RABDOMIÓILISE SECUNDÁRIA A ACIDENTE OFÍDICO CROTÁLICO
(CROTALUS DURISSUS TERRIFICUS)
Renato Almeida MAGALHÃES ( 2 ) , Maria Mônica Freitas R I B E I R O (4), N i l t o n Alves de R E Z E N D E (3) & Carlos Faria Santos AMARAL (1)
R E S U M O
Relatam-se dois casos de rabdomiólise secundária a envenenamento produzido
por Crotalus durissus terrificus. O diagnóstico da rabdomiólise baseou-se na
mial-gia intensa e generalizada apresentada pelos pacientes e na constatação de níveis
séricos elevados de CPK, TGO e DHL. A confirmação do diagnóstico foi obtida
no caso n.° 2 pela detecção de mioglobina no soro através de imunoeletroforese
contra soro antimioglobina humana e por biópsia muscular. Esse paciente
desen-volveu também, como complicação do envenenamento ofídico, quadro clínico
e
laboratorial de insuficiência renal aguda. Essa complicação foi atribuída à ação
nefrotóxica e hemolítica do veneno crotálico e à hipotensão arterial apresentada
pelo paciente, não se afastando a possibilidade de que a rabdomiólise tenha sido
um fator contribuinte para a sua instalação. Foram constatadas hipocalcemla,
hiperuricemia e hiperfosfatemia grave na fase oligúria da insuficiência renal
agu-da, alterações peculiares quando essa condição está associada à rabdomiólise.
U N I T E R M O S :
Acidente ofídico —
Crotalusd.
terrificusrabdomiólise
I N T R O D U Ç Ã O
As complicações classicamente descritas
nos acidentes produzidos por Crotalus durissus
terríficus são a insuficiência renal aguda
3,4,7,w^s, insuficiência respiratória aguda i.i?,
dis-túrbios da coagulação
2, hipotensão arterial e
choque que decorrem das ações nefrotóxica
13,
neurotóxica ^, hemolítica
2 1e coagulante
8do
ve-neno dessa serpente.
A rabdomiólise associada à insuficiência
re-nal aguda
é
uma complicação observada nos
acidentes produzidos por serpentes marinhas
1 S-1 9
.
2 Íe elapídicas
1 5e só recentemente foi
relata-da no envenenamento produzido por Crotalus
durissus terríficus
s.
Neste trabalho são analisados dois novos
casos de rabdomiólise secundária e acidente
ofídico produzido por Crotalus durissus
terrí-ficus.
RELATO D O S CASOS
Caso n.° 1 — LFM, 14 anos, masculino, faio
derma, lavrador, residente em Crucilândia (MG)
Trabalho realizado n o Centro de Tratamento Intensivo d o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. (1) Professor Adjunto d o Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Chefe d o Centro de Tratamento Intensivo d o Hospital das Clínicas da Universidade Federal d e Minas Gerais (2) Professor Assistente do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Médico do Corpo Clínico Permanente d o Centro de Tratamento Intensivo d o Hospital das Clínicas d a Univer-sidade Federai de Minas Gerais
(3) Professor Auxiliar d o Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais. Médico d o Corpo Clínico Permanente d o Centro de Tratamento Intensivo d o Hospital d a s Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais
foi picado na região posterior da perna
esquer-da por serpente que não conseguiu identificar,
por volta das 15 horas do dia 28/10/84.
Apresen-tou dor discreta e pequeno sangramento no
lo-cal da picada. Três horas após o acidente,
co-meçou a apresentar visão turva, cefaléia e dor
muscular generalizada que o impediu de
dor-mir. Cerca de 24 horas depois, foi atendido em
serviço médico de urgência onde recebeu 180
UI de soro anticrotálico por via endovenosa.
Notou-se urina de coloração acastanhada e o
exame de rotina mostrou pH 8,0, densidade 1032,
proteínas +++, hemoglobina ++++, glicose ++,
células epiteliais 3p/c, cilindros hialinos 4p/c,
piócitos 3p/c e flora bacteriana aumentada. O
tempo de coagulação foi superior a 40 minutos.
Devido à suspeita de comprometimento renal
foi transferido para o CTI do Hospital das
Clí-nicas da UFMG. O exame clínico à admissão
no CTI revelou paciente sonolento, atendendo
ao comando verbal, com ptose palpebral e
mi-dríase bilaterais, diplopia e dor muscular
in-tensa à palpação dos diversos grupos
muscula-res. Estava acianótico e anictérico, com
muco-sas normocoradas, conjuntivas oculares
hipe-remiadas, extremidades quentes e bem
perfun-didas e com hiperemia discreta e dois pontos
hemorrágicos no local da picada. A
expansibi-lidade torácica era simétrica, a ausculta
pulmo-nar normal e a freqüência respiratória 26 irm.
As bulhas cardíacas e os pulsos estavam
nor-mais, a freqüência cardíaca era 100 bpm e a
pressão arterial 120/70 mmHg. Os exames Iabo
ratoriais realizados à admissão mostraram
he-moglobina 141 g%, hematócrito 44%,
hemá-cias 4,9 X lOVmm
3, leucócitos 15.200/mm
3(bas-tonetes 1%, segmentados 93%, Iinfdcitos 5%,
monócitos 1%) com granulações tóxicas nos
neutrófilos, plaquetas 210.000/mm
3atividade de
protrombina 28%, tempo parcial de
trombo-plastina 45s (controle 27s), fíbrinogênio 220
mg%, uréia 40 mg%, creatinina 09 mg%,
gli-cemia 129 mg%, sódio 130 mEq/L, potássio 4,3
mEq/L, cloretos 95 mEq/L,
creatinofosfoquina-se (CPK) 12390 mTJ/ml, dehidrogenacreatinofosfoquina-se lática
(DHL) 3O50 mU/ml. O eletrocardiograma e o
estudo radiológico do tórax não revelaram
anor-malidades. Iniciou-se a administração de
solu-ções eletrolíticas e de bicarbonato por via
pa-renteral objetivando a prevenção de
insuficiên-cia renal aguda. Nas horas subseqüentes à
in-ternação no CTI, o paciente apresentou
depres-são progressiva do estado mental
acompanha-da de períodos de bradipnéia, no sendo, contu
do, necessária a ventilação artificial prolongada.
Evoluiu com melhora progressiva do estado
mental e do padrão respiratório e com redução
parcial da mialgia e da ptose palpebral
bilate-ral, mantendo diplopia e turvação da visão. No
segundo dia de internação, recebeu alta do CTI
para uma enfermaria de cuidados
intermediá-rios. Nesse dia, a pesquisa de mioglobina
atra-vés de imunoeletroforese do soro contra soro
antimioglobina humana foi negativa. O exame
de rotina da urina revelou pH 8,0, densidade
1005, hemoglobina ++, epitélios 1 pc, raras
he-mácias por campo, cristais de fosfato amorfo,
cilindros hialinos 5 p/c, granulosos 2 p/c e
flo-ra normal.
Na enfermaria, o paciente evoluiu com
re-gressão progressiva dos sinais de
comprome-timento neurológico e da mialgia, recebendo
al-ta assintomático no 8." dia após a picada. A
evolução das dosagens de CPK, TGO, DHL,
uréia e creatinina realizadas durante a
interna-ção do paciente encontra-se no Quadro
I.
Caso n.° 2 — LM, 37 anos, masculino,
me-lanoderma, servente de pedreiro, residente em
Sete Lagoas (MG) foi picado por
Crotalusdu-rissus terrificus no dorso do pé esquerdo às
08:00 hs. de 10-03-85. Logo após a picada,
apre-sentou ptose palpebral e visão turva e 14 horas
após a mesma, recebeu 6 ampolas de soro antio.
fídico não especificado, quatro por via
subcu-tânea e duas por via venosa. No dia seguinte
ao acidente passou a apresentar urina
averme-lhada, oligúria seguida de anúria, sendo
inter-nado no CTI do HC-UFMG com suspeita
diag-nostica de insuficiência renal aguda. Ao ser
plaquetas lSO.OOO/mm». atividade de
protrom-bina 50%, PTT 30 s (controle = 30 s>,
fibrino-gênio 375 mg%, uréia 90 mg%, creatinina 4,9
mg%, glicose 126 mg%, Na+ 136 mEq/L, K+ 6,6
mEq/L, Cl - 95 mEq/L, CPK 30.500 mU/ml, TGO
1.900 mU/ml, TGP 1.350 mU/ml, DHL 3.690
mU/ml, pH arterial 7.198, PaCO, 27,8 torr, Pa0
284,5 torr, BE — 13,0 mEq/1, bicarbonato padrão
132 mEq/. O ECG mostrou ondas T
ponteagu-das e com base estreita e a radiografia do tórax
revelou aumento da trama vascular pulmonar.
A imunoeletrotorese contra soro
antimioglobi-na humaantimioglobi-na com amostras de soro colhidas no
2." e 5.° dias após a picada foi negativa mas
mos-trou-se positiva ao se diluir o soro das amostras
para 1:2, 1:4, 1:8 e 1:16.
A pressão arterial elevou-se para 120 80
mmHg com a infusão parenteral de líquidos
Foi passada sonda vesical e constatou-se
au-sência de diurese e não houve resposta
diuréti-ca após a administração endovenosa de 200 mg
de furosemida. Iniciou-se a diálise peritoneal
devido à hiperpotassemia, acídose metabólica
grave e elevação dos níveis séricos de uréia e
creatinina, No terceiro dia de internação no
CTI o paciente desenvolveu edema muscular
progressivo, regredindo a partir do 12° dia.
Nes-sa ocasião foi submetido a uma biópsia
muscu-lar do deltóide direito que revelou raros focos
tíe necrose de fibras musculares isoladas
carac-terizados por homogeneização, floculação e
fragmentação do sarcoplasma, com infiltrado
granulocitico discreto (Pig. 1).
O paciente apresentou como complicações
anemia e hipertensão arterial controlada com
o emprego de alfa metil-dopa. Permaneceu em
oligoanúria durante 16 dias, desenvolvendo a
seguir franca poliüria, sendo a diálise suspensa
no 20.* dia de internação. Recebeu alta do CTI
para uma enfermaria de cuidados intermedia
rios onde evoluiu com queda progressiva dos
níveis séricos de uréia e creatinina, recebendo
alta hospitalar no 40.° dia após o acidente of ídico
mg% e depuração de creatinina 48 ml/min. A
evolução das dosagens séricas de CPK, TGO,
DHL, uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo e
cálcio encontra-se no Quadro I.
DISCUSSÃO
A rabdomiólise é uma síndrome
clínico-la-boratorial de múltiplas etiologias resultantes
de lesão muscular esquelética com liberação
do conteúdo celular para o plasma
] 0. Nos
en-venenamentos ofídicos, foi inicialmente
reco-nhecida nos acidentes produzidos por serpentes
marinhas
18,1944.Posteriormente verificou-se
que o veneno elapídico também pode ocasionar
lesão muscular aguda
1 2.
1 5. Só recentemente
es-ta complicação foi observada no
envenenamen-to produzido por Cr o talus durissus terrificus
5.
O diagnóstico clínico de rabdomiólise pode
ser suspeitado quando o paciente apresenta
mialgia e edema muscular. Entretanto, cerca de
50% dos casos são assintomáticos, podendo o
diagnóstico passar despercebido. Nestes casos,
a suspeita diagnostica é despertada pela
cons-tatação de níveis plasmáticos elevados de
crea-tinofosfoquinase (CPK). Considera-se que
a
rab-domiólise está presente quando existe elevação
de no mínimo cinco vezes o valor normal de
CPK no plasma, estudando excluídos o
infar-to agudo do miocárdio e o acidente vascular
cerebral
io.n.14. Aconfirmação do diagnóstico
é obtida pela detecção de mioglobina através
de imunoeletroforese do soro e da urina feita
contra soro antimioglobina humana. Entretanto,
a ausência de mioglobina na urina não exclui o
diagnóstico de rabdomiólise pois
a
mioglobinú-ria costuma ser fugaz e depende da
concentra-ção plasmática de mioglobina, do ritmo de
fil-tração glomerular e do fluxo urinário
w. A
rea-ção de ortotoluídina, positiva para o radical
heme, não permite diferenciar hemoglobinuria
de mioglobinúria. Clinicamente, também não
é possível diferenciá-las, pois ambas podem
ocasionar coloração avermelhada ou
acastanha-da acastanha-da urina. A biópsia muscular também pode
confirmar o diagnóstico de rabdomiólise.
To-davia, a ausência de alterações histológicas não
afasta o diagnóstico, pois o quadro
anatomopa-tológico varia desde aparência normal até
ne-crose extensa das fibras musculares
n.
Embora nos dois casos relatados
a
serpen-te não serpen-tenha sido capturada para exame, o
pa-ciente do caso n.° 2 informou ter sido picado
pe-la cascavel sul-americana e ambos os pacientes
apresentarem os sinais classicamente descritos
de envenenamento produzido por Crotahis
du*
rissus terrificus
2 0; alteração na cor da urina,
hemoglofoinúria (caso n.° 1), insuficiência renal
aguda (caso n.° 2), alterações do estado
men-tal, ptose palpebral bilateral, oftalmoplegia e
fraqueza muscular, com mínimas alterações no
local da picada.
O diagnóstico de rabdomiólise nos casos
relatados foi suspeitado clinicamente em
de-corrência da mialgia intensa e generalizada. No
caso n.° 2, essa suspeita foi reforçada pelo
de-senvolvimento de edema muscular acentuado.
Ambos apresentaram elevação expressiva dos
níveis séricos de CPK, TGO e DHL (Quadro I).
A pesquisa de mioglobina no soro através da
imunoeletroforese contra soro antimioglobina
humana foi negativa nos dois pacientes.
En-tretanto, no caso n." 2 a biópsia muscular
rea-lizada no 12.° dia após o acidente ofídioo
reve-lou raros focos de necrose de fibras
muscula-res isoladas, caracterizados por
homogeneiza-ção, floculação e fragmentação do sarcoplasma,
com infiltrado granulocítico discreto. Em vista
destes achados, a imunoeletroforese para
pes-quisa de mioglobina, utilizando-se diluições
crescentes (1:2, 1:4, 1:8 e 1:16) das mesmas
amostras de soro do referido paciente,
mostrou-se positiva. A negatividade da reação no soro
não diluído foi interpretada como decorrente
do excesso de antígenos e não se pode afastar
a possibilidade de que esse fenômeno possa ter
ocorrido no caso n." 1 cuja reação também foi
negativa.
A patogênese da IRA no envenenamento
crotálico não se encontra estabelecida. Esta
complicação tem sido atribuída às ações,
ne-frotóxica
1 3e hemolítica
2 1do veneno, à
a picada com elevação progressiva dos níveis
séricos de uréia e creatinina.
A associação de rabdomiólise com IRA
es-tá bem estabelecida, estimando-se sua presença
em cinco a sete por cento dos casos de IRA
9.
A patogênese da IRA associada à
rabdomióli-se não rabdomióli-se encontra elucidada. Entre os
meca-nismos propostos para explicá-la relacionam-se
a obstrução tubular por cilindros de
mioglo-bina e a lesão tóxica direta dos túbulos renais
pelo miopigmento, ocasionando difusão do
fil-trado glomerular para o interstício. Por outro
lado, fatores como a desidratação, hipotensão
arterial, choque e acidose metabólica podem
estar associados à rabdomiólise e contribuir
para a instalação da lesão renal. Esta
hipóte-se é reforçada quando hipóte-se verifica em modelos
experimentais que a lesão renal só ocorre na
presença de desidratação
6. No caso n.° 2, além
dos mecanismos habitualmente propostos para
explicar a patogênese da IRA no
envenenamen-to crotálico, não se pode afastar a possibilidade
de que a rabdomiólise tenha sido um fator
con-tribuinte para a instalação dessa complicação.
Constatou-se a presença de hipocalcemia,
hi-peruricemia e hiperfosfatemia significativas na
fase oligúrica da IRA, altecações estas
peculia-res quando essa condição está associada à
rab-domiólise
1 Q.
l â. Estes distúrbios foram também
observados nos dois casos relatados
previamen-te de IRA e rabdomiólise decorrenpreviamen-tes de
enve-nenamento por Crotalus durissus t e r r í f i c u s5.
Os pacientes dos casos relatados
recebe-ram soro antiofldico após o acidente crotálico
A ineficácia do soro em prevenir a instalação
das complicações apresentadas pelos mesmos
pode ser explicada pelo tempo decorrido entre
a picada e a administração do soro e/ou por
dose inadequada do mesmo.
A real incidência de rabdomiólise nos
enve-nenamentos produzidos por
Crotalus durissus terríficuse seu papel na patogênese das
com-plicações renais observadas nesses acidentes
en-contram-se por ser estabelecidas.
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SUMMARY
Rhabdomyolysis following Crotalus durissus
terríficus
s n a k e b i t eThis paper reports two cases
of
rhabdo-myolysis following Crotalus durissus terríficus
snake bite. The diagnosis of rhabdomyolysis
was based upon the presence of severe muscle
pain and increased blood levels of CPK, GOT
and LDH. In case 2 it was confirmed by the
detection of myoglobinemia through serum
Immunoelectrophoresis
carried out against
anti-human myoglobin serum and by a muscle
biop-sy. This patient- also developed acute renal
fai-lure following the snake bite. This
complica-tion was attributed to the nephrotoxic and
he-molytic venom actions and to the arterial
hy-potension presented by the patient. The
possibi-lity that in this case rhabdomyolysis was also
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