1 Endereço:InstitutodePsicologiadaUniversidadedeBrasília,Campus DarcyRibeiro,Brasília,DF,Brasil70910-900.E-mail:seidl@unb.br
CriançaseAdolescentesVivendocomHIV/AidsesuasFamílias:
AspectosPsicossociaiseEnfrentamento
ElianeMariaFleurySeidl1 WalnicéiadosSantosRossi
KeyllaFuruhashiViana AnaKarenineF.deMeneses
EversonMeireles UniversidadedeBrasília
RESUMO–Oestudoteveporobjetivos:descreveraspectossociodemográficos,médico-clínicosedaorganizaçãofamiliar decriançaseadolescentessoropositivosinfectadospelatransmissãovertical;descreverdificuldadeseestressorespercebidos peloscuidadoressobreaspectospsicossociaisedotratamentoparaoHIVeanalisarestratégiasdeenfrentamentoutilizadas. Participaram43cuidadoresprimários,amaioria(N=24)mãessoropositivas;aidadevarioude18a68anos.Osinstrumentos incluíramentrevistasemi-estruturadaeaEscalaModosdeEnfrentamentodeProblemas(EMEP).Osresultadosrevelarama presençadedificuldadesemáreascomoadesãoaotratamento,revelaçãododiagnósticoparaacriança/adolescenteeinformação sobreodiagnósticonaescola.Quantoàsestratégiasdeenfrentamento,houvepredomíniodebuscadepráticasreligiosas/ pensamentofantasiosoefocalizaçãonoproblema,segundoescoresdaEMEP.Oestudoindicaanecessidadedasequipesde saúdesequalificaremparaatendimentoademandaspsicossociais,visandoatençãointegraleinterdisciplinarafamiliarese crianças/adolescentesvivendocomHIV/aids.
Palavras-chave:criançaseadolescentesvivendocomHIV/aids;transmissãoverticaldoHIV;cuidadoresprimários;família; enfrentamento.
ChildrenandAdolescentsLivingwithHIV/AidsandtheirFamilies:
PsychosocialAspectsandCoping
ABSTRACT–Theobjectivesofthisstudyweretodescribesocio-demographicandmedicalaspectsofchildrenandadolescents whoacquiredHIVinfectionduringtheprenatalperiod.Italsointendstodescribedeorganizationalaspectsoftheirfamilies;to delineatedifficultiesandstressorsperceivedbycaregiversbaseduponpsychosocialandHIV-relatedissues,sothatitbecame abletoanalyzecopingstrategiesutilized,oneofthemainobjectivesofthispaper.Forty-threeprimarycaregiverstookpartin thisresearch,mostofthemweremothersinfectedwithHIV(24),betweentheagesof18and68.Theinstrumentsusedincluded asemi-structuredinterviewandtheWaysofCopingwithProblemsScale(WCPS).Theresultsrevealeddifficultiesinareassuch asadherencetotreatment,disclosureofdiagnosistochildren/adolescentsandprovidingofinformationaboutthediagnosisat school.Withreferencetothecopingstrategies,therewasapredominanceofsearchforreligiouspractices/fantasticalthoughts andproblemfocusing,accordingtothescoresoftheWCPS.Thestudycorroboratesthenecessityforhealthcareprofessionals tostrivetosharpentheirprofessionalexpertisetoattendpsychosocialdemands,endeavoringtodevoteinterdisciplinaryattention tochildrenandadolescentslivingwithHIV/AIDS,aswellastheirfamilymembers.
Keywords:childrenandadolescentslivingwithHIV/AIDS;acquiredHIVinfectionduringprenatalperiod;primarycaregivers; family;coping.
Antesdosurgimentodaterapiaanti-retroviralcombinada, ataxademortalidadeporaidsdecriançassoropositivasera elevada,alémdaocorrênciafreqüentededéficitsnodesen-volvimentopsicomotoreneurocognitivodevidoàaçãodo HIVsobreosistemanervosocentral.Comadisponibilidade detratamento,observa-seamelhoriadosíndicesgeraisde saúdeededesenvolvimentodessespacientes,comredução acentuadadaocorrênciadeinternaçõesedeinfecçõesopor-tunistas(Brown&Lourie,2000).Assim,osfamiliares,em especialoscuidadoresprimários,tendemasedepararcom novosdesafios,taiscomoarevelaçãododiagnóstico,oinício eacontinuidadedaescolarização,aadesãoaumtratamento complexoedelongoprazo,achegadadapuberdadeeoinício davidasexual(Antle,Wells,Goldie,DeMatteo&King,
2001; Thorne & cols., 2002; Wiener, Vasquez & Battles, 2001).Noprocessoderevelaçãododiagnóstico,porexem-plo,hádiversosaspectosquedificultamatomadadedecisão pelos cuidadores quanto ao momento oportuno de contar paraacriançaouadolescentesobreasuarealcondiçãode saúde.Pode-secitaromedodoestigmasocial,sentimentos deculpaouvergonhaacercadatransmissãovertical,perda de algum membro da família devido à aids, gravidade da patologiadacriança,receiodoimpactodanotíciasobreo desenvolvimentosócio-emocionalinfantil(Gerson&cols., 2001;Instone,2000).
Acronicidadedaaidsimplicaaadesãoaumregimemedi-camentosocomplexoeprolongado.Estudosdemonstramque falhasnaadesãoaumentamoriscodeincompletasupressão viralededesenvolvimentodecepasviraisresistentesaos medicamentosdisponíveis(Baer&Roberts,2002;Murphy& cols.,2003).Diantedesituaçõesdifíceisdelidar,relativasao tratamentoeaaspectosdocotidiano,oscuidadoresprimários −muitosdelestambémsoropositivos−adotamestratégiasde enfrentamentodiversasparaomanejodeestressores,visando obem-estarfísico,psicológicoesocialdascrianças/adoles-centes(Klunklin&Harrigan,2002;Rehm&Franck,2000). Estudos realizados em países desenvolvidos apontam que criançaseadolescentessoropositivospossuemmaiorriscode apresentarproblemasdeajustamentopsicológicoemfunção dadiversidadedeestressores,taiscomoamanutençãodo segredosobreodiagnóstico,alteraçõesdasrotinasdevidae apresençadeperdasmultigeracionais.Dificuldadesemlidar comanecessidadediáriadetomarmedicamentos,sentimen-tosderaiva,frustração,solidãoebaixaauto-estimatambém foramidentificadosemalgunsestudos(Khoury&Kovacs, 2001).Soma-seaistoofatodequemuitasdessascrianças esuasfamíliasvivememcondiçõesdepobreza,comacesso precárioaosrecursosmédicosesociais(Lewis,2001).
Pesquisasrevelam,poroutrolado,queaadaptaçãoparen- talàsoropositividadepodeserumimportantefatornadeter-minaçãodoajustamentodacriançavivendocomHIV/aids (Brown&Lourie,2000).Pesquisadorestêmobservadoque muitasfamíliasdesenvolvemestratégiasdeenfrentamento voltadasparaanormalização,manutençãodasaúde,inserção socialemelhoriadaqualidadedevidadacriançasoropositiva (Bachanas&cols.,2001;Steele&Mayes,2001).
EmrelaçãoaoBrasil,poucoseconhecesobreasdificul-dadeseosfatoresadversosqueestãoafetandoascrianças/ adolescentesvivendocomHIV/aidsesuasfamílias,apesar deesforçosparaasistematizaçãodeexperiênciasrelativas aoatendimentoinstitucionalaessaclientela,realizadaspor organizações da sociedade civil, muitas delas com apoio governamentaledeagênciasinternacionais(USAID,2004). Aexperiênciadesenvolvidanoatendimentoapessoasadultas soropositivas,desde1996,ematividadedeextensãodenomi-nadaProjetoCom-Vivência(AçõesIntegradasdeEstudose AtendimentoaPessoasPortadorasdoHIV/aidseFamiliares), noHospitalUniversitáriodeBrasília,revelaocrescimento da demanda por atendimento psicológico a familiares e a crianças/adolescentessoropositivos,emfunçãodoaumento donúmerodosqueestãochegandoàsegundainfânciaeà pré-adolescência(Seidl,2001).Asprincipaisdemandasdos familiares aos profissionais de psicologia têm sido: como lidarcomacuriosidadesobreodiagnóstico,quandoecomo
revelar a soropositividade para a criança, dificuldades de adesãoaotratamento,dúvidasepreocupaçõesrelacionadasà escolarizaçãoeàchegadadapuberdade.Essasevidênciastêm sidocompartilhadaspormédicospediatraseinfectologistas queapontamnovosecrescentesdesafiosparaasequipesque atendemaessaclientelainfanto-juvenil.
NoBrasil,dadosepidemiológicosindicavamaexistência de8900casosdeaidsportransmissãovertical,atédezembro de 2003 (Brasil, 2003). No Distrito Federal, informações apontavamaexistência,emregistroativo,deaproximada-mente120casosdeaidsedeportadoresdoHIV,empessoas comaté19anosdeidade,aquasetotalidadeinfectadapor transmissão vertical até dezembro de 2003 (Secretaria de SaúdedoDistritoFederal,2003).
O presente estudo teve como objetivos: (1) descrever aspectos sociodemográficos, médico-clínicos e da orga-nização familiar de crianças e adolescentes soropositivos infectadospelatransmissãovertical,apartirderelatosverbais de seus cuidadores primários; (2) descrever dificuldades e estressores percebidos pelos cuidadores sobre aspectos psicossociaisedotratamentoparaoHIVdecrianças/adoles-centessoropositivos;(3)identificareanalisarestratégiasde enfrentamentoutilizadaspeloscuidadoresparalidarcomes-tressoresrelativosàsoropositividadedacriança/adolescente. Arelevânciadapesquisajustifica-seemfacedanecessidade deseconhecermelhorosaspectospsicológicosesociaisque afetamessesegmentodepessoassoropositivas,paraaestru-turaçãodemodelodeatendimentopsicossocialdirecionado acuidadores/familiaresecrianças/adolescentes,visandoa atençãointegraleinterdisciplinaremHIV/aids.
Método
Participantes
Participaramdoestudo43cuidadoresdecrianças/adoles-centessoropositivosemacompanhamentopediátricoemdois serviçosdereferênciaparaatendimentodeHIV/aidsnarede públicadesaúde.Essenúmero,igualaonúmerodecrianças eadolescentespesquisados(N=43),representavacercade 30%dototaldecasosdecrianças/adolescentesinfectados por transmissão vertical em tratamento para HIV/aids no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria de Saúde, quandoacoletadedadosfoirealizada(SecretariadeSaúde doDistritoFederal,2003).
A preferência pela inclusão do cuidador primário na amostradecorreudaimportânciadequepessoasignificati-vadocontextosócio-familiar,comparticipaçãoefetivano cotidianoenotratamento,relatasseostemasfocalizadose informasse sobre a criança/adolescente. A caracterização sociodemográfica dos participantes está apresentada no tópicoResultados.
Instrumentos
Questionáriosociodemográfico,sobrecondiçãodesaúde epsicossocial
seqüência e clareza das questões, abordando os seguintes aspectos: (1)sociodemográficos: dados de identificação do cuidador e da criança/adolescente; organização familiar; situação empregatícia do cuidador; condições da moradia; acessoabenefíciossociais;rendafamiliarepresençadeso-ropositividadenafamília;(2)condiçãodesaúdedacriança/ adolescente:tempododiagnóstico;realizaçãodaprevenção datransmissãovertical;dificuldadespercebidaspelocuida-dornodesenvolvimentodacriança/adolescente;internações anteriores;doençasoportunistasatuaiseanteriores;usode terapêuticaanti-retroviral(ARV);avaliaçãodocuidadorquanto àadesãoaotratamentodacriança/adolescenteemanejode dificuldadesdeadesão;contagemdelinfócitosTCD4eda carga-viral(dadosobtidosdoprontuáriodopacientereferentes aosexamesmaisrecentes);(3)psicossociais:escolarizaçãoda criança/adolescente;revelaçãododiagnóstico;socializaçãoe restriçãoaatividadesdelazer;expectativasepreocupações docuidadorquantoaofuturodacriança/adolescente;suporte socialpercebido;demandasdeatendimentoidentificadaspelo cuidadorrelativasàsoropositividadedacriança/adolescente.
EscalaModosdeEnfrentamentodeProblemas(EMEP)
Adotou-se a definição de enfrentamento de Folkman, Lazarus, Gruen e De Longis (1986) “respostas cognitivas e comportamentais voltadas para o manejo de exigências internase/ouexternasespecíficas,quesãoavaliadascomo sobrecargaaosrecursospessoaisdoindivíduo”(p.572).Foi utilizada a Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (Seidl,Tróccoli&Zannon,2001),quecontém45itens,distri-buídosemquatrofatores:Fator1–enfrentamentofocalizado noproblema(18itens,alphadeCronbach=0,84),estratégias comportamentaisquerepresentamaproximaçãoemrelaçãoao estressor,voltadasparaoseumanejoousolução,bemcomo estratégiascognitivasdirecionadasparaareavaliaçãoeresig-nificaçãodoproblema;Fator2–enfrentamentofocalizadona emoção(15itens,alphadeCronbach =0,81),estratégiascog-nitivasecomportamentaisdeesquivaounegação,expressãode emoçõesnegativas,autoculpabilizaçãoe/ouculpabilizaçãode outros,comfunçãopaliativaoudeafastamentodoproblema; Fator3–buscadepráticasreligiosas/pensamentofantasioso (seteitens,alphadeCronbach=0,74),definidocomoadoção depráticasreligiosasoupensamentosdeconteúdofantasioso comomodosdeenfrentamentodoestressor;Fator4–busca desuportesocial(cincoitens,alphadeCronbach=0,70), definidocomoprocuradeapoiosocial,emocionalouinstru-mental,paralidarcomoproblema.Asrespostasforamdadas emescalaLikertdecincopontos(1=nuncafaçoisso;5=faço issosempre).Osescores,variandode1a5,foramobtidos mediantemédiaaritmética,eosmaisaltosforamindicativosde maiorutilizaçãodedeterminadaestratégiadeenfrentamento. Nopresenteestudo,solicitou-seaoscuidadoresquerespon-dessemaEMEPcombasenasestratégiasdeenfrentamento queestavamutilizandoparalidarcomasoropositividadeda criança/adolescente.Osescoresforamcomputadoscombase naestruturafatorialencontradaporSeidlecols.(2001).Indica-doresdeconsistênciainternacomaamostradesseestudoforam investigados:enfrentamentofocalizadonoproblema(alpha =0,86);enfrentamentofocalizadonaemoção(alpha=0,83); buscadepráticasreligiosas/pensamentofantasioso(alpha=
0,70)ebuscadesuportesocial(alpha=0,60).Observaram-se índicessatisfatórios,semelhantesaoestudooriginal,exceto quantoaofatorbuscadesuportesocialqueapresentoualpha deCronbachrelativamentebaixo.
Procedimentos
Conformeospreceitoséticosqueregemaspesquisascom sereshumanos,foiapresentadoaosparticipantesoTermode ConsentimentoLivreeEsclarecido,explicitandoosobjetivos doestudoeconvidando-osaparticipar.Osigiloquantoàs informaçõesprestadaseavoluntariedadeforamgarantidos. Crianças e adolescentes HIV+ em acompanhamento na pediatria costumam ter consulta mensal nas unidades de saúde.Aestratégiadecoletadedadosconsistiudarealiza-çãodasentrevistasprioritariamentenosdiasdeconsultado pacienteinfantil,ouemoutromomentopreviamentedefinido deconveniênciadocuidador.
Duplas de pesquisadores participaram da coleta: um responsávelpelaconduçãodaentrevistaeoutropeloregistro dosrelatosverbais.Apósarealizaçãodaentrevista,ocuida-dorfoiinstruídosobreopreenchimentodaEscalaModosde EnfrentamentodeProblemas,cujarespostaaoinstrumento foiauto-administradaeocorreunapresençadopesquisador. Oprocedimentoindividualdecoletadedadosduroucerca de 60 minutos. As crianças e adolescentes não estiveram presentesnasalaondeocorreuaentrevista.Osprontuários dospacientesforamconsultadosparaobtençãodosresulta-dosdosúltimosexamesdecontagemdoslinfócitosCD4e dacargaviral
Estudosdessanaturezapermitem,muitasvezes,identi-ficardemandasdeatendimentoduranteoprocessodecoleta dedados.Foramdisponibilizadasinformaçõeseorientações, bemcomorealizadosencaminhamentosparaatendimento psicossocialdocuidadore/oudacriança/adolescente,quando necessário. Os participantes ficaram com uma referência institucional do pesquisador principal (nome do serviço, endereçoetelefone).
Análisededados
Trata-sedeumestudodescritivo,decortetransversal. Após as análises estatísticas de freqüência, medidas de dispersãoetendênciacentral,foramrealizadostestesbiva- riadosentreescoresdaEMEPevariáveisrelativasàcaracte-rizaçãosociodemográficaeclínicadoscuidadores.Opacote estatísticoSPSS(StatisticalPackageforSocialSciences), versãoWindows11.5,foiutilizadonaanálisequantitativa dedados.Noqueserefereàanálisedasquestõesabertas,os registrossobreosrelatosverbaisforamavaliadosdemodo independenteportrêsjuízes,pesquisadoresdoestudo,que submeteramostemas,categoriasefreqüênciaidentificados atestesdeconcordância(mínimode90%).
Resultados
Descriçãosociodemográficadoscuidadores
Quantoàsituaçãoconjugaldosparticipantes,amaiorparte viviacomesposo/aoucompanheiro/a(n=24).Aidadedos cuidadoresapresentougrandevariabilidade,entre18e68 anos(M=36,7;DP=10,3).
Noqueserefereàescolaridade,houvepredomíniodo ensinofundamentalincompleto(n=14)ecompleto(n=9). Prevaleceramníveisbaixosderendafamiliar:30cuidadores informaramrendadeatétrêssalários-mínimos.Comrelação àsituaçãoempregatícia,observou-sequequaseametadedos cuidadoresestavacomatividadelaborativa:11cuidadores possuíamempregofixo,amaioriacomdireitostrabalhistas, e10eramtrabalhadoresautônomosregularesoueventuais. ATabela1resumeascaracterísticassociodemográficasdos cuidadores.
Ascondiçõeshabitacionaisdasfamíliaseramrelativa- mentesatisfatóriasparaamaioriadaamostra:25participan-tesrelatarammoraremcasaprópria,11emcasaalugadae seismoravamjuntocomoutrasfamílias,emespaçoscedidos ouemprestados.Aquasetotalidadedessashabitaçõeserade alvenaria,34delascompisoecincosempiso;duasfamílias habitavam casas de madeira. A existência de saneamento básico(águaeesgoto)foireferidapor31cuidadoresesete informaramaexistênciaapenasdeágua.
Dentreos43cuidadores,40informaramnãoparticipar ousebeneficiardeaçõesdeorganizaçõesdasociedadecivil doDFnaáreadoHIV/aids.
Aspectossociodemográficosemédico-clínicosdas criançaseadolescentes
Vinte e cinco crianças/adolescentes eram do sexo masculino.Aidadevarioude3a14anos(M=7,2;DP=2,8). Em29casos,ascrianças/adolescentessempreviveramno mesmocontextofamiliar,enquantoque14delesviveramem outrasorganizaçõesfamiliares.Amudançadeveu-seaofale-cimentodeumoudoisdosgenitores,assimcomoàausência decondiçõesfinanceiras,desaúdee/oupsicológicasdospais biológicosparaproveroscuidadosàcriança/adolescente.
Sobre a prevenção da transmissão vertical, a maioria (n= 31) informou que esta não foi realizada porque não haviaconhecimentododiagnósticodesoropositividadeda mãenosperíodospréeperi-natal;doiscuidadoresdisseram queoprotocolofoirealizado.Adescobertadodiagnóstico desoropositividadeocorreuquandoascriançastinham,em média,2,8anosdeidade,emgeraldevidoaoadoecimento daprópriacriança,oquelevouahipótesedeinfecçãopelo HIV. Para grande parte dos pacientes infantis (n= 30), o acompanhamentomédicoeotratamentoparaHIV/aidsforam iniciadosemtornodos3anosdeidade.
Quantoàsinternaçõesdecorrentesdeproblemasdesaúde e/ou infecções oportunistas, indicativos de debilidade da condiçãoimunológica,16criançastinhamsidointernadas umaveze20delasestiveramhospitalizadasduasvezesou mais.Agrandemaioriadascrianças/adolescentes(n=39) estavaemusodemedicaçãoanti-retroviral(ARV),sendoque otempodeutilizaçãodessesmedicamentosvarioudemenos deumanoa10anos(M=4,0;DP=2,15).Considerando osqueestavamemusodeARV,34cuidadoresinformaram que o tratamento com esses medicamentos nunca tinha sido interrompido e três admitiram que o tratamento foi interrompido por conta própria, pelo menos uma vez. Os motivosrelatadosparaainterrupçãoforamdificuldadesdo própriocuidador(depressão,recusadocuidadoremprover amedicaçãoàcriança).
Osindicadoresreferentesàcondiçãoimunológicamostra-ramqueacontagemdelinfócitosTCD4varioude4a1390 (M=538,10;DP=413,34;Mdn=502,50).Constatou-se que10criançasestavamcomCD4abaixode200,indicati-vosdemaiordebilidadedacondiçãoimunológica.Quanto àcontagemdacargaviralplasmática,estavarioude658a 430.000cópias(M=81.952;DP=121.410;Mdn=17.451), expressandoagrandevariabilidadedesseíndicenoconjunto dosparticipanteseaanormalidadedessadistribuição,acha-do que era esperadosparticipanteseaanormalidadedessadistribuição,acha-do tendosparticipanteseaanormalidadedessadistribuição,acha-do em vista as características dosparticipanteseaanormalidadedessadistribuição,acha-do indicador.Aboacondiçãoimunológicadegrandeparteda amostra−expressapelacontagemdoslinfócitosTCD4ao ladodeníveisbaixosdacargaviralplasmática−,podemser atribuídosàeficáciadotratamentoanti-retroviraleàbaixa freqüênciadeproblemasrelevantesdeadesãorelatadospela maioriadosparticipantes.
Percepçãodoscuidadoressobredificuldadesno desenvolvimento
A percepção de problemas atuais no desenvolvimento pelos cuidadores indicou que a maioria da amostra (n = 25) não relatou dificuldade ou atraso no desenvolvimen-Tabela1.Caracterizaçãosociodemográficadoscuidadores(N=43).
Características n %
Sexo Homens 7 16,3
Mulheres 36 83,7
Parentesco comacriança/ adolescente
Mãesbiológicas 24 55,8
Paisbiológicos 3 7,0
Avós/tiosmaternosoupaternos 7 16,3
Avós/tiosadotivos 5 11,6
Outros 4 9,3
Escolaridade
Analfabeto 1 2,3
Ens.fund.incompletoecompleto 23 53,5 Ens.médioincompletoecompleto 16 37,3 Ensinosuperiorincompleto 3 7,0
Rendafamiliar
1a3SM 30 69,7
4a9SM 8 18,6
Maisde10SM 2 4,7
Nãoinformado 3 7,0
Situaçãoconjugal Vivecomparceiro/a 24 55,8 Vivesemparceiro/a 19 44,2
Situação empregatícia
Empregofixo 11 25,6
Autônomoregulare/oueventual 10 23,2
Aposentado 2 4,7
Desempregado/nuncatrabalhou 9 20,9
Dolar 6 13,9
Outros 1 2,3
to psicomotor, cognitivo, afetivo-emocional e social das crianças/adolescentessoropositivos.Dificuldadescognitivas –descritascomodificuldadesdeaprendizagem,comprejuízo daatenção,concentração,comrepercussãonegativanode-sempenhoescolar–foramreferidasporquatrocuidadores. Quantoàesferamotora,doiscasosforamrelatados,catego-rizadoscomoproblemasdiversosdecoordenaçãomotorae deprejuízodalocomoção.Forammencionadasaindadifi-culdadesdefala(indicativasdedisartria)emduascrianças e dificuldades múltiplas em quatro crianças. Na esfera afetiva-emocional,umcasofoiincluídonessacategoria,pelo conjuntodeinformaçõesdescritaspelocuidadorsugestivas dedificuldadesrelevantesapresentadaspelacriançanessa área.ATabela2sintetizaalgumasinformaçõessociodemo-gráficasemédico-clínicassobreascriançaseadolescentes.
Escolarizaçãoerevelaçãododiagnósticonaescola
Vinteenovecriançasencontravam-sematriculadasem instituições da rede particular e privada de ensino: cinco delasfreqüentavampré-escolae24cursavamoensinofun- damental.Quatorzecriançasnãohaviaminiciadoaescola-rização,todascomidadeinferiora6anos,excetoumcaso. Esseachadoparecedecorrerdafaltadeopçõesdeacesso àpré-escolanaredepúblicadeensino,queatingegrande partedascriançasoriundasdefamíliasdebaixarendado DistritoFederal.
Das29criançasqueiniciaramavidaescolar,odesem-penhofoidescritocomobompor16cuidadores,osquais referiram facilidades de aprendizagem, interesse e rendi-mentosatisfatóriodacriançanasatividadesescolares.Para nove crianças o desempenho foi descrito como regular e trêscuidadoresassinalaramqueodesempenhoescolardas crianças era ruim, exemplificado com informações sobre defasagem idade-série, histórico de repetência ou o fato dacriançaaindanãoestaralfabetizada.Acomparaçãoda idadecronológicadacriançaemrelaçãoàsériequeestava cursandolevouospesquisadoresaanalisaraexistênciade defasagemidade-sérienascriançasquetinhaminiciadoa escolarização,combasenocritériodetemposuperioradois anosdeatrasoemrelaçãoàidadeesperadaparafreqüência emdeterminadasérie.Verificou-seapresençadeseiscasos comdefasagem,apartirdessecritérioestabelecido.Esses problemas de desempenho podem ser atribuídos tanto a dificuldades de aprendizagem da própria criança como à precáriaqualidadedoensino,aspectofreqüentenasescolas brasileiras, em especial as da rede pública, onde a quase totalidadedaamostraestavamatriculada.
Das 29 crianças matriculadas em estabelecimentos de ensino,houverevelaçãododiagnósticodesoropositividade naescolaem11casos.Entreosmotivosapresentadospelos cuidadores para realizarem a revelação foi mencionada a necessidadedejustificarasfaltasdacriançanaescola(em funçãodeinternações,idasaomédicoetc)edeobterajuda paraaadministraçãodamedicaçãoduranteoperíodoescolar. Noscasosdenãoinformaçãosobreodiagnóstico,omedo dopreconceitoedaquebradosigiloporpessoasdacomu-nidadeescolarforamrazõescitadasparaanãorevelaçãoda soropositividade da criança/adolescente. Constataram-se aindadúvidaseinquietaçõesdealgunscuidadorespelofato denãoteremreveladoodiagnósticoparaadireçãoe/oupro-fessores,receososdeestareminfringindoaspectoséticosou regrasrelativasàobrigatoriedadedessetipodeinformação naescola.
Poroutrolado,dentreosqueinformaramodiagnóstico (n=11),nãohouvemençãoareaçõesdepreconceitoe/ou discriminação,excetoemdoiscasos,oquelevouessasfamí-liasaretiraracriançadaescola.Emambososcasos,pareceu terhavidoprecipitaçãodoscuidadores,quesedevidamente orientados para o manejo das dificuldades, poderiam ter solucionadoosproblemasidentificados.
Adesãoaotratamento
Dototaldecasosemusodeterapiaanti-retroviral(n= 39),28cuidadoresnãorelataramproblemasoudificuldadoes naadministraçãodosmedicamentos,nãoapresentandoquei-xassobreocomportamentodeadesãodacriança/adolescente aotratamento.Nos11casoscomalgumproblemadeadesão, quatrocategoriasdedificuldadesforamidentificadasapartir dosrelatosverbaisdoscuidadores(Tabela3).
O manejo dessas dificuldades foi investigado e as estratégiasmaisfreqüentesutilizadasforam:associaçãoda medicaçãoaalimentosdepreferênciadacriançacomodoces, mel e refrigerantes; estratégias para convencimento sobre anecessidadedeusodemedicação(semnecessariamente explicitaraenfermidadereal);administraçãosobcontrole Tabela2.Característicasdemográficaseclínicasdascriançaseadolescentes
(N=43).
Características n %
Sexo masculino 25 58,1
feminino 18 41,9
Idade
3a5anos 14 32,6
6a9anos 21 48,7
10a14anos 8 18,7
Escolarização
Nãotinhainiciado¹ 14 32,7
Pré-escola 5 11,6
Ensinofundamental:1ªa4ªsérie 21 48,7 Ensinofundamental:5ªa8ªsérie 3 7,0
Dificuldadesno desenvolvimento percebidaspelos cuidadores
Nãoapresentadificuldades 25 58,1
Dificuldadesmotoras 2 4,7
Dificuldadesdefala 2 4,7
Dificuldadescognitivas 4 9,3 Dificuldadesemocionais 1 2,3 Dificuldadesmúltiplas 4 9,3
Nãosoubeinformar 5 11,5
Prevençãoda transmissão vertical
Foirealizada 2 4,7
Nãofoirealizada 31 72,1
Nãosoubeinformar 10 23,2
Internaçãodevido aoHIV/aids
e/ousupervisãodiretadocuidadornoscasosdascrianças queestavamcommaiorautonomia.
Segundoapercepçãodoscuidadores,amaioria(n=30) avaliou a adesão da criança/adolescente como muito boa e nove consideraram a adesão razoável, achado coerente com os relatos anteriores sobre as dificuldades de adesão apresentadas.
Socializaçãoerestriçãodeatividadessociais
Entreoscuidadoresentrevistadosapenastrêsnãosoube- ramenumerararealizaçãodeatividadesdistrativaseprazero-saspelascrianças.Amaioria(n=40)doscuidadoresapontou queascriançasparticipavamdeatividadesindividuaiseem grupo,tendooportunidadededesfrutardeexperiênciasde socializaçãocomosfamiliaresecomseuspares.Identificou-se,poroutrolado,relatosreferentesàrestriçãodeatividades (n =15)quepudessemfacilitaraaquisiçãodedoençasopor-tunistas(exposiçãoaambientescomopiscina,chuva,frio, sereno)ouresultaremdanosfísicosàcriança(andardebi-cicleta,subiremárvore,manuseiodeobjetoscortantescomo tesoura).Foiverificada,emalgunscasos,anecessidadede orientaçãoaoscuidadores,visandoàmodificaçãodecondutas derestriçãodeatividadese/ouexcessodecuidado/proteção motivadasporcrençasirracionaissobreasformasdeinfecção doHIV(contaminaçãodeterceirosapenaspelocontatoda pelecomosanguedacriança,porexemplo).
Conhecimentododiagnósticopelacriança/adolescente
Os relatos indicaram que 13 crianças/adolescentes sabiamsobreseudiagnóstico,esuasidadesvariaramentre 5e12anos.Asquenãotinhamconhecimento,segundoos cuidadores,forammaioria(n=25),comidadesentre6e 14 anos. Considerou-se que essa questão não se aplicava a cinco crianças com idade inferior a 5 anos, dada a sua poucaidade.
Emrelaçãoaosmotivosparaarevelaçãododiagnós-tico (n = 13), sete crianças souberam após a morte ou adoecimentodeumdosgenitoresoudeambos.Emtrês casosarevelaçãofoifeitaemfunçãodaconvivênciacom outraspessoassoropositivas,quandoviviameminstituições
comoabrigos.Quantoàpessoaqueinformou,arevelação foifeita,namaioriadoscasos,peloprópriocuidador.Em quatrocasos,ainformaçãofoidadaporumprofissionalde saúde, por solicitação do cuidador ou diante de questio-namentosdaprópriacriança.Noqueserefereàsreações emocionaisapresentadasapósarevelaçãododiagnóstico, os cuidadores mencionaram a presença de sentimentos de tristeza, isolamento e silêncio, quando a criança não faziaqualquerperguntasobreoassunto.Algunscuidado-res informaram que a criança reagiu de modo tranqüilo, atribuídoaofatodamesma,naépocadarevelação,nãoter condiçõesdecompreenderagravidadedadoença.
Quando perguntado sobre as vantagens da criança já terconhecimentosobreseuprópriodiagnóstico,10desses cuidadoresapontaramaspectospositivos,comoestaadotar posturamaisativaquantoaoauto-cuidadoeaotratamento. Quatro cuidadores apontaram desvantagens na revelação, justificadas pelo medo de que os pacientes informassem sobreoHIV/aidsparaoutraspessoase,emconseqüência, pudessemservítimasdepreconceitoerejeição.
Quantoaosmotivosparaofatodacriança/adolescente aindanãotersidoinformadasobreodiagnóstico(n=25), 12cuidadoresalegaramapoucaidadee,emconseqüência,a imaturidadecognitivaeemocionaldacriançaparacompre-enderadoença.Outrosseiscuidadoresexpressaramreceio dareaçãoemocionalnegativadopacientefrenteàrevelação. Paracincocuidadores,odiagnósticonãofoireveladopor falta de questionamento do paciente sobre a doença ou o tratamento,entendidopelocuidadorcomofaltadecuriosi-dadedacriança.Várioscuidadoresverbalizaram,poroutro lado,quenãosesentiampreparadosparafalarsobreoassunto comacriança/adolescente.
Quantoàsexpectativassobrearevelaçãododiagnóstico nofuturo,forammencionadasvantagensrelativasàmaior participaçãodopacientenotratamentoenoauto-cuidado, maiorfacilidadeparalidarcomseuproblemadesaúde,além demelhorcompreensãosobresuaprópriacondiçãodesaúde. Em relação às desvantagens, 10 cuidadores manifestaram receiodequeacriançarevelasseainformaçãoparaoutras pessoas,etivessereaçõesnegativasfrenteàdoença,como depressão,revolta,culpabilizaçãodocuidador,equesofres-semalgumaformadepreconceito.
Tabela3.Dificuldadesdeadesãoaotratamentorelatadaspeloscuidadores.
Categoriasdedificuldades Descrição Númerodecasos1
Horáriosdamedicação Dificuldadeparatomarosmedicamentosnoshoráriosrecomendadosdevidoa: esquecimento,horáriosinconvenientes(períodonoturno),administraçãoforado ambientedoméstico(escola),podendoresultarematrasoounãoingestãodosARV.
10
Gostodamedicaçãoe/oupresençadeefeitos colaterais
Queixadacriançaquantoaogostodesagradáveldosmedicamentosoupresençade efeitoscolaterais(náuseasouvômitos,doresnoestômago).
6
Comportamentooposicionista QuestionamentosverbaissobreanecessidadedeusodosARVecomportamentos deresistênciaàingestão(choro,comportamentodeesquivaoufugaetc).
3
Dificuldadedeacessoregularaoserviçode saúde
Dificuldadedoscuidadoresdecompareceraoserviçodesaúdenaregularidade necessáriaparabuscarosmedicamentos(distânciadoserviçodamoradiaepreço daspassagens).
3
Quando questionados sobre como planejavam revelar odiagnóstico,novedelesrelataramquepretendiambuscar ajudaprofissionaldemédicosepsicólogos,enquantoque para cinco cuidadores a melhor estratégia seria fornecer informações a fim de sanar ao máximo as dúvidas dos pacientes;oitonãofaziamplanospararevelaracurtoprazo. De forma geral, a tomada de decisão quanto à revelação parecia depender da maior capacidade de entendimento e compreensãoporpartedopaciente,danecessidadedeauto-cuidadoedocuidadocomosfuturosparceirossexuais.
Apoiosocial
Noqueserefereaoapoiosocial,estefoidescritocomo sendo proveniente de três fontes principais: familiares ou outras pessoas significativas da rede social, como amigos evizinhos;profissionaisouvoluntáriosenvolvidosnoofe-recimentodecuidadosàcriança;ereligião,queincluiua mençãoamembrosdacomunidadereligiosaeatéaentes divinos como fontes de apoio. A maioria dos cuidadores (n = 33) apontou que está satisfeita com o apoio social recebido,emespecialoemocional,sendomenosfreqüenteo relatodeapoioinstrumental,queabrangeauxíliofinanceiroe ajudaemaspectosoperacionaisepráticosdocotidiano.Cinco cuidadoresmencionaramnãorecebernenhumtipodeapoioe estareminsatisfeitoscomessasituação.Noentanto,mesmo entreosqueinformaramsatisfaçãocomoapoiodisponível, verificou-sequehaviademandaderecebimentodeoutras modalidadesdeapoio,asaber:atendimentopsicológicoe deoutrosprofissionaisdaáreadesaúde,assistênciasocioe-conômica,apoiodeorganizaçõesdasociedadecivilvoltadas paraauxílioàpopulaçãosoropositiva.
Expectativasepreocupaçõesquantoaofuturo
Emrelaçãoàsexpectativasquantoaofuturodacrian-ça/adolescente, a maior parte (N = 18) manifestou uma perspectivanormalizanteeotimista,comesperançadeque acriança/adolescentecresçaesedesenvolva,desfrutandode qualidadedevida.Quatorzecuidadoresexpressaramexpec-tativadequeoavançodaciênciaedatecnologiaresultasse emdescobertadacuradadoençaedeumavacina.Doisdeles manifestaramexpectativasdequeentidadesdivinasfavore-cessemesseprocessonofuturo.Cincocuidadoresafirmaram possuirexpectativaspessimistasquantoaofuturo,relatando medo da própria morte ou da criança, além de receio de preconceitoedeexclusãosocial.Quatrocuidadoresassina-laramausênciadeexpectativasfuturas,dizendofocalizar-se apenasnomomentopresente.
Entreaspreocupaçõesassociadasaofuturodascrianças, forammencionadas:preocupaçõessobreodesenvolvimento, inclusive sobre o início das atividades sexuais, além de preocupaçõesconcernentesàprópriadoença,aotratamento, àpossibilidadedeocorrênciadesituaçõesdepreconceitoe àausênciaderededeapoiosocial.
Estratégiasdeenfrentamento
OsescoresdaEMEPindicaramavariabilidadedasrespos-tasdeenfrentamentoemitidaspeloscuidadores.Osresultados
mostraramqueamodalidadedeenfrentamentomaisusadafoi buscadepráticasreligiosas/pensamentofantasioso(M=3,83; DP=0,74;Mdn=3,86;amplitude=1,14–5,0),seguidade enfrentamentofocalizadonoproblema(M=3,74;DP=0,70; Mdn=3,90;amplitude=1,50–4,78)ebuscadesuportesocial (M=3,12;DP=0,72;Mdn=3,20;amplitude=1,20–4,60). Estratégiasfocalizadasnaemoçãoforamrelatadasemmenor freqüência no conjunto da amostra estudada, evidenciadas pela média, mediana e amplitude mais baixos (M = 2,18; DP=0,72;Mdn=2,0;amplitude=1,0–3,80).
CoeficientesdecorrelaçãodePearsonmostraram,ainda, apresençadeassociaçãopositivasignificativaentreenfrenta-mentonoproblemaebuscadepráticasreligiosas/pensamento fantasioso(r=0,63;p <0,001)edeenfrentamentonoproble-maebuscadesuportesocial(r=0,49;p<0,001),indícios dousocomplementardessasmodalidadesdeenfrentamento pelosparticipantes.Nãoseobservouassociaçãosignificativa entreasdemaismodalidadesdeenfrentamento.
Investigou-seapresençadediferençasnasmédiasdos escoresdasestratégiasdeenfrentamento,medianteanálises pelotestetdeStudent .Osresultados(Tabela4)nãoindica-ram diferenças significativas entre os cuidadores segundo osexo,escolaridade,situaçãoconjugal(vivesóevivecom parceiro/a)etipodecuidador(mãe/paisoropositivoeoutros cuidadores) em três modalidades de enfrentamento. Em relaçãoàbuscadesuportesocial,cuidadorescommaisanos deestudotiverammédiasignificativamentemaisalta,suge-rindomaiorutilizaçãodessamodalidadedeenfrentamento. Nãoseobservoudiferençanasmédiasdavariávelbuscade suportesocialquantoaosoutrosaspectosinvestigados.
A investigação dos escores oriundos de itens que avaliavamapresençadeemoçõesnegativas,inseridosnofator enfrentamentofocalizadonaemoçãodaEMEPmostrou,no entanto,quemães/paissoropositivosapresentarammédias significativamente mais altas (M = 2,8;DP = 1,06) no subfatorauto-culpabilização,emcomparaçãocomosdemais cuidadores(M=1,8;DP=0,66),alcançandosignificância estatística (t = 3,60;p = 0,001). Essa análise específica foi realizada em função de achados referentes à presença freqüentedesentimentosdeculparelatadosporgenitores soropositivos,emespecialasmães,devidoàtransmissãodo HIVparaseusfilhos.
Discussão
Corroborando achados de pesquisas realizadas em outros contextos socioculturais (Ledlie, 2001; Mialky & cols.,2001),oestudodesvendouquestõespsicossociaise dificuldadesqueafetamcriançaseadolescentessoropositivos esuasfamílias,indicandoaimportânciadequeestassejam identificadasevalorizadaspelasequipesdesaúde,emuma perspectivadeatençãointegraleinterdisciplinar.
qualidadedevidaedesaúdeaoscidadãosbrasileirosviven-docomHIV/aids.Assim,muitasmãessoropositivastêm desempenhadoseupapelcomocuidadorasprimárias,parti-cipandodoprocessodedesenvolvimentodeseusfilhos.As boascondiçõesdesaúdeededesenvolvimentodascrianças eadolescentestambémsãofrutosdessapolíticapública:a maioriautilizavamedicaçãoanti-retroviraleapresentava condiçãoimunológicasatisfatória,usufruindodoconvívio comseusparesefamiliares.
Ao lado desses bons indicadores observou-se, no entanto,quecercadeumquartodascrianças/adolescentes estava com baixa capacidade imunológica, apresentando
níveis de linfócitos TCD4 inferior a 200 células/ml, com grandevulnerabilidadeepossibilidadedoagravamentodas condições de saúde. Ademais, verificou-se 11 casos com presençadeindicadoressugestivosdealgumníveldeatraso nodesenvolvimento.Déficitsaolongododesenvolvimento, associadosaencefalopatiasprogressivaspelaaçãodoHIV sobreosistemanervosocentral,comprevalênciasvariando de13a23%,têmsidocitadosnaliteratura(Rehm&Franck, 2000).Osresultadosdopresenteestudoreforçamaimpor-tância da constituição de equipes interdisciplinares, que estejamatentasàpresençadeatrasonodesenvolvimentoe preparadasparaumaavaliaçãomultidimensionaldacriança Tabela4.Diferençasnasmédiasdasmodalidadesdeenfrentamentosegundoosexo,escolaridade,situaçãoconjugaletipodecuidador(N=43).
Enfrentamentofocalizadonoproblema M DP t
Sexodocuidador Homens 3,92 0,35 1,26
Mulheres 3,69 0,74
Escolaridade ≤Ensinofund.completo 3,57 0,75 -1,73
≥Ensinomédioincompleto 3,93 0,57
Situaçãoconjugal Vivesemparceiro/a 3,68 0,79 -0,69
Vivecomparceiro/a 3,82 0,56
Tipodecuidador MãeoupaiHIV+ 3,71 0,66 -0,02
Outroscuidadores 3,71 0,79
Enfrentamentofocalizadonaemoção M DP t
Sexodocuidador Homens 2,21 0,39 -1,03
Mulheres 2,02 0,77
Escolaridade ≤Ensinofund.completo 2,25 0,65 0,63
≥Ensinomédioincompleto 2,10 0,80
Situaçãoconjugal Vivesemparceiro/a 2,19 0,71 0,08
Vivecomperceiro/a 2,17 0,75
Tipodecuidador MãeoupaiHIV+ 2,32 0,72 1,45
Outroscuidadores 2,00 0,56
Buscadepráticasreligiosas/pensamentofantasioso M DP t
Sexodocuidador Homens 4,04 0,46 1,15
Mulheres 3,79 0,78
Escolaridade ≤Ensinofundcompleto 3,81 0,88 -0,21
≥Ensinomédiocompleto 3,86 0,56
Situaçãoconjugal Vivesemparceiro/a 3,71 0,84 -1,17
Vivecomparceiro/a 3,98 0,60
Tipodecuidador MãeoupaiHIV+ 3,87 0,71 0,43
Outroscuidadores 3,76 0,86
Buscadesuportesocial M DP t
Sexodocuidador Homens 3,06 1,26 -0,16
Mulheres 3,14 0,80
Escolaridade ≤Ensinofund.completo 2,88 1,04 -2,12*
≥Ensinomédioincompleto 3,41 0,51
Situaçãoconjugal Vivesemparceiro/a 3,00 0,76 -0,93
Vivecomparceiro/a 3,26 1,00
Tipodecuidador MãeoupaiHIV+ 3,20 0,70 0,87
Outroscuidadores 2,92 1,11
HIV+,comointuitodediagnosticarprecocementeproblemas existenteseintervirdemodoapropriadoeoportuno(Brown &Lourie,2000).
Noqueconcerneaonúmeroelevadodecriançasquejá haviamsidointernadas,estepareceuseroriundodocontexto dedescobertadodiagnósticodeinfecçãopeloHIVemcrian-çasinfectadaspelatransmissãovertical,quemuitasvezesse dápeloaparecimentodequadrosclínicosassociadosàaids, emetapasanterioresdodesenvolvimento.Umaveziniciado otratamentoeaterapiaanti-retroviral,afreqüênciadedo-ençasoportunistasedeinternaçõestevereduçãoimportante namaioriadoscasosdoestudo,conformeinformaçãodos cuidadores.
Quantoàescolarização,váriosaspectospositivosforam evidenciados.Destaca-seainclusãodascriançasejovens soropositivos em escolas regulares, a maioria com bom desempenhoacadêmico,alémdafreqüênciaquasenulade relatossobrereaçõesdepreconceitoediscriminaçãoquando arevelaçãododiagnósticotinhaocorridonoestabelecimen-toescolar.Essesachadospermitemsuporaocorrênciade mudançassocioculturaisemsetoresdasociedadebrasileira, comtendênciadereduçãodeatitudespreconceituosasem relaçãoaoHIV/aids.
Constatou-se, no entanto, que o medo do preconceito temlevadooscuidadores,namaioriadoscasos,aoptarpelo segredosobreodiagnósticonaescola.Esteachadoremete aoquefoireferidoporRehm(2000),estudandocuidadores norte-americanos,quelançavammãodachamadarevelação seletiva,istoé,informandoodiagnósticoapenasparapessoas desuaconfiança,devidoaoreceiodoestigmaedadiscri-minaçãoemcontextossociaisdiversos.Outropontodigno de nota referiu-se às dúvidas de muitos cuidadores sobre ainfraçãodeaspectoséticosquandodanãorevelaçãoda soropositividadenaescola:muitosdelesdesconheciamque osigilosobreodiagnósticoéumdireito,equenenhumapes-soaécolocadaemriscodeinfectar-seaoconviver(estudar, brincar)comumacriançaouadolescentesoropositivo.Essa constataçãoapontaparaanecessidadedeescuta,orientação edisponibilizaçãodeinformaçõessobreosdireitosdaspes-soasvivendocomHIV/aids,propiciandomaiorsegurança econfiançaaosfamiliares,criançaseadolescentesnolidar comtemasdessanatureza.
Outra questão relevante referiu-se às dificuldades de adesão,evidenciadasemaproximadamenteumquartodos participantes.Aqueixamaiorcentrou-senaadministraçãoda medicaçãoemhoráriosinconvenienteseemlocaispúblicos, comoaescola.Considerandoacomplexidadedotratamento, seucaráterprolongadoeaexigênciaquantoaoaltonível de adesão para alcance de eficácia, é fundamental que as equipesidentifiquemessesproblemas,busquemprescrever esquemasterapêuticossimplificados,orientandoeauxiliando oscuidadores,criançasejovensnomanejocomportamental daadesão(Murphy&cols.,2003).
Otemaadesão,assimcomooutrosinvestigados,sofrem influência de um dos principais desafios identificados no estudo:arevelaçãododiagnósticodesoropositividadepara acriança/adolescente.Osachados,corroborandooquefoi observadoporoutrospesquisadores(Gerson&cols.,2001; Instone,2000),mostraramasdificuldadesvivenciadaspelos familiaresnessaesfera,comtendênciaapostergaraomáximo
o momento da revelação, com uso freqüente de respostas evitativas.SegundoGrecca(2004),apartirdos7anos
“ascriançasserãoexpostasainformaçõessobreHIV/aidsna escolaepelosmeiosdecomunicação.Podeminiciaroacúmulo defatosdesuavidadiária,tirarsuasprópriasconclusõese, então,começarcomindagaçõesespecíficassobreoseudiag-nóstico(...).Naausênciadequestionamentoséimportantenão concluirqueacriançanãoestáinteressadaemconheceroseu diagnóstico”(p.61).
Emmuitasfamíliasparecetersidoinstituídoumpacto dosilêncio,quandoacomunicaçãosobreHIV/aidsestaria impossibilitadadeocorrer,mesmodiantedeindíciosdeque acriança/adolescentedesconfiadaverdadeiraenfermidade queoacomete.Aconcepçãodospaisdequearevelaçãopode trazersofrimentoemocionalàscriançassoropositivasnão temsidoverificadaemestudosrealizados.Assim,Mellinse cols.(2002)observaramquearevelaçãododiagnósticonão resultouemaumentodeproblemasemocionaisecomporta-mentaisequeascriançasquesabiamsobreasoropositividade erammenosdeprimidasetinhammaissuportesocial,quando comparadasàquelasquedesconheciamoseudiagnóstico.De fato,ademoranoprocessoderevelaçãopodeprejudicar,ou mesmoinviabilizar,aintervençãodaequipedesaúdejunto à criança/adolescente em temas relevantes como adesão, orientaçãosobreoiníciodapuberdade,sexualidadeepráticas seguras,entreoutros.
Quantoàsestratégiasdeenfrentamento,oestudopermitiu identificarmodosdiversosdeatuaçãodoscuidadorespara lidarcomestressores,indicandousofreqüentedeestratégias adaptativas.OenfrentamentoavaliadopelaEMEPmostrou queadistribuiçãodosescoresdamedidadoenfrentamento foisemelhanteàencontradaemestudocompessoasadultas brasileirasvivendocomHIV/aids,nãoobstanteterhavido predomínio,naquelaamostra,defocalizaçãonoproblema (Seidl,noprelo).Ousopredominantedebuscadepráticas religiosas/pensamentofantasiosopeloscuidadoresvemao encontrodeestudosdaliteraturasobrecopingqueapontam a busca da religiosidade no enfrentamento de estressores percebidos como incontroláveis, como uma enfermidade crônicagrave,aindasemcura,cujotratamentoécomplexo (Seidl,2001;Faria,2004).
eadolescentessoropositivos(Wiener&cols.,2001).Assim, mereceatençãooachadoquecuidadoresHIV+tiveramesco-resmaiselevadosemauto-culpabilização,aspectoobservado napráticaclínicacomessaclientela.
Porfim,oestudopretendeuintegraraçõesdepesquisae intervenção.Emcontinuidadeaopresenteestudo,temsido realizadotrabalhopsicoeducativoemgrupocomcuidadores comosobjetivosdepromovertrocadeexperiências,melhorar oníveldeconhecimentosobreHIV/aidsedesenvolverhabili-dadesdeenfrentamentoadaptativas,preparando-osparalidar comestressoresrelativosàsoropositividade.Atendimentos individuaisafamiliareseacrianças/adolescentessoropositi-vostambémvêmsendorealizados,emespecialvoltadospara revelaçãododiagnósticoparaacriança/adolescenteeadesão aotratamento.Conclui-sequeaabordagemdasquestõespsi-cossociaisdeveseriniciativadasequipesdesaúdevisandoà qualidadedevidadasfamíliasedascriançaseadolescentes vivendocomHIV/aids.
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