re lató rio15

do co lé gio , datado de 1928. Isto po de indicar, po r um lado , quanto o po de r público da é po ca tinha dificuldade de lidar co m um a si-tuação de iniciativa fe m inina no âm bito do siste m a e ducativo do e stado e , po r o utro , que o anúncio de 1 9 0 0 te ria cré dito pe rante a co m unidade , ape nas quando avalizado po r um a m ulhe r, visto que a pro po sta e ra de um co lé gio fe m inino e que a libe rdade de e nsino assim o pe rm itia. A fo rça da pre se nça fe -m inina de sde a fundação , e ntre tanto , é -m arca ne sse co lé gio .

O PARADIGMA FEMIN IN O DE ADMIN ISTRAÇÃO

Um co lé gio que se manté m po r 105 ano s, a maio r parte do s quais administrado po r mulhe re s re ligio sas – e m ape nas 12% de ste pe río do havia dire to ras le igas –, suge re a e xistê ncia de um paradigma de administração fe minino pro -fundam e nte im pre gnado do re ligio so . As dire to ras e ram cham adas “Madre Supe rio ra” e m antinham um a im age m de auto ridade e lide rança, se ndo figuras públicas atuante s, re spe itadas e visíve is na co m unidade lo cal e nacio nal. Madre Supe rio ra, e ntre tanto , tam bé m significava m ãe , e m bo ra num a dim e nsão distan-ciada do se ntido de m ate rnage m e do m e sticidade (Ro se m be rg, Am ado , 1992). O co lé gio co me mo ra o anive rsário da Madre Supe rio ra (Alcântara, 2000, p.73), o que de mo nstra a pro ximidade e ntre as alunas e a dire to ra.

O livro H istó rias do Sé vigné C e nte nário 1900-2000 traz vário s de po im e nto s de e xpro fe sso ras e e xalunas. N e le as im e nçõ e s às dire to ras do co lé -gio re fe re m a sua cultura, dignidade , ale gria, hum anidade , sabe do ria, firm e za, e ne rgia, se re nidade , co m pre e nsão , afe tividade e auto ridade . Po ssive lm e nte não e ram m o de lo s de m ate rnage m , m as de co m pe tê ncia, inte ligê ncia, e lucide z que as dire to ras, “Madre Supe rio ra”, transm itiam às alunas. A fe m inização da fo rm ação das pro fe sso ras o co rria tarm bé rm pe las funçõ e s adrm inistrativas. Mulhe -re s adm inistravam o co lé gio -re alizando to das as ta-re fas ne ce ssárias ao se u

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cio nam e nto : dire ção , po rtaria, se cre taria, finanças, e nsino – e m bo ra ho m e ns tam bé m atuasse m co m o pro fe sso re s –, se rviço s de co zinha, lavande ria, de n-tre o utro s. A im po rtância do pape l fe m inino das re ligio sas na e xpansão e co ns-trução da ide ntidade do co lé gio po de se r ide ntificada pe la o rie ntação que Ma-dre Lo uise G abrie lle im prim iu na é po ca da co nstrução da cape la, e m 1938, co labo rando no de se nho das e struturas gó ticas de se u inte rio r (H istó rias..., 2000, p.118). C e rtam e nte e sta não e ra um a tare fa vinculada à m ate rnage m e do m e sticidade . C o nstrução e de se nho de pré dio s e ram pre do m inante m e nte vinculado s ao m asculino , e ntre tanto , no caso e m e studo , e ram fe itas po r um a m ulhe r, traze ndo co m isto um ce rto m o de lo de fe m inização do m agisté rio para as alunas ali fo rm adas.

Vale le m brar que no âm bito da instrução pública, e m e spe cial e m fun-çõ e s ligadas à hie rarquia do siste m a, havia um a e xclusividade m asculina. Mu-lhe re s e ram ace itas para as sé rie s iniciais da e sco larização pública, m as não para e nsinar e m níve is m ais adiantado s. O s co lé gio s fe m inino s co nstituiram -se de fo rm a dive rsa po is as funçõ e s pe dagó gicas e as adm inistrativas e ram de se nvo l-vidas po r m ulhe re s.

As funçõ e s do ce nte s e ram tam bé m o cupadas po r re ligio sas e , e m alguns caso s, po r le igo s, co m o o s inspe to re s fe de rais e fiscais de e nsino e alguns pro -fe sso re s, e m ge ral, de ciê ncias e xatas. Ape nas na é po ca de Madam e C o urte ilh é que pro fe sso re s ho m e ns le cio navam Po rtuguê s, Mate m ática, H istó ria e Ge o -grafia, até pe la ne ce ssidade de co m unicação e m língua po rtugue sa, e m bo ra não fo sse Madam e e sim Mo nsie ur C o urte ilh que le cio nasse Francê s.

O PARADIGMA DE FORMAÇÃO

As Esco las C o m ple m e ntare s privadas, co m o o C o lé gio Sé vigné , e duca-vam m e ninas de fam ílias de e lite , m e diante um paradigm a adm inistrativo de caráte r re ligio so fe m inino e sua fo rm ação e ra pautada na pe dago gia do e xe m -plo e no co ntro le disciplinar, m uito re fe re nciada ao cam po re ligio so16

.

O s curso s de fo rm ação de pro fe sso ras e m e sco las privadas se de se nvo lve ram so b um m o de lo de instituição to tal (H istó rias..., 2000, p.109114), re -alizado e m inte rnato , se m i-inte rnato e e xte rnato . N a fo rm a de inte rnato , co

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tituíram uma pro po sta de fo rmação inte gral de mulhe re s da so cie dade da é po ca, pe la re clusão , se paração re fe re nte a pro ce sso s so ciais m ais am plo s e co nfina-m e nto e nfina-m unfina-m e spaço e sco lar pre do nfina-m inante nfina-m e nte fe nfina-m inino , e nfina-m que a figura m asculina ingre ssava e ve ntualm e nte co m o m é dico , co nfe sso r o u pro fe sso r.

As alunas e ram tratadas co m re spe ito mas so b co ntro le . D e las e ra e xigida co m po stura no ve stir, se paração do s valo re s m undano s – pe nte ado s sim ple s, unhas se m e sm alte s fo rte s (H istó rias..., 2000, p.40, 44 e 98). N a e sco la e ra ve dado o uso de pe nte s e maquiage m (p.118). A vigilância ple na implicava que uma re ligio sa aco mpanhasse inclusive as alunas na rua, nas pro ximidade s da e s-co la, até à e squina, s-co m o “guardiã da ado le scê ncia” (p.106). As alunas e ram im pe didas de e xibir se u status so b qualque r fo rma: jó ias, pe nte ado s, futilidade s. O s dado s o btido s pe rm ite m ide ntificar a o rie ntação pro pe dê utica da fo rm ação da pro fe sso ra, articulada à fo rm ação re ligio sa e a um a atitude de re spo nsabilidade e co m pro m isso so cial.

ELEMEN TOS CON CLUSIVOS

Entre a criação da prim e ira Esco la N o rm al no Rio G rande do Sul, até a sua im plantação , de co rre ram 30 ano s. Ainda que no início a Esco la N o rm al de ve sse fo rm ar pro fe sso re s ho m e ns, m uitas de suas m atrículas fo ram o cupa-das po r ó rfãs que buscavam a pro fissio nalização ao sair do asilo . A prim e ira Esco la N o rm al fe z parte , po rtanto , de e straté gia de inte gração , na so cie dade rio -grande nse , de m ulhe re s abando nadas na infância, que assim co nquistavam um e spaço de participação e po ssibilidade s de auto -suste ntação , m as que m antinham dívidas para co m a so cie dade , re tribuindo -as, ao de stinar parte de se us ve ncim e nto s, à fo rm ação de o utras m o ças de svalidas. N e ssa e sco la um a figura m asculina de fo rte atuação : o pro fe sso r de Pe dago gia e dire to r da e sco -la, um padre , que tam bé m de se m pe nhava, na é po ca, funçõ e s na D ire to ria de Instrução Pública.

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não m uito de po is, co nfigurar-se co m o pre do m inante m e nte fe m inina. Esse m o vim e nto de fe m inização e stá re lacio nado co m a caracte rística de e sco la in-te le ctualme nin-te po uco e xige nin-te se gundo no rmas le gais e , e m sua fase inicial, co m um a instituição pública, po ré m não gratuita. A po ssibilidade de sabe r m e diate ampliação , apro fundame nto e dife re nciação de disciplinas, e ra cuidado same nte co ntro lada para as m ulhe re s, e m e spe cial no início da im plantação da Esco -la N o rm al, um a ve z que tam bé m o s discurso s do s go ve rnante s e do dire to r da e sco la, co ntribuíam para a re pre se ntação de “natural de bilidade das m ulhe -re s”. N o currículo , o s co nte údo s -re lacio nado s à do m e sticidade fo ram e m par-te , e pro gre ssivam e npar-te aco lhido s. A partir de 1946, a Le i O rgânica do Ensino N o rm al, fo rne ce ndo de finiçõ e s de âm bito nacio nal para o s pro ce sso s de fo r-m ação de pro fe sso re s, alte ro u pro fundar-m e nte a pro po sta de fo rr-m ação do m agisté rio , po ssibilitando o fe re ce r, m e diante o de sdo bram e nto da disciplina Pe dago gia e m co nte údo s e spe cífico s, co nhe cim e nto s té cnico -cie ntífico s ao tra-balho do ce nte .

A Esco la N o rm al no Rio G rande do Sul fe z parte inicialm e nte da hie rar-quia e do po de r e ducacio nal. O C urso C o m ple m e ntar ro m pe co m as o rie nta-çõ e s pre lim inare s da fo rm ação do pro fe sso r. Q uando se to rno u e spaço co n-co rre nte de fo rm ação do m agisté rio , e sta e xpandiu-se e passo u para o âm bito de instituiçõ e s privadas as quais, no início do sé culo , não e ram co o ptadas pe lo po de r e stadual, m as co m e le co nviviam , co labo ravam e po r ve ze s a e le se subm e tiam . C o nside rando o s pro ce sso s de e quiparação , m unicipalização e e stadualização , po de -se dize r que o po de r e stadual se institui po r m e io de ssas instituiçõ e s, se m lhe s atribuir po de r de de cisão . N a fo rm a de C urso C o m ple -m e ntar a fo r-m ação de pro fe sso ras e -m instituiçõ e s privadas assu-m e caracte rís-ticas de e ducação das e lite s fe m ininas e não m ais de aco lhida de ó rfãs. A fo r-m ação para o r-m agisté rio e r-m e sco las privadas r-m antidas po r co ngre gaçõ e s re ligio sas e ra e xige nte , co m ê nfase e m co nte údo s pro pe dê utico s, o bje tivando a e ducação da vo ntade e do caráte r só brio . As re ligio sas e ram m o de lo s para as alunas e co nstituíam sile ncio sa vigilância.

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co lé gio s fe m inino s não co nfiguravam um a im age m de “m ate rnage m ” e infanti-lização da m ulhe r. Ao co ntrário , fo rm avam as alunas-m e stras co m um a co duta base ada na auste ridade , re spe ito , é tica, sim plicidade co m re quinte e ate n-ção . As d ire to ras d as e sco las fe m ininas fo ram m ulh e re s p io ne iras na adm inistração da e ducação ; davam te ste m unho do e xe rcício do m agisté rio não co m o atividade parale la a o utras, m as co m o atividade ce ntral e m suas vidas, dire tam e nte vinculada à o pção re ligio sa. D e m o nstravam que as m ulhe re s po -de riam o cupar vário s cargo s e m instituiçõ e s e ducacio nais, e xe rce ndo , alé m da atividade do ce nte , po siçõ e s adm inistrativas e de de staque e m co lé gio s priva-do s de grande po rte pe lo núm e ro de alunas e re co nhe cipriva-do s pe la qualidade priva-do e nsino m inistrado .

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e sco lare s dirigidas po r m ulhe re s instituíam um am bie nte que le gitim ava po de -re s co nstruído s e co m partilhado s e nt-re -re ligio sas. É a e ste e spaço de ge stão e sco lar o cupado po r m ulhe re s que e ste te xto dá visibilidade . Ade m ais, a ne -ce ssidade de co nciliar atividade s do m agisté rio e co m pro m isso s do m é stico s – co m filho s e m arido –, a busca de e stabilidade no e m pre go e o inte re sse po r um pe río do de fé rias m ais lo ngo , não e ram argum e nto s pro dutivo s e m o bili-zado re s do trabalho fe m inino de ssas re ligio sas, que e xe rciam o m agisté rio e a ge stão e m e sco las fe m ininas e m articulação dire ta co m a vo cação re ligio sa.

Bo nato , discutindo a criação , e m 1 8 7 6 , das duas e sco las no rm ais do Município da C o rte , um a para rapaze s e o utra para m o ças, indica a e strutura de pe sso al de cada um a. A Esco la N o rm al para o se xo fe m inino , que fo i criada e de ve ria se r m antida pe lo po de r público , de ve ria te r se u pe sso al no m e ado po r de cre to im pe rial, funcio nava so b a fo rm a de inte rnato para m o ças, co ntando co m o se guinte pe sso al adm inistrativo :

...um a dire to ra, um a am anue nse se rvindo de se cre tária; um a am anue nse se r-vindo de biblio te cária e arquivista; um a m o rdo m a; um a po rte ira; um a co ntínua; trê s be dé is e inspe to ras de alunas; se rve nte s e criadas ne ce ssárias; to da e ssa e quipe co m po sta po r m ulhe re s. Po ré m , duas funçõ e s re stritas so m e nte a ho -m e ns: u-m -m é dico e u-m cape lão , se ndo ta-m bé -m e ste últi-m o o pro fe sso r de instrução m o ral e re ligio sa. (Bo nato , 2002, p.172)

Po rtanto , ve rifica-se que , e m bo ra o m ate rial e m pírico e xplo rado ne ste te xto o fe re ça co m pro vação de que a ge stão e m e sco las fe m ininas de co ngre -gaçõ e s re ligio sas fo sse e sp aço p rivile giad o d e m ulh e re s, o co rre nd o a fe m inização da ge stão e sco lar, tam bé m e m e sco las públicas ape nas fe m ininas e sta e xclusividade se fazia pre se nte .

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de e sfo rço , co nhe cim e nto e de dicação .

A Esco la C o m ple m e ntar e ra um am bie nte pro fundam e nte im pre gnado pe la pre se nça fe m inina. Pe rpassava-a um a pro po sta fo rm ativa que o bje tivava, não um pe rfil pro fissio nal ge né rico , re fe rido a um a “pro fissão ne utra do po nto de vista do gê ne ro ”17

, m as a fo rm ação de um a aluna-m e stra. Aque la que co n-cluía o C urso C o m ple m e ntar, e ra inte ncio nalm e nte fo rm ada para se r um a mulhe r/pro fe sso ra. Uma mulhe r/pro fe sso ra co mpro me tida co m o s de mais, que tive sse a ate nção , a é tica do cuidado e a re spo nsabilidade18

o rie ntando suas re laçõ e s co m o s o utro s e o e xe rcício do m agisté rio .

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Instru-17. Tomei emprestada a expressão de Bruschini e Amado (1988, p.10), as quais, ao analisarem pesquisas feitas sobre o magistério, escolha da carreira e escolas normais, constatam que, embora fique evidente a preponderância feminina para os autores e autoras dos trabalhos, estes, pelas omissões, falta de discussão e análise de dados empíricos, não evidenciam a questão de gênero, mesmo reconhecendo a maioria de mulheres no magistério.

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Recebido em: fevereiro 2003

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