Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas – EBAPE Mestrado em Gestão Empresarial
SIMONE CABANELAS MARTINEZ
A EFETIVIDADE DO LAUDO PERICIAL – UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DO LAUDO PERICIAL DE INFORMÁTICA NA DECISÃO JUDICIAL
SIMONE CABANELAS MARTINEZ
A EFETIVIDADE DO LAUDO PERICIAL – UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DO LAUDO PERICIAL DE INFORMÁTICA NA DECISÃO
JUDICIAL
Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EBAPE/FGV), como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial.
Campo de Conhecimento: Administração
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Sarmento Costa
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV
Cabanelas Martinez, Simone
A efetividade do laudo pericial : um estudo sobre a influência do laudo pericial de informática na decisão judicial / Simone Cabanelas Martinez. – 2013.
63 f.
Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.
Orientador: Ricardo Sarmento Costa. Inclui bibliografia.
1. Organização judiciária penal. 2. Laudos periciais. 3. Perícia (Exame técnico). 4. Peritos. 5. Criminalística. I. Costa, Ricardo Sarmento. II. Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
A Deus que me abençoa todos os dias, aos meus pais que incutiram em mim o gosto pelo aprendizado e me proporcionaram as oportunidades para conquistar tudo que desejo. A minha irmã Patricia por existir e me lembrar que podemos nos superar; ao Rafa, meu companheiro, pelo apoio e compreensão desde que nos conhecemos e, principalmente, nos momentos em que precisei me ausentar; e, ao meu filho, por renovar minha vontade, esperança e energia com seu sorriso fácil e simplesmente por existir e tornar minha vida mais leve.
Aos amigos Cristina e Marcelo pelo apoio durante as aulas e por toda a ajuda no caminho até chegar aqui. À amiga Francisca Carvalho por sua presença, dicas e revisões indispensáveis, ao meu primo Iago pelo incentivo, à Uyara pela ajuda imprescindível e à Lidi, a melhor amiga que alguém pode ter.
Ao Professor Ricardo Lopes pela orientação, incentivo, apoio e por sua dedicação que permitiram a realização deste trabalho. Ao Perito Criminal Federal Álan Teixeira por me ajudar na pesquisa.
Ao Perito Criminal Federal Hélvio Pereira Peixoto pela dedicação à Criminalística e empenho para que o curso fosse realizado.
A todos aqueles colegas Peritos, Delegados, Agentes de Polícia, Escrivães de Polícia, Agentes Administrativos e estagiários, principalmente aos colegas do SEPINF, ao EPF Sena, AADM Alessandro, APF Wilson, DPF Cynthia e estagiárias Vivian e Nadjanara, que gentilmente cederam seu tempo para colaborar em algum momento com esta pesquisa.
“A função pericial requer duas condições ao perito oficial: preparação técnica e moralidade. Não se pode ser bom perito se falta uma destas condições. O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral.”
RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo sobre a efetividade dos Laudos Periciais Criminais de Informática no que diz respeito ao auxílio na formação da convicção do magistrado para elaborar as sentenças. Para tanto, foram realizadas pesquisas nos laudos e nas sentenças que utilizaram esses laudos, buscando encontrar relação entre ambos com vistas a analisar a qualidade do Laudo produzido e sua importância para a decisão judicial e, consequentemente, para a promoção da justiça social. O estudo realizado permite afirmar que o trabalho pericial é relevante, na maioria dos casos analisados, para auxiliar os magistrados em suas tomadas de decisões. O resultado da pesquisa revelou que algumas variáveis que não dependem do trabalho pericial, como os questionamentos formulados pelo requisitante do laudo e o tipo penal, são relevantes para que os exames periciais sejam ainda mais efetivos e auxiliem na promoção da Justiça. Esta pesquisa pode ser um instrumento de gestão da Diretoria Técnico-Científica do Departamento de Polícia Federal no sentido de preencher a lacuna hoje existente, tendo em vista que os peritos criminais federais não possuem feedback sobre o trabalho desenvolvido, ao tempo em que demonstra a importância do trabalho pericial para a comprovação de delitos. Servirá também para auxiliar os gestores no desenvolvimento de metodologia de elaboração de laudos periciais de informática que busquem indicar autoria e materialidade delitiva em seus exames. A sociedade precisa que seus órgãos públicos atuem de maneira a promover justiça social para os cidadãos. Nesse cenário, o laudo pericial de informática é um dos instrumentos que podem auxiliar a efetivação da justiça de forma mais concreta.
ABSTRACT
The current work presents a study on the effectiveness of the Forensics Computer Report with regard to the aid in the formation of the conviction of the magistrate to elaborate sentences. Therefore, studies were carried out with the reports and the sentences that used these reports, trying to find the relationship between them in order to analyze the quality of the Report produced and its importance to the court decision and thus to promote social justice. The study allowed to state that the forensic work is relevant, in most of the cases, to assist the judges in their decision making. The result of the survey revealed that some variables do not depend on the forensic work, as the questions formulated by the requester of the report and the criminal type, are relevant for the forensic exams to be even more effective and to assist the promotion of justice. This research can be an instrument of management by the Technical - Scientific Board of Department of Federal Police in order to fill the gap that exists today, in which the federal forensic experts have no feedback on the work developed, since it demonstrates the importance of the forensic work as evidence of crimes. It will also assist managers in developing methodology for elaborating forensic computer reports that seek indicate criminal authorship and materiality in their exams. Society needs its public agencies to act promoting social justice for the citizens. In this scenario, the forensics computer report is one of the tools that can assist the realization of justice in a more concretely form.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Mapa Estratégico da Perícia Criminal Federal. 19
Figura 2- Esquema ilustrativo da ocorrência de infração penal até a sentença final. 24
Figura 3- Organograma da Polícia Federal, destaque em vermelho para a Diretoria
Técnico-Científica. 25
Figura 4- Distribuição percentual dos laudos analisados e excluídos da pesquisa. 38
Figura 5- Distribuição percentual dos laudos relevantes para as decisões judiciais 51
Figura 6- Distribuição percentual dos laudos que não foram relevantes para a decisão exarada
por tipo penal 52
Figura 7- Distribuição percentual dos laudos que foram relevantes para a decisão exarada por
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Resultado quantitativo da pesquisa realizada no SisCrim. ... 28
Tabela 2 – Laudos e processos que compõem o universo da pesquisa ... 30
Tabela 3- Distribuição dos processos por localização ... 34
Tabela 4 - Distribuição final dos processos analisados ... 37
Tabela 5- Análise dos processos arquivados. ... 41
Tabela 6- Análise dos arquivamentos ... 43
Tabela 7- Análise das sentenças encontradas. ... 44
Tabela 8- Análise da relevância do laudo. ... 49
DEFINIÇÃO DE SIGLAS E TERMOS UTILIZADOS NO ESTUDO AGE – Área de Gestão Estratégica
CP – Código Penal
CPC – Código de Processo Civil
CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito CPP – Código de Processo Penal
DITEC – Diretoria Técnico-Científica DPF – Departamento de Polícia Federal
GesPública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização INC – Instituto Nacional de Criminalística
IPL – Inquérito Policial
ONG – Organização Não Governamental PC – Polícia Civil
PM – Polícia Militar PF – Polícia Federal
PCF – Perito Criminal Federal PRF – Polícia Rodoviária Federal
SEPINF – Serviço de Perícias de Informática SETEC – Setor Técnico-Científico
SIAPRO – Sistema de Acompanhamento de Processos SISCART – Sistema Cartorário
SisCrim – Sistema Nacional de Gestão de Atividades de Criminalística STF – Supremo Tribunal Federal
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ... 16
1.1 Introdução ... 16
1.2 Formulação da Situação-Problema ... 17
1.3 Objetivo do estudo ... 17
1.4 Delimitação do tema ... 18
1.5 Relevância do estudo ... 18
2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ... 21
2.1 Segurança Pública – Onde está a Perícia Criminal ... 22
2.2 A Diretoria Técnico-Científica ... 24
2.3 As Decisões Judiciais ... 25
3. METODOLOGIA EMPREGADA ... 26
3.1 Pesquisa Documental ... 26
3.2 Pesquisa Descritiva e Explicativa ... 27
3.3 Pesquisa Exploratória ... 27
3.4 Pesquisa Transversal ... 27
3.5 Coleta de Dados ... 27
3.5.1Fase interna - Policial ... 27
3.5.2Fase externa - Judicial ... 34
4. DISCUSSÃO ... 39
4.1 Tratamento dos Dados e Análise dos Resultados ... 39
4.1.1Processos Arquivados ... 40
4.1.2Processos Sentenciados ... 43
4.2 Dificuldades encontradas na pesquisa. ... 53
5. CONCLUSÃO ... 55
5.1 Desdobramentos para a Gestão da Criminalística ... 56
1. APRESENTAÇÃO
1.1 Introdução
A Perícia Criminal Federal é uma atividade técnico-científica voltada para a análise e solução de crimes por intermédio da prova material. Existem diversas áreas de conhecimento na Criminalística, em todas elas o resultado dos trabalhos se reproduz por meio do Laudo Pericial, que responde aos quesitos formulados pela autoridade policial/judicial.
Antes de se analisar como está organizada a perícia, suas divisões, setores e atribuições e se avaliar a eficiência do trabalho pericial, é preciso analisar a quem interessa a atividade criminalística. Destarte, o presente estudo pretendeu identificar a influência do Laudo Pericial de Informática nas decisões judiciais. Não se esperando esgotar o assunto com esta pesquisa, mas fornecer ao perito de informática o feedback do resultado de seus trabalhos, sem, contudo esgotar o assunto.
O Laudo Pericial de Informática engloba a análise para aquisição, preservação, recuperação e exame de evidências computacionais em meios físicos e digitais incluindo redes de computadores, aparelhos de GPS, celulares e outras mídias digitais.
A quem se destina o Laudo Pericial? Dentre os muitos operadores do Direito, o juiz se destaca como usuário final, pois, ao utilizar ou rejeitar o Laudo em suas sentenças, estará atestando ou refutando a sua eficácia como elemento de prova. Ao produzir uma peça técnica que cuide dos interesses judiciais, o perito atenderá as partes interessadas na promoção da Justiça para a sociedade. O trabalho pericial deve ser fundamentado na ideia flexível de gestão organizacional, buscando atender aos interesses sociais e à materialização do delito.
peritos o adotem na elaboração dos seus Laudos, uma vez que, segundo Meirelles (1999, p. 60):
[...] eficiência é o que se impõe a todo agente público para realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros [...]
Para mensurar a qualidade do Laudo Pericial no trabalho em questão foi preciso verificar sua influência nas decisões judiciais e responder os seguintes questionamentos: a alegação dos fatos permitiu que a prova produzida materializasse o delito? Nos casos em que esse objetivo não tenha sido alcançado, onde se pode melhorar o Laudo? Para obter tais respostas fez-se necessário o mapeamento do caminho percorrido pelo Laudo, desde a sua elaboração até a conclusão do processo judicial para, a partir daí, poder se constatar a eficácia do trabalho desenvolvido pelos Peritos Criminais Federais.
Os estudos para determinar a importância do Laudo Pericial nas decisões judiciais são escassos e restritos ao universo acadêmico. O que se pretendeu com esta pesquisa foi lançar uma luz sobre o tema.
1.2 Formulação da Situação-Problema
O que se pretendeu com este estudo foi responder a seguinte interrogação:
• O Laudo Pericial de Informática é um instrumento de auxílio à decisão
judicial?
Para responder essa questão mapeou-se o andamento de um Laudo desde a sua solicitação, até o seu arquivamento, seja no Inquérito Policial ou no Processo Judicial, no âmbito da Justiça Federal.
1.3 Objetivo do estudo
1.4 Delimitação do tema
Considerando as diversas áreas de conhecimento que compõem a Criminalística e tendo em vista a necessidade de delimitação do tema, foram inicialmente escolhidos como objeto de estudo os laudos de informática emitidos no período de 2007 a 2012. A motivação para esta escolha se deu pela atuação e formação da autora na área.
A intenção inicial foi estudar os cinco anos da amostra escolhida, no entanto em razão da demora na prolação de sentença, definiu-se como objeto desta pesquisa os laudos emitidos em 2007 (recorte temporal) no Instituto Nacional de Criminalística e no Setor Técnico-Científico do Distrito Federal (recorte geográfico). A restrição geográfica se deu pelo fácil acesso aos laudos emitidos e por encontrar-se o Tribunal Regional Federal da 1ª Região nesta Capital Federal, cidade em que reside a autora.
1.5 Relevância do estudo
A Constituição Federal prevê, em seu artigo no 37, que os princípios da Administração Pública são: legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e publicidade. Destarte, os agentes públicos encontram-se atrelados à necessidade de atender aos princípios supracitados. Nesse sentido, o Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública), por meio do Decreto nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. Esse programa é o resultado de diversas iniciativas do Governo Federal na busca de excelência na gestão pública, buscando os melhores resultados aplicáveis às suas organizações, com foco na maior qualidade de atendimento ao cidadão. Sua principal contribuição se dá pela implementação de medidas que visam melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados à sociedade.
Atualmente não há um estudo sobre a influência do Laudo Pericial na decisão judicial. Dessa forma, a importância desta pesquisa para a Criminalística está na verificação da contribuição do Laudo Pericial Criminal de Informática para o estabelecimento da Justiça e para o favorecimento social.
principalmente, servirá como instrumento de feedback para os peritos que tiveram seus laudos analisados, com vistas a orientá-los em suas próximas produções.
Este trabalho corrobora com a gestão estratégica da perícia que em sua Cartilha do Mapa Estratégico1, elaborada pela Área de Gestão Estratégica da Diretoria Técnico-Científica da Polícia Federal - AGE/DITEC/DPF (2012), apresenta em seus processos de suporte “Monitorar a efetividade do Laudo Pericial Criminal”.
Fonte: Cartilha do Mapa Estratégico (2012) Figura 1- Mapa Estratégico da Perícia Criminal Federal.
O Plano Estratégico, elaborado para o período de 2010 a 2022, em seu mapa estratégico, apresenta, dentre outros, os seguintes objetivos: fortalecer a cultura de gestão estratégica, valorizar o servidor e ampliar a credibilidade institucional. Apresenta, ainda, como ação estratégica, o estudo da efetividade do laudo pericial produzido e a gestão da qualidade da prova. Considerando as transformações
1 - Cartilha elaborada com o objetivo de apresentar e difundir o Mapa Estratégico da Perícia Criminal
2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
O tema deste trabalho foi motivado pela ausência de estudos que indiquem qual a efetividade dos laudos periciais criminais emitidos. Sem essas informações os peritos não têm como saber a real eficácia do seu trabalho, nem como identificar melhorias ou possíveis falhas no processo de produção dos laudos.
Tsunoda (2011) já identificou que quando o trabalho realizado afeta diretamente a vida e a liberdade de outras pessoas seu resultado final passa a ter maior importância na forma como o profissional é visto, pois o resultado do seu trabalho será responsável por criar a imagem de confiança e credibilidade daquela profissão, tendo importância também na consciência que o profissional tem de si mesmo e de seu próprio labor:
Existem lacunas a serem preenchidas na visão do próprio profissional com relação ao retorno quanto ao resultado efetivo do seu trabalho, além da preocupação com o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade na produção de Laudos Periciais Criminais. Nesse aspecto, abrem-se diversas portas para o estudo mais aprofundado acerca do feedback dos operadores de direito com relação à medida em que o Laudo Pericial Criminal tem colaborado com a justiça. (Tsunoda 2011, p. 62)
No mesmo sentido, Cavedon (2009) fala que o perito não tem ciência do resultado de seu trabalho e da importância do reconhecimento deste:
[...] A noção acerca da utilidade do trabalho pericial, no sentido de auxiliar na condenação do culpado ou absolvição do inocente, serve para significá-lo positivamente, mas na maior parte dos casos, o perito não tem ciência do resultado do seu trabalho, o quanto ele contribuiu para a elucidação dos fatos. Ser chamado para esclarecer algum aspecto do laudo oportuniza entrar em contato com as interpretações e desdobramentos no âmbito do judiciário e dá a dimensão da importância do trabalho realizado, denota o reconhecimento do trabalho e não da pessoa. (Cavedon 2009, p. 11)
Gualda (2013) mapeou, dentre outras questões, que 96% dos peritos não recebem retorno sobre a utilização, por parte dos operadores do direito, dos Laudos que elaboram e que 95% gostariam de receber feedback sobre a utilidade dos Laudos emitidos:
Carvalho (2012), em seu trabalho sobre “Como motivar funcionários públicos: o caso dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística”, identificou a importância de o profissional receber retorno sobre o resultado do seu trabalho:
O feedback foi reiteradamente apontado como ausente ou inadequado pelos Peritos[...] Uma vez que os Peritos têm grande compromisso com o interesse público, eles precisam receber o feedback de suas ações para perceber a efetividade de seu trabalho. (Carvalho 2012, p. 92)
2.1 Segurança Pública – Onde está a Perícia Criminal
Analisando o acontecimento de um fato delituoso até a sentença penal condenatória ou absolutória, existem muitos interessados na apresentação do laudo pericial, a saber: o réu, a vítima, a polícia, os assistentes técnicos, as partes envolvidas no processo, o Ministério Público, a Advocacia de Defesa, os magistrados, a sociedade e, não menos importantes, os meios de comunicação.
Considerando que o beneficiário final do laudo pericial é a sociedade, que se favorece com a aplicação da Justiça e a pacificação social, o Estado institui órgãos especializados para a investigação, produção da prova, defesa, processo e julgamento de delitos com vistas à preservação dos direitos e garantias individuais e coletivas e à aplicação da lei. (Figura 2)
O poder Judiciário tem como função precípua dirimir conflitos. Seu serviço é prestado por juízes de direito, desembargadores do Tribunal de Justiça, Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e serventuários da justiça (BRASIL, 1988, artigos no 92-126). Ao Ministério Público, órgão permanente, cabe propor a ação penal pública, bem como denunciar e processar os autores de delitos, e, à advocacia, cabe a defesa dos interesses das partes envolvidas na lide.
A segurança pública é exercida pelos seguintes órgãos: Polícia Federal, apura infrações penais de competência da União; Polícias Rodoviária e Ferroviária Federal, patrulham as rodovias e ferrovias federais respectivamente; Polícias Civis estaduais, apuram infrações penais, exceto as de competência da União; e Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, que realizam policiamento ostensivo e preservação da ordem pública e defesa civil (BRASIL, 1988, artigo no 144).
instituições com as quais tem que se relacionar. O laudo pericial é o produto final da perícia e, como todo produto, o usuário final tem expectativas sobre seus atributos qualitativos. Na esfera judicial, consideram-se como usuários finais primários do laudo os delegados, os membros do Ministério Público e os magistrados.
Neste estudo consideraram-se laudos de informática o produto dos exames realizados em dispositivos computacionais como notebooks, discos rígidos, disquetes, mídias óticas (DVDs, CDs), fitas magnéticas, sítios eletrônicos, aparelhos de telefonia móvel, dentre outros. Nos exames de informática normalmente o que se pede é a extração de dados dos dispositivos em que estejam armazenados ou a análise de sítios de Internet, de e-mail ou de informações que possam ajudar a identificar autoria (quem fez) e materialidade (prova material) de algum delito.
Nem sempre é possível indicar diretamente, em exames de informática, o autor de uma ação tipificada no código penal, mas podem ser encontrados indícios que auxiliem na investigação policial. Por exemplo, podem ser encontrados recibos de transferência bancária, salvos em arquivos temporários da Internet, entre contas que não pertencem ao proprietário do computador examinado. No contexto da investigação isso pode ser um indício, mas não se pode afirmar que quem fez a transferência foi o dono do computador porque ele pode ter franqueado o uso da máquina para que o titular da conta bancária fizesse uso. Em laudos periciais de outras áreas de conhecimento a autoria e materialidade podem ser confirmadas de maneira inequívoca, como é o caso da materialidade em crimes de substância entorpecente e da autoria em crimes em que o DNA é deixado como vestígio.
Fonte: (elaborado pela autora). Figura 2- Esquema ilustrativo da ocorrência de infração penal até a sentença final.
Quadros (2010) ensina que:
A administração pública gerencial imprime mudanças culturais, estruturais e de gestão. Exige um novo olhar para os interesses da sociedade. O interesse público é o interesse da coletividade, o cidadão é o cliente dos seus serviços e seu contribuinte de impostos. Por esse motivo, a avaliação dos resultados das ações do Estado é positiva se atender os anseios do cidadão. Esse modelo, atualmente, vem sendo consolidado, e mostra-se, cada vez mais, capaz de promover o aumento da qualidade e da eficiência dos serviços oferecidos pelo setor público.
2.2 A Diretoria Técnico-Científica
A Diretoria Técnico-Científica (DITEC) faz parte da estrutura organizacional da Polícia Federal (Figura 3) e é a responsável pela gestão e atendimento de demandas afetas à produção de prova técnica na elucidação de crimes. O modelo de gestão organizacional adotado pela DITEC segue as diretrizes da GesPública de busca de excelência na prestação de serviços.
normativamente à DITEC e integram as estruturas organizacionais das Superintendências Regionais.
Fonte: Intranet da Policia Federal, julho/2012. Figura 3- Organograma da Polícia Federal, destaque em vermelho para a Diretoria Técnico-Científica.
2.3 As Decisões Judiciais
A sentença é um texto formulado por um magistrado ou Tribunal do Júri, nos casos de crimes dolosos contra a vida, que leva a termo um processo, na esfera em que se encontra, decidindo sobre os conflitos de interesse. Para tanto se ampara na legislação vigente e nas provas existentes nos autos. Nos casos em que a sentença julga procedente a acusação e imputa uma sanção, a sentença é dita condenatória, nos casos contrários, chama-se absolutória.
Para Moreno e Martins (2006, p.16), “o julgador tem a necessidade de explicar as razões de seu convencimento, por força do princípio legal de que todas as decisões devem ser fundamentadas”.
3. METODOLOGIA EMPREGADA
Neste capítulo está detalhado todo o desenvolvimento da pesquisa, apresentando os tipos escolhidos, as técnicas utilizadas para a coleta e obtenção dos dados, a metodologia para análise destes, e os procedimentos aplicados nas várias etapas do estudo, com vistas a estruturar, em estudos futuros, os procedimentos para obtenção e análise de dados em outras áreas da Criminalística.
3.1 Pesquisa Documental
A pesquisa documental traduz a tentativa de catalogar os eventos que ocorreram no decurso do tempo, correlacionando os fatos numa sequência significativa, considerando os limites dos materiais disponíveis. Vale salientar que não se trata apenas de uma organização de registros de fatos, mas sim da interpretação e sistematização destes para que seja possível vislumbrar tendências e generalizações (Gressler, 2003).
O recorte geográfico da pesquisa, ou seja, a escolha do Setor Técnico-Científico do Departamento de Polícia Federal no Distrito Federal (SETEC/SR/DF) e do Serviço de Perícias de Informática do Instituto Nacional de Criminalística (SEPINF/INC/DITEC) se deu porque este atende demandas de laudos de todo o Brasil e, aquele, por compor o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
A escolha de analisar os processos do Tribunal Regional Federal da 1ª Região se deu por dois aspectos: maior quantidade de estados para analisar, uma vez que o TRF da 1ª Região julga, em segundo grau, os casos de competência federal provenientes dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins, além do Distrito Federal; e por ter sede em Brasília, o que facilitou o acesso aos processos, aos Juízes do Distrito Federal, aos Desembargadores e, também, aos membros do Ministério Público. Considerando-se, este, o recorte de viabilidade da pesquisa.
Pelo tema delimitado não foram analisados os autos dos processos, somente as sentenças, as quais resolveram ou não a lide.
3.2 Pesquisa Descritiva e Explicativa
Este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa descritiva, pois busca analisar os dados de forma indutiva, no sentido de entender a construção do conhecimento, seu significado e o processo decisório de argumentação dos magistrados no momento de aplicar o direito ao caso concreto; e, explicativa, com vista a identificar os fatores que contribuíram para que o laudo, enquanto peça processual, fosse efetivo para a busca e aplicação da Justiça.
3.3 Pesquisa Exploratória
A pesquisa realizada é, também, de natureza exploratória, uma vez que se pretende responder a uma questão do tipo “O que/qual”, a saber: “Qual a influência do laudo pericial de informática para a decisão judicial?”. Como ensinam Marconi e Lakatos (2003), as pesquisas de campo exploratórias são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos.
3.4 Pesquisa Transversal
O estudo em tela apresenta ainda características de pesquisa transversal, de acordo com Richardson (2005), pois os dados são coletados em um determinado período, com base em uma amostra selecionada, objetivando descrever esta população em um determinado momento.
3.5 Coleta de Dados
Primeiramente foi solicitado acesso à base de dados do Sistema Nacional de Gestão de Atividades de Criminalística (SisCrim), que acompanha o trabalho dos setores de criminalística desde a solicitação da perícia até a emissão dos laudos periciais da Polícia Federal. Foram realizadas pesquisas para obtenção de todos os laudos de informática emitidos entre os anos de 2007 e 2012, pelo SETEC/SR/DF e pelo SEPINF/INC/DITEC. Está pesquisa identificou 5.864 laudos de informática expedidos neste período nestas duas unidades da criminalística.
Dentre as informações solicitadas na base de dados do SisCrim, estava o procedimento que originou a requisição do laudo. O laudo pode ser solicitado por um delegado, para ser peça de prova em um Inquérito Policial (IPL); pelo juiz, para ser utilizado como recurso em um processo judicial; ou, ainda, pelo Ministério Público, como prova de acusação; dentre outros órgãos. Para conseguir mapear a importância do laudo é preciso percorrer todo o caminho que este instrumento de prova seguiu e verificar a sua efetividade. Por esse motivo, é preciso saber qual procedimento o solicitou e qual o destino desse procedimento.
A Tabela 1 apresenta a primeira dificuldade da pesquisa, qual seja, a falta de relação entre o procedimento de solicitação da perícia e o número do laudo. Como se pode observar os anos de 2007 e 2008 apresentam uma maior quantidade de laudos sem os procedimentos que o solicitaram. Isso se deu porque 2007 foi o ano de implantação do SisCrim e algumas informações que deveriam ter sido atualizadas em anos posteriores não foram fornecidas, devido à demanda crescente de solicitações. A partir de 2009, a quantidade de laudos sem o respectivo procedimento que o solicitou foi diminuindo percentualmente em relação à quantidade de laudos com procedimento.
Tabela 1- Resultado quantitativo da pesquisa realizada no SisCrim.
Distribuição dos laudos
Ano Quantidade Total
Com procedimento % Sem procedimento %
2007 222 19,6 908 80,4 1130
2008 423 28,4 1066 71,6 1489
2009 592 68,9 267 31,1 859
2010 620 75,7 199 24,3 819
2011 1019 84,1 192 15,9 1211
Considerando os dados obtidos na busca realizada no SisCrim, fez-se necessário um recorte temporal para viabilizar a pesquisa. Em que pese os dados apresentarem mais informações no período de 2008 a 2012, foram descartados esses anos, pois, considerando o lapso temporal para prolação de sentença, não haveria muitos processos com decisão em primeira instância. Dessa forma, foram escolhidos como objeto deste estudo os laudos emitidos em 2007, pois tinham mais chance de permitirem a análise completa do rito processual e, por conseguinte, a constatação da efetividade do laudo na decisão judicial.
Para encontrar os procedimentos dos laudos elaborados em 2007, foi realizada uma pesquisa física no arquivo documental do INC/DITEC, em que todos os preâmbulos dos laudos foram lidos e catalogados em planilha os tipos de procedimentos, quando existentes. Além disso, para os laudos que permaneciam sem essa informação, foi solicitado acesso ao Sistema Cartorário (SISCART), este sistema faz um acompanhamento de inquéritos policiais. Por não existir nesse Sistema a relação entre o número de laudo e o IPL, foi feita uma busca textual pelo procedimento e o resultado foi devidamente alimentado na base da pesquisa.
Após a catalogação dos dados no SisCrim e SISCART, foi enviado um requerimento, via e-mail, à Procuradoria da República do Distrito Federal (disponível no Apêndice 1), solicitando informações sobre 103 inquéritos policiais e cinco notícias crime. Também foi enviado um requerimento, via e-mail, à Procuradoria Geral da República, solicitando informações sobre 15 IPLs que não foram encontrados na Procuradoria da República do Distrito Federal.
De acordo com os órgãos solicitados, alguns inquéritos policiais e as notícias crime não foram localizados, por serem antigos e, à época, os sistemas ainda não serem informatizados. Com os laudos que ainda restaram sem procedimento, foi solicitado acesso ao Sistema de Acompanhamento de Processos da Polícia Federal (SIAPRO) e realizada consulta individual nesta base de dados.
As novas informações foram atualizadas na planilha da pesquisa e dos 908 laudos iniciais foram encontrados os procedimentos de 731 deles, que somados aos 222 que apresentavam procedimentos de requisição, reduziu-se a 953 laudos produzidos em 2007, dos 1.130 iniciais.
procedimentos que não permitiram encontrar os processos onde esses laudos eram elementos de prova, restando 822 laudos. Em 16 destes não foi possível encontrar número de processos, restando como amostra objetivada da pesquisa de 806 laudos distribuídos em 82 processos, conforme a Tabela 2.
Importante salientar, para um melhor entendimento do resultado da tabela, que um só processo contém ou pode conter mais de um laudo.
Tabela 2 – Laudos e processos que compõem o universo da pesquisa
Processo Localização Número do Laudo Total
2002.51.03.001916-9
Outra região* 158, 177, 186, 188, 257, 261, 262, 306, 426, 434, 449, 579, 645, 688, 726, 727, 728, 730, 731, 732, 752, 771, 778, 952, 1116, 1129, 1962 27
2003.51.01.513656-4 Outra região 725 1
2007.51.01.802985-5
Outra região 1195, 1199, 1203, 1204, 1205, 1211, 1216, 1222, 1226, 1230, 1231, 1233, 1234, 1250, 1256, 1259, 1263, 1267, 1270, 1276, 1277, 1282, 1284, 1287, 1288, 1290, 1297, 1305, 1307, 1327, 1328, 1335, 1337, 1339, 1343, 1346, 1363, 1368, 1369, 1372, 1373, 1374, 1376, 1398, 1409, 1411, 1432, 1441, 1451, 1452, 1455, 1498, 1499, 1500, 1512, 1523, 1527, 1532, 1549, 1554, 1555, 1564, 1570, 1584, 1592, 1593, 1603, 1613, 1630, 1646, 1647, 1648, 1690, 1701, 1733, 1757, 1763, 1767, 1771, 1786, 1836, 2001, 2038, 2044, 2045, 2102, 2220, 2298, 2315, 2330, 2332, 2344, 2345, 2346, 2360, 2361, 2382, 2383, 2384, 2385, 2403, 2404, 2405, 2406, 2407, 2424, 2425, 2426, 2476, 2491, 2493, 2496, 2497, 2498, 568, 1166, 2530, 2531, 2533, 2535,
2541, 2554, 2559, 2560, 2578, 2599, 2611, 2613, 2614, 2615, 2639, 2644, 2647, 2648, 2649, 2650, 2651, 2658, 2669, 2677, 2679, 2681, 2682, 2708, 2711, 2718, 2727, 2728, 2731, 2732, 2738, 2739, 2740, 2743, 2744, 2746, 2753, 2757, 2762, 2854, 2857, 2873, 2874, 2875, 2879, 2890, 2891, 2892, 2893, 2894, 2895, 2898, 2901, 2906, 2917, 2918, 2919, 2928, 2929, 2930, 2931, 2933, 2934, 2938, 2939, 2946, 2951, 2952, 2953, 2954, 961,
2964, 2978, 3008, 3009, 3010, 3019, 3020, 3022, 3025, 3027, 3047, 3048, 3052, 3053,
3061, 3072, 3319, 3402 209
2006.61.81.008647-8 Outra região 232 1
2005.34.00.018457-9 10ª VF DF 218 1
2007.34.00.008905-5 10ª VF DF 1006 1
2003.34.00.007580-6 10ª VF DF 733 1
Processo Localização Número do Laudo Total
2670, 2672, 2683, 2692, 2696, 2700, 2701, 2707, 2714, 2716, 2846, 2852, 2853, 2860, 2889, 2936, 2956, 2968, 2970, 2984, 2989, 3007, 3013, 3028, 3040, 3044, 3059, 3070, 3082, 3090, 3294, 3298, 3312, 3321, 3392,
3614, 3615
2004.34.00.022446-2 10ª VF DF 779,1751 2
2007.34.00.020644-8
10ª VF DF 515, 517, 526, 533, 537, 555, 571, 572, 591, 593, 595, 601, 610, 625, 628, 833, 846, 850, 908, 1070, 1859, 1861, 1905, 1924, 1925, 1961,
1963, 1988, 1991, 1995, 2002, 2019, 2046,
2061, 2079, 2097, 2099, 2114, 2135 39 2009.01.00.014241-1 10ª VF DF 318, 321, 363, 405, 452, 458, 800, 2201 8
2005.34.00.017475-6 10ª VF DF 1730 1
2006.34.00.007114-5 10ª VF DF 2861 1
2006.34.00.007116-2 10ª VF DF 2618 1
2007.34.00.004000-7 10ª VF DF 1922 1
2007.34.00.034767-9 10ª VF DF 768 1
2007.34.00.038344-9 10ª VF DF 851 1
2007.34.00.038761-0 10ª VF DF 960, 970, 971, 972, 973, 974, 975 7
2007.34.00.042727-5 10ª VF DF 985, 986, 987, 988, 989 5
2007.34.00.043999-6 10ª VF DF 1071 1
2007.34.00.013501-8 10ª VF DF 355, 383 2
2007.34.00.005171-2 10ª VF DF 401 1
2004.34.00.001259-3 10ª VF DF 250, 251, 253, 255, 273, 308 6
2007.34.00.003758-1 10ª VF DF 186 1
2007.34.00.007847-0 12ª VF DF 305 1
2003.34.00.005724-6 12ª VF DF 578 1
2006.34.00.013309-0 12ª VF DF 2186, 2483, 2524, 2545, 2575, 2589, 2597, 2627, 2663, 2694 10
2001.34.00.015401-7 12ª VF DF 1026, 1044, 1047, 1076 4
2005.34.00.015671-3
12ª VF DF 544, 595, 606, 639, 693, 748, 758, 774, 1109, 1874, 2074, 2080, 2090, 2216, 2236, 2242, 2244, 2253, 2254, 2259, 2267, 2276, 2290,
2303, 2329, 2359, 2475 27 2006.34.00.018367-3
12ª VF DF 85, 86, 87, 88, 112, 132, 170, 198,198, 201, 230, 258, 272, 342, 480, 488, 543, 550, 589,
658, 1031, 1516 22
2006.34.00.014533-0 12ª VF DF 2773, 2991 2
2006.34.00.007113-1 12ª VF DF 2845 1
2006.34.00.007115-9 12ª VF DF 2759 1
2005.34.00.027858-8 12ª VF DF 282 1
33968-89.2010.4.01.3400 12ª VF DF 201 1
2007.34.00.027881-8 12ª VF DF 447 1
2007.34.00.029490-1 12ª VF DF 465 1
Processo Localização Número do Laudo Total
2007.34.00.039935-1 12ª VF DF 575 1
2007.34.00.039271-5 12ª VF DF 841 1
2007.34.00.035842-8 12ª VF DF 824 1
2004.34.00.029402-3 12ª VF DF 267, 743, 763, 915 4
2007.34.00.041105-0 12ª VF DF 917 1
2007.34.00.041116-7 12ª VF DF 927 1
2007.34.00.011873-8 12ª VF DF 338, 370, 665, 692, 707, 722 6
2007.34.00.016822-5 12ª VF DF 423 1
2005.34.00.002350-7 12ª VF DF 926 1
2007.34.00.018764-3 12ª VF DF 512 1
2007.34.00.024235-5 12ª VF DF 524 1
2006.34.00.033076-0 12ª VF DF 1025 1
2007.34.00.033342-7 12ª VF DF 843 1
2007.34.00.700703-4
2ª JEF /12 VF 1694, 1709, 1710, 1711, 1715, 1721, 1722, 1724, 1728, 1734, 1742, 1753, 1761, 1772, 1773, 1779, 1780, 1790, 1791, 1792, 1797, 1803, 1804, 1805, 1832, 1842, 1845, 1852, 1855, 1863, 1876, 1881, 1884, 1895, 1902, 1903, 1904, 1906, 1934, 1975, 1976, 1977, 1978, 1980, 1989, 2023, 2031, 2037, 2062, 2077, 2095, 2127, 2174, 2191, 2195, 2227, 2243, 2255, 2280, 2281, 2327, 328, 2350, 2367,
2377, 2414, 2438, 2455, 2499, 2516, 2548, 2573, 2808, 2844, 2855, 3207, 3231, 3245, 3246, 3248, 3249, 3250, 3251, 3252, 3253, 3254, 3255, 3256, 3276, 3296, 3336, 3339, 3340, 3342, 3343, 3344, 3346, 3347, 3348, 3350, 3354, 3355, 3356, 3357, 3358, 3359, 3360, 3361, 3362, 3363, 3387, 3396, 3462, 3496, 3519, 3520, 3522, 3523, 3526, 3527, 3528, 3530, 3531, 3533, 3534, 3535, 3536, 3537, 3538, 3539, 3540, 3541, 3542, 3543, 3544, 3545, 3546, 3547, 3548, 3549, 3556,
3570, 3607, 3684, 3687 145
200703464439 Cristalina GO 787, 795 2
200602835466 Luziânia GO 211 1
2006.35.00.005774-6 11ª VF GO 438, 441, 471, 770, 848, 872, 888, 1072, 1074 9 2006.35.00.017046-3 11ª VF GO 70, 114, 125, 127, 128, 133, 134, 143, 147, 149,
151, 169, 171, 178, 179,200, 202, 212, 213,
236, 247, 256, 330, 331, 335 25 2006.35.00.017044-6 11ª VF GO 3, 7, 19, 20, 27, 57, 58, 102, 106, 135, 139, 140, 260 13
2006.35.00.016878-2
11ª VF GO 1283, 2277, 2278, 2423, 2454, 2470, 2486, 2504, 2537, 2569, 2612, 2726, 2734, 2878,
3085 15
Processo Localização Número do Laudo Total
2006.35.00.018056-7 11ª VF GO 357, 511, 684, 793, 854 5
2006.35.00.018060-8 11ª VF GO 766, 837 2
2004.43.00.002281-2 1ª VF TO 340, 495, 508, 587, 619, 634, 691, 753, 756, 759 10
2006.30.00.000609-1 1ª VF AC 2386 1
2007.30.00.000646-5 3ª VF AC 2064 1
2005.30.00.0001522-7 AC 820,2067 2
2004.38.00.036647-4 JE Unaí 530 1
2005.38.00.024929-4 Inquérito no 2245/MG
STF 519, 520, 521, 522, 523, 524, 525, 526, 618, 620, 621, 622, 623, 624, 625, 626, 627, 862, 863, 864, 865, 866, 867, 868, 869, 870, 871, 1061, 1062, 1063, 1064, 1065, 1066, 1067,
1068, 1069, 1070, 1071, 1119,1746, 1747 41
IPL 2267-STF STF 2066 1
2006.38.00.035798-0 (Voltou ao TRF sem
sentença)
STF 139, 143, 145, 154, 156, 165, 167, 177, 180, 184, 199, 219, 225, 229, 233, 244, 247, 266, 269, 279, 283, 289, 301, 306, 307, 322, 327,
362, 471, 646, 713 31
2004.39.01.001380-5 Marabá 4ª VP/ 557, 573, 604, 642 4
2002.35.00.003704-0 JE Marabá 924 1
2007.01.1.098923-5 1ª VECP/DF 758 1
2007.01.1.099728-8 1ª VECP/DF 1029 1
2007.01.1.129404-0 1ª VECP/DF 909 1
2007.01.1.108318-5 2ª VECP/DF 778, 779 2
2007.01.1.097699-9 3ª VECP/DF 558 1
2007.01.1.128383-3 3ª VECP/DF 879, 1011, 1024 3
2007.01.1.129424-2 3ª VECP/DF 982 1
2007.01.1.098919-6 4ª VC/TJDFT 546, 561, 574 3
2007.01.1.091239-6 4ª VC/TJDFT 476 1
2007.01.1.110941-7 4ª VC/TJDFT 767 1
Total de processos 82 Total de laudos 806
* refere-se aos processos que não pertencem ao TRF da 1ª Região
acessíveis em meio digital. Os laudos foram então primeiramente separados pela localização dos processos que os continham, conforme a Tabela 3.
Tabela 3- Distribuição dos processos por localização
Distribuição dos processos por localização
Localização Quantidade
Outra região 4
10ª Vara Federal do DF 20
12ª Vara Federal do DF 28
11ª Vara Federal de GO 8*/ 5
1ª Vara Federal do AC 3
1ª Vara Federal de TO 1
TJDFT 10
Justiça Estadual de GO 2
Justiça Estadual de MG 1
Justiça Estadual do PA 2
STF 3
Total 79
*quatro processos foram reunidos em um, no final restaram cinco processos.
3.5.2 Fase externa - Judicial
Com a divisão acima foi primeiramente realizada visita às 10ª e 12ª Varas Federais da Justiça Federal do Distrito Federal. Nesse contato, a autora foi instada a solicitar à 12ª Vara Federal, via e-mail, os processos que desejava consultar sentença, e a enviar um Ofício à 10ª Vara Federal do Distrito Federal, subscrito pelo Diretor Técnico-Científico, solicitando acesso às sentenças dos processos que estavam no recorte temporal da pesquisa, conforme Apêndice B.
Dos vinte processos solicitados à 10ª Vara Federal do Distrito Federal, foram encontrados e disponibilizados à pesquisadora, em duas visitas, cinco processos com sentença, cinco arquivados, cinco sem sentença, dois sem ação penal2. Além disso,
2
identificou-se que outros três processos não estavam disponíveis na Vara, sendo que destes, dois foram enviados a outra seção judiciária, e um ao TRF3.
Na 12ª Vara Federal do Distrito Federal, em três visitas realizadas, de um total de vinte e oito, foram encontrados e disponibilizados seis processos com sentença, oito arquivados por solicitação da autoridade solicitante e três que não possuem sentença4. Não foi possível acessar onze processos5, pois sete foram remetidos à outra Seção Judiciária, um se encontra em poder do Ministério Público e três não foram localizados. Os processos que estão em outras seções e os que ainda não possuem sentença foram retirados do universo da pesquisa, bem como os que não foram localizados. Restando 14 processos para apreciação dos 28 iniciais.
As cópias de sentenças referentes aos processos que se encontram no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) foram recolhidas em visita realizada no dia 16 de julho, não tendo sido encontrado um processo (2007.01.1.129424-2). Ressalte-se que a celeridade na coleta destas sentenças deu-se por intermédio de relação interpessoal entre a pesquisadora e uma servidora daquela comarca.
As sentenças relacionadas aos processos localizados em outras regiões foram encontradas mediante buscas no sistema de acompanhamento processual dos sítios eletrônicos dos respectivos Tribunais6. O processo 2007.51.01.802985-5 teve sua sentença disponibilizada, no entanto, foi excluído da amostra, por não atender ao recorte de viabilidade e por tratar-se de processo que não pertence ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, fato que prejudicaria o acesso aos autos do processo.
Os oito processos originais da Seção Judiciária de Goiás transformaram-se em cinco, porque os processos 2006.35.00.021020-0, 2006.35.00.018060-8 e
3
Enviados a outra Seção Judiciária (2006.34.00.007116-2, 2007.34.00.004000-7), remetido ao TRF (2007.34.00.013501-8).
4 Com sentença 2007.34.00.027881-8, 2007.34.00.039935-1, 2007.34.00.039271-5, 2007.34.00.024235-5, 2007.34.00.041116-7, 2007.34.00.007847-0), não apresentam sentença (2006.34.00.013309-0, 2006.34.00.018367-3, 2005.34.00.002350-7).
5 Remetidos a outra Seção (2003.34.00.005724-6, 2001.34.00.015401-7, 2005.34.00.027858-8, 2007.34.00.036798-2, 2007.34.00.035842-8, 2007.34.00.016822-5, 2007.34.00.033342-7), em poder do MP (2007.34.00.029490-1), não foram encontrados (2004.34.00.029402-3, 2007.34.00.041105-0 e 33968-89.2010.4.01.3400).
2006.35.00.018056-7 foram reunidos ao processo 2006.35.00.019640-4. A pesquisa a esses cinco processos foi realizada no sistema de acompanhamento processual do sítio eletrônico da respectiva Seção7. Somente foi encontrada a sentença do processo 2006.35.00.017144-8 (originalmente 2006.35.00.017044-6).
Foi realizada uma visita à 4ª Turma do TRF da 1ª Região e solicitado, por e-mail, em junho, acesso às sentenças dos processos 2006.35.00.005774-6, 2006.35.00.017046-3, 2006.35.00.016878-2, 2006.35.00.019640-4, 2006.35.00.017140-3. No dia 07/08/2013, foi informado por telefone que os processos correm em segredo de Justiça e que não seria possível permitir acesso a eles. Por esse motivo, foram excluídos da pesquisa.
Os processos originários na Seção Judiciária do Acre foram acessados no sistema de consulta processual disponível na página virtual
http://processual.trf1.jus.br/consultaProcessual/. Foram encontradas duas sentenças8.
O processo 2004.43.00.002281-2, que se tornou o 2005.43.00.000555-6, foi sentenciado sem exame do mérito por extinção de punibilidade, de acordo com informações da Seção Judiciária do Tocantins.
Na Justiça estadual de Goiás foi possível encontrar no sítio eletrônico
www.tjgo.jus.br apenas a sentença do processo 200602835466.
Em consulta ao processo 2004.39.01.001380-5, verificou-se que foi declinada a competência e este foi encaminhado à comarca de Marabá onde recebeu o número 0001389-31.2008.8.14.0028 e até o dia 15/07/2013 não apresentava sentença. O processo 2002.35.00.003704-0, da mesma comarca, não foi encontrado.
Os processos que se encontravam no STF foram consultados no site daquele Tribunal. O processo com número 2007.34.00.027078-6 teve declaração de extinção de punibilidade por ocorrência de prescrição penal. O processo IPL 2267 apresenta decisão com declínio de competência. O processo 200638000357980 foi remetido ao TRF e não
7
O processo 2006.35.00.005774-6 consta como baixado e não foi possível acessar sua sentença. O processo 2006.35.00.017046-3 foi modificado para 2006.35.00.017140-3, que trata da Operação Replicante, possui sentença, mas a mesma não está disponível para consulta, atualmente se encontra na 4ª Turma do TRF da 1ª Região, onde também se encontra o processo 2006.35.00.016878-2 (modificado para 2006.35.00.017138-0). Foram encontrados os embargos de declaração do processo 2006.35.00.019640-4, no entanto não foi possível realizar a análise porque a sentença não foi encontrada.
8 Com sentença (2007.20.00.000646-5 e 2006.30.00.001668-5 - cujo processo originário era o
apresenta sentença. O processo de numeração 2005.38.00.024929-4 trata de crime contra a administração pública, desvio de verbas, mais precisamente do caso mensalão, este processo apresenta 32 acórdãos, 54 decisões monocráticas, 54 decisões da presidência, 11 questões de ordem e, até o presente momento, não possui sentença.
A Ação Penal nº 2004.38.00.036647-4/MG que tramita na 9ª Vara Federal de Belo Horizonte, movida pelo Ministério Público Federal, ainda não possui sentença.
Para facilitar o entendimento e delimitar a amostra final da pesquisa as observações anteriores foram distribuídas na Tabela 4.
Tabela 4 - Distribuição final dos processos analisados
Distribuição dos processos por localização
Localização Quant.
Inicial
Não
encontrado seção / Outra MP
TRF Sem sentença/ação
penal/ Dispositivo Baixado Quant. Final
Outra região 4 1 - - 2 - 1*
10ª Vara Federal
do DF 20 - 2 1 7 - 10
12ª Vara Federal
do DF 28 4 5 2 3 14
11ª Vara Federal
de GO 5 3 - - - 1 1
1ª Vara Federal
do AC 3
- - - 1 2
1ª Vara Federal
de TO 1 1 - - -
TJDFT 10 1 - - 9
Justiça Estadual
de GO 2 1 - - 1
Justiça Estadual
de MG 1
- - 1 -
Justiça Estadual
do PA 2 1 - 1 -
STF 3 1 2
Total 79 12 7 3 15 2 40
* Este processo e seus laudos foram excluídos da pesquisa, pois não pertence ao TRF da 1ª Região
Figura 4- Distribuição percentual dos laudos analisados e excluídos da pesquisa.
4. DISCUSSÃO
O objetivo desta pesquisa é responder a questão: “O Laudo Pericial de Informática é importante para formar a convicção do magistrado e assim influenciar a decisão judicial?”.
4.1 Tratamento dos Dados e Análise dos Resultados
Para tratamento dos dados foi necessário fazer uma transformação sistematizada da informação e, por meio da análise de conteúdo, interpretar o significado do conjunto de dados obtidos.
Foram lidas, analisadas, triadas e organizadas todas as sentenças judiciais e as decisões de arquivamento, bem como o teor dos laudos, para verificar se as informações ali apresentadas foram utilizadas na formação da convicção do magistrado para prolação da sentença ou decisão de arquivamento.
Os dados sobre processos arquivados e sentenciados foram analisados separadamente. Como parâmetro para medir a relevância dos laudos, inicialmente foi realizada a interpretação dos resultados destes para, em seguida, verificar se havia relação com o que foi proferido na sentença. Ou seja, foi analisado se o laudo influenciou diretamente a decisão – casos em que foi citado explicitamente; ou indiretamente, casos em que a sentença refletiu a conclusão do laudo sobre materialidade e/ou autoria.
Posteriormente, os dados foram organizados de forma a disponibilizar as informações de maneira clara e ordenada, buscando oferecer resposta ao problema proposto.
Para esta pesquisa foram escolhidas as variáveis “Laudo conclusivo”, “Quesito” e “Tipo penal” para agrupar os resultados e encontrar uma relação de casualidade, em torno do interesse da pesquisa, considerando que nem sempre os laudos são citados de forma explícita.
dispositivo legal que tipifica o crime, foi considerado variável para verificar se possui influência na utilização ou não do Laudo como elemento de prova.
Algumas sentenças e decisões de arquivamento não foram disponibilizadas em seu inteiro teor, o que, em alguns momentos prejudicou uma análise mais profunda da relação entre o laudo pericial e sua efetiva utilização no processo. Para facilitar o entendimento, quando se tratava de resumo da sentença foi sinalizado na Tabela 7.
4.1.1 Processos Arquivados
Inicialmente foi feita a análise dos processos arquivados. Para que haja arquivamento de um processo existem três circunstâncias, a saber:
(a) Inexistência de provas sobre a condenação;
(b) Inexistência de crime (seja por se tratar de fato atípico ou porque o réu agiu acobertado por excludente de ilicitude);
(c) Advento de causa de extinção de punibilidade, que pode ocorrer por prescrição ou decadência, por exemplo.
Os 13 processos arquivados correspondem em nossa pesquisa a 190 laudos. Na tabela 5, as justificativas de arquivamento foram transcritas para a coluna motivo, de acordo com o que foi proferido no dispositivo legal analisado.
Tabela 5- Análise dos processos arquivados.
Análise dos processos arquivados
Numeração Laudo conclusivo Quesito Tipo penal Motivo
2003.34.00.007580-6 Sim – agrupou documentos, imagens e mensagens. Não Art. 317 CP - Crimes contra a Adm. Pública investigação criminal. Não há evidência de crime Ausência de justa causa para prosseguimento da 2004.34.00.022446-2 Sim – Não encontrou autoria
ou materialidade
Sim Art. 241 da Lei 8.069/90
(Pornografia infantil via Internet)
Não se verificou indiciado
2005.34.00.017475-6 Sim – Não encontrou autoria Sim Art. 241 da Lei 8.069/90 (Pornografia infantil via Internet) Impossibilidade de identificar a autoria do delito 2006.34.00.007114-5 Sim – não identificou usuário que publicou * Sim Art. 241 da Lei 8.069/90 (Pornografia infantil via Internet) Fato atípico de acordo com a lei vigente à época 2007.34.00.008905-5
Sim – respondeu aos quesitos*
Sim Art. 325 CP e art. 10 Lei 9.296/96 (Crimes contra a Adm Pública)
Não considera presente os elementos de tipo
2005.34.00.015671-3 indicar autoria e materialidade Sim - dados extraídos sem Sim Art. 155 CP (Furto) – Crimes contra o patrimônio Inexistência de materialidade
2006.34.00.014533-0 Sim – um dos laudos extraiu relação de dados solicitados Sim Art. 289 §§ e 290 Moeda falsa – Crimes contra a fé pública Não há elementos suficientes para dar início à ação penal 2006.34.00.007113-1 Sim – não identificou usuário
que publicou*
Sim Lei 8.069/90 (Pornografia infantil via Internet)
Ausência de materialidade delitiva
2006.34.00.007115-9 Sim – não identificou usuário que publicou*
Sim Lei 8.069/90 (Pornografia infantil via Internet)
Fato atípico de acordo com a lei vigente à época e falta de provas quanto a autoria
2007.34.00.011873-8 Sim – laudos com arquivos de interesse do apuratório Sim Art. 297 Lei 8.212/91 Crimes contra a fé pública Suspensão de pretensão punitiva. Declaração de incompetência, pois não há dano à União. 2007.34.00.018764-3 Sim – identificou usuário do Orkut, mas não o indivíduo Não Art. 139, 140 e 141 do CP – Crimes contra a honra Extinção da punibilidade por prescrição (art. 107, IV, CP) 2006.34.00.033076-0 Sim – identificou material de
rádio
Sim Lei 9.472/97 - Art. 183 Crimes contra as telecomunicações
Dentre os 12 processos arquivados, com um total de 45 laudos, percebe-se que 41,7% referem-se ao crime de pedofilia e todos foram arquivados por impossibilidade de se verificar a autoria, conforme citado nos laudos desses processos. Dois arquivamentos citam ainda que os casos examinados tratavam de fatos atípicos, considerando que os laudos identificaram pessoas que acessaram e fizeram download das imagens, mas não identificaram o autor das publicações. Cabe ressaltar que, à época, apenas a publicação desse tipo de material era tipificado em lei como crime. Dessa forma, percebe-se claramente a importância do laudo pericial de informática para o arquivamento dos referidos processos. Esses laudos representam 13,3% de 45 laudos analisados que estavam em processos arquivados.
Os crimes contra a Administração Pública representam 16,7% dos processos arquivados por não haver evidência de fato ilícito. Na proposta de arquivamento de um dos processos, o Ministério Público cita explicitamente o laudo utilizado. Os dois laudos presentes nos autos representam 4,4% dos laudos analisados.
Analisando os crimes contra a fé pública (16,7%), verifica-se que, no caso do arquivamento por suspensão de pretensão punitiva, a decisão está motivada nas provas apresentadas nos autos, considerando que foi somente declarada a incompetência do Juízo por não haver dano à União, sendo estes remetidos ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. No arquivamento do processo 2006.34.00.014533-0 não foram encontrados elementos suficientes para dar prosseguimento à ação penal. Os oito laudos aqui citados equivalem a 17,8% dos laudos analisados (sub-amostra de laudos relativos a processos arquivados).
Depreende-se da pesquisa que o processo de crime contra a honra (8,3%) teve extinguida sua punibilidade por prescrição de lapso temporal, uma vez que não foi possível identificar a autoria, fato que também foi informado no Laudo Pericial (equivalente a 2,2%).
A análise ao processo de crime contra o patrimônio (8,3%) teve a maior amostragem de laudos deste recorte, ou seja, 60% dos laudos, e todos estes eram de extração de arquivos existentes em mídias, sem quesitação específica que indicasse autoria ou materialidade.
pelo pedido de arquivamento, uma vez que não identificou o responsável pela estação clandestina.
Tabela 6- Análise dos arquivamentos
Motivo Qtd Laudo % Qtd processo %
Ausência de autoria 4 8,9 3 25
Ausência de materialidade 31 68,9 4 33,3
Atipicidade da conduta 3 6,7 3 25
Suspensão da pretensão punitiva 6 13,3 1 8,3
Extinção da punibilidade 1 2,2 1 8,3
Total 45 12
De acordo com a análise acima, infere-se que dos 45 laudos distribuídos nos 12 processos arquivados que compõem o objeto em análise, os laudos elaborados tiveram influência para a decisão judicial proferida considerando que o que foi neles relatado está de acordo com os motivos apresentados para proposição e decisão pelo arquivamento, o que corresponde a 100% dos processos arquivados.
Como foi dito anteriormente, os laudos de informática nem sempre conseguem encontrar a autoria de forma direta, considerando o tipo de vestígio dos crimes cibernéticos. Desse modo, é possível dizer que um determinado computador foi utilizado, mas afirmar quem utilizou esse equipamento não é tarefa fácil para os peritos de informática. Na maioria dos crimes que envolvem dispositivos de armazenamento computacional, a materialidade, ou seja, a comprovação efetiva da ocorrência de um delito é mais fácil de ser evidenciada. Para tanto é necessário que a quesitação no procedimento que solicita o laudo seja clara e objetiva, pois considerando o volume de dados a se analisar é necessário que o perito saiba o que precisa encontrar.
4.1.2 Processos Sentenciados
Tabela 7- Análise das sentenças encontradas.
Análise das Sentençcas Encontradas
Numeração Laudo Conclusivo Quesitos Tipo Penal Sentença
2007.01.1.110941-7 Sim – dados extraídos do celular Sim Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito Cita laudo de substância. Condenatória 2007.01.1.091239-6 Sim – dados extraídos do
celular
Sim Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Cita laudo de substância. Condenatória
2007.01.1.098923-5
Sim – dados extraídos do celular com relação entre
os chips
Sim Art. 33, 35 e 40, III e V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico
Ilícito
Condenatória (sem inteiro teor)
2007.01.1.098919-6 Sim – dados extraídos do celular
Sim Art. 33, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória (sem inteiro teor) 2007.01.1.128383-3 Sim – dados extraídos do
celular
Sim Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória (sem inteiro teor) 2007.01.1.097699-9 Sim – dados extraídos do
celular
Sim Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória (sem inteiro teor) 2007.01.1.108318-5 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Cita o laudo de substância. Condenatória 2007.01.1.129404-0 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Cita o laudo de substância e o de celular no relatório. Condenatória
2007.01.1.099728-8 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória (sem inteiro teor) 2007.34.00.038344-9
Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 334 CP (descaminho) Crimes praticados por particular contra a
Administração em geral
Absolutória, pois o fato não constitui crime, por ausência de tipicidade, em razão do princípio da
insignificância. Cita laudo merceológico 2007.34.00.042727-5 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, I e V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória. Cita laudo de celular em que cada um dos réus recebeu ligação do mesmo número 2007.34.00.043999-6 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, I, III e V, Lei 11.343/06
Crime de Tráfico Ilícito
Análise das Sentençcas Encontradas
Numeração Laudo Conclusivo Quesitos Tipo Penal Sentença
2007.34.00.003758-1 Sim – dados extraídos do
celular Sim
Art. 33 e 40, I, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória. Cita laudo de telefone celular e substância
2004.34.00.001259-3 Sim – dados extraídos dos equipamentos
Sim Art. 312, 29, 71, c/c 288 CP, Art 333 CP e 317 CP
Crimes contra a paz publica
Condenatória
2007.34.00.027881-8 Sim – dados extraídos do celular Sim Art. 33 e 40, I, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito Condenatória. Cita o laudo de substância 2007.34.00.039935-1 Sim – dados extraídos do
celular
Sim Art. 33 e 40, I, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória. Cita o laudo de substância
2007.34.00.039271-5 Sim – dados extraídos do celular
Sim Art 334 CP Descaminho – Crimes praticados por particular contra a
Administração em geral
Extinção da punibilidade em razão do integral cumprimento das condições impostas no sursis
processual
2007.34.00.024235-5 Sim – dados extraídos do pendrive
Sim Art 334 CP Descaminho – Crimes praticados por particular contra a
Administração em geral
Absolutória (sem inteiro teor)
2007.34.00.041116-7 Sim – dados extraídos do celular
Sim Art. 33 e 40, I e V, Lei 11.343/06 Crime de Tráfico Ilícito
Condenatória. Cita o laudo de substância 2007.34.00.007847-0 Sim – dados extraídos do
celular
Sim Art. 289 e 290) - Crimes contra a fé pública
Condenatória. Cita laudo pericial (moeda)
IPL 2267 Sim.- 20 arquivos extraídos Não Crimes contra a honra Declínio de competência e remessa dos autos ao TJDFT
2005.38.00.024929-4
Sim – Laudos de extração de dados
Art. 1, Lei 9.613/98 - Lavagem de dinheiro. Crimes contra a paz
pública – quadrilha ou bando
Condenatória. Acórdão com 8405 páginas que cita a palavra laudo(s) 1762 vezes. Menciona explicitamente laudos contábeis, econômicos e
documentoscópicos, dentre eles 3042/2005, 3058/2005, 096/2006, 1854/2006, 2076/2006, 2828/2006, 1450/2007, 1870/2009, 2046/2009 2006.35.00.017044-6 Sim – encontraram
Análise das Sentençcas Encontradas
Numeração Laudo Conclusivo Quesitos Tipo Penal Sentença
programas maliciosos, lista de senhas, dados bancários e de e-mails.
pena e lhe concedido indulto. A sentença da apelação cita os laudos de informática, mas diz que o MP não juntou prova idônea das instituições
financeiras (documentos que comprovem a transferência por meio do Internet Protocol). 2007.30.00.000646-5 Sim – data, hora e autor
identificados
Sim Art. 312, c/c 29 e 71 CP Crimes Contra a Administração Pública –
Penal
Condenatória
2005.30.00.001522-7 Sim – Laudos de extração de dados Não Art. 299 Falsidade Ideológica – Crimes Contra a Fé Pública Condenatória e absolutória (sem inteiro teor) 200602835466 Sim – dados extraídos do
celular
LEI: 6368/76, artigo 12 Trafico ilícito
Absolutória (sem inteiro teor)