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Influência de atividades antrópicas sobre a salinização da água em área de dunas no Município de Guamaré RN

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Douglisnilson de Morais Ferreira

Influência de atividades antrópicas sobre a salinização da

água em área de dunas no município de Guamaré/RN

_______________________________________

Dissertação de Mestrado

Natal/RN, agosto de 2011

INSTITUTO DE QUÍMICA

(2)

INFLUÊNCIA DE ATIVIDADES ANTRÓPICAS SOBRE A SALINIZAÇÃO DA ÁGUA EM ÁREA DE DUNAS NO MUNICÍPIO DE GUAMARÉ/RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Jailson Vieira de Melo

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química

Ferreira, Douglisnilson de Morais.

Influência de atividades antrópicas sobre a salinização da água em área de dunas

no Município de Guamaré – RN / Douglisnilson de Morais Ferreira. Natal, RN, 2011

102 f.

Orientador:Jailson Vieira de Melo

.

Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Ameaças ao meio ambiente – Dissertação. 2.Meio Ambiente – Dissertação. 3.

Impactos ambientais – Dissertação. 4 Salinidade – Dissertação. 5. Carcinicultura I.

Melo, Jailson Vieira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

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Agradeço a Deus pelo privilégio que tem me concedido de viver e servi-lo. Como é prazeroso saber que tudo isso foi obra de Tuas mãos, pois, “Sem Ti, nada poderei fazer” (Jo 15.5b).

À Minha amada esposa Clénia Morais. Como é bom tê-la ao meu lado. Você me inspira, me anima, me alegra, me faz feliz.

Aos meus Pais Donato e Marly, pela educação e ensinamentos que muito contribuíram para a minha formação intelectual, profissional e familiar.

Aos meus irmãos e demais familiares, pelos momentos de descontração e alegrias vividos juntos.

Aos irmãos e amigos da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Cidade da Esperança. Como é bom tê-los nessa família.

Ao Professor Jailson Vieira pela compreensão, amizade, apoio e incentivo. Que Deus lhe abençoe.

Aos professores e servidores do PPGQ - UFRN pela cooperação em todas as ações no mestrado.

Aos companheiros e amigos do IFRN pelas contribuições e incentivos visando o crescimento profissional e acadêmico. À Família do NAAE, pelo apoio nas análises laboratoriais e auxílios diversos na pesquisa. O Senhor Galardoe o vosso feito.

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Porque dEle e por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”

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O município de Guamaré está localizado no litoral norte do RN, subzona salineira, com uma área territorial de 259 km2 e população de aproximadamente 12.500 habitantes (IBGE, 2010). Apresenta acentuada instabilidade morfológica ocasionada principalmente pela influência de atividades antrópicas na região. O presente estudo tem por finalidade avaliar os índices de sais existentes nos mananciais da região, através da avaliação da condutividade elétrica, pH, salinidade, cloretos, dureza, cálcio e magnésio na água. As metodologias de coletas e análises adotadas na pesquisa estão baseadas no APHA (2005). A Condutividade Elétrica, a Salinidade e o Cloreto apresentaram comportamento semelhante ao longo da pesquisa. No estudo observou-se que alguns pontos sofrem influência direta dos viveiros e outros das salinas. Tendo em vista a existência de uma vala de drenagem entre a salina e a região monitorada, observou-se pouca alteração no meio, inclusive na vegetação nativa. Situação inversa ocorreu na região dos viveiros onde a vegetação local está completamente comprometida e os poços e cacimbas, utilizados no passado para uso doméstico estarem praticamente desativados (alto teor salino). No Rio Miassaba há formação de um estuário invertido, com os pontos mais distanciados do mar apresentando concentrações salinas maiores, o que pode estar associado à descarga de matéria orgânica e taxa de evaporação natural. Em períodos de ausência de chuvas alguns pontos apresentaram teores de sais superiores aos encontrados na água do mar, podendo ser associado à alta taxa de evaporação na região. Um fator positivo detectado é o alto poder de recuperação e redução salina, após períodos de incidência pluviométrica.

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The municipality of Guamaré is located on the north coast of RN, Salineira zone, with a land area of 259 km2 and a population of approximately 12,500 inhabitants (IBGE, 2010). Presents strong morphological instability caused mainly by the influence of human activities in the region. The present study aims to assess the existing levels of salts in the springs of the region, by evaluating the electrical conductivity, pH, salinity, chlorides, hardness, calcium, magnesium and heavy metals in the water. The collection and analysis methods adopted in the survey are based on APHA (2005). The electrical conductivity, salinity and chloride behaved similarly throughout the study. Some points suffered the direct effect of the salt ponds and others. Given the existence of a drainage ditch between the saline and monitored region, there was little change in the environment, including the native vegetation. The opposite situation occurred in farms where the region is fully committed local vegetation and water holes and wells used in the past for domestic use are practically disabled (high salt content). In Rio Miassaba formation of an estuary is reversed, with the farther out from the sea showing higher salt concentracions, which may be associated with the discharge of organic matter and natural evaporation rate. In periods of no rainfall had a few points higher than the levels of salts found in seawater and may be associated with high evaporation in the region. Detected a positive factor is the high resilience and reducing salt, after periods of rainfall incidence.

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Figura 3.1 Desempenho da Carcinicultura no Brasil de 1998 a 2010 21 Figura 3.2 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2007. 30 Figura 3.3 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2008. 31 Figura 3.4 Mapa de precipitação pluviométrica do Brasil, de março a maio de

2008.

31

Figura 3.5 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2009. 32 Figura 3.6 Concentrações pluviométricas do município de Guamaré/RN – 2010. 32 Figura 3.7 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN nos anos 2008 a 2010 33 Figura 4.1 Vista aérea da cidade de Guamaré, com destaque para as áreas de

viveiros de camarão e salinas. 37

Figura 4.2 Mapa de localização dos pontos monitorados no município de Guamaré/RN.

39

Figura 4.3 Ponto de Monitoramento C01, localizado na Cacimba - Gado. 41 Figura 4.4 Ponto de Monitoramento C02, localizado na Cacimba - Bil. 41 Figura 4.5 Ponto de Monitoramento C03, localizado na Cacimba – Galego. 42 Figura 4.6 Ponto de Monitoramento C04, localizado na Cacimba – Dunas. 42 Figura 4.7 Ponto de Monitoramento L01, Localizado na Lagoa - José Antônio. 43 Figura 4.8 Ponto de Monitoramento L02, localizado na Lagoa – Cecílio. 43 Figura 4.9 Ponto de Monitoramento L03, localizado na Lagoa - José Pequeno. 44 Figura 4.10 Ponto de Monitoramento N01, Localizado no Chorador. 45 Figura 4.11 Ponto de Monitoramento P02, localizado no Poço – Pirrita. 45 Figura 4.12 Ponto de Monitoramento P03, localizado no Poço – Bil. 46 Figura 4.13 Ponto de Monitoramento P04, localizado no Poço – Justino. 46 Figura 4.14 Ponto de Monitoramento P05, localizado no poço - João Batista. 47 Figura 4.15 Ponto de Monitoramento P06, localizado no Poço - Chico Pedro. 47 Figura 4.16 Ponto de Monitoramento R01, localizado no Rio Miassaba – Centro. 48 Figura 4.17 Ponto de Monitoramento R02, localizado no Rio Miassaba – Captação

dos Viveiros.

48

Figura 4.18 Ponto de Monitoramento R03, localizado no Rio Miassaba - Canto. 49 Figura 4.19 Ponto de Monitoramento S01, localizado na Salina Pato Branco. 49 Figura 4.20 Ponto de Monitoramento V01, localizado na área da Salina Pato

Branco.

50

Figura 4.21 Fluxograma de coleta de água. 51

Figura 4.22 Fluxograma das análises de água. 52

Figura 4.23 Medidor de pH utilizado nas análises. 53

Figura 4.24 Medidor de Condutividade elétrica e salinidade utilizado nas análises. 54 Figura 5.1 Situação atual da vegetação em áreas próximas a viveiros. 57 Figura 5.2 Situação atual da vegetação nas áreas próximas às salinas. 58

Figura 5.3 Vala de drenagem da água da salina. 58

Figura 5.4 Mapa de localização dos pontos P04, P05 e P06 – Guamaré/RN. 64 Figura 5.5 Gráfico da redução salina dos pontos P04, P05, P06. 65 Figura 5.6 Gráfico da redução de condutividade elétrica dos pontos P04, P05,

P06.

65

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Figura 5.14 Imagem aérea dos pontos de coleta ao longo do Rio Miassaba. 72 Figura 5.15 Gráfico da comparação da salinidade (por coleta) nos pontos do Rio

Miassaba.

73

Figura 5.16 Gráfico das médias de pH – Guamaré/RN. 76 Figura 5.17 Gráfico da redução da dureza dos pontos P04 a P06. 81 Figura 5.18 Gráfico da redução de cálcio dos pontos P04 a P06. 81 Figura 5.19 Gráfico da redução de magnésio dos pontos P04 a P06. 82 Figura 5.20 Gráfico da resistência da dureza total dos pontos C02, P03 e P05. 83 Figura 5.21 Gráfico da resistência de cálcio dos pontos C02, P03 e P05. 84 Figura 5.22 Gráfico da resistência de magnésio dos pontos C02, P03 e P05. 84 Figura 5.23 Comparação da resistência de dureza do P03 com C02, P02, P05 e

L03.

85

Figura 5.24 Comparação da resistência de cálcio do P03 com C02, P02, P05 e L03. 85 Figura 5.25 Comparação da resistência de magnésio do P03 com C02, P02, P05 e

L03.

86

Figura 5.26 Gráfico da resistência - cloretos dos pontos P04 a P06. 89 Figura 5.27 Gráfico da Comparação da resistência de cloretos do P05 com P04 e

P06.

90

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Tabela 3.1 Desenvolvimento da atividade de carcinicultura no mundo. 19 Tabela 3.2 Atividades humanas que exercem pressões sobre os ecossistemas de

água doce.

22

Tabela 3.3 Impactos ambientais gerados pela carcinicultura. 25 Tabela 4.1 Pontos de coleta, identificação e dados geográficos. 38

Tabela 4.2 Cronograma das atividades realizadas. 40

Tabela 4.3 Resumo das metodologias de análises utilizadas. 51 Tabela 5.1 Resultados de condutividade elétrica obtidos na pesquisa. 60 Tabela 5.2 Resultados de salinidade obtidos na pesquisa. 60 Tabela 5.3 Redução da salinidade ao longo do período de monitoramento. 62 Tabela 5.4 Redução da condutividade elétrica ao longo do período de

monitoramento.

63

Tabela 5.5 Resultados de pH obtidos na pesquisa 74

(13)

ABCC Associação Brasileira de Criadores de Camarão APHA American Public Health Association

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais EMPARN Empresa de Pesquisa agropecuária do RN EUA Estados Unidos da América

GAA Global Aquaculture Alliance

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN

IHP International Hydrological Programme ILEC International Lake Environment Committee ONU Organização das Nações Unidas

pH Potencial Hidrogeniônico

PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos RN Rio Grande do Norte

STD Sólidos Totais Dissolvidos

UFRN Universidade Federal do Rio grande do Norte

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1 INTRODUÇÃO 14

2 OBJETIVOS 16

2.1 OBJETIVOS GERAIS 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17

3.1 A ÁGUA NA NATUREZA 17

3.2 AQUICULTURA 18

3.2.1 Histórico da Carcinicultura 19

3.2.2 Impactos Causados no Ambiente 21

3.2.3 Impactos da carcinicultura no ambiente 23

3.3 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA EM ESTUDO 29

3.3.1 Climatologia 29

3.3.2 Geologia e Geomorfologia 34

3.3.3 Hidrografia e água subterrânea 34

3.3.4 Vegetação 35

4 MATERIAIS E MÉTODOS 36

4.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA 36

4.2 A ÁREA ESTUDADA 36

4.3 LOCAL DE AMOSTRAGEM E PONTOS DE COLETA 37

4.3.1 Descrição dos pontos de coleta 40

4.4 METODOLOGIA DE COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS 50

4.5 PARÂMETROS E METODOLOGIAS DE ANÁLISES 51

4.5.1 Potencial hidrogeniônico (pH) 52

4.5.2 Condutividade elétrica (CEL) e salinidade (SAL) 53

(15)

5.1 ANÁLISE PANORÂMICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 56

5.2 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NA ÁGUA 58

5.2.1 Condutividade elétrica e salinidade 59

5.2.2 Potencial hidrogeniônico 73

5.2.3 Dureza total, cálcio, magnésio 76

5.2.4 Cloretos 87

6 CONCLUSÕES 93

6.1 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS 93

(16)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado 1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural renovável indispensável à sobrevivência humana, ao desenvolvimento tecnológico, social e econômico de uma nação. Sua história sobre o planeta terra, sua qualidade e quantidade disponível para uso está relacionada diretamente ao crescimento populacional, desenvolvimento urbanístico e às diversas áreas de atuação (abastecimento público, agricultura, aqüicultura, indústrias, etc.).

Na natureza, ela é encontrada principalmente no estado líquido e cobre aproximadamente 70% da superfície do planeta (BRAGA et al., 2005, p. 73). Do total de água doce existente apenas 0,147% encontra-se disponível na forma liquida para exploração econômica e tecnológica, sendo 70% destinada à agricultura, 22% à indústria e 8% ao consumo humano (FOLHA DE SÃO PAULO, 1999; RAINHO, 1999 apud MACÊDO, 2007, p. 53).

Existem inúmeros problemas de impactos ambientais causados pelas diversas atividades humanas que alteram a qualidade da água e seu ciclo hidrológico, gerando sua escassez e aumento no custo. A eutrofização, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e a perda da diversidade biológica são conseqüências destas práticas humanas.

A carcinicultura, atividade que visa à criação de camarões em cativeiro, é uma atividade geradora de grandes impactos ambientais. Seu desenvolvimento tem se intensificado, principalmente no nordeste brasileiro, em função da alta rentabilidade econômica, produtividade elevada e adaptação fácil. A região Nordeste é responsável por 94% da produção nacional, tendo o Rio Grande do Norte (RN) e o Ceará como os principais estados produtores do país. (ABCC, 2011).

Essa atividade vem sendo associada à destruição de um dos ecossistemas mais complexos do planeta, o manguezal, atingindo também a mata ciliar e carnaubais, causandoinúmeros danos cumulativos às bacias hidrográficas onde se inserem. No contato com o meio ambiente, a carcinicultura ameaça a fonte de sobrevivência e a cultura de milhares de pessoas que habitam tradicionalmente as regiões de mangue, como pescadores e pequenos agricultores (TELES, 2005).

Em 2004 o Rio Grande do Nortepossuía mais de 6.000 hectares de viveiros de camarão, com uma produção anual de quase 5.000 kg/ha/ano, tendo a cidade de Guamaré como uma das grandes produtoras de camarão (ABCC, 2004). A Litopenaeus vannamei é a

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

O município de Guamaré Apresenta acentuada instabilidade morfológica ocasionada, principalmente, pela influência de atividades antrópicas como a carcinicultura e a indústria salineira. Essas atividades têm gerando hipersalinidade residual do solo e da água, fatores pelos quais, atualmente, praticamente toda a água dos mananciais da cidade está imprópria para o consumo humano, além de acarretar a degradação do ecossistema local, com a formação de ambientes desérticos. Vale ressaltar que, esta água, durante muitas décadas, era utilizada pelos moradores da região para a agricultura, pecuária, consumo humano e atividades afins.

A necessidade de realização deste trabalho surgiu pela observação feita na área em que se desenvolve a atividade salineira e a carcinicultura em Guamaré/RN, onde uma grande extensão de terra apresenta-se desértica, com várias plantas nativas morrendo. Outra situação perceptível nesta área é o aumento da salinidade residual da água, ocasionando a degradação do meio ambiente.

Esta situação pode ser observada em regiões próximas às fazendas de criação de camarão. Segundo moradores da região, o desmatamento da região e a hipersalinidade foram observadas após a implantação da carcinicultura no local.

Nas proximidades da salina, em virtude da existência de valas de drenagem no entorno da atividade, observou-se menor influência na região.

(18)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado 2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Diagnosticar a influência da salinização da água nos mananciais do município de Guamaré – RN.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Mapear as principais fontes de água da região.

 Avaliar a qualidade físico-química das águas dos pontos monitorados.

 Avaliar os efeitos da sazonalidade, pois nesta região é observado um

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresenta-se uma discussão dos assuntos relacionados à pesquisa, a saber, água, carcinicultura, salina e seus impactos no ambiente, possibilitando ao leitor conhecimentos básicos indispensáveis para melhor compreensão do texto dissertado, destacando sua importância para as inúmeras atividades citadas e, considerando os eventuais impactos causados.

3.1 A ÁGUA NA NATUREZA

Desde os primórdios da vida no planeta Terra e da história da espécie humana, o Homo sapiens, a água sempre foi essencial. Qualquer forma de vida depende da água para sua sobrevivência e para seu desenvolvimento biológico, cultural e econômico.[...] A água é o que nutre as colheitas e florestas, mantém a biodiversidade e os ciclos no planeta e produz paisagens de grande e variada beleza. [...] A água doce é, portanto, essencial à sustentação da vida, e suporta também as atividades econômicas e o desenvolvimento. (TUNDISI, 2005, p. 1).

A água pura é um líquido incolor, inodoro, insípido, transparente, inorgânico e é encontrado na natureza nos estados sólido, líquido, gasoso. Por ser ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de pureza absoluta, apresentando impurezas que vão desde alguns miligramas por litro na água da chuva a mais de 30 mil miligramas por litro na água do mar. Dos 103 elementos químicos conhecidos, a maioria é encontrada de uma ou outra forma nas águas naturais (RITCHER; JOSÉ NETTO, 2002).

Dados do International Hydrological Programme – IHP – IV/UNESCO sobre recursos hídricos afirmam que o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões de quilômetros cúbicos, porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. Os 2,5% que sobram são água doce, sendo que menos de 30% estão disponíveis para o uso humano nas suas diversas modalidades (SHIKLOMANOV, 1998 apud REBOUÇAS et al., 2006).

O Brasil é atualmente o quinto país do mundo, tanto em extensão territorial como em população, apresentando uma área de 8.514.876,60 km2 e cerca de 190 milhões de habitantes. Destaca-se no cenário mundial pela grande descarga de água doce dos seus rios, cuja produção hídrica, representa 53% da produção de água doce do continente sulamericano e 12% do total mundial (REBOUÇAS, 2006, p. 26; IBGE, 2010).

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

produtivo, destaca-se a irrigação, o abastecimento público, pesca e aquicultura, podendo gerar consequências variadas no corpo aquático, em decorrência da utilização de produtos químicos, fertilizantes, agrotóxicos, ração, dentre outros. Cada atividade humana tem seus próprios requisitos de qualidade para o consumo de água. Enquanto no abastecimento urbano e na aquicultura é necessária a utilização de água de alto padrão de qualidade, atividades como navegação e geração de energia podem ser utilizadas águas de baixa qualidade. (BORSOI; TORRES, 1997).

Vale ressaltar que a contaminação de mananciais impede sua utilização para o abastecimento humano, bem como pode causar limitações nas atividades de utilização direta nos processo produtivos, principalmente os alimentos (BRAGA et al, 2005, p. 74). Segundo Borsoi e Torres (1997), os impactos causados pelas atividades humanas nas águas são, na maioria das vezes, de caráter poluidor. O abastecimento urbano e industrial provoca poluição orgânica e bacteriológica; a irrigação carreia agrotóxicos e fertilizantes, a navegação lança óleos e combustíveis, a geração de energia provoca alterações no regime e na qualidade das águas.

3.2 AQUICULTURA

O termo aqüicultura pode ser definido como o processo de produção em cativeiro, de organismos com habitat predominantemente aquático, tais como peixes, camarões, rãs, entre outras espécies. É um dos ramos da produção animal que abrange desde práticas de propagação de organismos aquáticos sob controle completo do homem até a manipulação de pelo menos um estágio de suas vidas, com a finalidade do aumento de produção (LUND; FIGUEIRA, 1989; SCHOBER; EVANGELISTA, 2003; FILHO, 2004 apud LIMA, 2007). Esta atividade utiliza inúmeros recursos, como terra, água, energia, ração, mão de obra, antibióticos, fertilizantes, equipamentos, etc, que devem ser utilizados de forma racional para que a atividade seja perene e lucrativa (OLIVEIRA et al, 2007).

O surgimento dessa atividade deve-se, em parte, ao esgotamento dos recursos pesqueiros, em algumas áreas, onde muitos estoques atingiram seus índices máximos de exploração, sendo a aquicultura uma alternativa para suprimento de produtos pesqueiros (TAHIM, 2008).

No final da década de 90 do século XX a espécie Litopenaeus vannamei (camarão

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

para o estado. A vantagem dessa espécie é a possibilidade de adaptação em diversas salinidades da água, desde doce até salobra.

O desenvolvimento nas pesquisas acerca da produção de camarão teve início na Ásia, por volta de 1930, com a obtenção de desovas e pós-larvas da espécie Penaeus japonicus,

chegando ao Brasil nos anos 70, conforme apresentado a seguir.

3.2.1 Histórico da Carcinicultura

A carcinicultura foi praticada inicialmente no Sudoeste asiático, mantendo-se por séculos como atividade artesanal. Na década de 30 do século XX o Japão passa a dominar a reprodução de pós-larvas (PLs) em laboratório e, associado a avanços tecnológicos, foi possível a viabilização de PLs em grande escala (TAHIM, 2008).

Nas últimas décadas, a produção de camarão em cativeiro é uma das atividades que mais cresce no mundo e está presente em cerca de 50 países, com 99% da produção proveniente de países menos desenvolvidos das costas tropicais da Ásia e da América Latina, os quais, na sua vasta maioria, exportam para Estados Unidos, União Européia e Japão (CARVALHO et al., 2005 apud TAHIM, 2008).

A Tabela3.1 apresenta um resumo do desenvolvimento da atividade carcinicultora no mundo, de 1930 a 2005. Destaca-se as perdas econômicas em virtude do surgimento de viroses no camarão (SAMPAIO, 2005).

TABELA 3.1 - Desenvolvimento da atividade de carcinicultura no Mundo.

Período Atividade

1930 – 1965 Instalação de fazendas de cultivo de camarão no Japão.

1965 – 1975 Desenvolvimento e expansão das pesquisas nos Estados Unidos, China, Taiwan e França.

1975 – 1985 Período de alta rentabilidade da atividade gerando investimentos externos. 1985 – 1995 Queda de 75% na produção em virtude do surgimento da virose em Taiwan. 1995 – 2005 Surgimento de virose no Equador, Panamá e Peru, provocando perdas

econômicas. Fonte: SAMPAIO (2005).

No Brasil, a atividade de cultivo de camarão teve início nos anos 70, no Rio Grande do

Norte, com o “Projeto Camarão”, alternativa do governo para substituir a extração do sal,

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

conseguindo produzir as primeiras pós-larvas em laboratório da América Latina (MINHA HISTÓRIA, 2011).

Nos anos 80, com uma crescente demanda e valor econômico em ascensão, a produção de camarões ganha destaque. O nordeste brasileiro é considerado ideal para o cultivo de camarões, devido às extensas áreas costeiras com água de temperatura elevada ao longo do ano (SOARES et al, 2007).

Nesse período, o governo do Rio Grande do Norte (RN) importou a espécie Penaeus

japonicus e reforçou o “Projeto Camarão”, com o apoio da Empresa de Pesquisas

Agropecuárias do Rio Grande do Norte (EMPARN), que passou a sistematizar e desenvolver trabalhos de adaptação da espécie exótica às condições locais (WIKIPÉDIA, 2011).

Destaca-se também a decisão da Companhia Industrial do Rio Grande do Norte (CIRNE) de transformar parte de suas salinas em viveiros de camarão, estimulando diversos segmentos da iniciativa privada e fez gerar a efetivação das primeiras fazendas de camarão do nordeste (GONÇALVES, 2007).

Na década de 90, a iniciativa privada nacional optou por importar a espécie

Litopenaeus vanammei, cultivada com sucesso no Equador e adaptável às mais variadas

condições ambientais. No Brasil, entre 1997 e 2003, a produção, a área e a produtividade do camarão marinho cultivado aumentaram, respectivamente, 2.527,7%, 294,6% e 540,4%, colocando o país como maior produtor do continente sul americano (SAMPAIO, 2005).Dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) afirmam que em 2010 a produção nacional de camarão em cativeiro foi de 80.000 toneladas, um aumento de aproximadamente 19% em relação ao ano anterior (ABCC, 2011). A Figura 3.1 apresenta a estimativa do desempenho da carcinicultura brasileira, de 1998 a 2010 (ABCC, 2011).

De acordo com Rocha e Rocha (2009), o Brasil está entre os maiores produtores de camarão no mundo, ocupando, em 2008, a nona posição no mercado, tendo a china como o maior produtor mundial da espécie.

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 3.1 Desempenho da Carcinicultura no Brasil de 1998 a 2010 (ABCC, 2011).

Fonte: SAMPAIO (2005).

3.2.2Impactos Causados no Ambiente

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), no Art. 1º, da Resolução Nº 01, de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986), caracteriza impacto ambiental como sendo:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota (conjunto dos seres animais e vegetais de uma região); as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. (BRASIL, 1986).

Logo, toda e qualquer atividade, por mais rentável que seja para uma região, deve-se previamente avaliar os possíveis impactos gerados e a adoção de políticas de controle e preservação ambiental, objetivando o desenvolvimento econômico sem interferir negativamente no ambiente.

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

TABELA 3.2 Atividades humanas que exercem pressões sobre os ecossistemas de água doce.

Atividade Humana Efeito Potencial Perigo

Crescimento demográfico e o consumo

Aumento da extração de água e de terras cultivadas mediante a irrigação, aumento da necessidade de todas as demais atividades.

Praticamente, para todas as funções do ecossistema, incluindo as funções de habitat, produção e regulação.

Desenvolvimento de infra-estrutura (represas, diques, desvios, etc.

A perda da integridade altera o ritmo e a quantidade das correntes fluviais, da temperatura da água, o transporte de nutrientes e de sedimentos; cria u bloqueio da migração de peixes.

Quantidade e qualidade de água; fertilidade das espécies; alteração da economia nas regiões atingidas.

Conversão de terras

Elimina componentes fundamentais do entorno aquático; perda de funções; integridade; habitat e biodiversidade; altera as regras de escorrimento; inibe a recarga natural.

Falta de controle natural das inundações; hábitas pesqueiros e de aves aquáticas, quantidade e qualidade de água.

Excesso de colheita e

exploração Reduz recursos vivos, as funções do ecossistema e da biodiversidade.

Redução da produção de alimentos; provisão de água; da qualidade e quantidade.

Introdução de espécies exóticas

Aumento das espécies introduzidas altera produção e o ciclo dos nutrientes; perda da biodiversidade entre as espécies nativas.

Alteração na produção de alimentos, habitat da fauna e flora.

Descarga de contaminantes na terra, água e ar

A contaminação dos corpos de água altera a química e ecologia dos rios, Lagos e terras úmidas; as emissões gasosas que geram o efeito estufa produzem notáveis troas nos padrões do ar, temperatura e precipitação.

Provisão de água hábita, qualidade da água; produção de alimentos; trocas climáticas; capacidade de diluição e transportes; inundações.

FONTE: IUCN (2000) apud MACÊDO (2007, p. 64).

O conjunto geral dos impactos ambientais causados nos ecossistemas aquáticos pode ser detectado no estudo desenvolvido pelo International Lake Environment Committee

ILEC (TUNDISI, 2005, p. 39), em 600 lagos e represas em todo o planeta. De acordo com o estudo, os cinco impactos mais comuns são a eutrofização, acidificação, contaminação tóxica, declínio do nível de água e aumento do material em suspensão.

Com base nesse estudo, os problemas de deterioração das bacias hidrográficas estão relacionados com o crescimento e a diversificação das atividades agrícolas, o aumento da urbanização e o aumento e a intensificação das atividades nas bacias hidrográficas.

Um dos principais fatores que contribuem à situação atual refere-se a rápida taxa de urbanização, com inúmeros efeitos diretos e indiretos. Como consequência, tem-se a alteração substancial da drenagem, produzindo problemas à saúde humana, além de impactos como enchentes, deslizamentos e desastres provocados pelo desequilíbrio no escoamento das águas (TUNDISI, 2005, p. 41).

(25)

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plantas reagem à salinidade ou o estresse hídrico, reduzindo seu crescimento, devido à redução do potencial hídrico e do potencial osmótico, sendo essas reduções provenientes da dissolução dos sais (MUNNS; TERMAAT, 1986; ZISKA et al., 1989; LIN; STERNBERG, 1993; ALARCÓN et al., 1993 apud SILVA JÚNIOR et al., 2002).

Entretanto, devido à escassez de água e os crescentes impactos ambientais, novas alternativas deverão ser criadas para suprir essa deficiência de água, principalmente na agricultura. Na Ásia Central, no verão, quando há escassez de água doce, os agricultores utilizam água salina na irrigação (reuso), de culturas como algodão (BEZBORODOV et al., 2010).

3.2.3 Impactos da carcinicultura no ambiente

A Carcinicultura é uma atividade que utiliza intensamente os recursos naturais (ecossistemas estuarinos e costeiros) e, por esta razão, a sua expansão pode gerar impactos, comprometendo o meio ambiente. Problemas como desmatamento de áreas de mangues, lançamento de efluentes, epidemias de viroses, são comumente relatados em pesquisas realizadas no Brasil e no mundo (TAHIM, 2008).

A expansão dessa atividade se deu em parte pela substituição das salinas ou ocupação de áreas salineiras desativadas, utilizando-as para a criação de camarão. Em parte destas áreas, o manguezal estava em franca recuperação, mas, com a implantação dos tanques, constatou-se a eliminação total em muitas áreas do RN.

Os impactos oriundos dessa atividade vão desde a destruição de manguezais e vegetação nativa, conversão de terras agrícolas a tanques agrícolas, contaminação dos recursos hídricos naturais, através do lançamento de matéria orgânica produzida ao longo de todo o processo de despesca, salinização de terras e águas por efluentes, esgotos, e sedimentos de águas salobras, provenientes do sistema de engorda (BOYD, 2003 apud OLIVEIRA et al., 2007).

O Código de Conduta e de Boas Práticas de manejo para uma carcinicultura ambientalmente sustentável e socialmente responsável afirma:

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Estudos realizados por Rosenberry (1998), Primavera (1998), Boyd e Trucker (1998) apud Trott e Alongi (2000) destacam que a produção de camarão em zonas costeiras da Ásia-Pacífico, representando 72% da produção mundial, está tornando-se limitado devido à problemas de impactos ambientais, como a capacidade de suporte dos ecossistemas costeiros, eutrofização da água, perdas de florestas de mangue, campos de arroz e outros habitats costeiros através de desmatamento e salinização.

Tiago (2002) apud Macêdo (2007) afirma que o uso da água de superfície e subterrânea na aquicultura pode provocar recalque do solo, intrusão de água salgada em corpos aquáticos e em áreas agrícolas, e salinização de aquíferos de água doce. A eutrofização, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e a perda da diversidade biológica são consequências destas práticas humanas.

Segundo Teles (2005), o crescimento da produção de camarão no país gera sérios danos ambientais e ameaças às condições de vida de comunidades tradicionais estabelecidas em áreas visadas pelos carcinicultores.

Low e Sasekumar (1994); Valiela et al. (2001) apud Primavera (2006) afirmam que mais de um terço das florestas de mangue no mundo desapareceram nas últimas duas décadas, sendo a carcinicultura é responsável por 35% dessa devastação. Nas últimas três décadas as Filipinas e o Vietnã perderam aproximadamente 70 – 80% da área de mangue, a Tailândia perdeu em 50 anos mais da metade do seu manguezal. EJF (2003) apud Anh et al (2010) afirma que no Vietnã, nos últimos 50 anos, pelo menos 220.000 hectares de mangue de floresta foram removidos pela aquicultura, e na última década essa atividade foi a maior ameaça para os manguezais locais.

Primavera (2006) destaca as consequências ambientais decorrentes do desenvolvimento da aquicultura, como a introdução de espécies exóticas, perda e modificação de habitat, propagação de doenças, uso indevido de produtos químicos e antibióticos, lançamento de resíduos.

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mortandade da biota aquática. A Tabela 3.3 apresenta um resumo dos principais impactos encontrados na atividade, bem como ações mitigadoras.

TABELA 3.3 Impactos ambientais gerados pela carcinicultura.

Etapa Ação Impactos ambientais gerados Medidas mitigadoras

Construção de viveiros

Construção em áreas

com solo arenoso Elevada perda de água por infiltração Evitar construções nessas áreas.

Desmatamento. Erosão, desequilíbrio ambiental, perda da biodiversidade tanques em áreas já desmatadas, Direcionar a construção de salinizadas.

Aclimatação

Uso de água salina na

aclimatação. em corpos de água doce e no solo. Aumento da quantidade de sais

Recirculação da água de aclimatação em sistema fechado, aquisição de pós-larvas

aclimatadas a baixa salinidade.

Consumo elevado de

água. Depleção do recurso natural.

Recirculação da água, realização de pesquisas sobre técnicas de aclimatação de

pós-larvas a baixa salinidade.

Engorda

Consumo de água nos

viveiros de engorda. Contribuição para redução da disponibilidade hídrica.

Recirculação da água, reutilização da água nos viveiros de engorda, aeração, redução na densidade de cultivo. Lançamento de

efluentes diretamente em corpos aquáticos.

Aumento da carga orgânica e de nutrientes, contribuindo para a

eutrofização; aumento da salinidade das águas.

Recirculação da água; uso de bacias de sedimentação; avaliação da carga poluidora e

capacidade de suporte do rio.

Despesca

Lançamento dos efluentes diretamente

nos corpos d’água.

Aporte de sedimentos, ricos em matéria orgânica e nutrientes, diretamente em corpos aquáticos contribuindo para a eutrofização.

Instalação de bacias de sedimentação, sistemas de recirculação e reuso de água;

estudo da carga poluidora e avaliação da capacidade de

suporte do rio. Lançamento de

metabissulfito em corpos d’água e no

solo.

Consumo rápido de oxigênio da água e diminuição do pH, provocando morte da fauna e flora

aquática.

Aeração da solução e correção do pH antes de ser lançado no

ambiente.

Preparo do

viveiro Secagem completa do viveiro.

Redução da comunidade microbiana do solo; acúmulo de

sais no solo.

Redução do tempo de exposição do solo ao sol.

FONTE: Figueiredo et al. (2004).

De acordo com Figueiredo et al. (2003) apud Tahim (2008), os impactos ambientais da carcinicultura em vários países estão geralmente associados ao desmatamento de áreas de mangues, à conversão do uso da terra e sua influência na biodiversidade, ao lançamento de

efluentes nos cursos d’água e ao uso de produtos químicos, ocasionando inundação de áreas

agrícolas com águas salinas, causando a salinização do solo e de corpos hídricos.

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IDEMA (2002) afirma que os manguezais, criadouro natural de várias espécies de vida aquática (camarões, caranguejos, mariscos, ostras e peixes), têm grande importância social e econômica para as comunidades costeiras, além de integrarem a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, como ecossistema associado. No entanto, algumas áreas de mangue do Estado vêm sendo transformadas, ao longo do tempo, para darem lugar às salinas, viveiros de criação de camarão.

Oliveira e Mattos (2007) destacam que no ecossistema manguezal, toda obra de engenharia, como a construção de canais e tanques para a carcinicultura, causam impactos ambientais ao ecossistema local, ocasionando mudanças na drenagem, fluxo das marés, mudanças nas características físico-químicas da água, dentre outros.

Vale ressaltar que o ecossistema manguezal - principal atingido pela carcinicultura é um dos mais produtivos do planeta. Exerce um papel fundamental na produção de vida animal, principalmente marinha, e constitui fonte de sobrevivência para populações que ao longo de séculos ocupam as regiões costeiras do Brasil (TELES, 2005).

Várias espécies de peixes marinhos e de água doce buscam o manguezal para alimentar-se e se reproduzir. Cerca de 80% a 90% das espécies comerciais de pescado dependem do mangue, que também é o habitat de diferentes tipos de crustáceos. Dezenas de espécies de aves também utilizam o mangue em suas rotas migratórias para alimentação e reprodução (SOARES et al, 2007).

COSTA et al., (2010) afirmam que as implicações ambientais da carcinicultura na microrregião de Macau/RN são desmatamentos intensos, inserção de metais pesados nas áreas de manguezal, introdução de espécies exóticas junto a biodiversidade estuarina, eutrofização dos corpos aquáticos provocada pela presença de nutrientes, dentre outros. Além disso, a degradação do ecossistema de manguezal vem causando um desequilíbrio ecológico sem precedentes, com implicações maléficas incalculáveis.

As dunas, nas regiões costeiras, também apresentam grande importância para a sobrevivência de muitas famílias por sua capacidade de filtrar e armazenar água doce (TELES, 2005).

(29)

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corpos receptores de efluentes, impactos sobre o aquífero e consequente aumento da cunha salina (hipersalinidade).

Em pesquisas desenvolvidas no estuário do rio Acaraú – CE, Araújo e Freire (2007) destacam que a implantação de empreendimentos de carcinicultura ao mesmo tempo em que aumenta a economia interna e gera produção de empregos, causa, dentre outros fatores, o desmatamento do manguezal, do apicum e salgado.

Oliveira et al. (2007) afirmam que os corpos d’água adjacentes às fazendas de

aqüicultura recebem, via efluentes, cargas elevadas de nutrientes acelerando o processo de eutrofização, o que, segundo ele, é um dos maiores problemas ambientais relacionados à atividade. Além disso, a carga poluidora que um sistema pode gerar ao ambiente, dependendo da área explorada, pode ser assemelhada aos níveis produzidos por fontes domésticas ou industriais.

Os efluentes gerados na carcinicultura são ricos em nutrientes (fósforo e nitrogênio), clorofila, sólidos suspensos e demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Visando a redução dos possíveis impactos que podem ser ocasionados quando do lançamento nos corpos aquáticos, diferentes alternativas têm sido positivamente apresentados, como o uso de tecnologias de policultura, com a carcinicultura realizada em conjunto com moluscos, peixes, macroalgas halófitas redução e eliminação na troca de água dos tanques e a construção de viveiros tampão (SANDIFER, 1996; BROWN; BROWN, 1999 apud PÀEZ-OSUNA et al., 1999; 2001).

No Vietnã, os surtos de doenças e a acidificação dos solos, repercutiram na diminuição de 70 a 80% da produção em algumas áreas, ocasionando no abandono das áreas e a busca de outras áreas para o cultivo (LEBELet al, 2002; EJF, 2003 apud ANH, 2010).

O Código de Conduta da Global Aquaculture Alliance – GAA, criado para

conscientização ambiental da indústria camaroneira visando assegurar a proteção de mangues e bosques e controlar os impactos potencialmente adversos da aquicultura costeira, destaca que a construção de fazendas de camarão não deve aumentar a salinidade do solo e de águas subterrâneas do entorno (BOYD et al, 2001 apud FEITOSA, 2005). No Brasil, o Código de Conduta da ABCC (2005), descreve que a infraestrutura da fazenda e os caminhos de acesso não deverão contribuir para a salinização dos solos adjacentes.

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PIZARRO, 1985 apud COSTA, 2001).No solo, além de prejudicar as atividades agrícolas, pode causar a degradação do ecossistema e da paisagem e diminuição da cobertura vegetal, gerando desertificação da área atingida, decorrente da mortalidade de vegetações rasteiras e espécies arbóreas típicas da região nordeste (coqueiros, cajueiros, mangueiras, etc.).

Dienberg e Kiattisimkul (1996) apud Primavera (2006) destacam que o bombeamento de grandes volumes de água subterrânea para obtenção de água salobra no período de 1980 a 1990 no Taiwan e sudeste da Ásia, ocasionou na redução dos níveis de águas subterrâneas, o esvaziamento dos aqüíferos e a salinização dos solos e de vias navegáveis, prejudicando as culturas agrícolas adjacentes às fazendas, tais como arroz.

Figueiredo et al. (2004) observou um aumento nos teores de cálcio, magnésio, fósforo, condutividade elétrica, enxofre, manganês, ferro e zinco quando comparadas algumas camadas de solo de viveiros, indicando lixiviação de nutrientes para as camadas mais profundas, sendo um fator potencial de poluição de águas subterrâneas.

Em estudos realizados na região do baixo Jaguaribe, Ceará, Figueiredo et al (2006) concluiu que os principais impactos ambientais da engorda de camarões estão relacionados à instalação de fazendas em áreas de preservação permanente com alterações na paisagem dos sertões, ao elevado consumo de água doce, concorrendo com outros usos, ao lançamento de efluentes diretamente nos corpos d’água contribuindo para a eutrofização e contaminação da

água.

Joventino e Mayorga (2008), afirmam que a carcinicultura pode provocar danos pelo lançamento de efluentes sem tratamento prévio em estuários, rios e lagoas, introdução de espécies exóticas no ambiente e salinização do solo e lençol freático.

Santos et al. (2005) apud Oliveira; Matos (2007) afirmam que a contaminação da água por substâncias químicas (metabissulfito de sódio, por exemplo) pode ocasionar na morte das espécies da fauna e flora dos estuários, manguezais e ecossistemas adjacentes. Além disso, o acúmulo de água no sedimento e o impedimento da entrada das marés, causados pela construção de taludes, tanques ou barreiras geram aumento da salinidade da água e do solo.

Páez-Osuna (2001) destaca o declínio global da produção de camarão em alguns países no mundo em decorrência da falta de planejamento, gerenciamento e regulamentação adequada, ocasionando inúmeros impactos ambientais gerados desde a fundação e formação das fazendas de carcinicultura.

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

legislação ambiental, o que pode ter influenciado na redução da produção de camarão no RN. Segundo ele, é necessária a implantação de sistemas de gestão da qualidade nas fazendas, visando a produção do alimento com qualidade e responsabilidade ambiental.

3.3 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA EM ESTUDO

O município de Guamaré está localizado no Estado do Rio Grande do Norte (RN), na

Subzona salineira (5º06’27”S e 36º19’13”W), tendo como limites, ao Norte, o Oceano

Atlântico, ao Sul, o município de Pedro Avelino, ao Leste, o município de Galinhos e ao Oeste o município de Macau (IDEMA, 2004). Sua altitude média é de quatro metros acima do nível do mar, situando-se numa posição geográfica determinada pelas coordenadas UTM 780.000 e 800.000 E, de latitude sul e 94.400 e 94.430N de longitude oeste. Seu território compreende uma área de 258,962 km² e uma população de 12.404 habitantes, com densidade demográfica de 47,90 hab/km2 (IBGE, 2010).

As principais atividades econômicas são: agropecuária, pesca, carcinicultura, extrativismo, sal marinho, comércio, extração de petróleo e gás natural, além de atividades correlacionadas (MASCARENHAS et al., 2005).

Seu estuário, localizado no canal de maré que compõe o Rio Miassaba, é bastante produtivo, com a pesca, coleta de caranguejo (manguezal) e cultivo de camarão em cativeiro nas margens ou próxima à zona estuarina do rio Aratuá (IDEMA, 2004).

3.3.1 Climatologia

O RN se apresenta em boa parte do ano com ausência de chuvas. Na região em estudo observa-se duas estações pluviométricas bem definidas: um período de seca variando de julho a janeiro, quando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) se afasta da costa, provocando a ausência de chuvas e surgimento de ventos mais fortes; e uma estação chuvosa ocorrendo de fevereiro a junho, com maior incidência nos meses de março a maio, que está associada com o deslocamento para o sul da ZCIT e formação de ventos mais brandos (TABOSA, 2006).

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al., 2005). O período de estiagem mais rigoroso ocorre entre agosto e dezembro, quando a precipitação média não ultrapassa 10 mm em média (RAMOS; SILVA et al., 2004).

A umidade relativa média anual do município é de 70,8 %, sendo menor nos meses de junho a novembro (mínima de 66% em novembro), coincidindo com a estação seca de baixa pluviosidade, e maior nos meses de março a maio, marcado pela maior precipitação, o período mais úmido do ano, com média de 75 %. (GUEDES, 2002 apud GRIGIO, 2003; SILVEIRA, 2002).

A insolação e nebulosidade na região de Guamaré são uma das mais elevadas do Brasil, atingindo em média 2600 horas por ano, o que equivale a 7,1 horas/dia de luz solar, incidindo sobre o solo (SILVEIRA, 2002).

De acordo com a EMPARN (2011), os índices pluviométricos registrados no município, nos anos de 2007 a 2011 variaram entre 100 a 810 mm. O ano de 2007 apresentou concentração global de aproximadamente 400 mm, com destaque para os meses de fevereiro a maio que juntos, registraram 85% da precipitação anual. A Figura 3.2 apresenta as concentrações mensais.

FIGURA 3.2 Concentrações Pluviométricas do município de Guamaré/RN no ano de 2007.

Fonte: EMPARN (2011).

Em 2008, ano de intensa precipitação, com somatório global de aproximadamente 810 mm (superior à média do município), os meses de outubro a dezembro foram os únicos que registraram concentrações inferiores a 5 mm, enquanto que o 2° trimestre acumulou 65 % do volume anual, conforme apresentado na Figura 3.3.

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precipitaçã

o

(mm)

(33)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Figura 3.3 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2008.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2011) confirmam que os meses de março a maio de 2008 foi caracterizado como muito chuvoso no RN, conforme mostrado na Figura 3.4.

FIGURA 3.4 Concentrações Pluviométricas no ano de 2008 no estado do RN.

Fonte: INMET (2011) 0,0

50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precipitaçã

o

(mm)

(34)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

A precipitação pluviométrica no ano de 2009 foi de aproximadamente 700 mm, sendo que, em relação ao ano anterior, apresentou redução de 15 % do volume total. Os meses de março a junho registraram 87 % do somatório anual (Figura 3.5).

FIGURA 3.5 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2009.

Fonte: EMPARN (2011)

A precipitação registrada em 2010, a menor do período monitorado, foi, equivalente a sete vezes a média da região. As maiores precipitações foram intercaladas nos meses de fevereiro, maio e julho, com volumes de 18; 38,6 e 24 mm, conforme apresentado na Figura 3.6.

FIGURA 3.6 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2010.

Fonte: EMPARN (2011). 0,0

50,0 100,0 150,0 200,0 250,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precipitaçã

o

(mm)

DADOS PLUVIOMÉTRICOS - 2009

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precipitaçã

o

(mm)

(35)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

A Figura 3.7 apresenta a precipitação global registrada nos anos 2008 a 2010. Observa-se maiores volumes nos meses de fevereiro a junho, com precipitação maior em abril.

Figura 3.7 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN nos anos 2008 a 2010.

Fonte: EMPARN (2011).

O Rio Grande do Norte apresenta temperatura média anual em torno de 25,5 °C, com máxima de 31,3 ° e mínima de 21,1 °C (IDEMA, 2002).

Em Guamaré, a temperatura média é de 26,8 °C, apresentando-se um pouco acima da média do estado. A amplitude mensal média é de 32 °C, sendo menor no mês de julho (25 °C) e maior em fevereiro (28,6 °C). A pequena amplitude anual das variações térmicas deve-se a fatores como baixa de latitudes locais, amplitude e influência de massa d’água oceânica.

Os ventos na área estudada sopram predominantemente de Leste, nos meses de setembro a abril e de Sudeste, de maio a agosto. Os ventos de Sudeste estão associados à atuação mais intensa do Anticiclone do Atlântico Sul da Região, justamente a partir do final do outono, e responde pelo término da estação chuvosa. (DNMET, 2000 apud SILVEIRA, 2002).

A Região apresenta dois núcleos de velocidade dos ventos. De abril a maio, período de maior intensidade pluviométrica, caracteriza-se por ventos menos fortes, enquanto que nos meses de setembro e outubro, ventos mais fortes. A velocidade média anual é de 20,5 km/h, sendo o mês de abril o menor valor, com média de 15,82 km/h e outubro, o maior, com média de 25,54 km/h (SILVEIRA, 2002).

0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

precipitação

(mm)

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Costa Neto (2009), em estudos realizados no município de Galinhos/RN, observou velocidades médias mínimas e máximas mensais variando entre 0,0 a 3,2 km/h (mínima) e 27,4 a 46,7 km/h (máxima), sendo o horário das 12 às 17h, o período de maior velocidade diária.

3.3.2 Geologia e Geomorfologia

A geologia de Guamaré está inserida na Província Borborema, constituída pelos sedimentos das formações Jandaíra (K2) e Tibau (Grupo Barreiras - ENb) e pelos depósitos flúvio-lagunares (Qfl) e aluvionares (Q2a) (MASCARENHAS et al., 2005). Limita-se a Oeste pelo alto de Fortaleza, a Sul pelo embasamento cristalino da faixa Seridó e Norte, Nordeste e Leste pela cota baltimétrica de 2.000 metros (TABOSA, 2000 apud SILVEIRA, 2002).

O solo é predominado por areias Quartzosas distróficas, que são caracterizados pelo baixo teor de argila (menor de 15 %, dentro de uma profundidade de aproximadamente 2 metros). São ácidos, com saturação de bases baixa; possuem fertilidade natural muito baixa. São arenosos e, quando não irrigados, não é possível utilizar para a maioria das culturas regionais. Por outro lado, culturas adaptadas a um longo período seco e a solos arenosos, como a do cajueiro, podem ser desenvolvidas nestas áreas (SILVEIRA, 2002).

3.3.3Hidrografia e Água Subterrânea

Guamaré está inserido no domínio hidrogeológico intersticial, composto de rochas sedimentares do Grupo Barreiras, Formação Tibau, Depósitos Litorâneos e Depósitos Colúvio-eluviais, e no domínio geológico Kárstico-fissural, constituído pelos calcários da Formação Jandaíra (CPRM, 2005).

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado 3.3.4 Vegetação

Quanto à formação vegetal, possui Caatinga Hiperxerófila, vegetação de caráter mais seco com abundância de cactáceas e plantas de porte mais baixo e espalhadas, exemplos: jurema preta, mufumbo, facheiro, faveleiro, xique-xique e marmeleiro. A restinga é a vegetação característica em boa parte da planície arenosa da área litorânea. Manguezal –

(38)

Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado 4 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo descreve informações detalhadas da região monitorada, destacando pontos de coletas, dados georeferenciados, equipamentos, parâmetros e metodologias utilizadas em campo e no laboratório.

4.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA

O Município de Guamaré tem passado por muitas transformações nos últimos anos, principalmente em relação a seus aspectos econômicos. O surgimento de novas atividades econômicas tem induzido o crescimento populacional e, como consequências, alguns impactos ambientais. Dentre os impactos podemos destacar o desmatamento de manguezais para implantação de salinas e, nas últimas décadas, para criação de camarão em cativeiro, atividade que requer uma área relativamente grande, de modo que a expansão dessa atividade interferiu negativamente na qualidade da água em áreas onde, por cerca de um século, era extraída para usos domésticos diversos, dessedentação de animais, dentre outros. Também merece destaque a desertificação de áreas antes usadas para agricultura, envolvendo a mortalidade de árvores frutíferas de grande porte como coqueiro, cajueiro, oliveira, plantas nativas de menor porte, além de algumas típicas de ambientes salinos. O estudo desenvolvido neste trabalho baseou-se na avaliação da qualidade da água de diversas naturezas, em regiões onde eram visíveis os impactos ambientais.

4.2 A ÁREA ESTUDADA

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

FIGURA 4.1 - Vista área da cidade de Guamaré, com destaque para as áreas de viveiros e salinas.

Fonte: SILVEIRA, 2002.

4.3 LOCALDE AMOSTRAGEM E PONTOS DE COLETA

O estudo teve início com uma viagem de reconhecimento da área Inicialmente, foi realizado o mapeamento da região, visando localizar os pontos próximos da área de influência das atividades. Esses pontos foram divididos em alta, média e baixa influência salina, de acordo com a proximidade dos viveiros e salinas, num total de 19 locais monitorados. A distribuição dos locais de coleta foi demarcada da seguinte forma: 03 pontos no Rio Miassaba, 06 em poços de alvenaria, 04 em cacimbas, 03 em pequenas lagoas geradas a partir da extração de areia para construção, 01 em viveiro de camarão, 01 em salina e 01 em uma nascente, conforme apresentado na Tabela 4.1 e no mapa de identificação dos pontos (Figura 4.2). Os pontos foram georeferenciados utilizando GPS GARMIN, modelo E-trex Legend, referência SAD 69 C.A.

Alguns pontos foram inseridos ao longo da pesquisa, o que justifica a ausência nas primeiras coletas. Por outro lado, em virtude de algumas cacimbas secarem na época de ausência de chuvas, não foi possível realizar a coleta nesses pontos em algumas campanhas.

Os códigos das amostras são normatizados de acordo com suas descrições, a saber, cacimba (C01 – C04), lagoa (L01 – L03), nascente (N01), poços (P01 – P06), rio (R01 –

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

O nível estático refere-se à profundidade de início da lâmina da água, sendo que em alguns pontos não havia profundidade, com a água presente no nível do lençol freático.

Tabela 4.1 - Pontos de coleta, identificação e dados geográficos

Tipo Amostra Referência Nível estático de água Coordenadas UTM

Cacimba

C01 Cacimba – Gado --- 793.387 E 9.432.994 N

C02 Cacimba - Sr. Bil 0,14 m 794.196 E 9.432.750 N C03 Cacimba - Sr. Galego --- 794.819 E 9.432.490 N C04 Cacimba – Dunas 0,40 m 796.019 E 9.431.758 N

Lagoa L01 L02 Lagoa - José Antonio Lagoa - Sr. Cecílio 0,40 m 0,24 m 793.292 E 793.368 E 9.433.096 N 9.432.928 N L03 Lagoa - Sr. José Pequeno 0,60 m 793.717 E 9.432.858 N

Nascente N01 Chorador --- 796.376 E 9.431.716 N

Poço

P01 Poço – Padre 1,50 m 792.930 E 9.432.668 N

P02 Poço - Sr. Pirrita 0,29 m 793.999 E 9.432.848 N

P03 Poço - Sr. Bil 1,00 m 794.163 E 9.432.848 N

P04 Poço - Sr. Justino 0,50 m 793.669 E 9.433.276 N P05 Poço - Sr. Chico Pedro 1,20 m 793.852 E 9.433.584 N P06 Poço – Sr. João Batista 2,32 m 794.217 E 9.433.706 N

Rio

R01 Rio Miassaba – Centro --- 796.958 E 9.434.630 N R02 Rio Miassaba Formosa – Fazenda --- 795.394 E 9.432.882 N R03 Rio Miassaba – Canto --- 794.672 E 9.433.516 N

Salina S01 Salina Pato Branco --- 793.364 E 9.433.030 N

Viveiro V01 Viveiro --- 793.637 E 9.433.612 N

Fonte: Própria.

No período da pesquisa foram realizadas seis visitas técnicas para coleta de dados e discussões in loco, compreendendo os anos de 2007 a 2011, conforme o cronograma

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Douglisnilson de Morais Ferreira – Dissertação de Mestrado

Figura

4.2

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Fonte:

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TABELA 4.2 - Cronograma das Atividades Realizadas

Data Atividades Realizadas

Set./2007

- Reconhecimento da região a ser monitorada. - Seleção dos pontos a serem monitorados.

- Coleta de amostras de água para investigação inicial da real situação da área.

Jan./2008 - Amostragem para realização de análises físico-química. - Seleção de novos pontos de amostragem.

Out./2008 - Amostragem para realização de análises físico-química. - Coleta de material para análises de metais pesados. Mar./2009 - Amostragem para realização de análises físico-química.

Fev./2010 - Amostragem para realização de análises físico-química.

Mar./2011 - Investigação final da área com registros fotográficos para comparação com as informações iniciais.

Fonte: Própria

4.3.1 Descrição dos pontos de coleta

As figuras 4.3 a 4.20 apresentam detalhes dos pontos monitorados. Não foi possível registrar o ponto de coleta P01, tendo em vista a desativação do mesmo ao longo do monitoramento.

Os Pontos de Monitoramento intitulados “Brancos”, composto pela Nascente (N01),

Cacimba – Dunas (C04) e Poço – Padre (P01) referem-se àqueles em que sua água apresentam baixos índices de salinidade (inclusive no período seco), em virtude da localização distanciada das atividades que influenciam na salinidade da água.

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FIGURA 4.3 - Ponto de Monitoramento C01, localizado na Cacimba - Gado.

Fonte: Própria

A Cacimba – Bil (Figura 4.4), ponto de monitoramento C02, assim como a Cacimba do Gado, também tinham como finalidade principal a dessedentação de animais.

FIGURA 4.4 - Ponto de Monitoramento C02, localizado na Cacimba - Bil.

Fonte: Própria

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FIGURA 4.5 - Ponto de Monitoramento C03, localizado na Cacimba – Galego.

Fonte: Própria

O Ponto C04, Cacimba - Dunas (Figura 4.6), é denominado também de ponto de

monitoramento “branco”. Sua água é utilizada para dessedentação de animais até os dias atuais.

FIGURA 4.6 - Ponto de Monitoramento C04, localizado na Cacimba – Dunas.

Fonte: Própria

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a água é utilizada, principalmente, na construção civil.

FIGURA 4.7 - Ponto de Monitoramento L01, Localizado na Lagoa - José Antônio.

Fonte: Própria

FIGURA 4.8 - Ponto de Monitoramento L02, localizado na Lagoa – Cecílio.

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FIGURA 4.9 - Ponto de Monitoramento L03, localizado na Lagoa - José Pequeno.

Fonte: Própria

O Chorador, ponto de coleta N01, é uma nascente que deságua no Rio Camurupim. Sua água é oriunda das dunas móveis existentes na região (Figura 4.10), Segundo relatos de moradores e ambientalistas do município, há alguns anos, antes de ser separado do mar pelas dunas, em épocas de muita chuva, esse canal desaguava na maré - comunidade de Lagoa Seca, se comportando como um pequeno estuário. Este ponto também foi enumerado como ponto de monitoramento “branco”.

O Poço - Padre, ponto de monitoramento P01, é um poço revestido por manilhas de concreto. Durante décadas foi uma cacimba cuja água era usada para consumo humano devido seu baixo teor de sais, sem interferências sazonais. Até pouco tempo esta região era abastecida por carros-pipa, de modo que a comunidade usava água deste poço. Diante do exposto e, por se localizar em uma região isolada, foi tomado como um dos pontos de

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FIGURA4.10 - Ponto de Monitoramento N01, Localizado no Chorador.

Fonte: Própria

O Poço - Pirrita, P02 (Figura 4.11), antes da região ser abastecida pela Companhia de Águas e esgotos do RN - CAERN, sua água era usada para consumo humano e para dessedentação de animais. À esquerda da figura vê-se um tubo em PVC branco, o qual se encontra ligado à uma bomba, indicando que sua água ainda é usada para alguma finalidade.

FIGURA 4.11 - Ponto de Monitoramento P02, localizado no Poço – Pirrita.

Fonte: Própria

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Ressaltar que as famílias que ali residem estão instaladas neste local há mais de três décadas, em substituição à outras famílias que estavam ali há décadas também. Destaca-se ainda os coqueiros entre o poço e o viveiro (ao fundo da foto), estando todos mortos.

FIGURA 4.12 - Ponto de Monitoramento P03, localizado no Poço – Bil.

Fonte: Própria

A água dos poços P04, P05 e P06, identificados como Poço – Justino, Poço – Chico Pedro e Poço – João Batista (Figuras 4.13 a 4.15), também era, no passado, utilizada para consumo humano. Atualmente é empregada na dessedentação de animais.

FIGURA 4.13 - Ponto de Monitoramento P04, localizado no Poço –Justino

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FIGURA 4.14 -Ponto de Monitoramento P05, localizado no poço - João Batista.

Fonte: Própria

FIGURA 4.15 - Ponto de Monitoramento P06, localizado no Poço - Chico Pedro.

Fonte: Própria

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FIGURA 4.16 - Ponto de Monitoramento R01, localizado no Rio Miassaba– Centro.

Fonte: Própria

FIGURA 4.17 - Ponto de Monitoramento R02, localizado no Rio Miassaba – Captação dos Viveiros.

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FIGURA 4.18- Ponto de Monitoramento R03, localizado no Rio Miassaba - Canto.

Fonte: Própria

Os pontos de monitoramento S01 (Salina) e V01 (Viveiro) estão localizados na Salina Pato Branco (Figuras 4.19 e 4.20).

FIGURA 4.19- Ponto de Monitoramento S01, localizado na Salina Pato Branco.

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FIGURA 4.20 - Ponto de Monitoramento V01, localizado na área da Salina Pato Branco.

Fonte: Própria

4.4 METODOLOGIA DE COLETA E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS

Os procedimentos de coleta, preservação e armazenamento das amostras foram realizados de acordo com as recomendações da American Public Health Association (APHA, 2005, p. 1.29 – 1.35). O período de amostragem ocorreu de setembro de 2007 a março de 2011, conforme cronograma apresentado na Tabela 4.2.

As coletas das amostras para determinação dos parâmetros físico-químicos foram realizadas utilizando garrafas de polietileno, capacidade de 2 litros, previamente lavadas, enxaguadas com água corrente e posteriormente com água destilada. No ato da coleta as mesmas foram lavadas três vezes com a própria água a ser coletada.

As amostras coletadas foram acondicionadas em caixas térmicas, sendo em seguida, encaminhadas para o Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes (NAAE) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), local de realização das análises.

Imagem

TABELA 3.2 Atividades humanas que exercem pressões sobre os ecossistemas de água doce
FIGURA 3.2 Concentrações Pluviométricas do município de Guamaré/RN no ano de 2007.
FIGURA 3.4 Concentrações Pluviométricas no ano de 2008 no estado do RN.
FIGURA 3.6 Concentrações Pluviométricas em Guamaré/RN no ano de 2010.
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Referências

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