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Fisioterapia e sociedade: ações do Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte

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Academic year: 2017

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GERALDO MAGELLA TEIXEIRA

FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO RIO GRANDE DO

NORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Centro de Ciências da Saúde para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

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GERALDO MAGELLA TEIXEIRA

FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO RIO GRANDE DO

NORTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

Orientadora: Dra. Eulália Maria Chaves Maia.

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Teixeira, Geraldo Magella

Fisioterapia e sociedade: ações do Sistema Único de Saúde no

Rio Grande do Norte/Geraldo Magella Teixeira.--NATAL, 2007. xiii, 75f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Título em inglês: Physiotherapy and society: action of Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

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GERALDO MAGELLA TEIXEIRA

FISIOTERAPIA E SOCIEDADE: AÇÕES DO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO ESTADO RIO

GRANDE DO NORTE

Presidente da Banca:

Professora Doutora: Eulália Maria Chaves Maia

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Professor Doutora Eulália Maria Chaves Maia

_________________________________________________ Professora Doutora Maria Gorethy Fernandes

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me cobre de bênçãos e sempre está ao meu lado. Tenho certeza disso!

À minha corajosa orientadora e amiga Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia, não só pela oportunidade de concretização desta pesquisa, mas pelo apoio moral, material e, até, psicológico, dado durante esses anos convividos.

Aos amigos Marcus Aurélio Medeiros Costa e Geovânia Toscano por estarem sempre disponíveis para atenderem às minhas solicitações e/ou angústias pessoais e acadêmicas; e, por sua amizade, dedicação e cumplicidade.

Aos amigos Goretti, Eliane Medeiros e Kildemar pelo incentivo e companheirismo.

Aos Professores Doutores membros da banca avaliadora, por suas contribuições preciosas e pertinentes para a consecução desta dissertação.

A Professora Doutora Vânia de Vasconcelos Gicco. Obrigado pela confiança, pela amizade, pela dedicação e pelo conhecimento pessoal agregado na convivência.

(8)

SUMÁRIO

Dedicatória iv

Agradecimentos v

Lista de tabelas viii

Lista de abreviaturas ix

Resumo x

1 INTRODUÇÃO 01

2 REVISÃO DA LITERATURA 05

2.1 O processo histórico e prática em saúde: Fragmentação do saber 05 2.2 O RELATÓRIO FLEXNER: da educação em saúde a uma medicina mais científica

06

2.3 Práticas e saúde no capitalismo: a influencia sobre o fazer fisioterapêutico 08 2.4 Sistema Único de Saúde: fundamentos políticos, sociais e históricos. 10

2.4.1 O Sistema Único de Saúde 10

2.5 Princípios do Sistema Único de Saúde 16

Princípios doutrinários 16

Princípios organizativos 16

2.6

FISIOTERAPIA: da definição a atuação profissional

17

3 MÉTODO 22

3.1 Caracterização do estudo 22

4 RESULTADOS 24

5 DISCUSSÃO 26

6 ANEXOS 30

(9)

Afetividade X Efetividade: fenômenos da Fisioglobalização 32 Reabilitação: ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Norte

42

7 REFERÊNCIAS 56

(10)

LISTA DE TABELAS

página

Tabela 1 38

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABRASCO: Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva CAP: Caixa de Aposentadoria e Pensão

CAPs: Caixas de Aposentadoria e Pensão CEBS: Centros Brasileiros de Estudos em Saúde

CONASP: Conselho Consultivo de Administração de Saúde Previdenciária IAP: Instituto de Aposentadoria e Pensão

IAPs: Institutos de Aposentadoria e Pensão IES: Instituição de Ensino Superior

INAMPS: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS: Instituto Nacional de Previdência Social

LOPS: Lei Orgânica da Previdência Social SESP: Serviço Especial de Saúde Pública SIA: Serviço de Informação Ambulatorial

(12)

RESUMO

O trabalho tem como objetivo apresentar ações fisioterápicas desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Rio Grande do Norte; discutir sob a óptica da humanização tais ações; discutir a importância da fisioterapia para a sociedade norte-riograndense e seu papel na perpetuação de ações de saúde centradas no binômio causa/efeito. O estudo foi realizado no estado do Rio Grande do Norte. Os dados foram obtidos de fontes públicas junto à Secretaria de Saúde desse Estado. Os dados colhidos versam sobre sessões de fisioterapia desenvolvidas pelo SUS nas diversas regiões do estado; tais dados foram colhidos e analisados após aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No tocante a fisioterapia, houve junto a Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, apenas registros de atendimentos voltados para a cura/reabilitação, não sendo observado durante decorrer do estudo, qualquer registro de intervenção de prevenção, promoção e proteção à saúde. É possível observar que há destaque para as intervenções voltadas para o tratamento de doenças de origem reumáticas e queixas relacionadas à coluna vertebral. Tal pesquisa evidenciou que a fisioterapia no SUS no estado prioriza o atendimento individualizado, centrado no modelo saúde/doença e as ações desenvolvidas estão voltadas para a atenção curativa e reabilitadora, com papel de pouco destaque na atenção primária.

(13)

“ Os momentos mais esplêndidos da vida não

são os chamados dias de êxito; mas sim aqueles

dias em que, saindo do desânimo e do desespero,

sentimos erguer-se dentro de nós um desafio à

vida, e a promessa de futuras realizações.”

(14)

1. INTRODUÇÃO

Como membro da saúde, o Fisioterapeuta atua em diferentes níveis, tais como: prevenção, promoção, terapêutica e reabilitação. Porém, a Fisioterapia, desde a sua criação, mantém-se com olhar mais voltado para a prestação de serviços de reestruturação de habilidades físicas outrora perdidas, após desordem, trauma ou doenças 1.

A saúde no Brasil, normalmente tem se baseado em políticas onde a concentração dos recursos está voltada para a assistência médica curativa, individualizada e voltada para assalariados urbanos, enquanto que o restante da população fica na dependência de parcos recursos do Ministério da Saúde e dos Serviços Públicos Estaduais, Municipais e Institucionais, aos quais incube a chamada Saúde Pública 2.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema de saúde público e gratuito vigente no País. A criação do SUS em 1988 representou um avanço, principalmente pelos seus princípios gerais de organização 3.

A oferta de serviços de Fisioterapia pelo SUS demonstra ser de grande valia para a comunidade e parece ser uma realidade em todo o País, motivo para muitas reflexões e pesquisas.

Em relação ao comportamento do serviço de Fisioterapia ofertado pelo Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte, objeto desse estudo, parece não fugir aos problemas nacionais, perpetuados de ações políticas e atuações profissionais, muitas vezes, dicotomizadas em relação ao tratamento dispensado à clientela e centrado na doença e não no ser.

(15)

profissão no País e fez com que a atuação prática do profissional de fisioterapia esteja centrado na doença e não efetivamente no indivíduo que circunstancialmente encontra-se doente.

A fisioterapia vem, nos últimos anos, apresentando um intenso crescimento5; mas, parece que este crescimento tem acontecido de forma desorganizada, e sendo assim, pode ser pernicioso; sobretudo, se os profissionais fisioterapeutas perderem de vista o norte humanizador que dirige essa profissão.

É preocupante a possibilidade desse crescimento des-humanizar a profissão e, por conseguinte, os profissionais que a praticam. É preocupante também que esse crescimento, aliado ao fenômeno da globalização que é caracterizada pelas interações e intensificações econômicas 6, sociais, políticas e culturais; faça com que os Fisioterapeutas tenham uma visão puramente capitalista e cartesiana do corpo e sua relação com a mais valia e o modo de produção; visão essa que culminará, por conseguinte, na fragmentação do Homem em um ser apenas biomecânico, capacitado ou não a realizar movimentos.

Historicamente, a fisioterapia é oriunda da medicina e a visão medicocêntrica e cartesiana que se tem do corpo ainda é muito enraizada. A fisioterapia mantém este tipo de pensamento até os dias atuais e parece que as universidades têm forte participação na construção dessa visão; observam-se falhas na formação do fisioterapeuta quando se verifica a falta de preocupação com a reintegração social do paciente, para com a preocupação mercadológica com o trabalho.

Em relação à formação do fisioterapeuta, com raras exceções, as Universidades brasileiras são qualificadas como indiferentes às preocupações da comunidade7.

(16)

pode limitar o papel dos profissionais da saúde em apenas intervir e consertar o mecanismo enguiçado 8.

O caráter determinante do modelo de desenvolvimento da Biologia aplica-se as demais profissões da saúde, aplica-servindo também de referência para a Fisioterapia, que representa o objeto desse texto.

Vive-se a era da franca expansão do saber fisioterapêutico; constantemente a mídia televisiva e/ou escrita divulga a Fisioterapia; divulgação essa muitas vezes de forma equivocada e desvinculada da realidade. Num mundo globalizado essa divulgação acontece de forma, assustadoramente, rápida. Tal crescimento e divulgação da Fisioterapia na mídia; prefiro chamar de Fisioglobalização.

A Fisioglobalização é sem dúvida de magna importância para o desenvolvimento, reconhecimento e crescimento dessa profissão, mas parece trazer, de forma ideológica, em seu bojo uma armadilha de um sistema dogmático, totalitário e dicotomizador.

Como conseqüência da Fisioglobalização observa-se um crescente grupo de adolescentes que pretendem abraçar essa profissão e, em razão desse pungente desejo vêm crescendo também, de forma assustadoramente rápida, ao longo dos anos, o número de Instituições de Ensino Superior (IES) que se oferecem para formar futuros Profissionais Fisioterapeutas.

Não é objetivo desse texto, tecer apologias e nem críticas ao modelo neoliberal educacional e nem discorrer sobre as instituições formadoras de fisioterapeutas; mas sim, discutir, a práxis fisioterapêutica no sistema público de saúde no Estado do Rio Grande do Norte; práxis essa que parece ser conseqüência também da formação desses profissionais.

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flexível à máxima do rendimento centrado no aprendizado técnico, e individualista, para ceder espaço à construção do saber pautado na sensibilidade e na afetividade.

Para a maioria dos cursos de fisioterapia, parece que o doente é abordado através de aparelhos altamente sofisticados que tentam consertar partes do corpo com protocolos fechados de exercícios físicos 10, nesse sentido parece prudente que as Instituições de Ensino Superior formadoras de fisioterapeutas abram espaço para discutir saúde como envolvimento social e será dessa forma que futuros profissionais fisioterapeutas se ocupem também de uma prática menos centrada no modelo cartesiano em saúde.

Em seu sentido mais abrangente, a saúde não é a antítese de doença; é um complexo resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde 11. É assim, antes de tudo, o

resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.

A dificuldade ou o problema de lidar com pensamento complexo se manifesta na Universidade12 a partir da forma em que se organizam seus departamentos e de como estes lidam com problemas da coletividade; isso faz com futuros profissionais tenham dificuldades de entender o trabalhar com a coletividade no que diz respeito a realização de práticas preventivas.

(18)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O PROCESSO HISTÓRICO E A PRÁTICA EM SAÚDE.

Com o advento da medicina moderna a visão do mundo medieval, que era baseada na enteléquia Aristotélica e na Teologia muda radicalmente. A idéia de mundo universal, vivo, espiritual e orgânico é transferida para uma visão de mundo centrado na idéia da máquina moderna e resulta no surgimento do chamado modelo biomédico 13.

A história da ciência médica moderna tem sua origem nos séculos XVIII e surge com a estruturação de uma concepção mecanicista do universo. Tal processo histórico que culmina na construção médica moderna coloca os profissionais da saúde, num presente míope, consternador e separatista, que permite o desvelamento parcial da realidade sobre a temática saúde/doença que envolve o homem.

Ao analisar a influência do pensamento cartesiano sobre o desenvolvimento da Biologia constata-se que é possível comparar o corpo humano a uma máquina que pode ser analisada (trabalhada) peça a peça13; peças essas estudadas do

ponto de vista da biologia molecular e limita o papel dos profissionais de saúde em intervir e consertar o mecanismo enguiçado.

O método analítico permitiu que a biologia fragmentasse o universo e as leis que o regem e, por conseguinte, o Homem, criando saberes mosaiciformes dispersos em saúde. Tal método apresenta-se de forma inconveniente quando se trata de atenção a saúde e parece ainda mais inconveniente quando se aplica à prática atual. Tal fragmentação conduziu ao rápido desenvolvimento da ciência, da técnica e da sociedade; contudo traz efeitos perversos 14.

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2.2 O RELATÓRIO FLEXNER: da educação em saúde a uma

medicina mais científica.

O processo de constituição das profissões da área da saúde carrega, em suas características primeiras o caráter hegemônico representado pela Medicina; logo falar em Fisioterapia remete-se a essa hegemonia.

Abraham Flexner, da Universidade John Hopkins, foi convidado pela fundação Carnagie, dos Estados Unidos da América para proceder a uma avaliação da Educação Médica em seu País e Canadá. Naquela época havia, nos Estados Unidos da América, um enorme contingente de escolas médicas isoladas, de fins pecuniários e sem vínculos com Instituições Universitárias.

O relatório final culminou no fechamento de 124 das 155 escolas médicas norte americanas, por as considerarem fora dos padrões científicos15. Embora muitas delas fossem, de fato, inadequadas, coincidentemente ou não, as escolas que foram fechadas tratavam-se de instituições que admitiam estudantes negros, pobres e do sexo feminino.

Esse documento, sugerido em 1910 nos Estados Unidos, com o intuito de constituir um sólido alicerce de tecnificação da Medicina, enfatizou ainda mais a dicotomização da Medicina e do modelo de saúde, tendo como paradigma à ideologia da simplificação e da especialização.

Na realidade, tal relatório, nada mais é do que o paradigma newtoniano-cartesiano16 travestido na educação médica de paradigma flexineriano.

a) O MECANISMO: Flexner aderiu a um modelo mecanicista para a estrutura e funcionamento do corpo humano; visto como uma máquina, que se adeqüa ao modo de produção;

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saúde/ doença. Reduziu-se a causalidade das doenças à ação de agentes etiológicos, de natureza puramente biológica. A tendência reducionista dessa concepção levou o desenvolvimento da pesquisa em saúde a transferir seu foco do indivíduo e do meio ambiente para o estudo dos microorganismos, buscando estabelecer a relação causa-efeito do adoecer.

c) O INDIVIDUALISMO: A Medicina elegeu o indivíduo como seu objeto e centro das atenções, excluindo a sua condição política, social e cultural.

d) A ESPECIALIZAÇÃO: O mecanismo permitiu o aprofundamento do conhecimento científico na direção de partes específicas. Embora a especialização já existisse em modelos anteriores, as necessidades de acumulação do capital, no entanto exigiram a fragmentação do processo e divisão do trabalho. A especialização desdobra-se, na realidade, em modos de produção do saber em saúde;

e) A EXCLUSÃO DAS PRÁTICAS ALTERNATIVAS: A Medicina Científica impôs-se sobre outras práticas médicas, acadêmicas e saberes populares, através da construção do mito da eficácia cientificamente comprovada e eficiente. A especialização excessiva cegou-nos em relação ao homem divinamente complexo e as várias possibilidades de alternativas terapêuticas.

f) A TECNIFICAÇÃO DO ATO MÉDICO: Veio como advento de mediação entre o homem e as doenças. A necessidade e dependência de técnicas e equipamentos para a investigação diagnóstica e a terapêutica levou ao desenvolvimento das tecnologias médicas, definindo, por razões ideológicas e econômicas os parâmetros de qualidade para a atuação médica. Quanto maior a incorporação tecnológica na prática médica, melhor o ato médico resultante e a melhoria do paciente.

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h) A CONCENTRAÇÃO DE RECURSOS: Houve uma concentração de recursos nos espaços urbanos e nos hospitais, decorrentes das exigências da sociedade industrial, aliada a tecnificação do ato médico e da especialização. Parece que tal concentração é tendenciosa ao atendimento da produção capitalista da saúde.

2.3 PRÁTICAS DE SAÚDE NO MUNDO CAPITALISTA: A

INFLUENCIA SOBRE O FAZER FISIOTERAPÊUTICO.

As práticas de saúde no modo de produção capitalista vêm incorporadas de concepções equivocadas de saúde e enfermidades como situações que dizem respeito ao homem puramente biológico, cujas práticas permanecem limitadas e restritas ao ¨homem carne¨; carne essa, que exerce importante papel na reprodução da força de trabalho, no aumento da produtividade e na perpetuação da ideologia capitalista da mais valia.

O modo de produção capitalista em saúde limita as ações e a forma de pensar dos profissionais dessa área, meramente, no campo do tecnicismo e atribui a esses profissionais, garantias de eficiências centradas nos limites físicos do corpo sem, muitas vezes, relacioná-lo com o meio em que está inserido.

O corpo, no capitalismo, tem qualificação enquanto força de trabalho. É o que pode ser comercializado, adquirindo valor de uso para o capital. Desta feita, sua condição de normalidade adquire uma valorização social que propicia a tomada desse corpo por objeto de trabalho, posto que sua manutenção e recuperação transformam-se em necessidade social a ser assegurada.

(22)

Essa forma mecanicista de ver o corpo e a saúde já se tornou modelo popular, e fecunda, ainda mais, a cultura da doença e da dependência do outro que detém o poder legitimado de aliviar as agruras.

¨As pessoas são, em sua grande maioria, incapazes de compreender a complexidade do seu organismo e são condicionadas a acreditar que só o profissional da saúde, prioritariamente o médico, é capaz de resolver seus problemas de saúde, seja através de intervenções tecnológicas, medicamentosas ou cirúrgicas¨. (Centurião, 1997 – p. 16).

Dessa forma as práticas dos modelos aplicadas em saúde e, particularmente, em Fisioterapia, com suas condutas biomecânicas, participam do processo de fragmentação do indivíduo, à medida que promovem relações sociais de alienação baseadas na prescrição e execução de condutas terapêuticas centradas na doença.

É preciso, hoje mais do que nunca, repensar esse modo cartesiano de viver, pensar e fazer o mundo e, por conseguinte, a saúde e para tal é necessário rever a forma Cartesiana/Flexeriana de fomação em saúde.

Para uma nova visão do fazer em saúde faz-se necessário que se desenvolva uma capacidade de percepção global do que nos cerca, onde o que é natural é a não separabilidade e assim compreender o mundo infinitamente complexo17 assim como a saúde é complexa.

Para se fazer saúde é necessário entender a função social do educar e formar profissionais conectados com uma perspectiva voltada para a complexidade.

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com padrões europeus, que fizeram com que as universidades brasileiras já nascessem maculadas.

Assim a formação mecanicista em saúde, de modo geral, tolhe a mais preciosa oportunidade de formar profissionais capazes de compreender a si mesmo, o mundo e conseqüentemente o outro.

2.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: FUNDAMENTOS POLÍTICOS,

SOCIAIS E HISTÓRICOS.

2.4.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O Processo Histórico da construção do SUS (Sistema Único de Saúde) é resultante de embates políticos e ideológicos, travados por diferentes atores sociais ao longo da história, tendo assim uma longa e tortuosa trajetória de lutas e conquistas.

Para se entender melhor a saúde no Brasil e o SUS se fazem necessário o estabelecimento de pontes com questões históricas e questões políticosócioculturais mais gerais do País, sempre com a certeza de que ¨construção¨ e ¨renovação¨são as melhores idéias que sintetizam o SUS.

A partir da década de 20, especificamente no ano de 1923, com a promulgação da lei Eloy Chaves, surge a Previdência Social no Brasil e cria-se, concomitantemente, a primeira Caixa de Aposentadoria e Pensões (CAP) dos Ferroviários, às quais seguiram-se outras CAPs 19.

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uma visão de combate às doenças de massa com forte concentração de decisões e com estilo repressivo de intervenção sobre os corpos individual e social.

Com a eclosão da Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, assume o poder uma coalizão marcada pela ideologia que traz, de forma destacada, a preocupação com o novo operariado urbano em contra a oposição com a crise do café. Este período foi marcado pela criação de órgãos e instrumentos que legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. Do ponto de vista político, este período pode ser caracterizado por uma profunda crise, marcado por greves e manifestações, principalmente entre os anos 30/35. Em busca de aliados, o governo, tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes trabalhadoras urbanas e colocava em evidência o tema da Previdência Social. Foi criado o Ministério do Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que haviam restrições e manipulações na esfera sindical.

Do ponto de vista organizativo, este é um momento marcado pela criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), entidades organizadas por empresas e não por categorias profissionais. Diferentemente das CAP, a administração dos IAP era muito dependente do governo federal. O conselho de administração, formado com participação de representantes de empregados e empregadores, tinha função de assessoria e fiscalização e era dirigido por um presidente indicado pelo Presidente da República. Há uma ampliação da Previdência, no que diz respeito à abrangência dos serviços prestados, com a incorporação de novas categorias anteriormente não cobertas pelas CAP. O governo passa a interferir diretamente nas ações, decisões e vigia de perto o dinheiro das antigas CAP, agora IAP.

Nesse período, instala-se na administração nacional da Previdência Social um seleto grupo de tecnocratas, denominados de cardeais do IAP, e que viriam a ditar os rumos do projeto de saúde hegemônico dos anos 80.

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prestação de serviços. Isto faz com que os superávits dos institutos constituam um respeitável patrimônio e um instrumento de acumulação na mão do Estado.

A previdência passa agora a ser configurar como co-parceira do Estado nos investimentos de interesse do governo20.

Em relação às ações de saúde coletiva, esta é a época do auge do Sanitarismo Campanhista. Em 1937 é criado o primeiro órgão de saúde de dimensão nacional, o Serviço Nacional da Febre Amarela, em 1939 o Serviço de Malária do Nordeste e em 1940 o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. Em 1942 cria-se o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais20.

A legislação pós 45 é marcada pela progressiva desmontagem das medidas de cunho contencionista do período anterior. Na Constituição de 46 a assistência sanitária é incorporada à Previdência Social e em 1953 é promulgado o ¨Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Pensões¨, que formaliza a responsabilidade dos mesmos com a assistência médica. Nessa mesma época o Brasil passa a ser influenciado pelas idéias se seguridade social que eram amplamente discutidas no cenário internacional, ao final da Segunda Guerra mundial, em contraposição ao conceito de seguro da época anterior.

Ao mesmo tempo, vive-se um intenso processo de construção e compra de hospitais, ambulatórios e equipamentos, por parte dos institutos, e de celebração de convênios para prestação de assistência médico-hospitalar aos segurados20.

O Brasil passa, a partir da década de 50, por um acelerado processo de industrialização que determinou um deslocamento do pólo dinâmico da economia para os centros urbanos, o que veio a gerar uma massa operária que deveria ser atendida pelo serviço público de saúde21.

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As ações da previdência são agora caracterizadas, pelo crescimento dos gastos, elevação das despesas, diminuição dos saldos, esgotamento das reservas e do déficit orçamentário.

As explicações para tais mudanças podem ser colocadas como resultado de uma tendência natural pelo maior número de pessoas recebendo benefícios, uma vez que esta é a época de recebimento de benefícios dos segurados incorporados no início do sistema; como também de mudanças de posições da Previdência Social, pela desativação das medidas de gastos dos anos 30/45 20.

A fim de criar uma seguridade social à brasileira, no final do Governo de Juscelino Kubitschek promulga-se a Lei orgânica da Previdência Social (LOPS), a qual garantiria a uniformização dos benefícios19, o que levam, em 1963, ao

surgimento do Estatuto do Trabalhador Rural.

Com o movimento revolucionário de 1964 e o discurso de racionalidade, eficácia e saneamento financeiro ocorrem à fusão das IAPs, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Este fato importante, ocorrido em 1966, marca a perda da representatividade dos trabalhadores na gestão do sistema. O processo de unificação enfrentou a resistência dos grupos privilegiados pelo antigo sistema corporativo. O governo, no entanto, alegava que a centralização de recursos poderia ser a alternativa para viabilizar o cumprimento de direito de assistência à saúde garantida pelo Estado. O Sanitarismo Desenvolvimentista, característico do período, teve sua contribuição mais voltada para as discussões conceituais relacionadas à saúde20.

Politicamente, este foi um período marcado pelo crescente papel do Estado como regulador da sociedade, pelo afastamento dos trabalhadores do processo político, associado a uma política de arrocho salarial, decorrente do modelo de acumulação adotado. Os gastos com assistência médica continuavam crescendo. Enfatiza-se a atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo20.

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desenvolvimento do complexo médico-industrial, em especial nas áreas de medicamentos e equipamentos médicos. Ao mesmo tempo e em nome da racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade à contratação de serviços terceirizados de tal modo que, entre 1969 e 1975, a porcentagem de serviços comprados representou cerca de 90% das despesas do INPS. A modalidade de compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento por parte dos serviços contratados, com prejuízo da instituição.

Para aumentar estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e desdobramento de atos médicos, preferência por internações mais caras, ênfase em serviços cirúrgicos, além da baixa qualidade técnica do pessoal e dos equipamentos utilizados. Por parte da saúde coletiva, as ações estão dispersas num conjunto de ministérios: agricultura, transportes, trabalho, interior, educação, entre outros e intimamente ligados ao Ministério da Saúde, em um conjunto de órgãos da administração direta e indireta20.

No ano de 1974, com o fim do período de expansão econômica e iniciada a abertura política lenta e gradual, novos atores surgem no cenário político: movimento sindical, profissionais e intelectuais da saúde, entre outros, os quais formulam questionamentos a respeito da política social e das demais políticas governamentais. Esta época pode ser definida como o início do movimento contra-hegemônico, que nos anos 80, viria se conformar como o projeto da Reforma Sanitária Brasileira.

Em todo o País surgem movimentos de trabalhadores de saúde. São criados os Centros Brasileiros de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participam do processo de sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em vigor. Acontecem também os primeiros encontros de Secretários de Saúde, alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde20.

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dos movimentos oposicionistas e de divisões internas nas forças que apoiavam o regime.

A crise ideológica caracteriza-se pela necessidade de reestruturação e ampliação dos serviços de saúde. Inspirados pelas experiências anteriormente relatadas e pela repercussão interna da Conferência de Alma-Ata, onde os países participantes reconhecem a atenção primária e a participação comunitária como estratégias para a conquista da meta ¨Saúde para todos no ano de 2000¨.

A crise político-institucional é marcada pela criação do Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP), em 1981, com o objetivo de operar sobre a organização e o aperfeiçoamento da assistência médica, sugerir critérios de alocação de recursos previdenciários para este fim, recomendar políticas de financiamento e de assistência à saúde, analisar e avaliar a operação e o controle da Secretaria de Assistência Médica da Previdência Social20.

Tais ações fizeram eclodir a VIII Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986 em Brasília e a partir de então deu início Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). O SUDS foi idealizado enquanto estratégia de transição em direção ao Sistema Único de Saúde (SUS), propunha a transferência dos serviços do INAMPS para os estados e municípios e dessa forma pode ser percebido como uma estadualização dos serviços.

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¨resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar desigualdades nos níveis de vida.¨Este documento serviu de base para as negociações na Assembléia Nacional Constituinte, que se reuniria mais tarde. (CUNHA & CUNHA, 1998).

Enquanto resultante dos embates e das diferentes propostas em relação ao setor de saúde presentes na Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição Federal de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado.

2.5 PRINCÍPIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS):

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS:

UNIVERSALIZAÇÃO:

Diz respeito ao direito de acesso que todos, indistintamente, têm aos serviços de saúde. Apesar de todas as pessoas terem direito nem todas são iguais e por isso necessitam de atenções distintas.

EQÜIDADE:

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distintas. A eqüidade é sinônimo de tratar desigualmente os desiguais. É um princípio de justiça social21.

INTEGRALIDADE:

É a visão transdisciplinar do usuário. Esse princípio considera a pessoa como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Pressupõe interações entre saúde, política, cultura, emprego, moradia, lazer, sexualidade e bem.

PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS:

REGIONALIZAÇÃO E A HIERARQUIZAÇÃO:

Com esse princípio se propõe uma organização dos serviços de saúde em vários níveis, delimitados em uma área circunscrita geograficamente. Esses serviços são elaborados a partir de um diagnóstico epidemiológico e com definição e conhecimento da clientela.

DESCENTRALIZAÇÃO E O COMANDO ÚNICO:

Com esse princípio é proposta a redistribuição dos poderes e responsabilidades entre os três níveis do governo e, nos garante um maior poder de fiscalização quanto aos cumprimentos dos serviços em saúde. A responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até os municípios, que de fato conhecem ¨in locus¨ as realidades e necessidades dos usuários.

PARTICIPAÇÃO POPULAR:

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Para tal, os Conselhos e as Conferências de Saúde são organizados, e tem função de formular estratégias de controlo e avaliação das execuções em saúde.

2.6 FISIOTERAPIA: DA DEFINIÇÃO A ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional e da cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais23.

Para tal finalidade, o profissional fisioterapeuta utiliza-se de conhecimentos e recursos próprios e baseando-se nas condições físicas do paciente, busca promover, aperfeiçoar ou adaptar a qualidade de vida do indivíduo. Entre os recursos terapêuticos ao alcance do Fisioterapeuta, destacam-se os meios físicos, tais como frio (crioterapia), calor (termoterapia), eletricidade (eletroterapia), exercício (cinesioterapia) e radiação (fototerapia), além das propriedades da água (hidroterapia) e aparelhos mecânicos (mecanoterapia), e outros decorrentes da evolução e produção desta área.

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Com finalidade curativa e reabilitacional, o Fisioterapeuta atua em diversas áreas de especialidades, de forma a promover a integração do indivíduo na sociedade, restaurando a função adequada ao potencial do paciente.

A denominação FISIOTERAPIA parece, a princípio, causar confusões a cerca do objeto de trabalho desse profissional e limitar a atuação desse mesmo no cerne da terapêutica.

Na Fisioterapia o problema da clareza sobre o objeto de trabalho acentua-se: há uma absoluta atenção à doença1. A atenção e dedicação dos profissionais

de fisioterapia são orientadas para as diferentes modalidades de terapia em relação a alguns aspectos das doenças orgânicas.

Parece que as possibilidades de trabalho da profissão se esgotam nas perspectivas de recuperar as condições de saúde para níveis anteriores a um episódio de doença, ou de reabilitar um organismo auxiliando-o a ser capaz de fazer, de outras formas, o que já fazia antes, ou de minimizar o sofrimento quando nem reabilitar for possível.

O próprio nome da profissão já evidencia a seleção feita em relação ao que se considera objeto de trabalho nesse campo. Fisio - “Terapia” em princípio, pelo menos, exclui algumas modalidades de atuação profissional. Por exemplo: prevenção, manutenção de boas condições de saúde e a promoção da qualidade de vida.

A origem Histórica da Fisioterapia enfatizou e dirigiu as definições do campo profissional para atividades recuperativas, reabilitadoras ou atenuadoras quando um organismo não se encontra saudável.

(33)

existentes na época fez com que a atuação profissional fosse voltada a atenuar o sofrimento e reabilitar organismos lesados.

Sabe-se que o que outrora se caracterizava como atuação desse profissional não mais se justifica nos atuais dias.

No Brasil, o início da Fisioterapia se implantou como possibilidade de solução para os altos índices de acidentes de trabalho existentes1. Também aqui era preciso curar e/ou reabilitar as vítimas desses acidentes para reintegrá–las no sistema produtivo ou, pelo menos, atenuar seus sofrimentos quando não fosse possível reabilitá–las ou recuperar suas condições anteriores de saúde.

Só essa origem e a direção em que se desenvolveu o exercício da Fisioterapia no País já tornaram pouco provável que a profissão fosse além do tratamento de distúrbios de postura e de movimento, através de terapia. Atenuar sofrimento, recuperar condições de saúde “perdidas” e reabilitar o indivíduo para a realização de certas atividades são as três grandes categorias de atividade profissional que se implantaram e permaneceram como “definição” de atuação profissional em Fisioterapia.

A Fisioterapia, fazendo parte da chamada “área da Saúde”, sofreu oscilações no decorrer da história. Teve os seus recursos e suas diversas formas de atuação voltadas quase exclusivamente para o atendimento ao indivíduo doente. A assistência à saúde é feita, nesse sentido, quando essa se encontra em seus piores níveis, para reabilitar condições que o organismo perdeu. A própria denominação das formas de atuação da Fisioterapia já evidencia isso tanto quanto a própria composição do nome da profissão (FISIO-TERAPEUTIKÓS): a atuação terapêutica através do movimento (cinesioterapia); atuação terapêutica através da eletricidade (eletroterapia); através do calor (termoterapia); do frio (crioterapia); da massagem (massoterapia), entre outros.

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lesados. Significa executar um trabalho cujo objetivo maior é propiciar um estado de condições de saúde que permita um elevado grau de conforto e segurança à população. Para isso, se faz necessário a promoção de saúde e prevenção de doenças, além da assistência curativa e reabilitadora.

Para se fazer verdadeiramente Fisioterapia é necessário que os profissionais fisioterapeutas entendam que a interligação do indivíduo com o universo que o cerca é fundamental.

É sabido que a população brasileira tem um acesso limitado aos serviços de saúde; é o caso das populações que residem nas periferias, nas zonas rurais e no interior de vários estados que são banhados pela pobreza e desnutrição; tal população fica exposta às enfermidades, na grande maioria das vezes, tal exposição se dá pela ignorância a respeito dos fatores patológicos causais, bem como das medidas preventivas e do desconhecimento de que diversos profissionais de saúde podem contribuir a esse nível, como é o caso da Fisioterapia, que em muito pode contribuir para a prevenção e a socialização da saúde.

A questão saúde no Brasil desenvolve-se numa política onde a concentração dos recursos está voltada para a assistência médica curativa, individualizada e voltada para os assalariados urbanos, enquanto que o restante da população fica entregue aos poucos recursos do Ministério da Saúde e dos Serviços Públicos Estaduais, Municipais e Institucionais, aos quais incube a chamada Saúde Pública2.

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A concentração de recursos, bem como a heterogeneidade dos benefícios médico-assistenciais no interior do sistema previdenciário acompanha, sem dúvida, as exigências sociais de natureza econômica e política, de assistência às áreas mais industrializadas nos grandes centros urbanos; assim como na questão de ordem profissional, e concentra a maior parte de seus recursos para atender as necessidades da classe médica, ficando as demais classes profissionais da saúde em um estágio de menor atenção e atuação.

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3 MÉTODO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

3.1.1 Método

Trata-se de um estudo do tipo observacional; pois para a realização de tal pesquisa não houve, necessidade de entrar em contacto com os usuários e/ou prestadores desses serviços. Trata-se de uma análise puramente documental, a qual forneceu subsídios para a feitura de críticas sempre com o norte transdisciplinar e humanizador.

3.3.2 Amostra

A amostra foi do tipo causal simples para análises documentais semi-estruturadas, pela qual foram pesquisadas 12 (doze) fichas de registros emitidas pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte.

O estudo foi realizado no Estado do Rio Grande do Norte, localizado na região Nordeste do Brasileiro. Os dados foram obtidos a partir de fontes públicas junto a Secretaria de Saúde desse Estado, as quais versam sobre sessões de fisioterapia desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde nas diversas regiões geopolíticas do Estado.

3.3.3 Procedimentos

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Foram realizadas a seleção, o levantamento, a organização e a análise de dados secundários de produção dos atendimentos ambulatoriais de Fisioterapia com base na fonte de dados do SIA-SUS. O levantamento cobriu a produção da totalidade da rede ambulatorial existente no Estado do Rio Grande do Norte no ano de 2004; verificou-se a existência de unidades de saúde a prestar assistência fisioterapêutica pelo Sistema Único de Saúde do Estado, classificadas em: serviços públicos federais, seviços públicos estaduais, púbicos municipais, privados com fins lucrativos, privados optante pelo simples e privados sem fins lucartivos.

Os procedimentos selecionados para análise consistem de todos os procedimentos Fisioterapêuticos, inseridos na “Tabela do SUS” e que já foram informados e aprovados pelas unidades prestadoras de serviço ao SIA-SUS.

Os procedimentos Fisioterapêuticos foram agrupados nas seguintes categorias: 1) Procedimentos terapêuticos, 2) Procedimentos reabilitacionais e 3) Procedimentos preventivos; Dessas categorias, as de número 1 e 2 congregam procedimentos fisioterapêuticos de complexidade e incorporação tecnológica; o procedimento de número 3 congrega promoção da saúde e de prevenção.

Ao se organizar os procedimentos por nível de atenção (preventivo) e por complexidade (terapêuticos e reabilitação), pretende-se caracterizar o modelo de atenção em saúde desenvolvido pela Fisioterapia no Estado do Rio Grande do Norte.

3.3.4 Hipótese

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4 RESULTADOS

4.1 AÇÕES DA FISIOTERAPIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO

RIO GRANDE DO NORTE.

Os valores abaixo citados são relativos à Produção Ambulatorial do SUS – Rio Grande do Norte no ano de 2004. A produção foi dividida em duas tabelas, uma para o 1º semestre do ano em estudo e outra para o 2º semestre do referido ano.

A tabela I apresenta, respectivamente, as patologias tratadas pela Fisioterapia no primeiro semestre do ano de 2004 e o número de sessões fisioterápicas.

TABELA I: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/ Fisioterapia Período: Janeiro a Junho de 2004.

PROCEDIMENTOS QuantidadeAprovada

Alterações motoras 15.838

Alterações sensitivas 4.366

Ataxias 1.245

Miopatias 573

Paralisia cerebral/retardo desenvolvimento motor 7.884

Paresias 14.921

Parkinson 585

Plegias 10.401

Processos distróficos 721

Disfunções decorrentes de distúrbios circulatório/artério/venoso 1.751 Assistência respiratória pré e pós-operatória 548 Reeducação ventilatória doenças pulmonares 3.436 Alterações do eixo da coluna vertebral 10.130 Disfunções decorrentes amputação membro 729 Disfunções decorrentes de contusões 6.735 Disfunções decorrentes de entorses 7.372 Doença origem reumática membro/coluna vertebral 66.377 Doença tendinosa/muscular por lesões ligamentares 20.692 Recuperação funcional pós-cirúrgica e pós-imobilização 34.510 Seqüela traumatismos torácicos/abdominais 3.682 Pacientes com doença isquêmica do coração 182

TOTAL 212.678

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Como pode ser observado há somente registros de atendimentos voltados para a reabilitação, não sendo observado, no primeiro semestre do referido ano, qualquer intervenção fisioterapêutica de forma preventiva.

A referida tabela mostra-nos que o modelo de atenção fisioterápica desenvolvida pelo Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte parece ser centrado na relação queixa/paciente.

TABELA II: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/Fisioterapia Período: Julho a Dezembro de 2004

PROCEDIMENTOS

Quantidade Aprovada

Alterações Motoras 16.330

Alterações Sensitivas 9.197

Ataxias 1.670

Miopatias 826

Paralisia Cerebral/retardo Desenvolvimento motor 8.709

Paresias 14.911

Parkinson 714

Plegias 11.905

Processos distróficos 851

Disfunções decorrentes de distúrbios circulatórios /artério/venoso 3.452 Assistência respiratória pré e pós-operatória 1.072 Reeducação ventilatória doenças pulmonares 3.956 Alterações do eixo da coluna vertebral 13.646 Disfunções decorrentes amputação de membros 1.154 Disfunções decorrentes de contusões 7.718 Disfunções decorrentes de entorses 9.356 Doença origem reumática membro /coluna vertebral 83.483 Doença tendinosa/muscular por lesões ligamentares 28.287 Recuperação funcional pós-cirurgia / pós-imobilização 41.691 Seqüela traumatismos torácicos/abdominais 3.133 Pacientes com doença isquêmica do coração 394 Pré/pós-cirurgia cardíaca/transplante órgãos 46

TOTAL 262.501

FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO NORTE/2004.

A tabela II apresenta, respectivamente, as patologias tratadas pela Fisioterapia no Estado do Rio Grande do Norte pelo Sistema Único de Saúde, bem como o número de sessões realizadas no segundo semestre de 2004.

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4 DISCUSSÃO

Na produção ambulatorial da Fisioterapia do Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte no ano de 2004 é possível observar que há um nítido destaque para as intervenções voltadas para o tratamento das doenças de origens reumáticas e coluna vertebral, seguido de sessões de fisioterapia para recuperação funcional pós-cirúrgica e pós-mobilização.

Observa-se uma práxis fisioterapêutica com ênfase voltada eminentemente à assistência curativa, onde a preocupação tem sido muito mais voltada para ações que são executadas após a doença manifestada.

Tal fato evidencia que a Fisioterapia no SUS no Estado do Rio Grande do Norte prioriza o atendimento individualizado, está centrada no modelo da doença, com o olhar voltado para a atenção secundária e terciária; apesar do fato de que a inserção da Fisioterapia na saúde coletiva e no Programa Saúde da Família ser amplamente discutido.

Esse episódio coaduna com a literatura, onde se pode observar que o profissional de fisioterapia vem desenvolvendo suas ações voltadas para a atenção curativa e reabilitadora4, com um papel de pouco destaque na atenção primária; porém o profissional de Fisioterapia tem como dever a promoção da saúde da população1.

É possível supor que esse modelo de atenção em Saúde, por parte da Fisioterapia, seja proveniente da origem histórica dessa profissão no País, das diversas políticas de saúde realizadas nos últimos anos, além do tipo de trabalho executado pelos profissionais fisioterapeutas.

(41)

O processo de mudança de foco da atuação da Fisioterapia é uma construção coletiva, e a atenção primária em saúde é um espaço de experimentação dessa construção, uma vez que a partir da interação com população, comunidades reflexões surgirão e poderão despontar novos caminhos e novas possibilidades para que a Fisioterapia contribua com o enfrentamento dos problemas de saúde das comunidades, no sentido de uma mudança na concepção de saúde e na perspectiva de atuação profissional.

Quanto ao cuidado digno da dor e do sofrimento humanos, o Sistema de Saúde brasileiro ainda se encontra numa fase rudimentar26. Há muito que se fazer em termos de operacionalização de políticas públicas relacionadas com a questão, bem como intervir no aparelho formador de profissionais para criar uma nova cultura.

Atento ao foco deste trabalho, que é o estudo, sob a óptica da transdisciplinaridade e humanização, das ações Fisioterápicas desenvolvidas SUS, no ano de 2004, no Estado do Rio Grande do Norte, é possível observar que a prática da atuação desse profissional tem se centralizado nas ações curativas, reabilitadoras e individualizadora do Homem. O tratamento a ele ofertado é centrado no modelo da doença. O que se pode observar é uma ênfase voltada para a assistência após doenças manifestadas; essa característica pode contribuir para a incidência de problemas de saúde, pois a visão preventiva é incipiente.

No material coletado, foi possível perceber a existência de um foco de atuações da Fisioterapia no SUS, voltadas para a prática fundamentada no modelo biomédico. Tais atuações, como podem ser observadas nas tabelas construídas a partir de dados coletados, são voltadas para a questão doença/reabilitação, com maior destaque para os distúrbios motores de origem nervosa e problemas relacionados à coluna vertebral.

(42)

Norte, não se observam registros, para o corrente ano, de ações voltadas para a educação, prevenção e promoção da saúde.

Seguem os códigos: Código 0401103 refere-se à atividade coletiva de educação em Saúde por profissionais de nível superior; código 04012101-1 menciona atividade educativa com grupos na comunidade; 0401204-6 refere-se à atenção básica para profissionais de nível superior em saúde27.

Tal observação é preocupante e sugere questionamentos quanto à possibilidade desses profissionais e dessa profissão estarem alimentando, despercebidamente, o sistema medicocêntrico, assim como de empobrecimento contínuo da população no tocante ao auto cuidado com a saúde.

A prática terapêutica centrada no indivíduo nos conduz a um outro aspecto importante; parece que a visão do todo, humanística que transcende o corporal e passa do individual para o coletivo, não faz parte da práxis fisioterápica no Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte. Fato sugestivo de pesquisas futuras em âmbito nacional.

Parece que a maneira de conceber a reabilitação e a fisioterapia pelo Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte fere o princípio da integralidade; que é o princípio que garante ao cidadão o direito de ser assistido desde a prevenção de doenças até o mais difícil atendimento de uma patologia28.

É preciso salientar que o problema não é a técnica e sim o conjunto. Deve-se questionar como esDeve-se profissional distribui suas atividades; quais os recursos de que ele dispõe em seu arsenal de métodos; qual o conhecimento teórico-filosófico, político-ideológico deste profissional; qual o papel das Universidades na formação do profissional fisioterapeuta e qual a história de vida dos profissionais fisioterapeutas do estado (Anexo artigo1).

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Pode até parecer utópico uma Fisioterapia em nível de consciência máximo que, simultaneamente, trabalhasse com os dados objetivos do Homem e tivesse uma atuação no social de forma participativa. A segmentação parece ser inevitável.

Entretanto, cada um em sua área poderá exercer uma prática a partir de uma compreensão de realidade newtoniano-cartesiana ou a partir de uma compreensão sistêmico-interconexa em que coloque a sua área particular de atuação, que não é só sua, em rede de interações, conectada, influenciando e sendo conscientemente influenciada. Uma prática aberta à criatividade e à transformação, assim como nos parece ser a essência do Homem (Anexo artigo1 e 2).

A partir desse estudo pode-se inferir que a possível meta-contribuição deste trabalho tenha sido possibilitar percepções cada vez menos segmentadas da realidade e do saber em Fisioterapia, com um estímulo a um pensar-agir mais contextualizado, que leve em consideração pandependência mútua na preservação e a manutenção da saúde.

Tendo-se como base uma observação analítica da prática da Fisioterapia no SUS no estado do Rio Grande do Norte pode-se concluir:

i) A prática da Fisioterapia no SUS no Rio Grande do Norte ainda é centrada no modelo saúde x doença;

ii) A ação da Fisioterapia caracteriza-se pelas práticas reabilitadoras e curativas;

iii) A prática da Fisioterapia no SUS no Estado do Rio Grande do Norte é fundamenta no modelo biomédico;

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(45)

6.1 ANEXAÇÃO DOS ARTIGOS

Artigo 1 - Afetividade x Efetividade: Fenômenos da Fisioglobalização

Periódico: Revista Brasileira de Epidemiologia

Status da Publicação: Prelo

Qualis: Nacional A

Artigo 2 – Reabilitação: Ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Norte.

Periódico: Revista Fisioterapia Brasil

Status da Publicação: Prelo

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AFETIVIDADE X EFETIVIDADE: FENÔMENOS DA FISIOGLOBALIZAÇÃO AFFECTIVITY X EFFECTIVENESS : PHENOMENA OF THE GLOBALIZATION

GERALDO MAGELLA TEIXEIRA; Profª Drª EULÁLIA MARIA CHAVES MAIA. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/PPGCSa – Natal/RN – Brasil magellafisio@yahoo.com.br

RESUMO

O modelo educacional de formação superior, inclusive o modelo que forma profissionais fisioterapeutas, contém ‘grades’ curriculares que ensina a observar o objeto saúde separado de seu contexto e, por conseguinte ensina a separar, fragmentar o Homem. Essa separação tolhe a capacidade de observar o ‘complexus’, isto é, aquilo que está tecido em conjunto, e centraliza o processo saúde/doença no doente. Esse modelo de formação disjunto apreendido, aliado ao crescente número de faculdades de Fisioterapia no Brasil, parece exigir do Fisioterapeuta, em prol da empregabilidade, uma busca constante pela eficiência em detrimento da afetividade e da humanização do atendimento.

Palavras-chave: Fisioterapia, humanização, Globalização.

ABSTRACT

The educational model of superior formation, also the model that makes physiotherapists, it contains CV that teaches to observe the object “health” and separating Health of its context and, therefore teaching to fragmentize the Man. This separation hinders the capacity to observe 'complexus ' , they can’t see the whole person , just by parts , so this model of observation leads to centralize the process healthiness/sickness in the sick person. This model of formation added to the increasing number of colleges of Physiotherapy in Brazil, it seems to demand of the Physiotherapists , afraid of losing their jobs , a constant search for the efficiency in detriment of the affectivity and humanization in the attendance.

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INTRODUÇÃO

A Fisioterapia, ao longo de sua história, tem direcionado o seu foco de trabalho para as atividades curativas e/ou reabilitadoras (Sampaio, 2002). Tal fato se deve ao surgimento dessa profissão para atender as necessidades das grandes guerras mundiais.

De acordo com Barros (2002), a fisioterapia vem, nos últimos anos, apresentando um intenso crescimento; mas, parece, que tal crescimento tem acontecido de forma desorganizada, e sendo assim, pode ser pernicioso; sobretudo, se os profissionais fisioterapeutas perderem de vista o norte humanizador que dirige essa profissão.

É preocupante que esse crescimento, aliado ao fenômeno da globalização, que segundo Santos (2002) são as interações e intensificações econômicas, sociais, políticas e culturais; que em Fisioterapia, prefiro chamar de Fisioglobalização, faça com que os Fisioterapeutas tenham uma visão puramente capitalista e cartesiana do corpo e sua relação com a mais valia e o modo de produção; visão essa que culminará, por conseguinte, na fragmentação do Homem em um ser apenas biomecânico, capacitado ou não a realizar movimentos.

Historicamente, a fisioterapia é oriunda da medicina e a visão medicocêntrica e cartesiana que se tem do corpo ainda é muito enraizada. A fisioterapia mantém este tipo de pensamento até os dias atuais e parece que as universidades têm forte participação na construção dessa visão; de acordo com Carvalho (1999) há falhas na formação do fisioterapeuta quando se observa a falta de preocupação com a reintegração social do paciente, para com a preocupação mercadológica com o trabalho. Com raras exceções, as Universidades brasileiras são qualificadas como indiferentes às preocupações da comunidade (Targino, 1997).

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(trabalhada) peça a peça; estudadas do ponto de vista da biologia molecular e que pode limitar o papel dos profissionais da saúde em apenas intervir e consertar o mecanismo enguiçado (Capra, 1992).

O caráter determinante do modelo de desenvolvimento da Biologia aplica-se as demais profissões da saúde, aplica-servindo também de referência para a Fisioterapia, que representa o objeto desse texto.

Vive-se a era da franca expansão do saber em Fisioterapia; constantemente a mídia televisiva e/ou escrita divulga a Fisioterapia, divulgação essa muitas vezes de forma equivocada e desvinculada da realidade. Num mundo globalizado essa divulgação acontece de forma rápida.

A Fisioglobalização é sem dúvida de magna importância para o desenvolvimento, reconhecimento e crescimento da profissão, mas parece, trazer, de forma ideológica, em seu bojo uma armadilha de um sistema dogmático, totalitário e dicotomizador.

Como conseqüência da Fisioglobalização observa-se um crescente grupo de adolescentes que pretendem abraçar essa profissão e, em razão desse pungente desejo vêm crescendo também, de forma, assustadoramente, rápida, ao longo dos anos, o número de Instituições de Ensino Superior (IES) que se oferecem para formar futuros Profissionais Fisioterapeutas.

Dessa forma é precioso entender que o espaço do ensino superior é o lugar próprio de construção do saber e da educação que surge como trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos ideais de paz, liberdade e de justiça social (Delors, 2000).

De acordo com Rocha (2002), a maioria dos cursos de fisioterapia tem abordado o doente através de aparelhos altamente sofisticados que tentam consertar partes do corpo com protocolos fechados de exercícios físicos; e sendo assim, parece prudente a abertura de espaço para discutir fisioterapia e saúde como envolvimento social.

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de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.

De acordo com Galheigo (1999), a dificuldade ou o problema de lidar com pensamento complexo se manifesta na Universidade a partir da forma em que se organizam seus departamentos e de como estes lidam com problemas da coletividade.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, tendo como base todo o território brasileiro, com vistas a demonstrar a evolução de aberturas de cursos de fisioterapia no Brasil desde 1969 até os dias atuais, bem como o papel das IES na formação de fisioterapeutas.

Por se tratar de um estudo que visa apresentar e entender, de forma crítica, o comportamento da abertura de escolas de fisioterapia ao longo da história no Brasil, o tema fora estudado mediante uma pesquisa quantitativa e qualitativa; pois de acordo com Bauer et al. (2002) não há, por meios de análises documentais, possibilidade de quantificar sem qualificar.

As hipóteses surgiram a partir da franca expansão das escolas de Fisioterapia em todo o País e a possível carnavalização dessa profissão em busca da eficiência a todo custo, como meio de garantia de empregabilidade.

O texto foi desenvolvido à luz da transdisciplinaridade e humanização da saúde e pretende abrir uma discussão sobre o exercício do profissional de fisioterapia em decorrência do fenômeno globalização.

(50)

RESULTADOS

Evlução quantitativa das Escolas de Fisioterapia no Brasil

1969

1981 1984

1998 2004

2005

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

6 20 22 115 243 376

Número de Faculdades

Ano

De acordo com Sanches (1984), havia no Brasil, em 1969, ano do reconhecimento da profissão, apenas seis escolas de reabilitação para a formação de fisioterapeutas, entre os anos de 1969 a 1981 houve um aumento para vinte escolas.

Nos anos seguintes novos curso são abertos; Segundo Rebelatto et al.

(1999), no ano de 1984 o número de cursos de graduação em fisioterapia era de 22, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Paraná.

Em 1998, o Brasil possuía 115 cursos de fisioterapia (Ferraz, 1999). No ano de 2004, havia, de acordo com guia do estudante (2004), 279 cursos de graduação em Fisioterapia.

Em 2005, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), o Brasil possui 376 Instituições de Ensino Superior (IES) que formam profissionais fisioterapeutas.

Ao longo de sua história a fisioterapia tem crescido e se estabelece ainda mais no cenário nacional; mas parece que tal crescimento tem acontecido de forma desordenada.

(51)

O aumento quantitativo e desordenado de várias Instituições de Ensino Superior (IES) em Fisioterapia é preocupante; mas a preocupação deve residir, com maior ênfase, na qualidade da formação e modelo educacional ofertado aos nossos jovens, futuros fisioterapeutas.

Preocupante também é a influência ideológica da mídia na tomada de decisões por partes dos jovens que pretendem cursar essas Faculdades. Parece que tais escolhas sofrem influências de um momento histórico neoliberal, globalizador. Não se trata de uma decisão vocacional; vocacional no sentido sacrossanto da verne ‘vocare’,isto é chamar; que se segundo Toscano (1999) é a sensação prazerosa de ser chamado, de fazer parte da escolha dos escolhidos.

O número crescente de qualquer profissional, e não é menos diferente com a fisioterapia, o efeito da globalização e a própria necessidade e exigência do mercado fazem suscitar a necessidade da emergência de profissionais reconhecidos e destacados pela efetividade, e isso se consegue com as inúmeras especializações e avanços tecnológicos. O relato de Santos (2001), diz que o avanço tecnológico trouxe consigo a despersonalização da assistência, onde as pessoas são tratadas mecanicamente, como se não fossem seres humanos.

A pulverização de escolas de fisioterapia no Brasil e a tecnificação dos serviços faz com que, por um lado haja uma divulgação da profissão, mas por outro uma redução na credibilidade devotada no profissional.

Com a tecnificação a população confia mais na tecnologia, no aparelho, do que no profissional e considera como indiscutíveis as informações fornecidas pelos equipamentos e depreciam as avaliações pessoais do profissional. Na mesma proporção em que a tecnologia cresce em importância, decresce o prestígio profissional (Siqueira, 2002).

Segundo Casate et al. (2005), o desenvolvimento tecnológico vem dificultando as relações humanas, tornando-as frias, objetivas, individualista e calculista.

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Ela não tem espaço no mundo globalizado e nem valor de mercado no modo de produção capitalista e, portanto, pode ser descartada, desprezada, injuriada, ignorada, esquecida e até desprezada. Esse desprezo da afetividade não é, afinal de contas, senão o desprezo pelo ser Humano, transformado em objeto comercial. Segundo Minayo (1992), quando ocorre a morte da afetividade necessariamente ocorre a morte do Homem.

CONCLUSÃO

Esse artigo não se opõe, de modo algum, à eficiência e a incessante busca pelo saber e nem ao crescimento da profissão do fisioterapeuta; opõe-se à busca pelo saber fragmentado, que divide e cega.

Em seu sentido mais abrangente, a Saúde é o resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (Boff, 2002).

É claro que a busca pela eficiência é responsável pela evolução de qualquer profissão, mas é necessário e urgente que a Fisioterapia evolua fazendo religações dos saberes que vêem o Homem na sua dimensão material, biológica, social, cultural, espiritual e cósmica. É preciso desenvolver, mas sem perder a veneração, o respeito, a piedade, o amor, a compaixão para com todos os seres, para com a vida, para com a terra e o homem.

Dessa forma os Fisioterapeutas devem desenvolver a capacidade cada vez maior de equilibrar a afetividade e a efetividade. Se assim não for, mesmo com toda a evolução pela qual passa essa profissão, dificilmente se alcançará o devido reconhecimento de fato e de direito. Reconhecimento merecido pelas lutas e vitórias ao longo de sua história.

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respeitada. É preciso ser profissionais da saúde e não da doença. É preciso ensinar aos futuros Fisioterapeutas o que é saúde em sua complexidade.

Parece que é hora das Instituições de Ensino Superior ensinar a religar o saber truncado que separa o indivíduo e o isola do meio em que vive, abandonando o binômio doença e tratamento por saúde e prevenção.

Não é só com a preocupação com a eficiência que se prepara para trabalhar com saúde; é procurando traduzir em gestos concretos o valor da pessoa humana que estaremos preparados para cuidar da vida, com humanismo e competência técnico-científica. E nesse sentido o papel das universidades brasileiras é mister.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Barros, Fábio Batalha Monteiro. ‘Globalização em fisioterapia. O caso do mercosul’. Em Barros, Fábio Batalha Monteiro (org.). O fisioterapeuta na saúde da população. Rio de Janeiro, Fisiobrasil, pp. 163-168. 2002

Bauer, Martin W., Gaskel, George. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som. Manual Prático. Rio de Janeiro: Vozes. 2002.

Boff, Leonardo. O Despertar da Águia: O Dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade. 17a edição. Petrópolis-RJ: Vozes, 2002

Capra, Fritjof. O Ponto de mutação. São Paulo: Cultrix. 1992.

(54)

Ferraz, N.M.S. Graduação em fisioterapia, p. 2. 1999. Disponível em:

http://www.fisiobrasil.com.br/arquivos/graduaçao.zip>. Acesso em: janeiro de 2005

Galheigo, Maria Sandra. ‘A transdisciplinaridade enquanto princípio e realidade das ações de saúde’. Revista Terapia Ocupacional Universidade São Paulo, v.10, n.2/3, mai./dez. 1999

Guia do estudante. São Paulo: editora abril. 2004

INEP – Censo da Educação Superior. Disponível em:

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TABELA II: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/Fisioterapia
TABELA I: Produção ambulatorial (SUS) Rio Grande do Norte/ Fisioterapia –
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