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Trabalho e saúde: análise da relação entre condições de trabalho e motivação no emprego e suas interfaces com a saúde dos profissionais nos hospitais públicos

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Academic year: 2017

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

TRABALHO E SAÚDE: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES DE TRABALHO E MOTIVAÇÃO NO EMPREGO E SUAS INTERFACES COM A

SAÚDE DOS PROFISSIONAIS NOS HOSPITAIS PÚBLICOS

IANA VASCONCELOS MOREIRA ROSADO

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TRABALHO E SAÚDE: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES DE TRABALHO E MOTIVAÇÃO NO EMPREGO E SUAS INTERFACES COM A

SAÚDE DOS PROFISSIONAIS NOS HOSPITAIS PÚBLICOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Doutora em Ciências da Saúde.

Orientadora: Profª Drª Eulália Maria Chaves Maia

Co-orientadora: Profª Drª Gláucia Helena Araújo Russo

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

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TRABALHO E SAÚDE: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES DE TRABALHO E MOTIVAÇÃO NO EMPREGO E SUAS INTERFACES COM A

SAÚDE DOS PROFISSIONAIS NOS HOSPITAIS PÚBLICOS

Aprovada em 01/12/2014

Banca examinadora:

Presidente da Banca:

Profª Drª Eulália Maria Chaves Maia (UFRN)

Membros da Banca:

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Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela disposição em promover o doutorado interinstitucional (Dinter) em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, demonstrando, assim, seu compromisso com a socialização de conhecimentos e com a interiorização da formação profissional em nível stricto sensu. Notadamente, à professora doutora TÉCIA MARANHÃO, pelo compromisso com a construção deste Dinter e pela firmeza em valorizar o caráter multiprofissional da formação em saúde; ao professor GILSON TORRES, pela disposição em participar das bancas de qualificação e de defesa, apontando pertinentes e valiosas sugestões nas análises dos resultados e na construção de artigos; à professora SOCORRO FEITOSA, pelas relevantes contribuições assinaladas por ocasião da sua participação na banca de qualificação; e, com especial deferência, à professora EULÁLIA MAIA, pelos apoio, dedicação, disponibilidade e rigor científico, que culminaram em relevantes aprendizados nos processos de investigação e de construção desta tese, bem como pelos diálogos objetivos e densos de convicções, pautados, sobretudo, na disposição em identificar, construir e valorizar afinidades e no compromisso com a qualidade deste trabalho.

À equipe de docentes e técnicos da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, pelos apoio, compreensão, solidariedade e estímulo manifestados durante a nossa trajetória no doutorado, especialmente à professora GLÁUCIA RUSSO, pelos compromisso, disposição, rigor teórico-metodológico, criticidade, criatividade e amizade demonstrados no processo de co-orientação desta tese, fundamentais para a concretização e a qualificação deste trabalho; bem como à professora SÂMYA RAMOS, pela contribuição na fase de construção do projeto de tese e pela disposição em participar da banca de defesa e, assim, contribuir com a avaliação e o aprimoramento deste trabalho.

Às professoras doutoras DIVANISE SURUAGY CORREIA e TATIANA DE LUCENA TORRES, por haverem aceitado o convite para participar da banca de defesa e contribuir para a melhoria da qualidade desta tese.

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Aos gestores e profissionais das instituições coparticipantes, especialmente os profissionais que participaram da pesquisa e/ou que contribuíram para viabilizar nossa inserção nesses espaços.

Ao professor JOSÉ WILTON QUEIROZ, pela contribuição na efetivação das análises estatísticas.

A SUÊNIA CRUZ e BEATRIZ MENDES, graduandas em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela contribuição na árdua tarefa da pesquisa de campo no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

Aos amigos professores da UERN que integraram a turma de doutorado interinstitucional em ciências da Saúde: CHRISTIANE, CLEBER, DANIELA, DULCIAN, EDVAN, ELIANA, ELLANY, FABIANO, GILMARA, GIOVANNI, MARINALDO HORÁCIO, LIBNE LIDIANNE, MARCELO, PAULO, ROBERTA e RAIMUNDO ROSENDO, pelas agradável convivência e enriquecedora socialização e construção coletiva de conhecimentos.

Aos meus filhos LUCAS, GABRIEL e DAVI e ao meu esposo JÚLIO, pelos apoio e compreensão manifestados durante esse longo e árduo processo de formação e, principalmente, por estarem incondicionalmente presentes em minha vida, tornando-a muito mais interessante e alegre e, notadamente, por me fazerem lembrar que existe vida, sentido e felicidade para além do estudo-trabalho.

Aos meus pais, DONIZETE (in memorian) e ILZA e aos meus irmãos INÊS e DONIZETE JÚNIOR, pelos apoio, incentivo e demonstração de apreço e confiança que me alicerçaram a alçar mais esse desafio de aprimoramento profissional e pessoal.

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políticos e culturais, de influência multifatorial, com destaque para o trabalho, tema deste estudo, compreendido como elemento fundante do ser social e determinante da qualidade de vida, com impacto no processo saúde-adoecimento. Objetivou-se analisar as condições laborais e a motivação no trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência do Rio Grande do Norte e suas interfaces com a saúde dos profissionais que o executam. A relevância deste estudo se concentra na sua capacidade de enfatizar, concomitantemente, aspectos objetivos e subjetivos, bem como de abranger diversas categorias profissionais que efetivam o trabalho coletivo em saúde. Consiste em um estudo transversal, de natureza quantitativa, no qual se utilizou questionário contendo informações sociodemográficas e profissionais; estilo de vida; condições laborais; motivação no emprego; além da percepção sobre a relação entre o trabalho que desempenham e sua condição de saúde. Foram aplicadas, também, escalas de avaliação da qualidade de vida e saúde: SF36 e QSG12. A amostra foi composta de 240 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. A pesquisa de campo foi realizada entre novembro de 2012 e julho de 2013, no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e no Hospital Regional Tarcísio Maia. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Protocolo nº 111/2011). Foi processada estatística descritiva e inferencial para a mensuração dos dados quantitativos, como também se recorreu à técnica de análise de conteúdo para interpretação das informações oriundas das questões abertas. Os discursos dos sujeitos demonstraram reconhecimento da importância do trabalho para garantia de condições favoráveis à saúde. Entretanto, destacaram seus efeitos no desgaste físico e psíquico, por impulsionar estresse, ausência de hábitos saudáveis, hipertensão arterial, distúrbios do sono, osteomusculares e gastrintestinais. Os achados atinentes à qualidade de vida evidenciaram médias mais elevadas nos domínios capacidade funcional (81,35 ± 19,71) e limitação por aspectos emocionais (78,13 ± 35,57) e piores resultados em vitalidade (61,08 ± 21,16), não sendo

constatada diferença significativa (p˃0,005) entre as instituições em nenhum

domínio do SF36. Constatou-se associação significativa (p<0,005) entre qualidade de vida e as variáveis: idade, sexo, renda familiar, consumo de bebidas alcoólicas, prática de atividade física, condições de trabalho, motivação no emprego, satisfação com a profissão, importância atribuída ao trabalho e estresse ocupacional. Inferiu-se que 32,5% dos profissionais apresentaram resultados iguais ou superiores a três pontos no QSG12, sinalizando tendência a transtornos psíquicos menores, os quais se manifestam, por exemplo, em ansiedade, depressão, distúrbios do sono, dentre outros sintomas de desconforto emocional. Testes multivariados demonstraram que, dentre os aspectos objetivos e subjetivos relacionados ao trabalho, as variáveis que apresentam maior correlação com os domínios do SF36 são: satisfação com a profissão e estresse ocupacional. Conclui-se que a qualidade de vida relacionada à saúde dos profissionais que atuam nos hospitais investigados esteve associada a fatores sociodemográficos, hábitos de vida e fatores atinentes à inserção destes no mundo do trabalho e no contexto institucional particularizado no estudo, com destaque para a satisfação com a profissão.

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AAE Amostragem Aleatória Estratificada

GEST Grupo de Estudos de Saúde Mental e Trabalho HMWG Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

HRTM Hospital Regional Tarcísio Maia

IMST Inventário de Motivação e Significado do Trabalho QSG Questionário de Saúde Geral

QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde SF36 The Medical Outcomes Study Short-Form 36 SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TMC Transtornos Mentais Comuns

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1 INTRODUÇÃO ...11

2 JUSTIFICATIVA ...17

3 OBJETIVOS ...18

4 MÉTODO ...19

5 ARTIGOS PRODUZIDOS ...27

6 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES ... 102

7 REFERÊNCIAS ... 106

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1 INTRODUÇÃO

A saúde do trabalhador se configura como um importante objeto de estudo e de intervenção, em decorrência das evidências do desgaste na saúde (física e psíquica) relacionado à vivencia laboral dos indivíduos no atual contexto. Esses impactos negativos do trabalho na saúde afetam indivíduos de diversas áreas de atuação e que vivenciam diferentes situações no mundo do trabalho, incluindo-se aqueles que operacionalizam a assistência à população no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)1.

Salienta-se que o processo de saúde-adoecimento dos seres humanos resulta tanto de fatores biológicos e psíquicos, quanto de aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. Por conseguinte, é influenciado pelas condições de moradia, alimentação, educação, saneamento, meio ambiente, trabalho, renda, bem como pelo acesso a serviços básicos, dentre os quais se inclui a assistência prestada pelos serviços de saúde2-3. Tais fatores, por sua vez, são determinados

pela forma de organização das relações sociais que, na sociedade capitalista – calcada na desigualdade e na exploração da classe trabalhadora , se caracteriza pela negação das condições materiais necessárias para uma vida saudável para um grande contingente da população4.

Dentre os diversos fatores determinantes da condição de saúde dos seres humanos, este estudo prioriza o trabalho, pelo seu caráter primordial para a garantia de uma vida saudável. Com base na perspectiva marxiana, o trabalho é considerado como elemento fundante do ser social e indispensável à reprodução dos indivíduos e da sociedade. Nessa concepção, o trabalho possui uma dimensão teleológica que o particulariza como atividade humana, uma vez que o trabalhador prefigura seus resultados idealmente, antes de sua objetivação5.

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Dessa forma, no contexto capitalista, a força de trabalho é submergida de maneira a fomentar o mundo consumista, vislumbrado como prenúncio de qualidade de vida, sendo esta focalizada na dimensão material7. Aqui reside uma das contradições do trabalho na contemporaneidade: por meio dele, objetiva-se viver bem. Entretanto, ele se configura como um processo de exploração que transforma a capacidade laborativa do trabalhador em mercadoria e mercantiliza a vida social. Para tanto, criam-se mecanismos ideológicos que incutem nas pessoas a ideia de que o trabalho dignifica o homem8, assim como a necessidade insaturável de consumo.

O trabalho pode ser fonte de prazer, assim como pode gerar sofrimento e adoecimento9. Seu caráter desgastante se intensifica com a reestruturação do capital, que visa se recompor de uma de suas crises cíclicas, a qual dissemina precarização do trabalho, desconstrução dos direitos dos trabalhadores e desemprego estrutural. Esse processo mundial, difundido no contexto brasileiro, a partir dos anos 1990, segundo Netto e Braz10, compõe-se de estratégias articuladas

sobre o tripé: reestruturação produtiva, financeirização e ideologia neoliberal.

A reestruturação produtiva altera os modelos de gestão e de organização dos processos de trabalho, visando intensificar a produtividade e reduzir custos, pelos incremento dos recursos tecnológicos, redução das garantias legais e cooptação da subjetividade dos trabalhadores. Concomitantemente, ampliam-se os domínios do capital, com ênfase na hipertrofia dos processos de financeirização. Isso aprofunda a concentração do poder econômico e político mundial, cujos mandatários, amparados por entidades supranacionais representantes do grande capital, exercem forte poder sobre as decisões dos estados capitalistas menos desenvolvidos, impondo “ajustes estruturais”. Compõem esse processo de restauração do capital, ainda, de forma indissociável e como expressão dos citados “ajustes”, as medidas estatais pautadas no ideário neoliberal, que acentuam sua funcionalidade na viabilização da reprodução do capital. Isso resulta em medidas regressivas de direitos, tais como a desregulamentação das relações de trabalho e a minimização da atuação estatal na área social, com incentivo à participação da esfera privada e do terceiro setor10.

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contracorrente dos avanços alcançados no âmbito legal, beneficiando o projeto privatista em detrimento da perspectiva universalista subjacente à reforma sanitária11. Assim, “a disputa no âmbito da Sociedade e no seio do Estado entre as concepções de saúde como bem público ou campo para o livre mercado se mantém viva como nos tempos da Constituinte” 12 (p.584).

Ressalva-se que a implantação do SUS a partir dos anos 1990 representou significativos avanços em termos de expansão da rede de serviços, com impactos favoráveis na morbimortalidade da população, a exemplo da diminuição da mortalidade infantil e da elevação da expectativa de vida. No entanto, verificam-se profundas fragilidades na efetivação da política de saúde no Brasil, no que tange à insuficiente capacidade de atendimento, adversas condições de trabalho, problemas na qualidade da assistência, diminuta valorização dos profissionais, dentre outras situações que fragilizam a materialização da universalidade do direito à saúde12-15.

Nesse contexto, os profissionais dos hospitais públicos de urgência e emergência, cuja dinâmica de trabalho demanda a efetivação de cuidados imediatos a pessoas gravemente doentes, deparam-se com precárias condições de trabalho, que dificultam a efetivação da assistência à saúde da população com as devidas qualidade e efetividade15-17. Dentre as dificuldades que permeiam a dinâmica da

assistência nesses serviços, registra-se a superlotação, cujos determinantes incluem a inversão da porta de entrada dos usuários no sistema de saúde, impulsionada pelas dificuldades de acesso e resolubilidade no âmbito da atenção primária e consequente busca por atendimento nos serviços de urgência e emergência como alternativa ao atendimento primário, o que os sobrecarrega17. Além disso, esses

profissionais convivem com riscos de acidentes presentes nos serviços de saúde, sobrecarga de trabalho, expediente noturno, extensas jornadas e ritmo intenso de atividades, o que pode contribuir para elevar a suscetibilidade destes ao adoecimento16.

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pesquisas têm se debruçado sobre os processos de adoecimento associados à inserção no mundo do trabalho, incluindo a realidade vivenciada pelos profissionais de saúde, entre os quais o problema tem se verificado mundialmente1.

Expande-se, assim, a necessidade de se estudar e intervir em aspectos relacionados à saúde dos trabalhadores do SUS, o que ocasionou, nas últimas décadas, a produção de vários trabalhos científicos sobre o assunto19-22. Dentre os diversos estudos disponíveis na literatura, a avaliação da qualidade de vida se apresenta como um dos indicadores utilizados nas análises acerca da relação entre trabalho e processos de saúde-adoecimento23-25.

São diversas as definições atribuídas a esse construto, sendo comum entre estas o enfoque na percepção dos sujeitos e no seu caráter multifatorial, visto que abrange aspectos físicos, psicológicos e ambientais26. Para a Organização Mundial de Saúde, a qualidade de vida é compreendida como a autopercepção do indivíduo sobre sua posição na vida, a qual expressa seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, bem como reflete o contexto cultural e de valores no qual esse sujeito encontra-se inserido27.

Na área da saúde, a abordagem desse constructo enfatiza aspectos mais estreitamente relacionados ao processo de saúde-adoecimento. Nesse horizonte, um dos instrumentos amplamente utilizados para inferir a qualidade de vida relacionada à saúde é denominado The Medical Outcomes Study Short-Form 36 (SF36), de caráter multidimensional, que avalia os componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental28.

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Destarte, na literatura científica, encontram-se estudos que abordaram a associação entre os processos de saúde-adoecimento dos profissionais de saúde e diversos aspectos relacionados à sua vida laboral, incluindo condições de trabalho e motivação23,30.

Múltiplos aspectos são considerados nas análises acerca das condições de trabalho e da motivação com o trabalho. No que tange às condições de trabalho, na literatura consultada, incluem-se os equipamentos e materiais disponíveis, as relações de trabalho estabelecidas entre os profissionais e destes com os gestores, a situação salarial, a intensidade e a multiplicidade das atividades demandadas, dentre vários outros aspectos7,30-31.

Já em relação à motivação com a atividade laboral, a literatura explicita divergências, de modo que os enfoques se voltam tanto para aspectos relacionados à dimensão humana intrínseca ao indivíduo, quanto aos inerentes à atividade laboral e ao ambiente organizacional32. Os estudos evidenciam vários aspectos motivacionais no trabalho, tangentes às condições salariais e às relações estabelecidas na equipe, como também a conteúdo, resultados e reconhecimento inerentes à atividade em si, dentre outros fatores que influenciam na relação subjetiva de cada trabalhador em particular com o seu trabalho33-34. Inclusive as

condições de trabalho são apontadas entre os aspectos influenciadores do nível de motivação35-37.

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Nesse contexto extremamente adverso à concretização dos preceitos que embasaram a construção do SUS e considerando as múltiplas determinações do processo de saúde-adoecimento dos sujeitos, serão analisadas as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores que atuam no âmbito dos hospitais públicos do Rio Grande do Norte, buscando desvendar a seguinte questão: Existe associação entre condições de trabalho e motivação e a situação de saúde-adoecimento dos profissionais que trabalham nos hospitais públicos de urgência e emergência?

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2 JUSTIFICATIVA

Os estudos acerca do adoecimento relacionado ao trabalho em saúde disponíveis na literatura, em grande parte, focalizam a análise de uma determinada profissão, com destaque para os trabalhadores de enfermagem. Nesse sentido, na expectativa de agregar contribuição à produção científica sobre o tema, este estudo enfocou aspectos objetivos e subjetivos presentes na vida laboral, assim como abrangeu diversas categorias profissionais partícipes do trabalho coletivo em saúde. Observa-se que a significância desta investigação se concentra no fato de possibilitar maior visibilidade aos processos de saúde-adoecimento relacionados ao trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência e, por conseguinte, evidenciar a necessidade de construção e fortalecimento de estratégias para promover a saúde dos profissionais que o efetivam.

Considera-se que os resultados apresentados poderão contribuir também para o conhecimento e a análise das condições de trabalho no âmbito do Sistema Único de Saúde e, por conseguinte, para uma reflexão coletiva sobre a necessidade de enfrentamento das adversidades presentes nessa realidade. Salienta-se que essa problemática se relaciona com a própria viabilização da qualidade da assistência prestada nos serviços públicos de saúde, cujos desvelamento e discussão poderão, em uma perspectiva mais ampla, fortalecer a luta pela efetivação do direito universal a um sistema de saúde público e de qualidade. Essa discussão se apresenta particularmente relevante perante as dificuldades que permeiam a assistência na rede de serviços públicos no Estado do Rio Grande do Norte, onde foi decretado, pelo governo estadual, no ano de 2012, estado de calamidade pública nessa área38.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

- Analisar as condições laborais e a motivação no trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência do Rio Grande do Norte e suas interfaces com a saúde dos profissionais que o executam.

3.2 Objetivos específicos

- Identificar as características sociodemográficas dos profissionais;

- Avaliar as condições de trabalho nos hospitais públicos de urgência e emergência; - Verificar o nível de motivação dos profissionais com o trabalho;

- Apreender a concepção dos profissionais acerca do trabalho e da relação entre a atividade laboral que desenvolvem e a sua saúde;

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4 MÉTODO

4.1 Delineamento do estudo

A pesquisa consistiu em um estudo transversal, de natureza quantitativa, cujo percurso metodológico incluiu revisão de literatura e pesquisa de campo efetivada no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) e no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), situados, respectivamente, em Natal e Mossoró, as duas maiores cidades do Estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste brasileiro. Tais instituições integram a rede hospitalar de urgência e emergência vinculada ao governo do Estado, composta de sete hospitais, dos quais delimitamos os que absorvem maior quantidade de profissionais e atendimentos.

4.2 População e amostra

A amostra aglutinou 240 trabalhadores, representando 28% do universo de 857 profissionais das áreas de Medicina, Enfermagem, Serviço Social, Odontologia, Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional, conforme distribuição explicitada na Tabela 1.

Tabela 1 Composição da amostra por instituição e profissão

PROFISSIONAIS HMWG HRTM TOTAL

N n N n N (%) n (%)

Médicos 359 85 100 22 459 (53,3) 110077((4444,,66)) Enfermeiros 127 36 64 22 191 (22,2) 5588 ((2244,,22) )

Fisioterapeutas 33 11 5 5 38 (4,4) 1166 ((66,,77)) Assistentes Sociais 35 11 28 11 63 (7,3) 2222 ((99,,22)) Cirurgiões-Dentistas 21 6 10 4 31 (3,6) 1100 ((44,,22)) Nutricionistas 41 10 06 2 47 (5,5) 1122 ((55,,00)) Psicólogos 10 3 04 2 14 (1,6) 0055 ((22,,11)) Terapeutas Ocupacionais 03 1 03 3 06 (0,7) 0044 ((11,,77)) Fonoaudiólogos 07 5 01 1 08 (0,9) 0066 ((22,,55)) TOTAL 636 168 225 72 861 (100) 224400((2277,,99))

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É interessante esclarecer que, inicialmente, o tamanho da amostra foi calculado segundo a fórmula para Amostragem Aleatória Estratificada (AAE) com alocação proporcional, assim definida:

     2 2 2 2 1 1 1 i N N D N k N n i i i i   ,

Onde Ni e são o tamanho e a variância dos estratos 1 (HMWG) e 2

(HRTM), respectivamente, e D é a variância desejada estabelecida pelo erro máximo admissível na estimação da média de algumas variáveis foco e pelo grau de confiança (95%). Na oportunidade, tomando como base os resultados obtidos ao se iniciar a pesquisa e alcançarem-se 57 profissionais no hospital 1 e 49 no hospital 2, foram calculadas as estimativas das médias das seguintes variáveis: influência do trabalho na situação de saúde, aspectos laborais que impulsionam a motivação no trabalho e aspectos laborais que arrefecem a motivação no âmbito dos hospitais investigados. Com base nesses resultados, o tamanho da amostra foi determinado para diferentes valores alternativos do erro relativo. Ao aplicar essas estimativas amostrais na fórmula descrita anteriormente, para três diferentes níveis alternativos de precisão (erro relativo 5, 7 ou 9%), foram encontrados diferentes tamanhos de amostra e sua alocação nos dois estratos, conforme exibidos na Tabela 2. Estabeleceu-se como meta alcançar uma precisão com erro máximo relativo de 7% e grau de confiança de 95%. Para tanto, o cálculo amostral apontou a necessidade de selecionar uma amostra de 207 indivíduos: 155 no estrato 1 e 52 no estrato 2.

Tabela 2 Alocação da amostra estratificada por instituição Variáveis Relativo Erro N n1 Alocação n2

Q28 0,05 325 243 82

0,07 207 155 52

0,09 140 105 35

Q34_motivação 0,05 249 187 63

0,07 150 112 38

0,09 98 73 25

Q34_desmotivação 0,05 219 164 55

0,07 129 97 32

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No trabalho de campo, foi alcançada uma amostra de 168 indivíduos no estrato 1 e 72 indivíduos no estrato 2, portanto, uma amostra global de 240, um pouco maior que a planejada. Isso porque, diante das dificuldades encontradas para viabilizar a participação dos profissionais em meio à dinâmica de trabalho na urgência e na emergência, adotou-se a estratégia de convidar um número adicional de profissionais até o limite que contemplaria o erro relativo de 5%, ou seja, 243 sujeitos no hospital 1 e 82 no hospital 2, o que permitiria considerar os dados contidos em todos os questionários respondidos, mantendo boa qualidade das análises.

A Tabela 3, elaborada com base na amostra alcançada, mostra as estimativas das médias ponderadas das três variáveis foco, bem como o erro relativo da estimativa calculado com 95% de confiança. Verifica-se que o maior erro é de 6,76, portanto, atendendo ao que foi planejado.

Tabela 3 Estimativas e sua precisão com base na amostra final

Variáveis*

HRTM HMWG UNIVERSO

Média Desvio padrão Média Desvio padrão ponderada Média relativo Erro Influência do trabalho na

saúde 3,8796 2,11788 3,5404 2,18608 3,6290 6,76 Aspectos que impulsionam

a motivadores 3,2628 1,47828 2,9630 1,55368 3,0413 5,74 Aspectos que arrefecem a

motivação 3,3862 1,44498 3,3064 1,74802 3,3273 5,74

* Essas variáveis integram o questionário sociodemográfico e laboral, contido no apêndice 2 desta tese, assim especificadas: Questão 28 (influência – positiva e/ou negativa - do trabalho na saúde dos sujeitos, Q34.a (aspectos laborais motivadores) e Q34.b (aspectos laborais desmotivadores).

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4.3 Instrumentos

Aplicou-se questionário estruturado, elaborado pela equipe da pesquisa e aperfeiçoado mediante estudo piloto, contendo informações: (i) sociodemográficas: idade, sexo, estado civil, quantidade de filhos, religião e renda familiar; (ii) hábitos relacionados à saúde: tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, prática de atividades físicas; (iii) laborais: profissão, nível de formação, salário no hospital, tempo de trabalho na saúde e na unidade hospitalar, vinculo empregatício, jornada semanal na instituição investigada, total de horas semanais de trabalho profissional, condições de trabalho e motivação no âmbito do hospital, aspectos motivadores e desmotivadores atinentes à dinâmica laboral nas unidades hospitalares, satisfação com a profissão, nível de estresse ocupacional, importância do trabalho na vida.

Este instrumento comtemplou, ainda, uma lista de aspectos relacionados ao trabalho que, possivelmente, desencadeariam efeitos (favoráveis ou não) na saúde dos profissionais, sendo solicitado que os participantes assinalassem as afirmações com as quais concordassem, bem como acrescentassem outras informações que julgassem relevantes e que não tivessem sido previamente contempladas. Ademais, o referido questionário, continha as seguintes questões abertas: Como você define trabalho? Na sua opinião, existe uma relação entre seu trabalho e suas condições de saúde? Se sim, de que forma ou que tipo de relação? De alguma forma o seu trabalho dificulta sua vida social/familiar? Por quê?

Utilizou-se também o questionário The Medical Outcomes Study Short-Form 36 (SF36) com o intuito de avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde. O cálculo do SF-36 foi feito, transformando as questões em domínios, sendo que, para cada um deles, existe um cálculo diferente, que varia de zero a cem, compreendendo um intervalo que vai do pior ao melhor estado de saúde. Consiste em um instrumento genérico e multidimensional, composto de 36 itens, cujos resultados compõem os domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. O SF36 é utilizado em diversos países do mundo, com diferentes segmentos da população, inclusive profissionais de saúde. Foi traduzido para a língua portuguesa e validado no Brasil por Ciconelli et al (1999)28.

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o qual possibilita identificar sinais de doenças psiquiátricas não severas. Trata-se de versão resumida e validada no Brasil do General Health Questionnaire, composto de 60 questões (QSG-60), originalmente elaborado por Goldenberg & Williams com o intuito de detectar doenças psiquiátricas não severas (não psicóticas)39.

O QSG-12 é um instrumento amplamente usado em diversos países, para avaliar saúde psicológica, particularmente no que se refere à identificação de sinais condizentes com deteriorações menores em saúde mental, havendo estudos com diversos segmentos da população, em contexto clínicos ou não clínicos, sendo amplamente utilizado em pesquisas em contexto ocupacionais40.

Esse instrumento é composto por 12 perguntas, respondidas em uma escala de frequência, do tipo Likert. No caso dos itens negativos, as respostas variam de 1 (absolutamente não) a 4 (muito mais que de costume); e no caso de itens positivos, variam de 1 (mais que de costume) a 4 (muito menos que de costume). Quanto menor o escore, portanto, melhor a condição de saúde.

Inexiste consenso quanto à estrutura fatorial desse instrumento, sendo encontrados na literatura estudos que apontam para a utilização de uma, duas ou até três dimensões. Muito embora os resultados predominantes nos estudos apontem para uma solução bifatorial, alguns autores corroboram com a viabilidade da estrutura bifatorial, mas recomendam, prioritariamente, que o QSG-12 seja considerado como uma medida unidimensional, provendo, assim, uma representação do constructo desconforto psicológico39-40. Desse modo, optou-se

pelo uso de uma medida unidimensional (contabilizando um único fator), cujo resultado expressará o nível de bem-estar psicológico dos profissionais. Foi considerado o ponto de corte de três respostas negativas como sinalizador de sinais sugestivos de desconforto psicológico ou propensão a transtornos mentais comuns, tais como distúrbios do sono, sintomas depressivos, ansiedade.

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no questionário elaborado pela pesquisadora, de algumas questões que abrangessem o tema motivação.

4.4 Processo de coleta dos dados

A pesquisa de campo, realizada entre novembro de 2012 e julho de 2013, foi iniciada com a realização de um pré-teste abrangendo 10 profissionais do HRTM, o qual permitiu identificar algumas dificuldades relacionadas à elaboração e à aplicação dos instrumentos de coleta dos dados. A escolha do HRTM para a testagem dos instrumentos deveu-se ao fato de a pesquisadora residir no município onde essa instituição se localiza, bem como participar, nesse mesmo município das atividades acadêmicas no Doutorado Interinstitucional do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UFRN), o que facilitou esse processo.

Pretendia-se recorrer ao sorteio para selecionar os profissionais que integrariam a amostra. Contudo, no percurso inicial da pesquisa identificaram-se dificuldades na operacionalização desse procedimento, diante dos percalços relativos ao contato com os profissionais cujos nomes foram sorteados, devido a não incomum troca de plantões e, principalmente, pela indisponibilidade de alguns profissionais para dialogar sobre a pesquisa durante os plantões, em decorrência das características do ambiente e da dinâmica do trabalho.

Dessa forma, optou-se pela composição da amostra mediante busca espontânea por profissionais que se encontrassem nas instituições nos momentos das visitas e se dispusessem a responder aos instrumentos de coleta dos dados.

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uma caixa lacrada nas salas onde esses profissionais trabalhavam, para recolher o material preenchido, com a devida concordância dos responsáveis pela administração dos hospitais e/ou coordenação dos setores.

Foram visitados os diversos setores existentes nas unidades hospitalares, em dias e turnos diversificados, inclusive em finais de semana e feriados. Durante essas visitas, realizou-se divulgação para os profissionais acerca dos objetivos da pesquisa, instrumentos a serem utilizados, esclarecendo-se sobre o compromisso de não identificar os informantes, bem como sobre o destino dos dados obtidos. Em seguida, fez-se o convite para participarem do processo investigativo. Portanto, o contato com os sujeitos foi realizado nas instituições coparticipantes nas quais ocorreu a aplicação dos instrumentos.

4.4 Análise dos resultados

Na análise dos resultados, os dados produzidos por meio da aplicação das escalas foram mensurados segundo seus próprios critérios de avaliação, e as informações oriundas das questões abertas foram interpretadas qualitativamente, recorrendo-se à técnica de análise de conteúdo, conforme proposto por Bardin42.

Foi utilizada a estatística descritiva para verificação das frequências e testes bivariados para verificar a homogeneidade de distribuições entre as instituições e a correlação entre variáveis. Aplicou-se teste t de Student para comparar as médias de variáveis quantitativas contínuas e quiquadradono caso das variáveis categóricas. Para comparar a média de cada domínio do SF36 entre as categorias profissionais, foram aplicados modelos ANOVA-OneWay, e o teste de comparações múltiplas de Sidak foi usado na rejeição da hipótese de igualdade.

(27)

Por fim, foram ajustados modelos de regressão múltipla (tipo stepwise) para relacionar condições de trabalho, motivação no emprego, satisfação com a profissão, estresse ocupacional e importância atribuída ao trabalho com os escores obtidos nos vários domínios do SF36. Para tanto, foram construídos os seguintes indicadores: importância do trabalho na vida, mensurado em escala crescente de 1 a 10; estresse ocupacional, variando de 1 (muito estressante) a 4 (nada estressante); satisfação com a profissão, demonstrada em níveis de 1 (nada satisfeito) a 4 (muito satisfeito); condições de trabalho nos hospitais, compondo escore ascendente, que varia de 1 (muito ruins) a 10 (muito boas), auferido como 49 - 9X/4, onde X é a média dos escores obtidos em 10 quesitos que integraram a avaliação das condições de trabalho; motivação no trabalho nos hospitais, variando de 1 (nada motivado) a 4 (muito motivado). Para todos os testes estatísticos, foi considerado o nível de significância de 5% (p<0,05).

Os resultados oriundos do QSG-12 foram analisados com a utilização da estatística descritiva para verificação das frequências e sua distribuição, bem como foram realizados testes bivariados para averiguar a associação entre variáveis independentes (sociodemográficas e profissionais) e a variável dependente (condição de saúde psíquica, mensurada pelo QSG12). Em se tratando de variáveis categóricas, foram realizados cruzamentos 2x2, aplicado o teste de associação Quiquadrado, o teste exato de Fischer e calculado o coeficiente de concordância τ – Kendal. Para testar a associação com variáveis quantitativas, foram aplicados os testes não paramétricos Mann-Whitney e Kolmogorov-Smirnov.

4.5 Aspectos éticos

A investigação foi concebida e efetivada considerando-se os princípios éticos de pesquisa com seres humanos, cujos procedimentos respeitaram as indicações contidas na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sob o protocolo nº 111/2011, expedido em 11/11/2011.

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5 ARTIGOS PRODUZIDOS

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18-Feb-2015 Dear Ms. Rosado:

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Sincerely, Dr. Romeu Gomes

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Produzir saúde suscita adoecimento?

As contradições do trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência

Produce health brings illness?

The contradictions of working in public hospitals

Resumo: A saúde resulta da interação de fatores biológicos, sociais, econômicos, políticos e culturais. Nessa perspectiva, objetivou-se analisar a relação entre o trabalho nos hospitais públicos de urgência e emergência e o processo de saúde-adoecimento dos profissionais que o executam. Trata-se de uma pesquisa de natureza quantiqualitativa, na qual foram aplicados questionários com 240 profissionais (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, dentistas, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais). Os resultados demonstraram que os sujeitos reconhecem a importância do trabalho para garantia de condições favoráveis à saúde. Entretanto, destacam seus efeitos no desgaste físico e psíquico dos trabalhadores, por impulsionar estresse, ausência de hábitos saudáveis, hipertensão arterial, distúrbios do sono, osteomusculares e gastrintestinais. Torna-se premente enfrentar esta realidade, para potencializar a saúde dos profissionais e, por conseguinte, a qualidade da assistência ao usuário, visto que o adoecimento dos trabalhadores de saúde está fortemente relacionado com o modelo de saúde existente na sociedade.

Palavras-chave: Saúde. Doença. Trabalho. Saúde do Trabalhador. Hospitais Públicos.

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blood pressure, musculoskeletal, gastrointestinal and sleep disorders. It becomes urgent to face this reality, to enhance professionals' health and, consequently, the quality of user’s assistance, since the illness of health workers is strongly correlated with the existing health model in society.

Key words: Health. Illness. Work. Workers’ Health. Public Hospital.

Introdução

A saúde, em sua acepção ampliada, consiste em um processo dinâmico e multifacetado, o qual deriva de mecanismos biológicos, influenciados pelas condições de vida e ambientais, pela assistência prestada pelos serviços de saúde e pelo estilo de vida dos sujeitos sociais em determinado contexto histórico1.

Sob este prisma, o trabalho configura-se como sendo um dos fatores determinantes da situação de saúde dos trabalhadores, podendo contribuir para seu fortalecimento ou sua deterioração2. Como categoria fundante do ser social, ao

impulsionar a transformação da realidade, indispensável à reprodução da existência humana, o trabalho intermedia e constrói relações, fomenta a autoprodução do indivíduo e impele a construção de formas de sociabilidade erigidas pelos sujeitos sociais3.

Na sociedade capitalista em particular, o trabalho representa um veículo de exploração e desigualdade social e, por conseguinte, atua muitas vezes como desencadeador ou intensificador de desgaste da saúde4. Nesse contexto, o dinheiro oriundo da comercialização da força de trabalho é indispensável à subsistência, sendo um dos determinantes das condições de vida e saúde dos seres humanos. Desse modo, o trabalho encontra-se onipresente na totalidade da vida social, definindo a posição ocupada pelo trabalhador em uma estrutura social hierárquica, com distintas possibilidades de consumo, prazer, saúde-adoecimento e morte5.

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características genéticas e condições ambientais, as quais sobrevêm na população em geral, ao mesmo tempo em que estão propensos a acidentes e doenças cujas incidências decorrem de fatores intrínsecos ao trabalho efetuado6.

No caso do adoecimento dos profissionais de saúde relacionado ao trabalho, é importante considerar que, além de vivenciarem os efeitos nefastos à saúde atinentes à forma de estruturação das relações sociais capitalistas, estes se deparam também com situações particulares à atividade laborativa. Na área da saúde, a efetivação do trabalho não depende exclusivamente da competência e compromisso do trabalhador; mas também das condições de trabalho, da interação com o usuário e da adesão, acesso e reação deste aos procedimentos e orientações7.

Importa salientar que, na realidade brasileira, os profissionais de hospitais públicos de urgência e emergência, de um modo geral, lidam com precárias condições de trabalho, no que tange à insuficiência de profissionais, materiais, equipamentos, estruturas físicas inadequadas, falta de leitos hospitalares, superlotação e defasagem salarial8,9.

Assim, sem desconsiderar os avanços conquistados a partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em termos de ampliação do acesso aos serviços e consequente melhoria no perfil epidemiológico, persistem diversas fragilidades em sua operacionalização, tais como: subfinanciamento, lacunas na equidade da oferta dos serviços e das condições de saúde e uma modalidade de relação entre o público e o privado que fragiliza a concretização de um sistema de saúde universal, público, participativo, descentralizado e integral, tal como preconizado nos documentos legais e normativos brasileiros10.

Tal situação impõe limitações exógenas à vontade e competência dos profissionais e, ao mesmo tempo, indispensáveis à consecução da sua capacidade laborativa, sujeitando-os ao estresse e sofrimento no trabalho, ao atuar em meio a condições adversas à materialização de uma assistência capaz de atender, com a devida efetividade e qualidade, às demandas da população usuária2,11.

(33)

Nesse contexto, diversos estudos têm se debruçado sobre os processos de adoecimento relacionados ao trabalho em saúde. Grande parte destes particulariza a análise sobre determinada profissão, sobretudo os trabalhadores de enfermagem, sendo priorizado o enfoque quantitativo. A abordagem quantitativa é imprescindível ao conhecimento do perfil epidemiológico de morbidade e mortalidade associada ao trabalho; entretanto, é relevante agregar a estas informações a apreensão dos sentidos atribuídos pelos próprios trabalhadores à relação entre o trabalho que executam e sua situação de saúde-adoecimento, tal como nos propomos a efetivar neste artigo.

Dessa forma, acreditamos que as análises aqui empreendidas acrescentam contribuições à produção científica sobre o tema, especialmente por evidenciarem os discursos dos sujeitos pertencentes a diversas categorias profissionais que efetivam o trabalho coletivo no âmbito da política pública de saúde. Sua significância se concentra, ainda, no fato de desvelar a realidade particular vivenciada pelos profissionais em hospitais públicos de urgência e emergência no Rio Grande do Norte, em um contexto de profundas limitações na qualidade e efetividade da assistência à saúde, tendo sido decretado, no ano de 2012, estado de calamidade pública nessa área, conforme documento expedido pelo governo estadual15.

Diante do exposto, objetiva-se analisar a relação entre o exercício profissional nos hospitais públicos de urgência e emergência e as situações de saúde-adoecimento dos sujeitos que o executam, considerando as múltiplas determinações desse processo.

Metodologia

Esta pesquisa consiste em um estudo quantiqualitativo, efetivado no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) e no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), situados, em Natal e Mossoró, respectivamente, no Estado do Rio Grande do Norte, nordeste brasileiro. Tais instituições integram a rede hospitalar de urgência e emergência vinculada ao governo do Estado, composta de sete hospitais, dos quais foram delimitados os que absorvem maior quantidade de profissionais e de atendimentos.

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da saúde-adoecimento dos profissionais nos serviços públicos de urgência e emergência não prescinde da mensuração quantitativa do perfil sociodemográfico e das condições de trabalho destes, ao mesmo tempo em que estes elementos são insuficientes para captar a multiplicidade de aspectos subjetivos que interagem neste processo. Por conseguinte, o fenômeno estudado incorpora processos históricos, culturais, políticos e ideológicos incapazes de se desvelarem completamente, em sua dinamicidade, complexidade e multidimensionalidade, em um dado numérico ou cálculo estatístico16.

Daí a necessidade de atribuir ênfase à análise qualitativa, visando adentrar o mundo dos significados, motivações, valores e atitudes que mobilizam ações e interações humanas em suas particularidades e interseções com a totalidade social, as quais não são perceptíveis nem captáveis por meio de quantificações e análises estatísticas. Logo, esta análise fundamenta-se na compreensão da inexistência de oposição e/ou dicotomia entre as técnicas quantitativas e qualitativas, vislumbrando-as como complementares e essenciais no percurso da sucessiva e inacabada aproximação do conhecimento acerca da dinâmica e contraditória realidade social16,17.

Assim, do ponto de vista quantitativo, a população alvo do estudo constituiu-se de 861 profissionais. Diante desconstituiu-se universo, a amostra foi definida de forma estratificada proporcional, aglutinando 240 trabalhadores, sendo 155 inseridos no HMWG e 52 atuantes no HRTM. Os participantes foram abordados nas próprias instituições, entre novembro de 2012 a julho de 2013, por meio da busca espontânea nos diversos setores, contemplando os vários turnos e dias, inclusive finais de semana e feriados.

Foram delimitados como critérios de inclusão: a) atuação nas instituições mediante vínculos de trabalho, não abrangendo a inserção atinente aos processos de ensino-aprendizagem; b) exercício de profissões de nível superior com contato direto com usuários, especificamente: Medicina, Enfermagem, Serviço Social, Odontologia, Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional.

(35)

dados sociodemográficos e profissionais, além de uma lista de fatores intrínsecos ao trabalho que possivelmente influenciariam (favorável ou desfavoravelmente) a saúde dos participantes, na qual os sujeitos explicitariam concordância ou não com tais assertivas, bem como poderiam inscrever outros aspectos que não estivessem previamente listados. Utilizou-se a estatística descritiva para a mensuração dos dados que emergiram destas questões.

Neste questionário foram contempladas, ainda, perguntas abertas. Tendo em vista sua pertinência e relação com as análises contidas neste artigo, delimitaram-se, portanto, as seguintes: (i) existe relação entre o seu trabalho e suas condições de saúde? Se sim, de que forma ou que tipo de relação? (ii) De alguma forma o seu trabalho dificulta sua vida social/familiar? Por quê?

Os conteúdos que emergiram de tais questões foram interpretados qualitativamente, mediante análise de conteúdo, conforme proposto por Bardin18. Na fase de pré-análise foi realizada leitura flutuante, no desígnio de alcançar uma aproximação preliminar com os dados. Assim, por meio de atentas e reiteradas leituras, foi possível apropriar-se processualmente de sua riqueza e complexidade. Em seguida, a exploração do material contemplou procedimentos de sistematização, codificação e categorização, em busca de identificar semelhanças e dissonâncias expressas nos discursos, sendo selecionadas as respostas mais significativas. Finalizando este processo, efetivou-se a interpretação dos resultados fundamentada na revisão da literatura sobre o tema.

Na apreensão e interpretação dos dados, considerou-se não apenas sua frequência, mas prioritariamente as subjetividades neles presentes, posto que a análise qualitativa se debruça sobre os significados dos discursos, reconhecendo sua relevância para desvelar o fenômeno estudado, o que nem sempre se explicita pela sua repetição.

Importa ressaltar que os sujeitos apresentam heterogeneidades sociais, econômicas, culturais e profissionais. Encontram-se imersos, na condição de construtos e construtores de um trabalho coletivo que os aproxima, mas que pode também distanciá-los em vários aspectos e situações. Por subsecutivo, apresentam singularidades em suas vivências no trabalho e fora dele, assim como nas formas de concebê-las e significá-las.

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evitando menosprezar as semelhanças, diferenciações e divergências de perspectivas expressas pelos profissionais. Sob este prisma, conforme enfatiza Minayo19, um relato coletivo não apresenta homogeneidade, mas abrange e visibiliza diversos interesses e visões envolvidas, atribuindo-lhes lugar e expressão.

A investigação foi efetivada em consonância com os princípios éticos de pesquisa com seres humanos, conforme as indicações da Declaração de Helsinque e das Resoluções do Conselho Nacional de Saúde n. 196/1996 e n. 251/1997. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sob o protocolo nº 111/2011, expedido em 11/11/2011. Os participantes foram esclarecidos acerca dos objetivos e procedimentos da pesquisa e, após manifestação de aceite, responderam os questionários, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados e Discussão

Caracterização dos sujeitos que vivenciam e atribuem significado aos processos de saúde-adoecimento relacionados ao trabalho

Os sujeitos integram diferentes profissões envolvidas no trabalho coletivo em saúde, conforme demonstra a Tabela 1. Apresentam faixa etária diversificada, registrando-se média de 44,5 anos (desvio padrão ± 11,24). A maioria vivencia relação conjugal (63,4%) e possui filhos (67,1%).

Predominam (60,4%) mulheres na totalidade da amostra, fato que se registra na maioria das profissões abrangidas neste estudo, exceto Medicina e Odontologia (cirurgia bucomaxilofacial), nas quais 66,4% e 100% dos participantes, respectivamente, são homens. A preponderância de mulheres na amostra coaduna com registros da feminização da força de trabalho envolvida na assistência à saúde, amplamente explicitada na literatura11,20-22.

(37)

Tabela 1. Perfil ocupacional dos profissionais de hospitais públicos de urgência e emergência do Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste brasileiro, 2013.

VARIÁVEIS N HRTM % HMWG n % n TOTAL % PROFISSÃO

Médico 22 30,6 85 50,6 107 44,6

Enfermeiro 22 30,6 36 21,4 58 24,2

Assistente Social 11 15,3 11 3,6 22 9,2

Fisioterapeuta 5 6,9 11 6,5 16 6,7

Nutricionista 2 2,8 10 6,0 12 5,0

Cirurgião-Dentista 4 5,6 6 3,6 10 4,2

Fonoaudiólogo 1 1,4 5 3,0 6 2,5

Psicólogo 2 2,8 3 1,8 5 2,1

Terapeuta Ocupacional 3 4,2 1 6 4 1,7

NÍVEL DE FORMAÇÃO

Graduação 20 28,6 37 22,0 57 23,9

Especialização/residência 47 67,1 120 71,4 167 70,2

Mestrado/Doutorado 3 4,3 11 6,6 14 5,8

TEMPO DE TRABALHO NA SAÚDE Inferior a 1 ano

1 a 2 anos 2 2,8 2 1,2 4 1,7

3 a 5 anos 9 12,5 24 14,3 33 13,8

6 a 10 anos 10 13,9 25 14,9 35 14,6

Acima de 10 anos 51 70,9 117 69,7 168 70

Inferior a 1 ano 3 4,2 18 10,8 21 8,8

1 a 2 anos 13 18,1 9 5,4 22 9,2

3 a 5 anos 17 23,6 50 29,9 67 28.0

6 a 10 anos 6 8,3 12 7,2 18 7,5

Acima de 10 anos 33 45,8 78 46,7 111 46,4 JORNADA DE TRABALHO SEMANAL NA INSTITUIÇÃO

40 h 43 60,6 106 66,3 149 64,5

30 h 24 33,8 27 16,9 51 22,1

20 h 10 6,3 10 4,3

Outra 4 5,6 17 10,6 21 9,1

TOTAL DE HORAS DEDICADAS AO TRABALHO SEMANALMENTE

Até 40 horas 19 8,1 53 22,5 72 30,6

˃ 40 até 60 horas 26 11,0 61 25,8 87 36,9 ˃ 60 até 80 horas 18 7,6 29 12,3 47 19,9

˃ 80 até 100 horas 5 2,1 10 4,2 15 6,4

˃ 100 horas 3 1,3 8 3,4 11 4,7

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R$5.369,34 (desvio padrão ± R$ 2.500,93). Apesar da elevada incidência de não resposta neste item (30,8%), os resultados sinalizam expressiva diferenciação salarial entre a equipe. Identificou-se, também, heterogeneidade na renda familiar, haja vista que alguns profissionais (7,1%) relataram dispor de valores entre 1 a 5 salários mínimos mensais para o sustento familiar, estando as maiores concentrações nas faixas de 6 a 10 (27,1%) e acima de 25 salários mínimos (23,8%).

Acerca da frequência do usufruto de férias, considerando o afastamento simultâneo de todas as atividades, constatou-se que 25% dos profissionais nunca ou apenas raramente o fazem. Por outro lado, uma quantidade significativa (78,5%) trabalha de forma frequente em finais de semana e feriados e participa (53,4%) de plantões noturnos.

Concernente à experiência de trabalho, grande parte dos profissionais atua há bastante tempo na saúde, bem como nos hospitais estudados, o que os qualifica a analisar o trabalho nestes espaços e os impactos deste na sua saúde.

Interfaces entre trabalho e processos de saúde-adoecimento dos profissionais: no limiar da proteção e do desgaste

Os profissionais, em sua maioria, vislumbram haver relação entre o trabalho que desenvolvem e sua situação de saúde, muito embora esta associação seja vista de formas distintas. Vale assinalar que 13,8% dos sujeitos não se manifestou sobre esta questão, o que pode ser explicado pela indisponibilidade de tempo para preenchimento dos questionários em meio à jornada de trabalho, especialmente por se tratar de questão aberta e que demanda certo tempo para sistematização das respostas.

(39)

Tabela 3 Interfaces entre trabalho e saúde na perspectiva dos profissionais de hospitais públicos de urgência e emergência no Rio Grande do Norte, 2013

O TRABALHO AFETA A SAÚDE... HRTM HMWG TOTAL

Favoravelmente, porque a remuneração permite acesso à moradia, educação, alimentação, saneamento, transporte, serviços de saúde, atividades de lazer...

n 47 81 128

% 65,3 49,4 54,2

Favoravelmente em decorrência da satisfação que sente em

realizá-lo. % n 59,7 43 48,2 79 51,7 122

Favoravelmente, por outros motivos. n 5 9 14

% 6,9 5,5 5,9

Desfavoravelmente, devido ao estresse ocupacional. n 39 84 123 % 54,2 51,2 52,1 Desfavoravelmente, devido aos riscos de acidentes e

acometimento de doenças. % n 40,3 29 37,2 61 38,1 90 Desfavoravelmente, devido ao excesso de horas trabalhadas

e/ou ao ritmo intenso de atividades. % n 38,9 28 45,7 75 43,6 103 Desfavoravelmente, por lidar constantemente com a dor, o

sofrimento e a morte. % n 44,4 32 32,9 54 36,4 86

Desfavoravelmente, devido ao trabalho noturno e/ou durante

várias horas seguidas (plantões). % n 41,7 30 33,5 55 36,0 85 Desfavoravelmente, devido à pressão em relação aos

resultados.

n 17 42 59

% 23,6 25,6 25,0 Desfavoravelmente, devido à falta de tempo para descanso,

lazer e relacionamentos. % n 27,8 20 39,6 65 36,0 85

Desfavoravelmente, por outros motivos. n 13 22 35

% 18,1 13,4 13,8

Esta quantificação dos dados esboça um panorama da percepção dos sujeitos sobre a relação entre o trabalho que exercem e sua condição de saúde-adoecimento, possibilitando uma preliminar aproximação com o fenômeno observado. Compreensão mais aprofundada acerca dos processos vivenciados pelos profissionais e da significação atribuída a estes, será explanada mediante análise dos depoimentos destes sujeitos.

Desse modo, observou-se que prevaleceu o entendimento do trabalho como fonte de desgaste da saúde, em função de atributos inerentes à própria atividade profissional e ao ambiente em que ela se realiza. Dentre os aspectos intrínsecos às funções desempenhadas, destacaram-se como potenciais impulsionadores de problemas osteomusculares: esforço físico, procedimentos repetitivos e extenuante permanência em pé. Fatores especialmente relevantes se considerados os registros emitidos pelos profissionais acerca das condições não ergonômicas nos serviços investigados.

(40)

(...) ficar muito tempo em pé provoca dor nos membros inferiores, articulação, etc. (enfermeira, HMWG).

Os distúrbios osteomusculares vêm se apresentando, no âmbito nacional e internacional, como preocupante problema relacionado ao trabalho em saúde. Apesar de sua etiologia multifatorial, tem demonstrado associação com situações que perpassam o trabalho em várias profissões de saúde, marcadas pela mobilização excessiva do sistema musculoesquelético, devido ao empenho constante de esforço físico, movimentos repetitivos e posições inadequadas22,23.

Por outro lado, foram apontados riscos atinentes ao espaço hospitalar, tais como ambiente insalubre, turnos prolongados e expedientes noturnos.

Devido à exposição a doenças infecto-contagiosas tenho muitas sinusites e também, por passar muito tempo em pé, dores na coluna (enfermeira, HMWG); [...] Gera estresse, ansiedade, fiquei hipertensa e tinha enxaqueca após plantão noturno. Fiquei obesa de tanto comer à noite nos plantões e ao longo da vida comer "correndo" de um plantão para outro (médica, HMWG).

A literatura registra várias manifestações do caráter nefasto do trabalho para a saúde, incluindo-se a influência deste no desencadeamento da hipertensão arterial. Ainda que este problema resulte da interação entre mecanismos genéticos, biológicos, comportamentais e ambientais, lidar continuamente com condições de trabalho estressantes pode impulsionar episódios de elevação dos níveis pressóricos e contribuir para a instalação do quadro hipertensivo. Ilustra essa associação um dos achados apontados em estudo realizado com profissionais de serviços de atendimento pré-hospitalar no Sudeste brasileiro, no qual se constatou que trabalhar frequentemente cansado elevou a chance dos sujeitos apresentarem pressão arterial alterada14.

No que concerne ao trabalho noturno, este foi bastante explicitado pelos sujeitos como fator de desgaste da saúde, principalmente por acarretar distúrbios do sono; mas, também, irritabilidade, cefaleia, cansaço, obesidade, entre outros. Eis alguns relatos: [...] tenho dificuldade para dormir, devido a questão dos noturnos. (enfermeira, HMWG); Após aderir à escala noturna, aumentou minha irritabilidade e as crises de gastrite (enfermeira, HMWG).

(41)

plantão, dentre outros problemas. É notório que os serviços de urgência e emergência não prescindem do expediente noturno; contudo, este horário de trabalho demanda estratégias institucionais e pessoais que minimizem o desgaste ocasionado por ele, tais como: reorganização da rotina, ambientes adequados, remuneração diferenciada e iniciativas propiciadoras da qualidade de vida dos trabalhadores24.

A menor concentração de atividades durante a noite condiz com a necessidade de minimização do desgaste para plantonistas noturnos. Porém, é premente também evitar o acúmulo extenuante de tarefas na rotina diurna e o desgaste dele subsequente. Esta reflexão se fundamenta em pesquisa com enfermeiros no âmbito hospitalar, cujos resultados demonstraram curiosamente que níveis mais elevados de estresse e pior qualidade do sono prevaleceram entre os profissionais diurnos, fato relacionado com a concentração das atividades sob sua responsabilidade neste horário25.

Não obstante, a sobrecarga de trabalho apareceu coesamente nos relatos das diversas categorias profissionais, com queixas de cansaço e indisponibilidade de tempo para descanso, lazer, atividades físicas, práticas alimentares saudáveis, convívio social e familiar, além de outros cuidados com a própria saúde.

Muitas vezes sou impedida de realizar atividades que fazem bem à saúde devido ao tempo que preciso estar no trabalho, como por exemplo, mais atividade física, aula de violão, etc. (assistente social, HMWG). A sobrecarga de trabalho interfere de forma significativa nas condições de saúde (especialmente psíquica) e em minha qualidade de vida (psicóloga, HMWG); Muito trabalho diminui a minha qualidade de vida (nutricionista, HMWG).

(42)

O elevado nível de estresse no trabalho também foi amplamente destacado como um dos grandes vilões no que se refere à saúde: Já enfartei por stress (médico, HMWG); Às vezes, a sobrecarga e o estresse me influenciam com resfriados, dores gástricas etc. (nutricionista, HMWG).

Logo, o estresse ocupacional deprecia a qualidade de vida e, por conseguinte, a situação de saúde dos trabalhadores, sendo reconhecida sua significância, por exemplo, no desencadeamento da insônia. Esta correlação apresentou-se significativa em estudo com enfermeiros de hospital universitário no Sudeste brasileiro, no qual níveis mais elevados de estresse estiveram associados a piores qualidades do sono25.

Além dos aspectos mencionados, foram explicitados fatores de desgaste relacionados ao ambiente institucional e que são passíveis de alteração, a depender da forma de gestão da política de saúde. São estes: precárias condições de trabalho, inexistência de planejamento ergonômico, relações autoritárias, inadequações na estrutura física e na higienização da central de ar condicionado; pouco reconhecimento e baixos salários, entre outros. Sob este prisma, sobressaem-se relatos acerca das condições de trabalho adversas e, principalmente, das suas consequências para a saúde de profissionais e usuários.

No meu trabalho estou exposta a muitos riscos ocupacionais (biológicos, químicos, ergonômicos etc.) como também fico com o lado emocional fragilizado pelas injustiças, negligências, desrespeito com os pacientes, bem como com as relações entre os profissionais desarmônicas (enfermeira, HRTM); As grandes limitações e condições precárias de trabalho nos determina ansiedade, tristeza, sentimento de impotência (médica, HMWG). [...] desde dores na coluna, geradas pela atividade até o mal-estar psíquico com as más condições de trabalho e remuneração não condizente (fisioterapeuta, HMWG).

Percebe-se, assim, que lidar com estas adversidades no ambiente de trabalho, especialmente em serviços de urgência e emergência, gera conflitos pessoais, dilemas éticos e sofrimento psíquico nos profissionais ao protagonizarem uma assistência à saúde imersa em incongruências entre os procedimentos necessários para recuperar a saúde dos usuários e os entraves institucionais impeditivos de sua plena efetivação2.

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Tabela 1  – Composição da amostra por instituição e profissão
Tabela 2  – Alocação da amostra estratificada por instituição  Variáveis  Relativo Erro  N  n1  Alocação  n2
Tabela 3  – Estimativas e sua precisão com base na amostra final  Variáveis*
Tabela  1.  Perfil  ocupacional  dos  profissionais  de  hospitais  públicos  de  urgência e emergência do Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste brasileiro,  2013
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Referências

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