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Consulta coletiva de pré-natal: uma nova proposta para uma assistência integral.

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Academic year: 2017

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Rev Latino-am Enfermagem 2008 janeiro-fevereiro; 16(1)

www.eerp.usp.br/rlae

1 Doutor em Saúde da Crinça e da Mulher, Professor Adjunto,.e-mail: luciapenna@terra.com.br; 2 Mestranda, Professor Assistente da Universidade Severino Sombra, Brasil, e-mail: iabrudi@yahoo.com. Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil; 3 Enfermeira do Instituto Fernandes Figueiras da Fundação Oswaldo Cruz, Brasil, e-mail: quel_fonseca@yahoo.com.br

Comunicações Breves/Relatos de Casos

CONSULTA COLETIVA DE PRÉ-NATAL: UMA NOVA PROPOSTA PARA UMA ASSISTÊNCIA

INTEGRAL

Lucia Helena Garcia Penna1

Joana Iabrudi Carinhanha2

Raquel Fonseca Rodrigues3

Este estudo consiste na descrição da Consulta Coletiva de Pré-Natal como nova metodologia assistencial,

a qual é realizada seguindo os padrões governamentais, porém, coletivamente. Utilizou-se técnicas de

relaxamento e de sensibilização e dinâmicas de grupo, incluindo o exame coletivo das gestantes em um

espaço acolhedor, esclarecedor e socializador de experiências e informações, em que a gestante é protagonista.

Na Consulta Coletiva, o profissional registra todos os parâmetros e condutas obstétricos no cartão e prontuário

perinatal e prioriza o princípio da integralidade e cidadania, buscando romper com o paradigma

assistencial-biomédico, favorecendo assistência humanizada e integral à mulher.

DESCRITORES: cuidados integrais à saúde; enfermagem obstétrica; mulheres grávidas

COLLECTIVE PRENATAL CONSULTATION: A NEW PROPOSAL FOR COMPREHENSIVE

HEALTH CARE

This article describes the Collective Prenatal Consultation as a new healthcare methodology, which is

performed according to government standards, but collectively. Relaxation and sensitization techniques are

used, as well as group dynamics, including a collective exam of the pregnant women. The Collective Consultation

is carried out in a welcoming environment, which provides clarification and socialization of experiences and

information, centered on those women. The healthcare professional records every obstetric parameter and

behavior in the patient’s prenatal card and history file. Priority is given to the principle of integrality and

citizenship, with the aim to break the biomedical care paradigm, thus favoring humanized and comprehensive

care to the women.

DESCRIPTORS: comprehensive health care; obstetrical nursing; pregnant women

CONSULTA PRE-NATAL COLECTIVA: UNA NUEVA PROPUESTA PARA LA ATENCIÓN

INTEGRAL

Consiste en la descripción de la Consulta Pre-Natal Colectiva como una nueva metodología asistencial,

la cual es realizada siguiendo los estándares gubernamentales, no obstante de forma colectiva. Se utilizan

técnicas de relajación, sensibilización y dinámicas de grupo, incluyendo el examen colectivo de las gestantes

en un lugar acogedor, informativo y socializador de experiencias e informaciones, en el cual la gestante es

protagonista. En la Consulta Colectiva el profesional registra todos los parámetros y conductas obstétricas

en el carnet e historia peri-natal, priorizando los principios de atención integral y ciudadanía, buscando

romper con el paradigma asistencial-biomédico y favoreciendo para una atención humanizada e integral de

la mujer.

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Online

Rev Latino-am Enfermagem 2008 janeiro-fevereiro; 16(1)

www.eerp.usp.br/rlae

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O

presente estudo consiste na descrição de

inovação metodológica assistencial no trabalho com

mulheres: a Consulta Coletiva no Pré-Natal.

Tradicionalmente, a maioria das consultas de

pré-natal segue o modelo biomédico(1), entretanto, apesar

da sua reconhecida contribuição, esse padrão carece de

análises críticas quanto ao processo de transformação

da realidade. Refletindo sobre a qualidade no Pré-Natal,

o Ministério da Saúde aponta a ação educativa como a

melhor forma de assistir a gestante e promover a

saúde(2). Entretanto, depara-se com um serviço público

de saúde abarrotado que obriga o profissional a reduzir

o tempo disponível para desenvolver atividades

educativas e que abordem a subjetividade das mulheres.

Pesquisas convergem tanto na constatação das falhas

na organização do atendimento quanto no pensamento

de que se trata de situação “desumanizante”(3-5).

Nesse sentido, procurou-se, aqui, bases no

pensamento de que o espaço coletivo é a mais rica

oportunidade para se experimentar verdadeiramente

a participação e a produção coletiva do

conhecimento(6). Entende-se que, assim, é possível

intervir com mais efetividade tanto nas questões

individuais quanto no âmbito coletivo, considerando

a saúde como processo histórico e social.

DESCREVENDO A CONSULTA COLETIVA

A proposta dessa nova metodologia é a

realização de consulta de pré-natal baseada nos padrões

de uma consulta individual(2), entretanto, possui como

particularidade ser desenvolvida de forma coletiva e tem

como objetivo principal auxiliar a mulher na construção

de sua maternidade e no exercício de sua cidadania,

rompendo com o paradigma assistencial biomédico.

No desenvolvimento da consulta coletiva,

delineou-se algumas estratégias: a consulta ocorreu

em uma sala especial com som ambiente, as atividades

eram iniciadas com exercícios de relaxamento,

realizavam-se dinâmicas com as mulheres acerca de

suas representações sobre a gravidez e as

modificações do organismo materno e a evolução do

quadro do bebê, discutia-se os temas que emergiram,

seja sobre as intercorrências desde a última consulta,

as orientações para o parto, a questão dos

acompanhantes, as relações conjugais ou qualquer

outro assunto que elas desejassem esclarecer,

conforme a necessidade e interesse do grupo e,

finalmente, o exame coletivo das gestantes, onde elas

mesmas se auto-examinavam e examinavam as outras

mulheres. O exame restringiu-se, no coletivo, à

palpação obstétrica, verificação da altura do fundo

uterino e ausculta do batimento cardíaco fetal (BCF).

Esse momento desperta grande euforia nas mulheres,

pois dá a elas a apropriação sobre o seu corpo e o

desenvolvimento de seu filho. Vale ressaltar que as

mamas e genitália são examinadas na consulta

individual. Essa consulta tem o mesmo valor de uma

consulta individual, uma vez que é registrado no cartão

e prontuário da gestante todos os parâmetros e

condutas obstétricos (e quaisquer outros dados sobre

a mulher), preconizados em uma assistência pré-natal.

Cabe salientar, ainda, que as Consultas Coletivas

são realizadas após as mulheres terem sido assistidas,

no mínimo, em uma Consulta Individual. Além disso, a

prévia comunicação sobre a Consulta Coletiva lhes garante

o direito de não desejar participar da mesma.

DISCUTINDO A CONSULTA COLETIVA

Nessa consulta, as mulheres têm a

possibilidade de reforçar a auto-estima, desenvolver

o autocuidado e conhecer melhor seu corpo e seus

direitos trocar experiências, sentimentos,

sentirem-se sentirem-seguras, perceberem que os problemas são

comuns e que não estão sozinhas(6-7).

Essa forma de pensar e agir a assistência à

gestante reporta a um outro pensamento: “tudo o que

se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e

diferentes situações de trocas entre pessoas, com o corpo,

com a consciência, com o corpo-e-a-consciência. As

pessoas convivem umas com as outras e o saber flui...”(8).

Entende-se que, com a Consulta Coletiva,

será possível à mulher ter nova visão do seu papel

social, da sua sexualidade como prazer e não só para

a reprodução ou como objeto de consumo e sim como

agente transformador da realidade.

Concomitantemente, pretende contribuir para a

humanização da assistência pré-natal, ao entendê-la

como rico contexto de relacionamento interpessoal e

não como simples procedimento técnico(4,9-10).

Caracteriza-se como inovação metodológica

assistencial que pressupõe prática humanizada, calcada

na valorização do saber da mulher, na socialização de

conhecimentos (popular e científico) e experiências, na

quebra da hierarquia social. É adotada, portanto, postura

Consulta coletiva de pré-natal...

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de igualdade para com o grupo, estimulando a igualdade

e a solidariedade entre elas. Concomitantemente, há a

preocupação de inculcar na mulher a posição de

protagonista desse atendimento. Outro ponto a ser

ressaltado, acerca da conduta do profissional de saúde,

diz respeito à necessidade de se conhecer e se interessar

pelo contexto e vivências de cada mulher, ajudando-a

na construção de sua maternidade e sua saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, é possível considerar que

a Consulta Coletiva está intimamente ligada ao

princípio da integralidade, o qual, segundo o Programa

de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),

significa prática que atenda todas as necessidades

de saúde do indivíduo ou do grupo em questão,

favorecendo a prevenção e promoção da saúde em

âmbito coletivo. Portanto, a Consulta Coletiva, em

conjunto com a consulta individual, contribui para a

expansão da cobertura pré-natal, bem como para o

atendimento integral da mulher. Com essa inovação

metodológica, acredita-se estar contribuindo para se

caminhar no sentido da ruptura do paradigma

assistencial-biomédico e concretizar assistência

humanizada que valorize verdadeira e efetivamente

a mulher em sua integralidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. Penna LHG, Progianti JM, Correa LM. Enfermagem Obstétrica no Acompanhamento Pré-Natal. Rev Bras Enfermagem 1999 julho-setembro; 52(3):385-90. 2. Ministério da Saúde (BR). Assistência Pré-Natal - Manual Técnico. 3ª ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2000. 3. Oba MDV, Tavares MSG, Aspectos positivos e negativos da assistência pré-natal no município de Ribeirão Preto-SP. Rev Latino-am Enfermagem 2000 abril; 8(2):11-7. 4. Casate JC, Corrêa AK. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na literatura de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2005 janeiro-fevereiro; 13(1):105-11.

5. Serruya SJ, Lago TG, Cecatti JG. O panorama da atenção pré-natal no Brasil e o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento. Rev Bras Saude Mater Infant 2004 julho-setembro, 4(3):269-79.

6. Assis M. Educação e Saúde e Qualidade de Vida: para além dos modelos, a busca da comunicação. Rio de Janeiro (RJ): UERJ/IMS; 1998.

7. Vasconcelos EM. Educação Popular nos Serviços de Saúde. São Paulo (SP): HUCITEC; 1989.

8. Brandão CR. O que é Educação. 9ª ed. São Paulo (SP): Brasiliense; 1983.

9. Silva MG. A consulta de enfermagem no contexto da comunicação interpessoal - a percepção do cliente. Rev Latino-am Enfermagem 1998 janeiro; 6(1):27-31.

10. Deslandes SF, Ayres JRCM. Humanização e cuidado em saúde. Ciênc Saúde Coletiva 2005 julho-setembro, 10(3):510.

Recebido em: 29.4.2007 Aprovado em: 7.11.2007

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