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Democratização do acesso ao ensino superior: os cursos de graduação à distância na UFRN

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Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Departamento de Ciências Administrativas – DEPAD Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA

Narcísia Leopoldina Cavalcanti Lordsleem

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: os cursos de graduação à distância na UFRN

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Narcísia Leopoldina Cavalcanti Lordsleem

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: os cursos de graduação à distância na UFRN

Dissertação de mestrado submetido à banca avaliadora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obter o título de Mestre em Administração, na área de gestão e políticas públicas.

Orientador: Hironobu Sano.

Coorientadora: Dinah dos Santos Tinôco.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Lordsleem, Narcísia Leopoldina Cavalcanti.

Democratização do acesso ao ensino superior: os cursos de graduação à distância na UFRN / Narcísia Leopoldina Cavalcanti Lordsleem. - Natal, RN, 2011.

197 f.

Orientadora: Prof. Dr. Hironobu Sano.

Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas. Programa de Pós-graduação em Administração.

1. Educação - Dissertação. 2. Ensino a distância - Dissertação. 3. Democratização da educação - Dissertação. 4. Políticas públicas – Dissertação. I. Sano, Hironobu. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

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DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: os cursos de graduação à distância na UFRN

__________________________________________________________ Narcísia Leopoldina Cavalcanti Lordsleem

(Autora)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no dia 12 de Setembro de 2011, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

__________________________________________________________ Prof. Doutor Hironobu Sano

(Professor Orientador – UFRN)

__________________________________________________________ Profª. Doutora Dinah dos Santos Tinôco

(Professora Co-Orientadora – UFRN)

__________________________________________________________ Profª. Doutora Apuena Vieira Gomes

(Membro Examinador – UFRN)

__________________________________________________________ Prof. Doutor Henrique Guilherme Carlos Heidtmann Neto

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AGRADECIMENTOS

A Ti, Deus, meu profundo agradecimento, que como um Pai, colocaste as pessoas certas em meu caminho, e é a elas que agradeço de maneira sincera.

Ao meu orientador, professor Hiro, pelos ensinamentos, pela acolhida no momento em que meu trabalho caminhava cada vez mais para uma metodologia Qualitativa, pela sua orientação e pela confiança em mim depositada.

À professora Dinah pela dedicação, pelas discussões teóricas e práticas sobre o tema, pelos ensinamentos, pela confiança, por seus conselhos, por sua compreensão e pela liberdade e carinho de co-orientadora mãe.

Faço um agradecimento especial ao professor Hiro e à professora Dinah, pelo exemplo de vida acadêmica e pelo domínio do saber. Foi uma honra tê-los como orientadores!

A eles, meus sinceros agradecimentos por tudo!

Ao professor Luciano pelos ensinamentos no início deste trabalho. E a todos os professores do PPGA.

Ao CNPq, pela contribuição financeira, fundamental à conclusão desta dissertação. A turma 31 do Mestrado e à turma 03 do Doutorado, pela esplêndida experiência ao longo dessa jornada acadêmica.

Aos profissionais da SEDIS por terem contribuído com a coleta dos dados e em especial, a professora Apuena, pela atenção e profissionalismo com que sempre me recebeu. Agradeço também a disponibilidade de todos os entrevistados em contribuir com a construção deste trabalho.

A equipe da Secretaria Beth, exemplo de profissional do PPGA; a Tiago por sua solidariedade comigo, companhia de tantos almoços na UFRN e a Deusa por sua alegria de sempre me recepcionar no PPGA.

Às minhas amigas-irmãs, Alba e Bruninha, tão importantes nesse período de mestrado. Sempre amigas, conselheiras e companheiras acadêmicas. Alba, um exemplo de superação e Bruninha, descobrindo o mundo.

Aos meus grandes amigos, doutorandos, Gil e Richard. Gil com seu legítimo jeito mineiro de ser, mas sempre muito presente em minha vida. E Richard, além de solidário, nos fazendo rir até nos momentos mais difíceis.

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A mainha, por delegar a mim sua maior herança: a busca incessante pelo saber. Agradeço pelo incentivo, pela ajuda financeira e principalmente, por sua garra. Sem ela, esse objetivo não seria concretizado. Exemplo de mulher e de professora!

Ao meu mano, por ter cuidado da minha mãe nos momentos em que não pude estar presente.

Ao Sr. Nazareno, taxista, que tanto me conduziu à residência da professora Dinah, à UFRN, à rodoviária e ao aeroporto.

Aos meninos da Xerox, Judson e Baixinho, pela presteza com as cópias das leituras sempre urgentes.

A todos os meus familiares, em especial à Didi, pela torcida incondicional. Obrigada pelo apoio, incentivo sincero e carinho de todos!

A todos os meus amigos de Alagoas, em especial, Ângela, Caty, Paula e Adriana

pelo apoio e por compreenderem as minhas ausências.

Aos meus professores da graduação, Andersom Dantas e Cláudia Milito por serem os meus grandes incentivadores para seguir carreira acadêmica.

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RESUMO

Esta dissertação busca contextualizar o debate teórico entre a fase de Implementação da Política Pública de Educação do Governo Federal voltada a EaD e as fundamentações legais para a sua execução, com vistas a levantar indagações e reflexões sobre o tema em questão. Sua importância volta-se a prestar contribuição científica, podendo oferecer à academia, em especial à UFRN, e à sociedade elementos para questionar e repensar a complexa relação existente entre as condições socioeconômicas, geográficas e o acesso à educação superior. Consiste em um estudo descritivo sobre o processo de institucionalização da EaD na UFRN como mecanismo de ampliação do acesso ao ensino superior. Para tanto, a pesquisa busca compreender se os cursos de graduação à distância, oferecidos pelo Sistema UAB e implementados na UFRN, promovem a ampliação do acesso ao ensino superior, já que é durante a implementação que as regras, rotinas e processos sociais são convertidos de intenções para ações. A discussão deste estudo perdurou entre as visões antagônicas dos modelos de Implementação: Top-down e Botton-up. Vale salientar que os documentos PNE,

PDE e os programas REUNI e UAB refletem positivamente na melhoria no nível de escolaridade da população do País. Trata-se de uma pesquisa Qualitativa, utilizando-se dos meios Bibliográfico, Documental e Estudo de Campo, onde foram realizadas 04 (quatro) entrevistas em 2010 com o quadro de gestão da SEDIS/UAB na UFRN. Os dados foram analisados e tratados por meio das técnicas: Análise Documental e Análise de Conteúdo. Os resultados apresentam que o processo de implementação da EaD na UFRN encontra-se em andamento. De acordo com os resultados apresentados, o objetivo da pesquisa é alcançado, porém observou-se a necessidade de repensar as condições de infraestrutura dos pólos; a estrutura do calendário acadêmico; a gestão da SEDIS na UFRN, no que concerne a ampliação das vagas já existentes e a oferta de novos cursos mediante a necessidade de um replanejamento quanto a capacidade da Secretaria de comportar as ofertas de cursos de graduação disponibilizadas pelo Governo Federal para serem implementados na Instituição. Verificou-se também que os níveis de evasão ainda apresentam-se como um desafio para o modelo de ensino. Diante do contexto apresentado, concluí-se que a maior contribuição da UAB e consequentemente, da UFRN, via EaD, para os cursos de graduação (Licenciaturas em Matemática, Física, Química, Geografia e Ciências Biológicas, além dos bacharelados em Administração e Administração Pública) está relacionada à ampliação do número de vagas e a acessibilidade de uma parcela da população que anteriormente era privada do acesso ao ensino superior.

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ABSTRACT

This thesis pursuits to contextualize the theoretical debate between the implementation of public education policy of the Federal Government focused in a distance learning and legal foundations for its enforcement, in order to raise questions and comments on the topic in question. Its importance is back to provide scientific input and can offer to the academy, particularly in the UFRN, and elements of society to question and rethink the complex relationship between the socio-economic and geographic access to higher education. It consists of a descriptive study on the institutionalization of distance education in UFRN as a mechanism for expanding access to higher education, for both, the research seeks to understand if the distance undergraduate courses offered by the UAB system and implemented at UFRN, promote expanding access to higher education, as it is during implementation that the rules, routines and social processes are converted from intentions to action. The discussion of this study lasted between two opposing views of Implementation models: Top-down and Bottom-up. It is worth noting that the documents PNE, PDE and programs and UAB MEETING reflect positively in improving the educational level of the population of the country It is a qualitative study, using the means Bibliographic, Document and Field Study, where they were performed 04 (four) in 2010 interviews with the management framework SEDIS / UAB in UFRN. The data were analyzed and addressed through techniques: Document Analysis and Content Analysis. The results show that the process of implementation of distance education at UFRN is in progress. According to our results, the research objective is achieved, but there was a need to rethink the conditions of the infrastructure of poles, the structure of the academic calendar, the management of the SEDIS UFRN, regarding the expansion of existing vacancies and the supply of new courses by the need for a redesign as the Secretariat's ability to hold the offerings of undergraduate courses offered by the Federal Government to be implemented in the institution. It was also found that levels of evasion still presents a challenge to the teaching model. Given the context, we concluded that the greatest contribution of UAB and consequently UFRN by distance learning for undergraduate courses (Bachelor in Mathematics, Physics, Chemistry, Geography and Biological Sciences, beyond the bachelor's degrees in Business and Public Administration ) is related to increasing the number of vacancies and accessibility of a population that was previously deprived of access to university

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Características da EaD ... 49

Figura 02: UAB: Pilares da EaD ... 55

Figura 03: Expansão das Universidades Públicas Federais, ... 68

Figura 04: Relações entre o processo de formulação e implementação das políticas públicas e suas análises ... 85

Figura 05: Momentos da avaliação de uma política pública ... 87

Figura 06: Ciclo da política pública ... 88

Figura 07: O modelo Top-down de execução de uma política pública ... 91

Figura 08: Cargos ocupados pelos atores da pesquisa - via entrevista ... 124

Figura 09: Sistema Universidade Aberta do Brasil – Nordeste – Rio Grande do Norte ... 124

Figura 10: Calendário Acadêmico UFRN – Educação Presencial ... 156

Figura 11: Calendário Acadêmico UFRN – Educação a Distância ... 167

Quadro 01: Evolução do número de vagas ofertadas na graduação presencial – 2002 a 2008 . ... 27

Quadro 02: Evolução do número de vagas ociosas na graduação presencial – 2002 a 2008 27 Quadro 03: Conceitos de Educação a Distância ... 35

Quadro 04: Cronologia da EaD no Brasil ... 39

Quadro 05: Setores de um Centro de EaD e suas funções ... 51

Quadro 06: Dinâmica legal da Educação Superior no Brasil (1988; 2001; 2007; 2010) ... 52

Quadro 07: PDE: Diagnóstico das diretrizes, objetivos e metas do PNE ... 57

Quadro 08: Dados das Escolas/Redes no Brasil ... 59

Quadro 09: Diretrizes estratégicas da UAB ... 61

Quadro 10: Mobiliário e equipamentos mínimos de um Pólo UAB ... 62

Quadro 11: Recursos humanos mínimos de um Pólo UAB ... 63

Quadro 12: Eixos fundamentais da UAB ... 64

Quadro 13: Expansão das Universidades Federais ... 69

Quadro 14: Evolução da Legislação da EaD para o Ensino Superior no Brasil ... 71

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Quadro 16: Momentos uma política pública ... 87

Quadro 17: Pensamento Linear no Modelo Top-down ... 91

Quadro 18: Pesquisa Descritiva: principais características e métodos ... 98

Quadro 19: Conceitos de Análise de Conteúdo e Análise Documental ... 102

Quadro 20: Principais diferenças entre Análise de Conteúdo e Análise Documental ... 103

Quadro 21: Principais fontes utilizadas para Análise Documental dos dados ... 104

Quadro 22: Democratização da Educação Superior ... 107

Quadro 23: Categorias de análise para os cursos de graduação à distância na UFRN ... 108

Quadro 24: Relação entre os objetivos específicos e o procedimento utilizado técnicas de análise dos dados ... 110

Quadro 25: Cursos de graduação no estado do Rio Grande do Norte ... 123

Quadro 26: Cursos de graduação no estado da Paraíba ... 125

Quadro 27: Cursos de graduação no estado do Pernambuco ... 125

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Evolução do número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na Educação a Distância – Brasil - 2002-2008 ... 78

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LISTA DE SIGLAS

ABE ... Associação Brasileira de Educação AL ... Alagoas ANDIFES ... ... Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior AVA ... Ambiente Virtual de Aprendizagem BA ... Bahia BBC ... British Broadcasting Corporation

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

1.1 Contextualização, problemas e hipóteses ... 19

1.2 Justificativa ... 25

1.3 Objetivos ... 32

1.3.1 Objetivo geral ... 32

13.2 Objetivos específicos ... 32

1.4 Estrutura do trabalho ... 33

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ... 34

2.1 Conceitos de educação a distância ... 34

2.2 Os Principais Marcos da Educação a Distância no Mundo ... 36

2.3 Cronologia da Educação a Distância no Brasil ... 39

2.4 Características da Educação a Distância ... 49

2.5 A Estrutura e Organização dos Cursos em Educação a Distância ... 50

2.6 A Normatização da EaD no Brasil ... 51

2.61 PNE ... 56

2.6.2 PDE ... 58

2.6.3 UAB ... 60

2.6.4 REUNI ... 68

2.7 O Ensino Superior Brasileiro na Modalidade a Distância e a sua Institucionalização ... 70

2.7.1 A Formação de Professores ... 80

3 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS, PROCESSOS, MODELOS DE IMPLEMENTAÇÃO ... 82

3.1 Conceituação de Fundamentos de Análise Política ... 82

3.2 Etapa de Implementação das Políticas Públicas ... 88

3.3.1 Modelos Analíticos de Implementação das Políticas Públicas ... 90

3.3.11 Modelo Top-down ... 93

3.3.1.2 Modelo Bottom-up ... 93

4 PROCEDIMENTOS MOTODOLÓGICOS ... 96

4.1 Tipo de Estudo ... 97

4.2 Abrangência da Pesquisa ... 100

4.3 Coleta de Dados ... 100

4.3.1 Técnicas de Coleta de Dados ... 101

4.4 Análise e Tratamento dos Dados ... 102

4.4.1 Definições Constitutivas e Operativas ... 106

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 111

5.1 A Universidade Federal do Rio Grande do Norte ... 111

5.2 A Ampliação do Ensino Superior na UFRN ... 113

5.2.1 A EaD na UFRN ... 113

5.2.2 Os Processo de Institucionalização da EaD na UFRN ... 129

5.2.3 A Migração da Gestão da EaD: MEC para CAPES ... 136

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5.2.5 Os Cursos de Graduação na UFRN ... 141

5.2.6 SEDIS e os Cursos de Graduação à distância na UFRN ... 146

5.3 Interiorização do Ensino Superior na UFRN ... 151

5.3.1 Os Pólos de Apoio Presencial SEDIS/UAB na UFRN ... 151

5.3.2 O Calendário Acadêmico da EaD e o Processo de Seleção para os Alunos do Ensino à Distância na UFRN ... 156

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS, LIMITAÇÕES E DIRECIONAMENTOS...162

REFERÊNCIAS ... 167

ANEXOS...186

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1. INTRODUÇÃO

Esta dissertação busca compreender a implementação da política pública de educação superior, na modalidade à distância, com foco na democratização do acesso, caracterizada pela ampliação das vagas e interiorização dos cursos de graduação por meio do Sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O lócus desse estudo é a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN) e a coordenação da educação a distância (EaD) na Instituição é a Secretaria de Educação a Distância (SEDIS1).

A partir da década de 1990 são evidenciadas as alterações propositivas no campo das políticas educacionais, especialmente para a educação superior. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9.394/96, de 20/12/1996, estabelece um conjunto de princípios que reorientam os níveis de ensino em sintonia com os parâmetros dos organismos internacionais, além de enfatizar a defesa de processos de descentralização e flexibilização. O governo federal adotou a diversificação e a diferenciação do sistema de ensino superior na política pública de educação com vistas a expandi-lo em função da demanda crescente por vagas no ensino público (BRASIL, 2010).

Nesse cenário, a União passa a assumir as funções de coordenação e articulação da educação nacional. Quanto à educação superior é fundamental frisar o papel delineado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001, no tocante as suas diretrizes e metas, assegurando padrão básico de qualidade às políticas de expansão da educação superior (BRASIL, 2010). Tal processo expansionista de vagas e de cursos efetivou-se preponderantemente na esfera pública e passou a se chamar Democratização do Acesso2 ao Ensino Superior. Voltando-se à ampliação e interiorização do ensino superior, assegurando “o

1SEDIS - oferece suporte a 07 (sete) cursos de graduação, sendo 05 (cinco) cursos de licenciatura (Matemática, Física, Química, Geografia e Ciências Biológicas) e 02 (dois) bacharelados (Administração e Administração Pública) ofertados para professores da rede pública e para a demanda social. Os cursos de Matemática, Física, Química foram oferecidos em 04 (quatro) estados (Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte). Já o curso de Ciências Biológicas faz parte das licenciaturas mais recentes nessa modalidade, oferecido pela UFRN. Outros cursos de graduação estão em processo de tramitação para serem ofertados pela Instituição a partir de 2011 (BRASIL, 2011).

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acesso e a permanência a todos os que seriamente procuram a educação superior” (RISTOFF, 2008, p. 45).

A aprovação do PNE enfatiza a implementação das metas para a educação superior pública no país, além de repensar seu papel, natureza e alcance. Entre seus desafios, destacam-se o resgate e a consolidação do papel das universidades públicas, sobretudo, quanto à solução de problemas sociais, formação de recursos humanos qualificados e geração de conhecimento que contribuam efetivamente para a promoção da inclusão social (BRASIL, 2001).

O alcance dos desafios implica também superar a desarticulação entre os níveis de ensino, aspecto previsto no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE):

(...) o PDE está ancorado em uma visão substantiva de educação que perpassa todos os níveis e modalidades educacionais e, de outro, em fundamentos e princípios historicamente saturados, voltados para a consecução dos objetivos republicanos presentes na Constituição, sobretudo no que concerne ao que designemos por visão sistêmica da educação e a sua relação com a ordenação territorial e o desenvolvimento econômico e social (BRASIL, 2007, p. 07).

De acordo com Brasil (2007) a desarticulação entre os níveis de ensino repercutiu na carência de professores com licenciaturas, estimulada pela insuficiência de oferta de vagas para essas áreas nas universidades públicas. A carência no quadro desmotiva os alunos do ensino médio de optarem por esses cursos no momento de fazerem suas escolhas profissionais. Diante dessa realidade, para o PDE (Brasil, 2007, p. 9) a “Visão sistêmica implica, reconhecer as conexões intrínsecas entre educação básica, educação superior, educação tecnológica e alfabetização, a partir dessas conexões, potencializar as políticas de educação de forma a que se reformem reciprocamente”.

Além disso, a melhoria da educação básica depende também da qualidade dos professores egressos das redes de ensino superior do país. Assim como, no processo inverso, o nível de aprimoramento do ensino superior está alinhado à capacidade intelectual dos egressos no ensino básico. Trata-se de um “ciclo de dependência mútua, evidente e positivo entre níveis educacionais” (BRASIL, 2007, p. 9).

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licenciaturas em que se formaram. Para respaldar esse projeto nacional, noventa instituições de educação superior (universidades: federais e estaduais e institutos federais) estão envolvidas, oferecendo cursos presenciais e à distância, pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) (BRASIL, 2011b).

Desde 2007, ano em que se iniciou a adesão ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, os estados e municípios passaram a elaborar seus próprios Planos de Ações Articuladas de forma a refletir suas necessidades e objetivos em termos de ações, demandas, prioridades e metodologias para atender a formação exigida na LDB para todos os professores atuantes na educação básica (BRASIL, 2010).

A necessidade de formação para os professores da rede pública de ensino em pleno exercício de suas funções tornou-se crucial diante da explosão da demanda por vagas a partir da LDB. Para atender a esse grande contingente de profissionais carentes de qualificação, o governo federal efetiva a EaD como uma das formas de atender à demanda nacional por meio do uso de tecnologias disponíveis na atualidade. Segundo Fonseca (1999, p. 73), “O uso de tecnologias da informação e comunicação para o atendimento é um aspecto crucial do debate sobre a formação de professores”.

Após essa breve apresentação, serão detalhados, na sequência, a Contextualização e o Problema de Pesquisa; as Hipóteses e a Justificativa, que inclui a relevância para o desdobramento deste estudo. Para concluir esta parte introdutória, serão mencionados os Objetivos Gerais e Específicos que conduziram a construção desta Dissertação.

1.1 Contextualização, Problema e Hipóteses

A Educação é fator determinante no direcionamento da vida do indivíduo que passa a ser visto pela sociedade de acordo com as competências adquiridas para o desenvolvimento de suas capacidades. É importante ter conhecimento dos fatores que contribuem para a plena realização individual, dentre eles: a sociedade e seu contexto, a família e suas influências e o próprio indivíduo; onde todos se entrelaçam e passam por um processo de ressignificação e/ou reafirmação da sua formação pessoal. “É necessário e urgente que a universidade e outros atores sociais contribuam para uma geração maior de consciência acerca do que significa, em toda sua complexidade, o desenvolvimento da educação” (NARVÁEZ, 2010, p.1).

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universidade e que atenda às exigências de promoção do desenvolvimento científico, social e econômico da sociedade.

A expansão da educação superior é necessária tanto para agregar maior número de alunos como para oferecer maior independência em relação as suas origens de classe social e contextos geográficos distintos. Aspectos esses que assumem cada vez mais o centro dos debates, focados na melhoria da sociedade, de forma a ampliar e interiorizar a participação de diversos atores no processo. Trata-se de democratizar as formas de acesso à graduação oferecendo oportunidades de permanência e melhoria no desempenho acadêmico para os alunos matriculados em cada instituição (BRASIL, 2010b).

O PDE (2007) insere inovações ao que se propõe o PNE (2001) na medida em que apresenta uma visão sistêmica da educação na qual os diferentes níveis educacionais devem ser contemplados de forma integrada, com retroalimentação. O PDE (2007) objetiva melhorar o nível de educação dos professores do ensino básico por meio da educação inicial e continuada, aperfeiçoar o ensino básico para receber egressos melhor preparados, em termos qualitativos, para o ensino superior por meio de uma proposta sistêmica (BRASIL, 2007).

O PDE sustenta-se em seis pilares: i) visão sistêmica da educação; ii) territorialidade, iii) desenvolvimento, iv) regime de colaboração, v) responsabilização e vi) mobilização social” (BRASIL, 2007, p. 10) e é composto por mais de 40 (quarenta) programas para o ensino superior. De acordo com Brasil (2007), seus principais programas são:

i) expansão da oferta de vagas, dado ser inaceitável que somente 11% de jovens, entre 18 e 24 anos, tenham acesso a esse nível educacional, ii) garantia de qualidade, pois não basta ampliar, é preciso fazê-lo com qualidade, iii) promoção de inclusão social pela educação minorando nosso histórico de desperdício de talentos, considerando que dispomos comprovadamente de significativo contingente de jovens competentes e criativos que têm sido sistematicamente excluídos por um filtro de natureza econômica, ordenação territorial, permitindo que ensino de qualidade seja acessível às regiões mais remotas do País, e v) desenvolvimento econômico e social, fazendo da educação superior, seja como peça imprescindível na produção científico-tecnológica, elemento-chave da integração e da formação da Nação (BRASIL, 2007, p. 25).

A expansão da oferta de vagas e a promoção da inclusão social por meio da educação e do desenvolvimento socioeconômico de uma região podem ser alavancados com a adoção da EaD nas regiões onde a educação superior presencial é carente, seja por questões geográficas, econômicas ou sociais. A EaD almeja democratização do acesso à educação e busca minimizar essas desigualdades territoriais entre cidades, estados e regiões.

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metodologias adotadas pelas instituições educacionais, permitindo novas formas de interação com os conteúdos informativos. Vianna (2009) acrescenta que utilizar-se das possibilidades do mundo virtual pode significar a diminuição das desigualdades de oportunidades educacionais e de flexibilização do acesso.

Sabe-se que no Brasil existem mais de 800 (oitocentos) mil brasileiros matriculados no ensino superior, via EaD, porém, esses dados ainda são muito tímidos, já que “Cerca de 25 milhões de brasileiros com mais de 16 anos têm acesso à Internet, mas devemos pensar que somos uma população superior a 180 milhões de habitantes” (MATTA, 2009, p. 29).

De acordo com o panorama do Censo Educacional 2008, o país apresenta 2.252 (duas mil, duzentos e cinquenta e duas) Instituições de Ensino Superior (IES). Fazendo uma comparação com o Censo anterior (2007), o número de instituições diminuiu em 29 (vinte e nove), fato este que pode ser explicado pela fusão ou incorporação de instituições, sobretudo as faculdades federais, como foi o caso da criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia a partir da fusão de Centros Federais de Educação e Tecnologia. No Nordeste (NE) foram criadas 10 (dez) novas IES. Vale salientar que a diminuição do número de instituições não refletiu negativamente no número de vagas ofertadas aos ingressos, nem tampouco dos matriculados ou concluintes dos cursos superiores (BRASIL, 2009).

As universidades públicas federais apresentam um número restrito de alunos oriundos de instituições públicas de ensino médio, se comparados com os números dos alunos provenientes das instituições privadas de ensino médio. De acordo com o Censo da Educação Superior (2006), os alunos oriundos das escolas privadas absorveram 71,4% do total de vagas das universidades federais no ano de 2005. Outra característica é que essas vagas são ocupadas por estudantes com maior padrão socioeconômico dentro do contexto brasileiro (BRASIL, 2009).

Os dados do Censo de Educação Superior de 2008 atualizaram esses números e mostram que em 2008, o total de ingressos foi de 1.505.819 (um milhão, quinhentos e cinco mil, oitocentos e dezenove) novos alunos matriculados no ensino superior, sendo 307.313 (trezentos e sete mil trezentos e treze) provenientes do ensino público e 1.198.506 (um milhão, cento e noventa e oito mil, quinhentos e seis) oriundos do ensino privado (BRASIL, 2009).

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para o ensino superior público (BRASIL, 2009), por comportar cada vez mais alunos provenientes de instituições particulares.

Segundo o PDE, a ampliação do acesso ao ensino superior deve ser vista como uma expansão do número de vagas com qualidade e com características de inclusão para toda a sociedade brasileira. Contudo, vale ressaltar que o ingresso dos alunos nas universidades públicas é fortemente condicionado às questões socioeconômicas dos candidatos e das suas famílias (Brasil, 2007).

Já o processo de interiorização do ensino superior público volta-se às desigualdades territoriais (ou regionais) e provoca um maior desenvolvimento regional na área que absorve a instituição de ensino e, com isso, pode subsidiar não só a produção de conhecimento e a formação de indivíduos aptos, como também se transforma em um dos fatores determinantes para o desenvolvimento local (BRASIL, 2007).

Outro fator que merece destaque na EaD é a tecnologia, que tem papel relevante nas transformações das atividades humanas. O século XX é um marco quanto ao crescimento acelerado das tecnologias digitais e seu impacto é sentido na política pública quando identidades políticas tradicionais perdem solidez e as fronteiras sociais e os espaços que os cidadãos ocupam são ampliados e tendem a minimizar as fronteiras (CASTRO, 2004).

Com o advento das tecnologias de informação e comunicação, o desenvolvimento de cursos a distância com suporte em ambientes digitais de aprendizagem acessados via internet

incrementam a evolução de competências de leitura e escrita para enfrentar situações do cotidiano e consequentemente, a inclusão digital (BELONI, 2003). Nas últimas décadas, a EaD favoreceu a disseminação e a democratização do acesso à educação em diferentes níveis, permitindo atender aos alunos de forma massiva (MOORE e KEARSLEY, 2007; BELLONI, 2003) .

Com a disseminação da internet na EaD, alunos e professores podem estar em locais e

horários distintos, utilizando a tecnologia como meio de interação único ou principal. Nesse contexto, o acesso passa a acontecer em qualquer lugar e hora, assumindo papel estratégico no sistema educacional para atender às necessidades do mundo globalizado, onde tempo-espaço já não são barreiras à interação social, é o que se pode chamar de deslocamento sem sair do lugar (BELLONI, 2003).

Nesse contexto educacional, surge a necessidade de definição de políticas públicas com diretrizes focadas na aplicação de ações voltadas à EaD tendo como pano de fundo as interações socioeconômicas. Para Baker (2004) e Schwartzman (2006) apud Pereira (2008) a

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desigualdades educacionais e as desigualdades de renda, oportunidades e condições de vida. Isso se deve ao fato de que “a ciência da educação sofreu nas últimas décadas uma significativa evolução, pressionada pelas rápidas mudanças em curso no mundo contemporâneo” (PEREIRA, 2008, p. 2).

A Universidade Aberta do Brasil (UAB) é um projeto constituído pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com estados, municípios e universidades públicas de ensino superior para ofertar cursos de graduação, pós-graduação e extensão universitária. O seu objetivo é a ampliação do número de vagas da educação superior para a sociedade e a promoção da formação inicial e continuada para os profissionais do magistério e para os profissionais da administração pública. O Governo Federal apoia financeiramente e oferece condições estruturais para a sua implementação (BRASIL, 2010c).

O Sistema UAB é uma proposta do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 5.800, de 08 de julho de 2006, busca “o desenvolvimento da modalidade de educação a distância com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país” (BRASIL, 2010d).

Para a SEDIS/UFRN, a utilização da metodologia de educação a distância representa a possibilidade de acesso à educação por parte das pessoas que não conseguem se deslocar à universidade, fator visto como o de maior relevância, além de ser o maior papel social da EaD (BRASIL, 2010e).

A SEDIS participa ativamente desse processo de ampliação do ensino superior por meio da EaD desde o ano de 2005, período em que iniciam seus trabalhos com 03 (três) cursos em 10 (dez) Pólos de Apoio Presencial3. No ano de 2006, a UFRN contava com 04 (quatro) cursos de graduação, via EaD, sendo 03 (três) de licenciatura (Química, Matemática, Física) e 01 (um) bacharelado em Administração (BRASIL, 2010f).

No ano de 2009, com a chegada do Programa Nacional de Formação de Administradores Públicos (PNAP), é criado o curso de graduação, bacharelado em Administração Pública e em 2010, são adicionados mais 02 (dois) cursos: os de licenciatura em Geografia e em Ciências Biológicas, além de 01 (uma) pós-graduação lato sensu: 01 (um) em Gestão Pública Municipal (BRASIL, 2010f). Em 2011 passaram a fazer parte do portifólio

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da SEDIS, as especializações em Gestão Pública e Mídias em Educação e o primeiro mestrado, em Matemática (BRASIL, 2011). O critério de seleção das instituições de ensino público federal para atuar nesses consórcios com o Governo Federal exigia que a instituição de ensino tivesse algum tipo de experiência em EaD.

A SEDIS é a responsável por promover a adequação requerida quanto aos recursos humanos com experiência em EaD e a infraestrutura necessária. Atualmente, os cursos são coordenados pela SEDIS/UAB e envolvem instituições públicas federais e estaduais de vários estados da federação (BRASIL, 2011). De acordo com a Política de Acesso à UFRN, o processo de seleção dos ingressantes como alunos dos cursos superiores acontece por meio do mérito, via vestibular, com o objetivo selecionar os mais aptos candidatos para as vagas disponíveis, já que a oferta é desproporcional à demanda (NETO, RAMALHO, 2004).

Face à contextualização apresentada, a pesquisa se propõe a identificar aspectos que influenciam no processo de implementação dos cursos de graduação, modalidade à distância, na UFRN estão alinhadas com as propostas da UAB. Desta forma, a pesquisa busca responder à seguinte questão: Os cursos de graduação à distância, oferecidos pelo Sistema UAB e implementados pela UFRN, promovem a ampliação do acesso ao ensino superior?

A necessidade de formação de professores da rede pública de ensino e a formação de gestores para atuarem em pleno exercício de suas funções são iminentes diante da explosão da demanda por vagas a partir da LDB. Para atender a esse grande contingente de profissionais que precisam de qualificação, o governo federal efetiva a EaD como uma das formas de atingir as metas de demanda nacional propostas por meio do uso de tecnologias disponíveis na atualidade. Essa formação está submetida a uma forte intervenção do Banco Mundial (BRASIL, 2011c).

A política do governo federal assina a necessidade de uma revisão nas formas de acesso ao ensino superior brasileiro. A definição dos problemas a serem resolvidos pelas políticas públicas é um dos aspectos cruciais e um dos menos estudados do processo de atuação da Administração Pública. A análise do cenário acontece, uma vez escolhido o problema e assumidas condições para resolvê-lo pelos poderes públicos. Cabe entender os quesitos válidos e necessários para planejar as diferentes alternativas de ação e suas possíveis consequências, assim como recomendar aquela que possa resultar mais apropriada. Dessa forma, seguem as hipóteses norteiam este estudo:

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Hipótese 2 (H2): A adoção da EaD contribui para ampliar a oferta de vagas no ensino superior, e consequentemente, reduzir o déficit de professores no ensino médio.

Trata-se da análise da ampliação do acesso ao ensino superior no contexto da UFRN, aliada ao desafio da interiorização do ensino, na modalidade à distância, de práxis e de

aceitação não tão unânime na Universidade. A democratização do ensino de graduação público é o foco deste estudo, voltado à implementação da política pública educacional do Governo Federal.

1.2 Justificativa

Os principais motivos que justificam o desenvolvimento desta pesquisa são:

1. O PDE estabeleceu como meta para a educação básica que até 2022 o Brasil deve atingir a média 6,0 na nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica4 (IDEB), valor este que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável ao dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em termos numéricos, significa evoluir a média nacional 3,8, registrada em 2005, para um IDEB igual a 6,0, na primeira fase do ensino fundamental (BRASIL, 2011d). Para tanto, são necessários investimentos no quadro de professores, capacitando-o em suas áreas específicas.

Nesse sentido, o MEC lançou, em 2009, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica com a intenção de formar, num prazo de cinco anos, 330 (trinta e três) mil profissionais que atuam na educação básica e que ainda não são graduados. Trata-se, do acordo com os dados do Educacenso 2007, de uma parcela dos cerca de 600 (seiscentos) mil professores em exercício na educação básica pública que não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas as quais estão aptos a lecionar.

Esse Plano do Governo Federal se insere na Política Nacional de Formação de Professores, instituída pelo Decreto nº 6.755/2009, que prevê um regime de colaboração entre

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união, estados e municípios, para a elaboração de um plano estratégico de formação inicial e continuada dos professores que atuam nas escolas públicas; ação essa, que faz parte do PDE (BRASIL, 2011e). De acordo com as palavras do ministro de Educação, Fernando Haddad,

O objetivo do sistema é dar a todos os professores em exercício condições de obter um diploma específico na sua área de formação” (...) “Vamos colocar todas as vagas à disposição e vai caber aos secretários estaduais e municipais promover a inscrição dos professores em serviço (BRASIL, 2011f).

O ministro explica que em sua entrevista que foram feitos cruzamentos de dados das necessidades de formação, a partir do censo da educação básica, com a oferta de vagas por instituição, por campus e por curso. O intuito é abranger a formação inicial em três situações:

professores que ainda não têm formação superior, ou seja, primeira licenciatura; professores já formados, mas que lecionam em áreas diferentes daquelas em que se formaram, nesse caso, segunda licenciatura; e por fim, bacharéis sem licenciatura, que necessitam de estudos complementares que os habilitem ao exercício do magistério (BRASIL, 2011e; 2011f; 2011g).

A educação presencial no Brasil, mesmo apresentando um crescente aumento anualmente no número de cursos e consequentemente de vagas, não consegue atender a demanda por ensino superior. Devido o país ter características de continente, apresenta-se com mais de 185 (cento e oitenta e cinco) milhões de habitantes, aproximadamente 5.500 (cinco mil e quinhentos) municípios com elevadas desigualdades regionais, além de ter o agravante das grandes discrepâncias entre as regiões, estendendo-se aos estados (diferença entre as capitais e os municípios de interior), dificultando ainda mais o acesso à educação. Para tanto, os desafios demandam soluções práticas e inovadores em relação à democratização da oferta de vagas nos cursos superiores oferecidos pelas universidades públicas (BRASIL, 2011e; 2011f; 2011g).

O aumento anual da quantidade de vagas ociosas nos cursos de graduação presenciais deve-se ao fato da grande maioria das vagas serem oferecidas nos grandes centros urbanos e nem sempre, a população que habita a área interiorana, tem condições desse acesso devido à dificuldade no deslocamento físico, ocasionado, na maioria das vezes, por limitações socioeconômicas (BRASIL, 2009).

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foi de 2,7%, ou seja, 6.772 cursos de graduação. O setor público (no âmbito federal, 6,8%, o que corresponde a 3.235 cursos de graduação presencial; no âmbito estadual, -1,6%, o que corresponde a 2.897 cursos de graduação presencial e no âmbito municipal, 2,7%, o que corresponde a 640 cursos de graduação presencial) e o setor privado ficou com os demais 6,2%, o que corresponde a 17.947 cursos de graduação presencial (BRASIL, 2009). O aumento no número de vagas oferecidas (Quadro 01) não é proporcionalmente acompanhado pelo número de ingressos, resultando em um aumento no número de vagas ociosas (Quadro 02) em quase todas as categorias apresentadas. De acordo com Brasil (2009) existem vagas que são ofertadas, mas não são preenchidas por motivos que ainda são alheios.

Seguem os Quadros 01 e 02 para melhor ilustrar as informações:

Ano Total de vagas ofertadas (%) das vagas ofertadas

2002 1.773.087 -

2003 2.002.733 13,0

2004 2.320.421 15,9

2005 2.435.987 5,0

2006 2.629.598 7,9

2007 2.823.942 7,4

2008 2.985.137 5,7

Quadro 01: Evolução do número de vagas ofertadas na graduação presencial – 2002 a 2008.

Fonte: Adaptado a partir do Resumo Técnico do Censo da Educação Superior 2008 (BRASIL, 2009, p. 12).

Ano Total de vagas ociosas (%) de vagas ociosas

2002 567.947 -

2003 739.779 30,3

2004 1.017.311 37,5

2005 1.038.706 2,1

2006 1.181.089 13,7

2007 1.341.987 13,6

2008 1.479.318 10,2

Quadro 02: Evolução do número de vagas ociosas na graduação presencial – 2002 a 2008.

Fonte: Adaptado a partir do Resumo Técnico do Censo da Educação Superior 2008 (BRASIL, 2009, p. 14).

Com relação ao ensino presencial, pode-se verificar que no ano de 2008, o País registrou 1.479.318 vagas ociosas em relação ao total de ingressos, chegando a ter 10,2% de suas vagas não preenchidas para o ensino superior público. Embora o crescimento do número de vagas ociosas em 2008 tenha sido menor que nos últimos dois anos. É preciso repensar a oferta dessas vagas, uma vez que, reflete na capacidade instalada do setor para atender à demanda por cursos de educação superior (BRASIL, 2009).

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disponíveis a cada ano. No caso da EaD, essas ofertas são por município e por demanda de cada curso, como apresenta o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR).

2. As políticas públicas voltadas a EaD estimulam o processo de democratização do acesso à educação continuada, por meio da oferta de oportunidade de educação para pessoas que residem distantes de centros de formação e que são impossibilitadas de frequentar os ambientes presenciais por terem alguma dificuldade de locomoção. Para minimizar tal realidade, Moore, Kearsley (2007) afirmam que as políticas públicas em nível institucional e governamental estão relacionadas com o:

(...) acesso crescente a aprendizado e treinamento; proporcionar oportunidades para atualizar aptidões; melhorar a redução de custos dos recursos educacionais; apoiar a qualidade das estruturas educacionais existentes; melhorar a capacitação do sistema educacional; nivelar desigualdades entre grupos etários; direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo específicos; proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvo importantes; aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de conhecimento; oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar; agregar uma dimensão internacional à experiência educacional (MOORE, KEARSLEY, 2007, p. 8).

De acordo com Bohoslavksky (1983) a educação promove uma relação direta entre desenvolvimento técnico e desenvolvimento econômico onde o primeiro é fator delimitante do segundo. Fantino (1983) amplia tal conceito ao afirmar que,

Paralelamente a essas mudanças, observa-se um aumento relativo da mobilidade social. Aparecem maiores oportunidades de ascensão social por meio de melhor ocupação e maior educação, encarando-se cada vez mais, o título universitário como aval indispensável para ocupar cargos de alguma hierarquia. (FANTINO, 1983, p. 22).

A EaD é um recurso valioso para a promoção da cidadania por disponibilizar a educação com maior facilidade de abrangência geográfica, possuir a capacidade de atingir alunos em diferentes localidades e ao mesmo tempo integrar diferentes saberes e culturas. A

universidade por fazer parte da sociedade civil, tem a capacidade de garantir liberdade, igualdade, justiça e oportunidades de vida aos cidadãos (BELLONI, 2003; MOORE, KEARSLEY, 2007).

O poder público tem sinalizado com o fortalecimento da educação a distância como forma de democratização do conhecimento, mediante o atendimento a um grande contingente de pessoas(TINÔCO et al., 2006). A economia necessita de maior flexibilidade e inovação e

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Belloni (2003, p. 22) surgem novas necessidades no campo da educação “necessidade de reformular radicalmente a formação inicial, de desenvolver ações integradas de formação contínua, ao longo da vida e de transformar os locais de trabalho em organizações de aprendizagem”.

Assim, como afirma Belloni (2003, p. 41):

Os sistemas educacionais terão que enfrentar as novas demandas daí decorrentes, e então será essencial conhecer as expectativas e necessidades dos estudantes e conceber cursos, estratégias e metodologias que as integrem efetivamente.

O crescimento da economia tem exigido dos países a ampliação do ensino superior. Essa demanda crescente por qualificação profissional faz surgir à necessidade de políticas públicas educacionais com atuação mais ampla, retorno mais rápido e com uma estrutura física mais enxuta. Ao mesmo tempo, as economias dos países estão cada vez mais baseadas no conhecimento e na tecnologia e esse cenário demanda dos indivíduos uma busca contínua por capacitação técnica e científica. Nesse contexto, os programas de EaD são incorporados à necessidade do mercado de trabalho de melhor capacitar seus profissionais.

3. A acessibilidade ao curso sem fronteiras físicas e nem temporárias é um ponto positivo dos cursos de EaD já que o aluno pode fazer seu horário de acordo com sua disponibilidade, ou seja, o curso se adapta ao aluno, diferentemente de um curso presencial em que o aluno precisa se adaptar aos padrões de espaço e tempo. Nesse cenário, o aluno adquire maior autonomia e passa a assumir a maior parte do processo de ensino aprendizagem (BELLONI, 2003; MOORE, KEARSLEY, 2007).

O perfil do aluno que estuda por meio da modalidade a distância é em especial o das pessoas em fase adulta, já inseridas no mercado de trabalho e que não dispõem de tempo suficiente para estudar” (NUNES, 2009, p. 2) em um curso presencial, mas que objetivam completar sua formação básica ou mesmo de fazer um novo curso superior. Esses interessados são, na maioria, pessoas que por vários motivos pessoais, profissionais, socioeconômicos e geográficos se encontram distantes das sedes das universidades públicas e por meio da EaD acham mais fácil planejar seus programas de estudo. Vianna (2009, p. 10) ratifica:

A EaD parece atentar para esta particularidade, oportunizando aos alunos com características pessoais, sócio-econômicas e culturais distintas, flexibilidade de tempo e de espaço para cumprirem as tarefas acadêmicas conforme seus próprios interesses, gostos e necessidades, o que pode contribuir para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

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Partindo deste contexto, os cursos à distância utilizam-se do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para desenvolver suas funções e de acordo com Moore e Kearsley (2007) a interação no AVA pode acontecer na relação Aluno-Conteúdo, Aluno-Instrutor, Aluno-Aluno, independente do local e do horário. Cada AVA tem suas ferramentas síncronas (ferramentas de ensino/aprendizagem utilizadas em tempo real) e assíncronas (ferramentas de ensino/aprendizagem utilizadas em tempo não real) que são utilizadas em espaços e tempos distintos. A EaD possui a capacidade de atingir alunos em diferentes localidades ao mesmo tempo, integrando diferentes saberes e culturas.

Desta forma, Melo et al. (2009, p. 3) expõem que

Na era da informação e da comunicação em tempo real, é visível que os recursos materiais sejam cada vez mais sobrepujados pelo conhecimento, além disso, os desafios da sociedade globalizada impõem a lógica da competitividade como um fator determinante nas relações econômicas.

Já na comunicação do tipo assíncrona, não existe participação simultânea, ou seja, não necessita de participação em tempo real, logo, os tempos de interação são distintos. Neste caso, os participantes, sejam alunos e/ou professores, não precisam estar se comunicando no mesmo local e ao mesmo tempo. Essas ferramentas de comunicação oferecem maior flexibilidade e poder de acompanhamento para o corpo docente.

4. A ampliação do acesso ao ensino superior é uma forma de tentar minimizar as desigualdades sociais de um país. Trata-se de oferecer educação superior a todas as classes sociais de forma que todos tenham oportunidades iguais de se qualificarem profissionalmente para o mercado de trabalho. Dentre os objetivos e prioridades do PNE, merecem destaque:

a elevação global do nível de escolaridade da população; a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; e redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e permanência, com sucesso na educação pública e;

democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares e equivalentes (BRASIL, 2001, p. 34). [grifo da autora]

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ensino superior gratuito. Como também é uma forma de levar desenvolvimento para a região que recebe o Pólo de Apoio Presencial ao ensino superior das universidades federais como forma de ampliar o número de profissionais qualificados para contribuir com o desenvolvimento local. Santos (2005, p. 50) salienta que:

A universidade é uma entidade com forte componente territorial bem evidente no conceito de campus. Essa territorialidade, combinada com o regime de estudos, torna muito intensa a co-presença e a comunicação presencial. [...] Com a conversão das novas tecnologias em instituições pedagógicas, a territorialidade é posta ao serviço da extra-territorialidade e a experiência da co-presença está a sofrer a concorrência da exigência de estar on line.

Dando continuidade à justificativa de desenvolver este trabalho, para Castro (1978) um trabalho de cunho científico deve levar em consideração três critérios: a importância do tema, a originalidade como o tema é tratado e a viabilidade da pesquisa a ser realizada.

Quanto à importância, este estudo foi realizado visando prestar contribuição científica, podendo oferecer à academia, em especial à UFRN, e à sociedade elementos para questionar e repensar a complexa relação existente entre as condições socioeconômicas e geográficas e o acesso à educação superior.

Quanto à originalidade, foi feito um levantamento sobre o tema no sítio de internet do

Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e esta pesquisa buscou um novo enfoque ao tema em estudo, voltando-se a detalhar o processo de ampliação do acesso proposto pelo Sistema UAB numa instituição pública federal.

A maioria dos estudos sobre EaD foca na utilização das plataformas de ensino, nas ferramentas de interação, na capacitação dos profissionais na área e na evasão5 dos alunos. Assim, é relevante o convite feito ao leitor para refletir sobre as universidades públicas federais e seus processos de ampliação, oferecendo assim, sua contribuição à academia e à sociedade.

A pesquisa foi desenvolvida utilizando-se o filtro: Por Assunto, onde foram pesquisados: Educação a distância e EaD. Quanto a primeira foram encontrados 1.671 (um mil, seiscentos e setenta e um) documentos e quanto à segunda, 555 (quinhentos e cinquenta e cinco) documentos. Ambas as pesquisas foram realizadas em 25 de março de 2010.

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Quanto à viabilidade, “É essencial refletir sobre a viabilidade do trabalho na fase de projeto para evitar desapontamentos futuros” (ROESCH, 2005, p. 101). Assim, uma pesquisa científica deve levar em considerações as condições financeiras, temporais e principalmente disponibilidade dos dados necessários para a sua realização. Quanto à realização de entrevistas, a pesquisadora obteve acesso aos coordenadores da SEDIS/UAB na UFRN.

Por fim, o trabalho salienta a afinidade da autora com o tema, tendo em vista seus interesses acadêmicos, uma vez que foi tutora do curso de graduação em Administração (Universidade Federal de Alagoas - UFAL) por dois anos e meio, atualmente é tutora da especialização em Administração Pública Municipal (UFRN) e por estudar o tema há algum tempo, além de ter motivações pessoais para aprofundar seus conhecimentos de forma a disseminar as práticas de ensino-aprendizagem dessa modalidade.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Compreender se os cursos de graduação à distância, oferecidos pelo Sistema UAB e implementados na UFRN, promovem a ampliação do acesso ao ensino superior.

1.3.2. Objetivos Específicos

• Entender o processo histórico de criação dos cursos de graduação à distância na UFRN;

• Compreender o papel da SEDIS quanto à promoção, à organização e à coordenação dos cursos de graduação à distância na UFRN;

• Compreender o papel da SEDIS visando à ampliação e à interiorização dos cursos de graduação à distância na UFRN;

• Compreender os mecanismos adotados pelo Sistema UAB com a finalidade de ampliação do acesso aos cursos de graduação à distância na UFRN;

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1.4 Estrutura do Trabalho

Esta dissertação está estruturada em 06 (seis) capítulos, a começar por este de Introdução que contempla também Problema de Pesquisa, Hipóteses, Justificativa do estudo e Objetivos Geral e Específicos.

O segundo capítulo explana a Contextualização da EaD no Brasil, sua retrospectiva histórica, as características da EaD, as variações da sua terminologia, a estrutura organizacional dos cursos em EaD, a normatização da EaD no Brasil e sua institucionalização.

O terceiro capítulo discorre sobre a Fundamentação Teórica do trabalhado, focando no tema políticas públicas, quanto aos conceitos, processos e modelos de análise, detalha o ciclo de políticas públicas e foca na etapa de implementação de política pública, apresentando seus modelos analíticos.

O quarto capítulo tece considerações sobre a Metodologia do estudo, evidenciando a tipologia do estudo, detalha as características do estudo, o universo e a abrangência da pesquisa, os instrumentos e a etapa de coleta dos dados, bem como as categorias de análise utilizadas.

O quinto capítulo apresenta a Análise dos Dados da pesquisa, descrevendo as ações da UFRN no que tange o processo de ampliação do acesso ao ensino superior por meio da modalidade de ensino/aprendizagem à distância.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.1 Conceitos de Educação a Distância

A expressão Educação a Distância é originária de estudos que eram realizados na casa dos próprios alunos. Também ficou conhecida como estudo por correspondência graças à invenção tecnológica, em 1880, de serviços postais baratos e confiáveis (MOORE, KEARSLEY, 2007). Com relação aos desafios que a EaD enfrenta, Belloni (2003, p. 46) comenta que:

O primeiro grande desafio a ser enfrentado pelas instituições provedoras de educação aberta e a distância refere-se, portanto, nas questões de ordem socioafetiva do que propriamente a conteúdos ou métodos de cursos; mas a estratégia de contato e interação com os estudantes do que a sistemas de avaliação e de produção de materiais (...). Se a motivação e a autoconfiança do aprendente são condições sine qua non do êxito de seus estudos, o primeiro contato com a instituição é crucial: informações claras e honestas (e não de marketing e publicitárias) sobre os cursos e seus requisitos, oferta de cursos de preparação e nivelamento para aqueles que necessitam, serviços eficientes de informação e de orientação são básicos para assegurar o ingresso e a permanência do estudante no sistema.

Educação a distância “é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente” (MORAN, 2002). É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual (MORAN, 2010). Para Belloni (2003, p. 41) “Os sistemas educacionais terão que enfrentar as novas demandas daí decorrentes, e então será essencial conhecer as expectativas e necessidades dos estudantes e conceber cursos, estratégias e metodologias que as integrem efetivamente”.

A sociedade busca por mudanças no campo da educação de acordo com as novas formas de vida da população, cada vez mais atribuladas, com responsabilidades e necessidades de capacitações constantes no ambiente de trabalho e na vida profissional como um todo. Deve-se considerar a EaD como uma modalidade de ensino e não apenas como uma forma de superar problemas emergenciais (BELLONI, 2003). A autora afirma que:

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A EaD é uma modalidade de ensino cada vez mais frequente na sociedade contemporânea, por ser adequada e desejável para atender às novas demandas educacionais

decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial (MOORE, KEARSLEY, 2007;

BELLONI, 2003, MORAN, 2002).

O Quadro 03 que segue apresenta alguns conceitos de EaD, baseado em autores da área, documentos oficiais do governo e órgãos públicos:

Conceito de Educação a Distância Autor (ano)

1) Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais

(MOORE, KEARSLEY, 2007, p. 2).

2) É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes

(MORAN, 2010).

3) A educação a distância é uma modalidade de ensino que permite a utilização de um amplo conjunto de meios tecnológicos e materiais e nesse sentido pode permitir alcançar um grande contingente de pessoas, situadas nos recônditos mais distantes e com acesso diferenciado a esses meios

(TINÔCO et al., 2006, p. 3).

4) Art. 1º Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação

(BRASIL, DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, DECRETO nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998).

5) Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos

(BRASIL,

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CASA CIVIL, DECRETO nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005). 6) Muitas são as definições possíveis e apresentadas, mas há um consenso mínimo

em torno da idéia de que EAD é a modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas majoritariamente (e em bom número de casos exclusivamente) sem que alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar à mesma hora

(ABED, 2010).

7) relaciona-se diretamente com o desenvolvimento da cultura e da tecnologia (BRASIL, s/d, p. 30). 8) Educação a distancia é um método de transmitir conhecimento, competências e

atitudes que é racionalizado pela aplicação de princípios organizacionais e de divisão de trabalho, bem como pelo uso intensivo de meios técnicos, especialmente com o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que torna possível instruir um maior número de estudantes, ao mesmo tempo, onde quer que eles vivam. É uma forma industrializada de ensino e aprendizagem

(BELLONI, 1999, p. 27).

Quadro 03: Conceitos de Educação a Distância.

Fonte: Elaboração própria, baseada em MOORE, KEARSLEY (2007, p. 2); MORAN (2010); TINÔCO et al., (2006, p. 3); BRASIL (2011g, 2011h, s/d); BELLONI (1999); ABED (2010).

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comunicação. Outra constatação quanto à Educação a Distância refere-se à modalidade como aprendizado planejado (1) ou como ensino-aprendizagem (2). Muitas definições ressaltam as possibilidades de interação entre alunos e professores, independentemente do lugar onde estiverem (1, 2, 5, 6). A definição de acesso das pessoas em espaços geográficos distintos é uma das principais características da EaD, embora este fato possa estar implícito com o destaque dado apenas anos meios tecnológicos e informacionais.

Por essas razões, a EaD deve ter duas vertentes: uma voltada às ações de EaD e a outra, direcionada às ações presenciais com uso da tecnologia. Onde, alunos e professores estão localizados em locais distintos durante todo (ou quase todo) o processo de ensino-aprendizagem. Ambos precisam desenvolver aptidões para fazer uso dessa modalidade e também, habilidades de comunicação coerentes com as necessidades de cada momento e das ferramentas utilizadas.

Pode-se dizer que há uma mudança no comportamento da população que não precisa apenas aceitar as possibilidades de ensino-aprendizagem oferecidas localmente, já que pode ter acesso a mais recursos que no passado, permitindo assim, “[...] um maior grau de controle para o aluno em relação à instituição de ensino” (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 21). Dessa forma, o aluno deixa de ser apenas um receptor, já que as informações estas são bidirecionais por buscarem estabelecer diálogos com relações participativas, podendo existir críticas e participações dos docentes e dos discentes.

A EaD é uma alternativa pedagógica de grande alcance, mas também é “[...] uma prática educativa, situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o ensino” (PRETI, 1996, p. 26). Dessa forma, a EaD além de ser uma prática instrumental, é também uma alternativa pedagógica compromissada com a contribuição educacional da sociedade.

2.2 Os principais Marcos da Educação a Distância no Mundo

Os primeiros registros de EaD aconteceram em pontos diversos do mundo e algumas iniciativas ainda hoje são lembradas, como: as aulas por correspondência ministradas por Caleb Philips, em 20 de março de 1728, na Gazette de Boston, EUA; o curso de taquigrafia

oferecido por Isaac Pitman, em 1840, na Grã-Bretanha; os cursos preparatórios para concursos públicos oferecidos por Skerry’s College em 1880; o curso de Contabilidade

ministrado por Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service em 1884 e o curso sobre

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De acordo com Litto e Formiga (2009), os cursos de extensão passaram a ser oferecidos pelas universidades de Oxford e Cambridge, na metade do século passado; em

1910 são iniciados programas por correspondência na Universidade de Queensland, na

Austrália; em 1924 é criada a Escola Alemã por Correspondência de Negócios e em 1928 são oferecidos cursos voltados para a formação de adultos, via rádio, pela BBC (British Broadcasting Corporation) (LITTO e FORMIGA, 2009).

O período que vai desde o início do século XX até a Segunda Guerra Mundial teve grande desenvolvimento da EaD por meio do ensino por correspondência, devido à necessidade da época que logo repercutiu nos meios de comunicação em massa, como por exemplo, por meio do Código Morse6 (LITTO e FORMIGA, 2009).

Vale salientar que os maiores marcos para a consolidação da EaD no mundo aconteceram a partir de meados dos anos 1960 por meio das transformações de ações institucionais de ensinos fundamental e superior. Os primeiros países a trabalhar com EaD foram França e Inglaterra. Em seguida, a educação a distância foi sendo expandida pelos continentes. Na década de 1970, o país que mais se destacou foi a Inglaterra, por meio da

Open University e assim, adquiriu o mérito de ser o marco inicial da EaD no mundo (NUNES,

2009). Atualmente, a EaD está presente em mais de 80 países dos cinco continentes do mundo (NUNES, 2009).

Dos fatos mundiais mais recentes sobre Educação, destaca-se a Conferência Mundial de Educação para Todos de 1990 que aconteceu em Jomtien, na Tailândia, promovida pela UNESCO, que visou um amplo processo de avaliação dos progressos alcançados na educação, tendo em vista “educar todos os cidadãos de todas as sociedades” (UNESCO, 2000, p. 5).

A UNESCO, em 1998, realizou em Paris, a primeira Conferência Mundial de Educação Superior (CMES) e estiveram presentes representantes de 182 (cento e oitenta e dois) países. Na conclusão do evento, ficou acordado por meio de votação unânime que a “Universidade do século XXI deveria considerar o novo papel do conhecimento como fundamento do desenvolvimento sustentável da sociedade e, como decorrência, a educação como direito vital” (BRASIL, s/db, p. 4). Neste evento foram tratados três temas básicos sob a forma de mesas redondas, a saber: democratização do acesso e flexibilização dos modelos de formação; elevação da qualidade e avaliação e, por fim; compromisso social e inovação.

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Figura 02: UAB: Pilares da EaD. Fonte: Elaboração própria.
Figura 03: Expansão das Universidades Públicas Federais.  Fonte: BRASIL (2010j).
Tabela 01: Evolução do número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na Educação a Distância –  Brasil - 2002-2008
Figura 04: Relações entre o processo de formulação e implementação das políticas públicas e suas análises
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Referências

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