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A complexa arquitetura de um plano de ação para a justiça do Estado do Rio de Janeiro

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

199804 L1l43 T/EBAP M386c 11111 111111 li 1II1II11 11111111

1000083097

A COMPLEXA ARQUITETURA DE UM PLANO DE AÇÃO PARA A

JUSTiÇA DO ESTADO-DO RIO DE JANEIRO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO

,

Leila Maria Pereira Martins

RIO DE JANEIRO, _ , _ , _

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.=

(2)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A COMPLEXA ARQUITETURA DE UM PLANO DE AÇÃO PARA A

JUSTiÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

Leila Maria Pereira Martins

E

APROVADA EM DATAR/nL/3l PELA COMISSÃO EXAMINADORA

~

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~

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m'/0./L-Prota FATIMA BA MA DE OLIVEIRA (Doutora e Educação)

Prol. LUiS

CÉSA~LVES

DE ARAUJO (Doutor em Administração)

Jati~,~

<y;Jvt-~

(3)

SUMÁRIO

PARTE I - O NOVO JUDICIÁRIO COMO PROPOSTA

INTERNACIONAL

1. INTRODUÇÃO - pág. 3

2. REFORMA DO JUDICIÁRIO COMO FATOR DE MUDANÇA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO - pág. 5

3. ELEMENTOS DA REFORMA DO JUDICIÁRIO - pág.11 4. PAPEL DO JUDICIÁRIO - pág.12

5. INDEPENDÊNCIA DO JUDICIÁRIO - pág.14

6. SEGURANÇA DOS JUíZES, PROMOTORES E OUTROS OFICIAIS DE JUSTiÇA - pág.17

7. SIMPLIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DOS PROCEDIMENTOS JUDICIAIS - pág.18

8. APERFEiÇOANDO A ADMINISTRAÇÃO JUDICIARLL\ - pág.20 9. SELEÇÃO E TREINAMENTO DE JUíZES E OUTROS

SERVENTUÁRIOS - pág.21

10. FACILIDADES INSTITUCIONAIS - pág.23 11. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO LEGAL - pág.24 12. ACESSO À JUSTiÇA, TAXAS E CUSTAS - pág.24

13.DISPONIBILlDADE DE ARBITRAGEM E OUTRAS ALTERNATIVAS DE FACILIDADES - pág.25

14. GOVERNABILlDADE E ADMINISTRAÇÃO DOS TRIBUNAIS' NA AMÉRICA LATINA - pág.26

15. SISTEMAS LEGAIS E DESEMPENHO ECONÔMICO - pág.27 16. CAPACIDADE DE ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DOS

TRIBUNAIS - pág.29

PARTE 11 - A REFORMA JUDICIAL NO BRASIL

(4)

2. ORGAr~IZAçÃO JUDICIÁRIA DO BRASIL - pág.41 3. O RECRUTAMENTO DE JUíZES - pág.44

4. ENFOQUE EMPRESARIAL DO JUDICIÁRIO - pág.45 5. A SIMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO - pág.47

6. AMPLIAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS - pág.48 7. FORMAÇÃO ADEQUADA DE JUíZES E DE PESSOAL DE

APOIO - pág.49

PARTE 111 - A JUSTiÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1. PROCEDIMENTOS SIMPLIFICADOS. JUIZADOS ESPECIAIS DE PEQUENAS CAUSAS. ARBITRAGEM. - pág.52

1.1. JU!ZADOS DE PEQUEN,A,S C,A,USAS - pág.55 1.2. ARBITRAGEM - pág.57

2. AUTONOM IA DO JUDICIÁRIO. CONTROLE EXTERNO. EFEITO VINCULANTE DAS DECISÕES SUPERIORES. - pág.62

2.1. A NATUREZA MUTANTÊ DO CONTROLE ORGANIZACIONAL - pág.66

2.2. CONTROLE EXTERNO - pág.68 2.3. EFEITO VINCULANTE - pág.70

3. REFORMA ADMINISTRATIVA. ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA. INFRA-ESTRUTURA. - pág.77

3.1.PONTOS ESSENCIAIS PARA A EFETIVA ADMINISTRAÇÃO DO TRIBUNAL - pág.80

3.2. ESFORÇOS PARA RESOLVER OBSTÁCULOS - pág.83 3.3. DESCENTRALIZAÇÃO - pág.85

3.4. MODELOS PARA A JUSTiÇA - pág.88

4. MUDANÇA ORGANIZACIONAL. MOTIVAÇÃO. VISÃO SOCIAL DO EXERCíCIO DA MAGISTRATURA. - pág.89

(5)

4.2. VISÃO SOCIAL DO EXERCíCIO DA MAGISTRATURA -pág.94

5.TECNOLOGIA E PRODUTIVIDADE - pág.97

5.1. ,óPROXIMAÇÃO DE UNIVERSOS - pág.97 5.2. TECNOLOGIA E NOVOS RECURSOS - pág.99 5.3. FOCO NA CLI ENTELA - pág. 101

PARTE IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS -

pág. 104 ANEXO 1 ~ ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO - pág. 109

ANEXO 2 - ESTRUTURA FUNCIONAL DO TRIBUNAL DE JUSTiÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (T JERJ) - pág. 110

ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO TJERJ - pág. 113

BIBLIOGRAFIA - pág. 114

(6)

2

Sumário: Quando os valores são muito resistentes

à

mudança, os

planejadores sociais preferem usar a lei, a fim de proporcionar comportamentos novos, mesmo que não sejam acompanhados da mudança na atitude. A Reforma do Judiciário é analisada como fator para sustentar o crescimento econômico e social dos pafses em desenvolvimento.

Abstract: When values are very resistent to change, social engineers

prefer to use the law, in order to promote new behavior, even though not followed by changing in the attitude. The Judicial Reform is analysed as a factor to sustain the economic and social growth in developing countries.

Palavras-Chave: Mudança Social e Desenvolvimento, Interesse

Público, Sistema Legal, Sistema do Tribunal de Justiça.

Key Words: Social Change and Development, Public Interest, Legal

(7)

3

"Ai temos a lei", dizia Florentino. "Mas quem as há de segurar? Ninguém." (Rui Barbosa)

1. INTRODUÇÃO

Ao iniciar o curso de Mestrado em

Administração Pública não era possível ver claramente o caminho que

percorreria em dois anos, as oportunidades que surgiriam, os

relacionamentos novos que seriam possibilitados, enfim delimitar todo o

contorno de um projeto de pesquisa de longo fôlego e constante

aprimoramento.

A escolha da área de estudo não poderia deixar

de ser aquela em que a atuaç~~o como profissional mais mobiliza as

energias do pesquisador. Tornou-sej -então, bem próximo e delineado o

objeto de estudo. Isto, entretanto, nao quer dizer, de modo algum, maior

facilidade nesta pesquisa. Pelo contrário, muitas das vezes a isençao e o

afastamento necessários tornam-se penosos e as conclusões

inesperadas e contundentes a que se chega tendem a ser amenizadas

como forma de uma reconciliação com o sistema em análise. Nenhuma

destas posturas diminuem a validade das questões levantadas. A

iiteratura demonstrou que a constante busca é o modo pelo qual,

possivelmente, encontra-se algumas respostas e novas idéias.

A construção do texto tem uma dinâmica

própria, onde os conceitos, por vezes, são colocados de forma genérica,

mas na análise final somente os aspectos específicos são selecionados.

(8)

/1

comparativos e a constatação de que não apenas conceitos genéricos

alicerciam a parte. Por outro lado, a experiência especffica também pode

inspirar a visão geral auxiliando-a quanto ao viável na elaboração de

programas de reforma.

o

trabalho de pesquisa poderia estar ancorado em um sub-tema, como por exemplo as feições da Administraçao Pública

no Brasil e o seu reflexo no Poder Judiciário do Estado do Rio de

Janeiro. A partir de princípios da área de conhecimento tratada como

Direito Administrativo princípios gerais como o da legalidade,

impessoalidade, moralidade e publicidade pautariam a análise do

alcance do trabalho prestado pela justiça estadual e o conceito de

interesse público, o atingimento dos objetivos maiores que o poder

público deve realizar.

Entretanto, foi possível o levantamento de vasto

material compilado pelo Banco Mundial resultante de várias pesquisas

empíricas realizadas na América Latina sobre o Poder Judiciário em seus

países membros. Assim, é perceptível traços comuns nas principais

questões administrativas do Judiciário naqueles países. A esfera de

abordagem amplia-se, e gradativamente cada questao trazida à

discussao nos remete a possíveis soluções para os problemas

enfrentados nos tribunais dos países latino-americanos.

Forçosamente, a visão do papel desempenhado

pela esfera de poder governamental, sob foco, é altera,da deixando de

ser um mero solucionador dos conflitos judiciais para um aparelho

estabilizador das relações sociais com profundo reflexo nas negociações

(9)

5

portanto, uma abordagem multidisciplinar e interativa, pois a pesquisa

apenas voltada para a teoria de administração de organizações, quer

pública ou privada, ou princípios gerais de direito administrativo não

supriria a necessária análise do papel sócio-econômico que cada

unidade governamental deve desempenhar.

2. REFORMA DO JUDICIÁRIO COMO FATOR DE MUDANÇA SOCIAL

E DESENVOLVIMENTO

A lei é há muito reconhecida não somente como

um reflexo das forças predominantes em uma determinada sociedade,

mas também como um instrumento potencial de mudança e

desenvolvimento progressivo de determinado núcleo social. Estes dois

atributos possibilitam a que desempenhe dois papéis igualmente

conflitantes: aquele de mantenedora e intérprete do status quo e,

simultaneamente, aquele de catalisadora da sua mudança e implantação

de mecanismo, através do qual esta mudança possa vir

à

tona de modo

ordenado.

Assim, segundo Kotler (Marketing Social, 1973),

quando se tratar da mudança de atitudes básicas, o meio mais eficaz

poderá ser a promulgação de leis que exigem a conformidade de

comportamento, o que aciona as forças que poderão acelerar a

aceitação de novos valores. Nesse caso, o papel do especialista de

marketing será construir um clima favorável à aceitação da nova lei.

As implicações do papel que a lei pode

(10)

o ritmo e modelo rje desenvolvimento e, contrariamente, seu possível

papel como um obstáculo em face de um maior desenvolvimento, estão

ainda para ser completamente entendidas.

Em 1969, Kotler e Levitt (1975) previram o

emprego do marketing em outras organizações - partidos políticos,

associações profissionais, sociedades beneficientes, universidades e

órgãos governamentais. De acordo com este entendimento, o

marketing social é visto como influenciador de um projeto para

implementação de programas que procuram aumentar a aceitação das

idéias ou práticas sociais em certos grupos-alvo (Kotler, op. cit.).

Alguns estudos sobre a influência da lei no

processo de desenvolvimento social possibilitam o fornecimento de

respostas a antigas questões relacionadas ao verdadeiro papel da lei na

sociedade e como ela pode funcionar em alguns momentos para servir

seus objetivos originais e algumas vezes promover objetivos diferentes

ou até mesmo conflitantes. Numa sociedade livre em que todos os

grupos propagam seus pontos de vista no mercado de idéias, as

organizações devem lutar para motivar um público-alvo a adotar uma

nova idéia ou prática (Kotler, 1975). Um bom número de institutos

modernos, nacionais e internacionais, também fornecem treinamento e

encorajam pesquisas em vários aspectos práticos dos assuntos

levantados por estas questões.

Ainda, em sua maior parte, a discussão da

reforma legal tem até agora se concentrado nos setores mais eficazes

nos quais a lei possa ser modernizada. A introdução de mudanças nas

(11)

7

facilitar e satisfazer as crescentes necessidades das sociedades para as

quais existem como diretrizes. Esta abordagem reconhece que, uma vez

que mudanças apropriadas são introduzidas nas regras, o sistema legal

como um todo fornecerá melhores respostas às demandas de

modernização e desenvolvimento. Regras, contudo, são raramente

auto-executáveis e até quando o são, precisam de instituições adequadas

para assegurar a sua correta aplicação, e para resolver disputas as

quais surgem inevitavelmente no curso do seu cumprimento.

Um

sistema

legal, em outras palavras, consiste não somente de regras aplicáveis,

mas também, dos procedimentos através dos quais estas regras devem

ser aplicadas e das instituições a cargo destes procedimentos. Sem tais

procedimentos e instituições, tais regras podem se transformar em

conceitos abstratos os quais nem sempre refletem a lei em força

(Murphy, 1964).

Um programa de reforma legal adequado não

pode, entretanto, estar limitado a uma revisão das regras existentes com

o sentido de introduzir as mudanças mais apropriadas sob as

circunstâncias da sociedade interessada. Deve também incluir reformas

legislativas,administrativas e judiciais necessárias para assegurar que as

regras serão mudadas para servir ao interesse público; serão aplicadas

de maneira correta e justa a fim de que continuem a servir ao seu

propósito; serão complementadas pelas regulamentações necessárias e

interpretações que facilitem sua aplicação e serão submetidas a futuras

revisões para assegurar sua constante relevância e utilidade.

Tais reformas devem igualmente preocupar-se

com o processo e resultados da resolução de conflitos, de modo que os

mecanismos de tal processo possam sempre ser, e aparentar ser,

(12)

8

processo ocorre carrega um mecanismo em que forças interrelacionadas

atuam e afetam as instituições como, por exemplo: a demografia, a

economia, a tecnologia, o governo e a cultura (Kotler, 1975).

A necessidade de uma vasta reforma nas

regras, procedimentos e instituições as quais exprimem e implementam

reformas políticas em cada campo da organização social é de todo mais

evidente no contexto da transição predominante de muitas economias de

um domínio para um sistema de mercado ou da predominância do setor

público para aquele do setor privado, com a inevitável redefinição do

papel do estado a qual acompanha tais transformações (Banco

Mundial, 1994).

I nvestidores privados em particular, tanto

domésticos quanto estrangeiros, e seus financiadores cada vez mais

tomam em consideração em suas decisões de investimento, além dos

aspectos primários sobre retornos financeiros e riscos poHticos,

questões relacionadas às garantias que o sistema legal possa

assegurar, quanto aos direitos dos investidores a serem discutidos

rotineiramente em litrgios surgidos da própria atividade negociai, sendo

estes resolvidos de modo expedito, eficiente e eqüânime.

De fato, investidores sérios procuram por um

sistema legal onde os direitos de propriedade, ajustes contratuais e

outras atividades legais sejam salvaguardadas e respeitadas, livres da

ação de governos arbitrários e da pressão de certos grupos de interesse

ou indivíduos poderosos. A esse respeito, a função adequada do sistema

jurfdico é de imensa importância, até como forma de definir-se o

(13)

9

regime legal especffico, como

é

comum, por exemplo, nos setores de

mineração e energia tanto nos pafses desenvolvidos como em

desenvolvimento.

Tal funcionamento adequado é normalmente

inexistente, contudo. Em um tfpico pars em desenvolvimento as

seguintes características são muito comuns:

1. O sistema do judiciário pOde seguir

procedimentos prolongados resultando em atrasos incompreensfveis e

podem tornar ineficaz o cumprimento das decisões.

2. Nenhum sistema de arbitragem comercial

pode existir. Até pequenas disputas comerciais podem permanecer não

solucionadas por anos.

3. Os profissionais das leis e contadores podem

ser pouco desenvolvidos ou, dado os excessos de uma estrutura de

regulamentações, pOdem desempenhar o seu papel como agentes que

evitam regras vinculadoras.

Esta situação torna as decisões de investimento

mais diflceis e custosas tanto para os investidores domésticos quanto

para os estrangeiros.

Outros problemas tem sido também observados

descrevendo o sistema judiciário em países em desenvolvimento no

contexto do papel da lei para a mudança social e o desenvolvimento. Em

particular, tem-se observado casos onde a falta de independência

fundamental para que os juízes desempenhem efetivamente suas

(14)

10

lado, e indivíduos ou entidades corporativas de outro lado (Neely, 1983).

Em muitos países em desenvolvimento hoje, o judiciário

é

fortemente

influenciado, se não controlado, pelos poderes executivo ou legislativo

diretamente ou indiretamente. Esta influência é manifestada na

indicação, promoção e remoção de juízes, na determinação de seus

salários, alocação de recursos orçamentários requeridos para a

realização das funções judiciárias e, em certas situações, no controle

dos resultados dos processos judiciais através de tribunais

especializados.

Adicionalmente, ao judiciário pode faltar a

experiêncií? e conhecimentos necessários para recorrer à nova

legislação. Em muitos casos, há também uma terrfvel necessidade de

uma bem desenvolvida administração e outras facilidades, inclusive

prédios, espaço para escritórios e equipamentos, e de sistemas

apropriados de comunicação das leis à população em geral (Friesen,

1971). Adicionalmente, instalações e um sistema legal adequado para

arbitragem não estão disponíveis em muitos países. Tipicamente, os

casos levam anos para serem decididos tanto por tribunais cfveis ou

criminais. A dificuldade do judiciário em muitos países em

desenvolvimento é mais óbvia nas áreas rurais onde 110 JUIZ frequentemente vive como algo de estrangeiro entre pessoas às quais

está designado para servir, faltando conhecimento da sua linguagem e

costumes!! (Ciarence J. üias e James C. N. Paui, Observation on

Lawyers in Development and Underdevelopment, in Banco Mundial,

1994).

Com estas características, não é de

(15)

11

muitos países em desenvolvimento, têm levado os governos a propor a

reforma do sistema legal, inciusive do judiciário, como complemento

necessário para a reforma econômica.

3. ELEMENTOS DA REFORMA DO JUDICIARIO

Sob qualquer reforma do Judiciário bem

sucedida existem dois pré-requisitos básicos (Vandiver, 1988):

(1) a construçêo de consenso entre o Judiciário e os outros segmentos do Estado quanto

à

relevância e importância da

reforma ju~iciária e, baseado neste consenso,

(2) um compromisso constante para tornar

disponíveis os recursos necessários em bases sustentáveis. De fato,

falta de fundos está dentre as principais razões para a sub-qualificação

das posições judiciais e inadequaçêo dos prédios e outras instalações

que juntas contam para o congestionamento dos tribunais, predominante

na maior parte dos pafses.

Quase todos os prograrnas âe reforma do

judiciário devem, portanto, esforçar-se para atacar a questêo das

restrições orçamentárias, como é o caso em qualquer programa de

reforma de natureza institucional.

Seria um engano, contudo, reduzir a questão da

reforma do judiciário apenas a uma questêo financeira e acreditar que

aumentando os fundos disponfveis, automaticamente, aliviaria o

congestionamento dos tribunais ou elevaria seus serviços. O processo

tem muitos elementos, para sua implementaçêo bem sucedida, recursos

(16)

12

4. PAPEL DO JUDICIARIO

Enquanto o Judiciário

é

geralmente visto como o

árbitro de disputas legais e o provedor de justiça penal na sociedade, o

objetivo e os limites da função judicial difere de um sistema legal para

outro e, de fato, de um país para outro.

É comum se dizer que juízes fazem a lei apenas

do mesmo modo como elétrons fazem ftsica e amebas fazem biologia.

Outra posição extremada limita o papel dos tribunais

à

simples

declaração da lei como estabelecido pela legislação, o juiz sendo

apenas nada mais do que a boca que pronuncia a lei.

Se admite em setores responsáveis do

JudiCiário que o seu papel é a interpretação e aplicação da lei em

disputas específicas, mas difere em uma variação aceitável, de acordo

com os julgamentos no processo de interpretação e aplicação (Tarr,

1994). O fato é que os tribunais sob quaisquer sistemas aplicam a

legislação existente, mas ocasionalmente tem que preencher as lacunas

na aplicação da lei, algumas vezes explicitamente reconhecendo tal

lacuna e algumas vezes tratando-as sob o manto da "interpretação".

Três requisitos parecem ser essenciais pelo

ponto de vista prático de ter um sistema adequado para a administração

da justiça (Tarr, 1994).

Primeiro, o Judiciário em um dado país deve ter,

como ponto de partida, uma abordagem clara e uniforme da natureza e

(17)

13

básica do sistema legal em cada país e é usualmente definido através do

tribunal mais elevado no país, o qual revê decisões oriundas da

abordagem geral acordada. Onde tribunais diferentes detém enfoques

diferentes ou conflitantes quanto à extensao do papel dos jufzes, por

exemplo, sobre se o juiz pode abster-se de aplicar certo estatuto,

confusao indesejável e complicações podem ser esperadas.

Segundo, enquanto os códigos legais de um

país podem negar um papel criativo para os tribunais e estes recorrem,

na ausência de texto e costumes, a fontes como "direito natural" ou "oS

princípios gerais de moralidade", será provavelmente mais útil prever,

como o Código Civil sufço faz, que em tais casos o juiz regulará de

acordo com as regras que teria estabelecido tivesse ele que agir como

um legislador. Em fazendo isto, fica reconhecida a necessidade de se

desenvolver um sistema para apoiar os tribunais na identificaçao das

regras apropriadas.

Tal inovaçao disciplinada pode de fato ser

inevitável no mundo moderno, onde práticas comerciais sofisticadas

atingem tanto os países desenvolvidos como os pafses em

desenvolvimento, através do comércio e do setor financeiro

internacional; processo que normalmente inclui a adaptaçao e a adoção

de códigos internacionais e o estabelecimento de práticas onde nao

existem regras locais, por exemplo, para regular a emissao de títulos de

crédito ou cartas de crédito.

Terceiro, o Judiciário deveria estar consciente

do papel importante a desempenhar na proteçao de direitos individuais

(18)

14

executivo são mantidos pelo governo devido a natureza do sistema

político ou por causa das situações de emergência as quais permitem

aos governos legislar por decreto. Em tais situações, o Judiciário

constitui a única salvaguarda contra a tirania.

Então, o desafio para os programas de reforma

legal nos países em desenvolvimento não é apenas delinear o papel do

Judiciário de um modo ambíguo mas, onde necessário, redefini-Io para

possibilitar a administração mais eficaz da justiça sob as circunstâncias

prevalecentes. Poderia ser argumentado que este objetivo pode requerer

um maior grau de diligência pelo Judiciário, que é uma expansão de suas

responsabilidades para possibilitá-lo proteger o indivíduo dos abusos do

governo e enviar ao indivíduo o verdadeiro processo e proteção da lei.

Tal diligência, se exercida, deverá vir de dentro do próprio Judiciário,

sendo que dificilmente poderá ser legislado ou autorizado por outros

setores do Estado. Por esta razão, terá de ser exercido

desinteressadamente e com a maior medida possível de objetividade,

para que não torne o processo algo que o indivíduo julgue

independentemente "privando a lei de sua autoridade" (Epstein e

Walker, 1992).

5. INDEPENDÊNCIA DO JUDICIARIO

A noção de independência do Judiciário tem

sido estabelecida em muitos pafses em desenvolvimento através de

dispositivos constitucionais específicos ou através de legislação

adequada. Esta noção enraizada na doutrina de separação dos

(19)

15

tem sido defendida como um fundamento no sistema de verificações e

balanços característico da democracia (Paupério, 1980).

Em muitos países em desenvolvimento, a

independência do Judiciário é consagrada em suas constituições

(Constituição do Brasil, Título I, art.2°) ou em estatutos no sentido de

proteger o Judiciário da pressêo polftica e outras influências,

especialmente do ramo do Executivo. Em muitos casos, independência

judicial substantiva é assegurada pela proteçêo da independência

pessoal dos juízes, através da garantia de salvaguarda dos seus salários

e de salvaguardas estritamente constitucionais ou legais impedindo sua

remoção de posto (o que pode vir a ocorrer nos casos de má conduta

ou comprovada incapacidade) Apenas em tal ambiente de salvaguardas

substantivas e pessoais que aos juízes

é

assegurado um grau de

independência contribuindo para a administração imparcial da justiça.

Contudo, exemplos existem em alguns países

em desenvolvimento onde o Executivo tem unilateralmente afastado

juízes por decisões desfavoráveis ao governo (Banco Mundial, 1994).

Um incidente extremo tomou lugar em Gana em

1963, quando um conselho de juízes da Suprema Corte absolveu várias

pessoas que eram acusadas de subversão pelo Executivo. O governo

agiu contra os juízes e finalmente afastou-os depois de obter em 1964

uma emenda constitucional dando poderes ao Presidente para exonerar

juízes por qualquer razão que lhe parecesse ser suficiente (Banco

(20)

16

A importancia da independência do Judiciário

tem levado alguns países na América Latina a prover, em suas

constituições, que certa porcentagem do orçamento anual do governo

deve:, ser especificamente destinada ao Judiciário. O Executivo nao teria,

então, meio algum para influenciar o Judiciário através de alocações

orçamentárias. Contudo, a pré-determinação das necessidades

financeiras do Judiciário, feita de maneira arbitrária, pode nao ser

aconselhável. O importante é que o Judiciário deveria ter acesso ao

planejamento e alocação do seu orçamento. Assim, os recursos

alocados para atender as necessidades de modernizaçao e

aprimoramento dos seus serviços estariam de acordo com programas

elaborados adequadamente, os quais receberiam o apoio amplo da

comunidade legal e da sociedade.

A independência do Judiciário, por constituir um

importante elemento de um programa de reforma judiciária. deveria ser

redefinida e analisada não apenas como um propósito em si mesma. Ao

contrário, é um meio para atingir o objetivo da imparcialidade do juiz e a

lisura dos procedimentos judiciais. Assim, paralelamente

à

grande

expansao do papel dos tribunais nas sociedades modernas, existe o

crescente reconhecimento de que a independência do Judiciário deva

ser associada à prestaçao de contas deste e que sua imunidade não

pode, portanto, ser um conceito absoluto.

De fato, a responsabilidade dos juízes por

decisões judiciais lIerrôneasll está sendo reconhecida crescentemente,

ainda que dentro de certos limites, em países desenvolvidos (Tribe,

(21)

o

princípio da independência do Judiciário não

deve, entretanto, significar que juizes sao livres de qualquer

responsabilidade; sugere, contudo, que a ação disciplinar nao deve ser

deixada para o Executivo.

Enquanto alguns países confiam a seus

parlamentares tal função, deveria ser mais apropriado conferir poderes

administrativos formais ao Judiciário em um tribunal disciplinar judiciário

ou conselhà, consistindo principalmente de juízes com mais antiguidade,

mas com participação significativa de pessoas respeitáveis fora da área

do Judiciário.

Tal conselho poderia ser de caráter permanente

ou temporário. De qualquer modo, um sistema transparente e aberto

deveria estar presente para possibilitar aos litigantes e seu conselho

requerer que juízes desqualifiquem a si próprios, em casos de conflito

de interesse ou envolvimento anterior, e fazer queixas visando a

incompetência, preconceito ou corrupção de juízes.

De fato, prestaçao periódica de contas jUdiciais

deve evidenciar transparência suficiente para justificar a independência

e segurança que devem ser concedidas aos tribunais.

6. SEGURANÇA DOS JUíZES, PROMOTORES E OUTROS OFICIAIS

DE JUSTiÇA

Ligada à questão da independência do

(22)

18

financeira. Em alguns países, membros do Judiciário correm risco de

vida, requerendo, assim, proteção ffsica contra as ameaças do crime

organizado; por vezes ameaças são articuladas por pessoas no poder.

Sua habilidade para exercer seus deveres independentemente e

conscientemente, sob tais circunstâncias, torna-se efetiva quando passa

a ser preocupação e dever primário do Estado.

Segurança no exercício das funções

empossadas tem sido também mencionado como um meio de promover

a independência do Judiciário de outros ramos do governo. Igualmente

importante é a adequação, não apenas da remuneraçao mas também

das pensões por aposentadoria e outros benefícios. Enquanto o primeiro

provê segurança financeira que reduz a vulnerabilidade do Judiciário a

suborno e corrupção, o último provê juízes com o seguro desejado para

o desempenho de suas funções sem o temor associado com uma

aposentadoria prematura ou abrupta sem uma compensação financeira.

Um Judiciário constitucionalmente independente falhará em satisfazer as

necessidades da sociedade, se salários baixos e uma atmosfera

predominante de corrupção combinam-se para solapar tal

independência.

7. SIMPLlFICAÇAO E DELINEAMENTO DOS PROCEDIMENTOS

JUDICIAIS

o

objetivo desta área de reforma é aperfeiçoar a

eficiência do sistema de administração da justiça sem sacrificar o

procedimento legal e as salvaguardas inerentes a um procedimento

judicial adequado. A metodologia é identificar embaraços administrativos,

(23)

19

entraves, e entêo descobrir caminhos para eliminar ou mitigá-los. E

imperativo a este respeito, contudo, tornar certo que procedimentos

simplificados mantém a oportunidade de uma justa manifestação para

cada parte em disputa.

o

tratamento dos casos, através do sistema, pode ser acelerado pela implementação de procedimentos conducentes

à eliminaçêo de medidas em duplicata ou desnecessárias, e à

substituiçãO· de procedimentos escritos pelos orais, em certas situações.

Estes aperfeiçoamentos podem ser atingidos através da revisão dos

códigos de procedimentos civil e penal e da reorganização dos sistemas

do Judiciário para criar canais paralelos para diferentes tipos de casos,

por exemplo, tribunais de pequenas causas e justiças especializadas

para tipos de casos complexos como as causas de falências.

Onde o tribunal administrativo não existe, a

criação de um sistema separado para a administração da justiça pode

ser recomendável em vista da natureza altamente especializada desta

área.

Administração separada da justiça é

especialmente conhecida sob o sistema originário francês de tribunais

administrativos grupados sob o conselho do Estado (o qual combina em

certos pa[ses a função judicial com aquela de consultor legal do governo

sob dois departamentos distintos). Este sistema permite aos tribunais

administrativos não apenas conceder compensação por danos

resultantes de atos administrativos ilegais ou arbitrários, mas também

anular tais atos com imediatos, e algumas vezes, efeitos retroativos

(24)

20

8. APERFEiÇOANDO A ADMINISTRAÇÃO JUDICIARIA

o

objetivo de aperfeiçoamento da eficiência do sistema de administração da justiça pode também ser alcançado através

da introdução ou aumento das funções gerenciais e administrativas da

equipe não-judicial dentro do Judiciário e das agências de aplicação da

lei.

Pessoal de gerenciamento e administração

podem, então, receber crescentes responsabilidades em administração

da carga de processos e serem treinados em habilidades tecnológicas

para poupar tempo de burocracia. Isto poderia reduzir consideravelmente

os deveres não judiciais, os quais normalmente ocupam uma grande

parte do tempo dos jufzes. Para este propósito, certos pafses têm

apontado administradores que gerenciam todas as funções

administrativas, deixando aos jufzes decidir apenas aquelas para as

quais foram indicados.

De fato, a indicação de administradores

especializados, com experiência e qualificações gerenciais adequadas,

podem também facilitar o planejamento para a administração e

orçamento futuros, permite o melhor gerenciamento de assuntos de

pessoal, inclusive o desenvolvimento e treinamento de carreiras, e

aperfeiçoar os sistemas de procedimentos, requisitos logfsticos,

instalações ffsicas, seNiços estatísticos, seNiços de computação e

(25)

9. SELEÇÃO E TREINAMENTO DE JUíZES E OUTROS

SERVENTUARIOS

2l

Como a qualidade da justiça depende mais da

qualidade dos homens que a administram do que do conteúdo da lei que

eles administram, assuntos relacionados à seleção e treinamento de

jurzes tornaram-se de suprema importância. O critério básico na seleção

dos jurzes deveria ser a integridade pessoal, bom julgamento e

especialização como profissional da lei.

A seleção pode ser melhor realizada pelo

próprio Judiciário. Enquanto países diferem em métodos de seleção de

jurzes e variados métodos podem ser apropriadamente adotados no

mesmo pafs, um teste inicial das qualificações legais e pessoais pode

ser recomendável. Muitas das habilidades requeridas para o judiciário

não são ensinadas na escola de direito. O que se dirá, então, de

transmitir conceitos relativos às qualidades tais como integridade

pessoal ou bom julgamento com discernimento.

Um processo de seleção rigorosa, através de

testes escritos ou orais e exercfcios de simulação, poderiam, portanto,

ser úteis neste respeito, especialmente se seguido por um período

razoável, dois anos por exemplo, de preparação técnica em uma escola

do Judiciário para candidatos selecionados. Isto poderá constituir um

bom começo para um sistema onde a carreira jurfdica é baseada no

mérito comparativo, a qual por si mesma é um importante fator na

(26)

A seleção de juízes capazes, devotados à

promoção da justiça e sua educação em um instituto especializado não

diminui a necessidade de treinamento constante ao iongo de suas

carreiras. Para as leis serem devidamente aplicadas, juízes devem não

apenas estar profundamente familiarizados com a substância das leis,

conforme estas surgem, mas também com a maneira na qual elas são

aplicadas de fato.

Para assegurar sua eficácia, os juízes devem

então implementar treinamento contínuo e programas de estudo para

mantê-los, atualizados com as novas leis, especialmente nas áreas

relativamente complexas de legislação econômica tais como as leis e

regulamentações orientadoras de operações e transações bancárias,

mercado de capitais e seguro, falência, mineração e petróleo, comércio

de intangíveis e mercado futuro.

I ndependentemente das qualificações e

treinamento dos juízes, a eficiência do Judiciário também depende em

parte no trabalho dos seNentuários, oficiais de justiça, enfim, dos

executores dos julgamentos. A eficiência com a qual estes indivíduos

desempenham suas atividades contribui para a administração expedita

da justiça. Como equipe do Judiciário, eles são também afetados por

restrições orçamentárias. A ausência de instalações adequadas, sistema

de informação automatizada e em muitos casos até máquinas

(27)

23

10. FACILIDADES INSTITUCIONAIS

Os defic:its orçamentários afetando todos os

ramos do governo, em face dos sérios problemas econômicos

confrontando países em desenvolvimento desde o final dos anos 70 e a

necessidade para os governos tomarem medidas severas para apoiar o

acerto estrutural de suas economias têm normalmente resultado em

alocações inadequadas de recursos necessários para a manutenção de

facilidades institucionais, tais como escritórios e tribunais. Dificuldades

maiores são encontradas na manutenção de arquivos próprios,

armazenagem aceitável: facilidades para registros e equipamento de

escritório moderno, tais como máquinas de escrever, computadores e

copiadoras. Em alguns países africanos, não é incomum encontrar-se

equipamento datando da era colonial mais do que vinte ou trinta anos

.-depois da independência. O financiamento de prédios e equipamentos

para os tribunais é entretanto um componente tfpico de programas de

reforma judicial em países em desenvolvimento.

Em um período de restrições orçamentárias, a

aquisição de livros, particularmente livros de direito, e a manutenção de

bibliotecas atualizadas não tem sido encontradas em muitos países em

desenvolvimento. De fato, as atividades voltadas para a publicação de

textos, em muitos dos países menos desenvolvidos, têm territórios

próprios e raramente inclui publicações legais. Alguns prédios dos

tribunais incluem a biblioteca jurídica e os juízes tipicamente escrevem

suas decisões em casa, apoiados em suas limitadas aquisições

pessoais. Esta situação bem demonstra a necessária inclusão, em

(28)

24

biblioteca jurídica básica ou bibliotecas, incluindo a referência de livros e

periódicos mais prováveis de serem solicitados.

11. SISTEMAS DE INFORMAÇAO LEGAL

Em alguns países em desenvolvimento não é

surpreendente a descoberta de que leis promulgadas pelo governo s~o

ou publicadas em quantidade muito limitada ou não publicadas até que

um tempo significativo tenha transcorrido. Em poucos casos, leis não

têm sido publicadas de modo algum por anos. Esta publicação reduzida

ou não existente de leis e a escassez de livros em bibliotecas jurídicas,

para uso pelo profissional da lei e o público em geral, tem dificultado

atividades de pequisa legal e o desenvolvimento e aplicação de leis em

muitos países.

Sem a pronta publicação de julgamentos, tanto

jufzes e praticantes legais são também impedidos na execução de suas

atividades respectivas. Programas de reforma judiciais devem portanto

assegurar que leis, regulamentos, e decisões da justiça sejam

publicados regularmente, sejam eficientemente indexados de modo a

facilitar referência a eles e sejam feitos disponíveis em locais públicos.

Isto requer o desenvolvimento de modernos sistemas de informaçêlo

legal com recursos adequados para cobrir seus custos.

12. ACESSO

A

JUSTiÇA, TAXAS E CUSTAS

Taxas judiciaiS e custas podem ser usadas para

(29)

25

desencorajamento de ações frívolas. Contudo, estas mesmas taxas e

custas podem atuar como uma barreira ao acesso do pobre para o

sistema judicial.

No sentido de assegurar respeito ao princípio de

justiça para todos ao mesmo tempo em que prevenir o

congestionamento representado por um banco de casos baseados em

litígios frfvolos, é importante para o sistema dos tribunais estabelecer

taxas e custas em um nível razoável, o qual necessariamente variará de

um país para outro. Até o limite em que estas taxas proíbem o acesso de

pobres, legítimos reclamantes, é essencial que a sociedade, através do

sistema j~dicial ou de outro modo, forneça assistência financeira a estes

litigantes. Isto pode ser atingido através de esquemas de auxílio legal

públiCO e privado os quais poderiam cobrir despesas de litigantes

pobres, seguido de uma seleção prévia da seriedade de suas queixas,

ou através de testes simples administrados pelos tribunais que

excluiriam do pagamento aqueles indivíduos preenchendo certos

requisitos.

13. DISPONIBILIDADE DE ARBITRAGEM E OUTRAS

ALTERNATIVAS DE FACILIDADES

Muitos países em desenvolvimento tem

sistemas tradicionais de arbitragem os quais são separados dos

sistemas de estabelecimento de disputas oficiais. Contudo, estes

sistemas tradicionais são dificilmente adequados para utilização nos

acordos de disputas surgindo no contexto de complexas transações

(30)

26

com disputas surgidas de investimentos estrangeiros em países em

desenvolvimento. Entretanto alguns países tem em suas leis previsões

relativas à arbitragem em casos de disputa comercial, porém muitas

dessas leis são também arcaicas e diffceis para implementaçao em

circunstâncias contemporâneas.

o

estabelecimento de novas e modernas facilidades de arbitragem incluindo-se a promulgação de estruturas

legislativas apropriadas e o treinamento de árbitros, podem, portanto, ser

um componente importante de um programa de reforma judiciária ampla.

O mesmo pode também ser verdadeiro para um mecanismo de

resolução de conflito nao-vinculante, tais como mediação e conciliação,

os quais podem s(~r particularmente eficientes no contexto de certas

culturas como aquelas no Oriente distante e em pafses árabes. Para

que este mecanismo seja efetivo, contudo, um sistema bem elaborado

deve ser idealizado para os procedimentos a serem seguidos na seleção

dos mediadores e conciliadores e para as regras a serem aplicadas por

estes no trato dos casos.

14. GOVERNABILlDADE E ADMINISTRAÇÃO DOS TRIBUNAIS

NA AMÉRICA LATINA

As entidades organizacionais nos tempos em

que vivemos estão sendo cada vez mais chamadas a adaptarem-se ao

ambiente em que atuam. Este ambiente vem alterando-se e tomando

novas feições em uma rapidez jamais vista anteriormente na história

empresarial. De tal modo isto ocorre, que não apenas a organização

(31)

27

institucionalizadas também percebem e mobilizam-se no sentido de

adequarem-se a estas necessidades de adaptação e modulação a

princfpios de gerenciamento que as tornam mais interativas com o

ambiente externo em que estão inseridas.

o

estudo dos teóricos da Gestão Estratégica permite a reflexão sobre estes valores atuais e uma análise mais clara

das falhas e deficiências neste esforço para o atingimento daquela

adequação.

o

pano de fundo sobre o qual construiremos a aplicação das idéias discutidas no estudo da Gestão Estratégica será o

trabalho em andamento pela modernização das estruturas criadas na

América Latina para o funcionamento do Poder Judiciário. Definindo-se,

genericamente, a missão do Poder Judiciário, como organização social

promotora de justiça, chegaremos à:

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL RÁPIDA E TRANSPARENTE.

15. SISTEMAS LEGAIS E DESEMPENHO ECONOMICO

A relação entre o sistema polftico e o

desempenho econômico de um pafs tem sido objeto do interesse

acadêmico por um longo tempo.

A literatura sobre o relacionamento entre as

variáveis político-institucionais e o crescimento econômico pode ser

(32)

Contudo, a principal corrente do debate sobre o

desenvolvimento econômico de hoje, a idéia de compatibilidade entre

democracia e crescimento, é predominante. Estratégias de

desenvolvimento orientado pelo Estado, tal como a de substituiçao de

importações, falharam e economias de mercado livre prevaleceram sobre

modelos autocráticos de planejamento estatal.

Este triunfo da economia de mercado tem

também gerado uma crença reforçada na democracia e defensores da

tese de compatibilidade atribuem isto

à

falência do governo autocrático

em proporcionar prosperidade econômica. Neste contexto de ambiência

externa discute-se o papel do Judiciário em que se ressalta e sobrepõe

a estrutura sócio-econômica capitalista, externa à organizaçao (Motta,

1991).

Em alguns pafses da América Latina, por

exemplo, empresários mencionam terem sofrido arbitrariedades, porque

agentes do Estado puderam exercer, em alguns casos, poderes

discricionários amplos. Os exemplos de intervenções discricionárias

incluíram a efetivaçao arbitrária de regras e leis pelos burocratas;

incertezas resultantes de amplas e imprevisfveis mudanças nestas

regras e políticas; e incertezas sobre a efetividade do judiciário (Weder,

1994).

Esta realidade aumenta a dificuldade das

empresas em realizar uma análise externa precisa, ou seja o estudo da

relaçao da organizaçao com o seu ambiente em termos de variáveis

externas e nao controláveis, as oportunidades a serem aproveitadas e as

(33)

As medidas de instabilidade polftica são mais

proximamente associadas com a incerteza resultante da intervenção

discricionária estatal do que as medidas democráticas. A ameaça de um

golpe ou uma revolução pode algumas vezes ser a causa de uma

variação imprevisível da política. Entretanto esta associação

é

muito

frágil. Polfticas podem ser imprevisíveis mesmo sob um governo que nt:lo

seja ameaçador, e, surpreendentemente, políticas podem ser previsíveis

em um sistema caracterizado por agitações e subversões políticas

(Weder, 1994) .

Desse modo, o ambiente externo pode ser

percebido em duas camadas:

1) ambiente direto que é o conjuto de fatores que a organização tem

condições de identificar, avaliar e medir o grau de influência de forma

efetiva e adequada.

2) ambiente indireto, conjunto de fatores identificados, mas que

nao

tem

condições, no momento, de avaliar o grau de influência entre as partes,

e.g. variáveis políticas, culturais, demográficas e sociais (Oliveira, 1991).

16. CAPACIDADE DE ADMINISTRAÇAO E GERENCIAMENTO DOS

TRIBUNAIS

Na análise do ambiente interno procura-se

identificar as variáveis internas e controláveis que propiciam condiçt:lo

favorável ou desfavorável. Devem ser considerados também os pontos

neutros, ou seja, aqueles que nt:lo st:lo considerados deficiências ou

(34)

30

ocorrerem, se enquadrarão como pontos fortes ou fracos (Oliveira,

1991 ).

O assunto mais crítico que os tribunais devem

enfrentar é a separação dos processos decisórios judicial e

administrativo, i. e., reconhecer que, com algumas limitadas exceções

deve haver uma separação das responsabilidades judiciais e

administrativas, dando a cada uma hierarquia adequada e determinando

responsabilidade respectivamente. Nos Estados Unidos, qualquer

assunto que interfira com a capacidade de um oficial de justiça Uudicial

officer) trabalhar no seu caso é visto como um impedimento e parte do

desafio para aqueles que trabalham na administração dos tribunais

(Page, 1994).

O papel do Judiciário na área da administração

é aquele de estabelecer políticas gerais, através de um conselho judicial

ou comitê executivo, e políticas do dia-a-dia, através do Chefe da Justiça

ou Presidente da Câmara, num tribunal de apelação e, então, a

delegação de responsabilidade operacional para administradores

profissionais. O papel de administradores e gerentes é o de fornecer aos

profissionais da justiça o necessário meio para realizar o processo de

decisão judicial (Page, 1994).

Em alguns países na América Latina, o

processo decisório administrativo tornou-se interligado ao processo

decisório judicial e, em certos casos, tendo o mesmo ou até nfveis mais

elevados de importância Então, nao é surpreendente ler um relatório

sobre a corte Suprema Argentina e descobir que, numa amostra de

(35)

.H

administrativas na natureza, e. g., decisões sobre instalações e decisões

sobre pessoal (Page, 1994).

Portanto, reformulando-se estrategicamente a

visão de como as atividades serão desenvolvidas, retoma-se a prática do

aperfeiçoamento contínuo, permanentemente incorporado à cultura

organizacional (Drucker, 1995). A comparação com sistemas similares e

o reconhecimento do melhor, como padrão a ser seguido, permitirá às

pessoas na organização enxergarem o seu papel mais claramente e

melhorarem o seu desempenho, uma vez que perceberão para que

serve o seu trabalho.

Existe uma suspeita de que o sistema

latino-americano arrasta consigo um período mais paternaHstico no qual os

membros do tribunal mais elevado eram, com efeito, os patronos do

sistema e os sistemas administrativos eram mais simples de gerenciar.

Com a complexidade, as iniciativas de implantação de um sistema no

judiciário tem crescido, enquanto que a habilidade dos tribunais

superiores de justiça para desempenhar efetivamente estas funções tem

diminuído e o processo decisório administrativo tanto quanto como o

processo decisório judicial tem decafdo significativamente. Juízes estão

sendo desviados de suas tarefas básicas e críticas de julgar para uma

tarefa de administrar para a qual eles não estão treinados nem

especialmente equipados.

A questão da descentralização deve ser

enfrentada para os sistemas administrativos funcionarem efetivamente.

De país para paIs ouvem-se estórias de juízes que são incapazes de

(36)

32

na capital, papel e suprimentos necessários para funcionarem. Muitas

vezes um operário deve ser enviado da capital até a comarca do interior,

algumas centenas de quilômetros, para consertar uma janela quebrada,

porque não há nenhuma delegação orçamentária e autoridade para

contratação. Juízes, até nas capitais, mencionam como devem usar seus

próprios fundos para obter muitos dos suprimentos básicos que

precisam para operar.

Descentralização

é

difícil porque

é

geralmente

percebida como uma perda de poder por aqueles que correntemente

lideram a administração do sistema. Conseqüentemente, há

normalmente no mínimo resistência passiva se não explícita para tal

mudança. Como um exemplo, o sistema de justiça federal nos Estados

Unidos apenas em 1990 iniciou o processo de descentralização

orçamentária dando autoridade para os tribunais do circuito e distrito,

após anos de solicitações por estes tribunais para esta autoridade. O

resultado felizmente tem sido positivo com menos dinheiro gasto e mais

efetivo uso de recursos (Page, 1994).

As burocracias que tem se desenvolvido nos

escritórios da administração central tornaram-se embaraçosas, de difícil

controle e geralmente incapazes de fornecer serviços através dos

Estados-membros. Sistemas do Judiciário devem enfrentar o assunto da

descentralização ou pela criação de escritórios regionais, criação de

escritórios administrativos dentro de cada tribunal ou outros meios.

Delegação e responsabilização ("accountability")

(37)

33

de recursos escassos. O ramo do judiciário não

é

uma exceção.

Correntemente, ouve-se da necessidade de controle dentro do sistema,

mas pouca discussão sobre responsabilização ("accountability"). Os dois

conceitos são bem distintos. A função de controle é necessária para

atender requisitos legais, mas o controle excessivo inibe

desenvolvimento organizacional e a iniciativa individual.

A organização voltada pôra o futuro já vem

substituindo o controle burocrático por aquele exercido pelo cliente,

pelos funcionários e por mecanismos formais automatizados. Esta

reorientação, segundo os autores, decorre da pressão sobre os custos

operacionais aliada

à

utilização crescente da tecnologia de informação

nos Estados Unidos da América do Norte (sistemas de informação estão

sendo contrufdos, ligados e interligados por cabos formando verdadeiras

estradas eletrônicas de comunicação - "information highway" - entre

estados, cidades e comunidades). Equipes de clientes, interligando-se a

sistemas de informação estão cada vez mais entrando nas

organizações e equipes inteiras trabalhando diretamente para estes,

sem a intermediação de níveis de gerência e chefias (Galbraith, 1995).

Os conceitos de necessidade de delegação e

responsabilização estão sendo introduzidos para criar alguma

elasticidade nos sistemas de administração. Isto significa que

profissionais passam a ter autoridade delegada para desempenhar suas

responsabilidades, embora sendo mantidos responsabilizados através de

relatórios administrativos e outros meios, havendo conseqüências por

(38)

34

I\los sistemas administrativos agora em vigor, há

uma ausência de normas e padrões contra os quais estes sistemas

possam ser medidos e avaliados. Por exemplo, nao existem padrões

para desenhar facilidades para o tribunal, quer sejam: tamanho das

sali:.1S de audiências, metros quadrados mínimos para as câmaras dos

juízes e esquemas padrões das relações entre áreas públicas, áreas

cartoriais e áreas judiciais. Os padrões e as normas sao críticos para

analisar planos para os gastos de recursos públicos e assegurar que

estes planos sejam razoáveis. As normas e padrões podem ser também

de grande ajuda para o estabelecimento da proporçao de pessoal por

posições judiciais e de modelos tecnológicos.

Uma área na qual tais padrões nao sao apenas

úteis, mas sao essenciais, é na administraçao do fluxo de processos .

.

-Padrões precisam ser adaptados ao tempo razoável para os vários níveis

nos processos judiciais a serem completados e entao medidos em uma

base para garantir que os padrões estejam sendo atingidos. Na América

Latina, os códigos normalmente identificam estruturas de tempo

baseadas em pesquisas acadêmicas, mas eles nao sao um resultado de

discussão institucional, debate e acordo geral. Como conseqüência, são

ignorados e nem mesmo são sistemas estabelecidos para dar retorno

sobre quão bem os padrões estao sendo alcançados.

Os sistemas dos tribunais latino-americanos não

têm tido o benefício de instituições dedicadas a prover informaçao sobre

as atividades de outros sistemas similares. A necessidade de tal

assistência é ciara ao indicar como outros sistemas de tribunais

(39)

35

judiciário, como assegurar mais transparência nos procedimentos, corno

reduzir atraso e como aperfeiçoar a administraçao dos sistemas.

Nos Estados Unidos, o National Center for State

Courts, o Institute for Court Management, o Institute for Judicial

Administration, e o National Judicial College e várias associações

profissionais tais como a Association of Court Management, a

Conference of Chief Justices e State Court Administrators em suas

conferências de uma forma ou outra fornecem troca de informação

corrente e estruturada sobre as atividades em aperfeiçoamentos judiciais

nos diferentes tribunais estaduais e federais (Page, 1994).

Assim, um juiz ou administrador da justiça,

interessado naquilo que outras unidades judiciais tem feito para reduzir

atraso ou centralizaçao de funções de notificação, tem várias fontes para

descobrir o que outros tribunais éstao fazendo na área. Na América

Latina, uma estrutura permanente para fornecer troca de idéias está

faltando (Page, 1994).

Os sistemas administrativos existentes na

América Latina estao quase completamente destituídos das ferramentas

conceituais de administração e gerenciamento modernos.

Observadores dos sistemas existentes não

podem evitar e apontar procedimentos de costura dos autos

manualmente, a ausência absurda de automaçao e alguns sinais de

administraçao moderna. Se for encontrado um computador em um

(40)

36

haverá de que o juiz tenha comprado o computador com seus próprios

recursos.

Os sistemas administrativos nos tribunais da

América Latina nêo possuem uma categoria de administradores

profissionais. Muito das pessoas e posições de administração nos

tribunais ascenderam através dos nfveis e atingiram suas posições pela

antiguidade. Muitos possuem excelente qualificaçêo e dedicaçêo, mas

algumas veies têm dificuldades em vislumbrar um sistema que funcione

diferentemente daquele do qual sêo o produto.

Os sistemas de tribunais latino-americanos

precisam de um influxo de administradores profissionalmente treinados

com formação acadêmica em administração pública e privada e

experiência como administradores em outros setores inclusive o setor

privado.

Certamente, a experiência tem sido a mesma

nos Estados Unidos. Apenas recentemente administradores profissionais

com diplomas em administração dos tribunais ou áreas afins têm

começado a predominar na alta administraçêo.

Os sistemas na América Latina geralmente

carecem da informaçêo sobre a qual as decisões administrativas

deveriam ser baseadas. Os sistemas estatrsticos sobre a carga de

causas judiciais sêo geralmente considerados imprecisos e não

confiáveis e tornam-se um outro exercrcio burocrático em oposição a

(41)

3 ' I

causas de atraso nos processos judiciais, então é difícil construir

programas para enfrentar aqueles atrasos.

Decisões para alocar recursos normalmente são

ou totalmente guiadas por uma fórmula, e.g. dez auxiliares por juiz,

ignorando-se a carga de causas judiciais, ou sobre considerações

polfticas. Conseqüentemente, mesmo que os sistemas dos tribunais

latino-americanos estejam desesperadamente carentes de recursos, em

muitos deles há significativo excedente de pessoal.

Há um número de assuntos organizacionais

essenciais que devem ser levantados na modernização dos sistemas de

tribunais. Correntemente, em quase todos os sistemas, cada juiz é uma

entidade separada com sua própria carga de causas, equipe cartorial e

acesso ao público. Há pouca centralização de funções comuns, tal como

notificação das partes. Cada unidade judicial está em seu próprio

mundo. Esta organização debilita a capacidade para se atingir qualquer

economia de escala.

o

sistema judicial da Colômbia teve de enfrentar

o assunto organizacional quando criaram juizes sem rostos Uueces sin

rostros) para lidar com casos de tráfico de tóxicos. Para proteger a

identidade do juiz, nem mesmo membros da equipe em geral teriam

contato com ele. Os unidades judiciais estão reorganizadas para terem

escritórios centrais onde todas as causas estão mantidas e o público é

atendido. Os juizes trabalham com uma equipe pequena. O resultado

tem sido positivo para a administração do sistema. Em vez da razão de

seis elementos de apoio por juiz que era mantida anteriormente, o

(42)

38

juiz. Imagine-se o impacto financeiro de tal mudança em um sistema

onde as razões são de dez a vinte empregados por juiz.

Um assunto final e crítico é a necessidade de

introduzir -se o planejamento efetivo. Presentemente, os sistemas de

administração em vigor, com algumas exceções, sao reativos em sua

natureza, i. e., eles respondem às crises. Não há evidência de planejamento para o crescimento e desenvolvimento do ramo do

judiciário por um período mais longo. Não parece haver qualquer

processo de estabelecimento de prioridades e, a partir de então,

alocação de recursos, conforme as prioridades adotadas.

Os sistemas de justiça latino-americanos não

possuem a capacidade organizacional nem a capacidade programática

para absorver programas em larga escala. No nrvel da primeira instância

da justiça onde a assistência é .mais desejada não há capacidade

programática. Estas unidades são ocupadas por jurzes, secretários e

equipe cartorial. Os escritórios centrais nos tribunais que têm alguma

capacidade programática são aqueles que têm se tornado muito

atarefados e sem resposta. Se tal assistência for para este escritório,

haverá um grande risco de que essa assessoria possa servir para

afundar o sistema mais ainda.

As reformas tendem a ser puramente

legalfsticas, i. e., redigir novos códigos e levá-los através do legislativo sem atenção apropriada a todas mudanças administrativas que são

necessárias para o real atingimento da mudança desejada. A história da

América Latina é repleta de novos códigos que foram aprovados, mas

(43)

39

atenção foi dada

à

totalidade das categorias de atividades que eram

necessárias para atingir

à

verdadeira reforma.

o

que é necessário é uma abordagem compreensiva e intensiva. Gerenciamento e administração não pOdem

ser considerados isoladamente do sistema de justiça para o qual estão

destinados a apoiar. Reformas legais não podem ser implementadas

sem planejamento e comprometimento com todos os ajustes na

administração dos tribunais.

Um novo código criminal introduzindo oitivas e

separando funções investigativas daquelas judiciais tem grande

implicação em estruturas físicas, novas organizações de apoio dentro do

escritório da promotoria e mobilidade do pessoal administrativo.

Comprometimento deve ser a idéia chave, para apoiar na provisão das

funções de apoio, se a mudança filosófica no novo código está para ser

alcançada.

Em resumo, não há tratamento rápido. Qualquer

instituição que tome a si a responsabilidade de desenvolver a

administração da justiça deve estar sabedora da longa caminhada que a

aguarda. Deve estar claro que, para realizar plenamente qualquer

reforma, serão provavelmente requeridos muitos anos de

comprometimento e trabalho contrnuo no treinamento, análise

organizacional e reconsideração para realmente atingir os resultados

desejados. Como o Chefe de Justiça Vanderbilt diz: "Reforma da Justiça

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