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Localização de siderúrgicas na região de Minas Gerais

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Academic year: 2017

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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA DE SÃO PAULO

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

LOCALIZAÇÃO DE SIDERÚRGICAS NA REGIÃO DE ~HNAS GERAIS

SÃO PAULO

Janeiro de 1977

-~ Fundação Getulio Vargas , · Escola de Adminislraç.ão . FGV de Empresas de São Pauto ·

(2)

i i

LOCALIZAÇÃO DE SIDERORGICAS NA REGIÃO DE MINAS GERAIS

Dissertação subme_tida

à

Coordenação do Curso de Mestrado em

Ad-ministração da Escola de AdAd-ministração de Empresas de São·Paul~

corno parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em

Administração.

Autora HELOIZA QUINTÂO TORRES BARROS

Orientador prof. CLAUDE MACHLINE

prof. WOLFGANG SCHOEPS- membro da Banca Examinadora

(3)

Dedico este trabalho a mem6ria de meu irmão, Everaldo Quintão

Torres~ a quem devo um precio~

(4)

iv.

Ao orientador prof. Claude Machline, cujo desvelo, estímulo e atenção muito contribuíram para minha formação profissional e particularmente para elaboração deste trabalho;

Ao Corpo Docente e Adminisirativo do Departamento de Ci~ncias

Administrativas da Faculdade de Ci~ncias Econômicas da Univer

sidade Federal de Minas Gerais;

A todos, que tornaram possível a realização deste trabalho;

(5)

f N D I C E

I. Introdução ... • . . . ~ . . . 01

II. Pequeno hist6rico da· siderurgia nacional . . . OS

III. Tecnologia do aço . . . 16

IV. Localização de usinas siderúrgicas . . . 23

V. Localização industrial: urna visão te6rica . . . 35

VI .. Localização industrial.um·caso especffico,a Siderurgia .. 55

VII~ Fatores ·1ocacion~is em sideiurgia: existe dinamismo? .... 76

\TII.I. Considerações :f;inais . . . · . . . 89

(6)

~---·-~-

--

... ·--~·-~....-.-.---.~--·-··-- ~--~---~---- ···--~ ---~

-I. INTRODUÇÃO

Projetar um sistema de produção, uma das etapas decisivas para qualquer empreendimento, envolve respostas a mÚl tiplas perguntas:

- O que (projeto do produto) produzir? - Com que (alocação de recursos) produzir?

Como (processo) produzir?

- Onde (localização industrial) produzir?

Para responder

à

Última indagação, buscam-se ~b sídios na Economia Espacial, que tem se preocupado com a concen tração das atividades econ6micas, analisando seus padr6es de distribuição e problemas relativos

à

proximidade entre essas

a-tividades.

Dentro da análise espacial, distinguimos a aná-lise regional,· 9-~e estuda agrupamentos _ou aglomeraç6es de a ti vi

f . •

dades econ6micas Jentro de áreas geográficas bem definidas, tr~ tando de relaç6és estruturais dentro de ~egi6es e entre as regi oes; e a análise locacional, que considera alterantivas de loca~ lização numa determinada área para uma unidade definida, com o objetivo de maximizar a eficiência do empreendimento. ~ esse o enfqque que adotamos aqui, quando passamos a considerar como objeto de análise unidadesindustriais do ramo siderúrgico.

Este trabalho aborda alguns aspectos de localização industrial, analisando os fatores locacionais considera -dos pelo setor siderúrgico, na região do Estado de Minas Gerais. Representa uma tentativa de operacionali~ar a decisão de esco -lha do local 6timo, sugerindo a aplicação de um modelo matemáti co simples, para analisar alternátivas locacionais.

Não se pretende aqui nenhuma abordagem original, mas examinar de que maneil a nossas empresas siderúrgicas têm de

finido seus critérios de : .. ocalização e, de alguma forma, anali-sar a eficiência desses parâmetros. O trabalho se restringe a uma definição dos fatores locacionais e ã metodologia para toma da de decisão ao selecionar o melhor local para a indústria si-derúrgica.

(7)

A opçao pelo setor siderúrgico justifica-se, em parte, pela ênfase da polÍtica governamental, que o considera um dos setores prioritirios para o desenvolvimento nacional. E

quilibrar o consumo de aço com sua produção ~ meta do Plano Si

derúrgico Nacional. A siderurgia desponta no conjunto de

prio-ridades do setor industrial brasileiro, com des~aque especial:

o mercado mundial de aço, segundo previsões oficiais, caminha para a escassez. Assim, para nao ter seu crescimento indus

trial comprometido, nem ficar na dependência de fornecimento externo, o Governo brasileiro se equipa, e investe para atin -gir auto-suficiência no setor.

No plano estadual, Minas Gerais tem liderado a produção siderúrgica, contribuindo com 40% dos produtos nacio-nais de aço (3 milhões de toneladas no total de 7,5 milhões produzidas em 1974). A consolidação e ampliação do pólo side-rúrgico nacional em Minas Gerais tem sido o alvo principal do governo estadual. A chamada "vocação siderúrgica" de Minas Ge-rais, quando se trata de posicionar a economia estadual no con

texto nacional,

é

o jargão comum nos pronunciamentos das

lide-ranças polÍticas e empresariais mineiras.

O capítulo primeiro dessa dissertação traça, em linhas gerais, o perfil histórico da siderurgia nacional, in -traduzindo uma dimensão temporal ao estudo, suficiente para i-dentificar a existência de fatores locacionais, influenciando a distribuição da atividade siderúrgica no país.

O capítulo segundo descreve sumariamente o

pro-cesso da tecnologia do aço, imprescindível

ã

análise do probl~

ma de condicionalidade espacial, já que os insumos adotados

a-tuam como fortes determinantes da localização geogrifica de

uma indústria.

O capítulo terceiro incorpora ao estudo a dimen sao espacial, analisando as tendê-ncias de localização de side-rúrgicas nacionais, numa abordagem genérica e descritiva.

O capítulo quarto aprese~ta os fundamentos

teó-ricos da localização no pensamento dos economistas clissicos ~

lemães von Thtirien, Weber e LHsch e as contribuições de Tord Pa lander, Hoover, Isard, Greenhut: Embora seja um sumirio,

acom-panhado de ligeira anilise, o objetivo desse capítulo ~

(8)

7; _,

.

O capítulo quinto sugere a aplicação de um modelo matemático simples no caso específico da Açominas, considerando a minimização do custo de transporte. A metodologia apresentada

basei~-se no esquema de Weber-Lesch.

O capítulo sexto analisa os resultados de uma pes quisa nas quatro (4) maiores usinas integradas de Minas Gerais . A pesquisa busca definir os fatores locacionais considerados

pe-lo setor, avaliar sua efici~ncia e constatar algumas mudanças na

estrutura:: da decisão locacional na, siderurgia.

No capÍtulo s~timo, sob a legenda de considera

çoes finais, encerra-se a presente dissertação, apresentando alguns aspectos de localização que seriam relevantes numa aborda -gem global.

A literatura sobre localização industrial, escassa, às vezes, "difícil e de pouca utilidade imediata para solu

-çao de problemas concretos••1, sugere uma área fascinante de estu

dos aplicados à nossa realidade. O problema de "onde produzir" ,

isto ~. onde localizar o sistema de produção, considerando as

disponibilidades econômicas de um espaço geográfico e as caracte

rísticas da indfistria, ~ um problema de definição dos fatores lo

cacionais. Obviamente, avaliar esses fatores locacionais, em ter mos rigorosamente econômicos, pela sua variedade e complexidade,

transcende aos nossos propÓsitos. Tentamos, de uma maneira vaga e imprecisa, constatar algum grau de satisfação com esses fato -res, córrelacionando-o com lucratividade da empresa, obstáculos

-

a expansao.

-1 - MOTA, Fernando Oliveira - Manual de Localização

Industrial-tentativa de adequação da teor1a

(9)

Al~m disso, ao definir o conjunto dos fatores 1~ cacionais para uma indústria, não podemos considerá-los estáti-cos, já que modificações estruturais no ambiente (espaço geográ fico, tecnologia, localização de mercado consumidor, políticas governamentais e influências institucionais) ~odem alterá-los significativamente. Muitos fatores locacionais possuem caráter eminentemente subjetivo, intangível, como decisões políticas e motivações pessoais, que dificultam um tratamento objetivo e econômico.

Na seleção da melhor alternativa para localizar uma empresa, o objetivo ~ maximizar a eficiência do sistema, em

termos de custos e benefícios. Assume-se aqui o pressuposto de que essa decisão ~ sempre amparada por crit~rios racionais, eco nômicos, embora não se ignore a influência de fatores s~bjeti

(10)

II. PEQUENO HIST6RICO DA SIDERURGIA BRASILEIRA

Tentaremos, neste capítulo, apresentar os fatos mais importantes da indústria siderúrgica nacional, desde o pe ríodo colonial em que se fizeram os primeiros empreendimentos para a produção de ferrn e seus derivados, at~ aos nossos dias.

A iniciativa da fabricação de aço, aproveitando os recursos naturais disponíveis no País, tem remotos antece .-dentes e não constitui privil~gio de nossa era.

Ji em 1556, os jesuítas, na preocupação de criar condiç6es de trabalho, fundaram uma forja visando a pro-dução de anz6is, facas, cunhas, pis e outros implementas para a comunidade. E~tretanto, o pioneirismo do setor ~ atribuído a Afonso Sardinha Filho, que em 1597 construiu a primeira. forja

em Biraçoiaba, na capitania de São Vicente, perto da atual ci-dade de Sorocaba (São Paulo).

Assistimos, depois, a uma fase em que o interes se em tais empreendimentos decresceu po~ imposição da Metr6po-le que temia qualquer passo em direção i independ~ncia econ5mi ca da Col5nia. O governo portugu~s chegou a proibir, em 1785 ,

a exist~ncia de fundiç6es, ordenando a destruição dos fornos .

Com isso, pretendia-se estimular a mineração do ouro e a agri-cultura.

~ certo qu~ a incipiente indústria de ferro e aço, apesar de toda a ação negativa de Portugal, nunca encer -rou suas atividades. Continuou operando de modo precirio, ado~ tando m~todos primitivos e técnicas rudimentares aprendidastDm os escravos africanos.

Com a chegada da família real ao Brasil, em

1808, o panorama geral mudouse, marcando uma nova era de ex

-. .

pansão da metalurgia e siderurgia brasileira.

Com D. João VI, vieram dois especialistas em me talurgia: F~ederico Guilherme de Varnhagen e o barão Guilherme de Eschwege, que tiveram grande desempenho no setor.

(11)

de hnow-how, insolv~ncia financeira, que logo determinaram seu fechamento. Destaca-se, nessa época, a construção da fábrica de Ípanema, em São Paulo, que fundia ferro a custos pouco com-petitivos com os produtos ingleses, de livre acesso ao mercado

brasileiro. Mesmo assim conseguiu resistir muitos anos, numa

cfclica agonia de fechar e voltar a operar, até que em 1895

encerrou definitivamente suas operações, quando se evidenciou a impropriedade da região para uma siderGrgica de vulto. Outra participação importante deve-se a Eschwege pela instalação em Congonhas do Campo, Minas Gerais, da Fábrica "Patriótica", que

produziu as primeiras barras de ferro no pa{s, em 1812. A em

-presa faliu poucos anos depois, pressionada pela concorr~ncia

dos produtos importados da Inglaterra.

Ressaltemos também a figura do engenheiro fran-ces Jean Antoine de Monlevade, que após uma fracassada tentati

va em Caeté, instalou em São Miguel de Piracicaba, tamb~m em

Minas, uma forja, considerada moderna nos idos anos de 1825.

A criação· da Escola de Minas, em Ouro Preto, que visava ao aprimoramento e formação de engenheiros metalÚrgicos e geÓlogos, representou um marco decisivo para o futuro desen-volvimento de nossa siderurgia. Pesquisas sobre novas técnicas

de produção foram estimuladas e o interesse na fabricação de

ferro e aço atingiu novas formas. Pouco depois, surgiu a

Esco-la Politécnica de São Paulo que propicio~ a especialização de

engenheiros em metalurgia, oferecendo profissionais de alto ní

vel, como demandava a indústria siderúrgica sobrevivente. A

escassez de mão-de-obra qualificada, a competição britânica, a falta de liderança impediram até então o estabelecimento siste mátic; da siderurgia brasileira.

Mereceu registro histórico o conjunto

industri-al instindustri-alado, em 1845, pelo Visconde de Mauá, em Niterói, que

se compunha de uma fundição de f~rro, oficinas mecânicas e

es-taleiros.

O surto indu~trial, nos primeiros anos da

Repú-blica, nao teve correspond~1cia no setor siderúrgico. Havia

apenas algumas pequenas oficinas e fundições destinadas a pro-duzir peças sobressalentes para ferrovias e para o exercfcio da mineração, utensÍlios para as usinas de açúcar e plantações

(12)

Ge-7 .

rais, representou um dos raros investimentos, nesse periodo. Em 1905, a produção não passava de 2.100 toneladas anuais de ferr~

-gusa e 2.000 toneladas de ferro em barras, conforme relat6rio do engenheiro Pandii Cal5geras, que constatou tamb~m a exist~n­

cia de 100 forjas e dois alto-fornos.

O Governo republicano passou a considerar o problema da siderurgia brasileira com mais atenção. O crescimen to do consumo do aço só poderia ser atendido pelo aumento das importações. Consciente da situação, o governo Nilo Peçanha es-tabeleceu concessões que propiciassem a criação de uma indús tria siderúrgica de grande porte. Entre os estímulos figuravam garantias de consumo, isenções de tributos e facilidade de tr~

porte.

Surgiu a "Itabira Iron Ore Co.", de capital

ingl~s, numa comprovação do interesse estrangeiro pelo Brasil , despertado no Congresso de Estocolmo, onde se avaliaram os re -cursos mundiais de min~rios de ferro. A nova empresa adquiriu as ireas produto~as de min~rio em Minas Gerais, a jazida do

Pi-co Cau~.

A Primeira Guerra Mundial estimulou o desen-volvimento de virias setores, especialmente o t~xtil, mas seus

efeitos sobre a siderurgia foram pequenos. Houve crescimento na produção dos altos-fornos existentes, mas pouco significativo no contexto geral.

A expansao da siderurgia nas tr~s primeiras

d~~adas do s~culo XX baseouse totalmente na iniciativa priva

da. Minas Gerais constituiu o centro das atividades siderúrgi -case a firma Queiroz Júnior (Usina Esperança, em Itabirito), o produtor dominante.

Foi fundada a Companhia Siderúrgica Mineira, em 1917, por iniciativa dos engenheiros Amaro Lanari e Cristia-no Guimarães, em Sabari, que, desde o inicio. atravessou s~rias

dificuldades.

O Governo estadual Artur Bernardes conseguiu atrair o capital belga para o empreendimento de produção de aç~

(13)

de produção a carvao vegetal, em São Jos~ de Piracicaba, nas an-tigas propriedades do engenheiro Monlevade. A usina entrou em o-peração em 1934, depois de completada a ligação ferroviária en-tre Belo Horizonte e João Monlevade. Enquanto isso, a fábrica em Sabará foi remodelada e sua produção expandiu-se.

Na década de 1930, houve um surto de empreen-dimentos no setor, refletindo dinamismo e inovação. Anteriormen-te, já tinha sido criada em São Paulo, a Aço Paulista, seguida

da M. Dedini S.A., A Belga-Mineira representou, sem dfivida, a

mais notável expansão do setor siderfirgico, sendo a principalres ponsável pelo crescimento da produção de aço até 1940, sem desme recer o desempenho das pequenas empresas que surgiram no perío -do. Em 1931, criou-se a Companhia Ferro Brasileiro, localizada

em Caeté, Minas Gerais, com capital predominante franc~s. Outras

siderúrgicas surgiram: a Electre Aço Altona S.A. em Blumenau-San ta Catarina; a Siderfirgica Barra Mansa - Estado do Rio de Janei-ro; Companhia Metalfirgica Barbará - Estado do Rio de JaneiJanei-ro; A-ços Villares S.A. - São Paulo.

As siderfirgicas existentes expandiram-se, con

trib~indo também para

6

surto de crescimento da indústria, que a

tingiu limites desejáveis. Como fator principal dessa expansão foi consderada a polÍtica de substituição de importaç6es,

provo-cada pela escassez de manufaturados e pelas dificuldades em se

obter divisas estrangeiras.

Durante o Governo do presidente GetÚlio Var -gas, já se sentia necessidade de uma usina de aço integrada, em

escala substancialmente maior que a Belga-Mineira. As usina~ em

operaçao não tinham condiç6es de suprir a demanda de produtos pe sados de aço, que a construção civil, indfistria naval e indfis

-tria~ ferroviáriaconsumiam. O tratamento do problema siderfirgico

passou a ter outra dimensão. O governo conscientizou-se da nece~

sidade dele pr6prio investir em siderurgia, já que o capital pri vado não se sentia atraído, nem era disponível para empreendimen tos dessa ordem.

(14)

9.

região subdesenvolvida de Santa Cruz (56 km de Vitória) - Esp! rito Santo.

Os interesses financeiros decidiram apoiar o programa de exportação do minério de ferro, mas Farquhar não conseguiu persuadf-los a investir na implantação da usina side rúrgica.

Depois de várias tentativas e grandes difi-culdades, Farquhar e alguns sócios fundaram a Companhia Brasi-leira de Mineração e Siderurgia que obteve, em 1939, o direito de exportar o minério de ferro e operar na Estrada de Ferro Vi tória-t>!inas.

_ Lo~o depois, em 1942, o Governo brasileiro desapropriou a empresa. Farquhar e seus sócios, com a indeniza ção recebida, fundaram a empresa siderúrgica Acesita Campa

-nhia Aços Especiais de Itabira - em Minas Gerais, próxima a

It~biia,principal fonte de min~rio de ferro.

De empresa particular, a Acesita passou,po~

teriormente, a ser empresa pÚblica, pois o Banco do Brasil

ob-teve seu controle financeiro,

i

medida que concedia emprésti

-mos para sua construção.

A formação da Comissão Executiva do Plano

Siderúrgico Nacional, e a criação do Conselho Nacional de

Mi-nas Gerais e Metalurgia, no imbito do Minist~rio da Viação

constitu!ram provid~ncias básicas para o desenvolvimento do se

tor siderúrgico. Várias opções surgiram para implantação de

uma siderúrgia em grande escala;

- empreendimento estatal com financiamento externo, através da

exportação do min~rio de ferro;

- empreendimento particular com participaÇão estrangeira, mas

sob o controle e supervisão do Estado;

empreendimento misto brasileiro, isto é, com participação particular e estatal.

A Alemanha e os Estados Unidos da América

mo~traram-se interessados na perspectiva de investir

tn 'Ç ão de uma grande siderúrgica. Devido à situação

mundial, temia-se a penetração polftica e econamica

na cons -política da Alema -nha, embora alguns nacionalistis preconizassem a exportação do

min~rio de ferro em troca de equipamentos alemães para constru

(15)

~interessante frisar que, em 1937, engenhei ros americanos da DuPont elaboraram um estudo sobre a possibili dade de inveitirnentos siderfirgicos no Brasil e chegaram a resu! tados otimistas. Recomendaram urna usina i beira-mar, localizada em Vit6ria - Espfrito Santo - ou no Rio de Janeiro. Revelaram

que a Estrada de Ferro Central do Brasil, con alguns melhorame~

tos, estaria em condições de servir i usina planejada. Quantoao carvão nacional, não o consideraram adequado ao uso nas usinas, recomendando o carvão importado e um alto-forno sobressalente a carvão vegetal para fazer face is eventuais faltas de suprimen-to externo.

O projeto DuPont foi recusado porque o presi dente GetÚlio Vargas, pressionado por forças nacionalistas, es-tava a favor de uma polftica que preconizava empreendimentos es tatais.

Logo depois, o Governo brasileiro tentou re-negociar a construção do conjunto usina, ferrovia, porto e ins-talações de mineração com a empresa alemã Dernag, propondo-lhe o fornecimento anual de 1.000.000 de toneladas de minério de fer-ro. kproposta brasileira não foi suficientemente tentadora

pa-ra que os alemães a aceitassem. Continuapa-ram as tentativas em

busca de financiamento para nossa siderurgia. O general Edmundo Macedo Soares e Silva, figura proeminente no setor siderúrgico nacional, empenhou-se em solucionar o impasse, buscando

financeiro.,na Alemanha e na Inglaterra.

apoio

Temendo que a Alemanha se associasse ao em -preendimento brasileiro, o Export-Irnport Bank comprometeu-se em

financi~r a aquisição de equipamentos, enquanto a United States Steel enviou uma missão técnica ao Brasil para estudar as possi bilidades de participar do projeto. As proposições apresentadas eram para se formar uma companhia brasileira a ser controlada pela United States Steel. Sugeriram a localização em Santa Cruz,

pr6xima ao Rio de Janeiro; definiram a linha de produção, que

incluia trilhos, perffs, placas, chapas e folhas de flandres;p~

reciam satisfaz(~r aos requisitos de uma grande usina e concilia

vam diversos interesses em jogo~

(16)

siderúr--,-.~--~ .. ---·----·---·---·---..

---~~----11.

gico. Conseguiram, então a aprovaçao do C6digo de Minas que prof bia capitais estrangeiros na mineração e metalurgia. Desta for -ma, a United States Steel foi obrigada a abandonar o projeto,ape sar dos esforços de alguns polfticos interessados.

Em 1941, foi fundada a Companhia Siderúrgica

Nacional - CSN que se tornou prppriedade estatal, pois o

capi-tal particular brasileiro pouco se interessou pelo empreendimen-to. Os financiamentos iniciais foram obtidos através da Caixa E-conômica Federal e Institutos de Previdência. Obteve-se, também, um empréstimo de 45 milhões de d6lares do Export-Import Bank como ajuda americana.

Antes mesmo da fundação oficial da CSN, Volta Redonda· ji havia sido escolhida como local ideal para construção

da usina, por situar-se a 100 km da cidade do Rio de Janeiro e

350 km de São Paulo e oferecer um conjunto de outras vantagens , a que nos reportaremos oportunamente. Engenheiros e administrad9_ res americanos integraram o quadro de pessoal da CSN para suprir nossa falta de experiência até que a empresa pudesse ser total -mente administrada por profissionais brasileiros.

As condições especiais de tempo de gueira

im-puseram inúmeras dificuldades

à

construção da usina de Volta

Re-ddnda, que, em 1946, iniciou suas operações, prod~zindo o prime!

ro coque siderúrgico no Brasil. As unidades dos altos-fornos e a aciaria começaram a funcionar logo depois, mas a laminação só po de operar em 1948 porque dependia, principalmente, de grande vo-lume de equipamento importado.

Sem dÚvida alguma, podemos afirmar que o decê nio de 1930 a 1940 foi um perfodo fértil em que surgiram peque -nas empresas semi-integradas de iniciativa privada. O papel . do Governo foi decisivo e, apesar de certa relutância em assumir a

iniciativa, vêmo-lo, como no caso da CSN, exercer o domfnio da

empresa.

No perfodo pós-guerra, o crescimento indus

trial conduziu à expansão de todo o setor siderúrgico, enfatizan

do a integração vertical das usinas, criando novas unidades par-ticulares e estatais. A Companhia Belga-Mineira expandiu-se até atingir a capacidade de 450.000 toneladas em 1965. Também a Com-panhia Siderúrgica Nacional, ampliando sucessivamente suas insta

lações, de 270.000 toneladas de lingote que produzia em 1946,pa~

(17)

Em 1952, surgiu a Companhia Sider~rgica Man nesmann, subsidiiria do grupo alemão Mannesmann, que passou a produzir tubos sem costura, barras m~dias e pesadas, em aços especiais e em aço carbono. Localizando-se na Cidade Industricl de Belo Horizonte, pr6ximo a pr6pria jazida de min~rio, a usi-na foi desde o infcio total~ente integrada. Para redução do mi

n~rio de ferro e produção de ferro-gusa, foi instalado um

for-no elétrico, aproveitando o recursos disponfvel na região.

Um

alto-forno a coque e forno LD somente foram constitufdos na dê cada de 1960.

Dois grandes projetos siderfirgicos foram concebidos na década de

50 -

Cosipa (Companhia Sider~rgica Pau lista) e Usiminas (Usinas Sider~rgicas de Minas Gerais).

A criação de um complexo sider~rgico inte -grado, localizado pr6ximo ao grande mercado de Sio Paulo, rece beu, desde o infcio, apoio de poderosos grupos financeiros pau listas. Com o correr dos anos, o processo inflacionirio foi de teriorando a capacidade financeira do grupo privado que tentou levar avante o projeto. Em 1956, o Estado de São Paulo supriu o capital adicional e tornou-se acionista da Cosipa. Mais tar-de, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econ5mico, também, tor nou-se acionista, por força de seus financiamentos

à

empresa • Sua participação chegou a .58,2% do capital, em 1960 (esse per-centual hoje j i foi acrescido) quando o Tesouro Nacional deti-nha 6,7% e o restante cabia ao Estado de São Paulo, a ~ornpa

nhias mistas e a grupos privados. A firma americana Kaiser fi-' cou encarregada do projeto e construção da usina, planejada p~

ra produzir 2.000.000 toneladas de produtos planos por ano. A laminação da Cosipa começou a funcionar em 1963 e, três anos depois, as demais seç6es iniciaram a produção. A id~ia da cria çao da Cosipa deve-se ao engenheiro paulista Plinio de Queira~

que teve o apoio de alguns grupos financeiros poderosos de São Paulo. Assim, a Cosipa nasceu do interesse local e da iniciati va privada.

(18)

13.

ção e operação da Usina. Os japoneses desejavam entrar no merca do internacional como grandes fabricantes de equipamento side

-r~rgico e as instalações da Usiminas demonstrariam a excel~ncia e qualidade desses equipamentos.

Em 1956, a Usiminas foi criada, concretizan-do o velho sonho concretizan-dos mineiros de possuir, no Vale concretizan-do Rio Doce , uma grande usina integrada a coque. Farquhar já idealizara o es quema de utilizar o frete do carvão importado, aproveitando o retorno dbs navios e trens de min~rio. Originalmente, o : grupo

japon~s participava com 40% do capital, o Banco Nacional de De-senvolvimento (BNDE) com 24,64%, enquanto o Governo de Minas G~

rais entrava com 23,95% e os restantes cabiam à Companhia Vale -do Rio Doce, à Acesita, ã CSN, a bancos mineiros e a

particula-res.

Grande parte dos trabalhos foram concluídos em 1962, quando o primeiro alto-forno começou a funcionar.

Repetiuse com a Usiminas o mesmo que ocor -reu à Cosipa: os custos de produção aumentaram sensivelmente e o BNDE teve que sustentar financeiramente o projeto at~ se tor-nar o_ acionista majoritário. A participação estr-angeira decres-ceu um pouco.

A empresa foi projetada para atingir níveis de produção de cerca de 2.000.000 de toneladas anuais de produ-tos laminados. Entretanto, espera-se que, em 1978, atinja

3.500.000 toneladas, conforme previsto no Plano Sider~rgico Na-cional.

Ainda na d~cada de 50, pequenas usinas

inte-gradas~ produzindo não-planos, sur~iram em Minas Gerais.

A multiplicação das ind~strias sider~rgicas

sem condições t~cnicas satisfatórias, que grassaram no oeste de Minas, foi responsável por uma das mais s~rias crises, acarre-tando o desemprego de 12.000 opeiârios. Nessa região, havia, em 1958, 28 altos-fornos com capacidade global de 295.920 tonela ~

das/ano, que, em dois anos, passaram para 89, ~om 867.000 tone-_ ladas.

(19)

em 1942 por iniciativa particular. Dentro do esquema de expan-são promovido pelo Governo, a Cofavi passou a laminar blooms da Usiminas, CSN e outras empresas, para produção de barras 1~

ves e de estruturas m~dias~ At~ 1964, quando a Cofavi passou a fabricar seus produtos laminados, seu plano de expansão foi c~

jugado com o plano de implantação da Usiminas, com sucesso. Na d~cada de 60, assistimos ao surgimento de uma usina em Mogi das. Cruzes, a Aços Anhangüera, pertencente a um grande grupo nacional. Outra siderúrgica, outrora parte do grupo Jafet, e hoje controlada pela Companhia Siderúrgica Na -cional, Opera uma usina integrada de m~dio porte, em Mogi das Cruzes.

Tamb~m em 1961, foi criada a Companhia Side~

rúrgica da Guanabara- Cosigua, localizada em Santa Cruz, Esta do do Rio de Janeiro, com 40% de seu capital nas mãos .da empre sa alemã August Thyssen - Hutte.

Resta-nos, ainda, citar alguns fatos que me-receram destaque no desenvolvimento de ~ossa siderurgia.A cria ção da Siderúrgica Rio-Grandense em Porto Alegre; a instalação da J-.Tineração Geral do Brasil, em São Paulo; o surgimento, em R~

cife, da Laminação e Artefatos de Ferro; bem como a constitui-ção da Eletro-Aços Plangg foram marcantes no período de 1938 a 1940.

Ao mesmo tempo em que a CSN e Acesita se com tituíram, a Cobrasa S~A-~ Indústria e Com~rcio surgia em São Paulo. Outra usina foi criada no municÍpio de Paracambi - Esta do do Rio - a Siderúrgica Lanari S.A.

Já mais recentemente, assinalamos a Usina Si derúrgica da Bahia - Usiba - em Aratu, um empreendimento que contou com a participação do BNDE, CSN e CVRD.

Nos dias atuais, vários proje~os em estudo a testam esperanças de êxitos futuros. A Companhia Siderúrgica de Tubarão, que conta com a participação da Siderbrás, Kawasa-ki Steel e Italimpianti, visando principalmente

ã

exportação , prevê em sua primeira etapa uma produção de 3 milhões de

(20)

15.

Em Minas Gerais, outros dois projetos encontramse em implantação, a Aço Minas Gerais S.A. e Usina Side

-r~rgica Mendes J~nior. ~ a comprovaçao da aut~ntica vocação si

der~rgica de Minas Gerais. Os reflexos momentineos de uma con-juntura desfavorável não afetam a confiança no futuro dessa a-tividade.

O projeto da Açominas que tem despertado a atenção do Governo Estadual, da imprensa mineira e do p~blico

vem, hoje, definir-se como uma realidade. Com a participaçãoda Siderbrás, Usiminas, CVRD, Governo do Estado de Minas Gerais e sócios estrangeiros, prev~-se a produção de 5 milhões de tone-ladas/ano de aço em lingotes, em 1985, quando a Açominas entra

-ra em plena capacidade.

A implantação da Usina Sider~rgica Mendes J~ nior está assegurada com a aprovação de seu estudo de .viabili-dade pelo Conselho de Não-Ferrosos e de Sider~rgia - Consider. A resolução 31/75 reafirma "apoio

à

implantação imediata de u-sina a coque de grande porte através de grupo empresarial pri-vado"; que se refere diretamente ao projeto da

sr-1J.

Embora se trate de dois projetos autônomos , as usinas da Acominas e da Mendes J~nior estão inclufdas na estratégia geral da polftica sider~rgica mineira e se comple -mentam. Prev~-se mesmo uma integração nos projetos, principal-mente na fase inicial, em que os produtos semi-acabados de uma usina poderão ser laminados na outra até que se instalem suas unidades de aciaria e fundição.

A produção nacional de aços planos deverá a-tingir 11,6 milhões de toneladas anuais, ao se concluir o ter-ceiro estágio do Plano S~rúrgico Nacional, em 1980.

(21)

III. TECNOLOGIA DO ACO

A compreensao da tecnologia do aço é essencial

para o estudo da localização das siderúrgicas. Com o propósito

de esclarecer os aspectos tecnolÓgicos que influenciam na locali zação das usinas, apresentaremos um apanhado geral da fabricação do aço.

~ necessário, antes de mais nada, que se fixem

alguns conceitos básicos. Usina integrada refere-se ã que

trans-forma min~rio de ferro gusa, operação essa efetuada nos altos

fornos; transforma o gusa em aço, na aciaria; e processa o aço

na laminação, at~ darlhe características e conformação deseja

-da. Usina não-integrada utiliza gusa como mat~ria-prima, ou mais

comumente, sucata, e refina este material na aciaria, antes de

processá-lo na laminação. Há, finalmente, usinas que compram lin gotes de aço a fim de dar-lhes acabamentos na laminação.

A elaboração de produtos acabados envolve

qua-tro etapas básicas de prod~ção:

1. Mineração e tratamento de mat~ria-prima:

O minério pode ser obtido por exploração a c~u aberto, como

~usual entre nós, ou em minas subterrineas. Chegando ã usin~

o minério ~ levado diretamente aos altos-fornos ou passa por

um processo de beneficiamento que o classifica e melhora suas

características. Um proce-sso de comprovada economicidade e a

sinterização, que utiliza finos. de minério de ferro, misturan

do-os com finos de coque e fundentes. A utilização do sfnter

reduz substancialmente o consumo do coque nos altos-fornos.

A peletização, também, aproveita os finos de

minério, aglomerandoos em pequenas bolas, os "pellets". Re -presenta alto grau de utilização do minério de ferro,

acarre-tando aumento de produtividade do alto-forno. A fábrica de p~

letização que a Companhia Vale do Rio Doce construiu junto ao porto da Ponta do Tubarão - Espírito Santo - destina-se exclu

sivamente ã exportação e tem uma capacidade anual de

(22)

17.

2. Redução do min~rio de ferro:

Reduzir o min~rio de ferro consiste em retirar o ferro meti-lico, contido nele, atrav~s de reações qufmicas, em condi ç6es determinadas, entre o min~rio e uma substincia chamada redutor. O carvão mineral ~ um dos redutores mais usados. An tes de ser usado no alto-forno, o carvão ~ convertido em co-que. O carvao, ao ser extrafdo da mina, muitas vezes ~ lava-do, a fim de melhorar suas propriedades. No forno a coque a queima de gás eleva o carvão à temperatura de 1.0009C, eli minando, assim as substâncias voláteis e o alcatrão. O coqu~

sendo poroso, não se funde em massa p~gajosa e suporta as cargas de min~rio de ferro e de calcário que são usadas em camadas alternadas na alimentação dos altos-fornos.

Algums siderfirgicas usam carvão vegetal no alto-forno, para substituir o coque. O carvão veget~l torna desnecessários investimentos consideráveis em altos-fornos , mas exige extenso plantio de árvores e uso intensivo de mao-de-ohra. Há ainda a se considerar que os altos-fornos a car-Vao vegetal são limitados em tamanho: pois o carvão vegetal na6 suporta grandes cargas. As siderfirgicas que operam com carvão vegetal nao podem alcançar substanciais economias de escala.

A redução do min~rio de ferro em gusa pode ser direta, isto ~. processar-se sem chegar

à

fusão ou sem se efetuar em alto-forno. Quando a eliminação do oxigênio se realiza nessas condições, o produto conserva sensivelmente a forma original do min~rio, com porosidade bem maior. O prod~

to da redução direta ~. por isso, denominado ferro-esponja ou esponja de ferro, sempre que atinge um grau de redução maior que 85%. Se entretanto, a relação entre o oxigênio re-movido e o oxigênio total - o grau de redução - for menorq~

85%, o material recebe o nome-de "pr~-reduzido".

O min~rio de ferro ~ constitufdo principalmen te de hematita - 6xido - f~rrico - e/ou magnetita que ;

5xi-do ferroso-f~rrico.

(23)

No alto-forno, carregam-se minério de ferro , coque e os fundentes, na parte superior, e um grande volume

de ar aquecido é instiflado através dos materiais que descem

de

pela aç~o da gravidade. O coque serve, ao mesmo tempo,

combustível e de agente redutor, e os fundentes reagem com

as impurezas do minério, separando-as. O ferro liquefeito s~

para-se de outros minerais, segregando-se na parte inferior do forno, ao passo que a escória flutua em cima do metal

lÍ-quido. Para se acelerar o processo de fus~o. pode-se injetar

gás natural, Óleo e oxigênio, que elevam a temperatura. Ofer ro gusa obtido pode ser mantido em estado lÍquido para ali -rnentar o misturador de metal a quente que o leva até a acia-ria,

3. Transformaç~o (ou Refino) do ferro-gusa em aço:

A transformaçio do gusa em aço apÓia-se na oxidaç~o de

impurezas contidas no ferrogusa. Há 4 tipos de forno mais usa -dos nesse processo:

1. O forno aberto Siemens Martin - onde a carga, formada por ferro-gusa lÍquido, sucata, ferro-ligas, minério de ferro e ~alcário, é exposta a chamas;

2. O forno elétrico - carregado exclusivamente de sucata. A

corrente elétrica aquece o forno que

é

usado na produção

de liga de aço, aços especiais e todos os tipos de aço carbono;

3. O BOF (Basic Oxygen Furnace) - conhecido como processo LD,

/

carregado de sucata, ferro gusa lÍquido e fundente. E o

processo mais usado em nossas siderúrgicas. A

temperatu-ra é elevada pelo oxigênio injetado, que se combina com

o carbono e outros elementos indesejáveis, provocando rea ç6es capazes de transformar o gusa em aço;

4. Processo Bessemer - muito pouco usado entre nós, já total mente superado.

O processo LD oferece grande rapidez no seu ciclo de pro~

dução, que atinge somente cerca de 45 minutos. Em contras te, na aciaria Siemens Martin, urna corrida período en -tre duas cargas - leva de 8 a 11 horas.

Empregando qualquer destes processos, o aço liquido é

(24)

19.

determinados pelo fim a que se destinam (placas ou tarugos), onde se solidifica, formando lingotes de aço. O lingote de aço, através de uma série de operações, recebe, por meio de deformações plásticas, a forma desejada: chapas, perfís, tri lhos, etc. Depois de retirado da lingoteira, o aço é levado aos fornos-poços :para homogeneizaçã6, a uma temperatura ade quada.

4. Laminação dos Lingotes:

A laminação primária é feita no laminador deshastador, que reduz o lingote, por meio de passagens através de dois ci -lindros de aço, com movimentos reversíveis, às dimensões(lar gura e espessura) desejadas.

As placas e os tarugos assim obtidos sao mar-cados, resfriados e levados ao pátio de placas onde têm a superffcie condicionada e aguardam a programaçao para a lami naçao suhsequente.

A laminação a quente visa a obter chapas gro~

sas, bobinas e chapas finas a quente,_ a partir das placas ob tidas. As placas são levadas ~o 'pitio para os fornos de rea-quecimento, onde adquirem a temperatura adequada para a lami nação. Quando essa temperatura é alcançada, as placas são

e-jetadas sobre uma mesa de rolos que as leva ao laminador de chapas grossas que reduz a espessura·e condiciona a largura das placas às dimensões desejadas.

(25)

~

A decapagern e uma operaçao que consiste em fazer passar a tira de aço desenrolada por uma solução de mistura de ici-do clorÍdrico e sulfúrico, retiranici-do as impurezas

superfi-ciais e permitindo a subsequente laminação. No trem de

laminação a frio, a bobina ji decapada tem sua espessura

reduzida

à

bitola estabelecida.

Os esforços de deformação a frio no lamina-dor geram no aço tensões internas que lhe conferem proprie dades indesejáveis. O recozimento corrige tais efeitos,sub metendo a bobina laminada a frio a temperaturas bem

deter-minadas, por tempo pré-estabelecido, em presença de uma

atmosfera inerte. Esse tratamento reorienta os "grãos" do

aço e destr6i as tensões, resti~uindo-lhe características

desejadas.

As propriedades finais do aço advêm da ope-raçao subsequente, o encruamento, que submete a tira a uma moderada compressão, reendurecendo ou encruando a

superfí-cie que tinha se tornado ligeiramente amolecida pela oper~

ção anterior. A bobina a frio torna-se, então, um produto

final ou, ainda pode ser enviada à linha de tesouras a

frio para ser cortada em dimensões programadas, como chapE finas a frio.

As siderúrgicas integradas e mesmo as

semi-integradas possuem importantes instalações auxiliares, indispe~

sáveis à manutenção da continuidade de todo o complexo indus

trial. Oficinas mecânicas para reparos ou fabricação de peças

constituem importante elemento agregado à usina, garantindo

su-primento de peças e serviços de manutenção que seriam difíceis de se obter no mercado em vista da escassez de firmas especiali

zadas. As fundições também são instalações indispensiveis à usi

na integrada para fundir as lingoteiras, os tamboretes

utiliza-dos na aciaria, ou produzir peças f~ndidas de reposição. Se se

adota o processo LD - (iniciais de 7 siderúrgicas austríacas

(26)

21.

Outras instalações são necessárias a usinas integradas. Se o

alto-forno funcionar a coque, a instalação de coqueria está intrínseca ao planejamento do complexo industrial. Certamen -te, uma unidade de sinterização, para melhor aproveitamento do minério de ferro, será instalada. A seguir, os altosfor -nos, a aciaria e a laminação completam a instalação industri-al. Maiores investimentos na construção de fornos-poços e for

nos de reaquecimento são exigidos no setor de laminação, que

oferece menos flexibilidade que os outros setores. As instala

ções de carga e descarga supõem equipamentos sofisticados,po~

tes rolantes, guindastes diversificados, transportadores au

tornáticos e complexos que oneram significativamente o investi menta.

O alto-forno continuará por muito tempo a

ser o principal equipamento na redução de minério de ferro.Os

tijolos refratários, usados na sua construção, bem como no

revestimento dos recipientes e conchas devem ser renovados pe riodicamente (de 5 a 7 anos).

A principal medida de eficiência do

alto--forno é a "relação de coque'; (coke rate), que traduz a quanti_

dade de coque utilizada por tonelada de ferro-gusa. O coque

chega a atingir 70 a 80% do valor dos insumos na produção

si-derfirgica brasileira e constitui um dos grandes problemas pa~

ra esse setor, não só pela escassez no mercado interno, como

pela baixa qualidade do ~arvão nacional e o alto preço do car

vão importado.

A laminação é a parte mais dispendiosa na

implantação de uma siderfirgica, e sua construção, em geral, e

xige, em termos proporcionais, mais inversões se for montada gradualmente do que se o for de urna só vez. As seções do alto

-forno e aciaria podem ser instaladas gradativamente, com ma~·

facilidade.

O lingotarnento contínuo dos aços representa

nao só uma continuidade de operações, mas a eJ.iminação da ~a­

se de "lingotes", de custosa movimentação e processamento. Há

muito que os técnicos siderurgistas têm tentado tornar os pr~

cessas contínuos.

Na laminação, a continuidade existe desde

(27)

minação, at~ ~s linhas de decapagem e recozimento. A

continui-dade está sendo levada ~ fase primária de laminação, isto ~.ao

desbaste, eliminado-se o lingotamento clássico. As vantagens do lingotamento contínuo resumem-se nas seguintes vantagens e-conômicas:

- simplificação do equipamentQ, que exige menor investimento; economia nos custos de operação (8 a 10 dÓlares por tonela

-das);

- redução do espaçb ocupado;

-aumento no rendimento, pois,:a relação "placas/lingotes"

a-tinge a 95%, enquanto no processo clássico o rendimento é de

85%.

Além disso, o lingotamento contínuo

apresen-ta superfÍcies de boa qualidade, reduzindo traapresen-tamento posteri~

res pela uniformidade, isenção de segregação e ~ácil controle

do tamanho de grao.

Entre as limitações do processo enumeremos as seguintes:

- sincronização entre o aparelho de produção de ~ço e a

máqui-na de lingotamento contínuo; - baixa velocidade de produção;

- pouca flexibilidade em relação ~ forma das placas e blocos;

- deficiência de controle de efervescência para a fundição de

aços semi-~cabados.

(28)

IV. LOCALIZAÇÃO DE USINAS SIDERaRGICAS

A indústria siderúrgica possui característi cas peculiares que influem decisivamente na escolha do melhor local para usa instalação. Exigindo mobilização de grandes vo lumes de matérias-primas, combustível e outros insumos, uma siderGrgica bem localizada sup6e uma série de condiç6es que facilitem o acesso às fontes de suprimento e ao mercado consu midor, incluíndo a existência de vias de transporte eficiente e infra-estrutura adequada de serviços. "A localização ideal para toda usina de aços comuns é um local em que a soma dos custos de estocagem das matérias-primas, mais os de transpor-te dos produtos acabados e seus respectivos mercados seja

mí-. mí-. 2 nima"

A competição internacional imp6e que se minimizem os custos de produção, dentro de padr6es estabeleci -dos de qualidade. A grande opção para se produzir a custos re duzidos é adotar economia de escala, o que, de algum modo, se condiciona à disponibilidade de uma área física ampla, capaz de suportar as exigências de uma expansão na capacidade produ tiva. Em Última análise, o aspecto locacional assume, hoje grande relevincia, em nosso país, pelas perspectivas de expa~

são da siderurgia nacional e pela necessidade de se tirar o melhor proveito de uma localização adequada, em termos de re-dução de custos de transporte e processamento.

Entre os fatores locacionàis que atuam deci sivamente na localização das fábricas, a matéria-prima tem sido preponderante, e no caso de usinas siderúrgicas, merece atenção especial.

Analisaremos, a seguir, os principais insu-mos na produção de aço ·e seus respectivos percentuais de par ticipação no produto final.

2 - LEUSCHENER , Bruno - (21) Transferência da Tecnologia na Indústria SiderGrgica. p.ll4.

: ~-­

(29)

TABELA 1

COMPOSIÇÃO MbDIA DE UHA TONELADA DE LINGOTE DE AÇO, NUMA USINA A COQUE

MATbRIA-PRIMA TONELADAS PERCENTUAL

Minério de ferro 1,752 t 47,47%

Carvão nacional 0,398 t 10,78%

Carvão importado 0,929 t 2 5,15%

Calcário 0,447 t 12,11%

Diversos 0,164 t 4,49%

T O T A L 3,690 t 100,00%

.

FONTE LEÃO, Mário Lopes - (19) Revista Siderfi~gica;

setembro/70 - p.ll.

O minêrio de ferro, que part{cipa com 47,47% em peso, do produto manufaturado, encontra-se-em jazidas nacio nais em pontos bem determinados. As reservas brasileiras conhe cidas em 1962 (excluindo portanto, as jazidas da Serra·;dos

Ca-rajás - PA), segundo a CEPAL, eram superiores a 15 bilhões de

toneladas, aproximadamente tr~s quartos das reservas da

Amêri-ca Latina.

No Estado de Minas Gerais, existem duas gran des· regiões produtoras de minério de ferro:

- Zona do Vale do Rio Doce - que exporta parte de sua produção

pelo porto de VitÓria atravês da

Estrada de Ferro Vitória-Minas; - Zona do Rio Paraopeba e do Vale do Rio das Velhas- que utili.

za o porto do Rio de Janeiro para exportar sua produção.

A tabela que se segue.esclarece quanto i

(30)

25.

T A B E LA 2

LOCALIZAÇÃO, RESERVA E PROPRIEDADE DAS MAIS IMPORTANTES JAZIDAS DE MIN:f!RIO DE FERRO EM EXPLORAÇÃO NO BRASIL.

JAZ IDA LOCALIZAÇÃO RESERVA PROPRIEDADE*

ESTIMADA

Cauê Itabira MG lSO.OOO.OOOt CVRD

Casa da Pedra Congonhas

do Campo MG 158.000.000t CSN

Pico de Itabi Itabirito

-.

30.000.000t NBR

r a MG

Águas Claras Belo Hori- 330.000.000t MBR

zonte MG

I

-Alegria Caraça MG 300.000.000t

-Andrade João Monle - 40.000.000 CSBM

vade MG

Candu Rio Paraopej

-

MGB

ba MG

* CVRD - Companhia Vale do Rio Doce

CSN - Companhia Siderúrgica Nacional

CSBM - Companhia Siderúrgica Belga-Mineira

MGB - Mineração Geral do Brasil

MBR - Mineraç6es Brasileiras Reunidas

Fonte: Naç6es Unidas , CEPAL.

TIPO DE !VIIN:t:RIO

hematita compacta

hematita compacta

hematita e i tabiri to

-hematita

itabitiro

FALCÃO, J.M. - A economia siderÚrgica da Am~rica Lati

-na. Dez. 19'14.

O carvão coqueificável, componente básico na

fabricação do aço, tamb~m se localiza em pontos definidos,

po-rém escassos. As jazidas carboníferas são encontradas na parte meridional do Brasil, no Estado de Santa Catarina (e em alguns

(31)

A maior parte do nosso carvao é betuminosa. Dos carvoes

nacio-nais, s6 o carvão catarinense é apropriado para a obtenção de

coque, apesar de seu alto teor de cinzas, que se eleva a 17,9%. Torna-se, então, imprescindfvel a importação de carvão, princi palrnente dos EU A, cujo teor de cinzas gira em torno de 4,1 a 3,8%. Entretanto, as siderúrgicas nacionais não podem usar ex-clusivamente o carvão importado, pois hi 6brigatoriedade legal do uso de 30% (resolução do Conselho de Não-Ferrosos e de Side

rurgia em 17.02.76) do carvão nacional para incentivar a produ

ção local e evitar efeitos sociais negativos, provocados pelo encerramento das operaçoes nas minas catarinenses.

O carvao vegetal, que exige 3 a 4m3 de le

-nha por tonelada de produto manufaturado, é obtido em regiões de florestas naturais ou ireas de reflorestamento, em .geral pró Ximas is usinas. Cerca de 30% do ferro-gusa produzido no Bra·-sil são fabricados utilizando-se carvão vegetal.

Os fundentes, principalmente o calcirio, sao

encontrados em pontos mais .:disseminados e mais abundantes em

Minas Gerais. A dolomita de qualidade superior encontra-se nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A sucata, que constitui importante insumo na; fornos de aço Siernens-Martin e fornos elétricos, nao seres tringe a determinadas ireas: é produto residual.

Consideramos três fontes básicas de sucata: - o pr6prio processo de fabricação - sucata interna;

- a obsolescência - materiais velhos de aço (carros, barcos rniquinas); e

- a fabricação de produtos de aço - sucata de transformação. A disponibilidade de outros insumos, corno e-nergia elétrica, igua, mio-de-obra qualificada, assume grande importincia na determinação de local 6timo.

Podemos classificar as alternativas para ins

talaçio de usinas siderúrgicas segunco alguns critérios ge-.

rais como os seguintes:

- localizar-se junto i fonte de minério de ferro, corno grande

parte das siderúrgicas integradas (Belgo-Nineira, Usiminas ,

Hannesrnann, Acesita)~ que se estabeleceram junto ao

"Quadri-látero Ferrffero", onde se concentra quase a totalidade da

(32)

27.

- localizar-se junto à fonte de combustível redutor, como as

siderfirgicas do Vale do Ruhr na Alemanha e a Usiba, na Bahia; - localizar-se em pontos intermediirio entre o mercado

consumi-dor e as fontes de matérias-primas ou de combustível,

parti-cularmente na conflu~ncia de duas ou mais vias de transporte,

que ligam as fontes de matérias-primas, ou estas aos mercados consumidores.

A Companhia Siderúrgica Nacional é exemplodes se Último tipo, pois Volta Redonda se acha próxima aos mercados do Rio de Janeiro e São Paulo e relativamente perto das jazidas de minério de Minas Gerais.

Nas condições atuais, em que predomina a

ten-d~ncia para grandes unidades de produção, dificilmente se

reco-mendaria a uma usina se instalar junto às minas de ferro. Com

capacidade média de 5 milhÕes de toneladas de lingotes· anuais ,

seriam nec~ssirios, num período médio de 40 anos, 350 milhões

de toneladas de minério de ferro, o que esgotaria qualquer jazi

da. Esses cilculos baseiam-se num padrão ideal de usinas, cujo

abastecimento deveria provir de virias pontos para nao se res -tringir a uma Única jazida.

As regiões carboníferas nacionais, apesar de serem menos restritivas, nem sempre oferecem condições ideais para usinas siderúrgicas.

A proximidade aos centros condumidores, ora li

mita a expansão da usina pelo crescimento da irea urbana, ora

lhe traz consequ~ncias indesejiveis, como problemas de póluição

do ambiente urbano, alto cus to de .mão-de-obra, congestionamento de vias de transporte etc.

A alternativa mais viivel seria localizar- se

em pontos intermediirios, principalmente quando as jazidas de

minério estão muito distantes das de carvão.

Considerando a premissa bisica de que o local ideal supoe baixos custos de reunião de matérias-primas e

faci-lidades de transporte, a localização à b~ira-mar apresenta argú

mentos convincentes. O escoamento por mar oferece mais

flexibi-lidade que as ferrovias ou rodovias, com custos ~ais redu~i~os __

Hi àinda mais facilidades de importar combustíveis,de conquis-tar mercados externos. Acresce ainda a minimização do custo: de

manipular o min~rio e/ou combustível, que depois de

(33)

diretamente aos altos-fornos.

A siderurgia japonesa, que goza de inegáveis vantagens comparativas em relação is demais, localiza-se quase

toda i beira-mar. Com capacidade m~dia de 8 rnilh6es de

tonela-das de aço anuais, uma usina japonesa consome cerca de 22 rni~­

lh6es de min~rio de ferro e carvão, cujo transporte s6 podes&

tt.,.- - ...

exequ1vel e economico por via mar1tima. Apesar de importar 90%

do rnin~rio consumido e mais de 80% do carvão empregado, a indús

tria nipônica se coloca, atualmente, em 39 lugar na produção

mundial. Além disso, o baixo custo dos terrenos recuperados ao mar reforça as vantagens da localização na costa marftima.

A COSIPA, cuja instalação mereceu muitos es-tudos e análises representa urna tentativa de usufruir das

van-tagens da localização

ã

beira-mar e da proximidade do grande

mercado de São Paulo.

Às vezes, fatores que nao mantem nenhuma

re-lação com a minimização dos custos de transporte atuam de~isi­

vamente na escolha do local. Podem sér fatores polfticos, in -teresse=governamental em desenvolver uma região pu outros seme lhantes.

A presença local de insumos não aproveitá

Veis economicamente em outras regi6es torna, em alguns casos

particulares, vantajosa a instalação de. uma siderúrgica. Como

exemplo temos a Mannesmann, que ao se instalar pr6ximo a Belo

Horizonte em 1952, visava ao aproveitamento da energia abundan

te e barata, e adotou fornos elétricos. Certamente, a proximi-dade do centro consumidor lhe garantiu o fornecimento da suca-ta e um mercado certo para seus produtos finais. Outro exemplo

é o da Fierro Esponja S.A. (FESA), localizada no México, que

aproveita o gás natural para a redução direta do minério e ho-je é a maior produtora de ferro-esponja do mundo. Essas empre-sas, que aproveitam insumos locais, são, geralmente, de

peque-no porte 3, destinando sua produção ao mercado regional limita

do, não t~m muitas possibilidades de adotarem urna escala de

produção mais rentável.

Entre as usinas siderúrgicas regionais brasi leiras destacamos:

- a Usiba, que utiliza o gás natural da região de Aratu o processo de redução direta (Bahia);

(34)

29.

- A Cosinor, que adota processo eletro-siderúrgico, utilizando energia em condiç6es favoriveis (Pernambuco);

- a Aços Piratini, que utiliza carvio da Mina de Charqueadas por redução direta (Rio Grande do Sul);

a Cosima, que utiliza o carvão vegetal di reg1ao, bem

min~rio de ferro e mangan~s locais (Mato Grosso);

como

- a Siderama~ que consome mat~rias-primas encontradas na re gião e carvão vegetal das matas virgens (Amazonas).

A instalação de usinas de pequeno porte,al~m

de representar menor investimento de capital, goza da vantagem de atender melhor a um mercado consumidor, com possibilidades de adaptar-se às condições locais. O grupo Korff, responsáveLr pela implantação da Georgetown Steel Corporation nos E U.A. em 1969, adotou a estrat~gia de instalar miniusinas com cus -tos operacionais reduzidos. Uma pesquisa feita pelo grupo apon ta uma s~rie de consideraç6es t~cnico-econômicas e tamb~m vanta· gens administrativas (facilidade de coordenação das atividade~

simplicidade no sistema de informação, controle mais éficien -te) que são encontradas rias siderúrgicas com capacidade limita da a 400.000, ou 500.000 toneladas anuais. Contrariando a

ten-d~ncia mundial de instalação de grandes usinas, como condição

básica para se obterem preços competitivos, as mini-usinas têm conseguido muito sucesso na produção de. fios, tarugos, barras reforçadas e pequenas estruturas.

A concentração de ferro no "Quadrilátero Fer rífero" induz

à

localização de siderúrgicas nos vales do Rio Doce e do Rio Paraopeba. l\Ias o ca~vão mineral, importado ou na cional, sugere localização junto a portos bem aparelhados~ que possam receber combustíveis em grandes quantidades. O mercado .. : de consumo no eixo-Rio-São Paulo (mais de 50% em São Paulo e 30% no Rio) representa poderosa forÇa de atração para os empr~

endimentos siderúrgicos.

No polÍgono que tem Belo Horizonte, Sio Pau-lo, Santos, Kio de Janeiro e Vitória como v~rtices, há um sis-. tema de trar.sporte rodo-ferroviário bastante denso e como per~

pectivas de melhoramentos substanciais. Segundo o Plano Nacio-nal de Ferrovias, al~m da Ferrovia do Aço que ligará Belo Hori

(35)

de 80 milhões de toneladas anuais de minério de ferro e prod~ tos siderúrgicos acabados.

Resulta, dessa anilise, a justificativa da concentração atual da produção siderúrgica nos Estados de Mi-nas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. MiMi-nas Gerais detém 32,5% da capacidade instalada e 36,5% da produção nacional de

aço. São Paulo detém 31,86% da capacidade e 24~21% da

produção nacional, constituindo o maior mercado consumidor nacio

-nal, ou seja, 66,4% do total. Rio de Janeiro.detém 31,15% da

capacidade e 34,21% da produção nacional de aço 3 .

Os tr~s estados são responsiveis por mais de 95% do aço nacional e consomem mais de 80% da produção glo bal. Neles se localizam as maiores siderúrgicas brasileiras :

Cosipa, em Piaçaguera, São Paulo; CSN, em Volta Redonda, Rio

de Janeiro; Usiminas, em Ipatinga, Minas Gerais; Belga-Minei-ra, em Joio Monlevade, Minas Gerais; Acesita, em Tim6teo, Minas Gerais; e Mannesmann, na Cidade Industrial de Belo Hori -zonte também em Minas Gerais.

Antes de se procurar o-local para

instala-çao da usina, é necessirio definir seu produto, que pode

va-riar desde o fornecimento de gusa para fundições, de aço para

construção ou fins mecânicos, até a manufatura de produtos pl~

nos. Tratando-se desses Últimds, supomos uma produção em :ma-ior escala, que possa tornar econ5mico o empreendimento.

Den-tre os fatores que decidem a localização~ assumem maior impor

tância o mercado, existente e potencial, bem como a

capacida-de dos meios capacida-de transporte em assegurar o fluxo contfnuo do

grande volume de matérias-primas

e

de produto acabado.

A produção de gusa, usualmente, se faz no

Brasil em pequenas unidades i base de carvão vegetal, como as 90 usinas existentes em Minas Gerais, estabelecendo-se

pr6xi-mas ~os consumidores e is fontes de matérias-primas.

Muitas usinas, originalmente bem localiza-das, entraram num processo de degenerescência a paralização de oper~.ção, ocasionado pelo progtesso tecnol6gico e cresci -mento do mercado. Foi o que ocorreu nas ireas pioneiras na in dústria siderúrgica: Siegerland na Alemanha; Steiwark na Áus-tria; Sheffield na Inglaterra e algums usinas no sul de Minas Gerais.

3 - LEÃO, Mirio Lopes - (19) Revista Siderurgia 1~ p.l6

(36)

31.

A localização à beira-mar tem sido conside-rada uma das melhores opções da siderurgia, em vista da redu-ção do custo de transporte marítimo proporcionado pelo uso de navios de grande calado, e do grande fluxo de mat~rias-primas

e produtos acabados, que exigem vias de transporte flexíveis.

Al~m disso, o transporte marÍtimo permite

à

usina atingir altos níveis de produção, sem grandes investimenaltos na sua es -trutura logística.

Consideremos as vantagens locacionais da usina da Ponta do Tubarão, em Vit6ria, Espírito Santo 4;

- redução no custo dos transportes do carvão mineral importa-do, aproveitando-se o frete de retorno dos navios para traffi· portar o produto manufaturado;

- redução no custo de carvões importados e nacional postos na usina, pela inexistência da baldeação para transporte ferr~

viário e desse transporte, e pelo desembarque do carvão di-retamente na usina, visto que o transporte de carvão poderá fazer-se do navio ao parque de carvão na usina, atrav~s de transportador de correia;

- custos reduzidos do min~rio de ferro transportado pela Es -trada de Ferro Vit6ria-Minas;

- possibilidade de usar pelotas produzidas na usina da Compa-nhia Vale do Rio Doce, transferidas at~ a usina atrav~s de transportador de correia;

- possibilidade de usar finos de min~rio obtidos da central de britagem e classificação da CVRD, que não sejam utiliza-dos na pelotização mas possam ser usadas economicamente na futura sinterização da usina;

economia nas imobilizações em capital de giro em vista da redução dos estoques da usina, que fluirão do porto para a fábrica.

Situada

à

beira-mar, a usina da Ponta do Tu barão integra a Companhia Ferro e AÇo de VitÓria (Cofavi). En focando ainda as usinas localizadas à beira-mar, não podere mos deixar de mencionar a Usina Jos~ Bonifácio de Andrade e Silva, em Piaçaguera, municÍpio de Cubatão, a 72 km de São Pau lo (COSIPA).

(37)

De sua localização, advieram as seguintes van tagens:

- vizinhança do mercado consumidor constituído pelo aglomerado industrial paulista;

- concentração dos meios de transporte terrestre, ferrovias(Es-trada de Ferro Central do Brasil, Companhia Paulista de Estia da de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana) e rodovias (São Pau lo-Santos, Rio- Santos);

- proximidade do porto de Santos;

condições adequadas para a construção de ancoradouro próprio, junto ao seu pátio de matéria-prima;

-vizinhança de área urbana e n~cleos residenciais, que torna desnecessários investimentos para construção de vilas de ope-rários e bairros residenciais, etc.)

- existência de amplo mercado de mão-de-obra qualificada, técni ca e gerencial, em decorrência do nível cultural do ambiente; suprimento de energia elétrica adequado, bem como de água abundante e combustíveis lÍquidos (situada a 6 km da Refina -ria Presidente Bernardes);

existência de facilidades técnicas, industriais, c0merciais , bancárias, em razão da proximidade de Santos e São Paulo; - facilidade de comunicação (telex, telefone, telégráfos) e

dtsponibilidade .de terrenos a custos relativamente baixos; - proximidade de "centros de geração de sucata".

Apesar dos várips estudos e projetos realiza-dos por equipes de gabarito internacional, a instalação da Cosi pa encontrou muitas dificuldades. A construção da Usina demorou mais tempo do que se previa e ficou muito mais cara do que a e~

timativa original, devido

à

natureza de terrenos, pois o solo tinha condições extremamentes deficientes, exigindo grand~. es-tacamento.

Há sempre, em qualquer local, vantagens que incentivam a instalação do empreendimento i11dustrial e desvanta gens que atuam como forças negat~vas. O importante é que, no ba lanço entre pós e contras, haja o máximo de objetividade,,; -:;nP.

Imagem

Fig.  2  ISODAPANAS
Fig.  3  - POL!GONO  LOCACIONAL
Fig.  4  - Determinação  de  limite  entre  áreas  de  mercado  de  duas  empresas.
Fig.  5  - Limite  entre  áreas  de  mercado  de  dois  produtores  sob  condições  de  retornos  decrescentes
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Referências

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