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Controle preventivo da concorrência: a experiência brasileira em 1994-1996

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C o n tro le

P re v e n tiv o

d a C o n c o rrê n c ia :

A E x p e riê n c ia

B ra s ile ira

e m 1 9 9 4 -1 9 9 6

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Banca examinadora:

Prof. Orientador: Gesner José de Oliveira Filho :

Prof: Demósthenes M. Pinho Neto

(2)

iitsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(3)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINI,STRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

CLEVELAND PRATES TEIXEIRA

Controle Preventivo da Concorrência:

A Experiência Brasileira em 1994-1996

Dissertação apresentada ao Curso

de Pós-Graduação da FGVlEAESP

Área de Concentração: Economia

de Empresas como requisito para

obtenção de título de mestre em

Economia.

Orientador: Prof. Gesner de

Oliveira Filho.

SÃO PAULO

1997 Fundação Getulio Varga5 .

Escola de Administração ,tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA G V fie Empre!Uis de S~O P81JIO .

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TEIXEIRA,

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C á n tr ó fe ~ p r e v e n tiv o d a c o n c o r r é n c ia :

a

e x p e r iê n c ia b r a s ile ir a

em 1994-1996. São Paulo : EAESP/FGV,

1997 .. 91

p.

Qissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

EAESP/FGV, Área de Concentração: Economia de Empresas.

Resumo: Nos últimos anos o processo de globalização tem provocado

profundas mudanças na estrutura industrial de diversos países. A busca de

eficiência baseada, em grande parte, nos ganhos de escala tem aumentado o

grau de concentração nos diversos setores da economia. Tal fato tem levado as

agências encarregadas da defesa da concorrência a aprimorar a legislação e

os procedimentos para avaliar atos de concentração.

A transformação estrutural pela qual vem passando a economia brasileira em

virtude

dos

processos

de

abertura

econômica,

desregulamentação

e

desestatização, o fato desta economia ser altamente concentrada 'devido ao

processo prévio de industrialização e substituição de importações e a pequena

experiência institucional no âmbito da defesa da concorrência tornam premente

um estudo aprofundado sobre os atos de concentração.

Neste trabalho encontram-se descritos aspectos históricos e teóricos que

permeiam a discussão a respeito do controle sobre a estrutura, São discutidos

aspectos da nova lei

8.884

de junho de

1994

que regem a análise dos atos de

concentração, sendo feita, também, uma avaliação dos atos julgados pelo

CADE -Conselho Administrativo de Defesa Econômica, no período

1994-96.

Palavras-Chave:

concorrência,

fusões,

aquisições,

legislação, poder

de

mercado, mercado relevante, barreiras

à

entrada, contestabilidade, controle

(5)

A g ra d e c im e n to s

Ao meu orientador, Prof. Dr. Gésner José de Oliveira Filho dedico meus

agradecimentos iniciais, pelo estímulo e tempo dispensado durante todo o

período deste trabalho.

Sou grato também aos Professores Demósthenes M. Pinho Neto e Arthur

Barrionuevo Filho por terem formado minha banca de qualificação.

Agradeço

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à

CAPES pelo financiamento de grande parte do meu estudo durante

meus anos de mestrado.

Por último, quero agradecer a meus pais, e a todos aqueles que me apoiaram e

incentivaram durante o período de realização desta pesquisa. Em particular

à

(6)

vi

.sUMÁRIO

INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO 1 -O CONTROLE SOBRE A ESTRUTURA (ASPECTOS TEÓRICOS) .4

1.1 -O Conceito de Eficiência Econômica 5

1.1.1 - Eficiência produtiva 5

1.1.2 - Eficiência alocativa e o problema do monopólio 7

1. 1.3 - Eficiências inovativas ou dinâmicas ,.. "" 15

1.2 - A Regulação Sobre a Estrutura " 17

1.3 - Critérios de Avaliação", .. ", " .. '" ,.", .. " '"", .."""""", .., ' "."" , ""."'" ,24

1.3.1 - Determinação do mercado relevante , , , 24

1.3,2 - Participação de mercado e poder de mercado " ,; " 28

1.3.3 - Demais determinantes dotsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAmarket-power de uma empresa " " 31

1,3.4 - Avaliação das eficiências .. " , ,,.. " ', " , " ' '"", ', ", 34

1.3.5 -Casos de falênciacbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtfa ilin g company defense) "."" "" 35

1.4 - Peculiaridades do Controle sobre a Estrutura em Economias em Desenvolvimemo.Lôô

CAPÍTULO 2 - O CONTROLE NO BRASIL .. , ,., ,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA.. ... " ... " ... " ... " ....40

2.1 - Parâmetros da Lei 8.884 , ", , ,.., .42

2,1.1 - O sistema de defesa da concorrência .. , " ,." , , , , , .42

2. 1,2 - Do trâmite do ato",.,.",.,.", , ,." "." " "", .. , ", .. "", "."",.",··""", ,··",,·· 43

2.1.3 - Poder de mercado ou posição dominante de uma empresa " .44

2.1,4 - Análise das eficiências efailing company defénse""", """""""."""""""",,." .. ".,,48

2.2 - Comparação entre as Resoluções na 1 e nO5 de 1996 " 50

2.3 - A Pré-Notificação e a Resolucão na 6 de 1996 "" " .." ..52

2.4 - A Relevância do Artigo 58 (Compromisso de Desempenho) 53

(7)

CAPÍTULO 3 - ANÁLISE EMPÍRICA DOS PRIMEIROS CASOS JULGADOS 57

3.1 - Integrações não Enquadradas no Artigo 54 e Operações não Realizadas .57

3.2 - Integrações Aprovadas pelo CADE Enquadradas no Artigo 54 60

3.3 - Integrações não Aprovadas pelo CADE \-.; 66

3.4 - Aspectos Gerais dos Casos Enquadrados no Artigo 54 69

3.4.1 - Forma do ato e participação do capital... 69

3.4.2 - Mercado relevante e o grau de concentração Tl

3.4.3 - Outros parâmetros de análise 75

3.4.4 - Avaliação das alegações das requerentes e a cláusula de compromisso de desempenho 78

CONCLUSÕES : 83

BIBLIOGRAFIA 86zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(8)

I n t r o d u ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

,I

A discussão sobre o processo de concentração industrial e seu impacto sobre a eficiência e o

bem-estar econômico têm sido objeto de estudo por parte de diferentes escolas econômicas. AtsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

escola estruturalista, por exemplo, enfatizou a relação existente entre a estrutura de mercado e

as atitudes colusivas das empresas. Em contraposição, os economistas associados à escola de

Chicago argumentam que os agentes econômicos, atuando no mercado de forma racional, procuram combinar seus bens de produção da maneira mais eficiente e se falharem, as forças

de mercado se encarregam de puni-los. Neste sentido, o Estado teria um papel bastante

reduzido. Uma terceira vertente, a escola de política industrial ou estatista, admite e incentiva

a concentração de empresas como forma de fortalecer as indústrias nacionais desde que estas

obtenham ganhos de eficiência para competir em nível internacional.

.A princípio, as empresas, ao se integrarem, buscam o desenvolvimento de processos

produtivos, economias de escalas e outras eficiências operacionais. Entretanto, nada garante

que esses ganhos sejam repassados ao consumidor. Além disso, sabemos que da integração

horizontal decorre a concentração do mercado. Considerada sob a ótica do problema da

concorrência, a existência de estruturas concentradas possibilita a adoção de condutas

anticompetitivas (condutas

colusórias

e estratégias comercias que propiciam lucros excessivos).

que levam à ineficiência do sistema econômico. Contudo, o grau de concentração de um setor

não deve ser interpretado como condição suficiente para que haja abuso, por parte das

empresas, de um suposto poder de mercado. Neste sentido, a análise dos efeitos provocados

por atos de concentração sobre a economia não pode prescindir da utilização de outros

critérios que definem o comportamento das empresas tais como a existência de barreiras à

entrada de novos concorrentes e regime de comércio, etc. Além do mais, sob o enfoque

(9)

que se tenha uma análise

mais

criteriosa dos problemas competitivos associados à

concentração de mercado. Estas referem-se a fatores tecnológicos que propiciem beneficios ao

consumidor na medida em que melhorem tanto produtos quanto processos produtivos.

Nos últimos anos, o processo de globalização mundial tem provocado profundas mudanças na

estrutura industrial dos diversos países. A busca de eficiência baseada, em grande parte, nos

ganhos de escala tem aumentado crescentemente o grau de concentração nos diversos setores.

Nesse sentido, a inserção do Brasil na economia mundial e a consolidação da estabilidade

econômica sugerem a necessidade de se analisar cuidadosamente os processos de concentração

de forma a distinguir aqueles que busquem ganhos de eficiência daqueles que visem apenas

aumento do poder econômico.

Durante o período 1990-95 observou-se um aumento considerável do número de fusões e

aquisições no país passando de 186 em 1990 para 318 em 1995zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1Essa tendência confirmou-se

em 1996. Em termos de valor, o total de transações foi de US$ 1.045 milhões em 1994,

aumentando para US$ 4.184 em 1995 e atingindo US$ 7.000 até setembro de 1996.2

o

objetivo central deste trabalho é discutir as peculiaridades que envolvem a experiência

brasileira no controle de atos de concentração no período 1994-96. Este tipo de política

apresenta algumas características especiaís no caso do Brasil: em primeiro' lugar, estaremos

tratando de um país que tem uma incipiente experiência institucional do sistema de defesa da

concorrência; em segundo, a economia brasileira vem passando por uma profunda

transformação estrutural em virtude dos processos de abertura, desregulamentação e

desestatização; e, por último, trata-se de uma economia altamente concentrada devido ao

processo prévio de industrialização e substituição de importações.

o

período escolhido deve-se ao fato de ser o momento imediatamente posterior à promulgação

da nova lei 8.884 o que definiu novos parâmetros para a atuação do CADE - Conselho

(10)

3

Administrativo de Defesa Econômica, órgão responsável pelo julgamento dos processos de

concentração no Brasil.

Na primeira parte do trabalho estão desenvolvidos os aspectos teóricos que permeiam a

discussão a respeito do controle sobre a estrutura. Nele encontram-se descritos os principais

conceitos de eficiência, aspectos históricos e teóricos referentes à evolução deste tipo de

política, bem como os principais critérios utilizados pelas agências na análise de casos de

concentração. Também estão expostas certas peculiaridades que envolvem tal discussão no

caso de economias emergentes.

Os parâmetros da lei 8.884 que regem os atos de concentração no Brasil

e

as resoluções

posteriores referentes a esse assunto serão discutidos na segunda parte do trabalho.

A análise empírica dos casos julgados pelo CADE será desenvolvida na última parte. Aqui,

procurar-se-á determinar em que medida as decisões a respeito das operações de integração

(11)

C A P Í T U L O 1 - O C O N T R O L E S O B R E A E S T R U T U R A

( A S P E C T O S T E Ó R I C O S )zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A associação de capitais ou aquisição de ativos é uma das estratégias adotadas pelas empresas

em seu processo de expansão que se revela mais rápida do que o crescimento baseado na

instalação de novas fábricas. De um modo geral, o principal motivo para a realização de fusões

e aquisições é o de aumentar a lucratividade das empresas. Entretanto, nem sempre isto ocorre

e, além disso, algumas integrações, mesmo que lucrativas, podem ter um impacto negativo

sobre o nível de bem-estar social. Assim, podemos diferenciar três tipos de integrações:

aquelas que geram ineficiência tanto no âmbito privado como social; as que; mesmo

aumentando a lucratividade das empresas, implicam em perdas para a sociedade; e, por último,

aquelas que beneficiam tanto as empresas integradas quanto a sociedade.

Neste capítulo serão analisados os fatores que permitem distinguir cada um dos tipos de

integração e compreender a forma peja qual a legislação antitruste interpreta os ganhos obtidos

," "

através de atos de concentração. Por último, serão também discutidos os critérios normalmente

utilizados pelas agências de defesa da concorrência para a análise dos atos de concentração,

(12)

5hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .1 - O C o n c e it o d e E f ic iê n c ia E c o n ô m ic a

De acordo com a teoria econômica existem basicamente três tipos de eficiências: produtiva,

alocativa e inovativa ou dinâmica.3

1. 1. 1- Eficiência produtiva

A eficiência produtiva implica em se obter o máximo rendimento possível, dada uma certa

tecnologia instalada, ou seja, significa operar sobre uma dada função de produção,

minimizando os custos envolvidos. Segundo CarltonzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA& Perloff", quando isso ocorre, não há a

possibilidade de se promover nenhum reordenamento entre os fatores produtivos (como

máquinas, mão-de-obra e matérias-primas) de forma a obter aumento na produção de um bem,

sem reduzir a produção de, pejo menos, um outro produto. Trata-se, pois, de uma eficiência

situada no plano privado, afetando o crescimento do bem-estar futuro, apenas na medida em

que os ganhos produtivos, com custos reduzidos, são cumulativos.

Como veremos a seguir, as fusões e aquisições aumentam o grau de eficiência produtiva

quando implicarem em obtenção de economias para as empresas ou minimizarem conflitos

entre proprietários e administradores:

- economias pecuniárias: o maior tamanho resultante da fusão de empresas pode propiciar a

esta maior poder de barganha junto aos fornecedores e, portanto, maior economia na compra

de bens e serviços;

- economias reais: estas representam poupança de recursos reais decorrente do aumento da

especialização ou da obtenção de economias de escala. A fusão de empresas pode levar a uma

(13)

reestruturação das plantas produtivas de forma a eliminar a duplicação e as operações mais

demoradas, possibilitando melhor uso dos equipamentos e, portanto, ensejando o aumento da

produtividade;

- economias de escopo na produção: empresas que tenham atividades diferentes, mas

complementares, podem beneficiar-se da fusão na medida em que uma empresa pode realizar

duas atividades a um custo inferior ao incorrido por duas empresas especializadas que

desenvolvam estas atividades separadamente;

- outras economias: é possível obter economias na área de marketing com o uso de campanhas

publicitárias comuns, nas vendas e nas áreas administrativas através da constituição de um

pool.5

- redução de conflitos de interesses: a existência de um conflito entre os objetivos dos

proprietáriostsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(shareholders), que buscam a maximização do lucro da empresa, e os dos

administradores, que orientam sua atuação para obtenção de lucros e também para outros

interesses pessoais (aumento dos próprios salários, maior segurança de emprego, maior poder

de controle sobre os recursos da empresa, melhores instalações e maiorcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAs ta ff pessoal, etc)

implica a existência de ineficiências gerenciais que podem ser reduzidas através da fusão ou da

aquisição da empresa.

A busca incessante do crescimento pode, entretanto, gerar um agigantamento excessivo das

empresas, que passariam a perder em eficiência, principalmente, no âmbito administrativo.

Além do mais, algumas fusões não têm dentre seus objetivos a busca de eficiência econômica.

Fusões que visam obter vantagens tributárias através da integração de uma empresa lucrativa,

com outra que venha tendo prejuízo, e aquisições motivadas por obtenção de ganhos rápidos,

4CA.RLTON. Dennis and PERLOFF, Jeffrey. M o d e m industrial organization. New York, Harper Collins College Publishers, 1994, 2ª ed, p.102.

5 Apesar de não serem economias produtivas propriamente ditas, a redução destes custos também implica em

(14)

7

advindos da compra de ações e venda de ativos da empresa, se enquadram nesta modalidade.

Juntam-se a estas, aquelas fusões e aquisições motivadas pelo aumento do poder econômico

(de mercado) e do poder político.

1.1.2- Eficiência alocativa e o problema do monopóliozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

segundo tipo de eficiência é definido usualmente pelo critério de Pareto, sendo esta

formulada como referência ao modelo de equilíbrio geral competitivo. Diz-se que uma

estrutura é ótima ou eficiente no sentido de Pareto se qualquer reorganização pretendida não

for capaz de propiciar ganhos de um lado sem, no entanto, provocar perdas de outro. Neste

ponto, teríamos o máximo de eficiência alocativa, onde haveria não só a maximização do lucro

do produtor como também a maximização da satisfação do consumidor." Entretanto, a

existência de "falhas de mercado'" nem sempre possibilita alcançar o máximo de eficiência

alocativa. A existência de lucros extraordinários advindos do poder de mercado de empresas

monopolistas ou oligopolistas, por exemplo, pode impedir que isto ocorra. O gráfico abaixo

pode ajudar a entender melhor o problema.

6Enquanto a busca da eficiência produtiva implica em se passar de uma superfície mais baixa para uma mais

alta. interiores à curva de possibilidades de produção. a procura de maior eficiência alocativa está relacionada a movimentações ao longo da função de produção.

" Como descrito por PINDYCK, R. and RUBINFIELD. D.tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM icroeconomics ... p.588-590. falhas de mercado ocorrem quando o sistema de preços falha em propiciar sinais adequados ao mercado (consumidores e

(15)

Gráfico I - Perda de bem estar social associada ao poder de monopóliozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

p

hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

P r n

Pc

Assumindo um mercado competitivo, a empresa irá enfrentar uma curva de demanda

horizontal, onde o preço Pc será determinado pelo mercado. Dado o preço Pc, a firma

produzirá a quantidade Qc que maximize seu lucro. No monopólio, a empresa também buscará

maximizar seu lucro. Entretanto, diferentemente da firma que atua em concorrência perfeita,

esta irá enfrentar uma curva de demanda negativamente inclinada sendo que, quanto mais for

vendido, menor será o preço obtido (diferentemente do mercado concorrêncial há umcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtr a d e - o ff

entre preço e quantidade vendida). Dado que existe apenas uma empresa no mercado, esta

escolherá produzir a quantidade Qm ao preço Pm onde a receita marginal, que no caso do

monopólio varia a cada unidade a mais produzida, se iguale ao custo marginal. A esta

capacidade que o monopolista tem de fixar e manter o preço acima do custo marginal dá-se o

nome de poder de monopólio ou poder de mercado. A razão pela qual o preço de monopólio

(Pm) se afasta do preço competitivo (Pc) pode ser medida através do índice de Lerner." Este

será tanto maior quanto menor for a elasticidade-preço da demanda, ou seja, quanto menos

(16)

9

sensíveis forem os consumidores às alterações em preços, maior será a capacidade do

monopolista em obter receita adicional via aumento de preços.

A apresentação usual neoclássica dos maleficios causados pelos monopólios dá-se, por sua

vez, através do conceito de "perda de peso morto". A idéia básica é que setores monopolistas

geram ineficiências que representam perdas tanto para consumidores, como para produtores.

No gráfico I a perda do consumidor é dada pelas regiões "A" e "B".

Devido aos preços maiores, os consumidores que continuarem a comprar perderão uma

quantia representada pela região "A". Da mesma forma, os consumidores que deixarem de

comprar ao preço Pm terão uma perda no consumo dada pela região "B".zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

produtor, não obstante obter um ganho advindo da venda com preços

mais

altos

representado pela região "A", perderá a área "C". Isto ocorre em decorrência de existir a

possibilidade da empresa vender a quantidade (Qm - Qc) ao preço Pc, superior ao custo

marginal.

o

resultado líquido seria dado pela soma das perdas líquidas dos produtores com a dos

consumidores ou seja, pela soma das regiões "A" e "B". Esta, também chamada de "perda de

peso morto", representa uma perda para toda a sociedade, indicando urria ineficiência alocativa

que poderia ser corrigida caso existissem várias empresas concorrendo neste mercado. É

importante perceber que o exercício do poder de monopólio também provoca uma

redistribuição de renda de consumidores para produtores dada pela região "A".

Além do mais, o monopólio pode implicar em um custo social adicional: a firma despenderá

tempo e dinheiro de forma improdutiva, tentando adquirir, manter ou exercitar seu poder de

monopólio."

(17)

Em setores oligopolizados, por sua vez, poderia ser atribuído um comportamento de posição

monopolista às empresas participantes do mercado. Neste caso, o equilíbrio das firmas se

aproximaria da maximização conjunta dos lucros, sendo estabelecida uma coalizão tácita entre

empresas. Assim, quanto maior fosse o grau de concentração do setor, maior seria a

possibilidade de acordos tácitos ou expressos entre empresas e mais próximo da situação de

monopólio estariamos.

TirolelO, utilizando-se da teoria dos superjogos, formaliza um modelo que permite a

sustentabilidade de um equilíbrio de coalizão tácita. Entretanto, cabe notar que modelos de

superjogos admitem a existência de equilíbrios múltiplos o que, neste caso, possibilitaria

situações muito variadas (do monopólio até a concorrência perfeita).

No mesmo sentido, Scherer!' desenvolve empiricamente o argumento de que, em mercados

oligopolizados, encontramos os mais variados tipos de comportamento que podem alterar-se

ao longo do tempo. Assim, não se pode afirmar que exista prova cabal e irrefutável da relação

concentração-coalizão (o que não implica necessariamente em descartar tal hipótese a priori).

A posição monopolista de uma firma, como já visto, permite-lhe auferir lucros extraordinários.

Estes ganhos "excessivos", de acordo com a teoria micro econômica tradicional, atrairiam

. novas empresas até o ponto onde o lucro monopolista do setor fosse eliminado. Contudo, o

que se observa na realidade é a existência de firmas que mantém sua posição monopolista por

longos períodos. Essa sustentabilidade de monopólios e oligopólios deve-se basicamente à

existência de barreiras à entrada de novas firmas.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

10 TIROLE, Jean.tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAThe theory ofindustrial organization. MassachusettsILondon. The MIT Press.. 1992. p.247-2+8.

(18)

11

o

conceito de barreiras

à

entrada de novas firmas no mercado tem como precursor 1. Bainl2.

Segundo ele, "as barreiras à entrada constituem-se de fatores estruturais (ou combinação

deles) que permitem às empresas

participantes do mercado auferir lucros extraordinários e,

ao mesmo tempo, inviabilizam o acesso de terceiros a este mesmo mercado". As principais

fontes de barreiras identificadas por Bain são:

. - vantagens absolutas de custo: as firmas

estabelecidas operam com custos menores que as

possíveis entrantes uma vez que as primeiras podem ter melhor acesso a insumos estratégicos

em virtude de contratos ou relações informais. O aprendizado a partir de rotinas de produçãotsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(learning by doing), bem como as inovações secundárias também podem implicar em menores

custos para as firmas já instaladas;

- economias de larga escala: supondo que haja uma escala mínima de produção

significativamente grande, se comparada ao tamanho do mercado, só será viável e lucrativo a

existência de um pequeno número de produtores nesse mercado;

- diferenciação de produto: as especificidades de cada produto podem fazer com que as firmas

instaladas sustentem uma lealdade à sua marca o que, por sua vez, pode constituir-se em custo

adicional para a empresa entrante;

- acesso aos mercados supridores de crédito e insumo a custos mais vantajosos.

Diante da possibilidade da entrada de novas firmas, Bain também identifica três tipos de

atitudes que as firmas incumbentes podem adotar: agir como se não fosse possível a entrada,

fixando preços e quantidades independentes da concorrência potencial; impedir a ent~ada

fixando preços e quantidades que a inviabilizem; e deixar que as novas firmas entrem, pois

julgam isso mais lucrativo do que tentar bloqueá-las.

(19)

Dentre os comportamentos. impeditivos assumidos pelas firmas instaladas podemos destacar

três:13

- preço predatório no qual a empresa reduz o preço do produto no intuito de tirar

competidores do mercado ou evitar a entrada de novos competidores;

- preço limite quando a firma, tendo excesso de capacidade produtiva, aumenta sua produção

reduzindo o preço de tal forma a não mais existir demanda que proporcione lucratividade

suficiente para outras firmas entrantes; etsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

- market foreclosure, quando as empresas estabelecem acordos comerciais ou adquirem

empresas de tal forma a impedir ou dificultar o acesso de novas firmas ao mercado de insumos.

Um último tipo de barreira que pode ser responsável pela existência de lucros acima do normal

é de ordem legal. O governo, na medida em que é responsável pela existência de concessões e

direito de propriedade, estabelece restrições que são muitas vezes intransponíveis para

empresas que não atuam no mercado. Segundo Stigler'" "esta é, provavelmente, a mais

importante de todas as barreiras."

Na década de 80, a teoria dos mercados contestáveis desenvolvida por Baumol, Panzar e

Willig15, ao considerar a força da concorrência potencial, deu novo impulso à discussão sobre

as condições de entrada de empresas no mercado. Segundo os autores, a contestabilidade dos

mercados pode ser entendida como o caso geral e a concorrência perfeita o caso particular,

posto que a solução de equilíbrio da segunda poderia ser generalizada para mercados

monopolizados e oligopolizados. Para esses autores, a estrutura industrial é uma variável

endógena, sendo determinada conjuntamente com os vetores de produtos e preços industriais.

13Para maior aprofundamento ver CARLTON, De PERLOFF.J.lvlodem industrial ...cap.lO 14 STIGLER, George.The theory ofcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp r ic e . New York. Macmillan Publishing Co., 1987, p.203.

(20)

13

Dadas as características das tecnologias existentes e as dimensões do mercado consumidor, só

existiria uma configuração industrial que seria a maneira mais eficiente de produzir. De acordo

com esta estrutura eficiente, o potencial de concorrência do setor em questão seria

determinado, não somente pelas estratégias das empresas já instaladas, como também pelos

potenciais concorrentes que pudessem entrar no mercado a qualquer momento.

Entretanto, a existência de potenciais concorrentes dependeria de não haver barreiras à entrada

no sentido adotado por Stigler" e nem custos de saídastsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(sunk costs). A inexistência de

barreiras à entrada pressupõe que a tecnologia seja de pleno conhecimento e os produtos

altamente substitutos, de modo que não exista vantagem na diferenciação. Os sunk costs, por

sua vez, são custos irrecuperáveis em que uma empresa incorre para a produção no curto

prazo, diferindo dos custos fixos, na medida em que os últimos (apesar de fixos no curto e

longo prazo) podem ser recuperados no caso de encerramento da produção ou da atividade da

firma.

Sendo assim, um mercado é dito perfeitamente contestável quando não existirem sunk costs e

nem barreiras

à

entrada, no sentido adotado por Stigler'". Nestes mercados haveria a

possibilidade da ocorrência de monopólios e oligopólios trabalhando de forma eficiente, ou

seja, o ponto ótimo de produção implicaria lucro nulo de monopólio. Neste sentido, teríamos,

também, a melhor solução em termos de bem-estar social dado que a existência de

concorrentes potenciais faría com que os ganhos obtidos fossem repassados ao consumidor via

redução de preços.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

16 Segundo STIGLER em citação extraída de SALGADO. Lúcia H. A economia política da experiência anti truste nos Estados Unidos: o debate conceitual e um exercício para o caso brasileiro. Rio de Janeiro. lEI/UFRJ, março. 1996 (tese de doutoramento): barreiras à entrada referem-se a "( ...) qualquer coisa que requeira uma despesa por parte do entrante em uma indústria que não imponha um custo equivalente a uma instalada." A definição de barreiras à entrada é colocada de uma forma diferente em BAIN, J.Barriers ... 1956.

Para maior aprofundamento a respeito das diferenças ver VISCUSI. W: VERNON. J. e HARRINGTON. J. Economic ofregulation and antitrust. Cambridge, Massachusetts, The MIT Press. 1995, 2aed, p.160.

1- .

(21)

No entanto, como destaca Baumol", a existência de mercados perfeitamente contestáveis é tão

rara quanto a de mercados perfeitamente concorrenciais. Possas, Fagundes e Pondél9, por sua

vez, vão mais longe:tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"( ... ) os mercados oligopolísticos do mundo real são tudo menos contestáveis, e preços acima do nível competitivo são a situação normal e estrutural dos mesmos. Possíveis exceções são

determinados mercados de serviços (rotas aéreas, por exemplo); e a importação de produto

homogêneo sem proteção tarifária efetiva (...) '.'

Neste sentido, podemos dizer que a contestabilidade é muito mais uma questão de grau do que

propriamente um questionamento sobre sua existência sendo que, quanto mais próximo desta

situação estiver um mercado, menos factível será a hipótese de concentração-coalizão.

Ao contrário da antiga visão sobre a posição monopolista de uma empresa, em mercados

contestáveis, a simples ameaça da entrada de novos produtores nesse mercado pode impedir

que haja qualquer aumento de preços "pequeno mas significativo" durante um longo período.

Diante disso, como pré-condições para a alocação ótima de recursos e uma distribuição mais

igualitária de renda devemos ter um mercado fortemente concorrencial, onde as assimetrias

entre os competidores sejam as mínimas possíveis, e haja uma concorrência potencialmente tão

eficaz que esta dependeria da livre entrada e saída dos mercados sem que houvesse custos

irrecuperáveis.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

18BAUMOL. William 1.Contestable markets: an uprising in the theory of industry structure. American Economic Review. voI. 72. nº I, mar .. 1982.

19POSSAS, Mário L.; FAGUNDES, Jorge e PONDÉ, João L. Política anti truste: um enfoque schumpeteriano.

(22)

15

1.1.3 - Eficiências inovativas ou dinâmicas

Um outro conceito vem se propagando nos meios acadêmicos e entre as agências de defesa da

concorrência: a eficiência dinâmica. Esta consiste em possíveis ganhos decorrentes de

inovações que melhorem tanto produtos quanto processos produtivos. A busca do lucro

monopolistatsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(profit seeking), baseado em produção de especialidades, cuja margem de lucro é

maior, justificaria os investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitos pelas empresas.

Neste caso, a concorrência assume um caráter dinâmico, o novo ambiente competitivo estaria

baseado na busca de novas tecnologias e os resultados obtidos seriam repassados aos

consumidores. Trata-se, pois, de admitir a possibilidade de umcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtr a d e - o ff alocativo entre

bem-estar presente e futuro.

Como citado em Possas, Fagundes e pondé20, "Em termos de bem estar-social, o pressuposto

implícito é o de que o processo de inovação é essencial para o desenvolvimento econômicoe

proporciona benefícios sociais, impossíveis de a u f e r ir de imediato, superiores aos benefícios que permite apropriar privadamente, e sem os quais não haveria inovações numa economia capitalista (lorde e Teece, 1992,p.60). ,.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

,.' 'v

(23)

Os efeitos propiciados por ganhos de eficiência inovativa podem ser representados por

diferentes' movimentos das curvas de demanda e custo marginal

(MC).21

- em primeiro lugar, a melhoria tecnológica, quando reduzir o custo unitário de produção,

provocará um deslocamento da curva

MC

para baixo;

P,C

p*zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

D

CI

C2

'---Q

- em segundo, a melhoria tecnológica e o aumento da qualidade dos produtos, na medida

em que aumentem o preço de reserva de um bem (com a utilidade associada a seu

consumo), deslocam para a direita a curva de demanda;

p

p

'---Q

(24)

17zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

- por último, a introdução de um produto novo, cria uma nova curva de demanda

à

direita da primeira, cuja elasticidade

é

menor, dado que a firma

é

monopolista neste novo

mercado, pois o processo de imitação e difusão requer tempo para que seja consumado.

p

p I I I I I _.J _ I I

_l L __

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

02

Q

É importante notar que, em qualquer um dos casos acima, será sempre possível expandir

o mercado sem que haja aumento de preços. Sendo assim, o resultado líquido em termos

de bem-estar social dependerá da política de preços adotada pelas firmas.hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .2 - A R e g u la ç ã o S o b r e a E s t r u t u r a

A legislação antitruste foi desenvolvida com base na teoria microeconômica tradicional, tendo

como principal objetivo enfrentar as conseqüências causadas pelo poder de monopólio, ou

seja: evitar que o aumento de preços derivado do uso do poder de monopólio provoque a

transferência de renda dos consumidores para produtores com a concomitante redução das

quantidades produzidas (apropriação do excedente do consumidor); e impedir que haja perda

de eficiência econômica alocativatsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA,ou seja, perda do bem-estar social atribuída ao peso morto

(25)

No que se refere ao controle sobre a estrutura, os Estados Unidos foram os precursores dada a

preocupação com o forte processo de concentração industrial que ocorreu no final do século

passado. Em 1890 foi aprovado otsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBASherman Act que, visando proibir terminantemente

monopólios e cartéis, determinava: "qualquer contrato, ajuste sob a forma de truste ou

conspirações que restrinjam negócios ou comércio entre os vários estados, ou com países

estrangeiros. é declarado ilegal (. ..),,?2zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAEntretanto, não havia na lei nenhuma definição clara

do que seria "monopolizar" o que deu margem a diferentes interpretações. Os juízes da época,

ao mesmo tempo em que entendiam as possíveis conseqüências danosas causadas por

monopólios, também acreditavam nos beneficios trazidos por largas escalas de produção

(Farina)23 Como resultado, as cortes americanas passaram a não considerar como crime a

constituição de monopólio, a não ser que este cometesse "maus

atos?".

Foi somente em 1914, através do Clayton Act, que a legislação americana definiu com maior

clareza a forma como se daria o controle preventivo sobre a estrutura. De acordo com a seção

7 do ato citado:

"nenhum agente econômico engajado no comércio ou em qualquer atividade a ele relativa

adquirirá. direta ou indiretamente, a totalidade ou qualquer parte do capital ou ações do

capital. e nenhum agente econômico sujeitocbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà jurisdição da Federal Trade Comission

adquirirá a totalidade, 0 1 1 qualquer parte, dos ativos de outro agente econômico também

engajado no comércio, ou em qualquer outra atividade relativa ao comércio, se em qualquer

segmento do comércio, ou em qualquer outra atividade a ele relativa, em qualquer parte do

::: Tradução própria de parte da seção 1 do Shennan Act de 1890 trecho extraído de CARL TON.D e PERLOFF. 1.Modem. ..

23FARINA, Elizabeth M. Política antitruste: a experiência brasileira. Anais do

xvrn

Encontro Nacional de Economia. Brasília. ANPEC. vol. I: 455-475. dez .. 1990.

(26)

19tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

país, o efeito de tal aquisição puder resultar em substancial restriçãocbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà concorrência, ou

tender a criar monopolio=",

A teoria "estrutura-conduta-performance", desenvolvida nas décadas que se seguiram,

forneceu maior suporte às idéias contidas no Clayton Act. De acordo com essa abordagem, o

desempenho de uma indústria (entendida aqui como a capacidade que as empresas têm em

oferecer beneficios aos consumidores) depende da conduta (comportamento) das firmas do

setor que, por sua vez, está diretamente ligada à estrutura do mercado. Esta depende em

última instância de condicionantes básicos, tanto do lado da oferta ( fatores tecnológicos,

escala de produção, etc), como do lado da demanda (elasticidade da demanda,

substitutibilidade dos bens, dentre

outros)."

Sendo assim, seria razoável imaginar que em

mercados concentrados, onde o número de firmas é menor, a possibilidade de haver acordos

entre empresas seria maior e, portanto, mais fácil fixar preços supra-competitivos.

Foi somente a partir da década de 80, face à perda de competitividade das empresas

americanas vis-à-vis as européias e, principalmente, japonesas, que a abordagem estrita do

Clayton Act passou a ser fortemente. questionada. O argumento básico era o de que, a

impossibilidade das empresas americanas de fazerem acordos de cooperação comercial,

realizaremjoint venture em P&D ou mesmo se fundirem, inviabilizava a competição com os

grandes conglomerados que vinham sendo formados em nível mundial.

Do ponto de vista teórico, a incorporação da concorrência potencial como elemento de análise

das estruturas de mercado (teoria do mercados contestáveis) relativizou a importância dada

aos cálculos de concentração. Soma-se a isto, no início dos anos 90, a incorporação à análise

econômica dos possíveis beneficios propiciados pelas eficiências inovativas.

:5Trecho do Clayton Act retirado da tradução feita por DUTRA, Pedro. The Clayton act. Re\'ista do IBRAC, São Paulo, IBRAC, vol.3 (2): 2-15, fev., 1996.

(27)

Para avaliar o efeito líquido resultante de integrações de empresas, Williamsom (1968-1969)

desenvolveu um modelo de equilíbrio parcial onde analisa otsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtrade-of! existente entre o

aumento de preço, decorrente do aumento do poder de monopólio, e a redução de custos

proporcionada pela economia de escala.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA27

Gráfico V -cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAT r a d e - o ff Eficiência x Concorrência

P,C

p* \ \ \ \ \ \ \ \

----~---

, r'

\ \ 'BI

\

,

--- ....

--t"--~--\

,

,

A \, ,

---~t---t----

,\

,

,

\

,

,\ I

'\ I

, \ I

, \ I

I \,

, \ I

Q

~--~--~---C2

CI

No gráfico

acrma,

MCI, PI, QI e MC2, P2, Q2 representam respectivamente os custos

marginais, preços e quantidades vendidas antes e depois da integração.

o

efeito líquido pode ser dado pela diferença entre as áreas "A" e ''B'' que nada mais é do que

a diferença entre os ganhos de eficiências e a perda de peso morto. O tamanho relativo dessas

duas áreas irá. depender de uma série de circunstâncias como, por exemplo, a quantidade

vendida e a elasticidade da demanda.

Pode-se demonstrar que esta diferença é dada pela expressão:

DC ! C[ - I;í h (Qt! Q2).(DP ! pt)2 , sendo que se o resultado for maior do que zero, o efeito

econômico líquido será positivo e vice-versa.

(28)

21

Embora este modelo seja passível de várias criticas (tendo sido chamado, inclusive, de modelo

"ingênuo"), a idéia central do efeito líquido docbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtr a d e - o ff eficiência/concorrência tem sido

incorporada ao cotidiano das agências de defesa da concorrência.

No que diz respeito

à

eficiência alocativa, que implica basicamente em se obter o menor preço,

vários autores argumentam que esta não seria um problema grave nas economias industriais

modernas onde o oligopólio é a forma organizacional predominante. Estudos realizados

mostram que os beneficios da eliminação do monopólio nos Estados Unidos seriam muito

pequenos

(Salgado)" ..

A eficiência produtiva (ou eficiência-X de Leibenstein), por sua vez, na medida em que reduz

os custos de produção, pode afetar o bem-estar futuro apenas no caso em que os ganhos

obtidos sejam repassados para toda a sociedade.

Nos últimos anos, os efeitos líquidos gerados por ganhos tecnológicos têm sido também

incorporados à análise dos resultados gerados por integrações de empresas. A capacidade que

as inovações têm de redefinir as bases de competição dos mercados, através de novos produtos

e processos produtivos, faz com que empresas já instaladas trabalhem sempre à sombra do

desconhecido. Neste sentido, o estímulo à concorrência poderia se dar através da permissão de

acordos ou fusões que implicassem em maiores investimentos em P&D.

Entretanto, não existe nenhuma garantia, a p r io r i, de que o sacrifício de eficiência alo cativa

atual que implique, por exemplo, em preços não competitivos hoje, seja compensado por

possíveis ganhos de eficiência produtiva no futuro. Para tanto deve haver estímulo não só à

geração de novas tecnologias como, também, à sua difusão e incorporação, em um-ritmo

intenso o suficiente para que os beneficios inerentes a estas também sejam apropriados

rapidamente pela sociedade.

i ,

(29)

Portanto, mesmo que se aceite, como o fazem os neo-schurnpeterianos, a tese de que empresas

maiores têm maior poder de investimento em P&D estando, assim, mais associadas a

inovações, nada garante que estas serão realmente geradas, difundidas e incorporadas. Como

argumenta Farina",tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA"o que impede que o monopolista deite sua cabeça em uma almofada e

descanse, para usar a expressão de Schumpeter, é a presença incessante de concorrentes

potenciais". Sendo assim, a existência de um ambiente concorrencial, incluída aqui a ausência

de barreiras à entrada, ao mesmo tempo em que garante preços competitivos, incentiva a busca

de novas tecnologias.

Em favor do controle sobre a estrutura, estudos empíricos têm mostrado que, em muitos

setores, o grau de concentração excede largamente os níveis mínimos exigidos que

propiciariam uma escala de produção eficiente. Soma-se a isto o fato de que, em vários

setores, os custos médios apresentam-se constantes nos trechos relevantes de produção, o que

indica a possibilidade de haver diferentes configurações de estrutura industrial compatíveis

com a eficiência produtiva. 30

Sendo isto verdade, pode-se supor que existem barreiraszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà entrada, desvinculadas de fatores

tecnológicos, mas associadas a estratégias empresariais que visam, úníca e exclusivamente,

manter afastados potenciais concorrentes permitindo, assim, a manutenção de preços não

competitivos.

No entanto, a dimensão dúbia, tipicamente inerente à competição oligopolista, onde se tem,

por um lado, a criação de externalidades positivas (tal como a maior variedade de produtos

"

com melhor qualidade e menor preço) e, por outro, a geração de ineficiências e redução do

bem-estar social, não permite prever, com certeza, os resultados engendrados po_~.atos de

-,

..•/

29F ARINA. Elizabeth M. Opapel da defesa da concorrência em economias desreguJamentadas In: Seminário Internacional de Desregulamentacão. Brasília. DF .. IPEA. 3-5. agosto. 1992.

30 Ver SCHERER F.& ROSS,O.1ndustrial ... cap.l1 e CURRY, B.&GEORGE, K.Industrial concentration:

a survey. The Journal of Industrial Economics, vol. XXXI (3): 203-255. Oxford, England, Basil-Blackwell,

mar., 1983.cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

r

I '.

, \

(30)

23

concentração. Ademais, as informações com as qUaIS trabalham os órgãos de defesa da

concorrência são na sua maioria incompletas o que, por sua vez, dificulta o estabelecimento de

um quadro exato das condições de concorrência. Não é possível, por exemplo, afirmar de

maneira categórica quais serão os efeitos de uma fusão em termos de bem-estar. Daí a

necessidade de se analisar caso a caso (Salgado )31.

Portanto, o controle preventivo da concorrência sofre da dificuldade de se dosar o limite

'concentração de mercado'. Como se observa, a teoria econômica não oferece uma

contribuição mais sólida para o controle sobre a estrutura (cujo objetivo básico é dificultar o

processo dinâmico da concentração de tal forma a manter as estruturas competitivas de

mercado). O que esta oferece, como veremos na seção seguinte, são critérios para que os

processos de fusões e aquisições sejam analisados caso a caso.

Entretanto, como comenta Farina", "quando as fusões se justificarem por ganhos de eficiência,

pode-se esperar que, em um momento posterior, a concorrência leve a um aumento da

concentração. Sendo assim, o critério de eficiência estática é, em muitos casos, incompatível

com o critério de manutenção de uma estrutura competitiva."

31 SALGADO, Lúcia H.tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAPolítica de concorrência: tendências recentes e o estado da arte no Brasil. Rio de

Janeiro. IPEA.. 1995 (Texto para discussão. 385).

32 FARINA.. Elizabeth M Globa/ização e concentração econômica. Revista do IBRAC, São Paulo, IBRAC.

(31)

1 .3 - C r it é r io s d e A v a lia ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Como vimos anteriormente, nem todas as fusões levam a ganhos de eficiência e, mesmo que

assim o fizessem, nada garante que estes ganhos sejam distribuídos eqüitativamente para o

resto da economia. Portanto, faz-se mister entender quais são os fatores que determinam as

diferenças existentes entre concentrações pró-competitivas daquelas que não o são. Neste

sentido, a utilização de critérios pré-estabelecidos e a análise caso a caso auxiliam na redução

dos riscos inerentes ao julgamento de atos de concentrações.".

1.3, 1 - Determinação do mercado relevante

A noção de mercado relevante é um instrumento teórico desenvolvido para fins de análise

econômica e aplicação jurídica, De uma forma mais detalhada, podemos encontrar a definição

de mercado relevante nas Diretrizes americanas para fusões (1992):tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"a product or group of products and a geographic area in which it is produced or sold such that a hypothetical profit-maximizing firm, not subject to price regulation, that was the only

present andcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAf u t u r e producer or seller of those products in that area likely would impose at least a "small but significant and nontransitory" increase in price, assuming the terms of sale

of ali other products are held constant. A relevant market is a group of products and a geographic area that is no bigger than necessary to satisfy this testo "

33 O estabelecimento e uso de critérios para avaliação de fusões e aquisições também contribui para reduzir a incerteza associada ao cumprimento de leis antitruste. Os critérios que serão estudados foram descritos pelas Horizontal Merger Guidelines. Vide U.S. Department of Justice and Federal Trade Commission. 1992

(32)

25zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Com base nesta definição podemos levantar alguns pontos a discutir e esclarecer.

Primeiramente, a conceituação de mercado relevante busca descobrir se a fusão tenderá a criar

ou realçar o 'poder de mercado' ou ainda facilitar seu exercício. Na tradição da Organização

Industrial, e consequentemente, no âmbito da política antitruste, poder de mercado é definido

como poder de monopólio, de fixação discricionária de preços em um dado mercado; mais

especificamente, é a capacidade que as empresas têm de aumentar e manter seus preços acima

do custo marginal".

Da mesma forma, um pequeno número de empresas, agindo de maneira coordenada, pode

promover um resultado igualou parecido àquele obtido em uma situação de monopólio.

Portanto, independentemente de estarmos tratando de monopólio ou oligopólio, o ponto

básico deve ser evitar a existência e/ou utilização do poder de mercado.

Em segundo lugar, a delimitação do mercado relevante está relacionada à determinação do

produto (ou grupo de produtos) e seus substitutos próximos, bem como ao local geográfico

onde são produzidos ou comercializados. O problema central passa a ser avaliar a reação dos

consumidores a possíveis alterações em preços, ou mais especificamente, quer-se saber qual é

a elasticidade da demanda": Caso haja troca no consumo por outros produtos ou pelo mesmo

bem produzido por empresas de outras regiões deveremos ampliar o mercado a ser

considerado.

Em termos de produto, a resposta do consumidor será dada, em maior ou menor escala, em

função das características do uso e do preço do mesmo. No plano geográfico o mercado' deve

englobar "o território em que as empresas em análise estão envolvidas na venda de bens e

serviços, no qual as condições de concorrência são suficientemente homogêneas e qU

t

pode

34 Cabe lembrar que o poder de mercado também permite a diminuição da competição "ia redução da qualidade

(33)

ser distinguido das zonas vizinhas porque nelas, em especial, as condições de concorrência

diferem de maneira apreciável?". Portanto, o mercado relevante geográfico pode ser tanto

uma região metropolitana como o próprio mercado internacional.

Por último, na definição acima exposta, não existe nenhuma referência a possíveis 'reações do

lado da oferta, ou seja, à elasticidade da oferta. Tal fato está claramente especificado pelas

Diretrizes americanas:tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"M arket definition jocuses solely on demand substitution jactors - i.e., possible consumer

responses. Supply substitution jactors - i.e., possible production responses - are considered

elsewhere in lhe Guidelines in lhe identification ojcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAf ir m s that participate in lhe relevam market and lhe analysis of entry ...

Dependendo da capacidade ociosa existente, alterações em preços podem induzir a aumentos

na produção de tal forma a restabelecer a situação anterior. Da mesma forma, é possível que,

em maior ou menor prazo, empresas a princípio não pertencentes a este mercado, se voltem

para a produção desse bem, desde que o aumento do preço lhes possibilite obter um retomo

maior do que aquele tido até então.

Quanto a isto, as Diretrizes americanas definem dois tipos de "potenciais participantes" do

mercado:

- entrants uncommitted - são aqueles participantes não-comprometidos (como o próprio nome

•• ' ;- .•• õ. "

assinala) que, diante de um "pequeno aumento de preços significativo e não transrtono ,

35 Esta. por sua vez. será maior quanto maior for a possibilidade de substituição do produto em questão. Por outro lado. para se descobrir quais são os potenciais produtos substitutos devemos incluir na análise as elasticidades cruzadas com relação a outros bens.

36 Definição utilizada pela Comunidade Européia. Ver DUTRA Pedro. Atos de concentração na União

(34)

27

podem entrar e sair rapidamente do mercado sem incidirem em custos irrecuperáveis, os

chamadostsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAsunk costs".

- entrants committed - são entrantes potenciais no sentido comum conhecido na literatura de organização industrial. São aqueles que têm que instalar uma nova planta de produção,

apresentando, na maioria das vezes, custos irrecuperáveis, sendo portanto "comprometidos

com a entrada".

Em termos práticos, fica claro que a substitutibilidade da oferta em um espaço de tempo

razoável só poderá ocorrer através das firmas uncommitted. 38 Estas devem ser computadas

(conjuntamente com a capacidade ociosa das firmas que já atuam no mercado), no mercado

relevante, sendo assim chamadas de "ofertantes potenciais". Desnecessário dizer que caso não

consideremos a existência destas empresas, possivelmente estaremos subestimando o potencial

competitivo e inibidor de práticas colusivas do mercado em questão.

Por outro lado, as firmas committed devem ser apenas consideradas como entrantes

potenciais. " Como veremos na seção l.3.2, a análise do potencial das firmas entrantes deve

levar em consideração a existência de ''barreiras à entradas"."

Finalizando, portanto, a definição do mercado relevante em termos geográficos e de produtos

está associada à delimitação de uma área onde, dado o nível de demanda, aumentos

substanciais de preços ou redução considerável na produção não possam ser compensados, de

maneira substancialmente rápida, por aumento da oferta destes bens e/ou de seus substitutos

próximos advindos de outras fontes.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

r Como descrito por ORDOVER (1990). extraído de ARAÚJO JR., José T. Contestabilidade e integração econôm ica no hem isfério ocidental. Re"ista de Economia Política, São Paulo. Livraria Nobel. vo1. 16, nQ'-lo (64): 36 - -lo9,out./dez., 1996: "Sunk Costs são aquela parte do investimento inicial que seria perdida se o investidor tivesse que sair do mercado antes do investimento ser inteiramente depreciado".

38 O aumento imediato da oferta destas firmas geralmente advém de reaproveitamento de ativos.

redirecionamento da capacidade produtiva existente ou aquisição de ativos de fácil acesso a custo reduzido.

39Esta diferenciação entreentrantes potenciais e ofertantes potenciais está descrita em POSSAS, Mário L. Os'

(35)

Entretanto, mesmo supondo que tal definição seja correta, existe o risco de se incorrer em erro

na sua aplicação ou seja: podemos delimitar o mercado de uma forma muito restritiva ou,

simetricamente, de forma a abranger produtos e regiões não relevantes. Estas falhas podem

acontecer devido às freqüentes dificuldades operacionais em determinar corretamente produtos

e seus respectivos graus de substituição, tanto no consumo, quanto na produção. 41 Mais

especificamente, a grande dificuldade em se obter dados desagregados confiáveis dificulta, em

muitos casos, a obtenção do "menor mercado possível" sugerido pelas Guidelines.

Por outro lado, como observa Possas( ), "a definição proposta pelas Merger Guidelines do

Departamento de Justiça dos E.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAu.A., além de ser mais difundida e utilizada, fruto de muitos

anos de aplicação prática e aperfeiçoamento, é conceitualmente bastante precisa, dentro dos

limites operacionalmente viáveis que se propõe aplicar."

1.3.2 - Participação de merca~o e poder de mercado

Tendo isolado o mercado relevante e identificado as empresas que deste participam, em

seguida deve-se apurar se o ato de concentração das empresas envolvidas pode gerar efeitos

nocivos à concorrência. A possibilidade de ocorrerem atitudes anti competitivas depende

basicamente da existência de uma suposta posição dominante. Para efeito de análise, a agência

reguladora pode estabelecer como posição dominante uma participação relativa do mercado,

acima do qual a fusão deva ser avaliada.

Entretanto, esse percentual é apenas um valor arbitrário que determinará quais atos serão

analisados pelo órgão de defesa da concorrência em virtude de haver uma expectativa de que

4QEste termo foi introduzido e desenvolvido inicialmente por BAIN, J.tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBABarriers ... 41 Fatores como a diferenciação de produtos e a possibilidade de haver discriminação de preços também devem

(36)

29zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

esta possa vir a ser afetada. No caso em que esse percentual não seja atingido, não haverá

motivo para preocupação.

Podemos dizer que a concentração de mercado ou concentração econômica

é

dada em função

do número de empresas e de suas respectivas participações em determinado mercado

relevante. A partir disso, é possível construir indicadores que mostrem, com maior

confiabilidade, possíveis impactos de alterações na estrutura de mercado. Neste sentido, foram

criados alguns índices de concentração dentre os quais se destaca o HHI

(Herfindahl-Hirschman Index) que tem tido maior apelo entre economistas e orgãos governamentais. Isso

ocorre por duas razões como comentam Viscusi, Vernon e Harrington'"tsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"The HHI has the advantage of incorporating more information about lhe size distribution of sel/er than lhe simples concentration ratio does '.'.. e

"One of lhe attractives features of the HHI is that it hascbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAfo u n d a tio n s in oligopoly theory". 43

o

calculo do HHI é realizado somando-se os quadrados das participações individuais (em

termos percentuais) de todas as empresas pertencentes ao mercado relevante. O Hlfl pode

variar de algo próximo a zero, caso o mercado seja extremamente pulverizado, até 10.000 se

houver monopólio.

o

espectro de concentração de mercado pode ser dividido em três regiões:

- no primeiro caso, quando o Hlfl for inferior a 1.000, teremos um mercado não concentrado;

- quando ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

mn

estiver entre 1.000 e 1.800 o mercado será moderadamente concentrado; e

r

- caso o HHI seja superior à 1.800 estaremos diante de um mercado altamente concentrado .. '

\

r)

4"

VISCUSl. W. K.: VERNON. John M. and HARRINGTON. Joseph E.Economic ofregulation and antitrust,

Cambridge, Massachusetts, The MIT Press. 1995. 2ª ed, p. 150-15l. .

(37)

. As regiões para avaliação de fusões e aquisições podem ser resumidas a partir do quadro a

seguir:

Variações em pontos

HHI

Até 50 pontos Entre 50 e 100 Superior a 100

pontos pontos

acima de 1.800 Não preocupante Preocupante Preocupante

(alta concentração)

de 1.000 até 1.800 Não preocupante Não preocupante Preocupante

(média concentração)

até 1.000 Não preocupante Não preocupante Não preocupante

(baixa concentração)

após a

Concentração

Fonte: Viscusi, Vernon e Harrington (1995, p.214)

1) Caso o mercado, depois de realizado o ato de concentração, apresente o Hl-Il inferior a

1.000 não deve haver, a princípio, nenhuma preocupação quanto ao nível de concorrência.

2) Quando o mercado apresentar um Hlfl entre 1.000 e 1.800, depois de realizado o ato de

concentração, existem dois casos possíveis: se a concentração provocar uma variação do Hlll

inferior a 100, não haveria motivo para preocupação; se esta variação for igual ou superior a

100, deve-se fazer uma investigação de outros aspectos.

3) Por último, se após o ato de concentração o valor do Hlll for superior a 1.800, teremos

(38)

31

em um mercado altamente concentrado, provavelmente não haverá conseqüências adversas

sobre a concorrência; se esta variação for superior a 50 deverá haver maior preocupação

quanto à possibilidade de atitudes anticompetitivas.

Como visto anteriormente, o uso de índices como forma de avaliar o grau de concentração dos

mercados tem sido amplamente difundido. Entretanto, cabe relatar que tal critério deve ter

apenas valor indicativo mesmo porque a avaliação sobre a posição dominante de uma empresa

não pode ser feita apenas com base na sua participação relativa no mercado. Em outras

palavras, a concentração industrial é uma condição necessária para a acumulação de poder de

mercado e, portanto, para a possibilidade de seu exercício de forma anticompetitiva mas, de

forma alguma, pode ser considerada como condição suficiente.

Contudo, não devemos prescindir da utilização dos índices de concentração pois estariamos

correndo o risco de inserir um certo grau de subjetividade à análise e, conseqüentemente,

comprometendo a qualidade do julgamento. Complementarmente, como veremos a seguir,

outros critérios devem ser considerados para se determinar o poder de mercado de uma

empresa.

1.3.3 - Demais determinantes dotsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAmarket-power de uma empresa

Nesta seção serão discutidos outros fatores que, em menor ou maior proporção, podem influir

no poder de mercado de uma empresa.

I - Dinâmica da cadeia produtiva

Podemos encontrar referência ao poder de mercado de compradores nas guidelines

americanas. No caso de haver um único comprador ou um grupo coordenado de compradores

(39)

preços abaixo do preço competitivo o que irá implicar na redução da produção das empresas.

Portanto, há que se verificar se a união das empresas requerentes não irá criar ou reforçar tal

poder.

No caso de existir um grupo comprador com o poder descrito acima, dificilmente a criação de

uma nova firma, resultante da fusão de duas ou mais empresas fornecedoras deste setor,

propiciará poder de mercado suficiente para que estas consigam impor seus preços. Entretanto,

em determinados casos, admitida a concentração entre fornecedores, poderá haver um

equilíbrio de forças que possibilite a existência de um mercado mais competitivo. Portanto, o

poder econômico de uma empresa também deve ser relativizado pela relação comercial

existente entre esta e seus clientes e fornecedores.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

II-Regime de comércio

A possibilidade de aquisição do produto via importação, mesmo que esta ainda não esteja

efetivamente ocorrendo, deve ser vista como mais um dos fatores determinantes do poder de

mercado. Neste caso, existem três aspectos a serem considerados:

a) características do produto - caso o produto tenha certas especificidades que dificultem ou

inviabilizem o seu transporte, o produto estrangeiro não será um competidor potencial no

mercado nacional. Neste grupo podemos enquadrar os chamados produtostsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAnon-tradables tais

. . ~~

como, CImento e outros ;

b) grau de abertura do mercado - quanto mais aberta for a economia, mais dificil será para o

produtor nacional impor preços não competitivos. Por outro lado, economias que adotam

medidas de restrição ao comércio internacional como, por exemplo, cotas de importação, estão

mais suscetíveis a atitudes anti competitivas no mercado interno; e

(40)

33

c) alíquotas de importação -. quanto

maiores

forem as alíquotas,

maior

será o custo dos

importados e, portanto, menor a exposição da economia à competição internacional.

In -

Barreiras

à

Entrada

.1

A literatura antitruste já incorporou a idéia de que as condições de entrada nos mercados estão

fortemente relacionadas a possíveis efeitos anticompetitivos existentes, principalmente, em

mercados concentrados. Neste sentido, é fundamental avaliar a extensão e a rapidez com que o

mercado seria capaz de inibir os efeitos colusivos possivelmente advindos de" atos de

concentração. Isto conduziria, inevitavelmente, a uma análise cuidadosa das condições de

entrada, uma vez que a entrada de novas firmas seria a resposta natural

à

existência de lucros

extraordinários. De acordo com atsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAFederal Trade Commission há três critérios a serem observados":

- oportunismo da entrada - a entrada de novas firmas tem que ocorrer em tempo hábil; o

período que se estende do planejamento da nova unidade de produção até a efetiva produção e

seu impacto sobre os preços praticados pelas empresas envolvidas no ato da concentração, não

deve ultrapassar dois anos;

- probabilidade da entrada - a entrada de uma empresa tem que ser provável e não apenas uma

simples potencialidade ou possibilidade. Essa entrada só será provável se for lucrativa com os

preços vigentes antes da fusão, e se tais preços puderem ser mantidos pela firma entrante; e

- suficiência da entrada - a entrada tem que provocar um impacto suficiente sobre o mercado

para compensar os efeitos anti competitivos da concentração das empresas, fazendo com que

os preços retomem aos seus niveis originais.

Imagem

Gráfico I - Perda de bem estar social associada ao poder de monopólio zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Gráfico V - cbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA T r a d e - o ff Eficiência x Concorrência

Referências

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