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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LINGUÍSTICA
KARLA GEANE DE OLIVEIRA
A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA FIGURA FEMININA NO
JORNAL O PORVIR
(Currais Novos/Rio Grande do Norte - 1926-1929)
KARLA GEANE DE OLIVEIRA
A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA FIGURA FEMININA NO
JORNAL O PORVIR
(Currais Novos/Rio Grande do Norte - 1926-1929)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação
em
Estudos
da
Linguagem da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte-UFRN, como
requisito para a obtenção do grau de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Luis Alvaro Sgadari
Passeggi
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Oliveira, Karla Geane de.
A representação discursiva da figura feminina no jornal O PORVIR (Currais Novos- Rio Grande do Norte, 1926 -1929)/ Karla Geane de
Oliveira. – 2013.
222f. :il. -
Orientador: Prof.º Dr.Luis Alvaro Sgadari Passeggi.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, 2013.
1. Linguística Textual. 2.Análise discurso. 3. Figura feminina. 4. Representação Discursiva. 5. Semântica. I. Passeggi, Luis Alvaro Sgadari. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
KARLA GEANE DE OLIVEIRA
A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA FIGURA FEMININA NO
JORNAL O PORVIR
(Currais Novos/Rio Grande do Norte - 1926-1929)
Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do
grau de Mestre em Estudos da Linguagem ao Programa de
Pós-Graduação em Estudos da Linguagem - PPgEL,
Departamento de Letras, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, tendo sido defendida e aprovada em 08 de
março de 2013, pela seguinte banca examinadora:
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Luis Alvaro Sgadari Passeggi (UFRN)
Presidente
_______________________________________________________________
Profª. Drª. Maria das Graças Soares Rodrigues
Examinador Interno
_______________________________________________________________
Profª. Drª. Alessandra Castilho Ferreira da Costa
Examinador Interno
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Milton Guilherme Ramos
Examinador Externo
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela força e coragem para caminhar sempre no caminho do bem.
À minha família, pelo apoio incondicional. Especialmente à minha filha
Maria
Dolôres de Oliveira Souza Neta Neta
.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
–
CNPq,
pelo incentivo financeiro para a realização desta pesquisa.
Ao meu orientador, professor
Luis Passeggi
, pelo apoio, incentivo e
orientação constante, para que este trabalho rendesse frutos positivos.
À professora Maria Assunção Silva Medeiros, por ter disponibilizado o jornal
O PORVIR.
À professora Maria das Graças Soares Rodrigues, por ter oportunizado-me
ingressar neste programa de pós-graduação como aluna especial no semestre
2010.1, e pelas valiosas contribuições no exame de qualificação desta dissertação,
colaborando para o meu aperfeiçoamento.
À professora Alessandra Castilho Ferreira da Costa, pelas valiosas
contribuições no exame de qualificação deste trabalho e pela significativa atenção e
colaboração para o enriquecimento do mesmo.
Ao companheiro de grupo de pesquisa, o professor Milton Guilherme
Ramos, pela disponibilidade, apoio e colaboração no exame de qualificação deste
trabalho.
À secretaria do PPGEL, pela disponibilidade e atendimento sempre.
Aos professores do PPGEL, pelos encaminhamentos durante as disciplinas
cursadas.
MULHER AO ESPELHO
1Cecília Meireles
Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
1 Texto lido pela professora Maria das Graças Soares Rodrigues na ocasião da defesa desta
RESUMO
Neste trabalho, temos por objetivo analisar como se constroem as representações
discursivas da figura feminina no jornal O PORVIR, periódico quinzenal que circulou
na cidade de Currais Novos, no estado do Rio Grande do Norte, de 02 de maio de
1926 até 20 de janeiro de 1929. Pautou-se no nível semântico do texto, fazendo uso
de uma das principais noções utilizadas pela Análise Textual dos Discursos para
esse tipo de procedimento analítico, que é a
Representação Discursiva
(ADAM,
2011; RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010). A Análise Textual dos
Discursos tem sua origem no âmbito da Linguística Textual e constitui-se uma
abordagem teórica e descritiva (ADAM, 2011). Esta pesquisa caracteriza-se como
documental (SEVERINO, 2007) e tem como
corpus
de análise 39 edições do
referido jornal, das quais foram retirados 292 textos que abordavam a figura feminina
e selecionados 396 enunciados para análise. Para tanto, utilizou-se das seguintes
categorias semânticas, a saber: referenciação (CASTILHO, 2010; NEVES, 2007;
KOCH; MARCUSCHI, 1998; MARCUSCHI, 2008; KOCH, 2009); predicação,
(NEVES, 2007; RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010); modificação
(ADAM, 2011); e localização espacial e temporal (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA
NETO, 2010). A análise dos dados aponta que senhorinha, mãe, esposa e dona de
casa foram as representações mais presentes, em consonância sempre com as
questões de ordem da maternidade, do casamento e da dedicação ao lar, as quais
não se distanciam dos modelos preconizados no início do século XX, para servirem
de padrão para essa figura.
Palavras-chave
: Figura Feminina. Análise Textual. Representação Discursiva.
ABSTRACT
The objective of this paper is to analyze how the female figure was portrayed in
discursive narratives in the bi-
weekly newspaper “O PORVIR”, which
circulated in
Currais Novos, in the state of Rio Grande do Norte, Brazil, between May 2, 1926 and
January 20, 1929. Our analysis was based on the semantics of the text, by applying
one of the primary concepts used in Textual Analysis of Speeches,
Discursive
Representation
(ADAM, 2011; RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010).
Textual Analysis of Speeches has its roots in Textual Linguistics and consists of a
theoretical and descriptive approach (ADAM, 2011). This research is characterized
as documentary (SEVERINO, 2007) and its
corpus
includes a review of 39 editions
of the aforementioned newspaper, of which we extracted 292 articles that dealt with
the female figure and 396 statements for analysis. We used the following semantic
categories: referencing (CASTILHO, 2010; NEVES, 2007; KOCH; MARCUSCHI,
1998; MARCUSCHI, 2008; KOCH, 2009); predication (NEVES, 2007; RODRIGUES;
PASSEGGI; SILVA NETO, 2010); modification (ADAM, 2011); and spacial and
temporal localization (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010). Our analysis
revealed that lady, mother, wife and homemaker were most represented, and always
combined with questions about motherhood, marriage and devotion to the home.
Such representation does not diverge from pre-colonial models in the early twentieth
century, which served as a standard for the female figure.
LISTA DE ABREVIATURAS
ATD
–
Análise Textual dos Discursos
LT
–
Linguística Textual
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
–
Esquema 3...20
Figura 2
–
Níveis ou planos de análise do discurso...21
Figura 3
–
Primeira página da primeira edição do jornal O PORVIR...34
Figura 4
–
Formas de organização dos textos...37
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
-
Concepções de texto que fundamentaram os estudos em
Linguística Textual...
17
Quadro 2
–
Síntese dos principais níveis de análise de texto propostos pela
ATD...
22
Quadro 3
–
Macro-operações...
28
Quadro 4
–
Categorias semânticas de análise de texto para construção de
uma Rd e classes, palavras e expressões equivalentes...
31
Quadro 5
–
Enunciados divididos por seção do jornal O PORVIR...
41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
–
Detalhamento da produção do jornal O PORVIR...
33
Tabela 2
–
Quantificação das seções que constituem o
corpus
de análise...
41
Tabela 3
–
Total de enunciados por seção...
58
Tabela 4
–
Gêneros que abordam a figura feminina no jornal O
PORVIR...
59
Tabela 5
–
Total de enunciados por gênero...
78
Tabela 6
–
Referenciação...
80
Tabela 7
–
Representações da figura feminina nos textos do jornal O
PORVIR...
83
Tabela 8
–
Predicação...
142
Tabela 9
–
Ações da figura feminina...
143
Tabela 10
–
Estados da figura feminina...
154
Tabela 11
–
Localização Espacial...
157
Tabela 12
–
Localização Temporal...
167
Tabela 13
–
Ocorrência de designações da figura feminina por
gêneros...
211
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
... 13
1.1 “SEXO QUE IRONICAMENTE SE INTITULA DE FRÁGIL”
... 13
2 SITUANDO O QUADRO TEÓRICO DA PESQUISA
... 17
2.1 LINGUÍSTICA TEXTUAL: BREVE EXCURSO ... 119
2.2 ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS: POR UMA TEORIA DA PRODUÇÃO
CO(N)TEXTUAL DOS SENTIDOS DO TEXTO ... 19
2.3 REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA ... 23
2.4 PROPOSIÇÃO-ENUNCIADO OU PROPOSIÇÃO ENUNCIADA ... 26
2.5 SEQUÊNCIA DESCRITIVA ... 27
2.6 A RD DOS TEMAS TRATADOS ... 28
2.7 CATEGORIAS SEMÂNTICAS DE CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO
DISCURSIVA...29
2.7.1 Referenciação
... 29
2.7.2 Predicação
... 29
2.7.3 Modificação
... 30
2.7.4 Localização (espacial e temporal)
... 30
3 DADOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
... 32
3.1 O PORVIR ... 32
3.2 O JORNAL ... 36
3.3 ABORDAGEM DA PESQUISA ... 38
3.4 COLETA, DELIMITAÇÃO E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ... 40
4
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 80
4.1 A FIGURA FEMININA NO JORNAL O PORVIR ... 80
4.1.1 Referenciação
... 80
4.1.2 Predicação
... 142
4.1.3 Localização (espacial e temporal)
... 157
4.2 GÊNEROS ... 171
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
... 218
5.1 UM CONJUNTO DE REPRESENTAÇÕES ... 218
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo visa a apresentar um panorama desta dissertação. Oferece
uma contextualização do tema tratado, situa o quadro teórico da pesquisa, bem
como suas formas de abordagem. Descreve e caracteriza brevemente os dados e os
procedimentos de análise, possibilitando o entendimento de como ocorreram os
procedimentos analíticos e expõe a forma como encontra-se roganizada.
1.1
“SEXO QUE IRONICAMEN
TE SE INTITULA DE FR
ÁGIL”
Este trabalho, intitulado
A Representação Discursiva da Figura Feminina
2no
jornal O PORVIR (Currais Novos / Rio Grande do Norte - 1926-1929)
, inscreve-se
nos estudos da Linguística Textual (LT), na erspectiva da Análise Textual dos
Discursos (ATD), elaborada pelo linguista J-M Adam, advinda da Linguística Textual.
Aborda a dimensão semântica do texto, utilizando uma das principais noções
empregadas pela ATD para esse nível de análise, que é a Representação Discursiva
(Rd) (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010).
A LT é um ramo da Linguística com atividades iniciais na segunda metade
da década de 1960, tomando o texto como seu objeto de estudo. ATD é uma
“abordagem teórica e descritiva do campo
da Linguística Textual” (PASSEGGI
et al
.,
2010, p. 262; RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010, p. 151), que “pretende
responder à demanda de propostas concretas para análise de textos” (PASSEGGI et
al
., 2010, p. 263).
A partir da noção de Representação Discursiva, entendemos que todo texto
traz, de uma forma mais ou menos explícita, representações do enunciador, do
ouvinte, do leitor e, da mesma forma, dos assuntos abordados, e consideramos
ainda
que toda proposição, entendida como “microuniverso semântico”, constitui
uma Rd mínima. A dimensão referencial da proposição apresenta certa “imagem”
dos referentes discursivos, tendo em vista que cada expressão utilizada categoriza
2 A expressão linguística “Figura Feminina” posta ao longo deste trabalho deve ser entendida como
“Mulher”. A opção por utilizar “Figura Feinina” e não “Mulher” se deu pelo fato do termo “MULHER” ser uma das expressões que referenciam a mulher, encontratada nos dados analisados com 51
ocorrências. Deste modo, optamos por utilizar “Identificar a Representação Discursiva da Figura
ou perspectiva o referente de certa maneira. (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA
NETO, 2010).
Para esta pesquisa, fixamos o seguinte objetivo geral: analisar como se
constrói a representação discursiva da figura feminina no jornal O PORVIR (Currais
Novos/Rio Grande do Norte
–
1926-1929), seguido destes objetivos específicos: (I)
descrever os procedimentos semânticos de construção das representações dessa
figura feminina; (II) verificar quais as representações discursivas predominantes.
Quanto ao desenvolvimento deste estudo, utilizamos 39 edições do
mencionado jornal, que circulou na cidade de Curais Novos, no estado do Rio
Grande do Norte, de 02 de maio de 1926 a 20 de janeiro de 1929, a partir das quais
selecionamos 292 textos que abordavam a figura feminina e, posteriormente, 396
enunciados
3, os quais se encontram analisados neste documento.
Os textos selecionados foram transcritos na íntegra, preservando a sua
escrita original e apresentando os seguintes procedimentos de análise: a) leitura das
39 edições do jornal; b) identificação dos textos que abordam conteúdos referentes à
figura feminina; c) levantamento das ocorrências dos enunciados que se referem à
figura feminina; d) codificação dos enunciados e análise.
A escolha dos dados se deu pelo fato do jornal O PORVIR apresentar um
grande número de textos que, de uma forma mais ou menos intensa, tratavam da
figura feminina. Em todas as 39 edições encontramos esse assunto em um ou mais
textos, fomentando nossa sede de pesquisa quanto a analisar como essa figura
estava representada nesses textos, visto ser um tema tão frequente nas publicações
desse periódico.
Deu-se motivada também pela perspectiva de que se trata do suporte textual
um jornal, rica fonte de representações e difusão cultural, lócus propício para a
construção de diferentes representações, seja do enunciador, do ouvinte ou leitor,
ou dos temas tratados. Além disso, trata-se de um material que foi produzido e que
circulou no estado do Rio Grande do Norte de 1926 a 1929, o qual se constitui fonte
substancial de informação das nossas raízes culturais, bem como de reflexão sobre
a nossa língua portuguesa.
3 Adam (2011) entende a “proposição-enunciado” ou “proposição enunciada” como “uma unidade
textual de base, efetivamente realizada e produzida por um ato de enunciação, portanto, como um
enunciado mínimo”.
Passeggi et al. (2010, p. 271), “Trata-se, ao mesmo tempo, de uma microunidade sintática e de uma
microunidade de sentido em co(n)texto. Tipicamente, é expressa pela articulação SN + SV, ou tema +
No conjunto de trabalhos da ATD, Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010)
apresentam um capítulo intitulado “’Voltarei. O povo me absolverá...’
a construção de
um discurso político de renúncia
”,
no qual propõem uma análise da construção de
sentido do texto a partir do discurso de renúncia do deputado Severino Cavalcante,
focalizando níveis textuais, dentre eles, a representação discursiva.
Ainda dentro desse conjunto de trabalhos, em Rodrigues
et al,
(2012)
encontramos uma análise linguística e discursiva da Carta-Testamento de Getúlio
Vargas, com foco em aspectos da genericidade, da configuração composicional e do
investimento semântico do texto, procurando descrever e interpretar, dentre outros
aspectos, aspectos da dimensão semântica referente à Rd do componente povo, em
contraste com as configurações do estadista e da oposição política.
Nesse mesmo conjunto, focalizando a noção de Representação Discursiva,
temos ainda Ramos (2011), tratando de
Representações discursivas de Ficar e
Namorar em textos de vestibulandos e pré-vestibulandos
, o qual investiga como se
constroem as representações discursivas de ficar e namorar na produção textual e
suas implicações para a análise textual dos discursos e o ensino e a aprendizagem
da produção de texto em aulas de língua portuguesa. Bem como Queiroz (
em
construção
), abordando
O discurso político de renúncia: a representação discursiva
do locutor e dos alocutários
, investigando as representações discursivas de si e do
alocutário que Antônio Carlos Magalhães constrói em seu discurso de renúncia, por
meio de fenômenos linguísticos e discursivos.
Considerando que a possibilidade de conexões com trabalhos sobre
representações da mulher é grande no cenário atual das pesquisas, não
identificamos trabalhos que apresentem o nosso referencial teórico e metodologia de
análise, a saber: situa-se no âmbito da LT e da ATD, focalizando aspectos da
dimensão semântica do texto, referente à Rd da figura feminina no jornal O PORVIR.
Trata-se de uma pesquisa documental com abordagens quantitativa e qualitativa, e
seu procedimento analítico considerou as seguintes categorias semânticas, quais
sejam: referenciação, predicação, modificação e localização espacial e temporal.
Assim, pretendemos contribuir para a análise dos procedimentos linguísticos
de construção do texto, especialmente os semânticos. Também para as pesquisas
no âmbito do grupo da
Análise Textual dos Discursos
, coordenado pela professora
Pode contribuir também para o estudo diacrônico do português brasileiro,
bem como para o
Projeto História do Português Brasileiro
(PHPB), coordenado pelo
professor Ataliba de Castilho. Além disso, constituir-se como uma contribuição para
o projeto
Documentos Históricos do Rio Grande do Norte
, coordenado pela
professora Maria das Graças Soares (UFRN/PUCSP/UNICAMP).
Pretende contribuir também para os estudos linguísticos do texto, quanto às
análises semânticas e para a análise do discurso, e áreas conectas, que tratarem do
tema.
2 SITUANDO O QUADRO TEÓRICO DA PESQUISA
Este capítulo objetiva apresentar considerações sobre o quadro teórico que
norteia a nossa pesquisa. Inicialmente, discorre sobre a LT e sobre a ATD e discute
a dimensão semântica do texto, focalizando a noção de Rd. Na continuidade,
apresenta as categorias semânticas utilizadas nesta dissertação com vistas à
consecução do objetivo proposto.
2.1 LINGUÍSTICA TEXTUAL: BREVE EXCURSO
A LT é um ramo da Linguística que teve seu início na segunda metade da
década de 1960, tomando o texto como seu objeto de estudo. Ao longo da sua
evolução, vem abrigando em seu contexto diferentes concepções de texto, as quais
nortearam o seu desenvolvimento, provocando diferenças substanciais nas etapas
de sua evolução (KOCH, 2009).
Desse modo, por estruturarmos um trabalho que parte da LT e que toma o
texto como objeto de estudo, entendemos ser imprescindível apresentar um
panorama dessas diferentes concepções de texto que desenharam a trajetória
desse ramo da linguística, do seu aparecimento aos dias atuais.
O quadro a seguir, elaborado a partir da obra
Introdução à Linguística
Textual
, da autora Ingedore Grunfeld Villaça Koch (2009), apresenta algumas dentre
as várias concepções de texto que embasaram os estudos da LT, permitindo
compreender como se deu esse processo de evolução.
Quadro 1-Concepções de texto que fundamentaram os estudos em Linguística Textual
Nº DEFINIÇÃO CONCEPÇÃO DE TEXTO
01 Texto como frase complexa ou signo linguístico mais alto na hierarquia do sistema linguístico. Concepção de base gramatical
02 Texto como signo complexo. Concepção de base semiótica
03 Texto como expansão tematicamente centrada de macroestruturas. Concepção de base semântica
04 Texto como ato de fala complexo. Concepção de base pragmática
05 Texto como discurso “congelado”, como produto acabado de uma ação discursiva. Concepção de base discursiva
06 Texto como meio específico de realização da comunicação verbal. Concepção de base comunicativa
08 Texto como lugar de interação entre atores sociais e de construção interacional de sentidos. Concepção de base sociocognitiva-interacional
Fonte: KOCH (2009).
No período do surgimento da LT, os estudiosos dessa área, em função da
concepção de texto vigente, estavam com suas pesquisas focadas na análise
transfrástica, bem como na construção de gramáticas do texto (KOCH, 2009). Eles
privilegiavam, dessa forma, os trabalhos relativos à coesão do texto, estabelecendo,
em alguns casos, equiparação com a coerência, sendo a ampliação desse conceito
uma das perspectivas motivacionais para o avanço das pesquisas nessa área na
década de 1980.
Diante da LT, Koch (2009) afirma tratar-se de uma disciplina cujos estudos
vêm oferecendo valiosas contribuições para o desenvolvimento da compreensão de
como se realiza a produção contextual do sentido.
Nessa perspectiva, Koch (2009, p. 174) postula:
[...] a linguística Textual, ao adotar uma concepção de texto interativa, de base sociocognitiva, parece ter-se tornado um entroncamento para o qual convergem muitos caminhos, mas que é também o ponto de partida de muitos deles, em diversas direções.
Verificamos que esse entroncamento, entendido como estação de partida e
de passagem de muitos e novos desenvolvimentos nesse campo de estudos
(KOCH, 2009), abre caminhos férteis quanto ao futuro dos estudos em LT, não só
nas ciências da linguagem, mas também em outras ciências, cujo ser humano é
considerado sujeito central.
Assim, segundo Koch (2009), a LT desenvolve-se cada vez mais como um
domínio multi e transdisciplinar. Nesse domínio, buscamos compreender e explicitar
o texto como “fruto de um processo ext
remamente complexo de interação social e
de construção social de sujeitos, conhecimento e linguagem” (KOCH, 2009, p. 175).
Segundo Combettes (1992b
apud
CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2008,
p. 307), a LT é uma disciplina auxiliar da análise de discurso que apresenta um
corpo de conceitos próprios. De acordo com Charaudeau e Maingueneau (2008, p.
307), a LT “constitui um quadro no interior do qual podem ser associados os
Mesmo considerando que a LT e a análise de discurso não têm a mesma
origem epistemológica e nem a mesma história, Adam (2011) postula entre ambas,
no que concernem às suas tarefas e aos seus objetos, uma separação e uma
complementaridade.
A partir delas, “define a linguística textual como um subdomínio do campo
mais vasto da análise das práticas discursivas” (ADAM, 2011, p. 43), uma vez que,
na análise de discurso, a linguística textual tem como pap
el “teorizar e descrever os
encadeamentos de enunciados elementares no âmbito da unidade de grande
complexidade que constitui um texto” (ADAM, 2011, p. 63).
Adam (2011, p. 63) afirma ainda que “A linguística textual concerne tanto à
descrição e à definição das diferentes unidades como às operações, em todos os
níveis de complexidade, que são realizadas sobre os enunciados”.
2.2 ANÁLISE TEXTUAL DOS DISCURSOS: POR UMA TEORIA DA PRODUÇÃO
CO(N)TEXTUAL DOS SENTIDOS DO TEXTO
A ATD
é uma “abordagem teórica e de
scritiva do campo da Linguística
Textual” (PASSEGGI
et al
., 2010, p. 262; RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO,
2010, p. 151). Essa abordagem
“pretende responder à demanda de propostas
concretas para análise de textos” (PASSEGGI
et al
., 2010, p. 263), apresentando
uma “reflexão epistemológica e uma teoria de conjunto” (ADAM, 2011, p. 25).
A referida abordagem foi elaborada pelo linguista francês Jean-Michel Adam.
Esse autor teve o reconhecimento dos seus trabalhos, inicialmente, com pesquisas
sobre sequências textuais, trazendo também significativas contribuições para o
estudo da articulação entre texto, discurso e gênero, propondo uma redefinição do
campo da Linguística Textual e da Análise do Discurso.
De um modo mais específico, a proposta atual de trabalho de Adam
pretende apresentar elementos para uma análise textual dos discursos. Essa
proposta inscreve-
se “na perspectiva de um posicionamento teórico e metodológico
que, com o objetivo de pensar o texto e o discurso em novas categorias, situa
decididamente a
Linguística Textual no quadro mais amplo da análise do discurso”
(ADAM, 2011, p. 24).
A ATD é definida por Adam (2011, p. 13) como “uma teoria da produção
textos concretos”.
Nessa direção, o estudioso faz uso do termo co(n)texto para
explicitar que
[...] a interpretação de enunciados isolados apoia-se tanto na (re)construção de enunciados à esquerda e/ou à direita (cotexto) como na operação de contextualização, que consiste em imaginar uma situação de enunciação que torne possível o enunciado considerado (ADAM, 2011, p. 53).
O autor propõe-se
“articular uma linguística textual desvencilhada da
gramática de texto e uma análise de discurso emancipada da análise de discurso
fran
cesa (ADF)” (ADAM, 2011, p. 43), perspectivando “uma separação e uma
complementariedade das tarefas e dos objetos da linguística textual e da análise de
discurso” (Adam, 2011, p. 43)
, assim,
colocando a linguística textual “como um
subdomínio do campo mais vasto da análise das práticas d
iscursivas” (ADAM, 2011,
p. 43). Essa visão é representada na figura a seguir:
Figura 1 – Esquema 3
Fonte: ADAM (2011, p. 43).
Ao discutirmos o que explicita Adam quanto à articulação da linguística
textual e da análise de discurso, vale salientar que o citado autor discorre ainda que
[...] a linguística textual tem como papel, na análise de discurso, teorizar e descrever os encadeamentos de enunciados elementares no âmbito da unidade de grande complexidade que constitui um texto. [...] concerne tanto à descrição e à definição das diferentes unidades como às operações, em todos os níveis de complexidade, que são realizadas sobre os enunciados (ADAM, 2011, p. 63).
No campo da análise de textos empíricos, Adam (2011) propõe 8 níveis,
conforme exposto na figura a seguir:
Figura 2 – Níveis ou planos de análise do discurso
Fonte: ADAM (2011, p. 61).
representação discursiva; a (N7), uma dimensão enunciativa com base na
responsabilidade enunciativa e coesão polifônica; e a (N8), uma noção
argumentativa a partir dos atos de discurso.
Todavia, Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010) apresentam o que
caracterizam como os principais níveis de análise propostos pela ATD, quais sejam:
um nível sequencial composicional; um nível enunciativo; um nível semântico; e um
nível argumentativo, a partir dos quais organizamos o quadro síntese a seguir:
Quadro 2 –Síntese dos principais níveis de análise de texto propostos pela ATD
NÍVEL DEFINIÇÃO
Nível sequencial composicional
Os enunciados elementares (a proposição-enunciado ou proposição enunciada) se
organizam em períodos que comporão as
sequências. Estas, por sua vez, agrupam-se conforme um plano de texto. Esse nível focaliza a estruturação linear do texto, no qual as
sequências desempenham um papel
fundamental.
Nível enunciativo Baseado na noção de enunciativa, que corresponde às “vozes” do texto, responsabilidade
à sua polifonia.
Nível semântico
Apoiado na noção de Representação Discursiva
e em noções conexas (anáforas, correferências, isotopias, colocações), que remetem ao conteúdo referencial do texto.
Nível argumentativo
Embasado nos atos de discurso realizados e na
sua contribuição para a orientação argumentativa do texto.
Fonte: Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010, p.152).
Esses níveis de análise textual dizem respeito tanto à estrutura linear do
texto quanto à estrutura não linear. O nível sequencial-composicional trata da
estrutura linear. Já os níveis enunciativo, semântico e argumentativo podem ser
expressos de forma linear como também se apresentam de formar não linear
(RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010, p. 152).
Retomando a proposta atual de trabalho de Adam, é mister focalizar as
operações de textualização. Assim, o referido autor explicita que “as unidades
textuais são submetidas a dois tipos de operação de textualização. Por um lado, elas
são separadas por segmentação (tipográfica na escrita; pausa, entonação e/ ou
semânticas e de processos de continuidade pelos quais se reconhece um
seguimento textual” (ADAM, 2011, p. 63).
No conjunto de trabalhos da ATD, Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010)
apresentam um capítulo intitulado “’Voltarei. O povo me absolverá...’
a construção de
um discurso político de renúncia”. Esses autores propõem uma análise da
construção de sentido do texto a partir do discurso de renúncia do deputado
Severino Cavalcante, focalizando três níveis textuais principais, quais sejam:
responsabilidade
enunciativa,
estruturação
sequencial-composicional
e
representação discursiva.
Nesse sentido, ao encerrar o referido capítulo, os autores afirmam:
[...] é preciso ter sempre presente que os níveis de análise textual constituem o ponto de vista do analista e, se corretamente estabelecidos, são apenas o reverso dos processos de construção do sentido textual. As modalidades segundo as quais esses processos se constituem e se configuram para a produção co(n)textual de sentido são questões cruciais para a linguística do texto e que necessitam de mais estudos teóricos e análises empíricas (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA NETO, 2010, p.187).
Nossa pesquisa, visto pautar-se no âmbito da ATD, pretende corroborar com
com a ampliação das análises empíricas. Pauta-se no nível semântico
4, que se
encontra apoiado na noção de Representação Discursiva e em noções conexas
(anáforas, correferências, isotopias, colocações), que remetem ao conteúdo
referencial do texto.
Assim sendo, e em se tratando da dimensão semântica, postula Passeggi
et
al.
(2010) que esta se constrói ao longo do texto, uma vez que cada enunciado
elementar expressa, dentre outros, um conteúdo semântico.
2.3 REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA
Chamaremos esquematização essa representação atualizada em e por um
discurso, representação de um objeto para um sujeito – i.e., um conjunto de
informações que significam em função de um problema, de uma finalidade, de uma tarefa a cumprir (APOTHÉLOZ BOREL; PÉQUEGNAT, 1984, p. 10-11 apud PASSEGGI, 2001, p. 249).
4 O nível semântico do texto está especificado no esquema 4 de Adam (2011, p .61) como (N6),
A atividade analítica que desenvolvemos nesta dissertação aborda a
dimensão semântica do texto e focaliza a Representação Discursiva, uma categoria
da ATD mais diretamente ligada à semântica (RODRIGUES; PASSEGGI; SILVA
NETO, 2010).
No âmbito da Representação Discursiva (Rd), Adam (2011, p.113-114)
postula:
Toda proposição enunciada possui um valor descritivo. A atividade discursiva de referência constrói, semanticamente, uma representação, um objeto de discurso comunicável. Esse microuniverso semântico apresenta-se, minimamente, como um tema ou objeto de discurso posto e o desenvolvimento de uma predicação a seu respeito. A forma mais simples é a estrutura que associa um sintagma nominal a um sintagma verbal, mas, de um ponto de vista semântico, uma proposição pode muito bem se reduzir a um nome e um adjetivo.
O que Adam afirma se estende às perspectivas de Rodrigues, Passegi e
Silva Neto (2010, p.173), ao considerarem que “Todo texto constrói, com maior ou
menor explicitação, uma representação discursiva do seu enunciador, do seu
ouvinte ou leitor e dos temas ou assuntos que são tratados”.
Refletindo sobre essas questões teóricas, observamos que toda proposição,
entendida como “microuniverso semântico”, constitui uma Rd mínima. A dimensão
referencial da proposição apresenta ce
rta “imagem” dos referentes discursivos,
tendo em vista que cada expressão utilizada categoriza ou perspectiva o referente
de certa maneira e, ao se tratar do funcionamento textual mínimo, uma Rd se
constitui como uma rede de proposições e uma rede lexical (RODRIGUES;
PASSEGGI; SILVA NETO, 2010).
Todavia, Adam (2011), mesmo considerando que a atividade discursiva de
referência constrói semanticamente uma representação, não se estende sobre os
procedimentos de construção dessa representação, remetendo, segundo Rodrigues,
Passeggi e Silva Neto (2010), à sua obra de 1999. Nessa obra, Adam discute a
Representação Discursiva, considerando a noção de “esquematização” de Grize
(1990).
Nesse sentido, para podermos situar teoricamente a noção de Rd, faz-se
necessário
retomar Passeggi (2001) em um artigo intitulado “A construção sintático
a linguística”, no qual apresenta categorias lógico
-discursivas de descrição dos
enunciados.
Quanto aos postulados da comunicação discursiva, Passeggi (2001, p. 248)
considera:
O postulado das representações remete às “representações mentais” dos interlocutores. Embora a lógica natural não pretenda examinar a realidade
psicológica das representações mentais – pois, enquanto lógica, foge das
interpretações psicologizantes – ela assume que os interlocutores têm
representações e que estas são fundamentais na comunicação discursiva.
Nesse artigo, o autor também defende que
Toda esquematização contém imagens que, na terminologia de Grize, são os elementos visíveis no texto para um observador, ressalvadas as interpretações possíveis. As imagens, enquanto objetos textuais, diferem das representações, que são relativas a A e a B, que têm uma existência mental. Uma parte do trabalho de análise consistirá em inferir, a partir das
imagens, as representações dos interlocutores (GRIZE, 1996, p. 70 apud
PASSEGGI, 2001, p. 249).
Considerando o ponto de vista posto na citação anterior, observamos que a
esquematização coloca três tipos de imagens, a saber: do locutor, do destinatário e
do tema tratado. Nesse sentido, Passeggi (2001) explicita que as imagens do locutor
são, habitualmente, menos aparentes, visto que nem sempre pode descrever-se no
discurso; quanto às imagens dos temas tratados, dizem respeito ao conteúdo posto
na esquematização.
No que diz respeito à Rd, Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010) afirmam
que todo texto constrói representações também em três instâncias, quais sejam: do
enunciador, do ouvinte ou leitor e dos temas ou assuntos tratados.
No âmbito da construção das representações discursivas, entendemos com
base em Adam (2011) que a atividade de construção da Rd é do interpretante a
partir das pistas linguísticas oferecidas pelo próprio texto. Assim,
É o interpretante que constrói a Rd a partir dos enunciados (esquematização), em função de suas próprias finalidades (objetivos, intenções) e de suas representações psicossociais da situação, do enunciador e do mundo do texto, assim como de seus pressupostos culturais (GRIZE, 2004; ADAM, 1999, CAP. 4, apud ADAM, 2011, p. 114).
Adam (2011, p. 114) também defende que “a linguagem faz referência e que
locutor) uma atividade semelhante, mas não simétrica, de (re)construção dessa
proposição de (pequeno) mundo ou Rd”.
Guiados pela premissa de que o texto constrói representações, essa Rd é
formada por um conjunto de proposições, as quais vão construir a representação ou
as representações que o autor projeta. O texto como representação ou como um
conjunto de representações vai postular as representações do autor, do(s)
ouvinte(s)/leitor(es) e, da mesma forma, dos assuntos abordados. Assim, o texto é,
em termos de teoria linguística da
enunciação, “uma proposição de mundo (Rd) e de
sentido, um sistema de determinações e um espaço de reflexividade metalinguística”
(ADAM, 2011, p. 115).
Consoante Adam (2011), Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010) e
Passeggi
et al.
(2010), entendemos que as representações são perspectivadas a
partir da proposição-enunciado, sendo a Rd uma dimensão constante no
desenvolvimento do texto, que pode apresentar-se em diferentes partes, não
obedecendo às sequências lineares no plano textual, visto que todo texto, para
Adam (2011), traz pressupostos conhecidos e também novos, em que estes são
responsáveis pela coesão e pela expansão da informação.
2.4 PROPOSIÇÃO-ENUNCIADO OU PROPOSIÇÃO ENUNCIADA
A reflexão que ora realizamos nos permite compreender que a dimensão
semântica do texto é abordada tomando como base a proposição enunciada, ou
seja, o enunciado mínimo. A proposição enunciada corresponde, segundo Adam
(2011
, p. 106), à “unidade textual elementar”. Fazendo crítica à noção de frase,
Adam (2011) entende a
“proposição
-
enunciado” ou “proposição enunciada” como
“uma unidade textual de base, efetivamente realizada e produzida por um ato de
enunciação, portanto, como um
enunciado mínimo
”.
Para Passeggi
et al
. (2010, p. 271), entender a proposição enunciada é
con
siderar que “Trata
-se, ao mesmo tempo, de uma microunidade sintática e de
uma microunidade de sentido em co(n)texto. Tipicamente, é expressa pela
articulação SN + SV, ou tema + rema, ou seja, é uma unidade de predicação”.
descritivo
5, em que este é entendido como “conjuntos mais ou menos co
mplexos de
enunciados que entram na composição textual”, considerando “as conexões lógico
-gramaticais assim como rítmicas” (ADAM, 2011, p. 106).
2.5 SEQUÊNCIA DESCRITIVA
Adam (2011) apresenta cinco tipos de sequência textual, são elas:
descritiva, narrativa, argumentativa, explicativa e dialogal. É de interesse para o
desenvolvimento do nosso trabalho a sequência descritiva, pois nos situamos no
nível semântico do texto e analisamos a Rd, que é perspectivada a partir da
proposição-enunciado. Consideramos que toda proposição enunciada possui um
valor descritivo e que a atividade discursiva de referência constrói, semanticamente,
uma representação (ADAM, 2011).
Nesse sentido, o referido autor também defende que “a descrição não
comporta uma ordem de agrupamento das proposições-enunciados em
macroproposições ligadas entre elas” (ADAM, 2011, p. 215), não se assemelhando
às demais sequências apresentadas por Adam (2011) por não conter essa ordem de
organização das proposições-enunciados em macroproposições hierarquizadas,
formando, desse modo, ciclos, mais de períodos do que de sequência (PASSEGGI
et al
., 2010).
Ainda consoante a Adam (2011, p. 216), no que concerne à sequência
descritiva, observamos:
A descrição, inerente ao exercício da fala, é de início identificável no nível dos enunciados mínimos. Vimos que a teoria ilocucionária localiza a parte descritiva dos enunciados no conteúdo proposicional (p), sobre o qual se aplica um marcador de força ilocucionária F(p). A atribuição mínima de um predicado a um sujeito constitui a base de um conteúdo proposicional.
Um repertório de operações gera a sequência descritiva, discorrendo sobre
a existência de “quatro macro
-operações [que] agrupam nove operações descritivas
que geram uma dezena de tipos de operações des
critivas de base” (ADAM, 2011, p.
218), a saber: tematização, aspectualização, relação e expansão por
subtematização (ADAM, 2011; PASSEGGI
et al
., 2010).
5 Aprofundar em ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos.
Essas quatro macro-operações estão postas no quadro a seguir:
Quadro 3 –Macro-operações
Nº MACRO-OPERAÇÕES DEFINIÇÃO
01 Tematização
Trata-se da macro-operação principal. Atribui unidade a um segmento, fazendo dele um período tão fortemente característico que se configura como uma espécie se sequência. Essa operação se especifica de três maneiras principais: pré-tematização, pós-tematização e retematização (ADAM, 2011; PASSEGGI et al., 2010).
A pré-tematização define-se por ser a denominação imediata do objeto que abre um período descritivo e anuncia um todo. Já quanto à pós-tematização, trata-se de uma denominação adiada do objeto, que somente nomeia o quadro da descrição no decorrer ou no encerramento da sequência (ADAM, 2011; PASSEGGI et al., 2010).
02 Aspectualização
Fundamentada na tematização, essa operação se constitui em um conjunto de operações que engloba a seleção das partes e as propriedades do todo e/ou das partes do objeto da descrição, ocorrendo por partição e por qualificação, sendo a partição a seleção de partes do objeto da descrição e a qualificação a atribuição de propriedades (ADAM, 2011; PASSEGGI et al., 2010).
03 Relação
Diz respeito a uma macro-operação que agrupa as operações de contiguidade e analogia. A relação de contiguidade coloca o objeto do discurso em relação a determinado tempo ou a outros objetos. Nesse contexto, a relação e a analogia, entendida também como comparativa ou metafórica, permite descrever o todo ou as partes, colocando-a em relação com outros objetos. (ADAM, 2011; PASSEGGI et al., 2011).
04 Expansão por subtematização É a operação responsável por estender a descrição de uma operação a uma operação anterior.
De forma mais específica, entendemos que a tematização atribui unidade a
um seguimento e se materializa em três processos, a saber: pré-tematização,
pós-tematização e repós-tematização. A aspectualização diz respeito ao conjunto de
operações que engloba a seleção das partes e as propriedades do todo. A relação
agrupa as operações de contiguidade e a analogia e a expansão por
subtematização, perspectivam-se por estender a descrição.
2.6 A RD DOS TEMAS TRATADOS
como SINTAGMA NOMINAL + SINTAGMA VERBAL. Em contrapartida, no plano
semântico, a fórmula mais simples é NOME + ADJETIVO (ADAM, 2011).
2.7 CATEGORIAS SEMÂNTICAS DE CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO
DISCURSIVA
2.7.1 Referenciação
A referenciação, para Castilho (2010, p.126), pode s
er entendida como “a
função pela qual um signo linguístico representa quaisquer entidades do mundo
extralinguístico”.
Ao tomarmos essa categoria para a análise da representação discursiva de
textos do jornal O PORVIR, consideramos tratar-se daquilo que designamos,
representamos, nomeamos e/ou indicamos quando criamos um termo ou usamos
uma situação discursiva de referência com essa finalidade (RODRIGUES;
PASSEGGI; SILVA NETO, 2010), entendendo as entidades designadas como
objetos de discurso (KOCH, 2009).
Nessa direção, para Lyons (1977
apud
NEVES, 2007, p. 76), é o falante que
faz referência, uma vez que utiliza a expressão referencial. Assim, quem investiga a
que se refere uma expressão está pesquisando sobre o que o falante se refere
quando usa a expressão (NEVES, 2007).
É de interesse para o nosso trabalho, de modo específico, com a utilização
desta categoria semântica de análise, realizar o levantemento das expressões que
referenciam a figura feminina no jornal O PORVIR.
2.7.2 Predicação
Neves (2007,
p. 35) afirma que se trata de “um processo básico de
constituição do enunciado”.
Consoante Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010), ao tratarmos da
predicação, na perspectiva verbal, consideraremos como uma operação de seleção
dos predicados, designando processos bem como o estabelecimento da relação
predicativa no enunciado.
Para a realização deste trabalho, tomaremos esta categoria para identificar
os verbos e expressões equivalestes inerentes aos processos nos quais encontra-se
inserida a figura feminina, com vistas a construçãod a sua Rd.
2.7.3 Modificação
Diz respeito a uma categoria que se refere às características ou às
propriedades. Estas podem ser tanto dos referentes quanto das predicações,
conforme Rodrigues, Passeggi e Silva Neto (2010).
Utilizaremos esta categoria nesta dissertação para identificar os termos que
caracterizam e/ou qualificam a figura feminina no jornal O PORVIR, bem como os
elementos que aspectualizam os processos verbais da predicação, com a função de
ciscunstâncias verbais, que caracterizam os verbos.
2.7.4 Localização (espacial e temporal)
Os processos bem como os participantes se desenvolvem em uma situação
de comunicação, considerando circunstâncias espaciais e temporais. A categoria
que aqui denominamos localização designa, conforme postulados de Rodrigues,
Passeggi e Silva Neto (2010, p. 176), “as circunstâncias espaçotemporais nas quais
se desenvolvem os processos e os participantes”. Essa categoria é utilizada, nesta
dissertação, para identificar os espaços e os tempos nos quais se desenvolvem a
representação discursiva analisada.
A localização temporal diz respeito ao tempo no qual se desenvolveram os
processos e os participantes.
Já a localização espacial diz respeito aos espaços nos
quais os processos e os participantes se formaram.
No próximo quadro, encontram-se organizadas as categorias utilizadas
nesta dissertação, suas subcategorias e as classes, palavras e expressões
equivalentes.
Quadro 4 – Categorias semânticas de análise de texto para construção de uma Rd e classes,
palavras e expressões equivalentes
CATEGORIA DE ANÁLISE SUBCATEGORIAS DE ANÁLISE CLASSES, PALAVRAS E EXPRESSÕES
EQUIVALENTES
Referenciação Objetos tematizados Participantes
Sujeitos do processo
Substantivos e termos equivalentes
Predicação
Processos e ações verbais Subclasses dos processos (ação, estado, agente, meta, beneficiário etc.).
Verbos e expressões equivalentes
Modificação Caracterização dos referentes e das predicações Adjetivos e expressões equivalentes; advérbios e
expressões equivalentes
Localização espacial e temporal Dêixis Organizadores espaciais e
temporais
3 DADOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente capítulo tem o objetivo de caracterizar os dados utilizados nesta
pesquisa e descrever o percurso metodológico utilizado para analisar como se
constroem as representações discursivas da figura feminina no jornal O PORVIR
(Currais Novos/Rio Grande do Norte
–
1926/1929).
3.1 O PORVIR
Trata-se de um jornal produzido na cidade de Currais Novos no Rio Grande
do Norte, que circulou de 02 de maio de 1926 até 20 de janeiro de 1929, com um
total de 39 edições.
O referido periódico recebeu esse nome, uma vez que os seus idealizadores
acreditavam ser a denominação mais adequada para os que estavam buscando a
divulgação de novos ideais, conforme trecho do próprio jornal “Surge, hoje, por entre
as mais ruidosas alegrias dos seus redactores, este modesto jornalzinho intitulado
“O PORVIR”, denominação tão adequada para os que, como n
ós, se dedicam aos
afazes mentaes” (O PORVIR, nº 01, p. 01, 02/05/1926).
Esse jornal eclodiu visando difundir as letras curraisnovenses. Um grupo de
intelectuais, imbuído de um espírito de mudança e renovação, produziu um periódico
quinzenal abordando conteúdos como humor, literatura, notícias e atualidades,
incluindo notas sobre as figuras ilustres que visitavam a cidade, notas sobre festas
religiosas, embates intelectuais, como o do uso da crase antecedendo determinadas
palavras, sobre a grafia de vocábulos da Língua Portuguesa, notas de aniversários,
casamentos, falecimentos e propagandas.
O PORVIR
–
Órgão Humorístico, Literário e Noticioso, teve o início de suas
atividades sob a responsabilidade do seguinte corpo editorial: 1ª edição (02/05/1926)
diretor: Nelson Geraldo, e redatores: Ewerton Dantas Cortez e Manoel Rodrigues de
Melo; a 2ª edição (30/05/1926) apresentou algumas mudanças quanto à diretoria,
uma vez que Manoel Rodrigues de Melo assumiu as atribuições de Gerente; e a 6ª
(03/10/1926) trouxe, como secretário, Jayme Carneiro Barreto. A diretoria
permaneceu constituída dessa forma até 10 de março de 1928, 26ª edição do jornal.
Com a saída de Nelson Geraldo, Ewerton D. Cortez assumiu a direção,
Secretário, permanecendo essa diretoria até a publicação da última edição do jornal
em 20 de janeiro de 1929. A denominação do jornal que era O PORVIR-Órgão
Humorístico Literário e Noticioso também mudou a partir da 26ª edição e assumiu a
denominação de O PORVIR
–
Órgão Independente, Literário e Noticioso, ficando
assim até o encerramento das atividades.
A partir da 26ª edição, esse jornal passou por dificuldades econômicas, em
virtude da falta de pagamento dos seus assinantes, conforme podemos observar na
citação a seguir:
“Estando o nosso jornal passando por grande crise monetária durante o período presente, somos forçosamente obrigados a exigir dos nossos presados assignantes que ainda não vieram liquidar os seus débitos, o obsequio de virem ou mandar o mais breve possível pagar as suas assignaturas pelo que muito agradecemos” (O PORVIR, nº 26, p. 4, 10/03/1928).
Mesmo diante do exposto, o jornal ainda permaneceu em atividade e
publicou mais 13 edições até a 39ª.
A tabela a seguir apresenta um detalhamento da produção desse jornal,
focalizando as seguintes informações: (i) anos de atividade desse periódico; (ii)
quantidade de edições publicadas em cada ano; (iii) período dessas publicações;
(iiii) total de edições utilizadas.
Tabela 1 – Detalhamento da produção do jornal O PORVIR
ANOS DE CIRCULAÇÃO
DO JORNAL QUANTIDADE DE EDIÇÕES PUBLICAÇÃO PERÍODO DE TOTAL DE EDIÇÕES UTILIZADAS
1926 08 02 de maio de 1926 a 31 de outubro de 1926 08
1927 15 18 de janeiro de 1927 a 25 de dezembro de
1927
15
1928 15 19 de janeiro de 1928 a 22 de dezembro de
1928
15
1929 01 20 de janeiro de 1929 01
Total 39
Fonte: Jornal O PORVIR.
Figura 3 – Primeira página da primeira edição do jornal O PORVIR
Fonte: Jornal O PORVIR (nº 1, p. 1, 02/05/2926).
Currais Novos
6para “Galvanopolis”, termo criado por Ulisses Telêmaco de Araújo
Galvão para homenagear o coronel Cypriano Lopes Galvão e o Capitão-mor
Cipriano Lopes Galvão (filho), considerados, pela história oficial do município,
fundadores de Currais Novos.
Essa ideia foi contestada por muitos, mas defendida pelos idealizadores do
jornal, conforme O PORVIR (nº 3, p. 1, 27/06/1926):
Faz muitos annos que foi projectada a transferência do nome desta cidade para o de GALVANOPOLES, visto que a palavra CURRAES NOVOS não se prende a nenhum acontecimento digno de comemoração, ao passo que GALVANOPOLES é um vocábulo bellosonoro, sobretudo muito significativo e esthetico.
No entanto, tal proposta de mudança não se realizou e a cidade continuou a
se chamar Currais Novos, nome que utiliza até os dias atuais e que estabelece
relações com as raízes pastoris da localidade.
Esse município, que foi Inicialmente habitado por índios Cariris, tem sua
origem ligada ao período conhecido como Ciclo do Gado, no século XVIII, sendo, no
século XX, tomado pelo ideário modernista que tomava conta do país.
A década de 1920 ficou conhecida por década de 20 ou simplesmente anos
vinte. No Brasil, apresentou características como: insatisfação da sociedade
brasileira, intensificação do movimento operário, deflagração do movimento
tenentista, realização da semana de arte moderna e fundação do partido comunista
brasileiro, culminado com o movimento de 1930, o qual contribuiu para a redefinição
do papel do Estado na economia.
Foi uma década caracterizada por crises da estrutura sociocultural,
econômica e política, visando à implementação de um novo modelo de Brasil, com
características urbano-industrial e discursos pautados na busca pelo novo, pela
modernidade.
No município de Currais Novos, de acordo com leitura do jornal O PORVIR,
a situação não era diferente, consideradas as especificidades, o que caracterizou
esse período, de 1920 a 1
930, foi “o ardor febriante pela cultura do espírito” (O
6 Em pesquisa realizada no sítio oficial do município de Currais Novos,
<http://www.curraisnovos.rn.gov.br>, em 29 de novembro de 2012, constatamos que a denominação
Currais Novos para a cidade ocorreu em virtude da construção dos “currais novos”, construídos pelo
PORVIR, nº 1, p. 1, 02/05/1926), bem como a dedicação “aos afazeres mentaes” (O
PORVIR, nº 1, p. 1, 02/05/1926).
Nas colunas de O PORVIR, as matérias vinculadas sinalizavam o progresso
e o sentimento
de renovação dos curraisnovenses, “A mocidade estudiosa da terra
do Cel. José Beserra, unida e cohesa, terça as armas da intelligencia, pugnando
pela sua evolução nos domínios do saber e do civismo!” (O PORVIR, nº 1, p. 1,
02/05/1926).
Para termos uma representação da cidade de Currais Novos/RN entre 1920
e 1930 e reafirmar o que observamos quanto ao espírito de modernidade e inovação
que tomava conta dos seus munícipes, o jornal O PORVIR (nº 7, p. 2, 24/10/1926)
traz “O QUE É GALVANOPOLIS HOJE...”, texto
assinado por Ewerton D. Cortez em
20/10/1926, com as seguintes impressões:
Galvanopolis é uma cidade de topografia realmente majestosa e que nestes últimos tempos tem passado por uma série de aperfeiçoamentos, o que tem tornado-a muito aprazível a todas as pessoas que tenham o ensejo de a visitar.
Como podemos observar, a representação que o referido jornal fazia da
cidade era uma representação positiva. Exalta as características da cidade, ao
mencionar que sua topografia é realmente majestosa, mas também não deixando de
assinalar que a cidade passa por uma série de aperfeiçoamentos e por mudanças.
3.2 O JORNAL
A mídia impressa diz respeito a um meio de comunicação que se refere aos
materiais de caráter publicitário ou jornalísticos. Esses materiais são impressos em
gráficas ou locais específicos. O meio impresso pode ser vinculado em diferentes
veículos de comunicação, interessando-nos para o desenvolvimento da nossa
pesquisa o jornal.
De acordo com Marcuschi (2008, p. 179):
Mas há outros comuns com as revistas, como notícias, reportagens, editoriais, receitas culinárias, história em quadrinhos, charge, entrevistas etc.
Esse veículo de comunicação é um suporte textual e, como tal, constitui um
domínio discursivo. O domínio discursivo é uma esfera da vida social ou institucional
que contempla contextos de atuação religiosa, jurídica, jornalística, pedagógica,
política, industrial, militar, familiar, lúdica, entre outras, na qual se dão práticas que
organizam formas de comunicação e respectivas estratégias de compreensão
(MARCUSCHI, 2008).
As afirmações acima, baseadas em Mascuschi (2008), podem ser
observadas na figura a seguir:
Figura 4 – Formas de organização dos textos
Fonte:Marcuschi (2008, p. 177).