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Influência das áreas verdes no microclima local: um estudo do conjunto habitacional Ponta Negra, Natal/RN

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Academic year: 2017

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INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES NO MICROCLIMA LOCAL:

UM ESTUDO DO CONJUNTO HABITACIONAL PONTA

NEGRA, NATAL/RN

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, do Departamento de Arquitetura, CT/UFRN.

Natal

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INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES NO MICROCLIMA

LOCAL: UM ESTUDO DO CONJUNTO HABITACIONAL

PONTA NEGRA, NATAL/RN

Dissertação apresentada para obtenção do

título de Mestre ao Programa de Pós

Graduação em Arquitetura e Urbanismo, do

Departamento de Arquitetura, CT/UFRN.

Área de concentração: Configuração

Espacial e Conforto no Ambiente Construído

Orientador: Profa. Dra. Maísa Fernandes

Dutra Veloso

Natal

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NEGRA, NATAL/RN

EUNÁDIA SILVA CAVALCANTE

Banca examinadora constituída pelos professores:

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Aos professores do PPGAU, em especial às professoras Virgínia Araújo, Françoise Valéry e à minha orientadora Maísa Veloso pela compreensão durante os períodos de justificada ausência.

Aos amigos de turma, principalmente à querida amiga Márcia Monteiro pela força e incentivo nos momentos mais difíceis.

À arquiteta Mª Eleonora Macedo e ao Engenheiro Flávio Magina pelos dados fornecidos.

A Lina e David por terem cedido momentos preciosos de convívio ao trabalho da mamãe.

A Luciano pela ajuda durante a coleta de dados. À minha mãe, porto seguro em todas as horas.

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“O clima urbano e o bem estar do homem estão tão intimamente ligados, que o planejamento de qualquer espaço livre tem que considerar estas circunstâncias.”

(7)

LISTA DE FIGURAS ... i

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... vi

RESUMO ... vii

ABSTRACT... viii

1. INTRODUÇÃO ... 01

2. PROBLEMÁTICA ... 04

2.1 – O conforto ambiental no espaço urbano ... 2.2 – A importância das áreas verdes ... 2.3 – O conjunto habitacional Ponta Negra ... 04 05 07 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 09

3.1 – Universo da pesquisa ... 3.2 – Técnicas de coletas de dados ... 3.2.1 – Pesquisa bibliográfica ... 3.2.2 – Pesquisa documental ... 3.2.3 – Pesquisa de campo ... 3.3 – Metodologia ... 3.4 – Análise dos dados ... 09 15 15 16 16 17 20 4. QUADRO DE REFERÊNCIA ... 23

4.1 – Elementos climáticos ... 4.2 – Clima urbano ... 4.3 – Fatores condicionantes do Clima Urbano ... 4.3.1 – A radiação ... 4.3.2 – A ventilação ... 4.3.3 – A vegetação ...

(8)

5.2 – Escolha das áreas ... 5.3 – Análise morfológica ... 5.4 – Levantamento de dados ... 5.4.1 – Comportamento climático de Natal ... 5.4.2 – Comportamento climático das áreas livres ...

33 55 63 63 66

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 95

ANEXOS ... 97

A. Gráficos do comportamento climático dos dias típicos de projeto para Natal/RN ... B. Recortes do jornal mensal “O Ponta Negra” ...

98 104

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 111

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LISTA DE FIGURAS

Figura n. Página

01. Vista aérea do Conjunto Habitacional Ponta Negra (1979)... 07

02. Localização do bairro no contexto urbano ... 10

03. Mapa de localização das áreas verdes e institucionais do Conjunto Ponta Negra ... 11

04. Praça Dr. Carlos Antônio Varella Barca (SQ-4) ... 13

05. Pista de bicicross (SQ-1) ... 14

06. Acúmulo ilegal de lixo (SQ-2) ... 14

07. Morador cultivando jardim na praça (SQ-4) ... 15

08. Esquema geral da metodologia proposta por OLIVEIRA ... 22

09. Efeito regulador da vegetação nas radiações de grande comprimento de onda ... 27

10. Pessoas idosas sofrendo os efeitos do vento acelerado ... 28

11. Efeito da vegetação na configuração do fluxo do vento ... 29

12. Área 01 – Pça. Dr. Carlos Antônio Varella Barca ... 33

13. Ponto 01 – dezembro de 1999 ... 34

14. Ponto 01 – junho de 2000 ... 35

15. Ponto 02 – área sombreada ... 36

16. Área 02 – Praça do Buraco ... 37

17. Ponto 03 – área sombreada ... 38

18. Ponto 04 – ausência de sombra e solo encoberto por vegetação rasteira ... 38

19. Área 02 – trechos sombreados utilizados como ponto de encontro ou para estacionamento de automóveis ... 39

20. Área 02 – trechos sem árvores utilizados como depósito de lixo ... 40

21. Área 03 – Praça de Bicicross ... 40

22. Ponto 05 – área sombreada ... 41

23. Ponto 06 – desprovido de sombra e encoberto por vegetação rasteira ... 42

(10)

25. Ponto 07 – desprovido de sombra e de recobrimento do solo ... 44

26. Ponto 08 – ausência de sombra e solo encoberto por vegetação rasteira ... 44

27. Área 05 – Uso Institucional ... 45

28. Ponto 09 – desprovido de sombra, solo com cobertura vegetal e proximidade com a área de preservação ambiental ... 46

29. Ponto 10 – localizado no lado oposto ao ponto 09, próximo às edificações de uso institucional ... 47

30. Associação de Moradores e Igreja Católica ... 47

31. Área 06 – Estação da CAERN ... 48

32. Ponto 11 – sombreado por árvores do tipo acácia ... 49

33. Ponto 12 – desprovido de sombra e solo nu ... 49

34. Área 07 – Pça. da Caixa D’água Pequena ... 50

35. Ponto 13 – sombreado por mangueira, coqueiros e acácia ... 51

36. Ponto 14 – desprovido de sombra e encoberto por vegetação rasteira ... 52

37. Área 08 – Pça. da Caixa D’água Grande ... 53

38. Ponto 15 – sombreado por árvores tipo coqueiro, mangueira, acácia, sete-copas ... 54

39. Ponto 16 – ausência de sombra e solo encoberto por vegetação rasteira... 54

40. Vista parcial do Conjunto Habitacional Ponta Negra ... 55

41. Mapa de localização das áreas livres do Conjunto Ponta Negra e de indicação do tipo de revestimento das vias públicas ... 57

42. Área 07 – a vegetação localiza-se à margem dos terrenos ficando o centro desprovido de sombra ... 58

43. Área 08 – alteração da rugosidade com a implantação de edifícios à margem da Av. Eng. Roberto Freire ... 60

44. Aspecto da superfície da praça Varella Barca e entorno ... 62

45. Gráfico do comportamento da temperatura do ar para Natal/RN ... 64

(11)
(12)
(13)

81. Gráfico do comportamento dos dias típicos da radiação solar para o

período de abril a setembro para Natal/RN ... 102

82. Gráfico do comportamento dos dias típicos da radiação solar para o período de outubro a março para Natal/RN ... 103

83. Artigo publicado na edição de março de 2000, p. 05 ... 105

84. Nota publicada na edição de junho de 2000, p. 04 ... 106

85. Notas publicadas na edição de setembro de 2000, p. 06 ... 106

86. Notas publicadas na edição de julho de 2000, p. 06 ... 107

87. Nota publicada na edição de julho de 2000, p. 03 ... 108

88. Nota publicada na edição de outubro de 2000, p. 05 ... 109

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAERN Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte

CMDC Centro de Missão de Coleta de Dados

COHAB Cooperativa Habitacional do Rio Grande do Norte

CTG Centro de Tradições Gaúchas

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

INOCOOP Instituto de Orientação às Cooperativas

Habitacionais

OMS Organização Mundial de Saúde

PPGAU Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e

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RESUMO

CAVALCANTE, Eunádia Silva. Influência das áreas verdes no microclima local: Um estudo

do Conjunto Habitacional Ponta Negra, Natal/Rn. Natal, 2000. 114 p. Dissertação

(Mestrado). Departamento de Arquitetura da UFRN.

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ABSTRACT

CAVALCANTE, Eunádia Silva. The influence of green areas on local microclimate: A study of the Ponta Negra Housing Complex, Natal/RN. Natal, 2000. 114 p. Dissertation (Master’s degree). Departament of Architecture of UFRN.

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho dá continuidade ao estudo iniciado no Curso de Especialização em Arquitetura e Urbanismo – Estudos do Habitat Construído com Ênfase na Questão Ambiental, do Departamento de Arquitetura – que teve como produto final a monografia intitulada “Recomendações para o projeto de praça considerando os atributos bioclimatizantes da forma urbana”. Procura ampliar os conhecimentos anteriormente adquiridos e incorporar novos elementos às análises, tendo como intuito final o favorecimento do conforto ambiental nas cidades.

A pesquisa tem como objeto o estudo dos atributos bioclimatizantes da forma urbana e a sua relação com o microclima local das oito áreas livres localizadas no Conjunto Habitacional Ponta Negra na cidade de Natal/RN. Insere-se na linha de pesquisa “Configuração Espacial e Conforto no Ambiente Construído” do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo; cuja produção científica é direcionada para a aplicação de técnicas de investigação do espaço construído, para a análise da sua configuração espacial e composição volumétrica, para o desenho bioclimático e para o controle ambiental de edificações e espaços urbanos.

(19)

A escolha do tema justifica-se pela constatação do abandono em que se encontram as áreas livres do Conjunto Residencial Ponta Negra, por parte do poder público, e da tentativa de alguns moradores em modificá-las e melhorá-las por iniciativa própria; bem como, e principalmente, pela necessidade de ser dado a estas áreas um tratamento adequado em favor da melhoria das condições de conforto local e da cidade como um todo.

Sabendo-se que a tradução dos dados climatológicos em instrumentos de planejamento é condição primordial para o favorecimento da qualidade climática dos ambientes urbanos, pretende-se, com base neste princípio, demonstrar que o tratamento adequado das áreas verdes pode influenciar favoravelmente o microclima local.

Para alcançar o estabelecimento de diretrizes para o planejamento ambiental destas áreas procurou-se, em um primeiro momento, aprofundar o estudo das interrelações entre clima e cidade, no que diz respeito ao conforto no ambiente construído, através de pesquisa bibliográfica, além de realizar pesquisa documental sobre o tratamento das áreas verdes no âmbito da legislação municipal. No que diz respeito à pesquisa de campo, foi feito levantamento in loco de dados ambientais – temperatura, umidade do ar, velocidade e direção dos ventos – através de medições sistemáticas nos dias 17 de janeiro e 23 de junho de 2000 em dezesseis pontos nas oito áreas determinadas.

Em um segundo momento, procurou-se verificar se a localização das áreas livres favorece a penetração e distribuição dos ventos em toda a área do conjunto, confrontando dados cartográficos e medições climatológicas; e, em seguida, verificou-se se as dimensões das áreas livres são compatíveis com a massa edificada, de acordo com estudos específicos e legislação pertinente.

Finalmente, confrontou-se os dados levantados no intuito de propor subsídios para uma melhor utilização destas áreas em benefício do microclima local.

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O trabalho está estruturado em cinco partes. Na primeira, são abordados os fatores condicionantes do clima urbano que podem ser manipulados em favor da melhoria do conforto ambiental e o efeito das áreas verdes sobre o clima local. A segunda, trata dos procedimentos, métodos de pesquisa, técnicas utilizadas para o levantamento de dados e metodologia adotada para a análise das informações obtidas sobre as áreas livres e o seu entorno. A terceira parte apresenta os fundamentos teóricos, resultado da revisão teórico/conceitual e bibliográfica desta pesquisa. Na quarta, descrevem-se as áreas de estudo, apresentando-se e ordenando os dados climáticos obtidos para análise e desenvolvimento da metodologia proposta. Por fim, a quinta parte trata dos resultados do trabalho, seus limites, conclusões e contribuições.

(21)

2. PROBLEMÁTICA

2.1. O CONFORTO AMBIENTAL NO ESPAÇO URBANO

O uso efetivo dos espaços públicos de uma cidade por sua população é função de inúmeros fatores. No caso específico de praças, destacam-se a existência de equipamentos de lazer, como quadras de esportes e playgrounds, a existência de uma programação de lazer e o conforto ambiental proporcionado por estas áreas a seus usuários.

O conforto pode ser observado do ponto de vista do usuário e do ponto de vista do ambiente. O conforto ambiental experimentado pelo homem é resultado de muitos fatores: temperatura do ar, movimento do ar, umidade, taxa metabólica e vestimentas são os fundamentais. Quanto ao ambiente, as sensações de desconforto ou conforto provocadas no usuário estão vinculadas às seguintes variáveis físicas: temperatura do ar, umidade relativa, temperaturas radiante média e velocidade do ar (ARAÚJO, 1996: 01).

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radiação, e pelo favorecimento da evaporação e da penetração das brisas (SPIRN, 1995: 91).

Inserido dentro da problemática do conforto térmico na cidade, este estudo concentra-se nos efeitos das áreas verdes sobre o microclima local, a partir da consideração da sua capacidade de amenização do clima urbano.

2.2. A IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES

Com o advento da cidade industrial e de todos os problemas decorrentes do processo de industrialização, a melhoria da qualidade de vida no ambiente urbano tornou-se condição primordial para a manutenção das cidades. A falta de infra-estrutura urbana adequada, aliada ao traçado urbano herdado das cidades medievo-renascentistas da Europa, favoreceram o surgimento e a proliferação de doenças.

Como medida sanitária, adotada pelos urbanistas, as cidades foram “expostas ao sol”: Foram abertas avenidas largas e grandes parques ajardinados foram criados em seu interior como “pulmões para a cidade”. A presença destes espaços livres contribuiu para uma melhor movimentação do ar no meio urbano, transformando as condições de salubridade destes ambientes.

Em Natal, a elaboração de planos urbanísticos para organizar o parcelamento e ocupação do solo deu-se na primeira metade do século XX. Nesta época, foram criados os bairros de Petrópolis e Tirol, cujo traçado regular, em grelha e com amplas avenidas, previa a existência de canteiros centrais.

(23)

As medidas urbanísticas que no passado ajudaram a transformar o ambiente urbano, hoje são, segundo SPIRN (1995: 75), vítimas de orçamentos menores das prefeituras e presa fácil de programas de construção de edifícios públicos em busca de espaço vago.

Em muitos casos, a Política e o Desenho Urbanos adotados determinam a qualidade dos espaços públicos.

“Cidades como São Paulo seguem a tendência de criar ‘oásis’ no meio da cidade, como condomínios fechados e shopping centers. O espaço urbano serve apenas para ligar essas ilhas e as áreas públicas são desconsideradas. Outra vertente, que acontece no Rio de Janeiro, une a qualidade de vida à sustentabilidade da cidade. É um urbanismo que investe em espaços públicos e preserva a homogeneidade da cidade” (ROLNIK, 1998: 50).

No entanto, em geral, o que se observa é que os parques e praças no interior dos bairros estão desaparecendo. São terrenos baldios que servem para o acúmulo ilegal de lixo ou praças completamente pavimentadas com pouca ou nenhuma vegetação.

Estas áreas, quando tratadas adequadamente, desempenham um papel de extrema importância no meio urbano no que se refere aos aspectos de qualidade ambiental, pois além de constituírem zonas de amenização do clima filtrando a radiação solar e proporcionando sombras, cumprem funções sociais (encontros), culturais (eventos), funcional (circulação) e higiênica (mental ou física) (DEL RIO, 1990: 107).

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2.3. O CONJUNTO HABITACIONAL PONTA NEGRA

Em Natal, a construção de conjuntos habitacionais foi incrementada entre os anos de 1974 e 1986, promovidos pelo INOCOOP (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais) e pela COHAB (Cooperativa Habitacional do Rio Grande do Norte), e localizados longe da área central urbanizada, sendo que, os conjuntos destinados a uma população de maior poder aquisitivo foram implantados na zona sul da cidade.

Até então, a maior parte do tecido urbano assentava-se sobre tabuleiro, com relevo praticamente plano. Nas décadas de 70 e 80, a urbanização se estendeu em direção às dunas, o que causou vários problemas relativos à quebra do equilíbrio ambiental destas áreas.

O Conjunto Habitacional Ponta Negra foi construído no final da década de 70, pelo INOCOOP, próximo á praia de Ponta Negra, sobre uma área cuja vegetação nativa foi completamente retirada através de um trabalho de terraplanagem. O acesso ao local se dava por uma única estrada de mão dupla interligada à BR 101.

(25)

Foram construídos, em alvenaria de tijolos, cinco tipos diferentes de casas, distintas em planta, em área construída, em área de terreno, localização e tipo de cobertura. Em comum, as casas possuíam apenas a cor branca. Este fato associado à falta de vegetação e ao tipo de solo de cor predominantemente clara, gerou um grau de luminosidade bastante elevado no local.

A transformação deste ambiente ficou por conta dos próprios moradores, com atitudes individuais como pintura das casas, criação de jardins e arborização dos passeios públicos, ou através de ações coletivas encampadas pela Associação de Moradores, que reivindicavam o tratamento da áreas non edificandi do Conjunto destinadas à implantação de equipamentos de lazer como praças, quadras de esportes e/ou áreas verdes, que, na prática, não passavam de terrenos baldios.

Deve-se esclarecer que são consideradas como “áreas verdes” todas as áreas de vegetação urbana sob a forma de parques, jardins em praças, cinturões verdes e vegetação de rua – separando vias e junto à passeio público – (OLIVEIRA, 1993), sendo que, neste trabalho, serão tratadas apenas aquelas localizadas em terrenos previamente delimitados para esta finalidade.

Hoje, vinte anos depois da implantação do Conjunto, pouco foi feito para a melhoria de suas praças. São locais onde a iluminação noturna é insuficiente ou não existe, e nos quais poucos equipamentos de lazer foram instalados. Nos últimos anos, estas áreas vêm sendo ocupadas por pequenos bares desprovidos de instalações sanitárias. Também não se observa um plantio adequado de árvores, o que contribui para a emissão da radiação solar em determinados locais.

Desta forma, acredita-se ser necessária a observação das condições de desconforto ambiental a que estão submetidos os moradores das cidades em função de decisões morfológicas, que muitas vezes não consideram os atributos que o ambiente requer, tanto da parte do poder público como de agentes privados.

(26)

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa propõe-se a verificar, através da utilização do método hipotético-dedutivo, a seguinte hipótese: O desenho bioclimático das áreas verdes, considerando os atributos da forma urbana, potencializa a sua capacidade de amenização do clima urbano.

Trata-se de uma pesquisa de caráter monográfico que desenvolve um estudo de caso no Conjunto Habitacional Ponta Negra, que pode ser usado como referência no tratamento das áreas verdes de conjuntos habitacionais similares.

Os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa são explanados a seguir.

3.1. UNIVERSO DA PESQUISA

A cidade de Natal, cuja latitude é 5º 55” sul, apresenta características climáticas típicas do clima quente e úmido. Destaca-se por apresentar alta umidade relativa do ar, radiação solar intensa, temperaturas do ar sempre inferiores a da pele e amplitude térmica pequena, tanto diária quanto sazonal (ARAÚJO et al, 1998: 43).

A radiação solar direta é amenizada pela grande presença de nuvens que, por outro lado, impede a reirradiação para o céu à noite e provoca uma radiação solar difusa bastante intensa (ARAÚJO et al, 1998: 43).

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controle da radiação deve ser promovido através da utilização de vegetação, não apenas no sentido de promover o sombreamento das superfícies mas, também, para o recobrimento do solo.

Fig. 02 – Localização do bairro no contexto urbano. Fonte: Plano Diretor de Natal

O universo da pesquisa é o Conjunto Habitacional Ponta Negra construído em 1978 pelo INOCOOP. Compreende uma área total de 1.311.100,00 m″, dos quais 686.980,00 m″ foram destinados aos 1.837 lotes, 313.910,00 m″ ao sistema viário, e 310.270,00 m″ às áreas verdes e equipamentos comunitários.

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uso do solo, art. 16 ♣2º, O Conjunto Ponta Negra encontrava-se na Subzona de Média Densidade, área residencial que previa um número de até 250 habitantes por hectare.

No capítulo III que trata dos loteamentos e dos lotes, art. 22, esta mesma Lei previa um mínimo de 15% da área total a ser reservada para áreas livres, espaços verdes e equipamentos urbanos. A área reservada para este fim, de acordo com o projeto do Conjunto, é estimada em 23,66%, estando distribuída em oito quadras como mostra a figura 03.

(29)

O projeto antecipa a ocupação e o uso atribuído a cada uma destas quadras da seguinte forma:

• SQ-1 – Jardim de infância, play-ground e quiosque para pequeno

comércio;

• SQ-2 – Área verde;

• SQ-3 – Grupo escolar, play-ground e quiosque para pequeno comércio;

• SQ-4 – Área verde;

• SQ-5 – Play-ground, comércio, Centro Comunitário, igreja e mercado;

• SQ-6 – Quiosque, grupo escolar, posto de saúde, reservatório e Associação de Moradores;

• SQ-7/SQ-8 – Grupo escolar e área de recreação; e

• 17-1 – Área verde.

Desta forma, observa-se que, excluindo as áreas destinadas ao uso institucional, o total de área verde é de 31.145,00 m″, o que corresponde a apenas 2,38% da área total do conjunto.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que haja um mínimo de 12 m″ de área verde por habitante nas cidades. Considerando a densidade máxima prevista no Plano Diretor, a estimativa para o local seria de 0,95 m″ de área verde por habitante. Porém, considerando que a população estimada do conjunto é de 8.260 habitantes, tem-se um total de 3,8 m″, um número muito aquém do recomendado pela OMS.

Na prática, a ocupação e o uso dado às quadras deu-se da seguinte forma:

• SQ-1 – Pista de bicicross e campo de futebol;

• SQ-2 – Pequeno comércio (bar) e campo de futebol;

• SQ-3 – Quadra de esportes e reservatório;

• SQ-4 – Praça e pequeno comércio (bares);

• SQ-5 – Associação de moradores, igreja católica, centro de

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• SQ-6 – Reservatório, escritório distrital da CAERN (Companhia de

águas e esgoto do Rio Grande do Norte), academia;

• SQ-7/SQ-8 – Escola estadual, loja maçônica, igreja evangélica, campo de futebol, CTG (Centro de Tradições Gaúchas), creche espírita e central de podações; e

• 17-1 – CAERN.

Para que seja alcançado o índice de área verde por habitante recomendado pela OMS, faz-se necessária a quantificação da área que ainda não foi ocupada pelo uso institucional, de forma a proporcionar o redimensionamento e, principalmente, o tratamento adequado das áreas verdes do Conjunto Ponta Negra.

(31)

FIG. 05 – Pista de bicicross (SQ-1) Foto: do autor

(32)

Fig. 07 – Morador cultivando jardim na praça (SQ-4) Foto: do autor

3.2. TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

3.2.1 – PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica visa a complementação e a atualização dos conhecimentos científicos adquiridos anteriormente. Foram utilizadas como fontes de informações revistas científicas, catálogos de livros e bancos de dados de instituições de pesquisa, cujo acesso foi possível via INTERNET.

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urbano apropriados à atenuação da ilha de calor urbana: análise de desempenho de áreas verdes em clima tropical de ASSIS, dissertação de mestrado (1990): O jardim de granito – a natureza no desenho da cidade de SPIRN (1995); Princípios bioclimáticos para o Desenho Urbano de ROMERO (1988); Naturaleza y ciudad de HOUGH (1998); Dias Climáticos típicos para o projeto térmico de edificações em Natal de ARAÚJO et al (1999); Influência da morfologia urbana nas alterações das temperaturas do ar na cidade de Natal de VIDAL, dissertação de mestrado (1991).

3.2.2 – PESQUISA DOCUMENTAL

A pesquisa documental deu-se no âmbito municipal. Para tanto, foram realizadas consultas ao arquivo do INOCOOP, para obtenção de mapas e plantas, e estudo da legislação atual pertinente ao tema, sobre a forma da Lei Orgânica do Município de Natal de 1990, do Código do Meio Ambiente do Município de Natal – Lei 4.100/92, e do Plano Diretor de Natal – Lei complementar nº 007/94, bem como sua revisão – Lei complementar nº 022/99; e estudo do Plano Diretor de 1974 – Lei nº 2.211, vigente na época da implantação do Conjunto Habitacional Ponta Negra.

3.2.3 – PESQUISA DE CAMPO

Para efeito de operacionalização da pesquisa primária, foram realizados os seguintes procedimentos:

1- Caracterização da área através de plantas cotadas, fotografias, histórico da ocupação e descrição física.

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A direção dos ventos foi determinada com o uso de uma fita leve e uma bússola.

3- Análise morfológica da área, com base na metodologia proposta por OLIVEIRA (1988).

3.3. METODOLOGIA

A metodologia de desenho urbano delineada por OLIVEIRA (1988) visa conceber a forma urbana como um instrumento de controle do clima urbano. Desta forma, propõe-se a identificar os aspectos, elementos e atributos bioclimatizantes da forma urbana que a tornam fraca, mediana ou fortemente condicionante do ambiente climático urbano, no sentido de auxiliar o planejador e o projetista no processo decisório, seja para a concepção de uma cidade nova, para uma expansão urbana ou para uma intervenção com o objetivo de renovação urbana em áreas degradadas.

Em seu trabalho “Cidade apropriada ao Clima – A forma urbana como instrumento de controle do Clima Urbano” (1988), ele destaca os atributos da forma urbana que contribuem para a formação do clima e apresenta algumas teorias, que definem como cada um destes atributos se constituem em fatores locais que condicionam o clima urbano.

Conformação espacial

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Tamanho

Quanto maior a estrutura urbana, maior a quantidade de fontes produtoras de calor e de poluentes, maior a entropia – perda de energia – resultante do sistema urbano (OLIVEIRA, 1988: 48).

Ocupação do solo

Segundo Oliveira (1988: 50), para uma melhor compreensão da influência deste atributo nas alterações climáticas urbanas, é importante considerar as relações entre os elementos e arranjos da morfologia urbana como a concentração/dispersão da massa edificada e a centralização/descentralização de atividades.

Concentrar numa só área ou zona urbana, indústrias, comércio, prestação de serviços e/ou áreas em geral com grandes massas, ou superfícies de concreto e asfalto, tende a concentrar também nessas áreas os subprodutos dessas atividades (a radiação – a solar e a produzida pelas atividades antropogênicas – e os poluentes atmosféricos) que interferem diretamente na distribuição das temperaturas dentro do espaço urbano.

Áreas verdes

Além de qualificarem os espaços abertos, dotando-os de referenciais urbanos de grande valor estético e psicológico, constituem áreas de amenização do clima dentro do espaço urbano (ASSIS, 1990: 45).

Orientação

Por orientação entende-se o posicionamento apropriado da forma urbana frente aos caminhos aparentes do sol, aos ventos e a elementos naturais ou não – mar, encostas, lagos – seja para expor-se ou para abrigar-se aos e dos efeitos produzidos por eles ( OLIVEIRA, 1988: 51).

Densidade

Lombardo (apud OLIVEIRA, 1988: 47), buscando relacionar a intensidade da ilha de calor com a densidade, concluiu que “os altos valores

(36)

Em seu trabalho sobre a ilha de calor na Grande São Paulo, ele constata que os maiores gradientes de temperatura estão associados às áreas densamente construídas – áreas centrais, áreas industriais e bairros operários.

Rugosidade

Entende-se por rugosidade os contrastes entre as alturas dos elementos da massa edificada. A superfície urbana é mais rugosa que o campo a sua volta e dentro da própria estrutura urbana seu grau de rugosidade é variável.

Villas Boas (apud VIDAL, 1991) sugere que “a localização apropriada

de edifícios altos entre edifícios baixos favorece a ventilação, melhorando as condições de conforto térmico, com os edifícios apresentando a mesma altura, forma-se uma barreira que desloca o ar sem que este penetre no tecido urbano”.

Porosidade

Refere-se ao espaçamento entre as edificações e/ou entre arranjos morfológicos e está relacionada com a maior ou menor permeabilidade aos ventos que o assentamento urbano pode apresentar.

É importante observar a disposição dos edifícios nos lotes, o padrão de arruamento e os espaços abertos pois, para que a ventilação circule através do tecido urbano, é necessário que se deixem espaços entre os edifícios ao mesmo tempo que entre os arranjos morfológicos (VIDAL, 1991).

Permeabilidade

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Propriedade termodinâmica dos materiais

Este fator influi na quantidade de energia térmica acumulada e irradiada para a atmosfera do espaço urbano – contribuindo para aumentar a temperatura do ar. São expressas principalmente pelo albedo, absorção e emissividade.

O albedo é a energia radiante proveniente da radiação refletida e depende do tipo de superfície refletora (OLIVEIRA, 1988: 57).

Os coeficientes de absorção e emissão correspondem ao percentual de energia radiante que é absorvida pela superfície terrestre e em seguida é emitida para o meio (VIDAL, 1991).

Em uma versão ampliada e revisada de sua metodologia, OLIVEIRA (1993) estabelece um sistema de valoração qualitativa e quantitativa dos atributos da forma urbana para possibilitar a construção de um algoritmo.

É com base nos climas pré-existentes – quente-úmido, quente-seco, tropical de altitude, temperado e frio – , e tendo como parâmetro os objetivos de conforto higrotérmico, conservação de energia e minimização dos impactos ambientais negativos, que a valoração, através da classificação e da pontuação, é colocada nos quadros resumos de apresentação dos atributos bioclimatizantes da forma urbana. A figura 08 delineia a metodologia idealizada.

3.4. ANÁLISE DOS DADOS

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As variáveis climáticas consideradas para a análise foram temperatura, umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos.

O cruzamento dos dados resultantes foram apresentados na forma de tabelas, gráficos e mapas.

Com o objetivo de demonstrar a importância das áreas verdes, procedeu-se a análise morfológica – qualitativa – do Conjunto Ponta Negra, no intuito de identificar quais atributos exercem uma maior influência na formação do clima local.

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4. QUADRO DE REFERÊNCIA

Para o desenvolvimento deste estudo, faz-se necessária a análise dos aspectos do clima que afetam diretamente as condições de saúde, bem estar e conforto do organismo humano.

O clima, seus elementos e fatores condicionantes são amplamente analisados na literatura e tratados de forma distinta de autor para autor. A diferenciação entre elementos e fatores adotada por ROMERO (1988: 18), atribui aos elementos a qualidade de definir, de fornecer os componentes do clima, e aos fatores a qualidade de condicionar, determinar e dar origem ao clima.

4.1. ELEMENTOS CLIMÁTICOS

Segundo ROMERO (1988: 38), “os elementos climáticos são aqueles

que representam os valores relativos a cada tipo de clima, ou seja, a temperatura, a umidade do ar, as precipitações e os movimentos do ar”.

1. TEMPERATURA DO AR

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2. UMIDADE DO AR

O vapor d’água contido no ar origina-se, principalmente, da evaporação natural da água e da evapotranspiração dos vegetais. Segundo ROMERO (1988: 40), a umidade relativa do ar varia de acordo com as épocas do ano e com as diferentes horas do dia. Este fato deve-se às mudanças diurnas e anuais na temperatura, que determinam a capacidade do ar em conter certa quantidade de vapor d’água.

3. PRECIPITAÇÕES

A evaporação das águas de superfície leva à formação de nuvens que redistribuem a água na forma de chuva ou outras precipitações (ROMERO, 1988: 41). Segundo OLIVEIRA (1988: 22), chove mais na cidade, em torno de 5% a 10%, do que na área rural circunvizinha.

4. MOVIMENTO DO AR

O movimento do ar é resultado das diferenças de pressão atmosférica verificadas pela influência direta da temperatura do ar (ROMERO, 1988: 43). É o agente responsável pela dispersão de poluentes na atmosfera e ainda é capaz de modificar parâmetros como a temperatura do ar e a precipitação (ASSIS: 1990: 14).

Sobre a cidade, os ventos em geral se deslocam em movimentos turbilhonares, tomando sentidos e direções diferentes daqueles do clima regional (OLIVEIRA, 1988: 22).

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4.2. CLIMA URBANO

Em decorrência da concentração demográfica e de atividades humanas, as cidades vêm sendo consideradas como áreas de impacto máximo da ação do homem sobre a organização da superfície terrestre e principal agente na deterioração do ambiente (ASSIS, 1990: 14).

LOMBARDO (apud ASSIS, 1990: 18) define o Clima Urbano como um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização: é um mesoclima que está incluído no macroclima e que sofre, na proximidade do solo, influências microclimáticas derivadas dos espaços urbanos.

ASSIS (1990: 22) baseando-se em estudos comparativos entre o meio urbano e o rural à sua volta (de Howard, Lowry, Landsberg, Oke e outros), destaca a emergência dos seguintes fatos:

1. A cidade modifica o clima através de alterações em superfície. Suas formas complexas – grandes superfícies horizontais e/ou verticais – respondem diferentemente, tanto à radiação solar quanto ao regime de ventos;

2. A cidade possui muitas fontes adicionais de calor, resultantes das atividades antropogênicas. Além disso, os materiais que compõem suas superfícies, quase todos têm boa condutividade térmica e capacidade calorífica, o que provoca o aquecimento dos ambientes para onde flui o calor;

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4.3. FATORES CONDICIONANTES DO CLIMA URBANO

Independentemente do tipo de clima, existem alguns princípios gerais que devem ser considerados quando se incorpora a preocupação bioclimática ao desenho urbano.

O projeto urbano deve considerar, principalmente, o movimento do ar e a temperatura radiante média pois, são aspectos do clima que

exercem grande influência no equilíbrio térmico entre o homem e o ambiente e que variam mais radicalmente entre diferentes ambientes urbanos do que a temperatura do ar e a umidade, e podem ser mais facilmente manipulados (SPIRN, 1995: 81).

4.3.1 – A RADIAÇÃO

ROMERO (1988: 88) afirma que, considerando um determinado espaço, além das radiações solares diretas e difundidas pela atmosfera, este receberá os raios solares refletidos pelas superfícies que o cercam, assim como a influência das modificações trazidas pelo microclima formado em torno dele.

Os materiais que compões as cidades (concreto, pedra, tijolo e asfalto) absorvem o calor mais rapidamente e, desta forma, contribuem significativamente para a criação de microclimas no interior da malha urbana, as chamadas “ilhas de calor” principalmente.

A escolha de materiais de construção de acordo com suas características térmicas pode alterar, significativamente, a temperatura radiante da pavimentação e das paredes circundantes. A promoção de sombras impede a absorção de calor e propicia sua perda pelo bloqueio da insolação direta, pela prevenção da absorção do calor nas superfícies e sua subsequente radiação e pelo favorecimento da evaporação e da penetração das brisas (SPIRN, 1995: 91).

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Nas praças arborizadas, apesar de a temperatura durante o dia ser similar à das ruas vizinhas, têm-se a impressão de ser mais frio porque há mais sombra, menos luminosidade e o calor irradiado pelos gramados, pelas árvores e pelas superfícies sombreadas é de menor intensidade. Este efeito climático estende-se às ruas adjacentes (SPIRN, 1995: 75).

As árvores possuem características, segundo afirmou Bernatzky (apud VIDAL, 1991), que se constituem em fatores de controle do clima urbano, as quais correspondem a: refrigeração do ar, aumento da umidade relativa do ar, suprimento de ar fresco, filtragem do ar e produção de oxigênio.

Fig. 09 – Efeito regulador da vegetação nas radiações de grande comprimento de onda. Fonte: ROMERO, 1988

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4.3.2 – A VENTILAÇÃO

O movimento do ar no meio urbano está diretamente relacionado com as massas edificadas, sua forma, suas dimensões e sua justaposição.

No que se refere à ação do vento, o conforto ambiental de um indivíduo num ambiente urbano, segundo SARAIVA (1994: 23), apresenta três componentes distintos: comodidade e segurança; conforto térmico e qualidade do ar ambiente.

A segurança garante que as pessoas possam circular sem correr o risco de sofrer acidentes atribuídos à ação do vento, causadas ou por efeitos negativos da massa edificada – efeito de Venturi, efeito de pilotis, de esquina, entre outros – ou por rajadas ocasionais.

Fig. 10 – Pessoas idosas sofrendo os efeitos do vento acelerado. Fonte: DEL RIO, 1990.

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deve-se otimizar o desempenho de atividades, desde que o ambiente propicie condições de conforto, e evitar sensações desagradáveis, tais como: dificuldades de eliminar o excesso de calor produzido pelo organismo; perda exagerada de calor pelo corpo e desigualdade de temperatura entre as diversas partes do corpo (ARAÚJO, 1998: 01).

A qualidade do ar é determinada pela capacidade dos ventos em transportar e dispersar os poluentes no nível da rua. "Se os ventos regionais

mergulham ou não abaixo do nível das coberturas, para penetrar na cidade, depende da orientação e continuidade dos espaços livres e das ruas”

(SPIRN, 1995: 66).

Assim, a configuração espacial da cidade é de suma importância para as condições de circulação do ar e, portanto, de conforto térmico.

A presença da vegetação também afeta a configuração do fluxo do vento dependendo de sua forma e dimensão. O fluxo do vento pode assumir diferentes configurações de acordo, por exemplo, com a densidade das folhagens ou pela presença de arbustos embaixo das árvores (BITTENCOURT, 1998: 24). Portanto, é importante promover o sombreamento dos espaços externos de forma que não prejudiquem o movimento do ar.

Fig. 11 – Efeito da vegetação na configuração do fluxo do vento. Fonte: BITTENCOURT, 1998.

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4.3.3 – A VEGETAÇÃO

A vegetação atua sobre os elementos climáticos em microclimas urbanos, contribuindo para o controle da radiação solar, temperatura e umidade do ar, ação dos ventos e da chuva e para amenizar a poluição do ar (MASCARÓ, 1996: 68).

Em relação à radiação, a vegetação atua como um filtro das radiações absorvidas pelo solo e pelas superfícies construídas, refrescando os ambientes próximos.

O desempenho da vegetação varia de acordo com o tipo de vegetação, seu porte, idade, período do ano, formas de associação dos vegetais e também, com relação às edificações e seus recintos urbanos.

MASCARÓ (1996: 79) ressalta que a vegetação não somente intercepta a radiação solar como também é capaz de modificar as características do vento, que é o responsável pela sensação de conforto térmico ao estimular a evaporação e as perdas de calor por convecção.

A vegetação reduz a incidência da precipitação sobre o solo e altera a concentração da umidade na atmosfera e nas superfícies adjacentes.

Segundo MASCARÓ (1996: 79), a incidência do vento sob a arborização reduz as diferenças de temperatura e umidade relativa do ar entre as áreas sombreadas e ensolaradas, sendo mais significativa em relação à umidade relativa do que à temperatura do ar.

OLGYAY (apud ROMERO, 1988: 99) observou que a temperatura sobre uma superfície de grama em dias ensolarados de verão fica reduzida entre 5º a 7º C em relação à superfície construída, pois reduzem a absorção da radiação solar e a reflexão sobre as superfícies construídas.

Um outro aspecto refere-se à amenização da poluição do ar; BERNATZKY (apud ASSIS, 1990: 55) afirma que gases tóxicos em doses não letais podem ser tornados inócuos através da atividade metabólica dos vegetais.

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5. PROCEDIMENTO DO ESTUDO E RESULTADOS

Para atingir os objetivos e testar as hipóteses, foram escolhidos os locais para estudo de campo, foram programadas as medições de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade e direção dos ventos, e foi realizada a análise morfológica da área com base nos atributos bioclimatizantes da forma urbana.

5.1. ASPECTOS CLIMÁTICOS CONSIDERADOS

Segundo ARAÚJO (1998:33), foram identificados em Natal dias climáticos típicos em dois períodos anuais distintos. No período de abril a setembro, a temperatura mínima é de 23ºC e a máxima é de 28,7ºC, nos horários de 5h e 13h, respectivamente. No período de outubro a março, nos mesmos horários do período anterior, a temperatura mínima é de 24ºC e a máxima á de 30,8ºC.

O comportamento da umidade relativa do ar no período de abril a setembro apresenta máxima de 94% e mínima de 74%, nos horários das 6h e 13h respectivamente. No período de outubro a março, a máxima é de 87% e mínima de 66%, nos mesmos horários do período anterior. Observa-se o comportamento inverso ao da temperatura do ar, ou seja, a ocorrência de temperatura mínima corresponde a umidade máxima e vice-versa.

O sistema de ventos constantes que atuam na área corresponde ao sudeste a 150º (ver anexo), que tem predominância nos dois períodos do ano citados anteriormente.

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período de outubro a março os valores máximos e mínimos – 3,7 e 5,2 m/s – ocorrem no mesmo horário do período anterior.

5.2. ESCOLHA DAS ÁREAS

Foram escolhidas oito áreas do conjunto habitacional Ponta Negra que, segundo o projeto original, estão destinadas ao uso institucional e às áreas verdes.

Segue-se a descrição de cada área e os respectivos pontos de medição.

AREA 01 – PRAÇA Dr. CARLOS ANTÔNIO VARELLA BARCA

Esta praça encontra-se localizada entre as ruas Praia de Cabedelo, Praia de Caiçara, Praia da Barra e Praia Jardim de Alá. Foi inaugurada no dia 23 de março de 1982 pelo então prefeito José Agripino Maia.

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A praça possui formato retangular e área com aproximadamente 15.000 m². Aparentemente, não houve qualquer preocupação urbanística ou, até mesmo, estética na sua construção. Se existiu um projeto, ele nunca foi efetivamente implantado. Originalmente, a praça era composta por um passeio periférico; por bancos, distribuídos ao longo do passeio; alguns postes de iluminação - apenas na área central - e algumas árvores do tipo casuarina e acácia. Não havia canteiros, equipamentos de lazer e, por falta de cuidados, algumas mudas de árvores não se desenvolveram.

De acordo com o então presidente da Associação de Moradores, Sr. Ranulfo Alves, o projeto original apresentado aos moradores, pela Prefeitura, não corresponde ao que foi executado. O Sr. Ranulfo lembra que, entre outros equipamentos, o projeto previa a construção de uma concha acústica.

Ao longo do tempo, a praça sofreu depredações e abandono. Ou seja, a falta de atrativos e conforto não estimulou nos moradores a identificação e a apropriação do espaço e, portanto, não houve interesse no sentido de preservar e investir na qualidade do mesmo.

Fig. 13 – Ponto 01 – dezembro de 1999.

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Numa tentativa de resgate deste espaço público a Associação de Moradores promoveu o plantio de outras árvores – mangueira, coqueiros, castanholas e cajueiro - junto aos moradores da vizinhança. As poucas plantas existentes foram plantadas e são cultivadas por um único morador, que também se encarrega de apanhar as folhas que se acumulam no trecho da praça que fica diante da sua casa.

O passeio periférico é formado por blocos de concreto e não há passeios no interior da praça. Os bancos em pedra e concreto foram distribuídos ao longo da calçada de forma bastante espaçada. Grande parte da praça é composta apenas por areia clara, material que oferece uma emissão intensa da radiação solar, o que contribui ainda mais para o afastamento dos usuários. Observa-se que no período das chuvas o solo fica encoberto por vegetação rasteira que não se mantém no período seco.

Fig. 14 – Ponto 01 –junho de 2000.

A ocorrência de chuvas faz surgir a vegetação rasteira. Nota-se também a presença de usuários.

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Existem ainda no local dois pequenos bares, instalados no local há cerca de seis anos, que funcionam apenas a partir do entardecer, quando o calor é menos intenso, eles são as atrações da praça.

Foram realizadas medições de dados climáticos em um ponto desprovido de sombra (ponto 01) e no ponto central da praça local onde há uma concentração de árvores ( ponto 02).

Fig. 15 – Ponto 02 – área sombreada.

Concentração de árvores do tipo acácia, mangueira e coqueiros. Foto: do autor

AREA 02 – PRAÇA DO BURACO

Esta praça está localizada entre as ruas Praia de Maracajaú, Praia de Genipabu, Praia de Areia Branca e Praia de Piedade.

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bar, possui iluminação periférica cuja finalidade principal é a iluminação das vias.

Fig. 16 – Área 02 – Praça do Buraco. Fonte: Plano Diretor de Natal.

Na época das chuvas, esta praça tem a função de coletar a água das chuvas que escoam tanto pelas ruas do Conjunto Ponta Negra, quanto das ruas do Loteamento Marina Praia Sul e, freqüentemente, serve como depósito de lixo, entulho e podações.

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Fig. 17 – Ponto 03 – área sombreada. Foto: do autor

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De acordo com o Plano Diretor de Natal, o local é destinado à instalação de equipamentos de uso público. No Diário Oficial de 19 de maio de 2000, foi publicada, pela Comissão Permanente de Licitação, a tomada de preço, a ser realizada no dia 09.06.2000, destinada a construção da Praça do Buraco, porém, até agora nenhum trabalho foi realizado.

Foram realizadas medições de dados climáticos em um ponto sombreado (ponto 03) e no outro extremo da praça ( ponto 04), local onde não há árvores e a rua próxima é asfaltada.

Fig. 19 – Área 02 – trechos sombreados utilizados como ponto de encontro ou para estacionamento de automóveis.

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Fig. 20 – Área 02 – trechos sem árvores utilizados como depósito de lixo. Foto: do autor

AREA 03 – PRAÇA DE BICICROSS

Esta praça localiza-se entre as ruas Praia de Areia Branca, Ponta de Tourinhos, Ponta do Mel e Ponta do Calcanhar.

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A praça possui formato trapezoidal e área com aproximadamente 15.880 m². É composta por um campo de futebol improvisado e uma pista de bicicross. Possui iluminação periférica e um poste de iluminação central cuja finalidade é iluminar apenas a pista de bicicross.

Fig. 22 – Ponto 05 – área sombreada. Foto: do autor

Observa-se uma maior concentração de vegetação em torno da pista de bicicross e nas proximidades dos limites do terreno, de forma que o centro da praça encontra-se desprovido de sombra. No local, somente a rua Praia de Areia Branca não possui casas voltadas para a praça. As árvores existentes foram plantadas pelos próprios moradores, que utilizam a sombra para abrigar os seus automóveis do sol ou para conversar com os vizinhos. As espécies existentes são: Acácia, Sete copas, Coqueiro e Cajueiro.

De acordo com o Plano Diretor de Natal, o local está classificado como área verde.

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Fig. 23 – Ponto 06 – desprovido de sombra e encoberto por vegetação rasteira. Foto: do autor

AREA 04 – LAGOINHA

Faixa de terra que antecede a área de preservação ambiental das dunas da Lagoinha. Encontra-se localizada às margens da Av. Praia de Muriú.

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Prefeitura –; por um poço da CAERN, e pela Creche Espírita Irmãos do Caminho, com área de, aproximadamente, 4.000 m².

Fig. 24 – Área 04 – Lagoinha. Fonte: Plano Diretor de Natal.

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Fig. 25 – Ponto 07 – desprovido de sombra e de recobrimento do solo. Foto: do autor

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De acordo com o Plano Diretor o local destina-se à implantação de equipamentos de uso público.

Foram realizadas medições de dados climáticos em um ponto desprovido de sombra e solo nu (ponto 07) e em um ponto desprovido de sombra, porém com o solo recoberto por vegetação rasteira ( ponto 08).

AREA 05 – USO INSTITUCIONAL

Esta praça encontra-se localizada entre as ruas Praia de Muriú, Praia de Cotovelo, Itamaracá e Av. Praia de Tibau.

Fig. 27 – Área 05 – Uso institucional. Fonte: Plano Diretor de Natal.

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área foi estabelecido no projeto inicial do Conjunto Habitacional Ponta Negra. A instalação destes equipamentos deu-se a partir do início da década de 80.

As poucas árvores existentes encontram-se na face do terreno voltada para a rua Praia de Cotovelo. O trecho destinado ao estacionamento é desprovido de sombra. Observa-se, também, a existência de vegetação rasteira na porção do terreno que ainda não foi ocupada.

Fig. 28 – Ponto 09 – desprovido de sombra, solo com cobertura vegetal e proximidade com a área de preservação ambiental.

Foto: do autor

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Fig. 29 – Ponto 10 – localizado no lado oposto ao ponto 09, próximo às edificações de uso institucional.

Foto: do autor

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AREA 06 – ESTAÇÃO DA CAERN

Esta praça situa-se entre as ruas Praia de Muriú, Barra de Serinhaem, Praia de Pitangui.

Fig. 31 – Área 06 – Estação da CAERN. Fonte: Plano Diretor de Natal.

Originalmente destinada a ser área verde, esta praça possui formato triangular e área de 7.000 m². É composta apenas por uma estação elevatória da CAERN.

Ás árvores existentes encontram-se no trecho de livre acesso da praça e nas proximidades da rua Praia de Pitangui. Somente nesta rua há casas que se voltam para a praça. São árvores do tipo acácia e foram plantadas pelos próprios moradores, que utilizam a sombra para abrigar os seus automóveis do sol.

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Fig. 32 – Ponto 11 – sombreado por árvores do tipo acácia. Foto: do autor

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AREA 07 – PRAÇA DA CAIXA D’ÁGUA PEQUENA

Esta praça está localizada entre as ruas Praia da Penha, Praia de Grossos, Praia Rio do Fogo e Praia de Barreta. Possui formato quadrangular e área com aproximadamente 14.700m². Nela encontram-se um dos reservatórios de água que abastecem o conjunto, o escritório distrital da CAERN, uma academia de musculação e um campo de futebol improvisado. Possui iluminação periférica cuja finalidade principal é a iluminação das vias.

Fig. 34 – Área 07 – Pça. da Caixa D’água Pequena. Fonte: Plano Diretor de Natal.

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Observa-se uma maior concentração de vegetação nas proximidades das ruas, ficando o centro do terreno desprovido de sombras. As casas se voltam para a praça, em todas as ruas que a circundam. As árvores existentes foram plantadas pelos moradores, que utilizam a sombra para abrigar os seus automóveis do sol e para conversas entre vizinhos. As espécies existentes são: Mangueira, Sete copas, Coqueiro, Cajueiro e Acácia.

Fig. 35 – Ponto 13 – sombreado por mangueira, coqueiros e acácia. Foto: do autor

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Fig. 36 – Ponto 14 – desprovido de sombra e encoberto por vegetação rasteira. Foto: do autor

AREA 08 – PRAÇA DA CAIXA D’ÁGUA GRANDE

Localizada entre as ruas Praia de Jacumã, Praia de Tabatinga, Praia de Camboinhas e Praia do Rio Doce, esta praça possui formato trapezoidal e área de aproximadamente 24.200 m². Nela encontram-se o maior dos reservatórios de água que abastece o conjunto, a única quadra de esportes e um campo de futebol improvisado. A praça possui passeio periférico formado por blocos de concreto, que é utilizado, no horário da manhã, para caminhadas pelos moradores das redondezas.

Além da iluminação periférica, cuja finalidade principal é a iluminação das vias, possui iluminação destinada à quadra de esportes.

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todas as ruas que circundam a praça possuírem casas voltadas para ela. As árvores existentes foram plantadas pelos moradores, que utilizam a sombra para abrigar os seus automóveis do sol. As espécies existentes são: Mangueira, Sete copas, Coqueiro e Acácia.

Fig. 37 – Área 08 – Pça. da Caixa D’água Grande. Fonte: Plano Diretor de Natal.

De acordo com o Plano Diretor o local é destinado à implantação de praça e área verde.

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Fig. 38 – Ponto 15 – sombreado por árvores do tipo coqueiro, mangueira, acácia, sete-copas.

Foto: do autor

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5.3. ANÁLISE MORFOLÓGICA

Os dados climáticos de diferentes localidades, dentro de uma mesma região, podem apresentar comportamento bastante variado em função de sua morfologia urbana. A análise microclimática do Conjunto Ponta Negra tem como objetivo identificar quais atributos exercem uma maior influência na formação do clima no local.

1- Conformação espacial

A área do conjunto Ponta Negra apresenta uma conformação espacial com declividades pouco acentuadas. Trata-se de um sítio aberto a todas as influências dos ventos predominantes que, segundo OLIVEIRA (1988: 36), favorece as trocas térmicas e resultam em um clima moderado.

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2- Tamanho

Natal é uma cidade de porte médio que passa por um processo intenso de verticalização e ampliação da malha viária e, consequentemente, por um aumento da magnitude da ilha de calor, que vêm sendo sentido principalmente nos corredores de acesso e centros comerciais e de serviços. Recentemente, o bairro de Ponta Negra vem sendo alvo deste tipo de empreendimento, mas num processo menos intenso do que o observado nos bairros centrais. Desta forma, o clima local, favorecido pela própria posição que o bairro ocupa na malha urbana da cidade (próximo à costa) e pela presença de áreas de preservação ambiental como a do morro do Careca, permanece mais ameno do que em outros bairros.

3- Ocupação do solo

O Conjunto Habitacional Ponta Negra teve suas características originais alteradas. As casas originalmente térreas foram ampliadas, sendo que algumas delas receberam um pavimento superior. Outras, principalmente aquelas localizadas nas vias de acesso e de circulação mais intensa, sofreram mudanças quanto ao uso e hoje abrigam pontos comerciais e de prestação de serviços. Esta concentração de atividades comerciais provoca, segundo Oliveira (In.: VIDAL, 1991), uma maior captação e difusão da radiação solar para o ambiente decorrente do aumento das atividades antrópicas. Foram também construídos equipamentos de uso coletivo – Associação de Moradores, Igrejas, Clube de mães, escolas, quadra de esportes, praça e pista de bicicross, entre outros – em áreas livres do conjunto destinadas no projeto inicial para esta finalidade.

4- Áreas verdes

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Bicicross, 4- Lagoinha, 5- Uso Institucional, 6- Estação da CAERN, 7- Praça da Caixa D’água Pequena e 8- Praça da Caixa D’água Grande.

Fig. 41 - Mapa de localização das áreas livres do Conj. Ponta Negra e de indicação do tipo de revestimento das vias públicas.

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Na prática, pouco se fez no sentido de potencializar este atributo para amenização dos fatores climáticos locais. O Poder Público, a partir da reivindicação dos moradores, instalou a praça Varella Barca e a pista de bicicross em duas destas áreas. Os moradores, principalmente aqueles cujas casas estão localizadas próximas a estas áreas, se encarregaram de plantar por si mesmos árvores nas margens destes terrenos, no sentido de proporcionar sombra para automóveis ou para evitar o acúmulo de lixo doméstico em frente às suas casas, ficando o centro desprovido de cobertura vegetal.

De uma forma geral, é no espaço privado (quintais e jardins) onde se localiza a maior concentração de árvores e vegetação.

Fig. 42 – Área 07 – a vegetação localiza-se à margem dos terrenos ficando o centro desprovido de sombra.

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5- Orientação

Segundo ROMERO (apud VIDAL, 1991), para regiões de clima quente e úmido, a orientação do assentamento deve considerar a direção dos ventos dominantes. Em Natal, ao longo de 8 meses, predominam os ventos de direção igual a 150º, oriundos do sudeste.

O Conjunto Ponta Negra, de uma forma geral, possui ruas orientadas na direção sudeste e transversais voltadas para nordeste. Assim, as áreas em estudo possuem ruas orientadas no sentido dos ventos dominantes, de forma a favorecer a penetração dos mesmos.

6- Densidade

Em se tratando de um conjunto habitacional cujas edificações, do tipo unifamiliar, não ultrapassam o primeiro pavimento e cujos lotes possuem recuos, tem-se que: a densidade do local, estimada em 63 hab/ha, não contribui de forma significativa para a existência de altas temperaturas, pois, segundo LOMBARDO (apud VIDAL, 1991) os altos valores de temperatura estão relacionados às mais altas densidades de população.

7- Rugosidade

VILLAS BOAS (apud VIDAL, 1991), sugere que a localização de edifícios altos entre edifícios baixos favorece a ventilação, melhorando as condições de conforto térmico. O que se observa no local é a predominância de edificações de mesma altura, o que poderia significar, se observado isoladamente, a formação de uma barreira que impediria a penetração do ar no tecido urbano. Porém, os canais de vento formados pelas ruas distribuem o ar e, em alguns locais, contribuem para o aumento da velocidade dos ventos.

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Fig. 43 – Área 08 – alteração da rugosidade com a implantação de edifícios à margem da Av. Eng. Roberto Freire.

Foto: do autor.

8- Porosidade

A porosidade dos edifícios está relacionada com a maior ou menor permeabilidade aos ventos que o assentamento urbano pode apresentar (VIDAL, 1991). Ou seja, a existência de espaçamento entre as edificações, o padrão de arruamento e os espaços abertos podem alterar significativamente o comportamento do vento e favorecer o conforto ambiental.

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diferenciadas entre 6 e 12 m. Quanto aos espaços abertos, observa-se a existência de oito, distribuídos por toda a área do conjunto.

Desta forma, a porosidade do tecido urbano é bastante variada, o que sugere melhores condições de conforto térmico e de qualidade do ar.

9- Permeabilidade

“A permeabilidade está relacionada com a

capacidade que tem o solo de armazenar água e interfere diretamente na evaporação e no conteúdo de umidade na atmosfera, os quais funcionam como amenizadores da temperatura do ar.” ( VIDAL, 1991)

A superfície das ruas em torno das áreas é pavimentada com paralelepípedos, apenas o corredor de circulação de transporte coletivo é asfaltado (fig. 41). Em alguns locais das ruas, pode-se observar o crescimento de capim e ervas entre os blocos de pedra, o que indica que a superfície da rua não é totalmente impermeável.

Na maior parte dos terrenos o solo é nu, formado por areia clara, ou encoberto por vegetação rasteira nativa.

Nos trechos desprovidos de sombra estes materiais refletem intensamente a radiação solar causando, nas horas de maior luminosidade, desconforto e ofuscamento.

10 - Propriedade termodinâmica dos materiais

(80)

solo e da duração da exposição ao sol”. (VIDAL,

1991)

Como já foi citado anteriormente, o leito das ruas do conjunto Ponta Negra é revestido com blocos de pedra granítica, do tipo paralelepípedo, sendo que algumas ruas, que formam o corredor de circulação de transporte coletivo, são revestidas com asfalto.

Fig. 44 – Aspecto da superfície da praça Varella Barca e entorno.

Os passeios públicos são revestidos com materiais diversos como: ladrilho hidráulico, pedra, blocos de concreto, entre outros. As paredes das fachadas e dos muros divisórios também apresentam uma grande variedade de material de acabamento, sendo que os mais utilizados são o reboco comum ou texturizado pintado e a cerâmica.

(81)

irá determinar as diferenças na sensação de conforto térmico nos diversos espaços públicos da área. A presença da vegetação propicia a absorção de uma menor quantidade de radiação, uma vez que os materiais encontram-se menos expostos ao sol e, conencontram-sequentemente, a radiação solar refletida por estas superfícies é menor do que aquelas expostas diretamente.

5.4. LEVANTAMENTO DE DADOS

Conforme previsto, o trabalho de campo foi executado para o período de verão no dia 17 de janeiro de 2000 e para o período de inverno no dia 23 de junho de 2000.

Em cada uma das oito áreas de estudo foram realizadas coletas de dados em dois pontos distintos, totalizando dezesseis pontos de medição, que foram definidos procurando abranger as seguintes situações:

a) locais com maior índice de sombra proporcionada por vegetação; b) locais desprovidos de sombra e solo encoberto por vegetação

rasteira;

c) locais desprovidos de sombra e solo nu.

Assim, procurou-se escolher, numa mesma área, pontos com características diversas para se verificar a interferência da vegetação, principalmente, nos dados coletados de temperatura e umidade.

Para efeito de comparação de dados, tomou-se como referência os dados fornecidos pelo CMDC (Centro de Missão de Coleta de Dados) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no mesmo período.

O resultado deste trabalho é mostrado nas tabelas e gráficos a seguir.

5.4.1 – COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DE NATAL

(82)

No dia 17 de janeiro observam-se umidade relativa do ar mínima e máxima de 74% e 89%, nos horários de 15:00h e 9:00h. A umidade registrada no dia 23 de junho corresponde a mínima de 84% e máxima de 97% nos horários de 15:00h e 6:00h, respectivamente.

Os dados do comportamento da direção dos ventos para Natal, mostra a predominância sudeste nos dois dias de medição. A velocidade mínima e máxima de 2,6m/s e 4,5m/s, respectivamente, foi registrada no dia 17 de janeiro. No dia 23 de junho a velocidade mínima foi de 0,3m/s e a máxima de 5,8 m/s.

Temperatura do ar (ºC)

Fig. 45 – Gráfico do comportamento da temperatura do ar para Natal/RN Fonte: CMCD/INPE

DADOS

HORA

Temperatura (ºC)

Umidade (%) Veloc. do vento (m/s)

Direção do vento (graus)

06:00 26,5 83 3,4 102

09:00 25,5 89 2,6 88

12:00 27,5 86 4,5 107

15:00 28,5 74 4,4 82

18:00 28,5 76 4,1 95

21:00 27,7 82 3,8 101

Fig. 46 – Dados climáticos para Natal/RN no dia 17/01/2000 Fonte: CMDC/INPE

(83)

Umidade (%)

Fig. 47 – Gráfico do comportamento da umidade relativa do ar para Natal/RN Fonte: CMCD/INPE

DADOS

HORA

Temperatura (ºC)

Umidade (%) Veloc. do vento (m/s)

Direção do vento (graus)

06:00 24,0 97 0,5 205

09:00 23,5 97 0,3 188

12:00 27,0 84 4,6 132

15:00 28,0 79 5,7 136

18:00 24,0 97 5,8 118

21:00 26,0 84 4,3 161

Fig. 48 – Dados climáticos para Natal/RN no dia 23/06/2000 Fonte: CMDC/INPE

Velocidade dos ventos (m/s)

Fig. 49 – Gráfico do comportamento da velocidade dos ventos para Natal/RN Fonte: CMCD/INPE

6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00

71 76 81 86 91 96 101 Verao 17/01/2000 Inverno 23/06/2000

6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00

0 1 2 3 4 5 6

(84)

Assim, ao analisar os dados, observa-se que os dias 17 de janeiro e 23 de junho apresentam um comportamento das variáveis climáticas correspondente aos dois períodos anuais identificados por ARAÚJO (1998).

5.4.1 – COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DAS ÁREAS LIVRES

O dia 17 de janeiro de 2000 apresentou condições de céu de claro à parcialmente nublado, com temperaturas elevadas e com ocorrência de precipitação nos horários de medição das 6:00 e 21:00 horas.

No dia 23 de junho de 2000, véspera de São João, o céu estava claro, havendo ocorrência de chuva no horário de medição das 15:00 horas. A temperatura, medida no local ao longo do dia, apresentou uma variação entre 24ºC e 34ºC e no horário de 21:00 horas haviam fogueiras acesas próximo a alguns dos pontos de medição.

Comparando-se os dados obtidos em cada ponto pode-se afirmar que, de uma forma geral, o comportamento das variáveis climáticas foi mais favorável, às condições de conforto térmico, nas áreas sombreadas e/ou nas áreas com o solo encoberto por vegetação.

ÁREA 01

Na área 01, ponto 01, dia 17/01/00, a diferença entre as variáveis climáticas, em relação a Natal, foi de 3,2 ºC para a temperatura e 10,9% para a umidade. No ponto 02 foi de 1,2ºC e 6,1%. A diferença entre o ponto 01 (sol) e o ponto 02 (sombra) foi de 2 ºC e 4,8%. As temperaturas mais altas foram registradas no ponto 01, no período de 12h às 15h. A umidade relativa do ar ficou em torno de 73% e as mais altas foram registradas no ponto 02.

(85)

umidade relativa do ar ficou em torno de 77% e as mais altas foram registradas no ponto 02.

Temperatura do Ar (ºC)

17/01/2000

hora 6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00 Ponto 01 27,5 30,5 30,5 33,2 29,7 29,6 Ponto 02 27,0 28,9 30,0 29,5 28,3 27,1

23/06/2000

hora 6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00 Ponto 01 27,0 28,0 30,9 27,2 26,6 26,4 Ponto 02 26,6 28,9 30,5 26,3 26,7 24,9 Fig. 50 – Gráfico do comportamento da temperatura do ar para a área 01.

6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00

24 26 28 30 32 34

(86)

Umidade relativa do ar (%)

17/01/2000

hora 6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00 Ponto 01 79,0 71,7 64,8 64,5 72,7 71,8 Ponto 02 81,4 75,1 66,2 70,2 75,9 84,5

23/06/2000

hora 6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00 Ponto 01 84,0 75,7 68,0 82,9 77,1 76,4 Ponto 02 85,0 75,3 66,6 82,7 79,1 78,4 Fig. 51 - Gráfico do comportamento da umidade relativa do ar para a área 01.

6:00 9:00 12:00 15:00 18:00 21:00

56 61 66 71 76 81 86 91

Referências

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