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ARTIGO
ORIGINAL
Ultra-processed
food
consumption
in
children
from
a
Basic
Health
Unit
夽
Karen
Sparrenberger
a,∗,
Roberta
Roggia
Friedrich
a,
Mariana
Dihl
Schiffner
b,
Ilaine
Schuch
ce
Mário
Bernardes
Wagner
aaProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdedaCrianc¸aedoAdolescente,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRioGrande doSul(UFRGS),PortoAlegre,RS,Brasil
bDepartamentodeNutric¸ão,LaboratóriodeAvaliac¸ãoNutricional,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRioGrande doSul(UFRGS),PortoAlegre,RS,Brasil
cDepartamentodeNutric¸ão,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),CentrodeEstudosem Alimentac¸ãoeNutric¸ão(CESAN),HospitaldeClínicasdePortoAlegre,PortoAlegre,RS,Brasil
Recebidoem18desetembrode2014;aceitoem5dejaneirode2015
KEYWORDS
Foodintake; Nutritionalstatus; Children;
Fast-food
Abstract
Objectives: Toevaluatethecontributionofultra-processedfood(UPF)onthedietary consump-tionofchildrentreatedataBasicHealthUnitandtheassociatedfactors.
Method: Cross-sectionalstudy carried outwithaconveniencesampleof204children,aged 2---10 yearsold, in SouthernBrazil. Children’sfood intakewas assessed using a24-h recall questionnaire.Fooditemswereclassifiedasminimallyprocessed,processedforculinaryuse, andultra-processed.Asemi-structuredquestionnairewasappliedtocollectsocio-demographic and anthropometricvariables. Overweightin children was classified using aZ score >2 for childrenyoungerthan5andZscore>+1forthoseagedbetween5and10years,usingthebody massindexforage.
Results: Overweight frequency was 34% (95% CI: 28---41%). Mean energy consumption was 1672.3kcal/day,with 47%(95%CI:45---49%)comingfromultra-processedfood.In the multi-ple linearregressionmodel,maternal education (r=0.23;p=0.001) andchildage(r=0.40; p<0.001) were factors associated with a greater percentage of UPF in the diet (r=0.42; p<0.001).Additionally,astatisticallysignificanttrendforhigherUPFconsumptionwasobserved whendatawerestratifiedbychildageandmaternaleducationallevel(p<0.001).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.01.007
夽 Comocitaresteartigo:SparrenbergerK,FriedrichRR,SchiffnerMD,SchuchI,WagnerMB.Ultra-processedfoodconsumptioninchildren
fromaBasicHealthUnit.JPediatr(RioJ).2015;91:535---42. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:karensparrenberger@yahoo.com.br(K.Sparrenberger).
Conclusions: ThecontributionofUPFissignificantinchildren’sdietsandageappearstobean importantfactorfortheconsumptionofsuchproducts.
©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
PALAVRAS-CHAVE
Consumode alimentos; Estadonutricional; Crianc¸as;
Fast-foods
Consumodealimentosultraprocessadosentrecrianc¸asdeumaUnidadeBásicade Saúde
Resumo
Objetivos: Avaliar a contribuic¸ão dos alimentos ultraprocessados noconsumo alimentar de crianc¸aspertencentes àáreade abrangênciade uma unidadebásica de saúdeeos fatores associados.
Método: Estudo transversal comamostra deconveniência de 204 crianc¸as, entredoisa 10 anos,noSuldoBrasil.Oconsumoalimentardascrianc¸asfoiobtidopormeiodoRecordatório Alimentarde24horase,posteriormente,osalimentosforamclassificadosem minimamente processados,processadosparaculináriaeultraprocessados.Umquestionáriosemiestruturado foiaplicadoparaacoletadasvariáveissociodemográficaseantropométricas.Oexcessodepeso dascrianc¸asfoidefinidopormeiodoescoreZ>2paramenoresdecincoanoseZ>+1paraentre cincoe10anossegundooÍndicedeMassaCorporalparaidade.
Resultados: Afrequênciadeexcessodepesofoide34%(IC95%:28%a41%).Oconsumomédio deenergiafoide1.672,3kcal/dia,47%(IC95%:45%a49%)provenientesdosultraprocessados. Nomodeloderegressãolinearmúltipla,aescolaridadematerna(r=0,23;p=0,001)eaidadeda crianc¸a(r=0,40;p<0,001)foramassociadosàmaiorcontribuic¸ãopercentualdos ultraproces-sadosnaalimentac¸ão(R=0,42;p<0,001).Adicionalmentefoiobservadaumatendêncialinear significativaparamaiorconsumodeultraprocessadosquandoosdadosforamestratificadospela idadedacrianc¸aeníveldeescolaridadematerna(p<0,001).
Conclusões: Acontribuic¸ãodosultraprocessadoséexpressivanaalimentac¸ãoinfantileaidade dacrianc¸amostrou-secomofatorassociadomaisimportanteparaoconsumodessesprodutos. ©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.
Introduc
¸ão
Aprevalênciadeobesidadee doenc¸ascrônicas não trans-missíveis (DCNT) associadas à alimentac¸ão tem crescido em ritmo acelerado e chamado atenc¸ão para astaxas na populac¸ão infantil.1 De acordo com a Pesquisa Nacional
sobreDemografiaeSaúde,de2006,foiregistradauma
pre-valêncianacionaldesobrepesode6,6%emcrianc¸asdeaté
cinco anos.2 Já os resultados da Pesquisa de Orc¸amento
Familiar(POF)mostraramqueaprevalênciadeexcessode
peso varioude25% a 40%em crianc¸as entrecincoe nove
anos.3
As evidências científicas apontam que o aumento nas
taxasdeexcessodepesoeDCNTédecorrente,entreoutros
fatores,dainversão dospadrões alimentares.4 Essa
inver-são caracteriza- se pela substituic¸ão cada vez maior da
alimentac¸ãotradicionalporalimentosebebidasaltamente
processadoseprontosparaconsumo.5
Em geral, esses produtos ultraprocessados apresentam
alta densidade energética, excesso de gorduras totais e
saturadas, maiores concentrac¸ões de ac¸úcar e/ou sódio
e baixo teor de fibras.5-7 Ainda, têm por
caracterís-tica, devido a sua composic¸ão e a seu processamento,
ser hiperpalatáveis, com maior durabilidade e prontos
parao consumo. Dessa forma,têm uma ampla vantagem
comercialquandocomparadoscomosalimentosinnatura
ou minimamente processados, além de apresentar menor
custo.5
Os dados da POF indicaram que a alimentac¸ão das
crianc¸asbrasileirasé deficienteem frutas,legumese
ver-duras.Ainda,apresentaexcessode consumodebiscoitos,
embutidos, bebidas com adic¸ão de ac¸úcar, sanduíches e
salgados.8
Dentreosfatoresque estão condicionadosà qualidade
daalimentac¸ãodascrianc¸as,arenda eaescolaridadedos
pais merecem destaque. As pesquisas sugerem que uma
alimentac¸ãodequalidadeestádiretamenterelacionadaao
maiorníveldeescolaridadeeàmaiorrenda.9,10
Há evidências entre excesso de peso na infância e
desenvolvimentoprecocedediabetesmellitus,doenc¸as
car-diovasculares,dislipidemiasehipertensãonavidaadulta.11
Assim,ainfânciaéumperíodocrucialparaaprevenc¸ãodas
DCNT pormeio doincentivo e daadoc¸ão dehábitos
sau-dáveisquetendema permanecerdurantea faseadulta.12
Ospaisexercemgrandeinfluêncianodesenvolvimento
des-ses hábitos pela crianc¸a e devem ser exemplos positivos
em relac¸ãoàalimentac¸ãosaudável associadaàpráticade
exercíciofísico.13
Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a
contribuic¸ãodosalimentosultraprocessadosnoconsumo
ali-mentardecrianc¸aspertencentesàáreadeabrangênciade
Métodos
Fez-seumestudotransversaldescritivo,comumaamostra deconveniênciadecrianc¸asdedoisa10anosqueprocuram atendimentocomconsultaspreviamenteagendadasemuma unidadebásicadesaúde(UBS)dePortoAlegre,RS.
Opresentetrabalhofaz partedeumestudomaior inti-tulado‘‘Obesidadeefatoresderiscoparadoenc¸ascrônicas em crianc¸as atendidas na Estratégiade Saúde da Família emumaunidadebásicadesaúdedePortoAlegre,RS.’’Em termosdeamostra,foramincluídas204crianc¸as,oque for-neceuaesteestudoumpoderestatísticode90%paratestar uma diferenc¸a de médias com magnitude de efeito (E/S)
≥0,5desviopadrãopara␣=0,05.Emdadoscategóricos,esse tamanhoamostralforneceuumpoderde80%nacomparac¸ão deproporc¸õescomdiferenc¸asiguaisoumaioresdoque20%
vs.40%para␣=0,05.
Foi incluídano estudo apenas uma crianc¸a por núcleo familiar (mesma mãe ou responsável, com vínculo bioló-gico ou não). Quando mais de uma crianc¸a dessa faixa etária e domesmo núcleo familiar compareceu à UBS, o responsável decidia qual participaria do estudo. Os cri-térios de exclusão foram: incapacidade física para tirar asmedidas antropométricas, distúrbios dotrato gastroin-testinal ou orofaríngeo que acarretassem alterac¸ões do consumo alimentar e crianc¸as comdesordem do espectro autista.
A equipedetrabalho foicompostapor nutricionistase acadêmicasde nutric¸ão previamentetreinadas e a coleta dos dadosocorreu de setembrode 2012 ajulho de2013. As medidas antropométricas foram aferidas em duplicata com técnicas padronizadas conforme a Organizac¸ão Mun-dialdaSaúde.14 Opeso(kg)foiobtidocombalanc¸adigital
comcapacidadepara200kgeprecisãode50geparaaferir
aaltura(cm)foiusadoestadiômetrofixoàparede.Foram
consideradascomexcessodepeso(sobrepesoeobesidade)
ascrianc¸asmenoresdecincoanoscomindicadordeescore
Z>2eascomcincoa10anoscomindicadordeescoreZ>+1
deacordocomoIMCparaidade.15Osdadosantropométricos
foramanalisadoscomossoftwaresAnthro®eAnthroPlus®
(Anthro®,WHOAnthroPlus,2007,EUA).
Para avaliar o consumo alimentar, foram usados dois
recordatóriosalimentares de24 horas (R24h). Oprimeiro
foifeitopormeiodeentrevistadiretacomamãeou
respon-sável.As perguntasreferiram-se àalimentac¸ãodacrianc¸a
nodiaanterioracercadotipo,mododepreparo,damarca
comercial,dasmedidasusadasequantidades consumidas.
Paraminimizaroviésdememóriaefortaleceraqualidade
dainformac¸ãosobreotamanhodasporc¸õesconsumidas,foi
usadoumálbumdefotografiasdeutensíliosealimentos.16
Já o segundo R24h foi obtidovia contato telefônico com
intervalodeumaaoitosemanascomamesmapessoaque
respondeuoprimeiroenãocorrespondenteaomesmodiada
semanadoanterior,para,posteriormente,estimaramédia
deconsumo.
Aconversãodosalimentosrelatadosem medidas
casei-ras para gramas foi feita com base na padronizac¸ão de
Pinheiro.17Eaanálisedosnutrientesfoifeitadeacordocom
a TabelaBrasileiradeComposic¸ão dos Alimentos(TACO)18
e também a consulta de rótulos daqueles alimentos não
constantesna tabela.Posteriormente, osalimentosforam
agrupadosdeacordocomapropostadeMonteiroetal.5em
in natura ouminimamente processados(G1), processados
paraculinária(G2)eultraprocessados(G3).
As variáveis estudadas foram:1. Crianc¸a: sexo, idade,
peso,alturaeconsumoalimentar(calorias,proteínas,
lipí-dios,carboidratos,fibras,sódio,gordurasaturada,gordura
monoinsaturada,gordurapoli-insaturada,gorduratrans);2.
Mãe:idade e escolaridade; 3. Núcleo familiar: renda per
capita.
Para a análise das características associadas à
contribuic¸ão dos alimentos segundo o grau de
proces-samento na alimentac¸ão das crianc¸as, foram usados os
macronutrientes(carboidratos,lipídeoseproteínas).
A escolaridade materna foi definida de acordo com a
quantidadedeanosdeestudo. Essavariávelfoi
dicotomi-zada em: < 11 anos (até ensinomédio incompleto) ou ≥
11anos(ensinomédiocompletoe/ousuperior).Jáarenda
familiarper capitafoiavaliadaemreais(R$)e,
posterior-mente,categorizadacomoR$<500eR$≥500.
Paraasanálises,ascrianc¸asforamestratificadasemdois
grupos:pré-escolares(doisaseisanos)eescolares(setea
10anos).Oprotocolodeestudo foiaprovadopeloComitê
deÉticaemPesquisadoHospitaldeClínicasdePortoAlegre
sobon◦ 120124.
Osdadosquantitativosforaminicialmentedescritosem
médiaedesviopadrão.Napresenc¸adeassimetria,a
medi-ana e a amplitude interquartil (P25; P75) foram usadas.
A normalidade das distribuic¸ões foi testada por meio do
testede Shapiro-Wilk. Dados categóricosforam
sumariza-doscomfrequênciasabsolutaserelativas.Paraapresentar
atendênciacentraldasvariáveisdacontribuic¸ãoabsoluta
e percentualda ingestão dosnutrientes de acordocom o
graudeprocessamentodosalimentos,foiusadamédia(erro
padrão).
Paraacomparac¸ãodasvariáveisquantitativasfoiusado
otestetdeStudentenacomparac¸ãodasproporc¸õesoteste
doqui-quadrado.Emcasosdeassimetria,foiempregadoo
testedeMann-Whitney.
Para avaliaraassociac¸ão independentedos fatoresem
estudoqueapresentaramsignificâncianaanáliseunivariada
foifeitaumaregressãolinearmúltiplacomacontribuic¸ão
percentualdealimentosultraprocessados(AUP)como
variá-veldependente.
Alémdisso,foifeitaumaanáliseestratificadapela
esco-laridadedamãeeidadedacrianc¸a.Aavaliac¸ãodatendência
lineardessaestratificac¸ãoemrelac¸ãoaopercentualdeAUP
foipormeiodaregressãolinearsimpleseparaoexcessode
pesopormeiodoqui-quadradodetendêncialinear.
Considerou-se como nível de significância estatística
a probabilidade inferior a 5% em todos os testes
esta-belecidos. Os dados foram duplamente digitados com o
softwareEpiData® (Epi Info, versão 6, Statistics Program
for Public Health, 1995, EUA) com checagem de
consis-tência. As análises estatísticas foram feitas no software
SPSS®(IBMSPSSStatisticsparaWindows,versão20.0,2011,
EUA).
Resultados
Tabela1 Distribuic¸ãodaamostrasegundoascaracterísticassociodemográficaseantropométricas
Características Grupoetário
Total Pré-escolar Escolar p
Sexo,n(%)(n=204)
Feminino 102(50,0) 66(55,0) 36(43,4) 0,12
Idade,anos(n=204) 5,9±2,5 4,1±1,4 8,5±1,1
-Peso,kg(n=202) 26,4±10,8 20,2±5,6 35,2±10,4
-Altura,cm(n=199) 199,3±16,5 107,9±10,7 134,9±8,4
-Estadonutricional,n(%)(n=199)
Eutrofia 131(66,0) 81(70,0) 50(60,2) 0,16
Excessodepeso 68(34,0) 35(30,0) 33(39,8)
Idadematerna,anos(n=187) 34,8±8,1 33,3±8,3 37,1±7,2 0,001
Escolaridadematernan(%)(n=184)
<11anosdeestudo 66(36,0) 32(29,0) 34(46,0) 0,01
≥11anosdeestudo 118(64,0) 78(71,0) 40(54,0)
Rendapercapita,R$(n=182) 545,6 (339,0;757,5)
533,3
(349,9;757,50)
570,8 (302,7;783,7)
0,51
Osresultadossãoexpressosemmédia±dp,frequências(%)emediana(P25;P75).TestetdeStudent;qui-quadrado;p<0,05.
númeromaiorde crianc¸as em idade escolar. Com relac¸ão ao sexo, as proporc¸ões foram idênticas. A frequência de excessodepesonaamostraavaliadafoide34%(IC95%:28% a41%)(tabela1).
Quanto à ingestão de energia(tabela 2), em média as
crianc¸asconsumiram 1.672,3kcal/dia e47% (IC95%:45%a
49%) foram derivadas do G3. A contribuic¸ão dos
alimen-tos do G1 se destaca na disponibilidade para o consumo
de nutrientes essenciais, como proteína, fibra e gordura
monoinsaturada. Já no G3, verificamos uma contribuic¸ão
maisexpressivade lipídios, carboidratos, sódio e gordura
trans.
Quandoanalisadososdadosacercadacontribuic¸ão
per-centual doconsumo diáriode macronutrientes deacordo
com o grau de processamento dos alimentos (tabela 3),
observou-seque a ingestão de alimentos provenientes do
G1foiinversamenteproporcionalaoaumentodaidadeda
crianc¸a(p<0,001).Emcontrapartida,aproporc¸ãode
con-sumodoG3temumarelac¸ãodiretaàmedidaqueaidadeda
crianc¸aaumenta(p<0,001).Emrelac¸ãoàsvariáveissexo,
estadonutricionalerenda percapita,nãoforam
observa-dasdiferenc¸assignificativasnacontribuic¸ãodosdiferentes
grupos.
Ao comparar o percentual de consumo de
macronutri-entesdascrianc¸aseaescolaridadematerna,foiobservado
queascrianc¸asfilhasdemãescomescolaridadeinferiora11
anostenderamaconsumirmaisalimentosdoG1(p=0,09).
Enquanto que aquelas filhas de mães com escolaridade
≥ 11 anos têm maior contribuic¸ão do G3 na alimentac¸ão
(p=0,04).
A partir do modelo de regressão linear múltipla, com
opercentual decontribuic¸ão doG3 comovariável
depen-dente,osfatoresescolaridadematerna(r=0,23;p=0,001)
e idade dacrianc¸a (r=0,40; p<0,001) apresentaram uma
correlac¸ãomúltiplamoderadaeforamfatoressignificantes
paramaiorcontribuic¸ãodoG3naalimentac¸ãodascrianc¸as
(R=0,42;p<0,001).
Adicionalmente,foiobservadoumcrescimentono
con-sumo de AUP quando os dados foram estratificados pela
escolaridadematernaepelaidadedacrianc¸a.Esseachado
atingiu significância estatística pelo teste de tendência
linear(p<0,001).Oexcessodepesotambémaumentouna
comparac¸ãodosgruposextremosnessaestratificac¸ão(18vs.
38%).Noentanto,na análisedetendêncialinearo
cresci-mentoatingiusignificâncialimítrofe(p=0,079).
Discussão
Combasenosresultados,foipossívelobservarqueháuma taxa elevada de excesso de peso nas crianc¸as estudadas, o que chama atenc¸ão para esse agravo nutricional nessa faixa etária. O crescente aumento nos índices de sobre-peso e obesidade ainda na infância tem sido relatadona literatura científica e relacionado como importante pre-ditor de obesidade e desenvolvimento de DCNT na vida adulta.19,20
Afrequênciadeexcessodepesoencontradaneste
traba-lhoacompanhaoobservadonoBrasil.Valoressemelhantes
foramverificadosemumlevantamentodebaseescolarem
Itajaí,SC,cujafrequênciaobservadafoide30%emcrianc¸as
de seis a 11 anos.9 Osresultados de umestudo feitoem
áreasdeabrangênciadasunidades desaúdeem Colombo,
PR,indicarammenoresfrequências,12%dascrianc¸asentre
doisecincoanostinhamexcessodepeso.21
Nestapesquisa, acontribuic¸ão calóricaproveniente do
G3 foi superiorà encontrada paraa populac¸ãobrasileira,
estimada em 28%.6 Já para a populac¸ãodo Canadá, esse
valor se torna mais expressivo ainda, representa 61% da
energiadiária.7Noentanto,nenhumadaspesquisascitadas
avaliouexclusivamentecrianc¸ascomoopresenteestudo.
Comoobservado (tabela 2), acontribuic¸ão dos
carboi-dratos e lipídeos na alimentac¸ão das crianc¸as foi mais
Tabela2 Contribuic¸ão absolutaepercentual naingestãodiáriadenutrientesdeacordocomograudeprocessamentodos alimentos
Total(n=204) G1
Média(EP)
G2 Média(EP)
G3 Média(EP)
Energia(kcal/d)
Absoluto 1672,3(41,4) 761,8(21,3) 96,9(5,8) 813,6(31,0)
Percentual 100 47,0(1,0) 6,0(0,4) 47,0(1,1)
Proteína(g/d)
Absoluto 68(2,1) 48,1(1,6) 0,4(0,1) 19,6(1,0)
Percentual 100 70,6(1,1) 0,6(0,1) 28,8(1,1)
Lipídeos(g/d)
Absoluto 56,2(1,8) 21,5(0,8) 6,3(0,3) 28,5(1,5)
Percentual 100 40,6(1,3) 12,0(0,6) 47,4(1,4)
Carboidrato(g/d)
Absoluto 206,5(5,8) 80,3(3,1) 10,2(1,2) 115,9(4,5)
Percentual 100 39,7(1,2) 4,9(0,5) 55,3(1,3)
Fibra(g/d)
Absoluto 14,6(0,5) 10,2(0,4) 0,1(0,0) 4,3(0,3)
Percentual 100 68,7(1,3) 0,7(0,1) 30,6(1,3)
Sódio(mg/d)
Absoluto 2215,7(71,2) 348,3(20,1) 721,7(24,8) 1147,6(58,7)
Percentual 100 17,3(0,8) 34,9(1,1) 47,8(1,4)
Gordurasaturada(g/d)
Absoluto 20,7(0,7) 9,5(0,4) 1,1(0,1) 10,1(0,5)
Percentual 100 47,4(1,4) 5,6(0,3) 47,0(1,4)
Gorduramonoinsaturada(g/d)
Absoluto 13,8(0,5) 6,9(0,3) 1,5(0,1) 5,4(0,3)
Percentual 100 50,9(1,4) 12,2(0,6) 36,9(1,5)
Godurapoli-insaturada(g/d)
Absoluto 9,5(0,3) 2,5(0,1) 3,6(0,2) 3,4(0,2)
Percentual 100 28,2(1,3) 38,1(1,6) 33,7(1,7)
Gorduratrans(g/d)
Absoluto 1,4(0,1) 0,3(0,0) 0,0(0,0) 1,0(0,1)
Percentual 100 29,5(1,8) 5,2(0,5) 65,3(1,9)
G1,alimentosinnaturaouminimamenteprocessados;G2,ingredientesculinários;G3,alimentosultraprocessados;EP,erropadrão.
ingestãodealimentosricos emgorduraseac¸úcares,como biscoitosrecheados,produtosdepanificac¸ão,docese refri-gerantespelopúblicoinfantil.22
Osresultadosdesteestudotambémseassemelhamaos
de outras pesquisas. No Canadá, uma pesquisa comparou
umacestabásicacompostaporalimentosdoG1maisdoG2
eoutraapenascomosdoG3.Acestaquenãocontinhaos
ultraprocessadosapresentoumaiorteordeproteína(19vs.
10%)efibra(14,8vs.6,8g),menorquantidadedegordura
total(33,8vs.39,3%),ac¸úcareslivres(3,8vs.18,6%)esódio
(3,1 vs. 3,8g).7 As pesquisas brasileiras indicam achados
semelhantesemrelac¸ãoaessesnutrientes.5,23
Outro aspectodesfavorável dos AUP é serem ricos em
sódio. A ingestão de sódio em excesso está associada ao
desenvolvimentodehipertensãoarterial.24 Aalterac¸ãoda
pressãoarterial nainfância temumaassociac¸ãocomesse
problemanavidaadulta.25
Aindacabesalientarqueosalusadonapreparac¸ãodos
alimentosouàmesaécomponentedoG2.Portanto,somado
aosódiointrínsecodosAUPelevaaestimativadeingestão
diáriadesódiopelascrianc¸asemestudo.
Deacordo comSarno etal.,24 o excesso desódio
con-sumido pode ser motivado pelo aumento do consumo de
alimentos industrializados. Uma pesquisa feita nos
Esta-dos Unidosdemonstrou que, do total desódio consumido
diariamente,44%foramprovenientesdepães,carnes
pro-cessadas,pizzas,sopas,sanduíches,queijosepratosmistos
àbasedemassaoucarnes.26
NoBrasil,asestimativasnãodiferemdosdemaispaíses.
OsdadosdaPOF apontamque o consumo deAUP (pizza,
carnesprocessadas,salgadinhos,biscoitosrecheadose
refri-gerantes)esteverelacionadocommaioringestãodesódio.8
Vitoloet al.27 sugeremque háumaassociac¸ãopositiva
entrea ingestãodesódio ea pressãoarterial alteradade
pré-escolares. As pesquisadoras destacam o fato de não
teremavaliadoosaladicionadoàspreparac¸õese,portanto,
acreditamqueaprincipalfontedessenutrientefoi
Tabela 3 Característicasassociadas à contribuic¸ão percentual no consumo de macronutrientes deacordo como grau de processamentodosalimentos
n G1a G2b G3a
Grupoetário
Pré-escolar 121 50,9(1,2) 5,5(0,6) 43,7(1,4)
Escolar 83 40,6(1,6) 4,7(0,5) 54,7(1,7)
Valorp <0,001 0,60 <0,001
Sexo
Masculino 102 45,7(1,5) 5,1(0,6) 49,2(1,6)
Feminino 102 47,7(1,4) 5,2(0,5) 47,1(1,5)
Valorp 0,33 0,65 0,36
Estadonutricional,IMC/idade
Eutrofia 131 47,0(1,3) 4,8(0,4) 48,2(1,4)
Excessodepeso 68 45,2(1,7) 5,8(0,8) 49,0(2,0)
Valorp 0,41 0,55 0,73
Escolaridadematerna,
<11anosdeestudo 66 49,4(1,8) 5,8(0,8) 44,8(1,9)
≥11anosdeestudo 118 45,5(1,4) 4,7(0,5) 49,8(1,5)
Valorp 0,09 0,11 0,04
Rendapercapita,R$
<500 77 46,8(1,6) 5,3(0,6) 48,0(1,7)
≥500 105 46,9(1,5) 4,7(0,5) 48,4(1,6)
Valorp 0,95 0,05 0,85
G1,alimentosinnaturaouminimamenteprocessados;G2,ingredientesculinários;G3,alimentosultraprocessados;IMC,índicedemassa corporal.Osresultadossãoexpressosemmédia(erropadrão).
p<0,05.
aTestetdeStudent. b Mann-Whitney.
Osresultadosacercadoconsumo defibrasproveniente dosAUPreforc¸amoquevemsendoapresentadonaliteratura científica.Ouseja,osalimentospertencentesaessegrupo sãofontesextremamentepobresdessenutriente.5
Além disso, os AUP foram a principal fonte de
gordu-rastrans, contida na alimentac¸ão das crianc¸as. Esse tipo
degorduravem sendousadoem amplaescalapela
indús-tria alimentícia com a finalidade de melhorar o aspecto
físicoesensorialdosprodutos.Oconsumoemexcessoestá
associadoa aumentodoLDL-colesterol,arisco dedoenc¸a
cardiovascular,adiabeteseàhipertensão.28
Apesardeosresultadosnãoatingiremsignificância
esta-tísticapelotestedetendêncialinear,entreexcessodepeso
easvariáveisidadedacrianc¸aeescolaridadematerna,oque
podeterocorrido devido ao númeropequenode crianc¸as
em cadagrupo, observa-se (figura1) quehá umaumento
crescentenastrês primeirascategorias.De formasimilar,
osdadosapresentadosemestudosepidemiológicosindicam
que há uma relac¸ão direta entre o excesso de peso em
crianc¸aseoníveldeescolaridadedamãe.19
O maiorconsumo de macronutrientes derivadosdo G3
pelas crianc¸asem idadeescolar, quando comparadascom
pré-escolares,podeserexplicadopelofatodequeessastêm
maiorautonomianasescolhasalimentares.Sendoassim,são
maissusceptíveisasofrerinfluênciasdomeioemqueestão
inseridas,quelhesofereceopc¸õesdeescolhasalimentares
poucosaudáveis.29
Em nosso estudo, ao contrário do que indicam
algu-masreferências,9,30omaiorníveldeescolaridadematerna
mostrou-seassociadoaumamaiorcontribuic¸ãodeAUPna
alimentac¸ãodascrianc¸as.Noentanto,essaassociac¸ãocom
a escolaridade materna foi de magnitude bastante fraca
(r=0,23)e consideravelmente menor doque aassociac¸ão
observada entre o consumo de AUP e a idade da crianc¸a
(r=0,40).
Percentual
Consumo de ultraprocessados
p(tendência) <0,001
p(tendência)=0,079
< 11 anos 0
10 20
39
45
50
59
18
33
44
38 30
40 50 60 70
Pré-escolar Escolar < 11 anos ≥ 11 anos
≥11 anos Escolaridade
meterna Grupo etário Excesso de peso
Figura 1 Percentual da contribuic¸ão dos alimentos ultra-processados e o excesso de peso das crianc¸as segundo a escolaridadematernaeogrupoetário.
Além disso, diferentemente do que relatam algumas pesquisas,10 nosso estudo não encontrou uma associac¸ão
demaior consumo deAUP com menor renda. Entretanto,
esseachadopodeserexplicadopelofatodequeuma
amos-tradeusuáriosdeumaUBStemrendarelativamentebaixa
no contexto econômico da sociedade. Assim, essa
rela-tiva homogeneidade leva a pouca variabilidade de renda
no grupo, o que dificulta (ou distorce) a detecc¸ão de
associac¸ões com esse fator e com outros que sejam
coli-neares(p.e.,escolaridade).
Segundooestudo deVitolo etal.,27 ao avaliarcrianc¸as
debaixarendaemumacidadedaregiãometropolitanado
Rio Grande do Sul, contatou-se que os AUP contribuíram
emgrandepartena alimentac¸ão.Dentreosmais
consumi-dos,destacam-sepães(78,8%),bebidasac¸ucaradas(75,6%),
snacksdoces(63,2%),biscoitos(52,5%),embutidos(42,9%),
chips(17,7%)emacarrãoinstantâneo(11,0%).Noentanto,
éválidodestacarqueamaioriadospães(p.e.pãofrancês)
veicula ferro e ácido fólico em sua composic¸ão,
nutrien-tes importantes na alimentac¸ão das crianc¸as. Esse tipo
dealimento, em quantidades adequadas, é parte deuma
alimentac¸ãosaudável.
Noentanto,háindicativosdequeoaumentodoconsumo
ultraprocessadosatingetantoapopulac¸ãocommenorrenda
quanto a com renda superior. E sugere-se que a reduc¸ão
doconsumo dealimentosdoG1 émaissignificativaentre
arendamaiselevada.
Sobreaslimitac¸õesdotrabalho,tem-sequeos
resulta-dosnãopodemsergeneralizadosparaoutraspopulac¸ões,já
quefoiincluídaumapopulac¸ãoespecíficavinculadaàUBS.
Outro pontoa salientaré que este estudo tem um
tama-nhodeamostrade204crianc¸aseemalgumassituac¸õesas
diferenc¸asobservadaspodemnãoteratingidosignificância
estatísticadevidoàlimitac¸ão dopoderestatístico.Ainda,
pontua-se sobreo método usado para estimar a ingestão
diária(R24h),quepodeapresentaroviésdesubestimarou
superestimarorealconsumo,bemcomonãorefletir
neces-sariamente o hábito alimentar. Além disso, podeexistiro
viésdememória,vistoqueoentrevistadotemderelataro
consumoreferenteaodiaanterior.
Conclui-se, com este trabalho, que a contribuic¸ão dos
AUP na alimentac¸ão das crianc¸as estudadas é expressiva,
evidencia umaqualidade ruim daalimentac¸ão em termos
dapresenc¸adealimentosenutrientesprotetores,ederisco
àsaúde.Ainda,observou-semaiorfrequênciadeconsumo
dosAUPemcrianc¸asemidadeescolarefilhasdemãescom
maiorníveldeescolaridade.Destaca-setambémaelevada
frequênciadeexcessodepesoencontradanapopulac¸ãoem
estudo.
Assim, reforc¸a-se a necessidadede ac¸õesde educac¸ão
alimentarenutricionalvoltadasparaascrianc¸aseospais,
poisainfânciaéumimportanteperíodoparaoincentivoe
desenvolvimentodepráticasalimentaressaudáveis.E,
tam-bém,quenovosestudossejamfeitosparaavaliaroimpacto
dosAUPnaqualidadedaalimentac¸ãoenoestadonutricional
dascrianc¸as.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
KarenSparrenbergerfoifinanciadapelabolsademestrado daCoordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior(Capes).ProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdeda Crianc¸aedoAdolescente,FaculdadedeMedicina, Universi-dadeFederaldoRioGrandedoSul.
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