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(1)

Quebra de Simetria e

o C´

odigo Gen´

etico

Fernando Martins Antoneli J´

unior

DISSERTAC¸ ˜AO APRESENTADA AO

INSTITUTO DE MATEM ´ATICA E ESTAT´ISTICA DA

UNIVERSIDADE DE S ˜AO PAULO PARA

OBTENC¸ ˜AO DO GRAU DE MESTRE EM

MATEM ´ATICA APLICADA

´

Area de Concentra¸c˜ao:

Matem´

atica Aplicada

Orientador:

Prof. Dr. Michael Forger

Durante a elabora¸c˜ao deste trabalho o autor recebeu apoio financeiro da CAPES

(2)
(3)

1998-Quebra de Simetria e

o C´

odigo Gen´

etico

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao final da disserta¸c˜ao devidamente corrigida e defendida por Fernando Martins Antoneli J´unior e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

S˜ao Paulo, 30 de agosto de 1998.

COMISS ˜AO JULGADORA

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O prop´osito deste trabalho ´e dar uma contribui¸c˜ao ao projeto iniciado por Hornos & Hornos que visa explicar as degenerescˆencias do c´odigo gen´etico como resultado de sucessivas quebras de simetria ocorridas durante sua evolu¸c˜ao. O modelo matem´atico usado requer a constru¸c˜ao de todas as representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao 64 das ´algebras de Lie simples (chamadas representa¸c˜oes de c´odons) e a an´alise de suas regras de ramifica¸c˜ao sob redu¸c˜ao a subalgebras. A classifica¸c˜ao de todas as possibilidades ´e baseada na classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Lie semisimples obtida por Dynkin. No presente trabalho, os resultados de Dynkin s˜ao apresentados em linguagem e nota¸c˜ao moderna e s˜ao aplicados ao problema de construir todas as poss´ıveis cadeias de subalgebras maximais das ´algebras de Lie simples

B6 = so(13) e D7 = so(14) e de identificar aquelas que reproduzem as degenerescˆencias do

c´odigo gen´etico.

Abstract

The purpose of this work is to make a contribution to the project initiated by Hornos & Hor-nos which aims at explaining the degeneracy of the genetic code as the result of a sequence of symmetry breakings that occurred during its evolution. The mathematical model employed requires the construction of all 64-dimensional irreducible representations of simple Lie alge-bras (called codon representations) and the analysis of their branching rules under reduction to subalgebras. The classification of all possibilities is based on Dynkin’s classification of the maximal subalgebras of semisimple Lie algebras. In the present work, Dynkin’s results are presented in modern language and notation and are applied to the problem of cons-tructing all possible chains of maximal subalgebras of the simple Lie algebras B6 = so(13)

and D7 =so(14) and of identifying all those that reproduce the degeneracies of the genetic

(6)
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(10)
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Ao Prof. Michael Forger, meu orientador, pelo incentivo, confian¸ca, compreens˜ao, paciˆencia. A sua experˆencia como pesquisador e professor tornou poss´ıvel a realiza¸c˜ao desta disserta¸c˜ao e contribuiu para a minha forma¸c˜ao matem´atica e cultural.

Aos meus pais, Fernando e Eideni, a quem tamb´em dedico este trabalho, pelo apoio e compreens˜ao desde que eu decidi seguir a carreia acadˆemica.

Ao Daniel, Samuel, Sidnei, Walqu´ıria, Cec´ılia, Irene, Z´e, Jorge, e Regina, colegas de p´os-gradua¸c˜ao, pela ajuda nas disciplinas e pelas horas de estudo em grupo, mas tamb´em pelas festas e momentos de descontra¸c˜ao durante estes dois anos de estudo. Ao Raul, Rodri-go, e L´ılian, colegas do tempo da gradua¸c˜ao que tamb´em ingressaram na p´os-gradua¸c˜ao, pelo apoio e companheirismo. Ao Klaus, F´atima e Karin, colegas de CPUSP, onde descarregamos na bola de volei as tens˜oes e irrita¸c˜oes do dia a dia. Aos colegas Sandro e M´ario, pela ajuda e pelas discuss˜oes sobre matem´atica, f´ısica, filosofia, biologia, etc, que foram muito ´uteis na hora de escrever esta disserta¸c˜ao.

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(13)

Introdu¸c˜ao vii

1 Subalgebras Maximais das ´

Algebras de Lie Semisimples 1

1.1 Conceitos B´asicos . . . 1 1.2 Estrutura das Subalgebras Maximais das

´

Algebras de Lie Semisimples . . . 7 1.3 Algebras de Lie Redutivas e Compactas . . . .´ 15 1.4 Classifica¸c˜ao das Subalgebras Maximais das

´

Algebras de Lie Simples . . . 23 2 Quebra de Simetrias no C´odigo Gen´etico 41

2.1 Modelo Geral de Quebra de Simetrias . . . 41 2.2 Produto Tensorial e Restri¸c˜ao de Representa¸c˜oes . . . 44 2.3 Subalgebras Maximais das ´Algebras Simples

para o C´odigo Gen´etico . . . 47 2.4 Cadeias de Subalgebras Semisimples

para o C´odigo Gen´etico . . . 62

A Cadeias Sobreviventes de B6 83

B Cadeias Sobreviventes de D7 93

(14)
(15)

1.1 Peso (1,1) da ´algebra excepcional G2. . . 4

(16)
(17)

1.1 Numera¸c˜ao das raizes simples no diagrama de Dynkin. . . 5

1.2 Algebras de Lie cl´assicas. . . .´ 25

1.3 Representa¸c˜oes de dimens˜ao m´ınima das ´algebras cl´assicas. . . 26

1.4 Subalgebras maximais redut´ıveis. . . 28

1.5 Subalgebras maximais irredut´ıveis n˜ao simples. . . 31

1.6 Subalgebras irredut´ıveis simples n˜ao maximais. . . 35

1.7 Subalgebras maximais das ´algebras de Lie excepcionais. . . 37

1.8 Espa¸cos sim´etricos riemannianos excepcionais. . . 38

2.1 Representa¸c˜oes de C´odons. . . 48

2.2 Subalgebras maximais de A2 =su(3). . . 51

2.3 Subalgebras maximais de A3 =su(4). . . 51

2.4 Subalgebras maximais de A4 =su(5). . . 51

2.5 Subalgebras maximais de A5 =su(6). . . 52

2.6 Subalgebras maximais de A6 =su(7). . . 52

2.7 Subalgebras maximais de B2 =so(5). . . 53

2.8 Subalgebras maximais de B3 =so(7). . . 53

2.9 Subalgebras maximais de B4 =so(9). . . 53

2.10 Subalgebras maximais de B5 =so(11). . . 54

2.11 Subalgebras maximais de B6 =so(13). . . 54

(18)

2.12 Subalgebras maximais de C3 =sp(6). . . 55

2.13 Subalgebras maximais de D4 =so(8). . . 56

2.14 Subalgebras maximais de D5 =so(10). . . 56

2.15 Subalgebras maximais de D6 =so(12). . . 57

2.16 Subalgebras maximais de D7 =so(14). . . 57

2.17 Subalgebras maximais de G2. . . 58

2.18 Subalgebras maximais de C32=sp(64). . . 59

2.19 Subalgebras maximais de D32=so(64). . . 60

2.20 Subalgebras maximais de A63=su(64). . . 61

2.21 Multipletos que aparecem em B6 eD7. . . 68

2.22 Cadeia 1 de D7. . . 69

2.23 Cadeia 2 de D7. . . 71

2.24 Cadeia 3 de D7. . . 74

2.25 Cadeia 4 de D7. . . 76

(19)

O prop´osito deste trabalho ´e dar uma contribui¸c˜ao ao projeto iniciado por Hornos & Hornos [22], onde ´e proposta uma nova abordagem ao problema da evolu¸c˜ao do c´odigo gen´etico. Neste trabalho, que teve grande repercuss˜ao na comunidade cient´ıfica internacional [33], [50], os autores apresentam um modelo alg´ebrico que interpreta as degenerescˆencias do c´odigo gen´etico como sendo o resultado de um processo evolutivo acompanhado por uma sequˆencia de quebras de simetria e, portanto, intimamente relacionado com a teoria dos grupos. O principal resultado deste artigo ´e que no contexo dos grupos de Lie compactos existe um grupo, juntamente com uma cadeia descendente de subgrupos fechados conexos, que chega a reproduzir as degenerescˆencias do c´odigo gen´etico: este modelo ´e baseado no grupo simpl´etico Sp(6) e inclui a hip´otese de um “congelamento” do processo de quebra no ´

ultimo passo. Mais recentemente, foi proposta uma ligeira generaliza¸c˜ao do esquema, dentro da qual surge uma nova cadeia, desta vez baseada no grupo G2 [14].

Dentro deste contexto, nosso objetivo ´e abordar a quest˜ao da sistematiza¸c˜ao da an´alise que foi feita em [22]. H´a dois aspectos que ser˜ao discutidos em cap´ıtulos separados e que a primeira vista s˜ao independentes, mas na verdade est˜ao interligados pela aplica¸c˜ao dos resultados ao modelo alg´ebrico para a evolu¸c˜ao do c´odigo gen´etico. No primeiro cap´ıtulo, apresentamos os resultados de Dynkin sobre a classifica¸c˜ao das subalgebras semisimples maximais das ´algebras de Lie semisimples [10, 11]. Estes resultados participam indiretamente da an´alise feita em [22], pois esta se baseia nas tabelas de McKay & Patera [35] que, por sua vez, foram constru´ıdas utilizando a classifica¸c˜ao de Dynkin. A inclus˜ao deste assunto se deve `a tentativa de compreender melhor a estrutura das subalgebras maximais das ´algebras de Lie semisimples, o que se mostrou um desafio devido `a dificuldade de leitura dos trabalhos originais de Dynkin. A nossa meta aqui ´e apresentar os resultados de Dynkin numa linguagem moderna e de modo a facilitar a aplica¸c˜ao em problemas concretos. N˜ao apresentamos as demonstra¸c˜oes de todos os teoremas, pois isto nos levaria muito longe, fugindo assim do objetivo principal do presente trabalho.

(20)

Um destes teoremas, por´em, tem um papel fundamental na discuss˜ao do segundo cap´ıtulo e por isto damos tamb´em a sua demonstra¸c˜ao: ele descreve a estrutura geral das subalgebras maximais das ´algebras de Lie semisimples e reduz o problema da sua classifi-ca¸c˜ao ao da classificlassifi-ca¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Liesimples. A parte do trabalho de Dynkin que apresentaremos sem demonstra¸c˜ao ´e justamente a classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Lie simples. Por fim, mostraremos que a classifica¸c˜ao das subalgebras semisimples maximais das ´algebras de Lie semisimples complexas ´e essenci-almente equivalente `a classifica¸c˜ao dos subgrupos conexos maximais (fechados) dos grupos de Lie compactos. Isto justifica a afirma¸c˜ao de que a an´alise das degenerescˆencias do c´odigo gen´etico no contexto das ´algebras de Lie semisimples ´e, em princ´ıpio, equivalente `a an´alise no contexto dos grupos de Lie compactos.

No segundo cap´ıtulo daremos uma sistematiza¸c˜ao da an´alise das cadeias descendentes de subalgebras maximais das ´algebras de Lie simples que admitem representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao 64: s˜ao estes os candidatos para um modelo alg´ebrico para a evolu¸c˜ao do c´odigo gen´etico. Esta an´alise tem por objetivo identificar aquelas cadeias que reproduzem a dege-nerescˆencia do c´odigo gen´etico. Como o n´umero de cadeias cresce muito em fun¸c˜ao do posto da ´algebra, torna-se necess´ario formular crit´erios [23] para eliminar cadeias que, por algum motivo ou outro, s˜ao incapazes de reproduzir a distribui¸c˜ao de multipletos encontrada no c´odigo gen´etico, independentemente dos eventuais passos posteriores no processo de quebra de simetrias. Em [23], tais crit´erios de elimina¸c˜ao pr´evia – ou seja, de identifica¸c˜ao de cadeias “n˜ao-sobreviventes”– foram explicitamente formulados e aplicados `as cadeias oriundas das ´algebras de Lie simples de posto baixo (menor ou igual a 3) que possuem representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao 64. No caso das ´algebras de Lie simples de posto m´edio que pos-suem representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao 64, que s˜ao B6 = so(13) e D7 = so(14), essa

simplifica¸c˜ao torna-se ainda mais importante, pois mesmo ap´os a aplica¸c˜ao dos crit´erios de elimina¸c˜ao estipulados em [23], encontramos v´arias cadeias sobreviventes, 2 paraB6 e 9 para

D7, que precisam ser analisadas at´e o fim, sendo que uma das cadeias para D7 realmente

fornece as degenerescˆencias do c´odigo gen´etico [23]. Os detalhes desta an´alise podem ser encontrados na disserta¸c˜ao de Mestrado de L. Braggion [3].

Uma das metas principais de presente trabalho ´e incluir nesta an´alise uma outra possibilidade de construir subalgebras maximais, possibilidade esta que n˜ao foi contemplada em [22] (em [23] ela j´a foi incorporada ao esquema geral) mas que ´e leg´ıtima de acordo com o teorema de estrutura das subalgebras maximais das ´algebras de Lie semisimples. Com esta extens˜ao, surgem novas cadeias, aumentando mais ainda o n´umero de cadeias a serem anali-sadas e, no caso deD7, aparecem mais 7 cadeias que realmente fornecem as degenerescˆencias

(21)

Desta forma, a implementa¸c˜ao do projeto proposto em [22] no contexto dos grupos de Lie compactos est´a completa. Por´em j´a foi observado [22] que uma an´alise da mesma natureza pode ser realizada em outros contextos, tais como: grupos finitos, grupos quˆanticos e superalgebras de Lie. Algumas destas op¸c˜oes est˜ao atualmente sob investiga¸c˜ao.

(22)
(23)

Subalgebras Maximais das

´

Algebras de Lie Semisimples

Neste cap´ıtulo, as ´algebras de Lie podem ser reais ou complexas, a menos que se mencione explicitamente o corpo base, e todas as representa¸c˜oes s˜ao de dimens˜ao finita.

1.1

Conceitos B´

asicos

Nesta se¸c˜ao daremos algumas defini¸c˜oes elementares que constam da literatura es-pecializada em ´algebras de Lie, com o intuito de uniformizar nossa terminologia.

Seh ´e uma subalgebra de uma ´algebra de Lie g e ϕ ´e um automorfismo de g ent˜ao

ϕ(h) tamb´em ´e uma subalgebra deg. Portanto, como existe uma infinidade de automorfismos em uma ´algebra de Lie, existe uma infinidade de subalgebras isomorfas entre si. ´E f´acil ver que tais subalgebras formam uma classe de equivalˆencia, e por isso basta classificar estas classes de equivalˆencia para que se tenha um classifica¸c˜ao das subalgebras.

Defini¸c˜ao 1.1.1. Seja g uma ´algebra de Lie. Sejamg1 eg2 duas subalgebras deg. Dizemos

queg1 eg2 s˜ao conjugadas emgse existe um automorfismo internoσ degtal queg1 =σ(g2).

´

E f´acil mostrar que a conjuga¸c˜ao constitui uma rela¸c˜ao de equivalˆencia no conjunto das subalgebras de uma ´algebra de Lie, e as classes de equivalˆencia correspondentes s˜ao chamadas classes de conjuga¸c˜ao de subalgebras.

As vezes ´e comum que uma subalgebra seja definida atrav´es de um homomorfis-mo, portanto precisamos formular uma no¸c˜ao an´aloga de conjuga¸c˜ao quando estamos nesta situa¸c˜ao.

(24)

Defini¸c˜ao 1.1.2. Sejam f e g duas ´algebras de Lie. Uma inclus˜ao de f em g ´e um homo-morfismo injetor ϕ :f→g de ´algebras de Lie.

´

E claro que, se ϕ ´e uma inclus˜ao de f em g, o conjunto ϕ(f) ´e uma subalgebra de g isomorfa a f. Por outro lado se f⊂ g, ent˜ao a aplica¸c˜ao identidade de g restrita a f ´e uma inclus˜ao de f em g.

Defini¸c˜ao 1.1.3. Sejam f e g duas ´algebras de Lie e ϕ, ψ : f → g duas inclus˜oes de f em

g. Dizemos que ϕ e ψ s˜ao conjugados se existe um automorfismo interno σ de g tal que

ϕ=σ◦ψ.

A proposi¸c˜ao seguinte ´e a chave para entender como se relacionam os conceitos de conjuga¸c˜ao de subalgebras e conjuga¸c˜ao de inclus˜oes.

Proposi¸c˜ao 1.1.1. Sejam g e f duas ´algebras de Lie. Sejam ϕ, ψ : f→ g duas inclus˜oes e

σ ∈Aut(g). Ent˜ao ϕ(f) = σ(ψ(f)) se e somente se ϕ =σψτ, onde τ Aut(f).

Demonstrac¸˜ao. E ´obvio que´ ϕ = σ◦ψ◦τ implica ϕ(f) = σ(ψ(f)). Reciprocamente,

suponhamos que ϕ(f) =σ(ψ(f)), como ϕ e σ◦ψ s˜ao inclus˜oes temos que:

˜

ϕ:f−→ϕ(f)

σ◦ψ˜:f−→ϕ(f)

s˜ao isomorfismos de ´algebras de Lie. Consideremos (σ◦ψ˜)−1 :ϕ(f)→fo isomorfismo inverso

a σ◦ψ˜; ent˜ao o isomorfismo de ´algebras de Lie dado por τ = (σ◦ψ˜)−1◦ϕ˜:f−→f ´e um automorfismo de fque satisfaz ϕ =σ◦ψ◦τ.

Corol´ario 1.1.1. Sejam g e f duas ´algebras de Lie e ϕ, ψ : f→g duas inclus˜oes. Se todos os automorfismos de f s˜ao internos, as subalgebras ϕ(f) e ψ(f) s˜ao conjugadas em g se e somente se as inclus˜oes ϕ e ψ s˜ao conjugadas.

Demonstrac¸˜ao. Se as inclus˜oesϕeψs˜ao conjugadas ´e ´obvio que as subalgebrasϕ(f) eψ(f) s˜ao conjugadas. Reciprocamente, se ϕ(f) e ψ(f) s˜ao subalgebras conjugadas, a proposi¸c˜ao anterior implica que existemτ ∈Aut(f) eσAut(g) tais queϕ=σ◦ψ◦τ. Mas por hip´otese τ ´e um automorfismo interno def, ou sejaτ = exp ad(Y1)·. . .·exp ad(Yk) comY1, . . . , Yk∈f.

Podemos considerar ˜τ = exp ad(ψ(Y1))·. . .·exp ad(ψ(Yk)), que ´e um automorfismo interno

(25)

Definimos ent˜ao ς =σ◦˜τ, que tamb´em ´e um automorfismo interno de g. Seja agora X ∈f,

ent˜ao

(ς◦ψ)(X) = (σ◦τ˜◦ψ)(X)

= σ((exp ad(ψ(Y1))·. . .·exp ad(ψ(Yk)))(ψ(X)))

= σ(ψ(exp ad(Y1)·. . .·exp ad(Yk))(X))

= σ((ψ◦τ)(X)) = (σ◦ψ◦τ)(X) = ϕ(X),

ou seja, temos a conjuga¸c˜ao de inclus˜oesϕ =ς◦ψ.

Quando f possuir automorfismos externos devemos determinar as classes de conju-ga¸c˜ao de homomorfismos e depois verificar quais classes s˜ao transformadas umas nas outras por automorfismos externos def. Isto esclarece, em princ´ıpio, a rela¸c˜ao entre conjuga¸c˜ao de subalgebras e conjuga¸c˜ao de inclus˜oes.

H´a ainda uma no¸c˜ao mais fraca que a de conjuga¸c˜ao que foi introduzida por Dynkin e ´e muito importante para a formula¸c˜ao do teorema de classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Lie excepcionais.

Defini¸c˜ao 1.1.4. Sejam g uma ´algebra de Lie e f1,f2 ⊂g duas subalgebras. Dizemos que f1

e f2 s˜ao linearmente conjugadas ou L-conjugadas se para toda representa¸c˜ao ρ : g → gl(V)

em um espa¸co vetorial complexo V as subalgebras ρ(f1) e ρ(f2) s˜ao conjugadas em gl(V).

Analogamente, se f ´e uma ´algebra de Lie e ϕ1, ϕ2 :f→g s˜ao inclus˜oes dizemos que ϕ1 e ϕ2

s˜ao linearmente conjugadas ou L-conjugadas se para toda representa¸c˜ao ρ : g → gl(V) em um espa¸co vetorial complexo V as representa¸c˜oes ρ◦ϕ1 :f→gl(V) e ρ◦ϕ2 :f→ gl(V) s˜ao equivalentes.

AL-conjuga¸c˜ao tamb´em ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia no conjunto das subalgebras de uma ´algebra de Lie. ´E f´acil mostrar que se duas subalgebras s˜ao conjugadas ent˜ao elas s˜ao L-conjugadas, por´em a rec´ıproca ´e falsa. O m´aximo que se pode dizer, em geral, ´e que toda classe de L-conjuga¸c˜ao ´e a reuni˜ao de certas classes de conjuga¸c˜ao.

Consideremos uma ´algebra de Lie g e fixemos uma subalgebra f ⊂ g. Seja

ρ : g → gl(V) uma representa¸c˜ao de g em um espa¸co vetorial complexo V. Vamos defi-nir a restri¸c˜ao da representa¸c˜ao ρ `a subalgebra f pondo

Resgf(ρ) :f→gl(V).

Claramente Resgf(ρ) ´e uma representa¸c˜ao de f em V. Supondo agora que ρ ´e irredut´ıvel e que Resgf(ρ) ´e completamente redut´ıvel definimos a regra de ramifica¸c˜ao de ρ com respeito a f como sendo o conjunto dos pares ordenados de representa¸c˜oes irredut´ıveis e respectivas multiplicidades {(πℓ, cℓ)| ℓ= 1, . . . , n}de f tais que

Resgf(ρ) =

n

M

ℓ=1

(26)

´

E claro que a regra de ramifica¸c˜ao s´o depende da representa¸c˜aoρe da classe deL-conjuga¸c˜ao def.

Introduziremos agora uma nota¸c˜ao que ser´a muito ´util para representar regras de ramifica¸c˜ao. Suponhamos que g seja uma ´algebra de Lie simples de posto r e fixemos uma subalgebra de Cartan h. Seja ∆ ⊂ h∗ o sistema de raizes de g e Π = {α1, . . . , αr} um

conjunto de raizes simples em ∆. Seja (·,·) um produto escalar em h∗, invariante sob a a¸c˜ao do grupo de WeylW de ∆ e normalizado pela condi¸c˜ao

(α, α) = 2

para toda ra´ız longaα ∈∆: existe um ´unico produto escalar emh∗ com esta normaliza¸c˜ao, chamado produto escalar padr˜ao. Considere a base Π′ ={λ

1, . . . , λr}de h∗ definida por

(αi, λj) = δij; (1.1)

os elementos desta base chamam-se pesos fundamentais. Para ϑ ∈h∗ qualquer, se escrever-mos

ϑ =

r

X

i=1

piλi,

temos que

pi = (ϑ, αi).

Como as raizes simples s˜ao os v´ertices do diagrama de Dynkin deg e os pesos fundamentais correpondem aos mesmos v´ertices do diagrama de Dynkin atrav´es da f´ormula (1.1), podemos ent˜ao representar um peso graficamente, desenhando o diagrama de Dynkin e rotulando o v´ertice i com o coeficiente pi. Para isto precisamos fixar uma numera¸c˜ao das raizes simples no diagrama de Dynkin: a tabela 1.1 apresenta uma tal numera¸c˜ao. Assim podemos, por exemplo, escrever o peso λ1+λ2 da ´algebra G2 da seguinte forma:

❡< ❡

1 1

Figura 1.1: Peso (1,1) da ´algebra excepcional G2.

Agora, pelo teorema do peso m´aximo de Cartan, um elemento ϑ ∈ h∗ ´e o peso m´aximo de uma representa¸c˜ao irredut´ıvel1 de g se e somente se os n´umeros pi s˜ao inteiros

(27)

Ar (r >1) ❡ ❡ · · · ❡ ❡

α1 α2 αr−1 αr

Br (r >2) ❡ ❡ · · · ❡> ❡

α1 α2 αr−1 αr

Cr (r>3) ❡ ❡ · · · ❡< ❡

α1 α2 αr−1 αr

Dr (r>4) ❡ ❡ ❡

❡ ❡

✟✟✟ ❍❍❍

· · ·

α1 α2 αr−2

αr−1

αr

E6 ❡ ❡ ❡ ❡ ❡

α1 α2 α3 α4 α5

α6

E7 ❡ ❡ ❡ ❡ ❡ ❡

α1 α2 α3 α4 α5 α6

α7

E8 ❡ ❡ ❡ ❡ ❡ ❡ ❡

α1 α2 α3 α4 α5 α6 α7

α8

F4 ❡ ❡ < ❡ ❡

α1 α2 α3 α4

G2 ❡< ❡

α1 α2

(28)

n˜ao-negativos: tais elementos ϑ ∈ h∗ s˜ao chamados pesos dominantes integrais. Ent˜ao se

ρ : g → gl(V) ´e uma representa¸c˜ao irredut´ıvel de g com peso m´aximo ϑ, denotaremos tal representa¸c˜ao pelar-upla das coordenadas deϑ em rela¸c˜ao `a base de pesos fundamentais

ρ ≡ (p1, p2, . . . , pr).

Suponhamos agora que g ´e semisimples, com decomposi¸c˜ao em ideais simples g = g1 ⊕. . .⊕gk tal que rkgj = rj (j = 1, . . . , k);, ent˜ao se ρ : g → gl(V) ´e uma

re-presenta¸c˜ao irredut´ıvel de g, existem representa¸c˜oes irredut´ıveis ρj : gj → gl(Vj) dos ideais

gj (j = 1, . . . , k), ´unicamente determinadas por ρ, tais que

ρ =

k

O

j=1

ρj, V =

k

O

j=1

Vj,

isto ´e, se paraX ∈g escrevemos X =X1+· · ·+Xk com Xj ∈gj, ent˜ao ρ(X) = ρ1(X1)⊗ · · · ⊗ρk(Xk).

Desta forma, as representa¸c˜oesρj determinam completamente a representa¸c˜aoρ, e seϑ(j) s˜ao

os respectivos pesos m´aximos das representa¸c˜oes ρj, podemos escrever ρj ≡ (p(1j), . . . , p (j)

rj ) (j = 1, . . . , k), obtendo

ρ ≡ (p(1)1 , . . . , p(1)r1 ; . . . ; p(1k), . . . , p(rkk)).

Finalmente, seρ ´e uma representa¸c˜ao completamente redut´ıvel, com decomposi¸c˜ao

ρ =

n

M

ℓ=1

cℓπℓ

ent˜ao cada representa¸c˜aoπℓse decomp˜oe num produto tensorial de representa¸c˜oes irredu´ıveis dos ideais simples de g conforme

πℓ =

k

O

j=1

(πℓ)(j),

e podemos escrever (πℓ)(j)((pℓ)(j)

1 , . . . ,(pℓ) (j)

rj ) (j = 1, . . . , k), obtendo

πℓ ≡ ((pℓ)(1)1 , . . . ,(pℓ)(1)r1 ; . . . ; (pℓ)(1k), . . . ,(pℓ)(rkk)).

Juntando tudo podemos escrever:

ρ ≡     

c1 ((p1)(1)1 , . . . ,(p1)(1)r1 ; . . . ; (p1) (k)

1 , . . . ,(p1)(rkk)) ...

cn ((pn)(1)1 , . . . ,(pn)(1)r1 ; . . . ; (pn) (k)

1 , . . . ,(pn) (k)

(29)

Portanto, se{(πℓ, cℓ)|ℓ= 1, . . . , n}´e a regra de ramifica¸c˜ao de uma representa¸c˜ao irredut´ıvel

de uma ´algebra simplesg com peso m´aximo (p1, . . . , pr) em rela¸c˜ao a uma subalgebra

semi-simples f, podemos indicar esta regra de ramifica¸c˜ao atrav´es de

g f

(p1, . . . , pr) c1 ((p1)(1)1 , . . . ,(p1)(1)r1 ; . . . ; (p1) (k)

1 , . . . ,(p1)(rkk)) ...

cn((pn)(1)1 , . . . ,(pn)(1)r1 ; . . . ; (pn) (k)

1 , . . . ,(pn) (k)

rk )

A nota¸c˜ao parece pesada, mas quando escrevemos os pesos das representa¸c˜oes explicitamente, os ´ındices desaparecem e a nota¸c˜ao fica muito clara.

Exemplo. Considere g= sp(6,C) e ρ a representa¸c˜ao com peso m´aximo (1,1,0). Ent˜ao a regra de ramifica¸c˜ao deρ com respeito `a subalgebra sp(4,C)sl(2,C) ´e

sp(6,C) sp(4,C)sl(2,C) (1,1,0) (2,0; 1)

(1,1; 0) (1,0; 1) (0,1; 1) (1,0; 0) (0,0; 1)

Finalmente, h´a um caso especial que merece um coment´ario: o da ´algebra sl(2,C), que corresponde ao tipo A1 na nota¸c˜ao de Cartan. Esta ´algebra tem posto 1 e portanto

seus pesos m´aximos s˜ao simplesmente n´umeros inteiros n˜ao-negativos. Como sl(2,C) tem uma ´unica representa¸c˜ao irredut´ıvel em cada dimens˜ao, o conjunto dos pesos m´aximos ´e o conjunto dos n´umeros naturais, e a dimens˜ao da representa¸c˜ao de peson´e simplesmenten+1. Mas existe uma conven¸c˜ao, usada principalmente pelos f´ısicos, que consiste em indexar as representa¸c˜oes irredut´ıveis desl(2,C) por n´umeros semi-inteiros n˜ao-negativos: este n´umero ´e chamado de spin da representa¸c˜ao e ´e igual a n

2; isto ´e, a dimens˜ao da representa¸c˜ao

irredut´ıvel de spins desl(2,C) ´e 2s+ 1 e seu peso m´aximo ´e 2s (s= 0,1

2,1, . . .).

1.2

Estrutura das Subalgebras Maximais das

´

Algebras de Lie Semisimples

(30)

Primeiramente daremos uma defini¸c˜ao de subalgebra maximal, que ´e a mais conve-niente para as demonstra¸c˜oes que faremos.

Defini¸c˜ao 1.2.1. Seja guma ´algebra de Lie. Uma subalgebrah⊂g´e dita maximal seh6=g

e para toda subalgebra f tal que h⊂f⊂g temos que f=h ou f=g.

Para provar o teorema principal precisaremos de um lema que foi provado pela pri-meira vez por Morozov1 e depois reproduzido por Golubitsky [16], que ´e fundamental para

a demonstra¸c˜ao que daremos para o teorema de Dynkin.

Lema 1.2.1 (Morozov-Golubitsky). Sejamguma ´algebra de Lie semisimples e n˜ao sim-ples e h uma subalgebra maximal de g tal que h n˜ao cont´em nenhum ideal n˜ao-trivial de g. Ent˜ao existe uma ´algebra de Lie simplesg0 tal queg∼=g0⊕g0 eh∼=g0 com a inclus˜ao diagonal:

h={(X, X) | X ∈g0}.

Demonstrac¸˜ao. Seja g0 um ideal pr´oprio n˜ao-trivial de g e g′0 o ideal complementar.

(Isto significa que g0 ´e uma soma direta qualquer dos ideais simples de g e g′0 ´e a soma

direta dos demais, ambos n˜ao-triviais.) Ent˜ao h 6⊂ g0, h 6⊂ g′0 e isto implica que h+g0 e

h+g′0 s˜ao subalgebras deg que contˆemh no sentido estrito, h$h+g0 eh$h+g′0; portanto,

pela maximalidade de h, g = h +g0 e g = h+g′0. Por outro lado, [h∩g0,h] ⊂ h∩g0 e

[h∩g0,g′0] = {0}; portanto, h∩g0 ´e um ideal em g, obviamente contido em h, o que pela

hip´otese implica h∩g0 ={0}e, finalmente,

g = h⊕g0.

Como g0 era um ideal pr´oprio n˜ao-trivial de g qualquer, isto significa que todos os ideais

pr´oprios n˜ao-triviais de g tˆem a mesma dimens˜ao. Isso ´e poss´ıvel apenas no caso em que g ´e a soma direta de exatamente dois ideais simples g1 eg2 da mesma dimens˜ao,

g = g1⊕g2,

tal que

g = h⊕g1 = h⊕g2.

O pr´oximo passo consiste em provar que g1∼=g2, n˜ao apenas como espa¸cos vetoriais mas

tamb´em como ´algebras de Lie. Parai= 1,2, introduzimos as proje¸c˜oes

πi : g=g1⊕g2 −→ gi

X 7→ Xi

1Em sua tese de doutorado On Nonsemisimple Maximal Subgroups of Simple Groups, apresentada em

(31)

degsobregi que s˜ao homomorfismos de ´algebras de Lie devido ao fato de que osgi s˜ao ideais em g. Para construir isomorfismos expl´ıcitos P12 : g1 → g2 e P21 : g2 → g1, observamos

que a restri¸c˜ao de πi `a subalgebra h de g ´e sobrejetora e injetora. De fato, se tivessimos

πi(h)$gi, existiria uma subalgebra maximal ˜gi degi tal queπi(h)⊂˜gi, e ent˜ao a subalgebra

˜

g= ˜g1⊕g2 (parai= 1) ou ˜g=g1⊕˜g2 (parai= 2) claramente conteriahe seria diferente de

g, o que contradiria a maximalidade de h, mostrando assim que a proje¸c˜ao πi ´e sobrejetora. Por outro lado, se X ∈ h satisfaz πi(X) = 0, ent˜ao X ∈ h ∩g2 = {0} (para i = 1) ou

X ∈ h ∩g1 = {0} (para i = 2), mostrando assim que a proje¸c˜ao πi ´e injetora. Logo,

g1 ∼= h ∼= g2 eg ∼= g1⊕g2 ∼= h⊕h.

O proximo teorema, que se encontra em Dynkin [10, pag. 235, teo. 15.1], ´e o principal teorema desta se¸c˜ao.

Teorema 1.2.1 (Dynkin [10]). Seja guma ´algebra de Lie semisimples e g=g1⊕. . .⊕gr

sua decomposi¸c˜ao em soma direta de ideais simples. As subalgebras maximais eg de g s˜ao de dois tipos:

1. Tipo simples:

eg=g1⊕. . .⊕egi⊕. . .⊕gr (16i6r), ondeegi ´e subalgebra maximal de gi;

2. Tipo diagonal:

eg = g1 ⊕. . .⊕gi−1 ⊕gi+1 ⊕. . .⊕gj−1 ⊕gj+1 ⊕. . .⊕gr ⊕gij (1 6 i < j 6 r), onde gi e gj s˜ao ideais simples isomorfos de g, Pij : gi → gj ´e algum isomorfismo e

gij ={(X, PijX)∈gi⊕gj |X ∈gi}.

Observa¸c˜ao. A existˆencia de subalgebras maximais do tipo diagonal requer que pelo menos dois dos ideais simples g1, . . . ,gr de g sejam iguais (a menos de um isomorfismo).

Demonstrac¸˜ao. Pela decomposi¸c˜ao em soma direta, todo elementoX ∈gpode ser escrito da seguinte forma:

X = X1+. . .+Xr com Xi ∈gi.

Al´em disso, como esta representa¸c˜ao ´e ´unica, cadaXi´e determinado porX. Assim definimos as proje¸c˜oes sobre cada fator gi por

πi : g −→ gi

X 7→ Xi

que s˜ao homomorfismos de ´algebras de Lie devido ao fato de que os gi s˜ao ideais emg.

Seja ent˜aoh uma subalgebra maximal de g.

Consideramos primeiro o caso em que πi(h)$gi para ao menos um i. Seja egi uma

(32)

claramente cont´em h e ´e diferente de g, mas como h ´e maximal, temos que h =eg. Agora consideraremos o caso em que

πk(h) = gk para k = 1, . . . , r.

Mostraremos primeiro que para k= 1,2, . . . , r,gk∩h´e um ideal emgk. De fato, dadosY ∈

gk∩heZ ∈gk, podemos escolherX ∈htal queπk(X) =Z e, escrevendoX =X1+. . .+Xr,

temosXk =Z e [Y, Xl]∈gk∩gl ={0}sel 6=k; logo [Y, X] = [Y, X1+. . .+Xr] = [Y, Xk] =

[Y, Z] e portanto [Y, Z] = [Y, X]∈gk∩h. Como gk ´e simples, devemos ter

gk∩h = gk, i.e. gk ⊂h, ou gk∩h = {0}.

Em geral, sejam

g′ = M

gk∩h={0}

gk e g′′ =

M

gk⊂h gk.

Obviamente, temos g′′ ⊂ h e, portanto, pondo h′ = g′ ∩h, podemos escrever h = h′ ⊕g′′. Observamos tamb´em que o conjunto de ´ındices k para os quais gk ∩h = {0} n˜ao ´e vazio

(poish6=g) e cont´em pelo menos dois elementos (se tivessemos gk∩h ={0}para um ´unico

´ındice k, poderiamos concluir que g1⊕. . .⊕gk−1⊕gk+1⊕. . .⊕gr ⊂h, e como πk(h) =gk,

teriamos tamb´em quegk ⊂h, o que ´e absurdo). Portanto, a ´algebra de Lie g′ ´e semisimples

e n˜ao ´e simples, e h′ ´e uma sub´algebra maximal de g′ que n˜ao cont´em nenhum ideal pr´oprio deg′. Aplica¸c˜ao do lema 1.2.1 termina a demonstra¸c˜ao.

Este teorema fornece um procedimento para se determinar todas as subalgebras ma-ximais semisimples de uma ´algebra de Lie semisimples, desde que se tenha uma classifica¸c˜ao de todas as subalgebras maximais semisimples das ´algebras de Lie simples.

Agora vamos determinar as classes de conjuga¸c˜ao destas subalgebras. Para tanto, precisamos do seguinte lema.

Lema 1.2.2. Seja g uma ´algebra de Lie semisimples e g =g1⊕. . .⊕gr sua decomposi¸c˜ao

em soma direta de ideais simples. Ent˜ao

Int(g) = Int(g1)×. . .×Int(gr)

Demonstrac¸˜ao. Seja σ um automorfismo interno de g; estudaremos primeiro o caso em que σ ´e da forma exp ad(X) para X ∈g. Vamos escrever X =X1+. . .+Xr com Xi ∈gi,

ent˜ao ´e claro que ad(Xi) ad(Xj) = ad(Xj) ad(Xi), para i, j quaisquer. Portanto para todo

X ∈g temos:

exp ad(X) = exp ad(X1+. . .+Xr)

= exp(ad(X1) +. . .+ ad(Xr))

(33)

Escrevendo Y =Y1+· · ·+Yr com Yj ∈gj, temos exp ad(Xi)(Yj) =Yj parai6=j e portanto

exp ad(Xi)(Y) = exp ad(Xi)(Y1+. . .+Yr)

= exp ad(Xi)(Y1) +. . .+ exp ad(Xi)(Yr)

= Y1+. . .+Yi−1+ exp ad(Xi)(Yi) +Yi+1+. . .+Yr.

Da´ı,

exp ad(X)(Y) =

r

Y

i=1

exp ad(Xi)(Yi).

Isto mostra que para todoi= 1, . . . , r, σ(gi)⊂gi eσ restrito a gi coincide com exp ad(Xi).

Agora, escrevendo σi = exp ad(Xi), que ´e um automorfismo interno de gi, temos que σ = σ1·. . .·σr com σiσj =σjσi se i6=j.

Passando ao caso geral, sejaσ ∈ Int(g) qualquer, ent˜ao σ =σ1 ·. . .·σk, onde cada

σi ´e da forma exp ad(X) com X ∈ g. Ent˜ao podemos escrever cada σi como produto de

automorfismos internos de cada ideal de g, como automorfismos que correspondem a ideais diferentes comutam, podemos escrever o automorfismo interno σ deg como um produto de automorfismos internos de seus ideais g1, . . . ,gr. Com isso, mostramos que

Int(g) = Int(g1)·. . .·Int(gr). Para mostrar que o produto ´e direto precisamos provar que

Int(gi)(Int(gi+1)·. . .·Int(gr)) = {1}

para todo i= 1, . . . , r. Mas isto decorre do fato de que o centro do grupo de automorfismos internos de uma ´algebra de Lie semisimples ´e trivial [19, pag.129, cor. 5.3].

Agora podemos demonstrar o teorema de conjuga¸c˜ao, que reduz o problema de de-cidir se duas subalgebras maximais de uma ´algebra de Lie semisimples g s˜ao conjugadas ao caso em que g´e simples. Este teorema aparece junto com o teorema 1.2.1 na vers˜ao original de Dynkin [10].

Teorema 1.2.2 (Dynkin [10]). Seja guma ´algebra de Lie semisimples e g=g1⊕ · · · ⊕gr

sua decomposi¸c˜ao em soma direta de ideais simples. Seja h uma subalgebra maximal de g. Se h for do tipo simples vamos escrever h=h(i,egi) com

h(i,egi) = r

M

k=1

k6=i

(34)

com egi subalgebra maximal de gi e se h for do tipo diagonal vamos escrever h = h(i, j, Pij)

com

h(i, j, Pij) =

r

M

k=1

k6=i,j

gk⊕gij (1.3)

onde i6=j e gij ={(Xi, Pij(Xi)) | Xi ∈gi} para algum isomorfismo Pij :gi →gj. Ent˜ao:

1. A condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para que h(i1,egi1) e h(i2,egi2) sejam conjugadas em

g ´e que i1 =i2 e que egi1 e egi2 sejam conjugadas em gi1 =gi2.

2. A condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para queh(i1, j1, Pi1j1)e h(i2, j2, Pi2j2)sejam

conju-gadas em g ´e que i1 =i2, j1 =j2 e que Pi1j1 seja levado em Pi2j2 por composi¸c˜ao com

automorfismos internos de gi1 =gi2 e de gj1 =gj2.

Al´em disto h(i,egi) e h(i, j, Pij) nunca s˜ao conjugadas.

Demonstrac¸˜ao. Observe que o lema 1.2.2 mostra que os automorfismos internos de g sempre preservam a decomposi¸c˜ao direta degem ideais simples: automorfismos que induzem permuta¸c˜oes entre ideais simples isomorfos s˜ao necessariamente externos. Al´em disto, como h(j, i, Pji) = h(i, j, Pij) com Pij =Pji−1 podemos supor desde j´a que i < j.

Mostraremos primeiro a afirma¸c˜ao 1. Obviamente, se i1 = i2 e se egi1 e egi2 s˜ao

conjugadas em gi1 = gi2, basta extender o automorfismo interno de gi1 = gi2 que leva

e

gi1 para egi2 pela identidade nos demais ideais simples de g para obter um automorfismo

interno de g que leva h(i1,egi1) para h(i2,egi2). Reciprocamente, suponhamos que h(i1,egi1)

e h(i2,egi2) s˜ao conjugadas em g, isto ´e, existe um automorfismo interno σ de g tal que

σ(h(i1,egi1)) =h(i1,egi2). Pelo lema 1.2.2 podemos escreverσ =σ1·. . .·σr com automorfismos

internos σℓ degℓ (ℓ= 1, . . . , r) e usando a decomposi¸c˜ao (1.2), obtemos

h(i2,egi2) =

r

M

k=1

k6=i2

gk⊕egi2

e por outro lado

h(i2,egi2) = σ(h(i1,egi1))

= (σ1·. . .·σr)(h(i1,egi1))

=

r

M

k=1

k6=i1

(35)

o que, pela unicidade da decomposi¸c˜ao (1.2) e pelo fato de que egi1$gi1 e egi2$gi2, implica que i1 =i2 e σi1(egi1) =egi2.

Antes de mostrar a afirma¸c˜ao 2 faremos algumas observa¸c˜oes. Suponhamos que gi

e gj s˜ao dois ideais isomorfos de g e, dado um isomorfismo Pij : gi → gj, consideremos a

aplica¸c˜ao ψij :g→g definida por

ψij(X′+Xi+Xj) = X′+ (Pij)−1(Xj) +Pij(Xi)

ondeX =X′+Xi+Xj´e a decomposi¸c˜ao direta deX ginduzida pela decomposi¸c˜ao direta

g=g′⊕gi⊕gj, com

g′ =

r

M

k=1

k6=i,j gk.

´

E claro que ψij ´e um automorfismo de g e que a subalgebra h(i, j, Pij) =g′ ⊕gij com gij =

{(Xi, Pij(Xi))|Xi ∈gi}´e a subalgebra dos elementos fixos porψij. Como este automorfismo

permuta dois ideais isomorfos o lema 1.2.2 implica que ele ´e um automorfismo externo deg. Agora suponhamos que o isomorfismo Pij(2) :gi →gj definindo g(2)ij ´e obtido do isomorfismo Pij(1) : gi → gj definindo g(1)ij pondo P

(2)

ij = σj◦P

(1)

ij ◦σ−i 1 com automorfismos internos σi de

gi e σj degj, ent˜ao se definimos o automorfismo internoσ deg pondoσ = 1⊕σi⊕σj temos

que ψ(2)ij = σ◦ψij(1)◦σ−1. Por outro lado, se σ ´e um automorfismo interno de g tal que ψij(2)

e ψij(1) sejam conjugados, isto ´e, ψij(2) =σ◦ψij(1)◦σ−1 ent˜ao pelo lema 1.2.2 podemos escrever σ = σ1·. . .·σr com automorfismos internos σℓ de gℓ (ℓ = 1, . . . , r) e portanto temos que Pij(2) = σj◦Pij(1)◦σi−1. Ou seja, os isomorfismos Pij(2) e Pij(1) s˜ao levados um no outro por

automorfismos internos de gi e de gj se e somente se os automorfismos ψij(2) e ψ

(1)

ij de g s˜ao

conjugados em Autg por um automorfismo interno de g.

Agora passaremos a demonstra¸c˜ao da afirma¸c˜ao do item 2. Obviamente, sei1 =i=

i2, j1 = j = j2 e se o isomorfismo Pij(2) : gi → gj definindo g(2)ij ´e obtido do isomorfismo Pij(1) : gi → gj definindo g(1)ij pondo P

(2)

ij = σj◦P

(1)

ij ◦σ−i 1 com automorfismos internos σi de

gi e σj de gj, ent˜ao pelas observa¸c˜oes acima podemos construir um automorfismo interno σ

deg tal que ψ(2)ij =σ◦ψij(1)◦σ−1 e obtemos

X ∈h(i, j, Pij(1)) ⇐⇒ ψij(1)(X) =X

⇐⇒ ψij(2)(σ(X)) = σ(ψij(1)(X)) =σ(X) ⇐⇒ σ(X)∈h(i, j, Pij(2))

mostrando que σ leva h(i, j, Pij(1)) para h(i, j, Pij(2)). Reciprocamente, suponhamos que h(i1, j1, Pi1j1) e h(i2, j2, Pi2j2) s˜ao conjugadas em g, isto ´e, existe um automorfismo

(36)

decomposi¸c˜ao σ =σ1 ·. . .·σr com automorfismos internos σℓ de gℓ (ℓ = 1, . . . , r) e usando

a decomposi¸c˜ao (1.3), obtemos

h(i2, j2, Pi2j2) =

r

M

k=1

k6=i2,j2

gk⊕gi2j2,

e por outro lado

h(i2, j2, Pi2j2) = σ(h(i1, j1, Pi1j1))

= (σ1 ·. . .·σr)(h(i1, j1, Pi1j1))

=

r

M

k=1

k6=i1,j1

gk⊕(σi1 ⊕σj1)(gi1j1)

o que, pela unicidade da decomposi¸c˜ao (1.2) e pelo fato de quei1 < j1 ei2 < j2, implica que

i1 =i=i2 e j1 =j =j2. Portanto, podemos escrever Pi1j1 =P (1)

ij e Pi2j2 =P (2)

ij e obtemos ψ(1)ij (X) =X ⇐⇒ X ∈h(i, j, Pij(1))

⇐⇒ σ(X)∈h(i, j, Pij(2)) ⇐⇒ ψ(2)ij (σ(X)) = σ(X) ⇐⇒ (σ−1ψ(2)

ij ◦σ)(X) =X,

isto ´e, ψ(2)ij = σ◦ψij(1)◦σ−1. Pelas observa¸c˜oes acima, podemos concluir que Pij(2) = σj◦Pij(1)◦σi−1 com σi automorfismo interno de gi e σj automorfismo interno de gj.

Pro-vamos ent˜ao que h(i1, j1, Pi1j1) e h(i2, j2, Pi2j2) s˜ao conjugadas em g se e somente se ψ (2)

ij e ψij(1) s˜ao levados um no outro por automorfismos internos deg, o que ´e equivalente aPij(2) ser levado emPij(1) por automorfismos internos de gi e de gj.

Este teorema juntamente com o teorema 1.2.1 reduz o problema de classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Lie semisimples a menos de conjuga¸c˜ao ao problema de classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Liesimples a menos de conjuga¸c˜ao: este problema ser´a discutido na pr´oxima se¸c˜ao.

Sejag uma ´algebra de Lie eτ um automorfismo qualquer de g. Defina a subalgebra gτ deg⊕g pondo

gτ = {(X, τ(X)) |X ∈g}.

e extenda o automorfismoτ deg para um automorfismo τ′ de gg pondo

τ′ : gg −→ gg

(37)

de modo que gτ ´e a subalgebra dos pontos fixos de τ′. Por exemplo, se τ = 1, ent˜ao τ= 1

tamb´em, e g1 ´e a inclus˜ao diagonal de g em g⊕g. Dizemos que dois automorfismos τ1 e

τ2 de uma ´algebra de Lie g s˜ao conjugados se existe um automorfismo interno σ de g tal

que τ1 = στ2σ−1. ´E claro ent˜ao que gτ1 e gτ2 s˜ao conjugadas em g⊕g se e somente se

τ1 e τ2 s˜ao conjugados. Como Int(g) ´e um subgrupo normal do grupo Aut(g), o conjunto

das classes de conjuga¸c˜ao de automorfismos de uma ´algebra de Lie g ´e o grupo quociente Aut(g)/Int(g), chamadogrupo de automorfismos externos deg. No caso em que a ´algebrag s´o possui automorfismos internos, todas as inclus˜oes diagonais deg emg⊕g s˜ao conjugadas `a inclus˜ao canˆonica dada por τ = 1. Por outro lado se g possui automorfismos externos o n´umero de classes de conjuga¸c˜ao de inclus˜oes ser´a igual ao n´umero de classes de conjuga¸c˜ao de automorfismos deg. Quando a ´algebrag´e semisimples, o grupoInt(g) ´e igual `a componente conexa de 1 do grupoAut(g) e portanto a ordem do grupo de automorfismos externos ´e igual ao n´umero de componentes conexas do grupoAut(g). ´E um fato bem conhecido que quando g´e semisimples seu grupo de autmorfismos externosAut(g)/Int(g) ´e isomorfo ao grupo dos automorfismos de seu diagrama de Dynkin (ver [15, pag. 498]), isto ´e, se Π ´e um conjunto de raizes simples degent˜ao Aut(Π) ´e o grupo de permuta¸c˜oes de Π que preservam o ˆangulo entre duas raizes simples quaisquer e tamb´em preservam o comprimento de todas as raizes simples. Estas observa¸c˜oes juntamente com o teorema 1.2.2 fornecem o seguinte

Corol´ario 1.2.1. Seja g uma ´algebra de Lie semisimples e g =g1⊕ · · · ⊕gr sua

decompo-si¸c˜ao em soma direta de ideais simples. Ent˜ao o n´umero de classes de conjuga¸c˜ao de uma subalgebra maximal do tipo diagonal h, isto ´e

h =

r

M

k=1

k6=i,j

gk⊕gij

onde i6=j e gij ={(Xi, Pij(Xi)) | Xi ∈gi} para algum isomorfismo Pij :gi →gj, ´e igual a

ordem do grupo de automorfismos externos da ´algebra de Lie simples gij∼=gi∼=gj.

No pr´oximo cap´ıtulo, usaremos os teoremas desta se¸c˜ao para analisar o que acontece quando restringimos uma representa¸c˜ao irredut´ıvel de uma ´algebra de Lie semisimples g a uma de suas subalgebras maximais, obtendo assim as regras de ramifica¸c˜ao necess´arias para implementa¸c˜ao do modelo de quebra de simetrias para o c´odigo gen´etico.

1.3

Algebras de Lie Redutivas e Compactas

´

(38)

Defini¸c˜ao 1.3.1. Uma ´algebra de Liegreal ou complexa ´e chamada redutiva se o seu radical

Radg ´e igual ao seu centro z(g).

Pelo teorema de Levi-Malcev [24, pags. 91,92] sabemos que toda ´algebra de Lie g admite uma decomposi¸c˜ao na soma direta (como espa¸co vetorial) de seu radical Radg(que ´e o ideal sol´uvel m´aximo deg) e uma subalgebra semisimples maximal gss, e esta decomposi¸c˜ao

´e ´unica no sentido de que duas subalgebras maximais semisimples que realizam uma tal decomposi¸c˜ao s˜ao conjugadas em g. Agora Radg = z(g) implica que gss tamb´em ´e um

ideal em g e que g ´e a soma direta (como ´algebra de Lie) de Radg e gss. ´E claro que a

´algebra derivada de g denotada por [g,g] ´e igual a gss. Logo, uma ´algebra de Lie redutiva

se decomp˜oe de forma ´unica na soma direta de uma ´algebra abeliana (seu centro) e uma ´algebra semisimples (sua subalgebra derivada). Observe que qualquer subespa¸co do centro de uma ´algebra de Lie g ´e um ideal em g, mostrando que uma ´algebra redutiva admite uma decomposi¸c˜ao em soma direta (n˜ao necess´ariamente ´unica) de ideais simples, sendo que alguns destes ideais s˜ao abelianos unidimensionais. Portanto, ´algebras de Lie abelianas e ´algebras de Lie semisimples s˜ao exemplos de ´algebras de Lie redutivas.

A seguinte proposi¸c˜ao d´a outra caracteriza¸c˜ao de ´algebras redutivas que ser´a ´util para estabelecermos a rela¸c˜ao destas com as ´algebras compactas.

Proposi¸c˜ao 1.3.1 (Knapp [28]). Seja g uma ´algebra de Lie real ou complexa. S˜ao equi-valentes:

(i) g ´e redutiva;

(ii) Para todo ideal a em g existe um ideal a′ complementar a a em g, isto ´e, tal que

g=a⊕a′. Demonstrac¸˜ao.

(i)(ii) Suponhamos queg´e redutiva, e sejaaum ideal qualquer emg; provaremos primeiro que a=z(a)⊕[a,a] e al´em disso que

z(a) = a∩z(g) e

[a,a] = a∩[g,g].

Claramente [a,a] ⊂ a∩[g,g] e a∩z(g) ⊂ z(a). Para mostrar a igualdade, decompomos a ´algebra semisimples [g,g] = gss em soma direta de ideais simples, [g,g] = g1 ⊕. . .⊕gk, e

usamos o fato de que qualquer ideal de uma ´algebra semisimples ´e soma direta de certos dos seus ideais simples. Por exemplo, [a,a] ea∩[g,g] s˜ao ideais de [g,g]; portanto, [a,a]$a∩[g,g] implicaria que

(39)

onde g1, . . . ,gj seriam certos ideais simples de [g,g]. Mas se X, Y ∈ g para algum ℓ

(16ℓ6j), ent˜ao [X, Y]∈[a,a]∩gℓ ={0}, isto ´e, [X, Y] = 0 para todo X, Y ∈gℓ, o que ´e

absurdo, pois gℓ ´e ideal simples. Logo

[a,a] = a∩[g,g].

De forma an´aloga, para mostrar que z(a)⊂ z(g), suponha que A ∈z(a), e seja gi um ideal

simples qualquer de [g,g]. Se gi ⊂ [a,a] ent˜ao para Xi ∈gi, Xi ∈a e portanto [A, Xi] = 0.

Se gi 6⊂ [a,a], gi∩[a,a] = {0} e, para Xi ∈ gi, [A, Xi] ∈ gi ∩a∩[g,g] e, pela rela¸c˜ao que

acabamos de demonstrar, [A, Xi]∈gi∩[a,a] ={0}, isto ´e, [A, Xi] = 0. Portanto, [A, X] = 0

para X ∈ [g,g], e como ´e ´obvio que [A, X] = 0 para X ∈ z(g), conclu´ımos que [A, X] = 0 para X ∈g, isto ´e,A ∈z(g). Logo

z(a) = a∩z(g).

Isso posto, podemos ap´os uma permuta¸c˜ao dos ´ındices escrever [a,a] = a∩[g,g] = g1⊕. . .⊕gℓ

com ℓ 6 k, isto ´e, temos apenas duas possibilidades: gi ⊂ [a,a] se i 6 ℓ e [a,a]∩gi ={0}

se i > ℓ. Agora, sejaA ∈a, e escrevemos A =A0 +A1+. . .+Ak com A0 ∈z(g) e Ai ∈gi

(16i6k). Seja gj um ideal simples qualquer de [g,g]. Ent˜ao para Xj ∈gj,

[A, Xj] = [A1, Xj] +. . .+ [Ak, Xj] = [Aj, Xj]∈a∩gj = [a,a]∩gj

e portanto, Aj ∈z(gj) ={0}, isto ´e, Aj = 0 para j > l. Logo A =A0 +A1+· · ·+Al com

A0 ∈z(a) e Ai ∈gi (16i6l), o que mostra que

a=z(a)⊕[a,a].

Finalmente, para demonstrar a afirma¸c˜ao (i)(ii) basta definir a′ como sendo a soma direta de um subespa¸co complementar a z(a) em z(g) (que ´e um ideal em g) com o ideal complementar a [a,a] em [g,g]: a′ ´e um ideal em gque satisfaz

a⊕a′ = g.

(40)

este processo decompomos g em uma soma direta de ideais que n˜ao contˆem ideais pr´oprios n˜ao-triviais. Escrevemos esta soma direta na forma

g = a1⊕. . .⊕aj⊕aj+1⊕. . .⊕ak,

onde a1, . . . ,aj s˜ao unidimensionais e aj+1, . . . ,ak s˜ao ´algebras de Lie simples. Como

[aℓ,aℓ] =aℓ para ℓ=j+ 1, . . . , k, temos

[g,g] = [aj+1,aj+1]⊕. . .⊕[ak,ak] = aj+1⊕. . .⊕ak,

que ´e semisimples. Agora provaremos quez(g) =a1⊕. . .⊕aj. Claramente,z(g)⊃a1⊕. . .⊕aj.

Na outra dire¸c˜ao, se X =X1+. . .+Xk est´a em z(g) com Xi ∈ ai, ent˜ao Xi ∈ z(ai) que ´e

{0} para i > j, pois ai ´e simples nestes casos. Portanto X =X1 +. . .+Xj, e conclu´ımos

que z(g)⊂a1⊕. . .⊕aj.

Finalmente, para descrever a estrutura do grupo Aut(g) de automorfismos e do grupo Int(g) de automorfismos internos de uma ´algebra redutiva g, observamos primeiro que uma ´algebra de Lie abeliana h n˜ao possui automorfismos internos n˜ao-triviais, por´em qualquer transforma¸c˜ao linear ´e um automorfismo (mais precisamente, um automorfismo externo) de h. Tendo em vista que automorfismos (arbitr´arios/internos) σ deg=z(g)⊕gss

levam z(g) emz(g) egss = [g,g] emgss = [g,g] e portanto se decomp˜oem em soma direta de

automorfismos (arbitr´arios/internos) σzde z(g) e σss degss, temos

Aut(g) = GL(z(g))×Aut(gss) Int(g) = Int(gss).

Agora passaremos a discutir uma outra classe de ´algebras e Lie, as ´algebras de Lie compactas, que tˆem papel fundamental em toda teoria de ´algebras e grupos de Lie.

Defini¸c˜ao 1.3.2. Seja g uma ´algebra de Lie real. Dizemos queg ´e uma ´algebra de Lie com-pacta se existe uma forma bilinear sim´etrica invariante (·,·) sobreg que ´e positiva definida. A invariˆancia de (·,·) significa que:

([Z, X], Y) + (X,[Z, Y]) = 0 para todoX, Y, Z ∈g. (1.4) Nesta defini¸c˜ao h´a um certo abuso de linguagem, pois uma ´algebra de Lie nunca ´e compacta no sentido topol´ogico, pois ´e um espa¸co vetorial real; por isso alguns autores usam o termo “´algebra de tipo compacto”.

A identidade (1.4) ´e a vers˜ao “infinitesimal” da afirma¸c˜ao de que o produto escalar (·,·) ´e invariante sob o grupo de automorfismos internos de g, isto ´e

(41)

para todo X, Y ∈ g e todoσ ∈ Int(g). Observe que (1.5) implica que, relativamente a este produto escalar, o grupo Int(g) age por transforma¸c˜oes ortogonais e portanto a aplica¸c˜ao ad(Z) ´e anti-sim´etrica para todoZ ∈g.

Obviamente, toda subalgebra de uma ´algebra de Lie compacta ´e tamb´em uma ´algebra de Lie compacta. Uma outra consequˆencia ´obvia da defini¸c˜ao 1.3.2, ´e que toda ´algebra de Lie real abeliana ´e compacta, pois, neste caso, a condi¸c˜ao de invariˆancia (1.4 ´e trivialmente satisfeita por qualquer forma bilinear, e em particular pelo produto escalar canˆonico de um espa¸co vetorial real.

A principal motiva¸c˜ao para a defini¸c˜ao 1.3.2 ´e sugerida pela seguinte proposi¸c˜ao. Proposi¸c˜ao 1.3.2. Seja G um grupo de Lie compacto e g sua ´algebra de Lie. Ent˜ao g ´e uma ´algebra de Lie compacta.

Demonstrac¸˜ao. Usando integra¸c˜ao sobre o grupo Ad(G), que tamb´em ´e compacto, intro-duzimos um produto escalar (·,·) invariante, come¸cando por um produto escalar qualquer h·,·i, pondo:

(X, Y) =

Z

Ad(G)

hgX, gYidµ(g),

onde µ ´e a medida de Haar bi-invariante em Ad(G) normalizada por µ(Ad(G)) = 1 (para a constru¸c˜ao de µ veja Warner [56, pag. 151] ou Br¨ocker & tomDieck [7, pag. 40]). ´E f´acil ver que (·,·) ´e positiva definida, pois para todo X ∈ g, a fun¸c˜ao h·X,·Xi sobre Ad(G) ´e n˜ao-negativa e se anula se e somente se X = 0. S´o falta mostrar que (·,·) ´e invariante. De fato, se h= Ad(k)∈Ad(G) ´e fixo, temos

(Ad(k)X,Ad(k)Y) =

Z

Ad(G)

hghX, ghYidµ(g) =

Z

Ad(G)

hlX, lYidµ(lh−1) =

Z

Ad(G)

hlX, lYidµ(l) = (X, Y)

e portanto para todok ∈G a transforma¸c˜ao Ad(k) ´e ortogonal. Isto ´e equivalente a (ad(Z)X, Y) + (X,ad(Z)Y) = 0

para todoX, Y, Z ∈g, demonstrando assim que (·,·) satisfaz a identidade (1.4).

(42)

Demonstrac¸˜ao. Seja (·,·) uma forma bilinear sim´etrica invariante e positiva definida em g. Os subespa¸cos invariantes de gsob ad(g) s˜ao os ideais de g. Portanto, se a´e um ideal de g, ent˜ao seu complemento ortogonal

a⊥ = {X ∈g | (X, Y) = 0 para todo Y ∈a}

tamb´em ´e um ideal de g. Como (·,·) ´e positiva definida, g = a⊕a⊥. Portanto a tem a⊥ como ideal complementar e, pela proposi¸c˜ao 1.3.1, g´e redutiva.

O pr´oximo teorema ´e o cl´assico “crit´erio de Weyl”, que caracteriza as ´algebras de Lie semisimples que s˜ao compactas.

Teorema 1.3.2 (Weyl). Seja g uma ´algebra de Lie real semisimples. Ent˜ao g ´e compacta se e somente se a sua forma de Killing ´e negativa definida.

Demonstrac¸˜ao. Se a forma de Killing de g ´e negativa definida, ent˜ao ´e ´obvio que g ´e compacta. Reciprocamente, suponhamos que g ´e compacta e que (·,·) seja uma forma invariante positiva definida sobreg. A condi¸c˜ao de invariˆancia implica que para todoX ∈g, ad(X) ´e anti-sim´etrico: isto significa que ad(X) ´e diagonaliz´avel sobreCe que todos os seus valores pr´oprios s˜ao imagin´arios puros. Portanto, tr(ad(X)2) 6 0 e, como g ´e semisimples,

tr(ad(X)2) = 0 se e somente se X = 0.

Corol´ario 1.3.1. Toda ´algebra de Lie compacta ´e isomorfa `a ´algebra de Lie de um grupo de Lie compacto.

Demonstrac¸˜ao. Seja k uma ´algebra de Lie compacta, ent˜ao como k ´e redutiva podemos escrever k =z(k)⊕[k,k], e basta mostrar que a cada um destes dois ideais corresponde um grupo de Lie compacto, pois ent˜ao o produto direto destes dois grupos tem ´algebra de Lie isomorfa a k(ver Knapp [28, pag. 58]) e ´e obviamente compacto. Como z(k) ´e abeliana, ela ´e isomorfa `a ´algebra de Lie de um torus, que ´e um grupo de Lie compacto. Falta mostrar que l = [k,k] ´e isomorfa `a ´algebra de Lie de um grupo compacto. Como l ´e semisimples, ela ´e isomorfa a ad(l) que ´e a ´algebra de Lie do grupo de Lie Int(l) que por sua vez ´e a componente conexa de 1 do grupoAut(l)GL(l) e portantoInt(l) ´e fechado emGL(l). Por outro lado, cada membro de ad(l) ´e uma transforma¸c˜ao anti-sim´etrica e portanto o grupo correspondente Int(l) age por transforma¸c˜oes ortogonais. Exibimos ent˜ao um grupo de Lie que possui ´algebra de Lie isomorfa a l e, sendo um subgrupo fechado do grupo SO(l), ´e compacto.

Juntos, a proposi¸c˜ao 1.3.2 e o corol´ario 1.3.1 justificam o abuso de linguagem do termo “´algebra de Lie compacta”.

(43)

Teorema 1.3.3. Seja g uma ´algebra de Lie redutiva e g=z(g)⊕[g,g]sua decomposi¸c˜ao na soma direta de seu centro e sua ´algebra derivada. As subalgebras maximais h de g s˜ao da forma

h = z(g)⊕f

onde f ´e uma subalgebra maximal de [g,g].

Demonstrac¸˜ao. Sejaf uma subalgebra maximal de [g,g], ent˜ao a subalgebra h=z(g)⊕ f ´e obviamente maximal em g. Reciprocamente, seja h uma subalgebra maximal de g. Obviamente temos que

h⊃(z(g)∩h)⊕([g,g]∩h).

Por´em h n˜ao pode conter [g,g], pois sen˜ao ter´ıamos que h = (z(g)∩h)⊕[g,g] e a ´unica possibilidade de ter h maximal seria com z(g)∩h =z(g), o que contraria a hip´otese de que h 6= g. Por outro lado h deve conter z(g). De fato, se existisse X ∈ z(g) tal que X 6∈ h a subalgebrah′ gerada porX eh seria igual ag, portanto [g,g]⊂h, e como j´a mostramos isto n˜ao pode ocorrer. Portanto, definindo a subalgebra f de [g,g] por

f= [g,g]∩h,

temos que h=z(g)⊕f com fsubalgebra maximal de [g,g].

Portanto, para determinar todas as subalgebras redutivas maximais de uma ´algebra de Lie redutiva g, basta determinar todas as subalgebras redutivas maximais de [g,g]. Mos-traremos agora que a classifica¸c˜ao das subalgebras maximais de uma ´algebra de Lie semi-simples compacta ´e equivalente `a classifica¸c˜ao das subalgebras redutivas maximais da sua complexifica¸c˜ao. Para tanto precisamos discutir a rela¸c˜ao entre ´algebras de Lie compactas e ´algebras de Lie complexas redutivas, e suas respectivas subalgebras. Obviamente a comple-xifica¸c˜ao de uma ´algebra de Lie compacta k fornece uma ´algebra de Lie complexa redutiva g=kC, e como toda subalgebraldek´e compacta (e portanto redutiva), sua complexifica¸c˜ao f = lC ser´a uma subalgebra complexa redutiva de g. Mas em geral nem toda subalgebra complexa redutivaf deg=kC corresponde a uma subalgebra l dek tal que f=lC.

Para analisar a quest˜ao quais subalgebras complexas redutivas de g = kC provˆem de subalgebras de k por complexifica¸c˜ao, observemos primeiro que devido ao teorema 1.3.3 acima, podemos nos restringir a responder esta pergunta para o caso em que k e g s˜ao semisimples.

(44)

subalgebra compacta maximal ([19, pag. 184, prop. 7.3]). Portanto, k ´e uma forma real compacta deg e l⊂f∩k, mas l´e subalgebra compacta maximal de f, logo l=f∩k.

Para analisar o caso em quef´e uma subalgebraredutiva degconsideremos a decom-posi¸c˜ao de Cartan deg,

g = k⊕ik,

junto com a correspondente involu¸c˜ao de Cartanθ, que ´e o automorfismo deg(como ´algebra de Lie real) definido como a identidade sobre k e menos a identidade sobre ik. Observamos que uma subalgebraf deg ´e a complexifica¸c˜ao de uma subalgebra l dek se e somente se f´e

θ-invariante:

θ(f) = f.

Portanto, podemos reformular a afirma¸c˜ao anterior como dizendo que qualquer subalgebra complexa semisimplesf deg´e necessariamente θ-invariante. Al´em disto, pode-se provar que toda subalgebraθ-invariante de g´e necessariamente redutiva ([28, pag. 304, cor. 6.29]). Defini¸c˜ao 1.3.3. Uma subalgebra f de uma ´algebra de Lie complexa redutiva g ´e dita de posto m´aximo se f cont´em alguma subalgebra de Cartan h de g.

Uma subalgebra de Cartan h de uma ´algebra de Lie complexa redutiva g (como no caso das ´algebras semisimples) ´e uma subalgebra abeliana maximal tal que ad(X) ´e semisimples para todoX ∈h. ´E f´acil ver queh´e a soma direta de uma subalgebra de Cartan da subalgebra derivada [g,g] com z(g). ´E claro ent˜ao que o centro de g ´e a intersec¸c˜ao de todas as subalgebras de Cartan de g. Ademais se f ´e uma subalgebra redutiva de posto m´aximo de uma ´algebra de Lie semisimplesg, ent˜ao uma subalgebra de Cartan deftamb´em ´e uma subalgebra de Cartan de g. Lembremos tamb´em que, fixada uma decomposi¸c˜ao de Cartan de uma ´algebra de Lie complexa semisimplesg com involu¸c˜ao θ, sempre existe uma subalgebra de Cartan de g que ´eθ-invariante ([55, pag. 57]).

Teorema 1.3.4. Seja g uma ´algebra de Lie complexa semisimples com forma real compacta

k e seja ef uma subalgebra redutiva maximal de g com centro n˜ao-trivial. Se f´e a complexi-fica¸c˜ao de uma subalgebral dek ent˜aof´e uma subalgebra de posto m´aximo. Reciprocamente, se f ´e uma subalgebra de posto m´aximo ent˜ao f ´e conjugada a uma subalgebra de g que ´e complexifica¸c˜ao de uma subalgebra de k.

(45)

g e k s˜ao semisimples. Seja agora t uma subalgebra abeliana maximal de k que cont´em X: ent˜ao

t=zk(t)⊂zk(X) = l,

e portanto h=tC ´e uma subalgebra de Cartan deg contida em f.

Reciprocamente, suponhamos que f ´e uma subalgebra redutiva de g com centro n˜ao-trivial e de posto m´aximo. Escrevemos f = z(f)⊕[f,f] e observamos que existe uma subalgebra de Cartan h de g contida em f; portanto temos z(f)⊂h⊂f.1 Ademais, como j´a

vimos anteriormente, a parte semisimples [f,f] de f´e θ-invariante: θ([f,f]) = [f,f]. Portanto, precisamos apenas mostrar que o centroz(f) deftamb´em ´eθ-invariante. Seja ent˜aoX ∈z(f). Logo X ∈ h e θ(X)∈h e θ(X)∈f. Por outro lado, θ(X) comuta n˜ao apenas comz(f) mas tamb´em com [f,f] =θ([f,f]):

[θ(X), θ([Y, Z])] = θ([X,[Y, Z]]) = 0 para Y, Z ∈f.

Logo θ(X)∈f.

Como veremos na pr´oxima se¸c˜ao, uma subalgebra redutiva maximal de uma ´algebra de Lie simplesgou ´e semisimples ou ´e redutiva de posto m´aximo com centro unidimensional; portanto, cada classe de conjuga¸c˜ao de subalgebras complexas redutivas maximais degdefine uma classe de conjuga¸c˜ao de subalgebras maximais da forma real compacta de g.

1.4

Classifica¸

ao das Subalgebras Maximais das

´

Algebras de Lie Simples

Nesta se¸c˜ao enunciamos os teoremas de Dynkin que classificam todas as subalgebras maximais das ´algebras de Lie simples: as quatro s´eries infinitas de ´algebras cl´assicas e as cinco ´algebras excepcionais, segundo a classifica¸c˜ao de Cartan. Todas as ´algebras de Lie nesta se¸c˜ao s˜ao complexas, a menos que se mencione explicitamente o contr´ario.

Como estamos interessados na classifica¸c˜ao das subalgebras maximais das ´algebras de Lie compactas e os teoremas s˜ao formulados para ´algebras complexas, vamos considerar sempre subalgebras redutivas. Portanto quando apresentamos uma lista de subalgebras maximais de uma ´algebra de Lie g, fica subentendido que esta lista se refere a subalgebras redutivas maximais, ou seja, subalgebras que s˜ao maximais dentro de todas as subalgebras redutivas de g. ´E perfeitamente poss´ıvel que tais subalgebras n˜ao sejam maximais dentro

1Como todas as subalgebras de Cartan degao conjugadas e como a complexifica¸c˜ao de qualquer

(46)

de todas as subalgebras de g e que existam outras subalgebras maximais, com radical n˜ao-abeliano e portanto n˜ao redutivas. Por´em, esta ambiguidade ´e eliminada quando passamos `a forma compacta k de g, pois as subalgebras maximais de g podem ser agrupadas em subalgebras maximais que contˆem uma determinada subalgebra redutiva maximal. De fato, se ˜f ´e uma subalgebra maximal de g, redutiva ou n˜ao, ent˜ao l = ˜f∩k ´e uma subalgebra maximal de k e f=lC ´e uma subalgebra redutiva maximal de g com f⊂˜f.

Nos limitaremos a enunciar e comentar os teoremas, pois a demonstra¸c˜ao nos levaria muito longe e n˜ao ´e essencial para a compreens˜ao do modelo alg´ebrico para a evolu¸c˜ao do c´odigo gen´etico que motivou o presente trabalho. Por outro lado os resultados destes teoremas s˜ao fundamentais para a implementa¸c˜ao do modelo.

Os resultados que enunciaremos se encontram em dois artigos de Dynkin [10, 11] que por sua vez se baseiam principalmente sobre um trabalho anterior de Malcev [34]. Alguns destes resultados j´a haviam sido obtidos por Borel e Siebenthal [4] por m´etodos diferentes, e depois por Golubitsky [16], que tamb´em reproduz v´arios resultados de Morozov e Karpele-vich. A forma em que apresentamos os teoremas, que difere um pouco da forma original, se baseia em um artigo de Tits [53] e na apresenta¸c˜ao moderna de Onishchik & Vinberg [42].

Estudaremos primeiro as ´algebras cl´assicas que s˜ao naturalmente definidas como ´algebras de matrizes e portanto possuem uma representa¸c˜ao linear preferencial. Esta repre-senta¸c˜ao pode ser caracterizada como sendo a reprerepre-senta¸c˜ao irredut´ıvel de menor dimens˜ao poss´ıvel, com algumas exce¸c˜oes: a s´erieAr com r>2 e a ´algebra D4. As ´algebrasAr

possu-em duas representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao m´ınima que s˜ao inequivalentes, sendo que uma ´e a conjugada complexa da outra: s˜ao equivalentes apenas quandor= 1. A ´algebraD4

possui trˆes representa¸c˜oes irredut´ıveis de dimens˜ao m´ınima, 8 no caso, que s˜ao inequivalen-tes: uma vetorial e as outras duas spinoriais. Mas, mesmo nestes casos, podemos fixar uma representa¸c˜ao preferencial definindo-a explicitamente. Ademais, quando escolhemos uma re-presenta¸c˜ao de uma ´algebra complexag, fixamos autom´aticamente uma ´unica representa¸c˜ao da sua forma real compacta k.

Ent˜ao quando dissermos que uma ´algebra de Lie complexa g ´e uma ´algebra de Lie cl´assica complexa, estaremos nos referindo a uma das seguintes ´algebras de Lie:

sl(n,C) = {X gl(n,C) | tr(X) = 0}, para n >2,

so(n,C) = {X gl(n,C) | X+XT = 0}, para n >2,

sp(2n,C) = {X gl(2n,C) |XTJ2n+J2nX = 0}, para n >1,

onde XT ´e a matriz transposta de X e J

2n ´e a matriz 2n por 2n dada por J2n =

0 1n

−1n 0

(47)

´

E claro que estas defini¸c˜oes carregam consigo uma representa¸c˜ao linear, que tem dimens˜ao m´ınima: s˜ao estas representa¸c˜oes que fixaremos para as ´algebras de Lie cl´assicas. H´a formas alternativas de definir as ´algebras so(2n,C) e sp(2n,C) que s˜ao muito ´uteis, e cujas representa¸c˜oes lineares associadas s˜ao equivalentes `as que apresentamos:

so(2n,C) =

A B

C −AT

∈gl(2n,C)

A, B, C ∈gl(n,

C)

B, C anti-sim´etricas

,

sp(2n,C) =

A B

C −AT

∈gl(2n,C)

A, B, C ∈gl(n,

C)

B, C sim´etricas

.

Uma das vantagens destas defini¸c˜oes ´e que fica ´obvia a rela¸c˜ao so(2n,C) sp(2n,C) =gl(n,C). As respectivas formas compactas das ´algebras cl´assicas s˜ao

su(n) = {X ∈gl(n,C) | X+X= 0, tr(X) = 0}, para n >2, so(n) = {X ∈gl(n,R) | X+X= 0}, para n >2,

sp(2n) = {X ∈gl(n,H) | X+X= 0}, para n >1,

onde X† ´e a matriz transposta conjugada a X.

Nota¸c˜ao Algebra´ Forma Real Diagrama de Cartan Complexa Compacta Dimens˜ao de Dynkin

Ar(r >1) sl(r+ 1,C) su(r+ 1) r(r+ 2) ❡ ❡ . . . ❡ ❡

Br(r >2) so(2r+ 1,C) so(2r+ 1) r(2r+ 1) ❡ ❡ . . . ❡ ❡❍❍✟ ❡

Cr (r>3) sp(2r,C) sp(2r) r(2r+ 1) ❡ ❡ . . . ❡ ❡✟❍✟

Dr (r>4) so(2r,C) so(2r) r(2r−1) ❡ ❡ ❡ ❡

. . .

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