REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Associac
¸ão
de
sufentanil
a
dose
reduzida
de
bupivacaína
hiperbárica
em
raquianestesia
para
cesariana:
ensaio
clínico
randomizado
Alexandre
Dubeux
Dourado
a,
Ruy
Leite
de
Melo
Lins
Filho
a,
Raphaella
Amanda
Maria
Leite
Fernandes
a,∗,
Marcelo
Cavalcanti
de
Sá
Gondim
ae
Emmanuel
Victor
Magalhães
Nogueira
baUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),HospitaldasClínicas,Recife,PE,Brasil
bUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),HospitaldasClínicas,ProgramadeResidênciaMédicaemAnestesiologia,Recife,
PE,Brasil
Recebidoem4deabrilde2015;aceitoem12demaiode2015 DisponívelnaInternetem23demarc¸ode2016
PALAVRAS-CHAVE
Sufentanil; Raquianestesia; Bupivacaína; Hiperbárica; Cesariana
Resumo Ensaioclínico randomizadoduplamenteencobertosobreousodosufentanilcomo adjuvanteemraquianestesiaparacesarianae,possibilitandoareduc¸ãodadosedoanestésico local,abupivacaína,comomesmoresultadodebloqueioanestésicocomdosesmaiselevadas, mascommenosefeitoscolateraisnoperioperatório,comohipotensão.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
KEYWORDS
Sufentanil;
Spinalanesthesia;
Bupivacaine; Hyperbaric;
Caesareansection
Sufentanilincombinationwithlow-dosehyperbaricbupivacaineinspinalanesthesia forcesareansection:arandomizedclinicaltrial
Abstract Adoubleblindrandomizedclinicaltrialofsufentanilasanadjunctinspinal anesthe-sia for cesarean section and, thereby, be able to reduce the dose ofbupivacaine, a local anesthetic, with the same result of ananesthetic block with higher doses but with fewer perioperativesideeffects,suchashypotension.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:rafa.amanda120@gmail.com(R.A.Fernandes).
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2015.05.002
Introduc
¸ão
Quandocomparada com a anestesia geral,a anestesia no
neuroeixoparacesarianaapresentavantagens,taiscomoa
reduc¸ãodoriscodefalhasdeintubac¸ãoeaspirac¸ãodo
con-teúdo gástrico, a reduc¸ão do uso de agentes depressores
(hipnóticos e opioides) e a permanência da mãe
consci-ente, que a permite vivenciar a experiência do parto.1,2
Aanestesiaraquidianaé atécnicaatualmente maisusada
para cesariana, pois fornece bloqueio sensorial intenso e
derápidainstalac¸ão.Essatécnica,porém,podeser
acom-panhada de hipotensão arterial significativa, seu efeito
colateralmaisimportante,comrelatosdeincidênciaentre
20%e100%.3---5
Várias estratégias têm sido descritas para prevenir a
ocorrência de hipotensão arterial em cesariana, como o
deslocamento uterino para esquerda, a administrac¸ão de
cristaloidesoucoloides,oenfaixamentodosmembros
infe-riores, o uso profilático de efedrina ou fenilefrina, mas
nenhumadelaseliminouaocorrênciadehipotensão.6,7
A relac¸ão entre a dose de anestésico local usada e
a ocorrência de hipotensão arterial materna está bem
estabelecida, com doses maiores relacionadas a maior
incidência de hipotensão arterial.8 A reduc¸ão da dose
dessa droga, entretanto, leva a maior incidência de dor
intraoperatória.3,9
Tem sido demonstrado que a associac¸ão de opioide
lipofílico ao anestésico local por via espinhal permite a
reduc¸ãodadosedessaúltimadroga,promoveanestesia
efi-caz com menos efeitos colaterais sobre a hemodinâmica
materna.10---14
Osufentanil,altamentelipossolúvel,potencializaa
anal-gesia e o conforto intraoperatórios, com curto período
de latência (5-10 minutos) e durac¸ão de ac¸ão de até
7 horas.10,15---17 O usode morfina, opioide hidrossolúvel, é
recomendávelpara garantiranalgesiapós-operatória mais
prolongada.10,18
Oobjetivodesteestudofoicompararaeficáciada
anes-tesiaeaincidênciadeefeitoscolateraisentreduasdosesde
bupivacaínahiperbáricaemraquianestesiaparacesariana,
comassociac¸ãodesufentanilàdosemaisbaixa.
Material
e
métodos
Após aprovac¸ão pelo Comitê de Ética, foi iniciado ensaio
clínicorandomizadoduploencobertocom94 gestantes
sub-metidasacesarianasobraquianestesia,entre18e45 anos.
ApósassinaturadoTermodeConsentimentoLivree
Escla-recidoe consulta à tabelade randomizac¸ão, aspacientes
foram alocadas em um dos dois grupos do estudo: Grupo
A(bupivacaína12,5 mg+morfina80 g)egrupo S
(bupiva-caína10mg+morfina80g+sufentanil5g).Apreparac¸ão
dasseringaseaadministrac¸ãodaraquianestesiaforam
fei-tasporanestesiologistanãoenvolvidonacoletadosdados.
Nenhumdosoutrospesquisadoresenvolvidosnoestudoteve
conhecimento do grupo a que cada paciente pertencia.
Foramexcluídasasgestantessemcondic¸õesdedecidirsobre suaparticipac¸ãonoestudoousemcondic¸õesdeprestaras
informac¸õesnecessárias, gestantes ASA IV ou V,
emergên-ciaobstétrica,gestantescomhistóriadehipersensibilidade
oualergiaaqualquerumadasdrogasqueseriamusadase
aquelascomqualquercontraindicac¸ãoàtécnicaproposta.
Com apacientena posic¸ãosentada,a punc¸ão
subarac-noideafoifeitanosinterespac¸osL2-L3,L3-L4ouL4-L5com
agulhastipoQuinckecalibres25Gou27G,eadministradas
asdrogasdeacordocomogrupoparaoqualfoi
randomi-zada.Anestésicolocale opioidesforamadministrados em
seringas separadas, num tempototal de 15 segundos. As
pacientesforamimediatamenteposicionadas emdecúbito
dorsalhorizontal,comdesviomanualdoúteroparaesquerda
em15◦.
Foram registrados os níveis pressóricos e a frequência
cardíaca antesda raquianestesia e a cada 3 minutosnos
primeiros15 minutos,aos30e45 minutosapósobloqueio.
Hipotensãoarterial foidefinida como diminuic¸ão na
pres-são arterial sistólica (PAS) acima de 20% em relac¸ão aos
valoresdereferênciaefoicontroladacomefedrina(5 mg,
porviaintravenosa).Bradicardia,definidacomofrequência
cardíacaabaixode80%dovalorbasaloumenordoque50
bpm,foitratadacomatropina(0,5mg,porviaintravenosa).
OníveldobloqueioanestésicosensitivonodermátomoT6foi
testadoaos5,10,15 minutosapósobloqueio,compicada
napelecomagulhacalibre22G.
Foramregistrados sintomasou eventosadversos,como
náuseas,vômitos,sonolência,doracimade3naescala
ana-lógica visual (EAV>3) oudesconforto abdominal,alémdo
escoredeApgardoneonatonoprimeiroenoquintominuto,
necessidadede uso de vasopressorpara o tratamento de
hipotensãoarterial, tempopara extrac¸ão fetal e durac¸ão
dacirurgia.Doroudesconfortoabdominalno
intraoperató-rioforamtratadoscomdosesembolusde50gdefentanil,
repetidasacritériodomédicoassistente.
Noperíodopós-operatóriofoiregistradaaocorrênciade
náuseas,vômitos,pruridoeaocorrênciadedoremrepouso
(EAV>3)em2,6e12 horasapósaanestesia.
A análiseestatística dos dadosfoi feitacom programa
EpiInfo® 7.1.3.0, variáveisquantitativasforamanalisadas
através de médias e desvio padrão (SD) e submetidas ao
testetde Student.Já asvariáveisqualitativas analisadas
quantoàfrequência(incidência)esubmetidasaostestesde
qui-quadradoeexatodeFisher(esseúltimoquandoa
ocor-rência das variáveis foi menor doque 5 e esse teste era
possíveldeserfeito).
Resultados
Foramselecionadasesubmetidasàrandomizac¸ão94
paci-entes, 46 no grupo A e 48 no grupo S. Houve 2 perdas
nogrupo A por preenchimento inadequadodo
questioná-rioe1 perdanogrupo Sporfalhatotalnaraquianestesiae
necessidadedeumasegundapunc¸ão.
Nãohouvediferenc¸aestatisticamentesignificativaentre osdoisgruposcomrelac¸ãoàidadeeaoíndicedemassa cor-pórea(IMC)daspacienteseàidadegestacional(tabela1).
O sítio de punc¸ão mais usado foi L3-L4 e o calibre de
agulha mais usado foi o n◦ 27 G em ambos os grupos
(tabela2).
O tempo médio para extrac¸ão fetal foi de 14,16±
4,8minutosparaogrupoAede14,51±4,7 minutospara
Tabela1 Característicasdaspacientes
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
Média SD Média SD pa
Idade(anos) 26,0227 6,36 27,34 5,99 0,3114
IMC(kg/m2) 30,64 6,36 32,13 5,43 0,2322
Idadegestacional(semanas) 37,9373 2,32 38,31 1,95 0,3976
SD,desviopadrão. aTestetdeStudent.
Tabela2 Dadosreferentesàpunc¸ãoespinhal
GrupoA GrupoS
n=44 % n=47 % pa
Nívelpunc¸ão 0,5436
L2-L3 4 9,09% 2 4,26% L3-L4 37 84,09% 43 91,49% L4-L5 3 6,82% 2 4,26%
Agulha 0,6615
25 14 31,82% 17 36,17% 27 30 68,18% 30 63,83%
aTestequi-quadrado.
Tabela3 Temposcirúrgicos
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
Média SD Média SD pa
Tempoparanascimento(minutos) 14,16 4,8 14,51 4,7 0,7252 Durac¸ãodacirurgia(minutos) 56,06 11,75 57,21 10,88 0,6307
aTestetdeStudent.
11,75 minutosparaogrupo Ae de57,21±10,88 minutos
paraogrupo S(tabela3).
A necessidade do uso de efedrina para tratamento
de hipotensão arterial foi semelhante nos dois grupos
(30pacientesnogrupo Ae36 pacientesnogrupoS,68,18%
e76,6%,respectivamente)(tabela4).
O períododelatência paraatingir o dermátomoT6 foi
semelhantenosdoisgrupos,emboraonúmerodepacientes
queatingiu essenível em até5 minutostenha sidomaior
no grupo S do que no grupo A (85,11% vs. 70,45%), mas
estatisticamentenãosignificativo.Acimade90%das
pacien-tesatingiramessenívelematé10minutosnosdoisgrupos
(tabela5).
Tabela 4 Necessidade de uso de efedrina no
intraoperatórioa
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
N % n %
Sim 30 68,18 36 76,6
Não 14 31,82 11 23,4
ap=0,8074;qui-quadrado.
Noperíodointraoperatório,aincidênciadepruridoede
sonolênciafoimaiornogrupoS(36,17%e23,4%,
respecti-vamente)comrelac¸ãoaogrupo A(4,55%%e0%).
Houve uma tendência maior a ocorrer bradicardia no
grupo S (59,57%) do que no grupo A (43,18%), mas essa
diferenc¸anãofoiestatisticamentesignificativa.
Não houve diferenc¸a significativa entreos grupos com
relac¸ão à incidência de hipotensão, náuseas, vômitos
diminuic¸ão na saturac¸ão de oxigênio pela hemoglobina
(SpO2), desconforto abdominal e dor intraoperatórios
(tabela6).
Tabela5 Tempodelatênciaparaobloqueiosensitivo atin-girT6a
GrupoA (n=44)
GrupoS (n=47)
n % n %
Até5minutos 31 70,45 40 85,11 6a10minutos 9 20,45 3 6,38 11a15minutos 1 2,27 3 6,38 Maisde15ounãoalcanc¸ado 3 6,82 1 2,13
Tabela6 Intercorrênciasintraoperatórias
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
n % n % p
Hipotensão 36 81,82 37 78,72 0,7111a
Bradicardia 19 43,18 28 59,57 0,1178a
Náuseas 17 38,64 16 34,04 0,6487a
Vômitos 9 20,45 6 12,77 0,3232a
Prurido 2 4,55 17 36,17 c0,0001b
SpO2<95% 3 6,82 1 2,13 0,3504b
Sonolência 0 0 11 23,4 c0,0005b
Desconfortoabdominal 5 11,36 1 2,13 0,1032b
Dor 1 2,27 1 2,13 1,0b
a Qui-quadrado. b ExatodeFisher. c p<0,05.
Tabela7 EscoresdeApgar
Apgar,1minutoa Apgar,5minutosb
Valor GrupoA(n=44) GrupoS(n=47) GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
n % n % n % n %
<7 2 4,55 2 4,26 --- --- ---
---7a10 48 95,45 45 95,74 44 100 47 100
a p=0,6663;exatodeFisher. b p=1;Qui-quadrado
Não houve diferenc¸a significativa entre os escores de
Apgar no 1◦ e no 5◦ minutos, 95,45% dos neonatos do
grupo A e 95,75% dos neonatos do grupo S apresentaram
escore entre 7 e 10 em 1 minuto e todos os
neona-tos apresentaram escore entre 7 e 10 em 5 minutos
(tabela7).
Naavaliac¸ãopós-operatória(tabela8)houveumamaior
incidênciadeprurido2horas apósa injec¸ãointratecal no
grupoSemrelac¸ãoaogrupoA(61,7%vs.30,23%, respectiva-mente),diferenc¸aestatisticamentesignificativa.Nãohouve diferenc¸asignificativanasincidênciasdepruridoduranteas
reavaliac¸õesde6e12 horas,assimcomonaincidênciade
Tabela8 Efeitoscolateraispós-operatórios
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
n % n % p
Prurido
Após2horas* 13 30,23 29 61,7 0,0027a,c
Após6horas 13 30,23 18 38,3 0,4212a
Após12horas 6 13,95 8 17,02 0,6883a
Náuseas
Após2horas 5 11,63 5 12,77 0,8692a
Após6horas 3 6,98 4 8,51 0,5502b
Após12horas 4 9,3 1 2,13 0,1538b
Vômitos
Após2horas 1 2,33 4 8,51 0,2094b
Após6horas 1 2,33 4 8,51 0,2094b
Após12horas 0 0 0 0
Tabela9 Ocorrênciadedorpós-operatóriaemrepouso(EAV>3)
GrupoA(n=44) GrupoS(n=47)
n % n % p
Após2horas 3 6,82 4 8,51 0,5372b
Após6horas 8 18,18 3 6,38 0,0795b
Após12horas 13 29,55 13 27,66 0,0396a,c
aQui-quadrado. b ExatodeFisher. c p<0,05.
náuseasevômitos,emtodososperíodosavaliados(2,6e
12 horas).Dos5 pacientesqueapresentaramepisódiosde
vômitosnareavaliac¸ãoapós2 horas,apenas1persistiucom vômitosna2a
reavaliac¸ão(6 horasapós).Asoutras4
ocor-rênciasnareavaliac¸ãodas6 horascorresponderamanovos
casos.
Com relac¸ão à ocorrência de dor em repouso acima
de três na EAV, houve uma maior incidência no grupo A
em relac¸ão ao grupo S na reavaliac¸ão feita6 horas após
oprocedimento(18,18%vs.6,38%, respectivamente),mas
estatisticamente não significativa. Já a incidência de dor
(EAV>3)12 horasapósoatoaraquianestesiatendeuaser semelhanteentresosgrupos(tabela9).
Discussão
Paraaobtenc¸ãodeanestesiaadequadaparaoperac¸ão
cesa-riana se faz necessário um bloqueio intenso que abranja
desdeasfibrassacrais(S2-S4)atéasfibrasviscerais(T4-T12).
Bloqueio detamanha extensãotem como consequência a
hipotensãoarterial, porbloqueios das fibras simpáticas.10
Oanestésicolocalmaisusadoé abupivacaínahiperbárica
0,5%,em doses que variamentre 7,5 e 15 mg. O usode
10mgisoladamenteou8mgemcombinac¸ãocomopioidesé
referidoporalgunsautorescomo‘‘dosebaixa’’,10enquanto
outrosconsideram‘‘dosebaixa’’apenasquandoamassade
bupivacaínanãoultrapassa8 mg.3
Emboraaliteraturamostreumatendênciaàreduc¸ãoda
dose de bupivacaína paradoses tão baixasquanto 8 mg,
sejacomadic¸ãodeopioidelipofílicoounão,areduc¸ãodessa
doseparaníveisabaixode10 mgsemapassagemde
cate-terperiduralpodenãosersegura,devidoaopotencialrisco
defalhanaobtenc¸ãodeníveldebloqueioadequadooude
durac¸ãoinadequadadobloqueioparaotempocirúrgico,o
queaumentaanecessidadedeusodeanalgésicosvenosos
(fentanil)oudeconversãoparaanestesiageral.3,8,9
Foi demonstrada maior incidência de hipotensão
arte-rialintraoperatóriaempacientesquereceberamsufentanil
intratecal na dose de 5 g.17 Outros estudos com essa
drogaem dosesque variaramde2,5-10 gnão
consegui-ramestabelecerrelac¸ãosignificativaentreusodesufentanil intratecal e a ocorrência de hipotensão,3,4,15,19 resultado
semelhanteao observado em nosso estudo.Entretanto, é
possívelqueaadic¸ãodosufentaniltenhasidoresponsável
pornãoterocorrido aesperada reduc¸ão na incidênciade
hipotensãoarterialcomareduc¸ãodadose debupivacaína
hiperbáricade12,5para10 mg.
Embora tenha sido observadamaiorincidência de
bra-dicardia nas pacientes que receberam sufentanil, essa
diferenc¸anãofoiestatisticamentesignificativa.Essarelac¸ão
tambémnãofoi observadaanteriormente,em estudo que
avaliouaincidênciadebradicardiaempacientesque
rece-beramsufentanil(10 g)oumorfina(200 g)pelamesma
via.15
Váriostrabalhos demonstraram que o sufentanil
intra-tecal está relacionado à sedac¸ão15,17,19 e que o sufentanil
está relacionado a maiorsedac¸ão doque a morfina
suba-racnoidea(30%vs.5%,respectivamente).15Essesresultados
coincidemcomospornósobservados,poissonolência
ocor-reuem23,4%daspacientesquereceberamsufentanilefoi
ausentenogrupoqueusouapenasmorfinacomoadjuvante.
Estudo que comparou diferentes doses de bupivacaína
usada isoladamente para cesariana sob raquianestesia
observouincidência dedorintraoperatóriade35%quando
foi usada a dose de 8 mg, de 20% com a dose de 10mg
e ausente na dose de 12 mg.9 Não observamos diferenc¸a
na ocorrênciadesseefeito quandocomparamosadose de
12,5mgdebupivacaínahiperbáricaassociadaapenasa
mor-fina, com 10 mg de bupivacaína hiperbárica associada a
morfinae sufentanil. Éprovável que aadic¸ão do
sufenta-nil tenha sidoresponsável pela manutenc¸ão da qualidade
daanalgesia coma reduc¸ão dadose, o que coincide com
osresultadosobservadosemoutrosestudos,que
comprova-ramqueaadic¸ãodeopioidelipofílicoreduzdrasticamente
aocorrênciadedorintraoperatóriaquandosãousadasdoses
debupivacaínaentre8e10 mg.3,9,20
Quando a incidência de prurido foi comparada entre
pacientes quereceberam apenasbupivacaína intratecale
pacientes que receberam sufentanil (10 g) ou morfina
(200 g)associadosabupivacaína,foiobservadoqueessa
incidência foi significativamente maior nos pacientes que
receberam o sufentanil em relac¸ão ao grupo que
rece-beumorfina(30%vs.10%,respectivamente).15 Tambémfoi
demonstradoqueopruridoconsequenteaousodo
sufenta-nilintratecalestárelacionadoàdoseusada,varioude34,3%
comadose2,5 gpara68,6%com5 g.17Oprurido
indu-zido pela morfina intratecal tambémé dose dependente,
principalmente em doses acimade0,1 mg.21 Observamos
emnossoestudoumadiferenc¸asignificativamentemaiorde
pruridonaspacientesquereceberamsufentanil,noperíodo
intraoperatórioenaprimeiraavaliac¸ãofeita2 horasapósa anestesia,períododeac¸ãodosufentanil.
Assim,nopresenteestudo,areduc¸ão dadose de
bupi-vacaína hiperbárica 0,5% de 12,5 para 10 mg, associada
qualidade da anestesia, mas nãoreduziu a incidência de
hipotensãoarterial e aumentou a incidência de pruridoe
sedac¸ão.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.Birnbach DJ, Browne IM. Anesthesia for obstetrics. In: Miller RD, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL, edi-tors. Miller’s anesthesia, 2, 7a ed. Philadelphia:
Churchill--Linvingstone-Elsevier;2010.p.2219---20.
2.TsenLC.Anesthesiaforobstetriccareandgynecologicsurgery. In:LongneckerDE,BrownDL,NewmanMF,ZapolWM,editors. Anesthesiology.1aed.NewYork:McGrawHill;2008.p.1480---4.
3.ArzolaC,Wieczorek PM.Efficacyoflow-dosebupivacaine in spinalanaesthesiafor Caesarean delivery:systematic review andmeta-analysis.BrJAnaesth.2011;107:308---18.
4.RoofthooftE,VandeVeldeM.Low-dosespinalanaesthesiafor Caesareansectiontopreventspinal-inducedhypotension.Curr OpinAnaesthesiol.2008;21:259---62.
5.Chinachoti T, Tritakarn T. Prospective study of hypotension and bradycardia during spinal anesthesia with bupivacaine: incidence and risk factors, part two. J Med Assoc Thai. 2007;90:492---501.
6.CynaAM, Andrew M,Emmett RS, MiddletonP, SimmonsSW. Techniquesforpreventinghypotensionduringspinal anaesthe-siafor caesarean section. Cochrane Database of Systematic Reviews.In:TheCochraneLibrary,Issue11,Art.No.CD002251. DOI:10.1002/14651858.CD002251.pub3.
7.VercauterenMP,CoppejansHC,HoffmannVH,MertensE, Adri-aensen HA. Prevention of hypotension by single 5mg dose of ephedrine during small dose spinal anesthesia in prehy-drated cesarean delivery patients. Anesth Analg. 2000;90: 324---7.
8.FanSZ,SusetioL, WangYP,ChengYJ.Low doseof intrathe-calhyperbaricbupivacainecombined withepidural lidocaine forcesareansection-abalanceblocktechnique.AnesthAnalg. 1994;78:474---8.
9.ChoiDH,AhnHJ,KimMH.Bupivacaine-sparingeffectoffentanyl inspinalanesthesiaforcesareandelivery.RegAnesthPainMed. 2000;25:240---5.
10.DyerRA,JoubertIA.Low-dosespinalanaesthesiaforcaesarean section.CurrOpinAnaesthesiol.2004;17:301---8.
11.CrowhurstJA,BirnbachDJ.Small-doseneuraxialblock:heading towardthenewmillennium.AnesthAnalg.2000;90:241---2. 12.BenDB,MillerG,GavrielR,GurevitchA.Lowdose
bupivacaine--fentanylspinal anesthesiafor cesareandelivery.RegAnesth PainMed.2000;25:235---9.
13.ChoiDH,AhnHJ,KimJA.Combinedlow-dosespinal-epidural anesthesiaversussingleshotspinalanesthesiaforelective cesa-reandelivery.IntJObstetAnesth.2006;15:13---7.
14.GhaziA,RajaY.Combinedlow-dosespinal---epidural anaesthe-siaversussingle-shotspinalanaesthesiaforelectivecaesarean delivery.IntJObstet.Anesth.2007;16:90---1.
15.VeenaA,AmitA,JagdishSP,GuptaV.Comparisonofintrathecal sufentanilandmorphineinadditiontobupivacainefor caesa-reansectionunderspinalanesthesia.AnaesthPain&Intensive Care.2010;14:99---101.
16.Dahlgren G, Hultstrand C, Jakobsson J, Norman M, Eriksson EW, Martin H. Intrathecal sufentanil, fentanyl, or placebo added to bupivacaine for cesarean section. Anesth Analg. 1997;85:1288---93.
17.BangYS,ChungKH,LeeJH,etal.Comparisonofclinicaleffects accordingtothedosageofsufentaniladdedto0.5%hyperbaric bupivacaineforspinalanesthesiainpatientsundergoing cesa-reansection.KoreanJAnesthesiol.2012;63:321---6.
18.BragaAA,FriasJAF,BragaFS,PotérioGB,HirataES,TorresNA. Raquianestesiaemoperac¸ãocesariana.Empregodaassociac¸ão debupivacaínahiperbárica(10mg)adiferentesadjuvantes.Rev BrasAnestesiol.2012;62:775---87.
19.LeeJH,ChungKH,LeeJY,etal.Comparisonoffentanyland sufentanil added to 0.5% hyperbaric bupivacaine for spinal anesthesia inpatientsundergoingcesareansection.KoreanJ Anesthesiol.2011;60:103---8.
20.BograJ,AroraN,SrivastavaP.Synergisticeffectof intrathe-calfentanylandbupivacaineinspinalanesthesiaforcesarean section.BMCAnesthesiology.2005;5:5.