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1Universidade Federal de Santa Maria, Curso de Psicologia. Av. Roraim a, 1000, Cidade Universitária, Cam obi, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. Correspondência
p ara/ Correspondence to: C.H. GIACOMONI. E-m ail: < giacom on@uol.com .br> .
2Universid ad e Fed eral d o Rio Gran d e d o Sul, In st it ut o d e Psicolog ia, Dep art am ento de Psicologia do Desenvolvim ento e da Personalidade. Porto Alegre,
RS, Brasil.
Apoio: Coordenação de Aperfeiçoam ento de Pessoal de Nível Superior.
Agradecim ento aos alunos do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Ana Paula Tibulo, Gabriel da Silva Mazzini e Joceline Fátim a Zanchetin, pela participação na coleta, digitação e análise dos dados.
Escala m ult idim ensional de sat isfação de vida p ara
crianças: est udos de const rução e validação
M ult idim en sion al life sat isfact ion scale for ch ildren :
developm en t an d validat ion st u dies
Clau d ia Ho fh ein z GIACOM ONI1
Cláu d io Sim o n H U TZ2
Resumo
Os objetivos deste trabalho foram desenvolver um a escala, que foi intitulada de Escala Multidim ensional de Satisfação de Vida para Crianças, assim com o apresentar inform ações substanciais sobre as propriedades psicom étricas do instrum ento. Paralela-m ente, viabilizou-se a testageParalela-m do Modelo MultidiParalela-m ensional de Satisfação de Vida Infantil de Huebner. ForaParalela-m realizados estudos de construção e de validação da escala. A versão final da Escala Multidim ensional de Satisfação de Vida para Crianças contém 50 itens, distribuídos em seis fatores: self, self Com parado, Não-Violência, Fam ília, Am izade e Escola. Foram encontradas consistências internas adequadas para cada um a d as sub -escalas, assim com o p ara a escala t ot al. A validade concorrente das sub-escalas da escala m ultidim ensional de satisfação de vida para crianças foi confirm ada por correlações m édias com m edidas crit ério.
Unitermos: Bem -estar subjetivo. Escala de satisfação de vida. Validade.
Abstract
The m ain purpose of this study w as to develop a Multidim ensional Life Satisfaction Scale for Children, as w ell as to present significant
psychom etric inform ation. In parallel, w e tested Huebner’s Children’s Life Satisfaction Multidim ensional Model. Construction and validation
studies w ere carried out. The final version of the Multidim ensional Life Satisfaction Scale for Children includes 50 item s, divided into 6 groupings:
self, Com pared self, Non-violence, Fam ily, Friendship and School. We found adequate internal consistencies for each subscale as w ell as for the
scale as a w hole. The concurrent validity of the Children’s Life Satisfaction Multidim ensional sub-scales w as confirm ed through average
correlation coefficients using criterion m easurem ent.
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O bem -estar subjetivo é com posto por três
fato-res, que se inter-relacionam : o afeto positivo, o afeto
negativo e a satisfação de vida (Andrew s & Withey, 1976; Cam pbell, Converse & Rodgers, 1976; Diener 1984, 1994).
Os dois prim eiros são definidos pelas respostas afetivas,
enquanto a satisfação de vida é definida com o um a resp osta avaliativa cognitiva. Mais esp ecificam ente, a
avaliação da satisfação de vida pode ser feita
global-m en t e, ou seja, d a vid a coglobal-m o uglobal-m t od o, ou sob re dom ínios esp ecíficos, com o, p or exem p lo, a fam ília, o
trabalho, a vida escolar.
Além d as m ed id as so b re sat isfação d e vid a
global (Diener, Em m ons, Larsen & Griffin, 1985), algum as m ed id as m ult id im ensionais t êm sid o d esenvolvid as
para o uso em pesquisas com adultos (Evans, Burns,
Robinson & Garret, 1985; Frisch, Cornell, Villanueva &
Retzlaff, 1992). Medidas especialm ente desenvolvidas
p ara crianças são m ais raras do que p ara adultos.
Encont rou-se, na lit erat ura, d uas escalas q ue
avaliam satisfação de vida glob al infantil: a Escala de
Satisfação de Vida Percebida, de Adelm an, Taylor e Nelson
(1989), e a Escala de Satisfação de Vida de Estudantes, de
Huebner (1991a, 1994b, 1995), além de escalas para avaliar
q u alid ad e d e vid a in fan t il (Assu m p ção , Ku czyn ski,
Sprovieri & Aranha, 2000; Harding, 2001).
Alguns anos ap ós a construção das p rim eiras
escalas u n id im en sio n ais d e sat isfação d e vid a, fo i
desenvolvida a Escala de Satisfação de Vida
Multidi-m ensional, por Huebner (Huebner,1994a, 1998a, 1998b;
Huebner, Laughlin, Ash & Gilm an,1998; Gilm an, Huebner
& Laughlin, 2000), baseada nos m odelos m ultidim
en-sionais explicativos de bem -estar subjetivo de adultos
(Headey, Holm strom & Wearing, 1984) e nos resultados
dos estudos correlatos entre satisfação de vida infantil e
outras variáveis. Hueb ner tam b ém p rop ôs o Modelo
Multidim ensional de Satisfação de Vida Infantil (Huebner,
1994a), n o q ual con st avam os seg uin t es d om ín ios:
fam ília, escola, self e am izade. O que levou Huebner a
criar este m odelo foi o fato de os estudos já realizados
(Huebner, 1998a, 1998b; Huebner et al., 1998; Huebner &
Dew , 1993; Gilm an et al., 2000), em que se utilizou a
Escala de Satisfação de Vida Multidim ensional,
suge-rirem que crianças e adolescentes diferenciam , assim
com o os adultos, os diferentes dom ínios de satisfação
de vida.
No Brasil, encontra-se a adaptação da Escala de
Satisfação de Vida de Estudantes, por Giacom oni (1998),
com resultados não satisfatórios quanto à confiabilidade (Alpha de Cronbach= 0,50). Entre as hipóteses analisadas
p or est e aut or com o causa d a b aixa fid ed ig nid ad e
encontrada para esta escala de Huebner, é apontada a influência dos asp ect os cult urais, que det erm inam a
constituição das crenças, valores e m etas individuais
que, p or sua vez, tam b ém com p õem o p rocesso de avaliação da vida.
A p art ir d o s resu lt ad o s d e o u t ro est u d o d e
Giaco m o n i (2002) so b re o co n ceit o d e felicid ad e,
am p liou-se o Modelo Multidim ensional de Satisfação de Vida Infantil de Huebner, adicionando-se, aos quatro
dom ínios já existentes, outros quatro novos dom ínios:
satisfação d e n ecessid ad es b ásicas m at eriais, lazer, não-violência e satisfação de desejos.
Observando a falta de instrum entos
adequada-m ente elaborados para crianças e desenvolvidos a partir
d a cu lt u ra b rasileira, e b u scan d o t est ar o M o d elo Multidim ensional de Satisfação de Vida Infantil,
definiu--se com o objetivo geral deste estudo desenvolver um a
Escala M ult id im ensional d e Sat isfação d e Vid a p ara Crianças (EMSVC). Além disso, procurou-se: a) identificar
um p erfil da satisfação das crianças com relação aos
d o m ín io s esp ecífico s d e su as vid as; b ) verificar as caract eríst icas p sicom ét ricas d o in st rum en t o con
s-truído; c) verificar se a estrutura fatorial encontrada na
escala m ultidim ensional envolve dim ensões p sicologi-cam ente significativas; d) com provar a validade
con-co rren t e d o in st ru m en t o , p ela con-co m p aração con-co m
in st ru m en t o s q u e m ed em co n st ru t o s p sico ló g ico s correlatos; e) verificar, quanto aos dom ínios de satisfação
de vida infantil, possíveis diferenças entre sexos, faixa
etária e tipo de escola. Para tanto, foram realizados dois estudos, apresentados a seguir: um de construção da
escala e outro com intuito de validá-la.
Método
Tanto na construção da escala quanto em sua
valid ação, h ouve a p art icip ação d e crian ças, p ois o
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(n= 10); e, considerando-se a dificuldade das crianças
frente a alguns itens, os m esm os foram reelaborados
ou excluídos, chegando-se a um a segunda versão, com 60 itens. Então, selecionou-se as escolas para a realização
da pesquisa, e aplicou-se a escala à am ostra com pleta
de crianças do Estudo 1 (n= 661). Apenas na etapa de análise de resultados, o núm ero de itens foi reduzido a
50. Então, teve início o segundo estudo, com o objetivo
de validação do instrum ento, com outra am ostra de crian ças (n = 230), u t ilizan d o -se in st ru m en t o s q u e
avaliassem construtos correlatos ao bem -estar subjetivo
e co m p aran d o -o s, p o st erio rm en t e, ao s resu lt ad o s obtidos com a EMSVC. Os instrum entos utilizados, tanto
aqueles em que se b aseou a const rução da EMSVC,
quanto os que foram aplicados no segundo estudo para fins de com paração, estão descritos em Procedim entos
dos Estudos 1 e 2, respectivam ente.
Estudo 1: construção da escala multidimensional de satisfação de vida para crianças (EM SVC)
Procedimentos
A elaboração de itens e construção da versão
prelim inar da escala é ap ontada com o a exp ressão da
representação com portam ental do construto que se
pretende avaliar. A teoria sobre construção de
instru-m en t o s assin ala co instru-m o p o ssíveis fo n t es d e it en s a
entrevista, outros testes que m edem o m esm o
cons-truto, e/ ou categorias com portam entais que expressem
o const rut o d e int eresse. A ent revist a consist e em
investigar o tem a junto aos sujeitos, representantes da
população para a qual se deseja construir o instrum ento
(Pasquali, 1997, 1999).
Para a elab oração d a EM SVC, os it ens foram
gerados a partir das entrevistas conduzidas no estudo
de Giacom oni (2002), que apresenta o Modelo
Multidi-m ensional de Satisfação de Vida Infantil de Huebner, já
com o total de oito dom ínios, sendo que tais entrevistas
traziam perguntas sobre o conceito de felicidade e suas
características, em crianças de cinco a doze anos. Além
disso, tam b ém foram utilizados itens de outros
instru-m entos já validados p or autores diversos.
Foram co nsu lt ad o s in st ru m en t o s so bre bem--estar subjetivo infantil, e utilizou-se com o possível fonte de m odelos de itens a Escala de Satisfação de Vida de
Estudantes, tam bém de Huebner (1991a), já adaptada
para o português por Giacom oni (1998). Esta, inspirada
no trabalho de Diener e colegas (Diener et al., 1985; Pavot, Diener, Colvin & Sandvik, 1991), avalia a satisfação de
vida global de crianças, e está baseada na hipótese de
que a satisfação de vida global dessas é m elhor avaliada por m eio de itens que requeiram que elas avaliem as
suas vidas com o um todo, sem referências a dom ínios
específicos. O estudante, para responder aos sete itens q ue com p õem a escala, selecion a um a d as q uat ro
opções de freqüência: nunca (1), às vezes (2), geralm ente
(3) e quase sem pre (4). As características psicom étricas relat adas nos est udos ant eriores dem onst ram que a
escala é ap rop riada p ara os ob jetivos da p esquisa. O
coeficient e Alp ha encont rado no est udo original de Huebner (1991a) foi de 0,82.
Além da Escala de Satisfação de Vida de
Estu-d an t es, u t ilizo u -se a Escala Estu-d e Sat isfação Estu-d e ViEstu-d a
Multidim ensional de Crianças (Huebner, 1994a, 1998a, 1998b; Hubner et al., 1998), que avalia as percepções
subjetivas de satisfação de vida a partir de cinco dom ínios
relevantes: fam ília, am igos, escola, self e am biente onde vive (cinco sub-escalas com pondo 40 itens no total).
Estudos já desenvolvidos (Greenspoon & Saklofske, 1998;
Huebner, 1994a, 1998a, 1998b; Huebner et al., 1998) com provam a boa consistência interna (Alpha de 0,92)
e a estabilidade da estrutura fatorial.
Hueb ner (1991a, 1994a) id ent ificou, ent re os
dom ínios de b em -estar sub jetivo infantil: a fam ília, a escola, a am izade, o self, as oportunidades de lazer e o
am biente onde vive. O estudo de Giacom oni (2002), que
investigou o conceito de felicidade, suas características, os indicadores de qualidade de vida e os p rincip ais
eventos positivos e negativos da vida infantil, propõe
um novo m odelo de satisfação de vida infantil, cons-truído a p artir da realidade do b rasileiro. Assim , foram
adicionados ao Modelo Multidim ensional de Satisfação
de Vida Infantil novos dom ínios de satisfação,
finali-zando-se com a seguinte estrutura: fam ília, am izade,
self, lazer, escola, não-violência, satisfação de
necessi-d anecessi-d es b ásicas e necessi-d e necessi-d esejos. A p art ir necessi-d esse m onecessi-d elo,
discutido anteriorm ente, foram geradas sentenças (itens)
p ara cada um dos dom ínios, assim com o sent enças
esp ecíficas sob re a sat isfação t ot al d e vid a in fan t il.
Inicialm ente, foram elaborados, aproxim adam ente, de
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Todo o processo de elaboração dos itens foi realizado
por um grupo de pesquisa form ado por pesquisadores em Psicologia do Desenvolvim ento e p or alunos de graduação em Psicologia. Após esta etapa, os itens foram
analisados individualm ente por cada m em bro da equipe d e p esq u isa, q u e elab o ro u u m ra n ki n g d o s it en s considerados m ais adequados e consist ent es p ara o dom ínio específico, adotando-se critérios sem ânticos e
d e o rd em d e p referên cia. Co m a co m p aração d o s ra n kin g s o b t id o s, fo ram selecio n ad o s o s it en s q u e
obtiveram m aior predileção. Após tal seleção, os itens finais foram analisados p or um juiz que p ossui
conhe-cim ento na área.
Por sua vez, esses itens da prim eira versão final
foram m ostrados p ara 10 crianças entre sete e doze anos de idade. As resp ostas das crianças indicavam o grau de concordância com o item , em um a escala de
respostas do tipo Likert de cinco pontos, conform e o
exem p lo : “eu m e ach o u m a p esso a b o n it a”, e as possibilidades de resposta: (1) nem um pouco; (2) um pouco; (3) m ais ou m enos; (4) bastante e (5) m uitíssim o.
Com esse procedim ento, foram verificados quais itens eram confusos, incom p reensíveis, am b íguos e ap re-sentavam problem as na sua construção. Tam bém foi verificado o nível de com preensão da escala de resposta
de cinco pontos.
Alguns itens foram reelaborados, principalm ente aqueles que possuíam o sentido de resposta invertido, os cham ad os it ens neg at ivos. Foi verificad o q ue as crianças não conseguiram responder de form a
apro-priada a esses itens. Este achado corrobora os de Marsh
(1986), que verificou que os pré-adolescentes possuem
inabilidade para responder de form a adequada a itens
negativos, produzindo vieses de interpretação, devido
a um fenôm eno desenvolvim ental-cognitivo. Huebner (1994a), em seus estudos de construção da sua Escala
M u lt id im en sio n al, en co n t ro u a m esm a d ificu ld ad e quanto ao uso de itens negativos com pré-adolescentes.
Diante da dificuldade das crianças frente aos
itens invertidos na escala, optou-se pela elim inação de
alguns desses do instrum ento e pela inversão de sentido
teórico de outros, apesar da indicação, pela teoria de construção de testes, da im portância dos itens negativos.
Os itens que possuíam sem ântica negativa e que foram
invert id os, p or sua vez, p recisaram t er seus valores invertidos, posteriorm ente, na avaliação da escala, para
que pudessem satisfazer ao sentido teórico da m esm a.
Participantes e seleção das escolas
Após a construção da versão prelim inar da escala, procedeu-se ao cálculo do núm ero de participantes que
d everia fazer p art e d a am ost ra. O núm ero d e p art
i-cipantes deste estudo foi calculado procurando atender ao critério da “razão itens/ sujeito”, geralm ente utilizado
para o cálculo am ostral quando são necessárias análises
fatoriais. Conform e tal critério, para que se possa realizar u m a an álise fat o rial co n fiável, é im p o rt an t e q u e a
am ostra contenha pelo m enos cinco vezes o núm ero de
it ens do inst rum ent o a ser avaliado. Pasquali (1999) recom enda que, quando não se tem certeza do núm ero
de dim ensões ou fatores que o instrum ento m ede,
deve--se t rab alh ar co m u m a am o st ra co m p o st a p o r 10 sujeitos p or item . Sendo assim , com o a escala relativa
aos dom ínios p ossuía 60 itens, o núm ero m ínim o de
participantes deveria ser de 600 crianças.
Finalm ente, foram selecionadas as escolas onde se aplicaria a versão prelim inar do instrum ento. A seleção das escolas foi feita por m eio de am ostragem por área
(Cozby, 1981). Inicialm ente, foi feito o contato com as escolas para apresentação do projeto de pesquisa e da d o cum en t ação n ecessária. Ob t id a a ap ro vação d o projeto pela equipe técnica da escola e pelos professores,
foram encam inhados p ara os p ais ou resp onsáveis os term os de consentim ento. Este estudo esteve de acordo com o d ecret o n° 93.933/ 1988 d o Conselho Nacional d e Saú d e em seu cap ít u lo II 4 e 5 e co m a Resolução
n° 016/ 2000 do Conselho Federal de Psicologia, que versam sobre os aspectos éticos da pesquisa com seres hum anos. Salvaguardou-se a todos os p articip antes o direito de sigilo, voluntariado e interrupção da
parti-cipação. A explicação do estudo, seus objetivos e
finali-dades foram apresentados de form a coletiva para as crianças, na p róp ria sala de aula.
Testagem da versão preliminar da escala (com 60 itens)
Ap ós os term os terem sido assinados p elos p ais e/ ou responsáveis, a escala foi aplicada coletivam ente
na sala de aula. Durante a aplicação, a presença dos professores foi facultativa. A aplicação foi realizada pelo
pesquisador coordenador e por um auxiliar de pesquisa.
As crianças receb eram as seguintes instruções,
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respostas no quadro-negro da sala, com o objetivo de
instruí-las sob re o p reenchim ento e utilização corretos
da escala tipo Likert do instrum ento:
“A seguir vocês têm um a lista de frases que indicam
o que crian ças e pré-adolescen t es pen sam sobre vários
assuntos. Vocês devem ler cada frase e m arcar o quanto vocês
concordam com o que ela diz. Se vocês concordarem nem
u m p o u co , m a rq u em (1); se co n co rd a rem u m p o u co ,
m arquem (2); se concordarem m ais ou m enos, m arquem
(3); se concordarem bastante, m arquem (4) e se
concor-darem m uitíssim o, m arquem (5). Vocês devem responder
individualm ente. Não há respostas certas nem erradas, vale
o que vocês pensam . Se tiverem dúvidas, levantem o braço
e serão atendidas na classe.”
Participantes
Participaram do estudo 1, 661 crianças de am
-bos os sexos, 345 m eninos (52,2%) e 316 m eninas (47,8%). A faixa etária variou entre 7 e 12 anos (m édia - M= 10,6
anos; desvio-padrão - DP= 1,7 anos). As crianças
freqüen-tavam o ensino fundam ental, entre a 2ª e a 6ª séries, de escolas públicas estaduais (54,0%) e privadas (46,0%) de
Porto Alegre. Desta am ostra, 66,0% das crianças m
ora-vam com am b os os p ais, 31,0% viviam com som ente um dos p ais e 3,0% não viviam com esses. O núm ero
m éd io d e irm ãos relat ad os p elas crianças foi d e 1,5
irm ãos (DP= 1,3).
Resultados do estudo 1
Recorrendo-se a análises fatoriais exp loratórias,
e delim itando-se com o critério de extração todo o fator
com Eigen value m aior que 1 (Kaiser, 1960), buscou-se verificar quais itens com p unham fatores relacionados
aos dom ínios de satisfação de vida infantil. Apesar de se
t er esses it en s já elab orad os, vist o q ue os m esm os p artiam do m odelo teórico p rop osto, foi necessária a realização de análises exp loratórias, um a vez que tal
m odelo nunca tinha sido testado antes. Considerou-se
m ais ad equad a a ad oção d a rot ação Direct Oblim in,
específica para extração de fatores correlacionados, pois, conform e estudos anteriores, os fatores de dom ínios de
sat isfação d e vid a rep resent am const rut os co
rrela-cionados (Huebner, 1994a). A partir desse procedim ento,
foram extraídas 13 dim ensões da escala, exp licando
53,83% da variância. O Scree Plot (Cattell, 1966) indicou
que um a solução de seis fatores seria adequada. Análises
forçando a extração de três a seis fatores confirm aram
que seis fat o res co n st it u íam a m elh o r so lu ção . Os
fa-t o res foram d en o m in ad o s d e Self, Self Co m p arad o ,
Não-Violência, Fam ília, Am izade e Escola.
Os fat ores ext raíd os confirm aram alg uns d os
dom ínios apresentados pelo Modelo Multidim ensional
de Satisfação de Vida Infantil de Huebner (self, fam ília,
am izade e escola). Verificou-se a perm anência dos itens
relat ivos ao d om ínio “não-violência”. Ob servou-se o
surgim ento de um novo fator, denom inado self com
pa-rado. Os fatores ficaram caracterizados:
- Self: est e fat o r é co m p o st o p o r it en s q u e
descrevem o self com o p osit ivo, com caract eríst icas
positivas, com o auto-estim a, bom -hum or, capacidade
de relacionar-se, capacidade de dem onstrar afeto etc.;
- Self Com parado: este fator agrupa itens que se
caracterizam p or realizar avaliações com p arativas com
seus pares. Os itens possuem conteúdos relacionados
ao lazer, à am izade e à satisfação de desejos e afetos.
- Nã o -vio lên cia : est e fat o r in clu i it en s q u e
p ossuem cont eúd os associad os a com p ort am ent os
agressivos;
- Fa m ília : en v o l v e i t en s d escri t o res d e u m
am b ien t e fam iliar saud ável, h arm ôn ico, afet ivo, d e
relacionam entos satisfatórios, além de indicações de
satisfação quanto à diversão;
- Am iza d e: f at o r q u e se c arac t eri za p el o s
relacionam entos com pares, nível de satisfação desses
relacio n am en t o s e alg u m as in d icaçõ es ao lazer,
situações de diversão e apoio;
- Escola: os itens descrevem a im p ortância da
esco la, d o am b ien t e esco lar, d o s relacio n am en t o s
interpessoais nesse espaço e o nível de satisfação em
relação a esse am biente.
Essa estrutura fatorial encontrada tem sentido
teórico e, segundo Pasquali (1999), a partir dessa análise,
pode-se considerar que o instrum ento apresenta
vali-d avali-d e vali-d e const rut o. Os it ens q ue não ap resent aram
carg as su p erio res a 0,30 em n en h u m fat o r fo ram
elim inados. Os itens com cargas superiores a 0,30 em
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função de sua contribuição teórica p ara a dim ensão. A
Escala Multidim ensional finalizou com 50 itens,
distri-buídos em seis fatores, explicando 46,5% da variância
total. Na Tabela 1, é apresentada a Matriz Fatorial dos
Itens da Escala Multidim ensional de Satisfação de Vida
In fan t il, co m p o st a p elo s it en s q u e p erm an eceram
agrupados pelas dim ensões às quais pertencem , em
ordem decrescente de suas cargas fatoriais, bem com o
seus Eigenvalues e os valores da variância exp licada.
O núm ero de itens, a m édia, o desvio padrão de
cada dim ensão e da escala total, bem com o seus índices
de fidedignidade (Alfa de Cronbach) são apresentados
na Tabela 2. Cabe ressaltar que a m édia foi calculada
p elo som atório total dividido p elo núm ero de itens,
um a vez que cada sub-escala apresenta diferenças na
quantidade dos itens que a com põem .
As sub -escalas ap resent aram índices de
fide-dignidade satisfatórios, variando entre 0,82 e 0,86, com
exceção da sub-escala n ão-violên cia, que apresentou
um valor de 0,66. Pode-se justificar esse valor m ais baixo
devido ao pequeno núm ero de itens dessa sub-escala
(n= 4). O Alpha obtido para a escala total foi elevado:
0,93. Foram encontradas correlações significativas entre
as sub-escalas, conform e se pode observar na Tabela 3,
que apresenta os valores de correlação de Pearson entre
as seis sub -escalas.
Para investigar os efeitos do sexo, do tip o de
escola e da faixa etária das crianças, foi realizada um a
Análise d e Variância M ult ivariad a (M ANOVA) 2x2x3,
tendo com o variáveis dependentes as seis sub-escalas
avaliad as acim a. Não foram encont rad os efeit os d e
in t eração [F(2,606)> 1]. Fo ram id en t ificad o s efeit o s
principais para tipo de escola e faixa etária em algum as
das sub-escalas da EMSVC. Quanto ao tipo de escola,
foram verificados efeitos p rincip ais significativos nas
sub-escalas: Self [F(1,606)=5,48; p < 0,02], Self Com parado
[F(1,606)=22,54; p <0,01], Não-Violência [F(1,606)=12,57;
p <0,01], Fam ília [F(1,606)= 14,41; p <0,01] e Am izad e
[F(1,606)=16,40; p<0,01].
Crianças d e escolas p úb licas rep ort aram m
e-nores níveis de satisfação do que crianças de escolas
p rivadas em todos os dom ínios de satisfação de vida
infant il, com exceção d a escola, na q ual não foram
identificadas diferenças significativas entre os grupos:
Sel f [p ú b lica (M = 4,08; DP= 0,64); privad a (M = 4,18;
DP=0,56)], Self Com parado [pública (M= 3,48; DP= 0,91);
privada (M= 3,91; DP= 0,77)], Fam ília [pública (M= 4,48; DP= 0,56); p rivada (M= 4,64; DP= 0,39)], Não-Violência
[pública (M= 4,09; DP= 0,88); privada (M= 4,34; DP= 0,69)] e
Am izade [pública (M= 4,11; DP= 0,65); privada (M= 4,30; DP=0,59)].
Foram encontradas diferenças significativas de
idade nas sub-escalas: Self [F(2,606)=7,14; p<0,01], Self
Com parado [F(2,606)=2,93; p <0,05], Fam ília [F(2,606)=6,89;
p< 0,01], Am izad e [F(2,606)= 5,10; p< 0,01] e Esco la
[F(2,606)=34,03; p <0,01]. O Teste para Com paração de
Méd ias a post eriori (Tukey) ap ontou p ara d iferenças significativas entre as faixas etárias para cada sub-escala.
No dom ínio Self, crianças de 7-8 anos (M= 4,29; DP= 0,61;
p =0,02) relataram m aiores níveis de satisfação consigo
do que as crianças de 11-12 anos (M= 4,05; DP= 0,60). No
dom ínio Self Com parado, foram observadas diferenças
significativas entre as crianças de 7-8 anos (M= 3,37; DP= 0,98), as crianças de 9-10 anos (M= 3,72; DP= 0,86) e
as crianças de 11-12 anos (M= 3,76; DP= 0,84). Quanto à
Fam ília, observou-se que as crianças m ais velhas, 11-12
anos (M= 4,49; DP= 0,55) apresentaram m enores níveis
de satisfação do que as crianças de 9-10 anos (M= 4,63;
DP= 0,41). Crianças da segunda faixa etária, 9-10 anos
(M= 4,30; DP= 0,58), ap resent aram m aiores níveis d e
satisfação do que crianças m ais velhas, da terceira faixa
etária (M= 4,12; DP= 0,66), no que se refere à Am izade.
Quanto à Escola, observou-se que as crianças entre 7 e
8 anos (M= 4,55; DP= 0,58) apresentaram m aiores níveis
de satisfação do que crianças de 9 e 10 anos (M= 4,40;
DP= 0,56) e crianças de 11-12 anos (M= 4,04; DP= 0,66).
Não foram constatadas diferenças significativas entre
os sexos em nenhum dos dom ínios relativos à satisfação
de vida infantil.
Estudo 2: estudo de validação concorrente da EM SVC
Procedimentos
Escolha dos inst rum ent os para com paração com
os resultados obtidos com a EM SVC
Ap ós a ob tenção da fidedignidade do
29 E S C A L A M U LT ID IM E N S IO N A L D E S A T IS FA Ç Ã O D E V ID A P A R A C R IA N Ç A S
Tabela 1. Matriz fatorial dos itens da escala m ultidim ensional de satisfação de vida infantil.
Sel f 1 5 12 29 50 10 45 56 42 38
Self co m p arad o
26 37 9 63 14 3 67 46
Não -vio lên cia
33 16 64 60 Fam ília 27 2 43 11 61 24 30 47 20 34 15
Am izad e
49 25 58 31 54 68 48 35 41 32 Esco la 36 62 53 65 57 51 44 n
Eu sou um a p essoa b em hum orada. Eu sorrio bastante.
Eu sou divertido. Eu sou alegre. Mant enho a calm a. Eu m e sinto calm o, tranqüilo. Eu sou um a p essoa carinhosa. Tenho facilidade para fazer am igos. Eu sou esp erto.
Eu m e divirto com m uitas coisas.
Meus am igos p odem fazer m ais coisas do que eu. Meus am igos se divertem m ais do que eu. Meus am igos são m ais alegres do que eu. Meus am igos b rincam m ais do que eu.
Meus am igos ganham m ais presentes do que eu. As outras crianças são m ais alegres do que eu. As outras crianças têm m ais am igos do que eu. Preciso receber m ais atenção.
Gosto de b rigas.
Brigo m uit o com m eus am igos. Sou irritado.
Brigar resolve os problem as.
Meus p ais são carinhosos com igo. Minha fam ília gosta de m im . Eu m e divirto com a m inha fam ília. Minha fam ília m e faz feliz.
Gostaria que m inha fam ília fosse diferente. Os m em bros da m inha fam ília se dão bem . Minha fam ília m e ajuda quando p reciso. Eu fico feliz quando a m inha fam ília se reúne. Eu m e divirto com as coisas que eu tenho. Tenho pessoas que m e ajudam . Procuro fazer coisas que m e deixam feliz.
Estou satisfeito com os am igos que tenho. Meus am igos m e ajudam quando eu preciso. Meus am igos gostam de m im .
Eu gostaria que m eus am igos fossem diferentes. Eu m e divirto com m eus am igos.
Gosto de conversar com m eus am igos. Meus am igos b rigam m uito com igo. Eu m e relaciono b em com m eus colegas. É b om b rincar com m eus am igos. Sem p re encontro ajuda quando p reciso.
Eu gosto de ir à escola.
Eu gosto das atividades da escola. Meus professores gostam de m im . Eu ap rendo m uitas coisas na escola. Eu m e sinto bem na m inha escola. Eu m e divirto na escola.
Eu gosto de ajudar as p essoas.
Eig en va lu es
% Variância Exp licada Sentença 00,60 00,60 00,59 00,51 00,51 00,49 00,41 00,37 00,36 00,31 00,35 00,32 00,33 14,16 24,25 1 0,81 0,77 0,76 0,71 0,70 0,68 0,65 0,30 3,94 7,31
2 3 4 5 6
30
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I
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C
.S
.
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desenvolvim ento do m esm o, os processos de validação.
Um a das form as usualm ente utilizadas p ara se verificar
a validade de um instrum ento p sicológico é dem
ons-trando que ele possui resultados com patíveis aos de
outros instrum entos que avaliam os m esm os construtos
ou construtos correlatos (validação concorrente). Com o,
n o Brasil, n ão exist em in st ru m en t o s co n st ru íd o s e
validados, ou adaptados para avaliar a satisfação de vida
infantil, com exceção da Escala de Satisfação de Vida de
Estudantes de Huebner, já adaptada para o português
p o r Giaco m o n i (1998), cu jas caract eríst icas p sico
-m ét ricas fora-m insat isfat órias, op t ou-se p or ut ilizar
instrum entos que avaliassem construtos correlatos ao
bem -estar subjetivo.
Assim , p ara avaliar as variáveis correlatas, foram
selecionados instrum entos que já foram utilizados no
Brasil ou qu e t iveram seu s p ro cesso s d e ad ap t a ção
e/ ou norm atização realizados. As variáveis eleitas foram :
auto-estim a, ansiedade e depressão, tendo em vista que,
em alguns est udos, ap resent aram correlações
signi-ficativas com o bem -estar subjetivo (Huebner, 1991b;
Laurent et al. 1999). Além dessas variáveis, tam bém foi
investigada a satisfação de vida glob al de crianças.
Tabela 2. Propriedades das dim ensões e da escala total m
ultidi-m ensional de satisfação de vida infantil.
1. Self
2. Self com p arado
3. Não-violência
4. Fam ília
5. Am izade
6. Escola Escala total
10 8 4 11 10 7
50
4,19 3,69 4,21 4,57 4,21 4,23
-0,60 0,88 0,81 0,50 0,63 0,68
-0,82 0,86 0,66 0,82 0,82 0,83 0,93
Propriedade Itens (n) Média DP Alfa de Cronb ach
D P: d e sv i o - p ad r ão .
Tabela 3. Matriz de correlação entre os fatores (r).
1. Self
2. Self com p arado
3. Não-violência
4. Fam ília
5. Am izade
6. Escola
0 ,3 2 * * 0 ,2 5 * * 0 ,6 3 * * 0 ,6 1 * * 0 ,5 4 * *
0 ,3 5 * * 0 ,4 0 * * 0 ,4 2 * * 0 ,2 2 * *
0 ,2 2 * * 0 ,3 7 * * 0 ,2 7 * *
0 ,6 0 * * 0 ,5 1 * * 0 ,5 6 * *
1 2 3 4 5 6
-* -* p≤0,01 .
Para avaliar aut o-est im a, foi utilizada a versão
adaptada para o português (Hutz, 2000) da Escala de
Auto-Estim a de Rosenberg (1965). Esse instrum ento é
um a escala de auto-relato do tipo Likert (quatro pontos),
com posta originalm ente por dez itens, que investigam
asp ectos glob ais da auto-estim a. A escala foi
desen-volvida para adolescentes, sendo bastante difundida
devido à sua praticidade; entretanto, sua utilização em
crianças a partir de oito anos de idade tem sido com um
(Houtte & Jarvis, 1995). A versão adap tada da escala
adicionou m ais um item , m antendo-se a estrutura
uni-dim ensional da m esm a (Hutz, 2000). Os participantes
devem indicar o grau de concordância com o item
descrit o . Qu an t o m aio r o esco re o b t id o , m aio r a
auto-estim a. A escala tem apresentado índices de
fide-dignidade constantes e aceitáveis para uso em pesquisa
(acim a d e 0,80). A p esq uisa realizad a com a escala
ad ap t ad a d em o n st ro u p arâm et ro s p sico m ét rico s
apropriados (Hutz, 2000). Neste estudo de validação da
EMSVC, a Escala de Auto-Estim a ap resentou um índice
de consistência interna de 0,75 (Alpha de Cronbach).
A ansiedade foi m edida utilizando-se o
Inven-tário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE–C), j á adaptado
e p adronizado p ara o seu uso no Brasil p or Biaggio
(1980). O IDATE-C foi desenvolvido a partir do Inventário
de Ansiedade Traço-Estado (Spielberger, 1983) na form a
adulta (Spielberger, Gorsuch & Lushene, 1979; Biaggio,
Natalício & Spielberger, 1977). A form a infantil é com posta
por duas escalas do tipo auto-relato, que visam m edir a
ansiedade-est ado (FORMA C-1) e a ansiedade-t raço
(FORMA C-2), dois conceitos distintos de ansiedade. É
ut ilizad a com crianças d e Ensino Fund am ent al, e é
com posta por 20 itens em cada escala, podendo ser
aplicada de form a coletiva. Os valores encontrados, neste
estudo, quanto à fidedignidade, foram satisfatórios. Para
a form a C-1 foi encontrado um Alpha de Cronbach de
0,84, e para a form a C-2, Alpha de Cronbach de 0,73.
Para avaliar a dep ressão, foi utilizado o Children’s
Depression Inventory (CDI), elaborado por Kovacs (1983,
1992), a partir do Beck Depression Inventory para adultos.
O objetivo do CDI é detectar a presença e a severidade
d o t ran st o rn o d ep ressivo n a in fân cia. Dest in a-se a
identificar alterações afetivas em crianças e adolescentes
dos sete aos dezessete anos. É um a m edida unifatorial
31
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ID
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P
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R
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opções de resposta (pontuada com o 0, 1 ou 2), na qual
a criança deve assinalar a que m elhor descreve o seu
estado nos últim os tem pos. O CDI pode ser aplicado t an t o in d ivid u alm en t e, q u an t o co let ivam en t e. Em
relação às p ro p ried ad es p sico m ét ricas d a escala, a
consistência interna descrita p or Kovacs (1980/ 1981) m ostrou-se adequada (0,86). Kovacs estabeleceu com o
ponto de corte do CDI o escore 19. No Brasil, o CDI foi
adaptado por Hutz e Giacom oni (2000). As pesquisas
q u e u t ilizaram versõ es ad ap t ad as p ara o co n t ext o
b rasileiro vêm ap resentando condições p sicom étricas
adequadas. O Alpha de Cronbach do inventário adaptado
para o uso no nordeste do país por Gouveia, Barbosa,
Alm eida e Gaião (1995) foi de 0,81. Em pesquisas
reali-zad as com am ost ras infant is no Rio Grand e d o Sul,
observaram -se os seguintes coeficientes de Alpha de
Cronbach: 0,80 (Giacom oni, 1998) e 0,92 (Reppold, 2001).
Outros estudos que avaliaram crianças e adolescentes
gaúchos em situação de risco ob tiveram um Alp ha de
até 0,79 (Dell’Aglio, 2000; Silva, 2001). Neste estudo, foi
encontrado um Alpha de Cronbach de 0,81.
A sat isfação d e vid a g lo b al d as crian ças fo i
avaliada pela Escala de Satisfação de Vida Global Infantil
(Giacom oni, 2002). Esta é um a m edida curta (7 itens), de
fácil ap licação e econôm ica, ind icad a p ara avaliar a
satisfação de vida global em crianças a partir de sete
anos de idade. A escala, de tipo Likert de cinco pontos,
apresenta um a estrutura fatorial unidim ensional,
consis-tência interna adequada e correlações apropriadas com
outras m edidas. O Alp ha de Cronb ach ob tido p ara a
escala de sete itens foi de 0,83. Com o cada item podia
t er esco res d e resp o st a varian d o d e u m a cin co , a
am plitude da escala, portanto, varia de 5 (baixa
satis-fação) a 35 (alta satissatis-fação).
Seleção das escolas e aplicação dos instrumentos
Seguiu-se os m esm os procedim entos e cuidados
éticos já descritos no Estudo 1. As escolas foram
conta-tadas para a apresentação do projeto e para o
enca-m inhaenca-m ento dos terenca-m os de consentienca-m ento inforenca-m ado
aos p ais e/ ou resp onsáveis. As escalas foram ap licadas
de form a coletiva, em sala de aula, durante som ente um encontro. A ordem de ap licação dos instrum entos
foi aleatória.
Participantes
Para a realização do estudo de validação
con-corrente, participaram 230 crianças de am bos os sexos,
117 m eninos (50,90%) e 113 m eninas (49,18%). A faixa
etária variou entre oito e 12 anos (M= 10,6 anos; DP= 1,7
anos). As crianças freqüentavam o Ensino Fundam ental
(de 3ª a 6ª série) de escolas públicas estaduais (57,40%) e
p rivadas (42,60%) de Porto Alegre. Os dados dem
o-gráficos da am ostra são descritos na Tabela 4.
Resultados do Estudo 2
Para a verificação da validade concorrente da
ESVMC foram exam inados os padrões de correlações
ent re si, assim co m o en t re esses e o s d a Escala de
Auto-Estim a, do Inventário de Depressão Infantil (CDI) e
das Escalas d o In ven t ário d e An sied ad e Traço -Estado
(IDATE-C, FORMA C1-Estado e FORMA C2-Traço). A Tabela
5 apresenta as correlações entre seus fatores e os dem ais
instrum entos eleitos, inclusive a Escala de Satisfação de
Vida Glob al.
As correlações obtidas entre a Escala de
Satis-fação de Vida Glob al e os instrum entos que avaliam
auto-estim a (r= 0,51, p<0,01), depressão (r=-0,52, p< 0,01),
ansiedade-traço (r = -0,32, p
≤
0,01) e ansied ad e-estado(r=-0,52, p< 0,01) ocorreram no sentido esperado, predito,
Tabela 4. Dados dem ográficos da am ostra.
Sexo
Fem inino Masculino
Faixa etária
8-9-10 anos
11-12 anos
Tipo de escola
Púb lica
Privad a
Série
3ª Série 4ª Série
5ª Série
6ª Série
Total
113 117
103 127
132 98
36 69 51 74 230
04 9 ,1
05 0 ,9
04 4 ,8
05 5 ,2
05 7 ,4
04 2 ,6
01 5 ,7
03 0 ,0
02 2 ,2
03 2 ,2
100,0
32
C
.H
.
G
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O
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C
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.
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e em m agnitudes coerentes com a literatura. Huebner
(1991b) encontrou um a correlação de 0,65 (p<0,01) entre a sua escala unidim ensional de satisfação de vida global e aut o-est im a infant il (escala d e Rosenb erg ). Nesse m esm o estudo, encontrou um a correlação de –0,51
(p= 0,01) entre a satisfação e ansiedade geral infantil (CDI). Em outro estudo, Huebner e Alderm am (1993) encon-traram um a correlação entre dep ressão e o nível de sat isfação d e vid a g lob al (r= -0,57, p< 0,01) sim ilar à
encontrada neste estudo de validação (r= -0,52, p<0,01).
Ob serva-se um a alta correlação entre a Escala de Satisfação de Vida Glob al e os dom ínios relativos à Fam ília (r= 0,75, p< 0,01) e ao Self (r= 0,70, p< 0,01). Esse resultado referente à Fam ília, assim com o a m ais alta
correlação entre todos os dom ínios investigados e a
satisfação de vida global, vai ao encontro do estudo desenvolvido por Huebner (1991b), no qual a fam ília, e
não a am izade, apareceu m ais fortem ente associada à
sat isfação g lo b al. Terry e Hu eb n er (1995) t am b ém confirm aram , em outro trabalho, o resultado referente
aos dom ínios relativos aos relacionam entos
interpes-soais íntim os com o os p reditores m ais fortes da
satisfa-ção de vida global. As correlações positivas encontradas
entre a Escala de Satisfação de Vida Global e os dom ínios
Am izad e (r= 0,59, p< 0,01) e Esco la (r= 0,53, p< 0,01)
tam b ém são consideradas satisfatórias.
A Escala de Aut o-est im a de Rosenb erg ap
re-sentou correlações positivas de m agnitudes m odestas
(variando de 0,37 a 0,49) com todos os dom ínios de
satisfação de vida infantil. Contudo, cham a a atenção
q u e o d o m ín io Self Co m p arad o fo i o d o m ín io q u e
ap resent ou a m aior correlação (r= 0,49). Tal result ado
ap resenta m ais evidências da im p ortância das co m
-p arações sociais entre as crianças.
O Inventário de Depressão Infantil
correlacionou--se negativam ente com todos os dom ínios de satisfação d e vid a in fan t il, refo rçan d o evid ên cias d e valid ad e
concorrente da EMSVC. O m esm o vale para as Escalas
de Ansiedade Traço e Estado.
Discussão
O ob jetivo deste estudo foi desenvolver um a escala, intitulada Escala Multidim ensional de Satisfação
de Vida para Crianças (EMSVC), assim com o apresentar
inform ações substanciais sobre as propriedades psico-m ét ricas d a psico-m espsico-m a. Paralelapsico-m en t e, viab ilizo u -se
tam bém a testagem do Modelo Multidim ensional de
Satisfação de Vida Infantil de Huebner. As análises iniciais desta escala de auto-relato infantil identificaram fatores
coerentes, que representam dom ínios de satisfação de
vida infantil, diferenciados por crianças a partir de sete anos de idade.
Verificou-se que a estrutura fatorial da escala
envolve dim ensões psicologicam ente significativas. Os
fatores extraídos: Self, Self Com p arado, Não-Violência,
Fam ília, Am izade e Escola possuem sentido teórico, um a
vez que confirm am os dom ínios propostos por Huebner
(1994a). Fo ram en co n t rad as co n sist ên cias in t ern as adequadas p ara cada um a das sub -escalas e p ara a
escala total, com exceção da sub -escala Não-Violência, que possui indicações para que seja aprim orada e que
tenha seu núm ero de itens aum entado.
A valid ade co n co rren t e d as su b -escalas d a
EMSVC foi confirm ad a p or correlações m éd ias com m ed id as crit ério. Os achad os referent es às variáveis
sócio-dem ográficas: sexo, idade e tipo de escola são
Tabela 5. Matriz de correlação entre as sub-escalas de satisfação de vida m ultidim ensional e a escala de satisfação de vida global e os escores
de auto-estim a, depressão, ansiedade-traço e ansiedade-estado.
1. Self
2. Self com p arado
3. Não-violência
4. Fam ília
5. Am izade
6. Escola
Satisfação global de vida
0,70 0,38 0,23 0,75 0,59 0,53
648 640 645 649 643 650
0,47 0,49 0,37 0,47 0,45 0,43 0,51
227 223 229 227 229 229 228
Sub-escalas
p n
Satisfação glob al de vida
p n
Auto-estim a
-0,43 -0,36 -0,42 -0,51 -0,43 -0,54 -0,52
214 210 216 214 216 216 215
p n
CDI
-0,51 -0,29 -0,22 -0,41 -0,44 -0,33 -0,52
222 218 224 222 224 224 223
p n
IDATE C1 estado
-0,30 -0,28 -0,16 -0,33 -0,21 -0,21 -0,32
215 211 214 215 217 217 216
p n
IDATE C2 t raço
33
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ID
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coerent es com a lit erat ura. Novam ent e, não foram
verificadas diferenças entre os sexos quanto aos níveis
de satisfação de vida com os dom ínios. Este resultado acrescen t a m ais evid ên cias n o q u e d iz resp eit o à
au sên cia d e d if eren ças en t re g ên ero s q u an t o à
satisfação de vida em diferentes culturas.
No entanto, os resultados relativos a possíveis diferenças entre faixas etárias discordam dos de Huebner
(1994a), que não as encontrou. Nos dom ínios Self, Fam ília,
Am izade e Escola, as crianças m ais novas apresentaram níveis de satisfação sup eriores aos das crianças m ais
velhas. Pode-se observar um decréscim o de satisfação
com o p assar d os an os. Con t ud o, n o d om ín io Self Com parado as crianças m ais velhas apresentaram níveis
m ais elevados de satisfação do que as crianças m enores.
Tal resultado m erece um a investigação m ais específica sobre as razões de tal processo.
Quanto às diferenças entre crianças de escola
pública e privada, os resultados são consistentes em
apontar que crianças de escolas públicas apresentam m enores níveis de satisfação de vida nos dom ínios Self,
Self Com parado, Não-Violência, Fam ília, Am izade. Este
achado pode corroborar a prem issa de que crianças de escolas públicas sofrem de piores condições de vida, se
com p aradas às crianças de escolas p rivadas. As causas
destas diferenças e o possível im pacto da variável nível sócio-econôm ico p recisam ser m elhor exp loradas.
As análises realizadas neste estudo indicam que
a escala construída apresenta qualidades psicom étricas
adequadas, com a extração de fatores que possuem sentido teórico, e apresentam , igualm ente, um a alta
consistência interna, confirm ando um sentido teórico de avaliação da satisfação de vida infantil. Não podem os d eixar d e salien t ar ressalvas q uan t o à lim it ação d a
am o st ra, um a vez q ue essa n ão p o ssui q ualid ad es su ficien t es p ara se t o rn ar cap az d e rep resen t ar a p op ulação b rasileira. O est udo realizado deveria ser am pliado para am ostras em todas as regiões do país, e
p ara diferentes classes sócio-econôm icas e culturais.
Resp eit an d o e seg u in d o as or i en t aç õ es e
p arâm et ros p ara Test es Ed ucacionais e Psicológ icos (Am erican Psycholog ical Associat ion, 1985), não se
pode lim itar a qualidade de qualquer instrum ento de
av al iação ap en as às ev id ên cias d e p recisão . As evidências de validade são tam bém fundam entais para
confirm ar a efetividade do teste. Faz-se ainda necessário
investigar se a escala possui poder discrim inante entre
grupos com características diferenciadas (validade de
critério).
O desenvolvim ento da EMSVC, juntam ente com outras m edidas que avaliem o afeto, viabiliza a avaliação
de bem -estar subjetivo infantil na realidade brasileira.
Prim eiram ent e, os inst rum ent os aq ui ap resent ad os fornecem evidências de que o bem -estar infantil pode
ser acessado de form a confiável e válida em crianças a
p art ir d e set e an o s d e id ad e. Em seg un d o lug ar, o desenvolvim ento de instrum entos de bem -estar
possi-b ilita a realização de p esquisas p rogram adas sopossi-b re a
natureza e o desenvolvim ento de saúde m ental positiva com o, por exem plo, felicidade e satisfação de vida em
crianças e jovens. Por fim , essas m edidas p erm itirão a
exp loração de diferenças no b em -estar sub jetivo de crianças de diferentes culturas, quanto aos dom ínios
específicos da vida dessas.
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Recebido em : 18/ 8/ 2006
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