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Limitação de atividades em idosos: estudo em novos usuários de próteses auditivas por meio do questionário APHAB

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Nayyara Glícia Calheiros Flores

LIMITAÇÃO DE ATIVIDADES EM IDOSOS: ESTUDO EM NOVOS

USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS POR MEIO DO QUESTIONÁRIO

APHAB

São Paulo 2010

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Nayyara Glícia Calheiros Flores

LIMITAÇÃO DE ATIVIDADES EM IDOSOS: ESTUDO EM NOVOS

USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS POR MEIO DO QUESTIONÁRIO

APHAB

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Flores, Nayyara Glícia Calheiros

Limitação de atividades em idosos: estudo em novos usuários de próteses auditivas por meio do questionário APHAB. / Nayyara Glícia Calheiros Flores. -- São Paulo, 2009.

Xiii, 72f.

Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana – Campo Fonoaudiológico.

Título em inglês:Limitation of activities in the elderly: a study in new users of hearing aids through the questionnaire APHAB.

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UNIVERSIDADE FEDERAL SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA

Chefe do Departamento: Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iorio

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Nayyara Glícia Calheiros Flores

LIMITAÇÃO DE ATIVIDADES EM IDOSOS: ESTUDO EM NOVOS

USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS POR MEIO DO QUESTIONÁRIO

APHAB

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Kátia de Almeida

Profa. Dra. Renata Coelho Scharlach Profa. Dra. Carla Gentile Matas

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Dedicatória

Ao meu esposo,

Alejandro, pelo companheirismo, apoio e incentivo sempre.

Às minhas filhas,

Mariana e Bruna, amo vocês.

(7)

Agradecimentos

À Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.

À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iório, obrigada pelo crédito, prontidão, paciência e atenção em todo processo de orientação neste estudo.

À Profa. Dra. Brasília Chiari, pelo incentivo nessa trajetória a que expresso o meu profundo respeito e gratidão.

À minha amiga Profa.Francelise Roque Pivetta, pelas valiosas contribuições.

Aos meus amigos Geová Amorim, Edna Morais, Ana Paula Cajaseiras, Sabrina Pimentel e Vivian Passos pelo auxílio nesse projeto.

À estatística Thais Cocarelli, por sua ajuda na análise estatística.

Aos idosos que participaram desse trabalho sem os quais nada teria sido possível.

Aos familiares, amigos e, sobretudo a Deus, sempre presentes em minha vida.

(8)

Sumário

Dedicatória... v

Agradecimentos... vi

Sumário ... vii

Listas ... viii

Resumo ... xiii

1. INTRODUÇÃO... 01

1.1 Objetivos... 02

2. REVISÃO DA LITERATURA ... 03

3. MÉTODOS ... 14

4. RESULTADOS ... 20

Parte I – Caracterização da amostra ... 21

Parte II – Análise dos resultados do questionário APHAB ... 22

5. DISCUSSÃO... 30

Considerações gerais... 31

Parte I – Caracterização da amostra ... 32

Parte II – Análise dos resultados do questionário APHAB... 33

(9)

Lista de Tabelas

Tabela 1. Distribuição de freqüências referentes à caracterização da amostra.... 21 Tabela 2. Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses

auditivas e benefício referentes à sub-escala Facilidade de

Comunicação (FC) do questionário APHAB (%)... 22

Tabela 3. Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses

auditivas e benefício referentes à sub-escala Reverberação (RV) do

questionário APHAB... 23 Tabela 4. Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses

auditivas e benefício referentes à sub-escala à Ruído Ambiental (RA)

do questionário APHAB... 24 Tabela 5. Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses

auditivas e benefício referentes à sub-escala Desconforto aos Sons

(DS) do questionário APHAB... 25 Tabela 6. Pontuação global e benefício obtido no questionário APHAB

(FC+RV+RA) ... 26

Tabela 7. Estudo do Benefício obtido no questionário APHAB segundo a

variável grau de escolaridade... 27

Tabela 8. Estudo do Benefício obtido no questionário APHAB segundo a

variável grau de perda auditiva, medido em %... 28

Tabela 9. Benefício segundo as sub-escalas: Facilidade de Comunicação,

Reverberação e Ruído Ambiental... 29

(10)

Lista de Quadros

Quadro 1. Demonstrativo das sete alternativas de respostas do questionário

APHAB ... 16

Quadro 2. Itens que compõem cada uma das sub-escalas do questionário

(11)

Lista de figuras

Figura 1. Gráfico de Boxplot referente à sub-escala facilidade de comunicação

antes do uso da prótese auditiva, após três meses e benefício obtido

(%)... 22

Figura 2. Gráfico de Boxplot referente à sub-escala reverberação antes do uso

da prótese auditiva, após três meses e benefício obtido (%)... 24

Figura 3. Gráfico de Boxplot referente à sub-escala ruído ambiental antes do

uso da prótese auditiva, após três meses e benefício obtido (%)... 25

Figura 4. Gráfico de Boxplot referente à sub-escala desconforto aos sons antes

do uso da prótese auditiva, após três meses e benefício obtido (%).... 26

Figura 5. Gráfico de Boxplot referente à avaliação geral do questionário

APHAB, antes do uso da prótese, após três meses e benefício (%)... 27

Figura 6. Gráfico de Boxplot referente à comparação do benefício de acordo

com o grau de escolaridade... 28

Figura 7 Gráfico de Boxplot referente à comparação do benefício de acordo

com o grau de perda auditiva... 29

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Lista de abreviaturas e símbolos

APAC Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexidade/Custo

APHAB Abbreviate Profile of Hearing Aid Benefit AS Aversão aos Sons

BA Barulho Ambiente

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CIDID Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e desvantagens

CIF Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde DP Desvio Padrão

FC Facilidade de Comunicação EDG Escala de Depressão Geriátrica

IC Intervalo de Confiança

IOI-HÁ International Outcome Inventory for Heraing Aids MEEM Mini Exame do Estado Mental

OMS Organização Mundial de Saúde PHAB Profile of Hearing Aid Benefit

RV Reverberação

SAI Sistema de Informação Ambulatorial SPSS Statistical Package for Social Sciences

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Resumo

Objetivo: Avaliar as limitações auditivas de idosos, com o uso de próteses auditivas, em atividades de vida diária, por meio do questionário APHAB, segundo as variáveis

escolaridade e grau da perda auditiva. Métodos: Este estudo foi realizado em dois serviços de Alta Complexidade da rede estadual de atenção à Saúde Auditiva do

estado de Alagoas. Foram avaliados 30 idosos com perda auditiva sensorioneural de

grau moderado e moderadamente severo, novos usuários de próteses auditivas. O

questionário de auto-avaliação Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit foi aplicado

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1. INTRODUÇÃO

Com o envelhecimento populacional no Brasil, tem-se tornado cada vez mais relevante o gerenciamento da perda auditiva em idosos.

Segundo Veras, Mattos (2007), pesquisas recentes apontaram que à medida que o quantitativo da população idosa vem aumentando, também aumenta a prevalência da presbiacusia, interferindo na qualidade de vida do idoso.

Russo (2004) considerou que o processo de comunicação é uma forma importante de interação social, especialmente em idosos, por se apresentar como forma de troca de experiências, tanto profissionais, quanto pessoais. A presbiacusia, perda auditiva bilateral conseqüente do envelhecimento, assume relevância por ser dentre as privações sensoriais, a que produz efeito mais devastador neste processo comunicativo, configurando-se numa das condições mais incapacitantes, limitando a ação de seu portador ou impedindo-o de desempenhar seu papel na sociedade de maneira plena.

Em 2001 a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou uma nova Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Essa nova classificação engloba todas as funções do corpo e a capacidade do indivíduo de realizar atividades e tarefas relevantes da rotina diária, bem como sua participação na sociedade. A incapacidade abrange as diversas manifestações de uma doença, como: prejuízos nas funções do corpo, dificuldades no desempenho de atividades cotidianas e desvantagens na interação do indivíduo com a sociedade. A incapacidade e a funcionalidade são vistas como resultados da interação entre estados de saúde e fatores contextuais. Essa funcionalidade pode ser classificada em três níveis: funcionalidade no nível do corpo, a pessoa como um todo e a pessoa como um todo

em um contexto social.

Teixeira (2007) relatou que a deficiência auditiva contribui substancialmente para a instalação e a manutenção de quadros depressivos, uma vez que impossibilita o indivíduo, total ou parcialmente, de desempenhar suas atividades sociais e limita a interação em função do isolamento que pode provocar.

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experimentadas pelos idosos e reduzir as conseqüências psicossociais geradas pela

deficiência auditiva.

Os questionários de auto-avaliação são os instrumentos mais utilizados para

avaliar estas limitações e restrições de participação decorrentes da deficiência auditiva.

Cox, Alexander (1995) desenvolveram o questionário Abbreviated Profile of

Hearing Aid Benefit (APHAB) com o objetivo de quantificar as dificuldades

experimentadas em diversas situações de comunicação associada as limitações de

uma deficiência auditiva. É um questionário de auto-avaliação e os autores sugerem

que faça parte no processo de seleção e adaptação de próteses auditivas.

Veras, Mattos (2007) referiram que os questionários de auto-avaliação avaliam a

auto-percepção do prejuízo funcional e psicossocial causado pela perda auditiva na

vida do idoso, e são imprescindíveis para a melhor compreensão da presbiacusia e do

seu diagnóstico, principalmente com vistas a um processo de reeducação auditiva.

Bucuvic, Iório (2004) afirmaram que a avaliação subjetiva do benefício da

amplificação com questionário de auto-avaliação é valiosa e pode auxiliar tanto na

seleção como na validação dos resultados de uma adaptação.

Macedo et al (2006) defenderam que a utilização de instrumentos de avaliação

subjetiva é importante, uma vez que, por serem padronizados, permitem que resultados

e questões referentes a adaptação da prótese auditiva sejam comparados em larga

escala, oferecendo melhores indicadores para mudanças necessárias no processo de

adaptação.

Considerando-se todos os dados anteriormente mencionados e a hipótese de

que existe melhora no desempenho de idosos nas atividades de vida diária com o uso

(17)

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

No presente estudo optou-se por apresentar uma síntese dos trabalhos relacionados nesta pesquisa encontrados na literatura nacional e internacional, em ordem cronológica de apresentação.

Cox, Gilmore (1990) desenvolveram um questionário de auto-avaliação chamado Profile of hearing aid performance (PHAP) com o objetivo de quantificar o auxílio da prótese auditiva em diferentes situações da vida diária e analisar a opinião do paciente

frente ao uso da amplificação. Foram abordadas situações de comunicação em diferentes experiências do cotidiano e as reações frente a sons intensos de ambientes.

Cox, Rivera (1992) expandiram o questionário PHAP e desenvolveram o questionário PHAB (Profile of hearing aid benefit) que possui as mesmas instruções,

itens e alternativas de respostas do PHAP, acrescentando dois momentos de respostas: sem e com prótese auditiva. Esse questionário oferece dados para medir o benefício da amplificação, comparando as respostas nessas duas situações.

Cox, Alexander (1995) elaboraram o questionário Abbreviated profile of hearing aid benefit (APHAB) que é uma versão abreviada dos questionários PHAP e PHAB. Este questionário é composto por 24 itens divididos em quatro sub-escala de avaliação da comunicação incluindo situações em ambientes favoráveis (FC), as vivenciadas na presença de ruído (RA), salas reverberantes (RV) e sons intensos do ambiente (AV). Foi desenvolvido um programa (software) para analisar os resultados nas diferentes sub-escalas. Os dados dos usuários que completaram o PHAB foram utilizados para selecionar os itens do APHAB.

Cox (1996) relatou que o questionário APHAB oferece recursos para facilitar o sucesso da adaptação, auxiliando o paciente na análise das vantagens e desvantagens do uso da amplificação, levando o paciente a perceber seu desempenho em determinadas situações, auxilia nos ajustes da prótese auditiva e avalia a adaptação da prótese auditiva, quantificando o benefício da amplificação.

Almeida (1998) realizou um estudo com 34 indivíduos portadores de deficiência

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4

subjetivas e objetivas. Na avaliação subjetiva foram aplicados os questionários de

auto-avaliação Abbreviated profile of hearing aid benefit – APHAB e The hearing handcap

inventory for the elderly - HHIE/A propostos por Cox, Alexander, 1995 e Ventry,

Weinstein, 1983, respectivamente. As respostas observadas em cada sub-escala para

a condição sem prótese auditiva no grupo de novos usuários foram 54,07%, 54,07%,

54,07 e 33,07% para as sub-escalas FC, RV, RA e AS respectivamente. Na condição

com prótese auditiva a pontuação observada foi menor, sendo 9,53%(FC),

15,13%(RV), 18,33%(RA) e 24,6(AS). Os resultados revelaram que ocorreram

diferenças estatisticamente significantes entre as condições sem e com próteses

auditivas, indicando melhor desempenho com o uso da amplificação em todas as

situações.

Weinstein (1999) relatou que a seleção da prótese auditiva exige um processo

que vai além da consulta com o otorrinolaringologista, passando por exames

audiológicos e testes. Isto porque os fatores físicos, psicológicos e sócio-econômicos

interagem de uma forma complexa para influenciar seu estado funcional e seu

desempenho nos testes diagnósticos.

O questionário International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA)

proposto por Cox et al. (2000) faz parte dos procedimentos exigidos pela Portaria

SAS/MS no. 587, de 07/10/2004 para indicação de prótese auditiva nos serviços de alta

complexidade. Este questionário avalia a satisfação e efetividade que o AASI

proporciona ao usuário, por meio de sete itens: uso diário, benefício, limitação de

atividades, satisfação, restrição social, impressão dos outros e qualidade de vida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2002) os princípios gerais que

fundamentam a concepção da Classificação Internacional de Funcionalidade,

(19)

5

biopsicossocial de funcionalidade humana e incapacidade, fornecendo instrumentos

que avaliam o ambiente social e físico. Suas informações podem ser utilizadas para

padronizar dados concernentes a todos os aspectos da funcionalidade humana e

incapacidade em todo o mundo, avaliando serviços de saúde e programas de

intervenção, monitoramento e quantificação do impacto da incapacidade na vida das

pessoas e na economia.

Russo et al. (2003) observaram que o envelhecimento ocorre de forma global e

irreversível ocorrendo portanto privações sensoriais, principalmente, declínio da

acuidade auditiva e visual e da redução da sensibilidade tátil e dolorosa. Relataram

também mudanças na percepção e na motivação, perda da auto-estima, alteração da

memória imediata e da capacidade de resolver problemas como algumas das

conseqüências do envelhecimento psicológico.

Matas, Iório (2003) relataram que a aplicação do questionário deve ser realizada

antes e durante o programa de reabilitação avaliando-se o grau de benefício do

paciente, tendo como objetivo de observar se houve reduções com relação à

percepção das desvantagens ocasionadas pela deficiência auditiva.

Bucuvic, Iório (2003) compararam e quantificaram as dificuldades auditivas e o

benefício da amplificação em novos usuários de próteses auditivas segundo as

variáveis tipo de amplificação linear e não linear e tempo de uso, por meio do

questionário de auto-avaliação APHAB. Foram avaliados 42 pacientes adultos com

perda auditiva de grau leve a severo, distribuídos de acordo com o tipo de amplificação

utilizada, sendo 13 pacientes usuários de amplificação não linear e 29 pacientes

usuários de amplificação linear. Foi aplicado aos pacientes dos diferentes grupos antes

do uso da prótese auditiva, e após dois e seis meses. Os pacientes usuários de

circuitos de amplificação linear apresentaram melhor desempenho nas sub-escalas FC

(facilidade de comunicação), RV (reverberação) e RA (ruído ambiental), não sendo esta

diferença estatisticamente significativa. O benefício obtido após dois e seis meses de

uso da amplificação foi satisfatório. O desconforto para sons intensos, sub-escala (AS),

foi maior para os pacientes usuários de amplificação linear. Não foram constatadas

diferenças significativas no desempenho de pacientes usuários de circuitos de

amplificação linear e não linear, porém houve uma tendência de os pacientes usuários

de amplificação linear apresentarem menor dificuldade em diferentes ambientes

acústicos. O benefício com o uso do aparelho de amplificação foi satisfatório

(20)

6

Em 2003, o Suplemento de Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios - PNAD, a população de 60 anos ou mais era de cerca de 17 milhões de

pessoas, representando cerca de 10% da população total do Brasil. Em 2006, o PNAD

apontou que os idosos alcançaram, aproximadamente, 19 milhões de pessoas,

evidenciando o acelerado processo de envelhecimento da sociedade brasileira. E que a

expectativa de vida das pessoas de 60 anos era de 19,3 anos para os homens e de

22,4 anos para as mulheres. Entre os idosos de 80 anos ou mais, a expectativa de vida

das mulheres excede, também, a dos homens: 9,8 anos e 8,9 anos, respectivamente.

Russo (2004) relatou que o processo de comunicação é considerado uma forma

importante de interação social, especialmente no caso do idoso, por se apresentar

como forma de troca de experiências, tanto profissionais, quanto pessoais. Nos casos

de presbiacusia essa privação sensorial é a que produz efeito mais devastador neste

processo comunicativo, configurando-se numa das condições mais incapacitantes, ao

limitar a ação de seu portador ou ao impedi-lo de desempenhar seu papel na sociedade

de maneira plena.

Pinzan-Faria, Iório (2004) realizaram um estudo com 112 idosos com idade

média de 73,5 anos que tinha como objetivo investigar se existe correlação entre a

sensibilidade auditiva e o grau de handicap autopercebido pelos idosos. Foi aplicado o

questionário de auto-avaliação Hearing Handicap Inventory for the Elderly – Screening

Version – HHIE-S, (Ventry, Weinstein, 1983), e foram submetidos à audiometria tonal

liminar. Observaram que existe tendência dos idosos do gênero masculino

apresentarem perda auditiva mais acentuada e maior percepção de handicap auditivo

em relação ao gênero feminino; Existiu variabilidade de respostas em relação à

autopercepção de handicap nos idosos com a mesma sensibilidade auditiva. As

(21)

7

houve redução significante das dificuldades auditivas com o uso da prótese auditiva em

ambientes relativamente favoráveis, ambientes e salas reverberantes e salas com

elevado nível de ruído e houve benefício com o uso da prótese auditiva na população

estudada. As mesmas autoras acima citadas consideraram a prótese auditiva como

um instrumento importante para os pacientes portadores de deficiência auditiva não

passível de tratamento médico ou cirúrgico, no entanto, constitui apenas o início do

processo de reabilitação.

Dan, Iório (2004) verificaram a aclimatização do uso da prótese auditiva por meio

do questionário HHIE e APHAB em doze idosos com perda auditiva sensorioneural

moderada a severa. Os questionários foram aplicados em quatro etapas e na análise

dos resultados percebeu-se que os dados referentes as dificuldades antes, após um

mês, dois e três meses de uso da prótese auditiva revelou-se uma tendência de

melhora gradativa, ou seja, ocorreu redução das dificuldades com o tempo de uso das

próteses auditivas nas sub-escalas: FC, RV e RA. Na sub-escala AS verificou-se que

houve diferença significante apenas entre a condição antes da adaptação e após um

mês e, mesmo assim, foi para uma pior incapacidade auditiva. O mesmo não ocorreu

após dois e três meses de uso. As autoras comentaram que os idosos enfrentam

desvantagens sociais e emocionais ou restrição de participação em atividades de vida

diária (handicap), resultantes da deficiência e da incapacidade auditivas, as quais

comprometem suas relações familiares, sociais e laborais. Essa restrição é influenciada

pela idade, sexo, e pelos fatores psicossociais, culturais e ambientais.

Silman et al. (2004) avaliaram o benefício da adaptação monoaural de prótese

auditiva de 38 indivíduos com perda auditiva de grau leve a moderadamente severo, de

20 a 80 anos. Aplicou-se o protocolo APHAB, antes e após um e três meses da

adaptação. Foi observado que os pacientes deste estudo apresentaram uma diferença

real entre as duas condições (sem prótese auditiva e com prótese auditiva) em todas

as categorias, após um mês e três meses de adaptação. Com relação à sub-escala AS,

foi observada uma diferença estatisticamente significante entre as situações sem e com

prótese auditiva, porém inversamente proporcional às demais sub-escalas, ou seja,

antes da adaptação os pacientes apresentaram AS=33,99% de dificuldades auditivas

nessas situações, após um mês de adaptação esta porcentagem subiu para

AS=61,27% e após três meses foi de AS=55,31%, mostrando que existe um aumento

do incômodo com sons mais intensos e indesejáveis após a adaptação. Esse estudo

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8

sonora em ambientes favoráveis, reverberantes e com elevado nível de ruído, porém,

observou-se ainda uma dificuldade com sons intensos do ambiente.

Farias, Buchalla (2005) relataram que a Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) foi baseada numa abordagem

biopsicossocial que incorpora os componentes de saúde nos níveis corporais e sociais,

fornecendo uma visão biológica, individual e social. Assim, na avaliação de uma

pessoa com deficiência, esse modelo destaca-se do biomédico, baseado no

diagnóstico etiológico da disfunção, evoluindo para um modelo que incorpora as três

dimensões: a biomédica, a psicológica (dimensão individual) e a social. Nesse modelo

cada nível age sobre e sofre a ação dos demais, sendo todos influenciados pelos

fatores ambientais.

Gordo et al. (2005) estudaram o benefício obtido por usuários de próteses

auditivas lineares e não-lineares por meio do questionário de auto-avaliação APHAB

(Abbreviated Profile for Hearing Aid Benefit). A amostra foi composta por 45 indivíduos,

sendo 15 ouvintes normais, com idades entre 20 e 35 anos, e 30 portadores de perda

auditiva neurossensorial, na faixa etária de 8 a 89 anos, de grau leve a moderadamente

severo, usuários de próteses auditivas há pelo menos seis semanas, com adaptação

monoaural e diferentes tipos de processamento automático de saída. Os resultados

mostraram que a análise dos resultados obtidos com a aplicação do questionário

APHAB revelou que usuários de próteses analógicas não-lineares (com processamento

automático do sinal do tipo WDRC/TILL – K-amp), lineares (com limitação por

compressão) e próteses auditivas digitais apresentam, respectivamente, um benefício

de 32,1%, 43,6% e 43,6% nas situações de comunicação favorável, em ambientes

reverberantes de 26,8%, 37,0% e 21,0% e de 24,0%, 37,7% e 31,1% na presença de

(23)

9

aplicação de dois questionários: APHAB e o IOI-HA. Como resultados, as autoras

encontraram diferenças estatisticamente significantes entre as condições sem e com

prótese auditiva, e dos setes idosos, 57,1% apresentaram benefício global com o uso

da prótese auditiva. As autoras concluíram que o benefício não é condição básica para

a satisfação do idoso com o uso da prótese auditiva. A avaliação dos efeitos

proporcionados pelo seu uso indicou que cada sujeito pode apresentar uma

configuração de resultados particular às suas condições físicas, emocionais, sociais e

culturais.

Southall et al. (2006) afirmaram que o uso da prótese auditiva é extremamente

importante para manter a saúde física e mental do idoso, pois permite a ele a melhor

participação na comunidade em que vive como também em sua família, melhorando

sua qualidade de vida.

Rosa et al. (2006) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de verificar o

grau de benefício que 15 idosos usuários de próteses auditivas alcançaram depois de

um programa de acompanhamento aplicando-se dois questionários de auto-avaliação,

HHIE e APHAB. O APHAB foi aplicado em apenas um momento, após um mês de uso

da prótese auditiva. Na sub-escala RA, que avaliou a capacidade de perceber a fala na

presença de sons competitivos observou-se que 53% da amostra referiram dificuldades

quando estão sem aparelho auditivo. Em relação à dificuldade de compreensão da fala

em ambiente silencioso, sub-escala FC, 49% dos idosos referiram ter problemas para

entender o que lhe dizem mesmo em ambiente silencioso quando estavam sem

prótese auditiva. Com o uso da prótese auditiva, a pontuação reduziu para 21%. Na

sub-escala RV observou-se que 66% referiram dificuldades sem o uso da prótese

auditiva. Essa dificuldade diminuiu para 33% com a prótese auditiva.

Macedo et al. (2006) verificaram o conhecimento e a aplicabilidade pelos

fonoaudiólogos dos questionários de auto-avaliação sobre os benefício da amplificação

e do impacto social da deficiência auditiva, e constataram que os 45 fonoaudiólogos

que participaram do estudo, apesar de conhecerem os instrumentos, não os utilizam no

dia-a-dia da clínica. Dentre os clínicos docentes, 100% utilizam esses questionários. O

APHAB foi o questionário de avaliação dos benefícios da amplificação mais utilizado e

faz parte do protocolo de várias pesquisas realizadas pelos docentes.

Hickson et al. (2006), em pesquisa com 96 indivíduos na faixa etária entre 58 e

94 anos, concluíram que a aplicação de questionários de avaliação são medidas

(24)

10

Freitas (2006), em estudo com usuários de próteses auditivas adaptados pelo

Sistema Único de Saúde, aplicou os questionários HHIE-S, HHIA e APHAB em 25

indivíduos, os quais permitiram verificar as dificuldades experimentadas nas situações

de comunicação em atividades diárias nos usuários sem e com queixas relacionadas

às características da amplificação. Em relação ao questionário APHAB foi constatado

uma redução significativa da incapacidade auditiva com o uso da prótese auditiva em

situações favoráveis de comunicação (FC), em ambientes reverberantes (RV) e na

presença de ruído ambiental (RA). Em situações negativas de percepção dos sons

ambientais, o desempenho com o uso da prótese auditiva foi pior, confirmado pela

pontuação negativa de benefício na sub-escala AS.

Teixeira et al. (2007) estudaram 20 sujeitos com idades entre 44 e 81 anos de

idade, novos usuários de próteses auditivas com o objetivo de verificar se o uso de

prótese auditiva auxiliou na redução da sintomatologia depressiva. Foi aplicado o

instrumento de Escala de Depressão Geriátrica – EDG, em dois momentos: sem o uso

da prótese auditiva e com o uso da prótese auditiva. Desses 20 sujeitos, 5(25%) não

apresentavam sintomatologia depressiva. Os demais apresentavam sintomatologia

leve-moderada (55%) ou grave (20%). Após o uso da prótese auditiva, a inexistência

dos sintomas foi constatada em 65% dos indivíduos. Os autores evidenciaram

diminuição significativa da sintomatologia depressiva, comparando-se os dois

momentos.

Baraldi et al. (2007) afirmaram que a perda auditiva associada ao

envelhecimento refere-se à soma de perdas auditivas resultantes da degeneração

fisiológica causada por exposições ao ruído, agentes ototóxicos e prejuízos causados

por desordens e tratamentos médicos.

(25)

11

uso da amplificação sugerindo que não houve uma mudança no benefício com o

aumento do tempo.

Em outra pesquisa, Vieira et al. (2007) com 40 idosos com o objetivo de

apresentar um programa de atendimento em grupo voltado para idosos protetizados

foram aplicados questionários elaborados especificamente para este estudo.

Concluíram que é importante o trabalho do fonoaudiólogo apresentando estratégias de

comunicação, orientações sobre cuidados e manipulação das próteses auditivas. Por

meio desses encontros foi possível avaliar o desempenho comunicativo após o

processo de protetização e conhecer as impressões do próprio paciente em relação às

dificuldades e benefícios experimentados em situações diárias.

Teixeira (2007), em estudo com 256 adultos usuários novos de próteses

auditivas, utilizou dois questionários de auto-avaliação, o APHAB e IOI-HA e observou

que as maiores dificuldades no uso da prótese auditiva estão na presença do barulho

(ruído) (RA=54,39%) e em ambientes reverberantes (RV=53,82%), seguido na

comunicação (FC=43,62%). Com a amplificação sonora, as dificuldades caíram de

27,46% para RA, 24,64% para RV, e 19,15% para FC. Em relação à intolerância a sons

intensos ou indesejáveis (AS), observou que mesmo com o uso da amplificação sonora

não foi referido maior desconforto aos sons intensos. Quanto ao benefício da prótese

auditiva nas diferentes circunstâncias de escuta do dia a dia, considerando um grupo

com perda auditiva de grau mais leve (limiares auditivos de 30 - 55 dB (NA)), e outro de

grau mais acentuado (limiares auditivos de 60 – 70 dB (NA)) observou-se que para o

grupo com perda leve a moderada houve uma melhora significante (p(2)=0,019*), ou

seja, mais facilidade na compreensão de fala (facilitação na comunicação) com o uso

da prótese auditiva. Na avaliação global das três sub-escalas (FC, RV e RA) ocorreu

um benefício real.

Carvalho, Iório (2007) aplicaram o questionário HHIE em 33 idosos usuários de

prótese auditiva. A aplicação constou de dois momentos com um intervalo de uma

semana para o re-teste do HHIE. A técnica selecionada para a aplicação do

questionário foi “papel-lápis”, ou seja, o idoso foi orientado a ler e responder sozinho ao

questionário. Nos idosos não alfabetizados optou-se pela técnica frente a frente, que é

a aplicação oral do questionário pela entrevistadora. As autoras concluíram que houve

concordância entre o teste e o re-teste nas respostas dos idosos que utilizaram a

técnica papel e lápis e o mesmo não ocorrendo com o grupo dos idosos não

(26)

12

Veras, Mattos (2007), em artigo de revisão da literatura sobre perda auditiva

associada ao envelhecimento, afirmaram que à medida que aumenta o quantitativo da

população de idosos também aumenta a prevalência da presbiacusia a qual interfere

na qualidade de vida do idoso. Mesmo entre os profissionais de saúde, ainda é grande

o desconhecimento em relação às vantagens e ganhos que a reeducação auditiva

específica para idosos com perda auditiva pode oferecer.

Gagné (2000) apud Morettin (2008) redefiniu o objetivo da reabilitação auditiva

baseado nos novos princípios de modelo do CIF (OMS, 2003). O autor afirmou que o

papel da reabilitação auditiva deve ser o de restaurar ou otimizar a participação das

pessoas que tem perda auditiva nas atividades consideradas limitadas ou por pessoas

que convivem com deficientes auditivos 1.

Morettin (2008) em pesquisa que descreveu o benefício e a satisfação da

prótese auditiva aplicou o questionário APHAB e IOI-HA, antes do uso da prótese

auditiva e após quatro meses de uso. Verificou-se diminuição das dificuldades auditivas

nas sub-escalas que avaliam a comunicação Facilidade de Comunicação,

Reverberação e Ruído Ambiental. Já na sub-escala Aversão aos Sons houve aumento

das dificuldades auditivas. A autora observou que o uso da prótese auditiva diminui as

dificuldades auditivas em ambientes de comunicação, em ambientes reverberantes e

em ambientes com nível de ruído, mas em relação ao desconforto aos sons, os

indivíduos sentiram maior desconforto com a prótese auditiva do que sem a prótese

auditiva.

Calais et al (2008) avaliaram 50 idosos (84% do sexo feminino) cuja idade média

dos sujeitos foi de 73,34% anos, com idade mínima de 61 anos e máxima de 90 anos.

Esse estudo revelou que a queixa de perda auditiva esteve presente em 70% dos

(27)

13

auditivas, seis do gênero masculino e 26 do gênero feminino com idade que variou de

60 a 88 anos. As autoras utilizaram como roteiro para a pesquisa a adaptação do

questionário The hearing handicap inventory for the elderly – screening version,

proposto por Ventry e Weinstein (1983) e verificaram que 75% dos idosos participantes

deste estudo, relataram que a dificuldade de comunicação em ambientes ruidosos foi a

desvantagem mais apontada.

Ferreira, Sant’Anna (2008) ressaltaram a importância da atuação

fonoaudiologica nos processos de seleção, adaptação, (re) orientação e

acompanhamento permanente dos antigos e novos usuários de próteses auditivas

Kano et al. (2009) avaliaram a audição de 40 idosos de ambos os sexos com o

objetivo de comparar duas classificações de grau de perda, a proposta por Davis e

Silverman (1970) e a outra recomendada pelo Bureau International d’Audio Phonologie

– BIAP. A partir dessa comparação concluíram que a recomendada pela BIAP é a que

melhor representa o grau de perda auditiva na população de idosos, pois possibilita

que sujeitos classificados como normais, mas que apresentem diminuição da audição

nas freqüências altas, sejam classificados com perda auditiva de grau mínimo.

Morettin et al. (2009) em estudo realizado com usuários de próteses auditivas,

afirmaram que a nova classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e

saúde permitiu obter um perfil inicial dos pacientes, acompanhar a evolução dos

mesmos, direcionar a abordagem terapêutica proposta e mensurar a incapacidade

ocasionada pelos diferentes níveis de cada doença ou lesão, enfim, relacionar doenças

à qualidade de vida do paciente.

Santiago, Novaes (2009) investigaram as queixas auditivas e os impactos

sociais e emocionais ocasionadas pelo handicap auditivo de 35 idosos, dos quais 32

eram do sexo feminino, por meio do questionário HHIE. Foram observadas queixas

auditivas em 31,4% dos indivíduos. As principais implicações da desvantagem auditiva

relacionaram-se às habilidades sociais, compreensão da fala durante atos

comunicativos; dificuldades na compreensão da TV e/ou rádio; baixa intolerância a

sons intensos e a ambientes ruidosos.

Souza, Russo (2009), estudaram a audição e a percepção da audição de 40

idosos, sendo 34 do gênero feminino e seis do gênero masculino. Esse estudo

demonstrou que 83,6% dos sujeitos do gênero masculino apresentavam perda auditiva,

contra 58,8% do gênero feminino e que apesar da maioria dos idosos apresentarem

(28)

14

3. MÉTODOS

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, protocolo no. 2013/08 (anexo 1 e 2) e

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Ciências da Saúde

Alagoas – UNCISAL, protocolo no. 742/07 (anexo 3 e 4)

A casuística desse trabalho foi constituída por 30 indivíduos com idade igual ou

superior a 60 anos, sem restrição quanto ao gênero, com diagnóstico de presbiacusia

do tipo sensorioneural de grau moderado e moderadamente severo, segundo os

critérios de Davis e Silverman (1970), novos usuários de próteses auditivas binaurais.

Os indivíduos participantes da pesquisa foram atendidos no Ambulatório de

Aparelho de Amplificação Sonora Individual Prof. Alfredo Dacal, pertencente à

Faculdade de Fonoaudiologia de Alagoas – UNCISAL e no Setor Auditivo da

Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas – ADEFAL. Essas unidades fazem

parte dos serviços de Alta complexidade da rede estadual de atenção à Saúde Auditiva

do estado de Alagoas, Serviços de diagnóstico de deficiência auditiva, seleção e

adaptação de próteses auditivas pelo Sistema SIA-SUS (APAC). Após aprovação dos

Comitês de Ética em Pesquisa, essas instituições autorizaram a realização da

pesquisa. (anexos 5 e 6).

Foram considerados critérios de inclusão na amostra:

• Idade superior a 60 anos;

(29)

15

– (Folstein et al. 1975) e o questionário EDG – Escala de Depressão

Geriátrica, abreviada por Yesavage (1983).

Foi realizada, inicialmente, a análise dos prontuários dos indivíduos cadastrados

nos serviços referidos, candidatos à adaptação de prótese auditiva, para identificar os

que se adequavam aos critérios de inclusão da pesquisa. Foram selecionados 43

pacientes para participarem da pesquisa.

Na data prevista para a adaptação da prótese auditiva, os indivíduos

selecionados foram convidados a participar do estudo sendo esclarecidos sobre a

natureza da pesquisa incluindo-se seus objetivos, procedimentos, riscos, benefícios,

possibilidade de desistência da pesquisa, acesso às informações coletadas em

qualquer momento da pesquisa e responsabilidades do pesquisador. Após leitura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 7), que foi realizada pelo idoso

quando este era letrado, ou pela pesquisadora, quando o idoso afirmava que não era

capaz de ler com compreensão, e após o esclarecimento das dúvidas que surgiram, foi

realizada a assinatura do termo pelo voluntário da pesquisa.

Àqueles que consentiram participar da pesquisa, foram aplicados os dois

instrumentos de rastreio.

Foi aplicado inicialmente o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (anexo 8) e a

seguir o questionário Escala de Depressão Geriátrica EDG (anexo 9).

Foram considerados os critérios estabelecidos por Folstein et al. 1975, para

análise do MEEM:

Adultos considerados normais:

• Idosos com escolaridade maior ou igual a oito anos que obtiveram 26 pontos;

• Maior ou igual a quatro anos de escolaridade, 22 pontos;

• Analfabetos, 18 pontos;

Pontos de corte (indicativos de presença de alteração):

• Acima de 8 anos de escolaridade: menor que 26 pontos.

• De 1 a 7 anos de escolaridade: menor que 18 pontos;

• Não alfabetizados: menor de 14 pontos;

Para o rastreio de depressão, considerou-se a proposta de Yesavage (1983), no

qual a pontuação considerada foi:

• Normal (N) – inferior a 5 pontos

(30)

16

• Depressão grave (G) – acima de 10 pontos

Os idosos que obtiveram pontuação, em um ou em ambos os instrumentos,

indicativa da presença de alteração foram excluídos da pesquisa, e encaminhados a

um médico geriatra, do serviço público ou particular, a depender da preferência e

possibilidade do idoso. Os casos que optaram pelo atendimento público, este foi

realizado no Ambulatório de Geriatria da Faculdade de Fonoaudiologia, Universidade

Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.

Dos pacientes selecionados foram excluídos 13 indivíduos, cinco pelo fato de já

terem sido usuários de prótese auditiva, quatro por apresentarem indícios de

depressão e quatro déficit cognitivo, detectados respectivamente pelo questionário

EDG e teste Mini-Exame do Estado Mental (MEEM).

Assim sendo a amostra ficou composta por 30 idosos.

A seguir aplicou-se o questionário APHAB (Abbreviated Profile of Hearing Aid

Benefit) (Anexo 10), instrumento este que foi desenvolvido por Cox e Alexander (1995).

A análise do questionário APHAB foi realizada conforme proposto pelo autor

consideradas as respostas dos 24 itens, subdivididos em quatro sub-escalas:

Facilidade de Comunicação em ambientes relativamente favoráveis (FC), comunicação

em ambientes reverberantes, Reverberação (RV), comunicação em locais com ruído de

fundo alto, Barulho Ambiental (BA) e aversão aos sons (AS). Os pacientes foram

orientados a escolher uma das sete alternativas de resposta que correspondesse à

freqüência de dificuldade com que ele experienciasse determinada situação de

comunicação no cotidiano. Cada opção apresentada foi associada a valores

percentuais definidos para cada sub-escala. São eles: sempre (99%), quase sempre

(87%), geralmente (75%), metade do tempo (50%), ocasionalmente (25%), raramente

(31)

17

Os autores sugeriram que para se considerar benefício é necessário que ocorra

uma pontuação de pelo menos 22% entre a pontuação sem prótese auditiva e com

prótese auditiva em apenas uma das sub-escalas: Facilidade de Comunicação,

Reverberação ou Ruído Ambiental. Se o objetivo for a avaliação global, deverá ocorrer

uma pontuação com prótese auditiva 10% melhor do que a pontuação sem prótese

auditiva nas escalas FC, RV e RA. Os autores comentaram que em relação a

sub-escala Aversão aos Sons (AS) não foi possível a padronização dos seus resultados e

que são necessários novos estudos a respeito dessa sub-escala.

Para a pontuação de cada sub-escala, cujos itens integrantes são demonstradas

no Quadro 2, calculou-se a média das respostas dos dois grupos (antes do uso da

prótese auditiva e depois do uso da prótese auditiva).

Todos os protocolos utilizados nessa pesquisa foram aplicados em sala

reservada, pela pesquisadora principal, que auxiliou o idoso quando necessário.

Na aplicação do questionário APHAB, após leitura de cada item, o participante

selecionou a melhor opção de resposta dentre sete possibilidades e quando necessário

o pesquisador auxiliou o idoso adequando algumas situações de vida diária. Este

questionário foi aplicado, em um primeiro momento, na sessão de concessão das

próteses auditivas antes da adaptação das mesmas.

Por meio de material educativo todos os participantes da pesquisa foram

orientados quanto ao uso da prótese auditiva e estratégias facilitadoras da

comunicação. Foram esclarecidas dúvidas quanto aos cuidados e manutenção com a

prótese auditiva, manuseio das pilhas; também foram orientados em relação às

estratégias quanto à atenção, à audição, à comunicação e à leitura orofacial do idoso

para melhorar sua comunicação.

O questionário APHAB foi aplicado novamente aos participantes da pesquisa

que retornaram ao serviço para acompanhamento após três meses de uso da prótese

auditiva, período considerado necessário para a aclimatização das próteses auditivas.

Aqueles que não compareceram espontaneamente foram contatados pela

pesquisadora principal, por telefone, agendando-se uma visita domiciliar para aplicação

(32)

18

Quadro 2 – Itens que compõem cada uma das sub-escalas do questionário APHAB

Sub-escalas Questões

Facilidade de Comunicação (FC) 4,10, 12, 14,15, 23

Reverberação (RV) 2, 5,18

9*,11*, 21* (inversas)

Ruído ambiental (RA) 6, 7, 24

1*, 16*, 19* (inversas)

Desconforto a sons (DS) 3, 8, 13, 17, 20, 22

3.1. Método estatístico

Os dados foram resumidos através da freqüência absoluta (N) e relativa (%) no

caso de variáveis categóricas, e por algumas estatísticas, tais como média, desvio

padrão, mediana, valor mínimo e máximo, no caso de variáveis numéricas.

Para comparar os pacientes antes e depois da colocação da prótese, foi utilizado

o teste de Wilcoxon nas quatro sub-escalas do questionário APHAB (facilidade de

comunicação, reverberação, ruído ambiental e aversão aos sons) separadamente, e

também no geral, somando-se os três primeiros domínios (facilidade de comunicação,

reverberação e ruído ambiental).

O benefício obtido com o uso da prótese foi obtido pela subtração entre a

avaliação antes e depois do uso da prótese.

Também foi verificada a associação entre o grau de escolaridade e o benefício,

bem como entre o grau de perda auditiva e benefício. No primeiro caso (associação

entre grau de escolaridade e benefício) foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para

(33)

19

mediana, valor mínimo, valor máximo, bem como eventuais valores extremos

chamados de outliers, e representados por um asterisco (*). A média é indicada por um

ponto preto; a mediana (2° quartil) é representada por uma linha horizontal que fica

dentro da caixa retangular; os valores dentro da caixa, entre o 1° e o 3° quartil,

representam 50% dos dados; os valores mínimo e máximo, na ausência de outliers,

são aqueles que correspondem ao extremo inferior e superior respectivamente, das

linhas verticais que saem das caixas.

Os testes estatísticos utilizados (Wilcoxon, Kruskal-Wallis, Friedmann e

Mann-Whitney) são testes não paramétricos, e o resultado considerado significante quando

p<0,05. O Teste de Wilcoxon é utilizado para comparar duas amostras pareadas, o

teste de Kruskal-Wallis é utilizado para comparar mais de dois grupos independentes,

teste de Mann-Whitney utilizado para a comparação de dois grupos independentes e o

teste de Friedman utilizado para comparar três ou mais grupos de dados relacionados.

A análise dos dados, bem como a obtenção dos gráficos, foram feitos através da

(34)

20

4. RESULTADOS

Para facilitar a apresentação dos resultados optou-se por dividir este capitulo em

duas partes:

Parte I – Caracterização da amostra

(35)

21

Parte I – Caracterização da amostra

No intuito de facilitar a análise, a caracterização da amostra foi organizada na

tabela 1.

Tabela 1: Distribuição de freqüências referentes à caracterização da amostra

Dados Demográficos N %

Gênero:

Feminino 18 60

Masculino 12 40

Escolaridade:

não alfabetizado 11 36,7

fundamental incompleto 8 26,7

fundamental completo 1 3,3

médio incompleto 6 20

médio completo 4 13,3

Grau de perda auditiva:

Moderado 19 63,3

moderadamente severo 11 36,7

Idade (anos):

Média 71,6

desvio padrão 7,8

mínimo – máximo 60 – 87

A população estudada foi constituída por 30 idosos, sendo 18 (60%) do gênero

feminino e 12 (40%) do gênero masculino, com idades variando de 60 a 87 anos e

média etária de 71,6 anos.

Com relação à escolaridade, 11 (36,7%) era de não alfabetizados; oito (26,7%)

tinham o ensino fundamental incompleto, um (3,3%) com ensino fundamental completo,

seis (20%) com ensino médio incompleto e quatro (13,3%) com ensino médio completo.

Dos 30 pacientes, 19 (63,3%) apresentavam perdas auditivas de grau moderado

e 11 (36,7%) com perdas auditivas de grau moderadamente severo, de acordo com a

(36)

22

Parte II - Análise dos resultados do questionário APHAB

Após o levantamento de dados do questionário APHAB (anexo 11) realizamos o

estudo dos escores, por sub-escala, obtidos sem prótese auditiva e com prótese

auditiva.

Os resultados deste estudo, para as sub-escalas facilidade de comunicação,

reverberação, ruído ambiental e aversão aos sons podem ser observados

respectivamente nas tabelas 2 a 5 e figuras 1 a 4.

Na tabela 2 e figura 1 são apresentadas as dificuldades auditivas na sub-escala

Facilidade de Comunicação.

Tabela 2: Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses auditivas e

benefício (%) referentes à sub-escala Facilidade de Comunicação (FC) do questionário

APHAB

FC (%) N Média d.p. Mínimo mediana Máximo P

sem prótese 30 68,4 22,1 31,2 68,7 97

com prótese 30 34,9 19,1 16,3 28,1 87

<0,001*

Benefício 30 33,5 26,7 -45,3 33 76,5

Legenda: FC = facilidade de comunicação; N = número de pacientes avaliados; d.p.

= desvio padrão; p = nível de significância do teste de Wilcoxon para a comparação

entre o período sem prótese e com prótese.

100

75

(37)

23

Este estudo revelou que, na sub-escala facilidade de comunicação, as

dificuldades auditivas são significantemente menores após o uso das próteses

auditivas.

Tabela 3: Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses auditivas e

benefício (%) referentes à sub-escala Reverberação (RV) do questionário APHAB

RV (%) N Média d.p. Mínimo mediana Máximo P

sem prótese 30 65,8 17,5 33,2 68,4 95

com prótese 30 36,6 13,7 16,3 35,4 62,3

<0,001*

Benefício 30 29,2 17,2 -12,3 29 70,2

Legenda: RV = Reverberação; N = número de pacientes avaliados; d.p. = desvio

padrão; p = nível de significância do teste de Wilcoxon para a comparação entre o

período sem prótese e com prótese.

Pode-se observar que ocorreu diferença estatisticamente significante para a

sub-escala RV conforme o quantitativo da pontuação sem prótese auditiva e com prótese

auditiva resultando no benefício de 29,2%.

A figura 2 refere-se aos resultados obtidos na sub-escala Reverberação.

benefício depois da prótese

antes da prótese 100

80

60

40

20

0

%

0

REVERBERAÇÃO

Figura 2: Boxplot referente à sub-escala Reverberação sem prótese auditiva e com

prótese auditiva e benefício obtido (%)

(38)

24

Tabela 4: Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses auditivas e

benefício (%) referentes a sub-escala Ruído Ambiental (RA) do questionário APHAB

RA (%) N Média d.p. Mínimo Mediana Máximo P

sem prótese 30 76,8 16,9 41,5 83,9 97

com prótese 30 62,9 18,1 22,8 65,4 87

<0,001*

Benefício 30 13,9 18,1 -39,3 13,3 55,3

Legenda: RA = Ruído ambiental; N = número de pacientes avaliados; d.p. = desvio

padrão; p = nível de significância do teste de Wilcoxon para a comparação entre o

período sem prótese e com prótese.

Na sub-escala Ruído Ambiental do questionário APHAB, houve um benefício

estatisticamente significante para os pacientes com o uso da prótese auditiva.

A figura 3 demonstra os dados referentes à sub-escala Ruído ambiental por

meio do gráfico de Boxplot.

100

75

50

25

%

(39)

25

Tabela 5: Dificuldades auditivas sem próteses auditivas e com próteses auditivas e

benefício (%) referentes à sub-escala Aversão aos Sons (AS) do questionário APHAB

DS (%) N Média d.p. mínimo Mediana Máximo P

sem prótese 30 28,1 18,6 1 31,3 62,5

com prótese 30 43,9 18,3 8,7 47,8 68,7

<0,001*

Benefício 30 -15,8 19,8 -59,7 -12,4 35,5

Legenda: DS = Desconforto aos sons; N = número de pacientes avaliados; d.p. =

desvio padrão; p = nível de significância do teste de Wilcoxon para a comparação

entre o período sem prótese e com prótese.

Para a sub-escala Aversão aos Sons do questionário APHAB, houve uma

diferença estatisticamente significante entre a avaliação sem prótese auditiva e com

prótese auditiva (p<0,001*), porém, observou-se uma pontuação negativa, ou seja,

houve uma piora significante da aversão aos sons, com o uso da prótese auditiva.

benefício depois da prótese

antes da prótese 75 50 25 0 -25 -50 % 0 DESCONFORTO AOS SONS

Figura 4: Boxplot referente à sub-escala Aversão aos Sons sem prótese auditiva e com

prótese auditiva e benefício obtido (%)

A seguir investigou-se a pontuação global das dificuldades auditivas e o

benefício com a utilização das próteses auditivas cujos resultados são disponibilizados

na tabela 6 e figura 5.

(40)

26

Tabela 6: Escore global e benefício (%) obtido no questionário APHAB (FC+RV+RA)

Geral (%) N Média d.p. Mínimo Mediana Máximo P

sem prótese 30 70,3 17,5 35,4 69,9 95,7

com prótese 30 44,8 15,5 20,6 43,9 78,1

<0,001*

Benefício 30 25,5 18,5 -25,4 26,4 67,3

N = número de pacientes avaliados; d.p. = desvio padrão; p = nível de significância

do teste de Wilcoxon para a comparação entre o período sem prótese e com

prótese.

Para a avaliação geral, foram consideradas as médias das sub-escalas

Facilidade de Comunicação, Reverberação e Ruído Ambiental. Observou-se um

benefício estatisticamente significante para os pacientes com o uso da prótese auditiva

(p<0,001*).

benefício depois da prótese

antes da prótese 100

80

60

40

20

0

-20

-40

%

0

Referências

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