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Circo social: uma ação da educação física na educação não formal

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Academic year: 2017

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“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS – CAMPUS DE BAURU DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

VINICIUS DE LEON SILVA

CIRCO SOCIAL: UMA AÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

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“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS – CAMPUS DE BAURU DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

VINICIUS DE LEON SILVA

CIRCO SOCIAL: UMA AÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Bauru, para obtenção do título de Licenciado em Educação Física.

Orientadora: Dra. Andresa De Souza Ugaya

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DEDICATÓRIA

“Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Romanos 11:36, Bíblia).

Dedico este trabalho primeiramente ao meu Senhor e amado Jesus Cristo.

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Agradeço primeiramente a Deus o meu Pai amado, que é a razão do meu viver, do falar e do meu respirar. Sei que sem Jesus eu nada seria, se não fosse por Ele eu nem estaria agora tendo esta oportunidade de concluir o curso. Obrigado Espírito Santo por me acompanhar durante estes cinco anos.

A minha família, meus pais Marcos e Eliete, pelo amor, incentivo, a preocupação como estava no curso, por sempre me apoiarem, eu amo vocês. Também minha irmã Hadassa, companheira que me ajudou em muitos momentos, principalmente agora na etapa final, te amo maninha e, a todos demais familiares que de alguma forma participaram comigo nesta jornada.

Aos amigos e irmãos em Cristo, que me ajudavam com palavras de incentivo e dedicação. Quero fazer um agradecimento especial ao Denny, a Aline Caldas e ao Rafael Rosa, que na etapa final deste trabalho saíram de suas casas e me ajudaram nos momentos de loucura, obrigado Denny pela madruga que virou aqui comigo, para conseguir entregar este trabalho e também através da sua vida tive a oportunidade de vivenciar o circo pela primeira vez e assim aprender e compartilhar desta arte.

Aos amigos de sala, que fizeram em alguns momentos as aulas se tornarem mais divertidas, um grande abraço ao Claudio e Octavio, que estiveram juntos nos PROCESSOS (risos) do curso.

Ao corpo docente que colaborou imensamente em minha formação, em especial, aos professores, Márcio, Rubens, Paulinho Leal, Vicentine, Otavio Barduzzi e Mauro Betti, e as professoras, Denise, Fernanda Rosi, Marli, Cátia, Paula e Lilian pelo esforço e empenho em cada aula, contribuindo no meu desenvolvimento e dos meus amigos de sala.

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dela, tanto os funcionários de apoio, como a equipe técnica. Em especial, agradeço aos meninos da casa, que permitiram que construíssemos juntos este estudo, agradeço as diversas vezes que fui convidado para almoçar. Vocês são especiais e muito queridos.

Também agradeço a Tati da Casa do Circo, por proporcionar levar os meninos para conhecer este espaço de ensino, construção e transmissão do universo circense. Além das aulas contigo e com João onde pude aprofundar meus conhecimentos.

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Este trabalho é fruto do desejo em realizar uma investigação participativa através das Artes Circenses com crianças e adolescentes em situação de risco. Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi analisar e compreender as possibilidades de ação do Circo Social na Educação não formal como opção de atuação para os professores de Educação Física. A pesquisa foi desenvolvida através da investigação qualitativa, utilizando Notas de Campo como principal instrumento para coleta dos dados dos encontros que ocorreram no período de maio a dezembro de dois mil e quinze. De forma geral a pesquisa ficou dividida em três etapas, sendo a primeira Escola Estadual através do Programa Escola da Família e as outras duas em Abrigos de Acolhimento para Adolescentes. Os resultados apresentaram algumas dificuldades no percurso e algumas lacunas da sociedade que refletem sobre os desfavorecidos. Além disso, confirma a possibilidade de atuação dos professores de Educação Física em outros setores da sociedade, através da perspectiva da Educação não formal e a possibilidade do Circo Social como instrumento desta atuação.

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This work is the fruitful result of the desire to conduct a collaborative investigation through Circus Arts with children and adolescents at social (vulnerability) risk. Thus, the very objective of the research was to analyze and understand Social Circus action possibilities on non-formal education as a (viable) job option for Physical Education teachers.This research was developed through qualitative research using Field Notes as the main instrument for the meetings’ data collection, which took place from May to December 2015.In general terms, the research was divided into three phases, the former was carried out at a state school through the Escola da Família Program, (which consists of the opening of all public schools on weekends, offering to the communities extra activities,) and the latter two in Shelter Homes for adolescents. The results showed that there were some (considerable) difficulties throughout and some gaps in our society that become evident on the poor. Furthermore, the results also confirm the possibility of the Physical Education teachers’ participation in other sectors of the society, through the non-formal Education perspective and the possibility of Social Circus as the (fundamental) instrument of this action.

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Figura 1 – Cartaz de divulgação do Projeto na escola ...23

Figura 2 – “Missão Água”...30

Figura 3 – Realização de desenhos sobre o circo ...32

Figura 4 – Atividade Acrobática com adolescentes no Abrigo “A”...32

Figura 5 - Atividade Acrobática, formação de pirâmide no Abrigo “B”...33

Figura 6 – Passeio no Bosque e prática de slackline...34

Figura 7 – Atividades Acrobáticas - abrigo “B”...34

Figura 8 – Assistindo Vídeo...35

Figura 9 – Atividades Acrobáticas sexta-feira...35

Figura 10 – Atividade e confecção de Malabares...36

Figura 11 – Passeio Casa do Circo...36

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1. INTRODUÇÃO ... 8

2. O CIRCO SOCIAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES ... 10

2.1 Breve introdução histórica do circo ... 10

2.2 O Circo Social ... 12

3. A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E SUA ESPECIFIDADE ... 14

4. METODOLOGIA ... 17

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 22

5.1 Codificação de variação... 22

5.2 Codificação de Comportamentos ... 27

5.3 Codificação de Visões ... 29

5.4 Codificação de relações e estrutura social ... 38

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 41

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 43

ANEXOS ... 46

ANEXO A - NOTAS DE CAMPO ... 46

ANEXO “B” – Termo de Consentimento livre e esclarecido ... 75

ANEXO “C” – Termo de Assentimento para menores de idade ... 76

ANEXO “D” – Declaração de Autorização ... 77

ANEXO “E” – Termos de Voluntariado ... 78

ANEXO “F” – Ficha de Inscrição ... 80

ANEXO “G” – Desenhos realizados na escola ... 81

ANEXO “H” – Informações sobre os meninos Abrigo B ... 84

APÊNDICE ... 88

APÊNDICE 1 – Carta Psicóloga Abrigo B ... 88

APÊNDICE 2 – Reportagem 1 - ACOP ... 91

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1 INTRODUÇÃO

O circo é uma arte que possui em sua essência o poder de capturar os olhares e atenção das pessoas, principalmente crianças e adolescentes. Comigo não foi diferente, quando criança me lembro de passar as férias na cidade de Monte Alto, onde moravam meu avô e meus tios por parte de pai, tenho na memória algumas imagens da família reunida de baixo de uma grande lona assistindo ao espetáculo de circo. Minha mãe conta que antes desta cena, eles tinham me levado ao circo com aproximadamente uns 4 anos, foi no Circo do Beto Carreiro que esteve naquela época aqui em Bauru, onde moro até hoje. No entanto durante meu desenvolvimento na infância e na adolescência não tive a oportunidade de vivenciar a prática destas artes circenses que eram vistas nos espetáculos da minha infância. No ano de 2010, foi criado o grupo de artes Artéria na igreja a qual eu frequento, com a proposta de propagar o amor de Cristo através das artes. Ali inserido neste grupo, tive a oportunidade de começar a experimentar os elementos existentes nas artes circenses. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de aprender os malabares e com pouco tempo de treino já estava conseguindo realizar com as três bolinhas. Um laço de amor por esta arte começou a ser traçado e com isto novos elementos começaram a ser praticados, como acrobacias de solo e aéreas, encenação de palhaço e pirofagia.

Ainda dentro do ambiente da igreja comecei a fazer parte do ministério da Assistência Social, que busca oferecer ajuda para famílias de classes populares e realizar atividades em instituições de cunho social, com o objetivo de anunciar o amor de Cristo. Neste ministério aprendi a praticar a compaixão para com o próximo e exercer o altruísmo.

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esses pensadores do corpo considerar esse importante saber corporal como parte dos conteúdos que devem ser abordados no contexto educacional”.

Através deste entendimento do circo como conteúdo para a Educação Física, somada as características das ações sociais realizadas por meio das atividades da igreja, mais as vivencias de circo que fizeram parte da minha trajetória de vida, surgiram algumas questões. É possível realizar uma junção destas características? O Circo Social possui espaço dentro da Educação Física? De que forma deve ser desenvolvida sua ação? Seria através da Educação não formal? Quais as possibilidades de sucesso e as suas dificuldades? Seria uma forma de atuação para os professores de Educação Física em outros setores da sociedade?

Por meio destes questionamentos surge a concepção norteadora desta pesquisa. Com o objetivo de analisar e compreender as possibilidades de ação do Circo Social na Educação não formal como opção de atuação para os professores de Educação Física no terceiro setor.

Na primeira parte deste trabalho será apresentado uma breve introdução da trajetória histórica do circo até o surgimento do Circo Social, seguido do aprofundamento deste seguimento das artes circenses.

Em seguida é apresentado os conceitos e fundamentos referentes a Educação não formal.

Após isto, o percurso metodológico utilizado é apresentado, com 3 etapas que foram dividas na pesquisa, apontando quais as dificuldades, as falhas, os locais que ocorreram a pesquisa, os sujeitos envolvidos e as ferramentas utilizadas em cada etapa.

Depois é feita a apresentação da análise e discussão dos dados, sendo dividido em quatro categorias de codificação e alguns tópicos dentro destas categorias, buscando uma reflexão articulada com diversos autores e algumas leis. Também apresenta algumas figuras como parte destes dados coletados.

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2 O CIRCO SOCIAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES

2.1 Breve introdução histórica do circo

Estabelecer precisamente qual a origem do circo é uma concepção um tanto quanto audaciosa. No entanto, atentemos para as colocações de Bolognesi (2003) ao declarar que na antiguidade a simbologia existente era mítico-religiosa diferente da simbologia encontrada no circo moderno. Existia também o interesse político implantado num sistema geral de política para o divertimento naquela época visível em Roma. Além disto, encontramos os jogos romanos, que seguiram um modelo grego norteado pelo espetáculo com músicos, atores e disputas atléticas que representavam também, uma simbologia com o intuito de relembrar as vitórias e conquistas nas guerras. Desta forma, percebe-se uma relação estreita entre os jogos romanos, a religião e o Estado que representava a linguagem do circo no sentido que se definiu na antiguidade, antes do surgimento do circo moderno, que começou a apresentar um novo sentido.

O lugar ocupado pelo mito e pela religião tornou-se laico e, mais especificamente, comercial. Ele passou a ser regido pelo imperativo do dinheiro e da bilheteria, para sustentar a empresa e do trabalho, para a sobrevivência dos artistas, das trupes e das famílias circenses. O culto cedeu lugar à abstração da moeda (BOLOGNESI, 2003, p. 24).

Além desta colocação do autor, pode-se acrescentar outro fator que diferencia o circo moderno daquele da antiguidade é a transformação das proezas atléticas e esportivas para exibições de espetáculos.

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moderno eram concebidos por atrações com cavalos conhecidos pela expressão “circo de cavalinhos”. Esta monotonia foi quebrada com a introdução de números acrobáticos seguindo-se de outros diversos que surgiram (BOLOGNESI, 2003, p.31-36).

De acordo com Bolognesi (2003) desde o século XVIII existe o registro de artistas ambulantes que percorriam as cidades brasileiras apresentando números circenses. Os ciganos são apontados na literatura como os responsáveis por estes registros com apresentações que aconteciam em festas religiosas. No entanto, estes artistas ambulantes não eram organizados em companhias de espetáculo, mas caracterizados em pequenos grupos que, em muitas vezes, tinham uma relação de parentesco. Foi no século XIX que começaram a aparecer, em solo brasileiro, os grandes circos estrangeiros movidos pelos interesses econômicos da época. Muitos artistas e famílias destas companhias decidiram permanecer aqui no Brasil. Com isto começaram a criar vínculos e se organizarem em companhias familiares que se tornou uma prática circense conhecida como circo-família, as quais se transformaram em “escolas” de conhecimento das práticas circenses. Conforme o autor relata “pode-se afirmar que o circo brasileiro encontrou no nomadismo o seu principal meio de sobrevivência” (BOLOGNESI, 2003, p. 48). Esta característica das práticas circenses, do desenraizamento, causava incômodo nas intenções patrióticas nacionalistas da época.

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2.2 O Circo Social

A trajetória histórica do circo nas suas diversas etapas permitiu no início da década de 90 o surgimento de uma nova concepção do circo no Brasil, conhecida como Circo Social, que numa definição mais simples é uma ação educativa por meio das artes circenses para transformação social daqueles que estão em situação de risco. No entanto, uma apresentação mais ampla de seu significado se faz necessário para compor este tópico da fundamentação, diante disto através de Perim (2007), sendo alguém com experiência de atuação nesta junção do circo com social, apresenta-se:

Circo social é a articulação dos processos de ensino e aprendizagem da cultura das artes e habilidades circenses associada a conceitos pedagógicos, dando forma a metodologias de educação não formal que utilizam os fatores de “risco” e “sedução” do circo como elementos centrais de atividades que propiciam a criança, adolescentes e jovens, especialmente, os de classes e territórios populares, o desenvolvimento de suas múltiplas potencialidades, a elevação de sua autoestima, a construção da sua autonomia e a ampliação do seu exercício pleno da cidadania (PERIN, 2007, p.208).

A primeira Instituição no país a desenvolver este tipo de trabalho foi o Se Essa Rua Fosse Minha, no Rio de Janeiro, em parceria com a companhia brasileira Intrépida Trupe, em uma campanha no ano de 1990 para sensibilizar a sociedade. Conforme Figueiredo (2007, p. 50):

Artistas fizeram uma música chamada Se Essa Rua Fosse Minha é um CD que foi vendido principalmente em uma tarde de mobilização no Aterro do Flamengo. O disco tinha a função de captar recursos e de sensibilizar a sociedade civil, para que olhassem para os meninos e meninas em situação de rua como crianças, para que olhassem para eles de uma outra forma.

O circo passou então a ser a ferramenta para aproximar esses jovens. Como eles conheciam já a capoeira, as acrobacias foi uma das atividades que mais cativou os mesmos.

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e meninas abordados no Rio de Janeiro. Eles trabalhavam com arte e cultura, enfatizando a arte circense. Estas pessoas recolhidas então começaram a multiplicar essas atividades circenses, dando início a um processo de formação de núcleos de circo social em vários locais do Rio.

Desta forma, foi observado nesta proposta do circo social um grande sucesso como prática pedagógica. Foi registrado como a realidade desses jovens que viviam em situação de risco social foi transformada. Após esse pioneirismo do projeto Se Essa Rua Fosse Minha, muitos outros foram criados com este objetivo de circo social.

A quantidade desses projetos no Brasil tem crescido continuamente. Podemos encontrá-los em todo o país e eles integram uma rede, que se chama Rede de Circo do Mundo Brasil, que iniciou através de um programa de ação social do Cirque du Soleil, em 1995, com o nome de Cirque du Monde (Circo do Mundo). Este programa utiliza as artes circenses como uma pedagogia alternativa para pessoas do mundo todo que possuem algum tipo de dificuldade. Muitas organizações então têm investido na arte-educação e, principalmente as artes circenses como um meio dessa integração e promoção da cidadania, além da mudança social (FIGUEIREDO, 2007).

Com um vasto potencial para ser explorado, vemos hoje o circo social dentro dos fenômenos educativos, sociais, culturais e estéticos no Brasil. O uso do circo social apenas a fim de ver a contraposição ao uso de drogas, crimes e violência, e também o desejo de verem atitudes mais positivas dos participantes, pode limitar novas soluções para a vulnerabilidade das artes circenses no Brasil. Conforme Perim (2007, p. 208) é necessário deixar um legado:

entre os novos desafios do circo social no Brasil, inscreve-se a sua preparação para assumir tarefas no cenário artístico, o que requer uma renovação de práticas, pressupostos e bases conceituais, preparando-o, também, para contribuir na formação de um legado para as artes circenses, cujos impactos alcancem, contribuam e sejam percebidos no desenvolvimento do circo como linguagem ou modo de organização do espetáculo, em nosso país.

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Em contrapartida, outros autores trazem uma crítica no que ocorre dentro do circo social. Conforme Cassoli (2006), o pobre não é necessariamente artista. "Com a nova aliança entre a arte e a filantropia, faz-se da pobreza um grande espetáculo nos atuais meios de comunicação. Fazer espetáculos com jovens que saíram das ruas é o novo produto da indústria da pobreza" (p. 53).

Todas essas críticas são bem pertinentes e requer entendimento do objetivo a ser criticado. Os jovens acreditam que podem colaborar na mudança de outros, um caminho que traz resultados. O circo social é um desafio rotineiro, um permanente risco, uma constante superação, uma disciplina extrema para os alunos atingirem seus objetivos.

3 A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E SUA ESPECIFIDADE

Quando se pensa em educação talvez a primeira coisa que muitos associem é ao espaço escolar, no entanto, se faz necessário compreender que esta ação engloba outras esferas que vão além das paredes da escola. Dentre estas destaca-se a educação não formal, que numa visão simples destaca-seria aquela destaca-se realiza fora da escola, como forma de alcançar alguns em condição de exclusão.

No entanto, vamos buscar expor uma dimensão um pouco mais ampla deste conceito dentro da educação. Como ponto de partida adotamos a intenção de Garcia (2005, p. 19-27) ao discutir “conceitualmente as especificidades da educação não-formal, considerando o seu acontecimento como campo conceitual e pedagógico”, onde considera a educação não formal como conceito autônomo. De acordo ainda com a autora o conceito não é a “coisa”, mas produz o acontecimento, sendo a “própria emergência do conceito que leva aos acontecimentos”, desta forma ela apresenta que

A educação não-formal não tem, necessariamente uma relação direta e de dependência com a educação formal. É um acontecimento que tem origem em diferentes preocupações e busca considerar contribuições vindas de experiências que não são priorizadas na educação formal.

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A educação não-formal considera e reaviva a cultura dos indivíduos nela envolvidos, incluindo educadores e educandos, fazendo com que a bagagem cultural de cada um seja respeitada e esteja presente no decorrer de todos os trabalhos, procurando não somente valorizar a realidade de cada um, mas indo além, fazendo com que essa realidade perpasse todas as atividades (VON SIMSON; PARK; FERNADES, 2001, p. 13).

De acordo ainda com estes autores, seu espaço deve ser criado com alguns princípios como: caráter voluntário, onde a participação da criança, adolescentes e adultos é voluntaria, promover elementos de sociabilização e solidariedade, propor-se ao depropor-senvolvimento social, desviar-propor-se de formalidades e hierarquias, propiciar participação coletiva, proporcionar a investigação e a participação dos integrantes de forma descentralizada. É, portanto, uma aprendizagem sem uma obrigatoriedade e sem mecanismos de repreensão para o não aprendizado, mas busca uma “relação prazerosa e significativa com o processo de aprender e com a construção do saber” (GARCIA, 2001, p.152). Ainda sobre a proposta pedagógica de aprendizagem da educação não formal, vemos:

Os projetos de educação não-formal têm um grande potencial formativo. Possibilitando mudanças nos sistemas de conhecimento e valores das pessoas, criando espaços de encontro que permitem ir além dos próprios limites, com o reconhecimento e a valorização dos aprendizados gerados na experiência, e contribuem para tornar mais complexa a interpretação da realidade e para enquadrar a vida e a experiência em contextos mais amplos (CENDALES, MARIÑO, 2006, p. 16).

Estes autores ainda declaram que a educação não formal está numa condição privilegiada para desatar os padrões educativos tradicionais, transformando-se em uma proposta inovadora e significativa para a educação de forma geral.

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educação não formal, uma vez que não são preparados para este tipo de prática e atitude educacional. A autora ainda aponta:

essa possibilidade de trabalhar com profissionais vindos de diferentes campos e com diferentes níveis de formação, sem dúvida enriquece o trabalho desenvolvido por instituições que assim trabalham, mas exige uma ação constante de questionamento e reflexão sobre a prática nesse cotidiano, uma vez que é nela que emergem os conflitos dessa relação. Cabe então a pergunta: Quem é esse educador e qual é o seu papel (GARCIA, 2001, p. 157).

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4 METODOLOGIA

Com o desejo concebido de realizar uma investigação que se desenvolvesse a partir da linguagem do Circo Social, buscou-se um local na cidade de Bauru que permitisse a realização de um projeto através das Artes do Circo aos finais de semana, devido a disponibilidade de tempo do investigador.

Metodologicamente a pesquisa se desenvolveu como investigação qualitativa, um termo que não era utilizado nas ciências sociais até final da década de 60. Os dados obtidos na pesquisa são denominados qualitativos, o que significa ricos em particularidades descritas das pessoas, locais e das conversas. No entanto, parte da suposição de que pouco se sabe sobre o ambiente e sujeitos que irão compor a pesquisa (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

A abordagem utilizada para coleta de dados foi a pesquisa participante, onde ocorre a participação do processo de construção do universo simbólico que irá proporcionar novos aprendizados e sentidos, constituindo uma prática social coletiva através de ambas as partes (STRECK, 2011). Sobre isto Bogdan e Biklen (1994, p. 113) descrevem que “o investigando entra no mundo dos sujeitos”, buscando a confiança, aprendendo o modo de pensar e participando das suas atividades, mas mantêm-se do lado de fora e simultaneamente reflexivo.

O principal instrumento utilizado na pesquisa para coleta dos dados foram as Notas de Campo dos encontros realizados, sendo a investigação traçada em um plano flexível, que segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 83) faz parte da investigação qualitativa, onde eles declaram: “ainda que os investigadores possam ter uma ideia acerca do que irão fazer, nenhum plano detalhado é delineado antes da recolha dos dados”, isto não nega a existência e importância do plano, mas permite reformular as hipóteses da finalidade da pesquisa em meio ao avanço da investigação. Além das Notas de Campo foram utilizadas outras ferramentas para coleta de dados que são apresentas de acordo com cada etapa a seguir.

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Etapa 1: Escola Estadual

Em dezembro de 2014 foi realizado o contanto com a coordenadora do Programa Escola da Família de uma Escola Estadual, localizada na região do Jardim América, no município de Bauru, local onde o investigador já possuía algumas experiências em atividades com sua igreja. Nesta conversa combinamos a realização do projeto de Circo assim que o programa retornasse no início do ano seguinte. No entanto, por falta de organização pessoal e planejamento, este projeto só teve sua abertura em maio de 2015. Outras falhas ocorreram nesta etapa da pesquisa, faltou solicitar documento escrito de autorização para sua realização, além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que não foi entregue.

Entretanto, em meio as falhas houveram também as dificuldades encontradas, como o baixo número de participantes, falta de continuidade, ficha de inscrição sem retorno com exceção de um que trouxe, além de fatores externos, como época de pipas e o período de férias do programa no mês de julho. Diante disto, ficou decidido junto com a coordenadora parar o projeto naquele local.

As ferramentas utilizadas para obter informações e desenvolver a primeira etapa foram:

- 8 Conjuntos de Notas, sendo sete encontros e um para divulgação; - 13 Desenhos realizados pelos participantes (ANEXO “G”);

- Fotografia dos encontros (Figura 3); - 1 Ficha de inscrição (ANEXO “F”); - 1 Cartaz de divulgação (Figura 1);

- Bolinhas, Claves, Tules, Devil Stick, bambolês e cones; - Gravações de áudio;

- Entrevista semiestruturada com seguintes questões: a) nome?

b) idade?

c) onde estuda?

d) qual time que torce? e) qual a cor favorita?

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Etapa 2: Abrigo “A”

Em julho 2015 foi realizado contato com uma Instituição Social da cidade que possui serviços de Acolhimento para Adolescentes em Abrigos. Em agosto 2015 teve o início das atividades com os adolescentes que estavam abrigados em uma Casa de Acolhimento, localizada na região do Jardim Terra Branca, administrada pela instituição citada.

Desta vez não houve as falhas como na primeira etapa, obteve-se os documentos necessários para pesquisa. No entanto, as dificuldades ainda existiam, mas com contexto diferente, explanado na análise e discussão dos dados.

As ferramentas utilizadas para obter informações e desenvolver a segunda etapa foram:

- 8 Conjuntos de Notas; - Fotografias; (Figura 4)

- Declaração de autorização (ANEXO “D”);

- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO “B”); - Termo de Assentimento para menores de idade (ANEXO “C”); - Ficha e Termo de Voluntariado (ANEXO “E”);

- Vídeo;

- Atividade externa; - Tatames;

- Gravação de áudio;

- Entrevista semi-estruturada aberta, com as seguintes questões: a) nome?

b) idade?

c) onde estuda?

c) o que gosta de fazer? E o que pretende cursar? d) já foi ao circo? O que conhece e sabe que tem lá?

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Etapa 3: Abrigo “B”

No início de setembro de 2015, foi realizada a proposta de mudança de abrigo, a psicóloga de outra Casa de Acolhimento da mesma instituição entrou em contanto convidando para realizar o projeto do Circo na Casa de Acolhimento onde ela atuava e, explicou que tinha mais adolescentes e que um deles apresentava o desejo de aprender circo. Ela esclareceu que a ideia da mudança surgiu no dialogo dela com o psicólogo da Casa abrigo “A”. Esta proposta foi aceita pelo investigador devido à dificuldade que existia no abrigo “A”.

Na nova Casa de Acolhimento, localizada no Jardim Bela Vista e administrada pela mesma instituição que abrigo anterior, tinha mais adolescentes e somente dois tinham vicio de substâncias psicoativas. Neste abrigo foi possível desenvolver as atividades de Circo por um período mais amplo e com mais participantes, possibilitando fazer um planejamento das atividades, que ficaram dividas em duas partes: 1º Atividades acrobáticas; 2º Atividades malabarísticas. Este planejamento era flexível e se desenvolvia à medida que se familiarizava com o ambiente e os sujeitos envolvidos.

As ferramentas utilizadas para obter informações e desenvolver a terceira etapa foram:

- 23 Conjuntos de Notas;

- Fotografias (Figuras 2; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11 e 12);

- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO “B”); - Termo de Assentimento para menores de idade (ANEXO “C”); - Vídeo;

- Atividades externas (quadra, bosque, Casa do Circo, “missão água” e Parque Vitória Régia)

- Tatames;

- Claves, bolinhas, tules, arcos, diabolô, devil sticks, tecido e slackline;

- Materiais para confecção de bolinhas (painço, bexiga, sacola plástica, jornal e fita adesiva);

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- Entrevista semi-estruturada aberta, feita em folha de almaço respondida a mão por alguns adolescentes (ANEXO “H”), com seguinte questões:

a) nome? b) idade?

c) onde estuda e qual série está cursando? d) qual time que torce?

e) o que conhece do circo? Se já foi ao circo, quando e com quem? f) o que deseja ser quando se tornar adulto?

O público alcançado nesta terceira etapa eram adolescentes, com idade entre 12 a 17 anos, somente meninos. Tivemos treze participantes, com nove destes participando na maioria das atividades e os outros com menor envolvimento.

Além dos adolescentes que foram o alvo da investigação na pesquisa, houve a participação dos funcionários como sujeitos envolvidos. Todos os nomes utilizados nas Notas de Campo são nomes fictícios. Alguns sujeitos não foram identificados com nome fictício por não terem assinado os Termos de Consentimento e de Assentimento, ou devido ao pouco envolvimento na pesquisa·.

Foram registrados quarenta Conjuntos de Notas de Campo. Estes dados foram organizados em categorias de codificação, que são apresentadas por Bogdan e Biklen (1994, p. 221) e, de acordo com as questões que surgiram na investigação, organizou-se as seguintes categorias: Codificação de variação: mudanças dos locais da investigação, mudança das instituições e evasão, Fundação Casa e desligamento; Codificação de Comportamento: o uso das substâncias psicoativas e a falta de acesso e seus desejos; Codificação de visões: visão dos sujeitos envolvidos e a percepção sobre o circo e a visão da sociedade e Codificação de relações e estrutura social: família, agressividade e afetividade.

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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A seguir estão apresentadas as categorias de codificação levantas após leitura e análise dos dados. As abreviações CN referem-se aos Conjuntos de Notas levantados na investigação.

5.1 Codificação de variação

a) Mudanças dos locais da investigação

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Figura 1: Cartaz de divulgação utilizado na Escola Estadual.

As divulgações e tentativas de aproximação com os poucos sujeitos presentes na escola não produziram muito efeito. É necessário reconhecer também que houveram falhas na execução da pesquisa, no entanto, a época de pipas que provavelmente resultou um esvaziamento do PEF dificultou a continuidade do projeto, demonstrando o distanciamento ainda existente da escola com a comunidade. Sobre isto Neto e Ferreira (2006, p. 169) apontam que “a escola que deveria se constituir no principal espaço de formação e inclusão social, acaba se transformando [...] em mais um instrumento de exclusão de que dispõe a sociedade”. No 8º CN ficou decidido encerrar o projeto de Circo no local, devido à falta de publico no PEF e o período de férias que entraria.

No mês de julho de 2015, buscando um novo local para prosseguir com a pesquisa, realizou-se o contato com uma entidade filantrópica da cidade, que autorizou efetuar a pesquisa em um dos seus serviços prestados, o de acolhimento para crianças e adolescentes, possibilitando as investigações aos finais de semana. No decorrer desta nova etapa também houve uma transferência interna dos locais de investigação, saindo do abrigo “A” e indo para o abrigo “B”, relatado e explicado no 17º CN. Na instituição o contexto era diferente da escola, os abrigos tinham sua singularidade, mas ambos apresentaram suas dificuldades e desafios.

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pesquisa-ação, como forma de investigação. Entre as características apontadas por eles estão:

É flexível, pois se delineia à medida que se desenrola, de modo que o pesquisador não conhece antecipadamente o caminho que irá percorrer para atingir os objetivos definidos por ele mesmo e pelos demais envolvidos na investigação.

Os autores ainda explicam que esta abordagem busca gerar acontecimentos e, que em certos momentos podem provocar mudanças, exatamente como ocorreu no decorrer da investigação.

b) Mudança das Instituições

Este tópico surge devido às mudanças das instituições responsáveis pelo serviço de Acolhimento. De acordo com o documento “Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento Institucional” elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MSD) criado em 2009, os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes integram os Serviços de Alta Complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Considerando este documento e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a prefeitura de Bauru elaborou Padrões Normativos para estes serviços de Proteção Social Especial (PSE) que descreve:

oferecem atendimento às famílias e indivíduos que se encontram em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos, por ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medidas necessitando de acolhimento provisório, fora de seu núcleo familiar de origem (BAURU, 2016, p. 2).

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investigação para pesquisa, sendo entregue uma Declaração de Autorização (ANEXO “A”) que foi assinada pelo Presidente desta instituição. No dia 27 de agosto de 2015 foi publicada reportagem, sobre trabalho social promovido por esta instituição no município de Bauru, apresentada no Apêndice 2.

No 28º CN, ao final do mês de outubro surge a noticia que esta instituição entregaria o serviço no final do ano e que outra instituição assumiria. Isto acaba sendo visto de forma negativa tanto para os funcionários, quanto mais para os adolescentes que se sentem “jogados” conforme a coordenadora apontou.

Diante das descrições sobre os abrigos de acolhimento e dados recolhidos na investigação, são necessárias algumas reflexões sobre as políticas publicas de assistência social. Estas trocas de instituições são incompatíveis a sua função, pois reforçam a condição emocional que os adolescentes chegam ao abrigo, descrita nos Padrões Normativos como: “rompimento ou fragilização de vínculos” (Bauru, p. 2). Alem disto, as medidas de aplicação segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente no inciso XII do art. 100 descreve:

oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente.

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c) Evasão, Fundação Casa e desligamento

No cenário dos abrigos percebe-se existir uma rotatividade no seu cotidiano, os adolescentes frequentemente estão expostos às diversas modificações em suas vidas, que serão explanadas a seguir.

A evasão entende-se como fuga e foi constatado na primeira visita ao abrigo “A” registrado no 9º CN, onde a Assistente Social explicou que os adolescentes evadem e depois retornam ao abrigo, neste dia teve dois que retornaram somente para pegar suas roupas e não ficaram. No 12º CN um deles tinha retornado, pois as coisas não deram certo com seu irmão, este mesmo adolescente depois estava internado na Fundação Casa, pois disseram que ele descumpriu a Liberdade Assistida (LA) conforme registrado no 14º CN. No abrigo “B” também foi constatado a evasão e internação na Fundação Casa, registrados no 26º, 34º e 38º CN um dos autores, o Jacó, evadiu duas vezes, na primeira ele retornou no mesmo dia à noite, enquanto assistíamos ao vídeo do Cirque Du Soleli. No total da investigação foi constatado cinco internações na Fundação Casa, sendo três adolescentes do abrigo “A” e dois do abrigo “B”, um deles o Jacó.

Estas evasões e internações refletem algumas fendas ainda a serem tratadas nas instituições de acolhimento, por mais que elas possuam a função de proteção integral das situações de risco pessoal e abandono para os adolescentes. Sobre isto Arpini (2003, p. 72) declara que as instituições são a melhor opção para estes adolescentes e por isto devem ter um comprometimento pleno em suas ações, pois acaba sendo a única maneira para superação dos trágicos rótulos de suas historias. A autora também aponta esta problemática da internação na Fundação Casa para estes adolescentes:

A Febem, devido a seu forte estigma social, é sempre a instituição mais temida, sendo associada, pelos adolescentes, a faltas graves; assim, funciona sempre como uma “ameaça”, como a punição extrema que podem vir a sofrer. Marcados pela situação de risco, que os caracteriza, eles convivem com a possibilidade de terminar numa Febem, o que para eles seria a pior situação, “o fundo do poço (ARPINI, 2003, p. 72).

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os registros deste aspecto, o Pedro foi um dos que retornou para família, nas ultimas Notas mostra ele passando o final de semana com a família, indo a um projeto que realiza reuniões para esta reaproximação e depois o desligamento concluído. Os Padrões Normativos do município em acordo com inciso VIII do Art. 92 do ECA, aponta sobre o desligamento gradativo e a preparação para o retorno à família (BAURU, 2016, p. 7). Isto acontece, pois, o acolhimento institucional é uma medida provisória e excepcional conforme inciso IX no 1º parágrafo do Art. 101 do ECA. Existe outro tipo de desligamento, que é quando estes adolescentes completam os dezoito anos, conforme constatado no 14º CN. Diante disto Oliveira e Milnitsky-Sapino (2007) falam sobre a falta de perspectiva destes adolescentes e que muitas vezes não são consideradas as marcas do passado de desprezo, injustiças e falta de oportunidades que eles carregam.

5.2 Codificação de Comportamentos

a) O uso das Substâncias Psicoativas

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No abrigo “B” não houve tantos relatos desta problemática das SPA, haviam dois adolescentes que fumavam tabaco, assim como o menino novo que chegou depois na casa, todos estes já tinham experimentado outros tipos de SPA mais severas, até outros meninos mais novos que não tinham tanto o habito de fumar tabaco como estes, disseram ter experimentado algumas SPA, conforme 18º, 33º e 38º CN.

As SPA na juventude é uma realidade desta sociedade contemporânea. De acordo com reportagem do Jornal Estadão, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que houve um aumento dos adolescentes que experimentaram drogas ilícitas de 2009 para 2012. Sobre isto, Marques e Cruz (2000) também apresentam estudos epidemiológicos que confirmam este crescimento, como os realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (CEBRID), os autores declaram que os fatores estão entrelaçados às emoções e sentimentos agregados a intensos sofrimentos psíquicos. Os adolescentes abrigados que participaram da investigação carregam marcas muito profundas de abandono e rejeição, construindo assim mecanismos de defesas, que na maioria das vezes acabam sendo prejudiciais para si próprios, como exemplo o uso de SPA. Os estudos de Neiva-Silva (2008, p. 171) aponta que para crianças e adolescentes em situação de rua expostos aos riscos existentes, o acolhimento se torna uma ação protetiva, no entanto, os que frequentam as ruas e não possuem muita proximidade com as drogas, a institucionalização pode se tornar um fator de risco para abertura ou aumento do uso de drogas. Entende-se que este contexto identificado na investigação é um pequeno reflexo da desigualdade social existente no Brasil que conforme declara Freitas (2006, p. 55) “não é circunstancial, ao contrário, é histórica e estrutural”.

b) A falta de acesso e seus desejos

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que iria vender uma substância para comprar um tênis e 40º CN que registra outros adolescentes envolvidos no tráfico, mas tem também os que preferem simplesmente pedir, às vezes aos cuidadores, como um simples troco para ir à Lan House, conforme 28º CN ou pedir para estranhos, que seja uma pequena bolinha de tênis ou simples panetone segundo o 34º CN.

Segundo Catani (2008) o consumo deve ser entendido como uma dimensão das práticas culturais do ser humano, ainda mais nas sociedades atuais com o crescimento urbano, a evolução tecnológica e o aumento aos meios de comunicação que conduzem aos diversos aspectos de formação desta cultura. Diante disto o autor também aponta o fato da exclusão produzida por esta cultura de consumo na juventude:

A diversidade de condições sociais e econômicas nem sempre permite que os próprios jovens possam vivenciar as idealizações de que são objeto. A força da indústria cultural contribui de forma decisiva para uma série de exclusões e diferenciações entre as múltiplas condições juvenis. Por exemplo, os jovens pobres têm possibilidades sensivelmente reduzidas – às vezes, inexistentes – de consumir em espaços como restaurantes, concertos, shows e shoppings (CATANI, 2008, p. 20).

Esta realidade de exclusão social ficou muito visível diante dos desejos dos adolescentes que estavam nos abrigos, mas também foi possível identificar na etapa da escola, onde duas irmãs que participaram das atividades disseram não ter o que fazer em casa e por este motivo ficavam no Programa Escola da Família, conforme 7º CN, expondo desta forma a falta de acesso a outros espaços na sociedade.

5.3 Codificação de Visões

a) Visão dos sujeitos envolvidos e a percepção sobre o circo

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trabalho”, este mesmo adolescente no 12º CN, me fez refletir sobre como eles acabam se desenvolvendo sem perspectiva e aprisionados em vícios, sendo necessário pessoas que compreendam os motivos sociais que os levam aquela condição e que possam olhá-los como vítimas desta sociedade.

No abrigo “B” também houve momentos que os meninos mostram obter uma autoestima baixa, sentindo sem valor e incapazes, conforme 24º, 26º e 30º CN. No entanto, teve outros momentos com o decorrer das atividades que foi possível perceber esta visão se transformando, como os momentos no bosque e na quadra, onde eles estavam alegres e confiantes diante dos desafios e aprendendo a lidar em equipe, também o Marcos veio dizer que estava fazendo o rolamento, algo que ele não conseguia, todos estes registros estão no 22º, 24º, 27º e 34º CN. Além destes resultados, houve um encontro atípico, onde realizamos a “missão água” no 37º CN que possibilitou a eles agirem em relação ao mundo e refletirem sobre suas ações.

Figura 2: “Missão Água”.

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O preconceito se funda na ideia de que eles não podem ser pessoas “normais”, de que devem ter falhado em algo em sua história, que são em alguma medida responsáveis por sua situação e pela ideia de marginalidade que os acompanha.

A partir dos relatos na investigação percebe-se a necessidade e importância de ter utilizado a perspectiva da educação não formal que busca uma aproximação com os adolescentes e possibilita compreender o que eles sentem e pensam.

Além disto houveram alguns relatos dos funcionários, mais especificamente na etapa dos abrigos, no 10º CN uma das cuidadoras compara os meninos com “aquela cebola que você vai descascando”. O 16º CN apresenta um momento delicado que uma cuidadora teve que lidar. A primeira psicóloga do abrigo “B”, no 21º CN ao ser indagada por mim sobre algum retorno por parte dos meninos, disse que eles estavam gostando “pois eu dava atenção e conversava com eles”, isto confirma a importância de trabalhar a educação não formal, buscando construir um diálogo com eles. Também se obteve uma carta (Apêndice 1) da nova psicóloga no abrigo “B”, a Maira, onde ela traz uma visão sobre situação de acolhimento e os momentos que ela acompanhou as atividades na investigação.

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Figura 3: Realização de desenhos.

No abrigo “A” houve alguns registros realizados através de entrevista gravada em áudio no 10º CN, alguns bastante interessantes, como o que disse ter parentes que eram artistas de circo, outros com interesse de aprender malabares para ir no semáforo e um que disse não gostar de circo por ter medo de palhaço. Nesta Casa também foi realizado o registro de algumas fotografias junto com o Benjamim, que foi o que mais participou dos encontros.

Figura 4: Atividades acrobáticas - abrigo “A”

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Nos primeiros encontros realizamos atividades acrobáticas, alguns ali apresentaram dificuldades no início, mas diante dos desafios e desejos de superação conseguimos realizar uma pirâmide acrobática. Infelizmente por não estarem acostumados com esta relação corporal e terem criado mecanismo de defesa pela agressão, houve um desentendimento entre dois adolescentes, mas isto foi tratado depois. A fotografia a seguir não está com boa resolução, pois foi fotografada no período da noite na área da frente no abrigo.

Figura 5: Atividade acrobática, formação de pirâmide - abrigo “B”.

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Figura 6: Passeio no bosque e prática de slickline.

Continuamos nos encontros seguintes construindo juntos os saberes das acrobacias de circo. O Marco não sabia fazer o rolamento, no 23º CN nós treinamos bastante e no encontro seguinte tive a alegria de vê-lo alegre me contar que tinha aprendido e que treinou nos dias que ali não estive. Neste 24º CN realizamos bastante exercícios e percebi que começaram a absorver os conhecimentos técnicos das atividades circenses, mas o principal é que estavam se divertindo.

Figura 7: Atividade acrobáticas - abrigo “B”.

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Figura 8: Assistindo vídeo.

Dando continuidade com as atividades acrobáticas o 29º CN foi realizado numa sexta-feira à tarde, houve a participação de boa parte dos meninos do abrigo, com a coordenadora acompanhando um período das atividades. Depois conversamos sobre a possibilidade de realizar um espetáculo onde eles seriam os artistas protagonistas, percebi que eles não acreditaram muito, disseram em tom de deboche “os palhaços do abrigo”.

Figura 9: Atividades acrobáticas sexta-feira.

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tules como forma de manipulação. No abrigo somente um já tinha habilidade com os malabares. Realizamos também a confecção de alguns malabares.

Figura 10: Atividade e confecção de malabares.

Também foi realizado um passeio na Casa do Circo, ali os meninos puderam conhecer um espaço novo, algo diferente para eles, além de ter a oportunidade de realizar os elementos aéreos do circo. Eles divertiram-se bastante e foi um momento de desafio e superação subir no tecido.

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Finalizando este tópico quero citar o 15º CN, que durante os abdominais que estávamos fazendo para aquecimento, um dos adolescentes com vicio em SPA conseguiu relacionar a atividade física como um benefício para largar os vícios, não foi algo que precisei dizer, ele conseguiu compreender e construir este entendimento.

b) Visão da Sociedade

Durante a investigação através de alguns comentários dos funcionários que trabalham nos abrigos, foi identificado certas situações de exclusão com estes meninos. O psicólogo do abrigo me disse no 14º CN que muitas vezes a escola não quer receber estes meninos do abrigo. Isto revela como vivemos em uma sociedade ainda egoísta e excludente, que “na verdade não se considera que o que os levou à instituição não foi uma ação cometida por eles, senão o resultado de uma violência estrutural em nossa sociedade” (ARPINI, 2003, p. 72).

No abrigo “B” também teve o relato de algumas situações como esta. No 28º CN, um dos cuidadores comentou que os meninos não têm “boa fama” na quadra ali próximo, pois já “tocaram o terror” lá. Igualmente no 33º CN uma das cuidadoras me disse que os meninos iriam mudar de casa e que os vizinhos estavam reclamando muito do comportamento e da bagunça que eles fazem.

Portanto através das atividades e dos diálogos que aconteciam, buscava-se conscientizá-los e estimula-los a mostrar a diferença, que são capazes e podem lutar pela libertação. Sobre isto Paulo Freire diz:

Aí está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos - liberta-se a si e aos opressores. Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos (FREIRE, 2005, p. 33).

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5.4 Codificação de relações e estrutura social

a) Família

Este tópico surge primeiramente devido ao local onde se realizaram a maioria dos encontros na investigação, os abrigos de acolhimento. No entanto, na primeira etapa da escola também houve alguns momentos que a relação família surgiu, como no 7º CN onde duas irmãs comentaram que não gostavam de ficar em casa por que o pai bebia. Além disto o Programa que tem o nome “Escola da Família”, não tinha famílias em espaço.

Nos abrigos teve registro de adolescente que fugiu para casa do irmão e depois voltou devido conflitos que existiam, conforme 11º CN. Algumas vezes eles contavam suas histórias, como 15º e 16º CN onde um relata ter pedirdo a mãe muito cedo, outros eram caso de rejeição como 24º CN quando o pai que iria buscar no final de semana, avisa que não iria mais, e teve também um no 21º CN que disse ter os pais envolvidos com crime e uso de SPA, até chegou a falar de abuso que sofreu em casa. Além de estarem retirados de seus pais por diversos fatores, existe a situação onde alguns tem irmãos acolhidos em outros abrigos, no 26º CN conversamos sobre um passeio que teve na cidade, onde reuniram todas as crianças e adolescentes de abrigos para passarem um dia juntos num clube da cidade, foi uma oportunidade de reencontros, conforme reportagem do Jornal da Cidade no Apêndice 3.

Considerada como uma das instituições mais antigas da humanidade, a família vem sofrendo diversas alterações em sua composição ao longo dos anos, mas continua tendo sua função diante da sociedade: de ser base para seus entes em afeto e proteção, seja física, moral ou social. Entendendo a família como base da sociedade, seja ela tradicional ou em seus diversos arranjos, entende-se que é através dos laços e vínculos criados ao longo da vida, vivenciados dentro da instituição família que se dá a formação do caráter, das emoções e da personalidade de seus entes como coloca Chalita:

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[...] A preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser são responsabilidades da família. É essa a célula mãe da sociedade, em que os conflitos necessários não destroem o ambiente saudável. (2001, p. 20).

Freitas (2002, p.8) nos traz o seguinte conceito sobre a família: “enquanto um processo de articulação de diferentes trajetórias de vida, que possuem um caminhar conjunto e a vivência de relações íntimas, um processo que se constrói a partir de várias relações, como classe, gênero, etnia e idade”.

No Brasil, foi a partir da Constituição Federal de 1988 que os novos arranjos de família foram reconhecidos, mais especificamente em seu artigo 226 que diz: “São grupos ligados afetivamente e que tenham estabilidade”, dando assim espaço para suas diversas formações.

Sendo realidade encontrada na investigação de abandono e falta de estrutura, tratando-se especificamente dos abrigos. São em sua maioria, de famílias em situação de risco, exclusão e vulnerabilidade social. Os adolescentes que lá se encontram, vivenciaram diferentes trajetórias de vida em suas famílias. Refletindo diversos aspectos a isso relacionados tais como: violência, vícios, dificuldade de relacionamentos e até mesmo infrações como furto e tráfico de drogas.

b) Agressividade e afetividade

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estruturantes do fato social, sempre presente na história da humanidade”, ela ainda aponta como violência dos poderes institucionais, aquela que os jovens sofrem.

Por mais que agressividade seja algo pertinente em nós e conforme Ximenes (2001, p. 41) aponta “o homem, já na sua origem, para sobreviver teve que desenvolver a sua agressividade”, entendemos que estes são mecanismos de defesa. Mas também vimos a afetividade se contrapor durante a investigação.

Nos encontros houve momentos que os adolescentes mostravam a afetividade com os funcionários e com o investigador que muitas vezes foi convidado por eles para almoçar ou jantar ali junto, conforme 14º, 18º, 22º e 27º CN, percebia-se o quanto isto era importante e significativo para eles. No 16º CN foi relatado por uma das cuidadoras uma situação muito delicada, que talvez não seria este o tópico para aborda-la, mas é o que mais se aproxima, onde um dos adolescentes propôs para cuidadora uma relação sexual, algo que a deixou muito irritada, mas que revela uma carência de afeto, distorcida, mas ainda assim uma carência.

Para finalizar este tópico é apresentado algumas imagens do último passeio no Parque Vitória Régia, como encerramento. Ali os meninos se divertiram e mostraram afeto e interação nas atividades e no momento que juntos estávamos sentados na grama comendo. Foi um momento muito especial como encerramento.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se desenvolveu com o foco de analisar e tentar compreender como seria a ação da junção dos conhecimentos da Educação Física, com os elementos do Circo Social na Educação não formal e se está junção oferece uma opção de atuação aos professores de Educação Física. Desta forma refletimos como se desenvolveu esta ação através das investigações com crianças e adolescentes em uma Escola Estadual e dois locais de uma instituição social do município de Bauru.

No decorrer da investigação foram analisadas as dificuldades e falhas que surgiram pelo caminho, que conduziram a algumas mudanças. Mesmo diante destas dificuldades não desistimos no meio do caminho, continuamos buscando compreender quais os desafios existentes no objetivo desta pesquisa. Após estes sete meses de realização das investigações, mesmo com as dificuldades, houve também os momentos de alegria e, estes com certeza foram muito maiores.

Ao refletirmos sobre o decorrer deste trabalho, é possível obter uma pequena compreensão de como deve ser esta ação através Circo Social. Mesmo a pesquisa se desenvolvendo em abrigos de acolhimento, que possui uma leitura diferente de um projeto social, compreendemos ser muito importante trabalhar as ações na perspectiva da Educação não formal. Foi possível também perceber uma pequena fração da complexidade existente nos abrigos de acolhimento, onde os adolescentes ali inseridos não são o problema, mas sim o contexto histórico das marcas que eles carregam que torna o cenário complexo.

Infelizmente por falta de tempo não tivemos como obter uma devolutiva por parte dos adolescentes, sobre as atividades e passeios realizados nos encontros. Mas acreditamos que algumas imagens destes encontros, nos mostram os momentos de alegria, diversão e prazer para eles. Podendo assim desenvolver um trabalho de longo prazo que possibilite um maior aprofundamento para esta pesquisa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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ANEXOS

ANEXO A - NOTAS DE CAMPO

1º Conjunto de Notas – 16/05/2015 – Escola Estadual

Inicia-se o Projeto Cultural de Artes Circenses numa Escola Estadual de nível inicial do Ensino Fundamental, localizado no Bairro Jardim America, no município de Bauru. Em dezembro antes das férias foi realizado contato com a coordenadora do Programa Escola da Família, para realização deste projeto após o retorno das férias. Mas por problemas pessoais e falta de organização demorou para iniciar. Em abril retornei o contato com a coordenadora, pedi desculpa por ter me ausentado muito tempo e reapresentei o projeto para ser iniciado no mês de maio. Como nas outras vezes, ela mostrou apoio à realização deste projeto junto ao Programa Escola da Família.

Neste dia apresentei para coordenadora o cartaz (Figura 1) feito para divulgação do Projeto Cultural de Artes Circenses e ela propôs de passar durante a semana nas salas de aula apresentando o cartaz e falando do projeto, depois ela iria fixar o cartaz nas paredes verdes do pátio da escola.

Na quadra os meninos estavam jogando futebol, pedi para jogar com eles e descobri que tinham entre 7 e 17 anos, a maioria estava descalço e alguns sem camiseta, foram receptíveis e nos momentos que eu ficava de próximo falava com eles a respeito do projeto de circo que iria iniciar. Depois fui para o pátio da escola, que tinha mesa de tênis e de pebolim, tinha uns meninos jogando e joguei com eles, também, aproveitei para falar sobre o projeto, mas percebi que alguns ouviam e poucos prestavam atenção. Faltando alguns minutos para a escola fechar (o programa encerra às 17h) dois garotos de aproximadamente 10 anos, que estavam no tênis de mesa começaram a se agredir com socos, eu e outro adolescente que estava próximo separamos a briga. A universitária que fica como monitora no Programa comentou que um destes meninos sempre arruma confusão quando aparece.

Estudantes de psicologia de uma faculdade da cidade estavam fazendo estágio no Programa Escola da Família, eles ajudam a fazer os cartazes da escola e levam atividades de desenho e pintura. Alem destes tem uma universitária que recebe bolsa de estudo do governo e está ali todo sábado monitorando nas atividades.

2ª Conjunto de Notas – 23/05/2015 – Escola Estadual

Cheguei à escola e fui recepcionado pela coordenadora, ela logo me disse: “as crianças estão te esperando”, isto aconteceu devido a um pequeno atraso de 5 minutos que eu tive, e que será corrigido. Mas no pátio percebi que não havia nenhuma criança me esperando. Tinha alguns meninos na quadra jogando futebol e outros no pátio jogando pebolim e tênis de mesa, também tinha algumas meninas juntos com os estagiários fazendo atividade de desenho e pintura sobre o tema família, mas um grupo me esperando para realizar as atividades de circo não.

Referências

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