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Inquérito entomológico e infectividade durante epidemia de malária no município de Anajás, Estado do Pará.

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Academic year: 2017

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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 8 ( 2 ) :2 0 2 -2 0 4 , mar-abr, 2 0 0 5

Inquérito entomológico e infectividade durante epidemia

de malária no município de Anajás, Estado do Pará

Entomological survey and infectivity during malaria outbreak

in the Anajás municipality, Pará State

Roseli La Corte dos Santos

1,2

, Izis Mônica Carvalho Sucupira

3

, Raimundo Nonato

da Luz Lacerda

3

, Arnaldo da Silva Fayal

4

e Marinete Marins Póvoa

3

RESUMO

In q u é ri to e n to m o ló gi c o tra n sve rsa l f o i c o n d u zi d o n a á re a u rb a n a n o Mu n i c í p i o d e An a já s/PA, p a ra ve ri f i c a r o ri sc o d e tra n sm i ssã o m a lá ri c a . Em b o ra a d e n si d a d e d e Ano phe le s te n h a si d o b a i x a , a ta x a d e i n f e c ti vi d a d e d e 6 % e o e n c o n tro d e e sp é c i m e s p o si ti vo s e m to d o s o s b a i rro s i n d i c a m a lto ri sc o d e c o n tra i r a d o e n ç a .

Pal avr as-chave s: Ano pheles dar lingi. In f e c ti vi d a d e . Ma lá ri a . An a já s. Am a zô n i a .

ABSTRACT

An e n to m o lo gi c a l su rve y wa s c o n d u c te d i n th e u rb a n a re a o f An a já s m u n i c i p a li ty, Pa rá Sta te , i n o rd e r to ve ri f y th e ri sk o f m a la ri a tra n sm i ssi o n . Alth o u gh th e d e n si ty o f Ano phe le s sp e c i e s w a s lo w, th e a n o p h e li n e i n f e c ti vi ty ra te o f 6 % d e m o n stra te d th e re i s a h i gh ri sk o f i n f e c ti o n b y th e m a la ri a p a ra si te s.

Ke y-words:Ano pheles dar lingi. In f e c ti vi ty. Ma la ri a . An a ja s. Am a zo n .

1 . Se c r e tar ia de Vigilânc ia e m Saúde , B r asília, DF. 2 . Núc le o de Pe sq uisa Taxo nô mic a e Siste mátic a e m Ento mo lo gia Mé dic a ( NUPTEN) da Fac uldade de Saúde Púb lic a da Unive r sidade de São Paulo , São Paulo , SP. 3 . Instituto Evandr o Chagas da Se c r e tar ia de Vigilânc ia e m Saúde , B e lé m, PA. 4 . Divisão de Ento mo lo gia da Se c r e tar ia Espe c ial de Pr o te ç ão So c ial do Estado do Par á, B e lé m, PA.

Apo io financ e ir o : Se c r e tar ia de Vigilânc ia e m Saúde ( SVS) , Instituto Evandr o Chagas/SVS e Se c r e tar ia de Saúde do Estado do Par á.

En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr a. Ro se li La Co r te do s Santo s. SEPN 5 1 1 B lo c o C - 3o

andar, 7 0 7 5 0 - 5 9 3 B r asília, DF, B r asil Te l. : 5 5 6 1 4 4 8 -8 7 7 2

E-mail: lac o r te @ saude . go v. b r, r lac o r te @ usp. b r Re c e b ido par a pub lic aç ão e m 1 0 /1 1 /2 0 0 3 Ac e ito e m 3 0 /1 1 /2 0 0 4

COMUNICAÇÃO/COMMUNICATION

Entre os Estados que c onstituem a Amazônia brasileira, o

Pará é um dos que apresenta maior morbidade por malária. Nos anos de 2 0 0 1 e 2 0 0 2 , esse estado c ontribuiu c om 4 8 % e

5 3 , 5 % do to ta l de c a so s r e gistr a do s na Am a zô nia Le ga l,

respec tivamente6. O munic ípio de Anajás ( 0 0 º9 8 ’S, 4 9 º9 3 ’W)

representa área de alto risc o para malária, c o m inc idênc ia parasitária anual em torno de 4 5 0 c asos por mil habitantes. Em

anos epidêmic os, c omo 2 0 0 1 e 2 0 0 2 , essa inc idênc ia atingiu o

patamar de 8 8 4 e 7 9 7 casos por mil habitantes, respectivamente6.

A princ ipal atividade ec onômic a do munic ípio é a extraç ão de palmito de aç aí. Anotific aç ão dos c asos de malária é realizada

na c idade de Anajás e por isso formou-se o c onc eito de que o

risc o de transmissão seria baixo na área urbana e que os c asos

lá no tific ado s se r iam de pe sso as e nvo lvidas nas atividade s

extrativistas. O presente estudo foi realizado c om o objetivo de verific ar o risc o de transmissão na área urbana do munic ípio de

Anajás, utilizando informaç ões entomológic as.

O estudo foi realizado como parte das atividades da divisão de

Entomologia da Secretaria de Estado da Saúde do Pará e conduzido durante o mês de março de 2002 na área urbana do município.

Mosquitos foram capturados com uso de aspirador manual no

momento do repasto sangüíneo, em ambiente peri domiciliar. Capturas

foram realizadas das 18 às 21 horas, em 8 pontos por dia, durante 4 dias seguidos. O total de 19 pontos foram distribuídos ao longo da

cidade. Foram realizadas capturas em mais dois dias, com 12 horas

de duração, das 18 às 6 horas da manhã, em 3 pontos diferentes, os

quais apresentaram maior rendimento nas capturas anteriores.

Mosquitos do gênero Ano phe le s foram identific ados e 3 0 % das fêmeas de An o phe le s da rli n gi, tiver am suas glândulas salivares, estômagos e ovários dissec ados. As c abeç as e tórax de

todo material, dissec ado ou não, foram submetidos a testes de

imunoadsorç ão enzimátic a ( ELISA) . Outros Culic idae foram enviados à Fac uldade de Saúde Públic a da Universidade de São

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Santo s RLC e t al

Foram c apturados 2 .8 6 4 mosquitos ( Tabela 1 ) no período

do e s tudo . Mo s q uito s do gê n e r o Cu le x fo r a m o s m a is abundantes, representando 8 2 ,7 % do total. O segundo gênero

mais abundante foi Ano phe le s ( 1 5 ,8 % ) , sendo que An. da rlingi

apresentou maior número de espéc imens.

a 2 ,7 % . Do s o vár io s disse c ado s, 5 5 ( 4 7 ,4 % ) apr e se ntavam

dilaç õ e s.

Condiç ões favoráveis à transmissão foram detec tadas na área urbana do munic ípio de Anajás. Embora a densidade de An da rlingi não tenha sido elevada, essa espéc ie esteve presente em todos os bairros da c idade. Todavia, em que pese a densidade

de mosquitos ter sido baixa, 1 ,9 mosquito/homem/hora, isso

c onsiderando a téc nic a e os pontos mais produtivos, a taxa de infec tividade de 6 % foi muito superior às verific adas em outras

áreas endêmic as2 3 5. O enc ontro de 3 mosquitos infec tados,

detec tado s pela téc nic a de dissec ç ão de glândulas salivares

c onfirma a alta infec tividade da área, uma vez que essa téc nic a é menos sensível que a de ELISA e, em geral, mesmo em áreas

endêmic as, número muito maior de mosquitos nec essita ser

dissec ado para que se detec te infec ç ão natural. Os resultados indic am também a c irc ulaç ão de Pla sm o dium m a la ria e, devido à detec ç ão dessa espéc ie em dois exemplares de mosquitos,

sendo um An da rlingi e o outro An o swa ldo i, fato já observado em outras áreas da Amazônia1. Vale ressaltar a possibilidade de partic ipaç ão sec undária de outros Ano phe le s na transmissão, princ ipalmente An. o swa ldo i, c onsiderando-se que dois dos 2 0 mosquitos testados estavam positivos.

Com relaç ão à atividade horária, notou-se maior atividade entre 2 1 e 2 4 horas e não c repusc ular c omo já registrado em outras áreas4. Além disso, An. da rlingi foi c apturado durante todas as horas da noite, c omportamento já desc rito por diversos autores7 8 9. Tadei e t a l8 estudando populaç ões de An. da rlingi da região da usina hidrelétric a de Tuc uruí no Pará, verific aram

pic o s não c r e pusc ular e s, e ntr e 2 0 e 2 2 ho r as, e atividade hematofágic a durante toda a noite, c omo no presente estudo. To davia as info rmaç õ es aqui registradas fo r am po ntuais e , Tabela 1 - Distribuição de mosquitos adultos coletados por espécie, Anajás,

PA, m arço de 2002.

Quantidade

Espécie nº %

Culex ( Melanoconion) delpontei 1 .6 2 0 5 9 ,9

Culex ( Culex) quinquefa scia tus 4 6 9 1 7 ,4

Culex ( Mela no co nio n) sp danificado 81 3 ,0

Culex ( Mela no co nio n) theo ba ldi 28 1 ,0

Culex ( Culex) Grupo Co ro na to r 24 0 ,9

Culex ( Culex) usquatus 8 0,3

Culex ( Mela no co nio n) sp. Seção Mela no co nio n 4 0 ,2

Culex ( Melanoconion) ocossa 1 0 ,0 Total parcial 2 .2 3 5 8 2 ,7

Ano pheles da rlingi 3 8 1 1 4 ,1

Ano pheles o swa ldo i 22 0 ,8

Ano pheles nunezto va ri 18 0 ,7

Ano pheles tria nnula tus 6 0 ,2

Ano pheles a lbita rsis 1 0 ,0

Anopheles intermedius 1 0 ,0 Total parcial 4 2 9 1 5 ,8 Coquilletidia venezuelensis 18 0 ,7

Ochlero ta tus sca pula ris 16 0 ,6

Ura no ta enia geo m etrica 4 0 ,2

Total parcial 38 1 ,5

Total identificado 2 .7 0 2 1 0 0 ,0

Danificados 1 6 2

Total capturado 2 .8 6 4

As capturas de 1 2 horas, embora com menor número de horas

trabalhadas ( 1 4 4 ) foi mais produtiva que as capturas de 3 horas ( 1 8 0 ) . O rendimento médio nas capturas de 1 2 horas foi de 1 ,9

mosquito/homem/hora, enquanto que nas capturas de três horas

esse valor foi de 0 ,8 mosquito/homem/hora. O pico de atividade

de An. da rlingi concentrou-se entre 2 1 e 2 4 horas ( Figura 1 ) .

Do total de anofelinos c apturados, 4 1 7 foram analisados pelo teste de ELISA sendo que 2 5 apresentaram-se positivos, taxa de

infectividade igual a 6 % ( Tabela 2 ) . Em todos os bairros da cidade

foram enc ontrados mosquitos positivos. Entre as 1 1 6 fêmeas de

An. da rlingi dissec adas, 3 apresentavam grande quantidade de e spo r o zo íto s e m sua s glâ ndula s sa liva r e s e o o c isto s no s

estômagos, sendo a taxa de infec tividade por e ssa té c nic a igual

Fi gu r a 1 - Ati vi dade hor ár i a de Ano phe le s dar lingi col e tados e m i sca hu m an a, An aj ás, PA, m ar ço de 2 0 0 2 .

Tabela 2 - Distribuição de mosquitos positivos para plasmódio, segundo espécie, Anajás, PA, março de 2002.

Espécie Pla sm o dium Pla sm o dium viva x Pla sm o dium Pla sm o dium Total

viva x variante VK2 4 7 fa lcipa rum m a la ria e TMI/TMT* ( %)

Ano pheles da rlingi 10 0 11 1 2 2 /3 7 2 ( 5 ,9 )

Ano pheles o swa ldo i 0 1 0 1 2 /2 0 ( 1 0 ,0 )

Ano pheles nunezto va ri 1 0 0 0 1 /1 8 ( 5 ,5 )

Total 11 1 11 2 2 5 /4 1 7a

( 6 ,0 ) * TMI = total de mosquitos infectados

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c o nside r a ndo a pla stic ida de intr a po pula c io na l q ue po de

o c o r r er nas po pulaç õ es de An da rli n gi9, ser ia pr ec ipitado c onc luir sobre a atividade horária dessa espéc ie em Anajás,

todavia, diante do enc ontrado, é rec omendável atentar a este

fato por oc asião do planejamento de aç ões para o c ontrole de

mosquitos adulto s.

A taxa de paridade de 4 7 ,4 % também revela que quase metade da populaç ão de mosquitos em Anajás já havia realizado

ovipostura, o que signific a mais um fator favorável à transmissão,

uma vez que as fêmeas estão sobrevivendo tempo sufic iente para

a realizaç ão do c ic lo extrínsec o do parasita, fato c onfirmado pela alta ( 6 % ) taxa de infec tividade enc ontrada.

Com base nas informaç ões entomológic as obtidas, embora

uma pessoa rec eba pouc as pic adas por noite na área urbana de

Anajás, a po pulaç ão deste munic ípio está so b alto risc o de

c ontrair a doenç a, em qualquer bairro da c idade, tendo em vista a elevada taxa de infec tividade verific ada.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradec em a A. Fernandes pela identific aç ão

dos c ulic íneos, a R. Lessa pela realizaç ão do teste ELISA e à

equipe de campo: D. Galiza Primo, A.P.H. Diniz, J.M. Nascimento,

R. N. Alm e ida, F. G. Santo s Filho , G. G. B ar b o sa, R. B . B aia,

A.O. Bandeira, P. Conc eiç ão Júnior, M. Garc ia e R.J.F Silva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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