• Nenhum resultado encontrado

Veracidade da germinação indicada nas embalagens de sementes de espécies medicinais.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Veracidade da germinação indicada nas embalagens de sementes de espécies medicinais."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

VERACIDADE DA GERMINAÇÃO INDICADA NAS EMBALAGENS DE SEMENTES

DE ESPÉCIES MEDICINAIS

1

1Aceito para publicação em 23.12.2001

2Engo Agro, Aluno de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes DFt/

GERI EDUARDO MENEGHELLO2, SÉRGIO MOACIR HUBNER SCHNEIDER2 E ORLANDO ANTÔNIO LUCCA-FILHO3

RESUMO - O comércio de sementes de plantas medicinais encontra-se em ascensão, estimulado pelo crescente consumo de ervas, seja para o preparo de infusões, ou mesmo para o preparo de fármacos industrializados. No entanto, o consumidor dessas sementes normalmente encontra dificuldades para o cultivo destas espécies. Dentre os problemas por eles enfrentados, encontra-se a baixa densidade populacional, decorrente da utilização de sementes de baixa qualidade, ou por seguirem as informações expressas nas embalagens, as quais nem sempre conferem com a realidade. Considerando estas dificuldades, desenvolveu-se o presente trabalho, com a finalidade de avaliar a qualidade das sementes de cinco espécies de plantas medicinais, verificar a autenticidade das informações impressas nas embalagens para utilização doméstica, especialmente quanto a reprodutibilidade do teste germinação e a eficiência dos métodos indicados nas Regras para Análise de Sementes (RAS), adotadas no Brasil, para a superação da dormência. Sementes de anis (Pimpinella anisum L.), funcho (Foeniculum vulgare Mill.), losna (Artemisia absinthium L.), melissa (Melissa officinalis L.) e hortelã (Mentha piperita L.) foram submetidas a tratamentos para superação de dormência sugeridos pelas RAS, avaliando-se posteriormente, a germinação e emergência em casa de vegetação. Conclui-se que: a percentagem de germinação indicada nas embalagens domésticas superestima a qualidade de todas as espécies avaliadas; o pré-esfriamento é um método eficiente para a superação da dormência de sementes de melissa; o KNO3 é apropriado para a superar da dormência de sementes de hortelã; nas embalagens de sementes de espécies medicinais, deveriam constar informações adicionais quanto a possível existência de dormência nas sementes, bem como, o método adicional a ser empregado para superá-la.

Termos para indexação: anis, funcho, losna, melissa, hortelã, dormência.

GERMINATION VERACITY INDICATED ON THE PACKEGE OF MEDICINAL PLANT SEEDS

ABSTRACT - The consumption of medicinal plants for infusion or even for industrialized medicines is increasing leading to a raise in the commercialization of their seeds. The cultivation of these species, however, isn’t an easy task for seeds consumers. Among the troubles they have to face, there is the low stand by area due the use of low quality seeds, or by the fact the consumers follow the, not always true, instructions found on the seeds package label. Considering these difficulties, it was carried out the present work with the objective of evaluating the seeds quality of five medicinal plants species, to verify the true of the information printed on the package, mainly concerned to the germination test reproducibility and evaluate the seeds dormancy overcoming methods indicated by the Brazilian Seeds Testing Rules. Seeds of Pimpinella anisum L., Foeniculum vulgare Mill., Artemisia absinthium L., Melissa officinalis L. and Mentha piperita L.were submitted to overcoming dormancy treatments, being evaluated, subsequently, the germination and emergency in greenhouse. It was concluded that germination percentage indicated on the package overestimates the seeds quality; the pre-chilling is an efficient method for overcoming the Melissa officinalis

FAEM/UFPel, Cx. Postal 354, 96010-900, Pelotas-RS; e-mail: geriem@ufpel.tche.br

3Engo Agro, Dr., Prof. do Programa de Pós Graduação em Ciência e

(2)

seeds dormacy; and the KNO3 used is appropriate for overcoming seed dormancy of Mentha piperita. It was concluded too that information about seeds dormancy, as well as the suitable method for overcoming it, must be printed on the package of medicinal plants seeds.

Index terms:Pimpinella anisum L., Foeniculum vulgare Mill., Artemisia absinthium L., Melissa officinalis L. and Mentha piperita L., dormancy.

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios dos tempos, o homem usa o poder terapêutico das plantas medicinais com o objetivo de preve-nir e curar doenças. Registros da medicina romana, egípcia, persa e hebraica mostram que muitas ervas são utilizadas de forma extensiva para curar praticamente todas as doenças conhecidas (Plantas e Ervas Medicinais, 2000).

Com a evolução da química, modificou-se a forma de utilização das plantas; do uso direto destas e seus preparados, passou-se a reproduzir artificialmente a substância ativa iso-lada. Como conseqüência, as plantas que produzem estas subs-tâncias ficaram relegadas a um segundo plano. Recentemen-te, é que elas passaram a ser reconhecidas como um recurso terapêutico viável (Scheffer, 1998).

O uso comum da maioria das plantas medicinais ainda está baseado no extrativismo. No entanto, paralelo a esta ex-tração, o cultivo racional está crescendo consideravelmente, a ponto de encontrarem-se relacionadas nas Regras de Análi-se de Sementes - RAS, as metodologias de análiAnáli-se de Análi- semen-tes para várias espécies medicinais. Porém, um grande núme-ro de espécies nativas de expressão medicinal, ainda não es-tão incluídas nas referidas regras. Estas espécies são merece-doras de vários estudos, não apenas quanto à identificação correta do princípio ativo fitoterápico, como, também, a ava-liação dos efeitos de fatores, como a luz e temperatura, no comportamento germinativo (Rosa & Ferreira, 1998). Mui-tas espécies multiplicam-se por estaquia, divisão de touceiras e outros métodos de reprodução assexuada, mas em contrapartida, outras multiplicam-se exclusivamente por se-mentes, de forma que com o acréscimo do consumo, conse-quentemente, aumenta a demanda por sementes de qualidade (Marques, 1995).

Segundo Ikuta (1996), o estudo de formas e o conheci-mento das metodologias adequadas de propagação são as eta-pas iniciais para o estabelecimento de cultivos racionais de espécies medicinais.

Visando atingir este nicho de mercado, as empresas pro-dutoras e/ou importadoras começaram a comercializar algu-mas sementes das espécies de maior consumo. Porém, como

o cultivo geralmente acontece em pequenas áreas, o volume comercializado, se comparado com outras espécies como or-namentais e hortaliças, ainda, é considerado pequeno.

À semelhança do que ocorre com muitas sementes de espécies ornamentais, a germinação indicada nas embalagens de sementes de plantas medicinais, nem sempre representa a real porcentagem de emergência no campo. As diferenças entre os valores indicados nas embalagens e os observados a campo, podem ser devidas a vários fatores, entre eles a dete-rioração das sementes e a dormência das mesmas.

Outro fator a ser considerado na comercialização de es-pécies medicinais é a qualidade das sementes. A determina-ção precisa da qualidade das sementes, assim como dos pro-cedimentos para obter-se maior percentagem de germinação é de grande importância para o cultivo doméstico de plantas medicinais. Rota & Nedel (1998) relatam que os consumido-res em geral, não sendo produtoconsumido-res comerciais, preferem ad-quirir mudas de flores ao invés de comprar sementes, insatis-feitos com a qualidade das sementes adquiridas no comércio. Nóbrega et. al. (1995) descrevem que o cultivo da camomila (Matricaria recutita L.) vem apresentando baixa produtivi-dade, devido principalmente, à densidade irregular da cultura no campo, sendo esta decorrente da utilização de sementes com baixa qualidade.

Segundo Albuquerque (1989), Maia (1998) e diver-sas informações obtidas pela internet (losna - absintho, 2000; melissa, 2000; hortelã, 2000; funcho, 2000; erva-doce, 2000), entre as plantas consideradas medicinais, com propriedades fitoterápicas, que já foram domesticadas e para as quais é freqüente a comercialização das sementes, podem ser destacadas: anis (Pimpinella anisum L.), funcho (Foeniculum vulgare Mill.), losna (Artemisia absinthium L.), melissa (Melissa officinalis L.) e hortelã (Mentha piperita L.).

(3)

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes Flávio Farias Rocha e em casa de vegetação, do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/UFPEL, durante o período de abril a junho de 2000.

Foram adquiridas de empresas tradicionais em produção e comercialização, sementes de dez lotes distintos, dois de cada uma das seguintes espécies de plantas medicinais: anis (Pimpinella anisum), funcho (Foeniculum vulgare), losna (Artemisia absinthium), melissa (Melissa officinalis) e horte-lã (Mentha piperita), comercializadas em Pelotas - RS. To-dos os lotes estavam com as análises fornecidas pela empresa dentro do prazo de validade, porém nenhum apresentava in-formações relativas ao ano de produção.

As sementes foram submetidas aos seguintes testes: su-peração da dormência - para as sementes de melissa foi uti-lizado o tratamento com e sem pré-esfriamento; para as se-mentes de hortelã utilizou-se o pré-esfriamento, KNO3 (0,2%), pré-esfriamento mais KNO3 (0,2%) e a testemunha, sem tra-tamento. As espécies funcho, anis e losna não apresentam dormência, segundo as Regras para Análise de Sementes (Bra-sil, 1992). O pré-esfriamento consistiu em colocar as semen-tes sobre o papel mata-borrão, umedecido com água destila-da ou com KNO3 (0,2%) e mantê-las em refrigerador domés-tico por um período de sete dias a cerca de 10ºC, e posterior-mente, foi conduzido o teste de germinação, na temperatura alternada de 20-30oC; para efeito de análise estatística, cada método de superação de dormência constituiu um tratamen-to; germinação - conduzido de acordo com Brasil (1992), utilizando-se 800 sementes, com oito subamostras de 100 se-mentes, sobre papel mata borrão umedecido a razão de 2,5:1 (água destilada : papel), em caixas plásticas do tipo gerbox e colocadas em um germinador tipo BOD, regulado a tempera-tura alternada de 20-30ºC. As contagens foram realizadas no 7º, 14º e 21º dias, conforme Brasil (1992) para cada espécie; emergência - quatro repetições de 100 sementes, de cada tra-tamento, foram semeadas em bandejas de isopor multicelulares (34x87cm), com 128 células (modelo B128), preenchidos com substrato comercial esterilizado, as quais foram mantidas em casa de vegetação a temperatura ambiente. No umedecimento inicial, bem como nas irrigações subsequentes, a quantidade de água adicionada ao substrato, não foi pré determinada. As médias de umidade relativa e de temperatura observadas du-rante a condução desse teste foram de 87,6% e 14,8oC, res-pectivamente.

O delineamento adotado foi inteiramente casualisado com quatro repetições. Para fins de análise estatística, os dados de percentagem de germinação e emergência sofreram a trans-formação arco seno √p/100,e depois submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se para isto software SANEST (Zonta & Machado, 1984).

Utilizou-se a Tabela 12.6 de Brasil (1992), com probabi-lidade de 5%, para verificar se as diferenças observadas entre as percentagens de germinação indicadas nas embalagens e as obtidas nos testes de laboratórios estavam dentro da tole-rância permitida, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as espécies anis, funcho e losna as análises são com-parativas entre a porcentagem de germinação obtida nos tes-tes realizados em laboratório, a porcentagem de germinação indicada nas embalagens e a emergência em casa de vegeta-ção (Tabela 1).

Observa-se para os dois lotes de sementes de anis, que as porcentagens de germinação obtidas e as de emergência, estão muito próximas das porcentagens de germinação indicadas nas embalagens. O lote A, embora com uma germi-nação obtida inferior a indicada nas embalagens, está dentro da tolerância permitida pelas RAS (Brasil, 1992). Para o lote B, a germinação obtida foi superior à indicada na embala-gem, sendo essa diferença, superior a tolerância máxima per-mitida (Tabela 2).

TABELA 1. Germinação obtida no Laboratório para Análise de Sementes (LAS), indicada nas embalagens (Emb) e emergência (E) das sementes de anis, funcho e losna.

Germinação (%)

Lotes Espécie

LAS Emb

E (%)

A 92a 97a 91

B Anis 97a 89 b 84

A 63 b 82a 62

B Funcho 71a 73a 81

A 12 b 70a 2

B Losna 31 b 79a 6

(4)

Sementes de funcho apresentaram um comportamento diferenciado entre os dois lotes. No lote A, os resultados de germinação obtida em laboratório e de emergência, foram praticamente idênticos, porém significativamente inferiores, em aproximadamente 20%, à porcentagem de germinação indicada na embalagem. Para o lote B, não houve diferença significativa entre a porcentagem de germinação indicada e a obtida, que foi de apenas 2%. Entretanto, a emergência foi maior que a germinação. Este fato pode ser explicado pelo desenvolvimento acentuado de fungos sobre as sementes, observados durante o teste de germinação, o que ocasionou um elevado número de plântulas anormais (Tabela 1).

A diferença percentual entre a germinação obtida no Laboratório para Análise de Sementes e a indicada na emba-lagem está apresentada na Tabela 2. Sementes de anis, funcho e losna não apresentam dormência, assim, foram comparadas as percentagens de germinação indicada na embalagem e a obtida em laboratório e de percentagem máxima tolerada en-tre estes testes, através da utilização da Tabela 12.b, das RAS (Brasil, 1992). Observa-se na Tabela 2 que, destes seis lotes, somente o lote A das sementes de anis e o lote B de funcho estavam dentro da tolerância permitida.

Nas embalagens das sementes de losna a germinação indicada para os dois lotes foi de 70 e 79%, respectivamente (Tabela 1). A baixa qualidade destes lote foi confirmada pela germinação (12 e 31%) e pela emergência (2% e 6%). Isso evidencia a necessidade do uso de sementes de boa

qualida-de fisiológica, para se obter um resultado a campo mais satisfatório, visto que as plantas geralmente são cultivadas em condições menos favoráveis que aquelas fornecidas na condução do teste de germinação em laboratório. Cabe sali-entar que as sementes de losna são pequenas, exigindo cuida-dos especiais quanto à profundidade de semeadura, granulometria do substrato, umedecimento e outros fatores que possam vir a impedir, dificultar ou, ainda, comprometer a emergência das plântulas.

Rota & Nedel (1998) estudando a qualidade fisiológica de sementes de esporinha (Delphinium consolida L.) a venda no mercado do Estado do Rio Grande do Sul, encontraram baixa percentagem no estande final e concluíram que tal fato se deve ao baixo vigor das sementes. De acordo com os re-sultados obtidos para as sementes de funcho, anis e losna, verifica-se que os lotes de sementes de anis apresentam alta emergência. Dos lotes de sementes de funcho, somente o Lote B apresentou alta emergência, enquanto que os dois lotes de sementes de losna eram de baixíssima qualidade, pois o estande final não ultrapassou 6% de emergência (Tabela 1).

As porcentagens de germinação observadas para as se-mentes de melissa, com e sem superação da dormência e a germinação indicada na embalagem, estão na Tabela 3. Os dados dessa tabela indicam, para os dois lotes de melissa, que a germinação da embalagem foi superior à geminação observada; maiores diferenças foram observadas entre a ger-minação da embalagem e a obtida em laboratório sem

pré-TABELA 2. Diferenças observadas entre a percentagem de germinação indicada na embalagem (G) e a obtida em laboratório, com tratamentos para superar a dormência e a diferença máxima tolerada entre os testes para anis, funcho, losna, melissa e hortelã.

Diferenças observadas entre os

testes de germinação (%) Diferença máxima tolerada( %)

Espécies Lotes

G PF KNO3 PF+KNO3 G PF KNO3 PF+KNO3

A 5 – – – 5 – – –

Anis B 8 6

A 19 – – – 11 – – –

Funcho B 2 11

A 58 – – – 12 – – –

Losna B 48 13

A 65 6 – – 12 11 – –

Melissa B 47 22 12 7

A 46 15 5 9 12 12 10 11

Hortelã B 55 31 11 19 12 13 10 11

(5)

esfriamento, indicando a presença de dormência nas semen-tes, bem como, a eficiência do pré-esfriamento em superá-la. Esse efeito não foi observado quando se avaliou a emergên-cia das plântulas, pois sementes submetidas ao pré-esfriamento tiveram porcentagem de emergência inferior à observada na-quelas que não tiveram esse tratamento para superar a dormência. Por se tratar de sementes com baixo vigor, o perí-odo de exposição das mesmas à baixa temperatura, pode ter agido como um fator de estresse, uma vez que sementes dete-rioradas são mais sensíveis a condições adversas. Cabe des-tacar que, independentemente da superação, ou não, da dor-mência, a emergência das plântulas de melissa foi muito bai-xa (três a 12%), indicando que a qualidade expressa nas em-balagens superestima o potencial germinativo das sementes.

A hortelã é a espécie que apresenta maior núme-ro de tratamentos para a superação da dormência, se-gundo Brasil (1992). De acordo com os resultados da Tabela 4, todos os métodos empregados podem ser considerados eficientes, uma vez que foram signifi-cativamente melhores do que a testemunha, sem tra-tamento. Destaca-se que o KNO3 foi o método que proporcionou melhores resultados, embora, para o lote A, o aumento na germinação obtida não tenha sido suficiente para torná-la superior àquela indicada na embalagem. Para este lote, a diferença entre a germi-nação obtida e a indicada na embalagem está dentro do limite de tolerância aceitável pela Tabela 12.6 (Bra-sil, 1992), quando submetido ao tratamento para su-perar a dormência com o uso de KNO3. No lote B as diferenças entre os testes ficaram acima do tolerado

TABELA 3. Germinação e emergência das se-mentes de melissa, submetidas a tratamentos para superar a dormên-cia, e comparação com a germinação indicada na embalagem (G).

Germinação (%) Lotes

SPF CPF G

A 27 b 86a 92

B 38 b 63a 85

Emergência (%)

A 10a 3 b

B 12a 3 b

Médias seguidas pela mesma letra na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

SPF = sem pré-esfriamento; CPF = com pré-esfriamento.

(Tabela 2). Apesar da eficiência dos métodos de superação da dormência, nenhum deles foi eficiente para fazer com que a germinação obtida fosse superior àquela indicada nas em-balagens (Tabela 4). Mais uma vez fica evidente que a infor-mação contida na embalagem superestima o real potencial germinativo dos lotes de sementes.

A exemplo do observado com as sementes de melissa, o tratamento com pré-esfriamento, não mostrou o desempenho esperado na emergência das plântulas de hortelã. As mais al-tas porcentagens de emergência foram observadas nas semen-tes submetidas à superação da dormência com KNO3, embo-ra estes resultados não tenham diferido daqueles obtidos sem o tratamento de superação da dormência (testemunha).

Cabe ressaltar, que nas embalagens inexistem informa-ções quanto a presença de dormência nas sementes e conse-qüentemente inexiste indicação de métodos, que o consumi-dor deve utilizar para superá-la. Isso causa sérios problemas na multiplicação dessas sementes, uma vez que o consumi-dor, desinformado de tal característica, jamais conseguirá ter um estande satisfatório de plantas. Os produtores/distribui-dores de sementes deveriam indicar nas embalagens se o pro-duto comercializado apresenta dormência, bem como, o mé-todo recomendado para superá-la, contribuindo, deste modo, para que os consumidores não sejam prejudicados.

TABELA 4. Germinação e emergência das sementes de hortelã, submetidas tratamentos para superar de dormência, e comparação com a germinação indicada na emba-lagem.

Tratamentos Lotes

T PF KNO3 PF + KNO3 Embalagem

Germinação (%)

A 43 c 74 b 84a 80a b 89

B 37 c 61 c 81a 73a b 92

Emergência

A 34a 15 b 38a 25a b

B 16a 15a 25a 18a

Médias seguidas pela mesma letra na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

PF = pré-esfriamento; T = testemunha.

CONCLUSÕES

(6)

Œ o pré-esfriamento é um método eficiente para superar a dormência de sementes de melissa;

Œ o KNO3 é um método eficiente para superar a dormência de sementes de hortelã;

Œ nas embalagens deve haver a indicação de que as sementes apresentam dormência, bem como, o método a ser utiliza-do para superá-la;

Œ a baixa emergência das sementes de losna, melissa e horte-lã está relacionada ao baixo vigor das sementes.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, J.M. Plantas medicinais de uso popular. Brasília: ABEAS - Ministério da Educação, Secretaria Geral, 1989. 93p.

BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras

para análise de sementes.Brasília: SNDA/DNDV/CLAV,

1992. 365p.

Erva-doce. Disponível em: <http://cotianet.com.br/eco/herb/ ervadoce.htm>, acessado em 22 ago. 2000.

Funcho. Disponível em: <http://www.canalvip.com.br/neumart/pm/ foenvulg.htm>, acessado em 16 jun. 2000.

Hortelã. Disponível em: <http://www.cotianet.com.br/eco/herb/ hort.htm>, acessado em 22 ago. 2000

IKUTA, A.R. & BARROS, I.B.I. Influência da temperatura e luz sobre a germinação de marcela (Achyrocline satureoides Lam.)

Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasilia,v.31 n.12, p.859-862, 1996.

Losna.Disponível em. <http://www.canalvip.com.br/neumart/pm/ artemisp.htm>, acessado em 16 jun. 2000.

MAIA, N.B. Efeito da nutrição mineral na qualidade do óleo essencial da menta (Mentha arvensis L.) cultivada em solução

nutritiva. In: MING, L.C.; SCHEFFER, M.C.; CORREA-JUNIOR, C.; BARROS, I.B.I. & MATTOS, J.K.A. (eds.). Plantas medicinais aromáticas e condimentares: avanços na pesquisa agronômica. Botucatu: UNESP, 1998. v.2, p.81-96. MARQUES, F.C. Análise da qualidade de marcela (Achyrocline

satureoides Lam.) DC. (Asteraceae) provenientes de duas

populações do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS,

1995. 142p. (Dissertação Mestrado).

Melissa. Disponível em. <http://www.canalvip.com.br/neumart/pm/ melioff1.html>, acessado em 16 jun. 2000.

NOBREGA, L.H.P.; CORRÊA-JUNIOR, C.; RODRIGUES, T.J.D. & CARREGARI, S.M.R. Efeito da luz e da temperatura na germinação de camomila (Matricaria recutita). Revista Brasileira de Sementes, Brasilia, v. 17, n.2, p.137-140, 1995. Plantas e ervas medicinais. Disponível em. <http://www. canalvip.com.br/neumart/ppm/>, acessado em 16 jun. 2000. ROSA, S.G.T. & Ferreira, A.G. Germinação de sementes de espécies

medicinais do Rio Grande do Sul: Bromelia anticanthaBert., Cuphea carthagenensis (Jacq.) MacBride e Talinum patens (Jacq.) Willdenow. Acta Botânica Brasileira, São Paulo, v.12, n.3, p.515-522, 1998. (Suplemento).

ROTA, G. & NEDEL, J.L. Qualidade fisiológica de sementes de esporinha (Delphinium consolida L.). Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.4, n.3, p.183-186, 1998.

SCHEFFER, M.C. Influência da adubação orgânica sobre a biomassa, o rendimento e a composição do óleo essencial de Achillea millefolium L. - mil-folhas. In: MING, L.C.; SCHEFFER, M.C; CORREA-JUNIOR, C.; BARROS, I.B.I. & MATTOS, J.K.A. (eds.).Plantas medicinais aromáticas e condimentares:

avanços na pesquisa agronômica. Botucatu: UNESP. 1998.

v.1, p.1-22.

ZONTA, É. & MACHADO, A.A. SANEST - Sistema de análise estatística para microcomputadores.Pelotas: Instituto de Física e Matemática, 1984. (Registrado na Secretaria Especial de Informática, sob nº 066060/Categoria A.).

Imagem

TABELA 1. Germinação obtida no Laboratório para Análise  de Sementes (LAS), indicada nas embalagens  (Emb) e emergência (E) das sementes de anis, funcho e losna.
TABELA 4. Germinação e emergência das sementes de hortelã, submetidas tratamentos para superar de dormência, e comparação com a germinação indicada na  emba-lagem.

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

O CES é constituído por 54 itens, destinados a avaliar: (a) cinco tipos de crenças, a saber: (a1) Estatuto de Emprego - avalia até que ponto são favoráveis, as

A série de tabelas a seguir mostra como os atributos gênero-estado conjugal e cor- origem dos chefes de domicílio variavam de acordo com o tamanho das posses de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Os aspectos abordados nesta perspectiva relacionam-se às questões de PIB, investimentos públicos/privados, desempenho dos setores, renda per capita, arrecadação, orçamento