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Peça por peça: sistematização de um programa de responsabilidade social

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

PEÇA POR PEÇA:

SISTEMATIZAÇÃO DE UM PROGRAMA DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

JOSÉ ANTÔNIO FARES

(2)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

TÍTULO

PEÇA

POR

PEÇA:

SISTEMATIZAÇÃO DE UM PROGRAMA DE

RESPONSABILIDADE SOCIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

JOSÉ ANTÔNIO F ARES

E

APROVADO EM 30 I 08 I 2002

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

FERNANDO GUIL

DOUTOR M ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

DEBORAH MORAES ZOUAlN

DOUTORA EM ENGENHARJA DA PRODUÇÃO

(3)

1. INTRODUÇÃO ... 01

1.1 . Metodologia ... 05

1.1.1. Universo da Amostra ... 06

1.1.2 . Coleta de Dados ... 06

1.1.3. Tratamento dos Dados ... 07

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ... 08

2.1. Terceiro Setor... ... 1 O 2.2. Responsabilidade Social das Empresas ... 15

2.2.I.Responsabilidade Social das Empresas:O Foco no Público Interno e na Comunidade ... .21

2.3. Desenvolvimento Sustentável. ... 24

2.4. Educação e Desenvolvimento Sustentável. ... 37

2.5. Flexibilização Organizacional. ... ..42

3.REFERENCIAL PRÁTICO ... ... .46

3.1. Apresentação ... ..46

3.2. Projeto Peça por Peça ... .46

4. PEÇA POR PEÇA: A SISTEMATIZAÇÃO DE UM PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL - PROJETO BOSCH.. . ... .49

4.1. Breve Histórico da Robert Bosch.Limitada ... 49

4.2. Peça por Peça - Projeto Bosch ... 51

4.3. Os Equipamentos Públicos da Vila Verde ... 53

4.4. Outros Grupos da Comunidade ... 53

4.5 .. Primeiras Ações para a Base do Trabalho Desenvolvido na Vila Verde ... 55

5. RESULTADOS ... 60

5.1. Pesquisa Socioeconômica Realizada na Comunidade Vila Verde ... 60

5.2. Pesquisa com os Principais Equipamentos da Vila Verde Depois de Algumas Ações Realizadas Durante o Ano de 2001 ... 78

5.3. Pesquisa com os Voluntários Bosch Depois de Algumas Ações Realizadas Durante o Ano de 2001 ... 80

5.4. Resultados Gerais. Do Projeto Peça por Peça ... 82

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 98

(4)
(5)

o

objetivo da dissertação foi analisar o processo de desenvolvimento e a aplicação de

ações sociais e trabalho voluntário, que demonstram a preocupação da empresa com o seu

papel social, através de uma participação mais ativa, concreta e efetiva, influenciando na

ocorrência das mudanças que a sociedade necessita. O foco do estudo foi analisar um

dessas empresas, notadamente a Robert Bosch Limitada, de capital alemão, radicada no

Brasil desde o início da década de 1950. Sendo considerada, mais especificamente, uma

de suas unidades, localizada no Paraná desde 1975. A Bosch Curitiba, através da

implementação de um programa de ação social baseado principalmente na educação e no

desenvolvimento sustentável, pretendeu criar condições para que a comunidade de um

bairro da periferia de Curitiba pudesse identificar oportunidades de desenvolvimento

econômico e social. Esta dissertação é o resultado dessa discussão e se desenvolveu por

meio de um programa de ação social que evidencia a importância da participação ativa da

empresa na comunidade, baseada em projetos que evidenciam a educação como a essência

para o desenvolvimento social. A Vila Verde, comunidade da periferia de Curitiba, foi

escolhida pela empresa para implantar o programa de responsabilidade social (Peça por

Peça). Nessa comunidade, o foco principal foram os membros da faixa etária de O a 18 anos. O programa, portanto, teve a participação de uma empresa, dos seus colaboradores,

como voluntários, e das escolas da comunidade envolvida. A coleta dos dados deu-se por

diferentes procedimentos: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, observação

participante e entrevistas. Os dados qualitativos foram comparados, e foram apresentados

em forma de relatório. Os dados quantitativos foram tabulados e avaliados, servindo de

apoio e confirmação aos resultados apresentados pela análise dos dados quantitativos. A

atuação do programa social, Peça por Peça, foi no sentido de sensibilizar, estimular e criar

condições de conscientizar os envolvidos que as mudanças necessárias somente serão

efetivas na medida em que aumentar o seu nível de comprometimento, ou seja, tomar-se

uma população capaz de se organizar e de preservar e defender seus interesses e anseios,

desenvolvendo seu papel natural do exercício da cidadania e de uma convivência social

que assegure direitos básicos para qualquer processo e evolução de uma sociedade.

Sistematizar um programa de responsabilidade social, mais do que pretender criar

(6)

reflete na falta de uma sistemática de trabalho, com metas, monitoramento, resultados

esperados, com um planejamento estratégico que projete as ações a curto, médio e longo

prazo. Isso também é uma evidência de que um projeto social não direcionado para

atividades assistencialistas, mas sim para a busca de exercer efetivamente a

responsabilidade social, não deve ter no fator tempo a principal referência de sucesso do

empreendimento, mas sim de pequenas ações de melhoria de forma continuada e

(7)

of social actions and voluntary work, that demonstrate the concern of the company with

its social responsibility through a more active participation, concrete and accomplish,

influencing in the occurrence of the changes that the society needs. The focus of the

study was to analyze one of these companies, the Robert Bosch Limited, of German

capital, consolidated in Brazil since the beginning of the decade of 1950. Being

considered, more specifically, one of its units, located in the Paraná since 1975, The

Bosch Curitiba, through the implementation of a program of social action based mainly

in the education and the sustainable development, intended to create conditions so that

the community of a district located near from Curitiba could identify chances of

economic and social development. This thesis is the result of this discussion and was

developed by means of a program of social action that evidences the importance of the

active participation of the company in the community, based in plans that evidence the

education as the essence for the social development. The Green Village, community of

the periphery of Curitiba, was chosen by the company to implant the program of social

responsibility (Piece by Piece). In this community, the main focus was members who

were O to 18 years old. Therefore, the program had the participation of a company, its

collaborators, as voluntary, and of the schools of the involved community. The

collection of the data was given for ditTerent procedures: bibliographical research,

documentary research, participant comment and interviews. The qualitative data had

been compared, and had been presented in report formo The quantitative data had been

tabulated and evaluated, serving of bracket and confirmation to the results presented for

the analysis of the quantitative data. The performance of the social program, Piece by

Piece was in the direction to sensitize, to stimulate and to create conditions to acquire

knowledge in the involved ones that the necessary changes will only be effective in the

measure where to magnify its leveI of compromise, or to become a capable population

of its organizing and preserving and to defend its interests and yearnings, developing its

natural character of the exerci se of the citizenship and a social contact that assures basic

rights for any process and evolution of a society. More of the one than to intend to

create innovative solutions, systemize a program of social responsibility searchs to

consolidate one other estimated, where the majority ofthe implemented social activities,

being benevolent or not, hardly support itself ,but always if it reflects in the lack of a

(8)

to exert the social responsibility effectively, must not have in the factor time the main

reference of success of the enterprise, but of small actions of improvement of continued

(9)

Na era da informação e da nova economia globalizada, são profundas as mudanças no modo

de a sociedade se organizar. Redefine-se a noção de cidadania, e, por conseqüência, há um

crescimento acentuado do chamado Terceiro Setor, com a proliferação das organizações não

-governamentais.

A gestão empresarial, por sua vez, que tinha como referência apenas os interesses dos

acionistas, revela-se insuficiente nesse novo contexto. Ela requer uma gestão balizada pelos

interesses e as contribuições de um conjunto maior das partes interessadas. O desafio das

empresas de conquistar níveis cada vez maiores de competitividade as leva a uma

preocupação crescente e ineversível com a legitimidade social de sua atuação. A busca da

excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e a

sustentabilidade econômica, social e ambiental.

A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de

desenvolvimento, que sejam agentes de uma nova cultura, atores de mudança social e

construtores de uma sociedade melhor. A classe empresarial tem demonstrado essa

preocupação, crescendo o interesse em fazer parte desse processo que vem se desenvolvendo

gradativamente, vindo ao encontro das expectativas da sociedade brasileira.

Para engajar pessoas, acredita-se ser prioritário atender a suas necessidades sociais no local

(10)

social passou nos últimos anos a influenciar significativamente as relações empresariais e sua

gestão dos negócios.

No cenário de grandes transformações com que se deparam as organizações nas últimas

décadas, a mudança é algo que faz parte da rotina de nossa sociedade. No Brasil, como país

emergente, a segunda metade dos anos 1980 correspondeu ao aprofundamento da

globalização, impondo a busca de novas formas de inserção no sistema internacional.

Ao longo da década de 1990, ocorreram programas de estabilização da moeda e reformas

orientadas para o mercado, tais como privatização, liberação econômica e abertura ao

mercado externo, além de sinais evidentes de que as questões sociais e ambientais passaram a

fazer parte integrante das prioridades dessa nova ordem mundial.

Também no que se refere às relações de trabalho, historicamente as práticas na área

trabalhista e sindical no Brasil basearam-se em um estilo assistencialista, em que a

participação sindical é muitas vezes reconhecida mais por suas conquistas assistenciais

básicas, do que por seu poder de mobilização da categoria que representa. A remuneração

direta, em alguns casos, é um somatório do salário e de outras formas de recompensa

assistencial para minimizar problemas sociais emergente (cesta básica, vale mercado, vale

-transporte, doações etc.).

As empresas, principalmente as de grande porte, acabaram assumindo um papel que

originalmente cabia ao poder público, no tocante à concessão de benefícios ligados às áreas de

educação e saúde. Dessa forma, em questões sociais, muitas vezes o papel da empresa

(11)

o

objeto desta dissertação é analisar uma dessas empresas, notadamente a Robert Bosch

Limitada, de capital alemão, radicada no Brasil desde o início da década de 1950. Será

considerada, mais especificamente, uma de suas unidades, localizada no Paraná desde 1975.

O foco do estudo é analisar o processo de desenvolvimento e a aplicação de ações sociais e

trabalho voluntário, que demonstram a preocupação da empresa com o seu papel social,

através de uma participação mais ativa, concreta e efetiva, influenciando na ocorrência das

mudanças de que a sociedade tanto necessita.

A Bosch Curitiba, através da implementação de um programa de ação social baseado

principalmente no desenvolvimento sustentável e na educação, pretende criar condições para

que a comunidade de um bairro da periferia de Curitiba possa identificar oportunidades de

desenvolvimento econômico e social.

Esta dissertação é resultado dessa discussão e se desenvolve por meio de um programa de

ação social que evidencia a importância da participação ativa da empresa na comunidade,

baseada em projetos que evidenciam a educação como a essência para o desenvolvimento

social.

A relevância deste estudo está associada ao redesenho de funções tradicionalmente exercidas

pelas diferentes instâncias do governo para a iniciativa privada e a sociedade civil organizada,

em decorrência da crise financeira do Estado brasileiro, da manipulação de vários serviços

sociais, da predominância do modelo político e econômico dos últimos anos e do crescimento

(12)

A partir da conscientização de todas as partes envolvidas nesse redesenho da responsabilidade

social, abre-se a possibilidade do desenvolvimento e da implementação de programas sociais

que beneficiam diretamente as organizações e comunidades envolvidas.

Além de um enfoque ético na busca de um desenvolvimento sustentável de ampliação do raio

de atuação empresarial, os investimentos sociais da iniciativa privada vêm sendo vinculados

às estratégias competitivas das organizações, principalmente por seus efeitos em políticas de

recursos humanos e no fortalecimento adquirido pelas marcas, produtos e serviços associados

a posturas socialmente responsáveis. Observa-se atualmente um envolvimento de significativa

parcela do empresariado nacional com questões e práticas relacionadas ao exercício da

responsabilidade social corporativa. O interesse por estudos e experiências nesse assunto

cresce a cada dia.

A forma como as ações sociais da Bosch serão implementadas deve ser pioneira no Paraná,

em termos de desenvolvimento e aplicação de projetos sociais sistematizados com suporte e

participação conjunta dos funcionários, como voluntários, que demonstram também sua

preocupação com o adequado equilíbrio da responsabilidade social empresarial, tanto nas

ações internas através do envolvimento dos funcionários e de uma política de Recursos

Humanos coerente com seu valores e práticas sociais, como também com participação ativa

nas mudanças na comunidade em que está inserida, que são relevantes para o

desenvolvimento da cidadania neste país.

Em outra vertente, tipicamente acadêmica, soma esforços para a construção de um referencial

(13)

sustentável no Brasil. A partir do exposto, pode-se observar a importância da contribuição

desse estudo, que se iniciou em agosto de 2000 e está sendo desenvolvido na cidade de

Curitiba, no estado do Paraná. Seus resultados até o momento estão reunidos nesta

dissertação.

1.1 METODOLOGIA

o

trabalho proposto segue a metodologia da pesquisa de ação. Teve início com uma fase

exploratória em que se consultaram documentos, pesquisou-se o campo em que se

desenvolveu e discutiu-se com representantes dos envolvidos no processo.

Depois da fase exploratória, formularam-se o problema e os objetivos a serem alcançados

pela pesquisa. A hipótese foi então construída.

Essa fase serviu de base para a realização de seminários entre os membros da equipe e entre

estes e os representantes dos envolvidos. Partiu-se então para a coleta de dados e informações

e sua posterior análise. Elaborou-se o referencial teórico e prático. Findo esse

processo,empreendeu-se o planejamento da ação proposta, que é o objetivo final deste

(14)

11.1 Universo da Amostra

o

UnIverso a ser pesquisado foi a Vila Verde, bairro da periferia de Curitiba situado nas

proximidades da Bosch. Nessa comunidade, o foco principal foram os membros da faixa

etária de O a 18 anos.

1.1.2 Coleta de Dados

A coleta dos dados deu-se por meio de diferentes procedimentos:

Pesquisa Bibliográfica. Foram pesquisadas fontes bibliográficas para a estruturação do

referencial teórico do trabalho, em áreas correlatas ao assunto estudado, como:

responsabilidade social, educação, desenvolvimento sustentável, administração e

flexibilização organizacional.

Pesquisa Documental. Foram utilizados documentos oficiais da empresa e, eventualmente, da

comunidade, que contendo informações sobre os programas, suas aplicações e resultados.

Observação Participante. Ocorreu por melO de participação nas atividades internas das

organizações e nos programas aplicados na comunidade, procurando preservar a

(15)

Entrevistas. Foram coletadas informações dos responsáveis pela execução dos projetos, dos

diretores da empresa, dos representantes dos trabalhadores e dos líderes da comunidade

através de entrevistas informais ou estruturadas, dependendo de cada caso.

1.1.3 Tratamento dos Dados

Os dados qualitativos foram comparados, e terão conclusão apresentada em forma de

relatório. Os dados quantitativos foram tabulados e avaliados, servindo de apOlO e

confirmação aos resultados apresentados pela análise dos dados qualitativos.

Projetou-se a obtenção de uma grande quantidade de dados tratados à medida que foram

sendo obtidos, ocorrendo alterações das ferramentas e dos procedimentos de coleta durante o

processo de construção do projeto. Paralelamente ao tratamento desses dados, deu-se o

(16)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Os séculos XX e XXI, ainda no início, têm sido palco de grandes realizações no campo do

saber e, mais especificamente, na Administração. Surgiram estudos administrativos

analisando a organização como uma unidade social em que interagem grupos SOCIaIS,

surgindo, entre outros, a preocupação com o bem-estar dos trabalhadores.

A busca de maior eficiência nas empresas exigiu a reconsideração das relações e aspirações

dos elementos humanos na organização. A humanização dos conceitos administrativos se

apresentou como mais adequada às novas exigências do mercado, ressaltando a importância

da consideração conjunta dos fatores humanos e materiais para a avaliação da produtividade

no trabalho.

Segundo Mcintosh (2001), nas maiores economias do mundo tem havido, nos últimos anos,

uma superabundância de livros, artigos e programas de TV sobre interessados e

empresas/sociedades "inclusivas" versus "exclusivas". Tanto o Partido Democrático nos

Estados Unidos quanto o Partido Trabalhista na Grã-Bretanha têm falado sobre uma

sociedade de interessados.

"Nem o envolvimento nem a inclusividade são particularmente novos ou radicais. É possível descartar o assunto como sendo apenas um modismo do momento, ou levá-lo mais a sério e reconhecer que esse assunto tem a ver com a realização dos relacionamentos entre pessoas, empresas e sociedade. Alguns países ingressaram numa era pós-industrial, a natureza de suas organizações mudou, e todos os países se engajaram no desenvolvimento de estratégias de sobrevivência na economia global" (Mcintosh, 2001:211).

A idéia de interessado e de inclusividade pode não ser nova, mas são novas as suas

(17)

desenvolvimentos profundos na forma pela qual vemos a atividade de negócios, nos

relacionamentos entre pessoas e Estado, quanto na maneira pela qual abordamos problemas

globais.Um dos principais defensores da teoria do envolvimento contemporâneo é Will

Hutton, economista e editor do The Observer, o jornal dominical mais antigo da

Grã-Bretanha. Diz ele:

"A teoria unicista é a inclusão; a pessoa é membro, cidadão e parceiro em potencial. Mas a inclusão não é uma rua de mão única; ela exige obrigações recíprocas da pessoa, bem como direitos - e em cada domínio e cada classe social. Esses direitos podem ser organizados num código voluntário ou podem ser codificados dentro da lei. As instituições que crescem desses relacionamentos fomentam relações de confiança e compromisso; elas tendem a ser grandes investidoras, atentas ao capital humano e extremamente criativas" (apud Mcintosh,2001: 212).

Uma empresa inclusiva é uma empresa que consulta e envolve uma ampla faixa de

interessados no seu processo decisório. Ela se certifica de que compreende os efeitos de suas

decisões sobre as comunidades e o meio ambiente porque se preocupa tanto com sua

lucratividade a longo prazo quanto com a saúde e a riqueza da sociedade também a longo

prazo (Mcintosh 2001).

"A empresa bem-sucedida de amanhã não pode mais ser uma instituição sem rosto que não faz nada além de vender o produto certo ao preço certo. Ela terá que se apresentar mais como se fosse uma pessoa - um ator inteligente, de caráter íntegro, que tenha julgamentos morais explícitos ao lidar com seus funcionários e com o mundo em geral" (The Economist apud Mcintosh et ali, 2001:229).

Os negócios têm um impacto na comunidade local e vIce-versa. Os assuntos SOCIaIS e

(18)

Dentro desse cenário que se aponta para as empresas, pode-se pensar no tema: terceiro setor e

responsabilidade social das empresas.

2.1. Terceiro Setor

o

Brasil convive com uma triste estatística: um terço da população do país vive abaixo da

linha da miséria. Isso significa que cerca de 54 milhões de pessoas comem mal, moram em

condições precárias e não têm possibilidades de se aperfeiçoar em uma profissão.

Essa nova ordem social surgiu em decorrência da falência do estado do bem-estar social,

principal provedor de serviços sociais aos cidadãos. A falência do Estado e o apogeu do

liberalismo, com a concepção do Estado mínimo, paralisou o Primeiro Setor, que é o próprio

Estado. Toda a expectativa de melhores serviços sociais foi canalizada para o papel do Estado

como órgão regulador desses serviços. A baixa qualidade dos serviços e os seus altos custos

só fizeram aumentar a legião dos excluídos e desassistidos. É neste momento que os

movimentos sociais, as ONGs, as igrejas e os cidadãos se mobilizam para criar uma nova

ordem social. É o advento de uma mudança radical nas relações entre Estado, empresas e

sociedade civil.

Melo Neto (2001) afirma que o Terceiro Setor não é mais o setor que se contrapõe ao governo

e ao mercado. E tampouco o ramo de atividade sem fins lucrativos. O setor constituído pelas

organizações não-governamentais, associações voluntárias ou organizações sem fins

(19)

Quem melhor identificou o surgimento desse "novo Terceiro Setor" foi Peter Drucker (1997),

que o caracterizou como uma nova esfera da economia, denominada "economia social". Para

ele, foi o setor que mais cresceu, movimentou recursos, gerou empregos, e foi o mais

lucrativo na economia norte-americana nos últimos vinte anos.

É um ramo de atividade que tem racionalidade econômica própria, regras de atuação

específicas. A economia desse setor não gira em torno de indicadores econômicos, mas de

indicadores socioeconômicos, internos e externos.

Para Neto (1999), é a nova ordem que surge, tendo como principal base:

"predomínio da ação comunitária sobre as ações estatal e empresarial;

mudanças profundas nas relações do cidadão com o governo;

surgimento de uma nova concepção de Estado;

substituição da prevalência dos interesses corporativos pela hegemonia do interesse

social;

• surgimento de novas instituições sociais;

• diminuição da influência da burocracia estatal e aumento da influência das entidades

comunitárias;

• abertura de novos canais de reivindicações sociais; e

• emergência de redes de solidariedade social"

No livro Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: O Caso Brasileiro Neto (2001)

(20)

• desenvolveu-se em decorrência da revolução na estrutura produtiva da sociedade, ocorrida

nesse final de século, responsável pela fragmentação das cadeias produtivas de diversos

setores e, consequentemente, pelo deslocamento das grandes unidades produtivas e de

suas indústrias e fornecedores satélites;

• tem nas empresas socialmente responsáveis o seu principal agente social;

• impulsiona grande mobilização do trabalho voluntário;

• apresenta foco no desenvolvimento sustentável das localidades e regiões;

• requer a adoção do modelo de parceria envolvendo governo local, empresas, ONG's e

demais entidades da sociedade civil, constituído pela formação de redes sociais;

• gera produção de "capitais sociais" distintos.

A definição de Terceiro Setor surgiu já na primeira metade do século XX nos Estados Unidos,

traduzida do inglês tlzird sector. Ele seria uma mistura dos dois setores econômicos clássicos

da sociedade: o público, representado pelo Estado, e o privado, representado pelo

empresariado em geral.

No Brasil, a expressão começa a ser usada com naturalidade por alguns círculos, como o

Grupo de Institutos Fundações e Empresas - GIFE, por exemplo., entidade criada para

organizar, sistematizar e desenvolver estratégias de ação social das empresas.

Nos Estados Unidos, costuma ser usada paralelamente a outras expressões, entre as quais duas

se destacam: "organizações sem fins lucrativos" (non profit organizations), significando um

tipo de instituição cujos benefícios financeiros não podem ser distribuídos entre seus diretores

e associados, e "organizações voluntárias", cujo sentido é complementar ao da primeira. Se o

(21)

governamental, deriva-se que sua criação seja fruto de um puro ato de vontade de seus

fundadores.

E, maIS, supõe-se ainda que durem no tempo, em grande medida graças a um conjunto

complexo de adesões e contribuições igualmente voluntárias (Fernandes, 2000).

Para Merege (1997), a noção de Terceiro Setor vem do comportamento filantrópico que a

maioria das empresas norte-americanas sempre manteve ao longo da história.

Expressões como filantropia empresarial, tão recentes no Brasil, já existem há décadas nos

Estados Unidos. Hoje, a maioria das grandes fundações filantrópicas americanas, como Ford,

Rockefeller e Carneggie, já independentes de suas empresas-mãe, tem, juntas, um patrimônio

de mais de 170 bilhões de dólares. Em um ano, gasta-se nos Estados Unidos quase um bilhão

de dólares em projetos de educação, cultura e assistência social, e não são só as empresas que

fazem esse trabalho naquele país. Lá, conclui Merege, a maioria das doações do Terceiro

Setor vem mesmo é de pessoas físicas.

No Brasil, o novo conceito é muito recente. As empresas que admitem suas responsabilidades

sociais ainda são poucas. Cidadãos que trabalham por si próprios, sem esperar a tutela do

Estado, são ainda mais raros. Algumas organizações sociais no entanto já se destacam no

desenvolvimento de projetos sociais.

Ainda segundo Merege (1997),

(22)

o

Estado, a iniciativa privada e os cidadãos reunidos em benefício de causas sociais. Essa

definição aparentemente ingênua representa um dos mais modernos conceitos econômicos

surgidos no Brasil nos últimos anos: o Terceiro Setor.

Segundo Toro (2000), todas as ações do Terceiro Setor são intervenções sociais:

"Buscam modificar modos de pensar e/ou modos de atuar e/ou modos de sentir. Se a intervenção é assistencialista, cria a dependência; se é autoritária, cria a baixa auto-estima; se é clientelista, cria uma cultura de adesão; se é democrática, cria cidadania e autonomia."

Nesse sentido, é correto afirmar que toda intervenção social ou busca de mudança supõe um

currículo e uma pedagogia. Ainda que a educação por si mesma não produza mudança, não se

consegue nenhum processo de mudança ou intervenção social sem um processo pedagógico e

educativo. É função do Terceiro Setor, no seu conjunto, construir formas de intervenção

social democráticas, que convertam os atores sociais em sujeitos sociais, ou seja, cidadãos.

Aqui entende-se como cidadão a pessoa capaz de construir, em cooperação com as outras, a

ordem social em que ela mesma quer viver e que ela quer cumprir e proteger para dignidade

de todos.

A máxima expressão da participação é a possibilidade de criar a ordem em que se quer viver:

poder fundar para si mesmo (autofundar) as normas e leis que se quer cumprir para dignidade

de todos. Participação também significa poder tomar como próprias regras e normas que

(23)

Então, segundo Toro (2000), é função do Terceiro Setor fortalecer uma pedagogia social

democrática através de todas as intervenções sociais, desde as ações de autogestão de base até

as ações de representação de grêmios e coordenação interinstitucional.

Essa função requer selecionar métodos de planificação participativos, sistemas de decisão

deliberantes e modelos de gestão com altos níveis de comunicação internos e externos.

o

campo de atuação do Terceiro Ssetor ampliou-se enormemente, não mais como um lugar de

acesso aos direitos de uma cidadania emancipatória ou de acesso aos direitos de uma

cidadania outorgada, e sim, como espaço de exercício da responsabilidade social, corporativa,

comunitária e individual, a partir de valores éticos e condutas organizacionais difundidas

pelas empresas cidadãs. Na verdade, afirma Neto (2001), é uma cidadania outorgada, pois é

passada das empresas para a comunidade.

2.2 Responsabilidade Social das Empresas

No Brasil, ainda se entende e se confunde responsabilidade social empresarial ou a cidadania

empresarial com o investimento que a empresa faz na comunidade. É muito comum a frase:

"Somos uma empresa socialmente responsável porque apoiamos detenninado projeto ou

fazemos doações para a comunidade."

(24)

Fazendo uma pequena retrospectiva, a Constituição de 1988, conhecida como Constituição

Cidadã, foi criada para conceder uma série de direitos sociais, mas o governo mostrava-se

incapaz de atender integralmente a esses direitos. A situação agravou-se no governo de

Fernando Collor de Mello, quando os seguidos escândalos desnudaram uma cultura de

corrupção que se fazia necessário expurgar do país.

Todo esse cenário chamou a atenção de um grupo de empresários, entidades e fundações, que

se reuniram para discutir a destinação de recursos privados para fins públicos, resultando na

criação do GIFE - Grupo de Instituições, Fundações e Empresas, seguido por outras

entidades, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

Segundo a revista Venda Mais (2001), o segmento cresce na proporção direta de três crises

recentes: a falência do Estado social (por ausência de recursos, estruturas e planejamento), a

crise do desenvolvimento (com a paralisação do crescimento aumenta a exclusão social) e a

degradação do meio ambiente, da segurança e da educação, rebaixando o sentimento de

cidadania.

o

conceito de responsabilidade social está se ampliando. No entanto, tudo começou com a

(25)

Empresários bem-sucedidos em seus negócios decidiram retribuir à sociedade parte dos

ganhos que obtiveram em suas empresas. Tal comportamento reflete uma vocação para a

benevolência, um ato de caridade para com o próximo. No bojo dessa "onda de filantropia"

surgiram as entidades filantrópicas em busca de recursos dos empresários filantropos. A

filantropia desenvolve-se através das atitudes e ações individuais desses empresários.

Em seguida, o conceito de responsabilidade social ganhou maior amplitude. Surgiu a segunda

dimensão do exercício da responsabilidade social.

"A responsabilidade social é diferente. Tem a ver com a consciência social e o dever cívico. A ação de responsabilidade não é individual. Reflete a ação de uma empresa em prol da cidadania. A empresa que a pratica demonstra uma atitude de respeito e estímulo à cidadania corporativa; conseqüentemente, existe uma associação direta com o exercício da cidadania empresarial" (Neto,200 1 :26).

A filantropia baseia-se no "assistencialismo", no auxílio aos pobres, aos desvalidos,

desfavorecidos, miseráveis, excluídos e enfermos.

A responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a

cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no dever cívico, enquanto a

filantropia tem no dever moral sua ética absoluta. As ações de responsabilidade social são

extensivas a todos os que participam da vida em sociedade - indivíduos, governo, empresas,

grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos e outras instituições.

As ações de filantropia são restritas a empresários filantrópicos e abnegados. Partem de

(26)

entidades. E, como tal, prescindem de planejamento, organização, monitoramento,

acompanhamento e avaliação.

Ao contrário, as ações de responsabilidade social eXIgem periodicidade, método e

sistematização e, principalmente, gerenciamento efetivo por parte das empresas cidadãs.

A filantropia objetiva contribuir para a sobrevivência de grupos sociais desfavorecidos. A

responsabilidade social busca a sustentabilidade e a auto-sustentabilidade de grandes e

pequenas comunidades.

Tanto a filantropia quanto a responsabilidade social têm natureza diversa. A filantropia é uma

"simples doação", fruto da maior sensibi !idade e consciência social do empresário. A

responsabilidade é uma "ação transformadora", uma nova forma de inserção social e uma

intervenção direta em busca da solução de problemas sociais (Neto, 2001:27).

Atuando nessa dimensão, a empresa socialmente responsável coloca a serviço da comunidade

recursos financeiros, produtos, serviços e know-how da empresa e de seus funcionários.

Responsabilidade social é, portanto,

"a relação da ética, a relação socialmente responsável da empresa em todas as suas ações, políticas e práticas. Isso significa responsabilidade social da empresa em relação à comunidade, aos seus empregados, aos seus fornecedores, ao meio ambiente, ao governo, ao poder público, aos consumidores, ao mercado, aos acionistas" (Agostinho, 2001: 13).

Para Neto (1999:78), a responsabilidade social de uma empresa consiste:

(27)

Contudo, apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o melO ambiente não são

suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. Neto (1999)

defende ser necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e em

ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicações transparentes, dar retorno

aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes

e/ou consumidores.

Os principais vetores da responsabilidade social de uma empresa, segundo esse autor, são

portanto:

1. Apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;

2. Preservação do meio ambiente;

3. Comunicação transparente;

4. Retorno aos acionistas;

5. Sinergia com os parceiros;

6. Satisfação dos clientes e/ou fornecedores;

7. Investimento no bem-estar dos funcionários e de seus dependentes em um ambiente de

trabalho agradável.

Assim, o objetivo é:

(28)

Nessa dimensão, a empresa baliza suas ações sociais em princípios e valores éticos e reforça

as suas relações com seus funcionários e familiares, clientes, fornecedores, acionistas,

parceiros, sociedade e comunidade. A responsabilidade social é vista como um compromisso

da empresa com relação à sociedade e à humanidade em geral, e uma forma de prestação de

contas do seu desempenho, baseada na apropriação e no uso de recursos que originariamente

não lhe pertencem.O raciocínio lógico é simples: se a empresa obtém recursos da sociedade, é

seu dever restituí-los não apenas sob a forma de produtos e serviços comercializados, mas,

principalmente, através de ações sociais voltadas para a solução dos problemas sociais que

afligem essa sociedade. É através da sociedade que a empresa se viabiliza - consome recursos

naturais existentes, que constituem o patrimônio natural da sociedade - e utiliza os recursos

de capital, de tecnologia e de mão-de-obra, que são parte do seu patrimônio cultural, social e

econômico.

Investindo em projetos sociais a empresa assume a sua responsabilidade social e oferece algo

em troca àquilo que usurpou da sociedade. A empresa deve financiar projetos sociais porque é

o certo, justo e necessário. É um mecanismo de compensação das "perdas da sociedade" em

termos de concessão de recursos para uso da empresa. Não é uma ação caridosa, típica dos

capitalistas do início do século, que utilizavam a filantropia como forma de expiação dos seus

sentimentos de culpa por obterem lucros fáceis à custa da exploração do trabalho das pessoas

e dos recursos naturais abundantes (Neto, 1999).

81BLlOTECA MARIO HENRIQUE SIMONSEI

(29)

2.2.1 Responsabilidade Social das Empresas: O Foco no Público Interno e na

Comunidade

o

exercício da cidadania empresarial pressupõe uma atuação eficaz da empresa em duas

dimensões: a gestão da responsabilidade social interna e a gestão da responsabilidade social

externa. A responsabilidade social interna focaliza o público interno da empresa - os

empregados e seus dependentes. Seu objetivo é motivá-los para um desempenho ótimo, criar

um ambiente agradável de trabalho e contribuir para o seu bem-estar. Com isso, a empresa

ganha a sua dedicação, empenho e lealdade. A responsabilidade social externa tem como foco

a comunidade mais próxima da empresa ou o local onde está situada, através de ações sociais

voltadas principalmente para as áreas de educação, saúde, assistência social e ecologia. Visa

também a um maior retorno social, de imagem e para os acionistas.

Atuando em ambas as dimensões, a empresa exerce a sua cidadania empresarial e adquire o

seu status de empresa-cidadã.

Entretanto, para Neto (1999), não é sempre que ocolTe esse novo paradigma de cidadania

empresarial e exercício pleno de responsabilidade social. Há casos, segundo ele, de empresas

mais eficazes e atuantes em apenas uma das dimensões: por exemplo, fazem doações para

obras e campanhas sociais do governo mas demitem muitos empregados, pagam mal e não

possuem qualquer programa de benefícios. Muitas empresas consideram a responsabilidade

social coorporativa um exercício de doação de dinheiro. Embora a caridade seja louvável, o

segredo é como operar um negócio e como o negócio contribui através de seus funcionários,

produtos e promessas à comunidade, e não simplesmente através de filantropia (Mcintosh et

(30)

A Gazeta Mercantil publicou em junho de 1999 uma matéria intitulada "Empresa e

Responsabilidade Social" dizendo que representantes de di versos países reuniram-se em 1998

na Holanda, sob os auspícios do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento

Sustentável - WBCSD -, para analisar a atuação das empresas no campo social. Durante os

debates, emergiu um novo conceito de responsabilidade social das empresas:

"Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo" (apud Neto,1999:90).

Esse conceito de responsabilidade social tornou-se parte de um conceito maIS amplo:

desenvolvimento sustentável. Entre as dimensões do desenvolvimento sustentável, a

responsabilidade social, segundo os representantes do Conselho, é a mais delicada de todas,

porque compreende os seguintes aspectos:

• os direitos humanos;

• os direitos dos empregados;

• os direitos dos consumidores;

• o envolvimento comunitário;

• a relação com fornecedores;

• o monitoramento e a avaliação de desempenho; e

• os direitos dos grupos de interesse.

Como parte integrante do conceito de desenvolvimento sustentável, a responsabilidade social

(31)

constitui os três pilares desse conceito. Portanto, ao participar de ações sociais em beneficio

da comunidade, a empresa atua na dimensão social do desenvolvimento sustentável e exerce a

sua responsabilidade social. O Brasil evidencia um conjunto de graves problemas sociais que

afetam todos os segmentos da sociedade. Mesmo com tantos recursos naturais e capacidade

técnica, continua apresentando graves problemas sociais, com indicadores deprimentes de

ineqüidade e pobreza. Essa é uma situação ética e politicamente desafiadora.

Felizmente, no Brasil, já se pode perceber que as atenções estão se voltando cada vez mais,

para a educação, passando a ter maior legitimidade política e mobilizando mais a sociedade.

A educação não se esgota em si mesma, mas faz parte de um contexto mais amplo.

Deve-se, portanto experimentar novas formas de gestão educacional em que a participação de

novos atores é de fundamental importância para que se atinjam resultados efetivos. O estágio

atual das empresas em relação aos movimentos socialmente responsáveis indica que essa é

uma tendência inevitável, na medida em que todos os envolvidos conseguem perceber ganhos

nessa relação. Ao associar seu produto a causas nobres, a empresa se valoriza internamente

(os próprios trabalhadores) e externamente (comunidade), melhorando sua comunidade. Ao

minimizar os problemas ao seu redor, os funcionários voluntários terão a oportunidade de

desenvolver novas habilidades, de experimentar novos papéis, de aprofundar sua consciência

social e de se sentir agentes de mudanças do processo de revitalização da sociedade brasileira,

(32)

2.3 Desenvolvimento Sustentável

Nas últimas décadas, a humanidade vem passando por um extraordinário avanço científico e

tecnológico, colocando-a, dia a dia, a par de descobertas e tecnologias capazes de produzir

mais riqueza e maior bem-estar para as populações que a elas têm acesso. No entanto,

também, diariamente, freqüentam os noticiários antigos temas como fome, guerra, pobreza,

violência, desemprego, racismo e destruição.

Diante desse quadro, por que, ao lado de tantos avanços científicos e tecnológicos, há,

paradoxalmente, tanto exacerbamento dos problemas sociais?

Para Acosta e Cordeiro (1997), a resposta emerge da contínua inquietação dos movimentos de

cunho ecológico diante da destruição, pelo próprio homem, de seus nichos, quer de bens

naturais renováveis, quer não-renováveis. Dessa tomada de consciência dos problemas

relativos ao meio ambiente surgiu o tema desenvolvimento sustentável.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD,1991) defende que

o desgaste do meio ambiente foi com freqüência considerado resultado da crescente demanda

de recursos escassos e da poluição causada pela melhoria do padrão de vida dos relativamente

ricos. Outro tipo de desgaste ambiental surge também com própria pobreza.

Para sobreviver, os pobres muitas vezes destroem o meio ambiente que os cerca, derrubam

florestas, permitem o pastoreio excessivo, exaurem as terras marginais e acorrem em número

cada vez maior para as cidades já congestionadas. O efeito cumulativo dessas mudanças faz

(33)

Já nos casos em que o crescimento econômico permitiu a melhoria dos padrões de vida, isso

foi por vezes conseguido à custa de danos globais a longo prazo. As melhorias conseguidas no passado basearam-se, em grande parte, no uso de quantidades cada vez maiores de

matérias-primas, energia, produtos químicos e sintéticos, e produziram uma poluição que não é

adequadamente levada em conta quando se estimam os custos do processo de produção.Tudo

isso teve efeitos não-previstos sobre o meio ambiente. Por isso, os problemas ambientais que

se enfrentam hoje derivam tanto da falta de desenvolvimento quanto de conseqüências

inesperadas de certas formas de desenvolvimento econômico.

De fato, o modelo de crescimento econômico adotado pela humanidade no século XX gerou

grandes desequilíbrios e poucos valores genuínos de uso na sociedade. Se de um lado a

humanidade acumulou riquezas, facilidades tecnológicas e uma Imensa gama de

conhecimentos adquiridos, restrita a pequenos grupos, do outro lado depara-se com problemas

decorrentes da degradação ambiental, tais como escassez de recursos naturais, catástrofes

climáticas e poluição, além da pobreza e miséria aumentando crescentemente.

Acrescenta-se ainda, nessa avaliação sobre o nível de desenvolvimento alcançado, a

dificuldade de se dimensionar o custo de processos irreversíveis de esgotamento dos recursos

naturais decorrente do mau desenvolvimento.

Sendo assim, que indicadores ou ferramentas são apropriados para se medir o nível de

desenvolvimento de uma sociedade?

Para Lage (2001), certamente não se pode avaliar com uma única ferramenta, como o PIB

(34)

que permita uma análise mais apurada da economia, da realidade social e da contabilidade da

natureza.

Outra forma, segundo o mesmo autor, se dá por melO de indicadores locais de

desenvolvimento, que incorporem índices capazes de aferir os avanços em níveis de qualidade

de vida; a diminuição das desigualdades sociais; a mobilidade social; a democratização de

acesso aos recursos e às oportunidades; e o aumento da consciência cidadã, de modo que

esses indicadores sejam compreensíveis pela sociedade.

Nota do IPEA sobre o Relatório do Desenvolvimento Humano 2002,

• "O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, divulgou o Human Development Report 2002, onde são apresentados os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de 173 países, referentes ao ano de 2000.

• O IDH do Brasil, que em 1999 atingira o valor de 0,750, subiu para 0,757 em 2000.

O Brasil se situa entre os países de médio desenvolvimento humano, e ganhou, desde o ano anterior, duas posições no ranking dos 173 países presentes no relatório, passando da 75J

· para 73J· posição.

• Numa perspectiva de mais longo prazo, o relatório indica que o IDH brasileiro cresceu de

0,713, em 1990, para 0,757 em 2000, e que o Brasil galgou 8 posições, passando do rank 66 em 1990 para o rank 58 em 2000, entre os 135 países para os quais os dados são disponíveis nos dois anos em foco.

O Brasil se situou entre os 16 países que ganharam 8 ou mais posições na década de 90.

• O gráfico 1, anexo, mostra a evolução do IDH brasileiro de 1975 a 2000, indicando um

crescimento firme em todo o período.

• A tabela 1 focaliza o IDH dos 10 países do mundo que tinham mais de 100 milhões de

habitantes em 2000.

Ela mostra que nesse grupo o Brasil ocupa a 4J

· posição, superado apenas pelos Estados Unidos, pelo Japão e pela Federação Russa.

Observa-se ainda que, nesse grupo, apenas a China teve uma performance melhor que a brasileira na década de 90, galgando 14 posições no ranking, enquanto o Brasil ganhou 8 posições.

(35)

Nesse bloco o Brasil ocupa a lOa. posição, e sua performance nos anos 90 é superada apenas pela China (com 14 posições no ranking) e pela Tailândia (com 10 posições ganhas).

• Lamentavelmente, apesar das reiteradas advertências feitas pelo IPEA, o Human Development Report Office, responsável pela elaboração dos relatórios, continua utilizando dados desatualizados com relação ao Brasil.

• No relatório de 2002 estão totalmente incolTetos os dados referentes à educação (taxa combinada de matrícula e taxa de alfabetização) e o dado referente à longevidade (esperança de vida ao nascer).

• A incolTeção é mais grave no que se refere à taxa combinada de matrícula, onde o número utilizado se mantém inexplicavelmente inalterado desde 1997 (no valor de 0,80).

• Essa incolTeção não só deixa de refletir os avanços educacionais do Brasil nos anos recentes como também, obviamente, deprime o valor do IDH brasileiro.

• Nas tabelas anexas apresentamos os valores COlTetos dos diversos indicadores, bem como o valor do IDH obtido com a utilização desses valores COlTetos.

Como se pode observar, o IDH do Brasil no ano 2000, deveria atingir 0,769 (e não 0,757), colocando o Brasil na 70'· posição do ranking de 173 países.

(36)

Brasil : Evolução do índice de Desenvolvimento Humano, 1975-2000

0,8 , - - - - ----,--- -- -- r - -- - - , - - -- - - , - - - ---,

0,757

0,75 1 - - - + - - -- --+--- - - -- - + - - -- - - + - - ----""""---1

0,7 1--- --+-- --- -+-- ----.,. ~-- --+---+- -- ----1

0,65 J---:..fC-- - - - l - - - -- + -- - - --l--- - - - -+-- - - -- l

0,644

0,6 L -_ _ _ _ ---'----_ _ _ _ _ L - . _ _ _ _ ---'----_ _ _ _ _ L - . _ _ _ _ ---.J

(37)

Tabela 1

Países com mais de 100 milhões de habitantes: IDH, população e Pffi per capita em 2000

Países IDH posição população

(milhões)

2000 2000 2000

Estados Unidos 0,939

6 283 ,2

Japão 0,933 9 127, 1

Federação Russa 0,781

60 145,5

Brasil 0,757 73 170,4

China 0,726

96 1.275,1

Indonésia 0,684 110 212,1

Índia 0,577 124 1.008,9

Paquistão 0,499

138 141,3

Bangladesh 0,478 145 137,4

Nigéria 0,462

148 113 ,9

Pffi per capita (dólares PPC) 2000 34.142 26.755 8.377 7.625 3.976 3.043 2.358 1.928 1.602 896 posições ganhas ou perdidas

entre 1990 e 2000

(38)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Tabela 2

Países com mais de 50 milhões de habitantes: IDH, população e Pffi per capita em 2000

Países Estados Unidos Japão França Reino Unido Alemanha Itália México

F ederação Russa

Tailândia Brasil Filipinas Turquia China Irã Vietnã Indonésia Egito Índia Paquistão Bangladesh Nigéria

Rep. Dem. Congo

Etiópia

IDH posição população Pffi per capita (milhões ) (dólares PPC)

2000 2000 2000 2000

0,939 6 283 ,2 34.142

0,933 9 127, 1 26.755

0,928 12 59,2 24.223

0,928 13 59,4 23 .509

0,925 17 82,0 25 .103

0,913 20 57,5 23 .626

0,796 54 98,9 9.023

0,781 60 145,5 8.377

0,762 70 62,8 6.402

0,757 73 170,4 7.625

0,754 77 75,7 3.971

0,742 85 66,7 6.974

0,726 96 1.275, 1 3.976

0,721 98 70,3 5.884

0,688 109 78, 1 1.996

0,684 110 212, 1 3.043

0,642 115 67,9 3.635

0,577 124 1.008,9 2.358

0,499 138 141,3 1.928

0,478 145 137,4 1.602

0,462 148 113 ,9 896

0,431 155 50,9 765

0,327 168 62,9 668

posições ganhas ou perdidas

entre 1990 e 2000

(39)

Tabela 3

Brasil: índice de desenvolvimento humano e seus componentes

Valores usados nos RDH Valores corretos

Componentes

1997

1998

1999

2000

1997

1998

1999

2000

Esperança de vida ao nascer 66,8 67,0 67,5 67,7 67,78 68,04 68,40 68.55

Taxa de alfabetização 84,0 84,5 84,9 85,2 85,3 86,2 86,7 86.3

Taxa combinada de matrícula 80,0 84,0 80,0 80,0 78,9 83,0 84,6 84.6

PIB real per capita (US$ PPC) 6.480 6.625 7.037 7.625 6.480 6.625 7.037 7.625

Fontes:

1) Os "valores utilizados nos RDH" foram obtidos, respectivamente, nos Relatórios de 1999, 2000, 2001 e 2002

2) Os "valores corretos" tem como fontes: INEP-MEC (taxa combinada de matrícula), PNAD-IBGE (taxas de alfabetização e esperança de vida ao nascer para 1997, 1998 e

1999) e Censo Demográfico de 2000 (idem, para 2000)

(40)

Tabela 4

Cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil no ano 2000

Componentes Valores PNUD Valores corretos

Esperança de vida ao nascer 67,7 68,55

Taxa de alfabetização 85,2 86,3

Taxa combinada de matrícula 80,0 84,6

PIB real per capita (US$ PPC) 7.625 7.625

Índice de desenvolvimento humano 0,757 0,769

Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano 2002 e IPEA

Pensando dessa maneira, Acosta e Cordeiro (1997) defendem que as gerações atuais têm de

assumir o compromisso de respeitar e preservar as condições de vida das gerações futuras,

através de uma estratégia de desenvolvimento global. O pressuposto básico é que seja um

desenvolvimento capaz de dar respostas às necessidades das gerações atuais, sem, contudo,

empenhar as possibilidades de as gerações vindouras usufruírem das riquezas naturais do

planeta Terra. Os mesmos direitos à qualidade de vida das gerações atuais possuem as

gerações futuras. Todas as ações que causam danos ao ambiente natural lesam a qualidade de

vida das gerações atuais e futuras. A vida é dependente da natureza, e o homem, ser racional,

(41)

Assim, cabe à atual geração assegurar a utilização adequada dessas nquezas e, em

conseqüência, o equilíbrio do sistema ecológico terrestre. Eis o Desenvolvimento Sustentável.

A humanidade é capaz de tomar o desenvolvimento sustentável - garantir que ele atenda às

necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem

também às suas (CMMAD, 1991). Ainda segundo a Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento (1991), o conceito de desenvolvimento sustentável tem, é

claro, limites - não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia

e da organização social no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de

absorver os efeitos da atividade humana. Mas tanto a tecnologia quanto a organização social

podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionarem uma nova forma de crescimento

econômico.

Para a Comissão, a pobreza generalizada já não é inevitável. A pobreza não é apenas um mal

em si mesma, mas, para haver um desenvolvimento sustentável, é preciso atender às

necessidades básicas de todos e dar a todos a oportunidade de realizar suas aspirações de uma

vida melhor. Um mundo em que a pobreza é endêmica estará sempre sujeito a catástrofes,

ecológicas ou de outra natureza.

o

atendimento das necessidades básicas requer não só uma nova era de crescimento

econômico para as nações cuja população é em sua maioria pobre como a garantia de que

esses pobres receberão uma parceria justa dos recursos necessários para manter esse

(42)

"Tal eqüidade seria facilitada por sistemas políticos que assegurassem a participação efetiva de cidadãos na tomada de decisões e por processos mais democráticos na tomada de decisões em âmbito internacional" (CMMAD, 1991:10).

o

conceito de desenvolvimento sustentável fornece uma estrutura para a integração de

políticas ambientais e estratégias de desenvolvimento - sendo o termo "desenvolvimento"

empregado aqui em seu sentido mais amplo. Muitas vezes o termo é empregado com

referência aos processos de mudança econômica e social no Terceiro Mundo. Mas todos os

países, ricos e pobres, precisam da integração do meio ambiente e do desenvolvimento. A

busca do desenvolvimento sustentável exige mudanças nas políticas internas e internacionais

de todas as nações.

o

desenvolvimento sustentável procura atender às necessidades e às aspirações do presente

sem comprometer a possibilidade de atendê-las no futuro. Longe de querer que o crescimento

econômico cesse, reconhece que os problemas ligados à pobreza e ao subdesenvolvimento só

podem ser resolvidos se houver uma nova era de crescimento em que os países em

desenvolvimento desempenhem um papel importante e colham grandes benefícios.

Há sempre o risco de que o crescimento econômico prejudique o meio ambiente, uma vez que

ele aumenta a pressão sobre os recursos ambientais. Mas os planejadores que se orientem pelo

conceito de desenvolvimento sustentável terão que trabalhar para garantir que as economias

em crescimento permaneçam firmemente ligadas às suas raízes ecológicas e que essas raízes

sejam protegidas e nutridas para que possam dar apoio ao crescimento de longo prazo.

Portanto, a proteção ao meio ambiente é inerente ao conceito de desenvolvimento sustentáveL

(43)

Franco, em seu livro Além da Renda (2000), diz existirem muitas conceituações de

desenvolvimento sustentável. A mais aceita e a mais difundida no entanto diz respeito ao

não-esgotamento dos recursos naturais que são necessários para as gerações atuais e que,

imagina-se, serão necessários também para as gerações futuras. Por isso, associa-se imediatamente

sustentabilidade a ambientalismo e ecologia.

Decerto essa relação existe mesmo, mas num sentido bem mais amplo e profundo do que se

pode julgar à primeira vista.

"Sustentabilidade não diz respeito, apenas, à conservação de recursos naturais limitados e não-renováveis, quer dizer, recursos que, se forem gastos sem previsão de esgotamento, farão falta para nós e para os que vierem depois de nós. Sustentabilidade diz respeito, também e principalmente, a um padrão de organização de um sistema que se mantém ao longo do tempo em virtude de ter adquirido certas características que lhe conferem capacidades autocriativas" (Franco, 2000: 148).

A definição de sustentabilidade, intrínseca ao conceito de desenvolvimento sustentável, deve

assegurar ainda que o bem-estar das futuras gerações não seja inferior ao das gerações atuais,

principalmente na questão de recursos, atentando-se para o fato de que a sustentabilidade está

intimamente ligada ao estilo de desenvolvimento, ao padrão de consumo, às ações de

preservação dos recursos naturais e às atividades econômicas da sociedade atual.

Em suma, pode-se dizer que desenvolvimento sustentável é aquele que leva à construção de

comunidades humanas sustentáveis, ou seja, comunidades que buscam atingir um padrão de

organização em rede dotado de características como interdependência, reciclagem, parceria,

(44)

Dentro dessa perspectiva, o futuro das próximas gerações estará assegurado na medida em

que se aumenta, nessa geração, o nível de consciência e de responsabilidade quanto às

questões de desenvolvimento sustentável e de justiça social.

Lage (2001) afirma que desenvolvimento e crescimento não são sinônimos. Crescimento se

refere à questão quantitativa da produção de uma economia durante determinado período de

tempo; desenvolvimento aborda aspectos qualitativos referentes a questões ecológicas,

econômicas, sociais, culturais, tecnológicas e políticas, entre outras.

o

crescimento é condição indispensável para o desenvolvimento, mas não é condição

suficiente. A idéia de desenvolvimento, segundo Furtado (1964),

"possui pelo menos três dimensões: a do incremento da eficácia do sistema social de produção, a da satisfação de necessidades elementares da população e a da consecução dos objetivos a que almejam grupos dominantes de uma sociedade e que competem na utilização de recursos escassos".

Nesse sentido, é coneto afirmar que desenvolvimento, no seu conceito mais amplo, é muito

mais que a utilização predatória do meio ambiente para transformá-lo em mercadoria, quer na

forma de bens ou serviços. A idéia de desenvolvimento está intimamente ligada às condições

e à qualidade de vida da população, e crescimento se refere à produtividade de uma economia.

Para Sachs (1986),

(45)

Nesse contexto, percebe-se que a pobreza não pode ser combatida com políticas

assistencialistas que não resultam no desenvolvimento de capacidades dos que estão nessa

situação, ao contrário, acentuam ainda mais o status quo de incapacidade de superação das

condições de pobreza e da permanente relação de dependência que, em última instância, gera

o clientelismo político (Lage, 2001).

2.4. Educação e Desenvolvimento Sustentável

Outro ponto fundamental na luta para a superação das condições de pobreza é a questão da

educação, pois ela influencia o desenvolvimento das capacidades e habilidades humanas. Essa

questão foi tratada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das

Necessidades Básicas de Aprendizagem, em Jomtien, na Tailândia, em março de 1990, e

definiu os princípios fundamentais que deverão balizar os programas públicos voltados para a

promoção da educação.

Os princípios dessa Conferência são fundamentais para a construção de uma sociedade que

assegure aos seus cidadãos os direitos mínimos relacionados tanto com os instrumentos

essencIais para a aprendizagem quanto com os conteúdos básicos da aprendizagem,

necessários para que os seres humanos possam desenvolver suas capacidades dentro da

perspectiva de uma vida digna, conforme descrito no Artigo 1.1 da Declaração Mundial sobre

Educação para Todos:

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