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Orientação de enfermagem sobre o banho no leito para redução da ansiedade.

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Academic year: 2017

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Juliana de Lima Lopes

I

, Dulce Aparecida Barbosa

I

,

Luiz Antônio Nogueira-Martins

II

, Alba Lucia Bottura Leite de Barros

I

I Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Enfermagem,

Departamento de Enfermagem Clinica e Cirúrgica. São Paulo-SP, Brasil.

II Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina. São Paulo-SP, Brasil.

Como citar este artigo:

Lopes JL, Barbosa DA, Nogueira-Martins LA, Barros ALBL. Nursing guidance on bed baths to reduce anxiety. Rev Bras Enferm. 2015;68(3):437-43. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680317i

Submissão: 07-01-2015 Aprovação: 11-03-2015

RESUMO

Objetivo: avaliar a efetividade de um protocolo de orientação de enfermagem para redução da ansiedade de pacientes com síndrome coronária aguda, submetidos ao banho no leito e a relação dos sinais vitais com a Ansiedade-Estado. Método: ensaio clínico randomizado. A amostra foi constituída por 120 pacientes. O grupo intervenção recebeu um protocolo de orientação de enfermagem sobre o banho no leito e o grupo controle as informações rotineiras da unidade. A ansiedade foi avaliada por meio do Inventário de Ansiedade-Estado em três momentos: imediatamente após informar ao paciente sobre a necessidade do banho no leito, imediatamente após as intervenções e imediatamente após o banho. Resultados: o grupo intervenção teve uma redução signifi cativamente maior da ansiedade quando comparado ao grupo controle (p<0,001) após a intervenção. Conclusão: a orientação de enfermagem foi efetiva para reduzir a ansiedade dos pacientes com síndrome coronária aguda que se submetem ao banho no leito.

Descritores: Ansiedade; Síndrome Coronariana Aguda; Banhos; Cuidados de Enfermagem.

ABSTRACT

Objective: to evaluate the effectiveness of a nursing guidance protocol to reduce the anxiety of patients with acute coronary syndrome undergoing bed bath, and the correlation of vital signs with state-anxiety. Method: randomized clinical trial study. The sample consisted of 120 patients. The intervention group received a nursing guidance protocol about bed bath and the control group received the unit’s routine information. The STAI-State scale was used to assess anxiety, and data were collected at three times: immediately after informing the patients about the bed bath; immediately after interventions; and immediately after the bath. Results:

the intervention group presented signifi cantly lower state-anxiety compared to the control group (p<0.001) after the intervention.

Conclusion: the nursing orientation was effective to reduce anxiety in patients with acute coronary syndrome undergoing bed bath.

Key words: Anxiety; Acute Coronary Syndrome; Baths; Nursing Care.

RESUMEN

Objetivo: evaluar la efectividad de un protocolo de orientación de enfermería para reducción de la ansiedad de pacientes con síndrome coronario aguda, sometidos al baño en el lecho y la relación de las señales vitales con la Ansiedad-Estado. Metodo: ensayo clínico randomizado. La muestra estaba constituida por 120 pacientes. El grupo intervención recibió un protocolo de orientación de enfermería sobre el baño en el lecho y el grupo control, la información rutinaria de la unidad. La ansiedad se evaluó por medio del Inventario de Ansiedad-Estado en tres momentos: inmediatamente tras informar al paciente sobre la necesidad del baño en el lecho, inmediatamente tras las intervenciones e inmediatamente tras el baño. Resultados: el grupo intervención tuvo una reducción signifi cativamente mayor de la ansiedad cuando comparado al grupo control (p<0,001) tras la intervención. Conclusión: la orientación de enfermería fue efectiva para reducir la ansiedad de los pacientes con síndrome coronario agudo que se someten al baño en el lecho.

Palabras clave: Ansiedad; Síndrome Coronario Agudo; Baños; Atención de Enfermería.

Orientação de enfermagem sobre o banho no

leito para redução da ansiedade

Nursing guidance on bed baths to reduce anxiety

Orientación de enfermería acerca del baño en el lecho para reducción de la ansiedad

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INTRODUÇÃO

A prática do cuidar de pacientes com coronariopatias é um desafio para a Enfermagem. Esta doença é caracterizada, na maioria das vezes, por uma internação inesperada, desenca-deando diversas dúvidas e medos. Neste sentido, o enfermei-ro tem um importante papel na orientação destes indivíduos.

A orientação de enfermagem permite minimizar diversos sentimentos negativos apresentados pelos pacientes frente a no-vas experiências, tornando-os mais seguros, propiciando melhor qualidade de vida(1-3). A comunicação gerada pela orientação de enfermagem permite a identificação de significados que o paciente atribui para a doença e a hospitalização(4). A falta de informação e o desconhecido podem gerar diversos sentimen-tos negativos, como a ansiedade e depressão(5-6). Alguns estudos mostram forte correlação entre a ansiedade e a depressão(7-8).

A ansiedade é definida como um vago e incômodo senti-mento de desconforto ou de temor acompanhado por uma res-posta autonômica; é um sentimento de apreensão causada pela antecipação de perigo(9). Os transtornos de ansiedade incluem distúrbios que compartilham características de medo excessivo, ansiedade e distúrbios comportamentais relacionados(10).

Atualmente existem diversos instrumentos que mensuram os sintomas de depressão e os níveis de ansiedade dos pacientes, sendo o Inventário Beck de Depressão(11-12) e o Inventário de Ansiedade-Estado-Traço(13) os mais utilizados, respectivamente. O Inventário de Ansiedade-Estado-Traço é constituído por duas escalas distintas, o Inventário de Ansiedade-Estado e o Traço.

A Ansiedade-Estado representa a ansiedade que o paciente apresenta no momento da avaliação. É conceituada como um estado emocional transitório ou condição do organismo hu-mano, caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e apreensão conscientemente percebidos e acompanhados de aumento da atividade do sistema nervoso autônomo(13). A An-siedade-Traço, por sua vez, é utilizada para medir a ansiedade que a pessoa vivencia normalmente. Os escores desta escala são menos sensíveis a mudanças decorrentes de situações am-bientais e permanecem relativamente constantes no tempo(13). A associação da ansiedade e infarto agudo do miocárdio tem mostrado impacto negativo no prognóstico destes pacientes, uma vez que, além das manifestações psíquicas, causa diversas alterações fisiológicas(14-15). A ansiedade pode ativar o sistema nervoso simpático, aumentando a contratilidade e a frequên-cia cardíaca, a pressão sanguínea e o consumo de oxigênio e, eventualmente, pode piorar a evolução da doença(14-15).

Esta ansiedade, muitas vezes, é mais intensa, dependendo do procedimento a que o paciente está sendo submetido, bem como da avaliação que ele faz desse procedimento. O banho no leito é um dos procedimentos que pode intensificar esse sentimento(16).

Assim, torna-se essencial a realização de estudos que verifi-quem o impacto de protocolos específicos de orientação de en-fermagem sobre os diversos procedimentos de enen-fermagem, na ansiedade dos pacientes com síndrome coronária aguda, uma vez que podem contribuir para as boas práticas de enfermagem.

O objetivo do presente estudo foi avaliar a efetividade de um protocolo de orientação de enfermagem para redução da Ansiedade-Estado de pacientes com síndrome coronária

aguda, submetidos ao banho no leito e avaliar a relação dos sinais vitais com a Ansiedade-Estado.

MÉTODO

Aspectos Éticos

O estudo foi precedido da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal de São Paulo (UNI-FESP), da assinatura do termo de consentimento livre e es-clarecido e registrado no clinical.trials.org (NCT01724762).

Desenho, período e local do estudo: Trata-se de ensaio clínico randomizado realizado no período de março de 2011 a outubro de 2012 nas Unidades Coronárias do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HCFMUSP), serviço de referência para o ensino, assistência e pesquisa em Cardiolo-gia no Brasil. Esta instituição atende pacientes clínicos e cirúr-gicos com diversas doenças cardíacas e pulmonares.

População e critérios de inclusão: A amostra foi composta por pacientes com síndrome coronária aguda, internados nas unidades coronárias.

Critérios de inclusão: idade >18anos, ambos os sexos, com pelo menos quatro anos de escolaridade (instrumentos autoa-plicáveis), sem congestão pulmonar (Killip I)(17) e com indicação de banho no leito pela primeira vez na internação atual.

Critérios de exclusão: presença de afecções vasculares ou fístulas arteriovenosas no membro superior esquerdo, uma vez que este membro foi padronizado para aferição da pres-são arterial; expostos a situações que poderiam influenciar a ansiedade ou os sinais vitais como presença de arritmias, dor isquêmica, realização de procedimentos invasivos no dia da inclusão no estudo; uso de benzodiazepínicos ou ansiolíticos; alterações do nível de consciência ou déficit visual.

Cálculo do tamanho da amostra: baseado em estudo prévio(16), no qual se obteve a média do escore da Ansiedade-Estado (41,4 pontos), imediatamente após relatar ao paciente sobre a neces-sidade do banho no leito. Esta pontuação refere-se a uma ansie-dade moderada e considerou-se que para se obter uma redução significante da Ansiedade-Estado após a intervenção, o paciente deveria alcançar um escore inferior a 34 pontos, o que caracteriza ansiedade leve, ou seja, uma diferença de 7 pontos a menos do escore de Ansiedade-Estado entre os grupos. Para o nível de signi-ficância de 5% e poder de 95%, a amostra mínima para detectar uma diferença de 7 pontos no escore da Ansiedade-Estado entre os grupos, pelo teste de soma de postos de Wilcoxon foi de 112 pacientes. Prevendo a possibilidade de perdas durante a coleta de dados, aumentou-se em 10% o tamanho da amostra e, desta forma, a amostra final foi constituída de 124 pacientes.

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coronariana e por pesquisa realizada previamente(16) e incluiu orientações verbais e escritas contidas em um manual informati-vo sobre o banho no leito. O manual foi previamente elaborado e validado, seguindo os passos descritos por Echer(19) e continha informações sobre o que é o banho no leito, o motivo pelo qual o paciente necessita deste tipo de banho, o profissional que rea-liza este procedimento, como o banho é rearea-lizado, o tempo que demora este procedimento e o número de vezes que o pacien-te necessita realizá-lo por dia(20). Primeiro os pacientes leram o manual informativo e, posteriormente, caso houvesse dúvidas, a pesquisadora principal do estudo realizava os esclarecimen-tos necessários, conforme as informações contidas no manu-al. Ressalta-se que durante a leitura do manual informativo, a pesquisadora permanecia ao lado do paciente. O protocolo de orientação teve uma média de duração de dez minutos.

Foi considerado grupo 2 ou grupo controle, o dos pacien-tes que receberam somente as informações rotineiras da uni-dade, ou seja, que o banho seria realizado na cama, manten-do a sua privacidade.

Para a realização do banho no leito de ambos os grupos, os pacientes permaneceram deitados e o procedimento foi realiza-do pelo mesmo profissional. O desfecho realiza-do esturealiza-do foi a Ansie-dade-Estado dos pacientes, avaliada em três momentos distintos:

I) imediatamente após relatar sobre a necessidade do ba-nho no leito, com o intuito de avaliar o impacto desta informação ao paciente;

II) imediatamente após as intervenções (orientações de en-fermagem ou após as informações rotineiras), com o intui-to de avaliar o impacintui-to destas orientações ou informações e;

III) imediatamente após o banho no leito, com o intuito de avaliar a ansiedade gerada pela reali-zação do procedimento.

O protocolo de orientação (grupo intervenção) ou as informações rotineiras da unidade (grupo con-trole) foram realizados apenas uma vez entre a pri-meira e a segunda avaliação da Ansiedade-Estado. A ansiedade foi avaliada por meio do Inventário de Ansiedade-Estado - A-Estado(13). Este inventário ava-lia a ansiedade no momento da coleta de dados e os escores variam de 20 a 80 pontos, sendo que quanto maior o valor do escore, maior é a ansiedade do pa-ciente(13). Foi utilizado para avaliação dos resultados, os valores dos escores e a seguinte categorização(16): ansiedade baixa (20-34 pontos), ansiedade moderada (35-49 pontos), ansiedade elevada (50-64 pontos) e ansiedade muito elevada (65-80 pontos).

Os sinais vitais foram avaliados anteriormente a Ansiedade-Estado e obtidos por meio do monitor cardíaco em que o paciente estava monitorizado.

As variáveis sociodemográficas e clínicas (ida-de, sexo, hipertensão arterial sistêmica, estresse, obesidade, sedentarismo, antecedentes familiares de doenças cardiovasculares, tabagismo, etilismo, uso de betabloqueador, diagnóstico médico prévio

e/ou sintomas de depressão, Ansiedade-Traço e internação prévia) foram obtidas mediante entrevista com o paciente, da-dos da-dos prontuários e por meio de instrumentos validada-dos. Estas variáveis foram avaliadas uma vez que poderiam influen-ciar a Ansiedade-Estado dos pacientes.

As variáveis sociodemográficas e clínicas foram coletadas por meio de um instrumento elaborado pelos pesquisadores e utilizado em estudo anterior(16). A Ansiedade-Traço foi avaliada por meio do Inventário de Ansiedade-Traço que avalia o perfil ansioso dos pacientes, o escore varia de 20 a 80 pontos(13). Foi utilizado para avaliação dos resultados, os valores dos escores e a mesma categorização utilizada na Ansiedade-Estado.

Os sintomas de depressão, por sua vez, foram avaliados por meio do Inventário Beck de Depressão(11-12). Este inventário é au-toaplicável e avalia a frequência e a intensidade dos sintomas depressivos em relação à última semana. Compreende 21 cate-gorias, com quatro alternativas que variam de zero a três, sendo zero a ausência de sintomas e três a presença dos sintomas mais intensos. Para o presente estudo, foi utilizada a seguinte cate-gorização para os pacientes com diagnóstico médico prévio de depressão(11-12): escores de 0 a 9 (sem sintomas de depressão), escores de 10 a 18 (sintomas de depressão leve), escores de 19 a 29 (sintomas de depressão moderada), escores de 30 a 63 (sinto-mas de depressão grave). E os pacientes sem diagnóstico médico prévio de depressão, segundo relato do paciente e/ou informa-ção obtida no prontuário foram categorizados como: escores de 0 a 14 (sem sintomas de depressão), escores de 15 a 19 (sintomas de disforia), escores 20 ou mais (sintomas de depressão).

Na Figura 1 apresentamos o fluxograma dos pacientes estudados.

Excluídos (n=32)

- Apresentaram um ou mais dos critérios de exclusão (n=31) - Recusou-se a participar do

estudo (n=1) Pacientes avaliados para elegibilidade

(N=156)

Seguimento perdido devido precordialgia durante o banho e excluídos do estudo

(n=2)

Seguimento perdido devido precordialgia durante o banho e excluídos do estudo

(n=2) Pacientes alocados

no grupo intervenção (n=62)

Pacientes alocados no grupo controle

(n=62)

Pacientes que foram analisados no grupo intervenção

(n=60)

Pacientes que foram analisados no grupo controle

(n=60) Pacientes randomizados

(n=124)

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Análise estatística: Foi utilizado o programa Statistical Pa-ckage for Social Sciences (SPSS) versão 19. A normalidade dos dados foi testada utilizando-se o teste de Kolmogorov-Smirnov. Os testes estatísticos Qui-quadrado, Razão de Verossemelhança e t-Student foram utilizados para verificar se as variáveis sociode-mográficas e clínicas entre o grupo controle e intervenção eram semelhantes, uma vez que poderiam influenciar nos resultados. Para comparar os níveis de Ansiedade-Estado do grupo interven-ção e do grupo controle, em cada um dos momentos, foi utili-zado o Teste de Mann-Whitney. A correlação entre a Ansiedade--Estado e os sinais vitais, nos três momentos de avaliação, foi verificada pelo Coeficiente de Correlação de Pearson. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes.

RESULTADOS

Dos 120 pacientes avaliados, a maioria era do sexo mascu-lino (n=82; 68,3%), hipertensos (n=88; 73,3%) e com idade média, (DP) de 61(9,5) anos. Verificou-se que em relação à

Ansiedade-Traço, 70% dos pacientes avaliados dos dois gru-pos, apresentavam uma ansiedade moderada, elevada ou mui-to elevada. Quanmui-to à depressão, observou-se que 22 (18,3%) pacientes já apresentavam este diagnóstico médico previa-mente a inclusão no estudo, sendo 12 do grupo intervenção e 10 do grupo controle. Vinte (90,1%) destes pacientes apresen-tavam sintoma de depressão, confirmado pelo Inventário Beck de Depressão. Dos pacientes que não apresentavam o diag-nóstico médico prévio de depressão (n=98), mais da metade não apresentava os sintomas desta doença quando aplicado o Inventário Beck de Depressão.

Observa-se na Tabela 1 que os grupos intervenção e contro-le eram semelhantes, com exceção do tabagismo (p=0,007). A prevalência de pacientes tabagistas foi maior no grupo in-tervenção (n=15;25%) quando comparado ao grupo controle (n=10;16,7%), entretanto este resultado foi aleatório uma vez que os pacientes foram randomizados.

A Ansiedade-Estadofoi avaliada em 120 pacientes (60 do gru-po intervenção e 60 do grugru-po controle). Observa-se na tabela

Tabela 1 - Comparação das variáveis sociodemográficas e clínicas entre o grupo controle e grupo intervenção. São Paulo, SP, Brasil, 2011-2012

Variável Grupo Intervenção Grupo Controle Total Valor p

n % n % n %

Sexo (masculino) 40 66,7 42 70,0 82 68,3 0,695*

Hipertensão arterial 42 70,0 46 76,7 88 73,3 0,409*

Estresse 31 51,7 38 63,3 69 57,5 0,196*

Depressão 12 20,0 10 16,7 22 18,3 0,637*

Obesidade 15 25,0 9 15,0 24 20,0 0,171*

Sedentarismo 33 55,0 37 61,7 70 58,3 0,459*

Antecedentes familiares de doença cardiovascular 37 61,7 41 68,3 78 65,0 0,444*

Tabagismo

Não 25 41,7 13 21,7 38 31,7 0,007*

Sim 15 25,0 10 16,7 25 20,8

Ex-tabagista 20 33,3 37 61,7 57 47,5

Consumo de álcool

Não 39 65,0 39 65,0 78 65,0 0,084†

Socialmente 17 28,3 13 21,7 30 25,0

Diário 3 5,0 1 1,7 4 3,3

Ex-alcoólatra 1 1,7 7 11,7 8 6,7

Hospitalização prévia 47 78,3 48 80,0 95 79,2 0,822*

Ansiedade-Traço

Baixa 19 31,7 17 28,3 36 30,0 0,284†

Moderada 30 50,0 33 55,0 63 52,5

Elevada 9 15,0 10 16,7 19 15,8

Muito elevada 2 3,3 0 - 2 1,7

Uso de betabloqueador 53 88,3 53 88,3 106 88,3 1,000*

Idade (anos) 61(10) 62(10) 61(10) 0,455‡

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2 que na primeira avaliação os dois grupos eram homogêneos (p=0,773). Na segunda e na terceira avaliação, verifica-se que o grupo intervenção teve uma Ansiedade-Estado significantemen-te menor quando comparado com o grupo controle.

Observou-se que não houve correlação de nenhum dos sinais vitais com a Ansiedade-Estado em ambos os grupos (Tabela 3).

DISCUSSÃO

O paciente hospitalizado, que recebe o banho no leito, passa de um indivíduo independente para um indivíduo dependente, necessitando de cuidados da equipe de enfer-magem para execução deste procedimento(21) e o medo do desconhecido pode provocar diversas expectativas, sentimen-tos e emoções, como ansiedade(5,22).

O ser humano precisa sentir-se seguro quanto ao proce-dimento que será executado, pois se existirem dúvidas, estas poderão ser causadoras de sentimentos desagradáveis, como ansiedade e angústia(5). Frente a este contexto, a hipótese de que o protocolo de orientação de enfermagem é efetivo para redução da ansiedade dos pacientes com síndrome coronária aguda, submetidos ao banho no leito, foi comprovada no pre-sente estudo.

Outras pesquisas também comprovaram a importância da orientação para pessoas com coronariopatias, ao enfatizarem que a orientação provoca diminuição significativa nos níveis de depressão, ansiedade, raiva, hostilidade e uma melhora na

qualidade de vida destes pacientes(23-24). Assim, é de funda-mental importância que os enfermeiros orientem os pacientes que são submetidos ao banho no leito, no sentido de atenu-ar ou erradicatenu-ar a ansiedade, visto que este sentimento pode repercutir não apenas no aspecto psíquico, mas também no fisiológico do indivíduo.

A orientação de enfermagem pode ser realizada de forma individualizada ou por meio de manuais informativos. Os ma-nuais informativos têm como finalidade auxiliar os pacientes e familiares, durante o tratamento e o autocuidado e uniformi-zar as orientações a serem realizadas pela equipe de saúde, para que os pacientes possam entender o processo de saúde--doença e auxiliar na tomada de decisão(24-26).

Em relação à correlação da Ansiedade-Estado e as variáveis fisiológicas, observou-se que nenhum dos sinais vitais se cor-relacionou com a Ansiedade-Estado dos pacientes. Este resul-tado também foi encontrado em outros estudos(16,27). Embora os profissionais da área da saúde tenham considerado que os aumentos da ansiedade podem ser detectados por meio de mudanças na frequência cardíaca e na pressão arterial(14-15,28), ainda não existe um consenso na literatura sobre a correlação dos sinais vitais e este sentimento. Esta falta de consenso pode estar relacionada à heterogeneidade dos métodos empregados nos diversos estudos, quanto à avaliação da Ansiedade-Estado, bem como das variáveis fisiológicas. No entanto, mesmo po-dendo existir tal relação, a ansiedade gerada no banho no lei-to, neste estudo, não foi suficiente para alterar tais parâmetros. Entretanto, vale ressaltar que mais de 80% dos pacientes, em

Tabela 2- Comparação entre a Ansiedade-Estado do grupo controle e a Ansiedade-Estado do grupo intervenção, nos três momentos de avaliação. São Paulo, SP, Brasil, 2011-2012

Ansiedade Estado Grupo Intervenção Grupo Controle (Mann - Whitney)Valor p

Mediana Intervalo Interquartílico(1º e 3º quartis) Mediana Intervalo Interquartílico (1º e 3º quartis)

Primeira avaliação 41 (33 - 50) 41 (34 - 47) 0,773

Segunda avaliação 32 (26 - 40) 40 (32 - 49) <0,001

Terceira avaliação 28 (24 - 33) 35 (27 - 41) 0,006

Tabela 3 - Correlação entre a Ansiedade-Estado e os sinais vitais, nas três avaliações. Coeficiente de Correlação de Pearson. São Paulo, SP, Brasil, 2011-2012

Variável

Ansiedade-Estado

Primeiro momento Segundo momento Terceiro momento

Coeficiente de

Correlação de Pearson Valor p Correlação de PearsonCoeficiente de Valor p Correlação de PearsonCoeficiente de Valor p

Pressão arterial sistólica -0,043 0,644 0,096 0,296 0,037 0,686

Pressão arterial diastólica -0,068 0,459 0,010 0,912 -0,068 0,462

Frequência respiratória 0,085 0,354 -0,081 0,381 -0,113 0,218

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ambos os grupos utilizavam betabloqueadores, o que pode ter influenciado nos resultados da presente pesquisa.

Diante dos achados, ao realizar o banho no leito, o en-fermeiro não deve apenas considerar a execução da técnica do procedimento, mas também demonstrar envolvimento e disponibilidade para o atendimento do paciente sob seus cuidados. Assim, acredita-se que as alterações psíquicas de-correntes dos procedimentos de enfermagem, como o banho no leito, devem ser foco de atenção deste profissional, uma vez que visa ao bem-estar do indivíduo como um ser inte-gral. O enfermeiro deve garantir que as informações sejam claras, objetivas e precisas para que estas alterações possam ser minimizadas.

Limitações do estudo

Podemos apontar como limitação do estudo o não cega-mento das intervenções, entretanto destaca-se que os instru-mentos de avaliação eram autoaplicáveis, não tendo a influ-ência da pesquisadora. Outro aspecto é que a maioria dos

pacientes de ambos os grupos, faziam uso de betabloqueado-res, o que pode ter contribuído para não ter sido encontrado correlação da Ansiedade-Estado com os sinais vitais.

Implicações para prática

Este protocolo de orientação pode ser replicado em diver-sas unidades de terapia intensiva e pode ser utilizado como uma ferramenta para melhorar a qualidade da assistência prestada aos pacientes que se submetem ao banho no leito.

CONCLUSÃO

O protocolo de orientação de enfermagem foi efetivo para reduzir a ansiedade dos pacientes com síndrome coronária aguda, submetidos ao banho no leito.

Adoção de estratégias, com a finalidade de reduzir a an-siedade nos diversos procedimentos de enfermagem contri-bui para prática baseada em evidência e para a segurança do paciente.

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Figura 1 - Fluxograma dos pacientes estudados, São Paulo, 2011-2012
Tabela 1 -   Comparação das variáveis sociodemográficas e clínicas entre o grupo controle e grupo intervenção
Tabela 3 -   Correlação entre a Ansiedade-Estado e os sinais vitais, nas três avaliações

Referências

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