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Avaliação da confiabilidade da gota espessa em um estudo de campo conduzido em uma área endêmica de malária no Médio Rio Negro, Estado do Amazonas.

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Academic year: 2017

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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 9 ( 5 ) :4 9 5 -4 9 7 , set-out, 2 0 0 6

ARTIGO/ARTICLE

1 . Departamento de Medic ina Tro pic al do Instituto Oswaldo Cruz da Fundaç ão Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro , RJ. Órgão financ iado r: CNPq, PAPES-FIOCRUZ

Ender eço par a cor r espondencia: Prof. José Rodrigues Coura. Depto de Medic ina Tropic al/IOC/FIOCRUZ. Av. B rasil 4 3 6 5 , Manguinhos, 2 1 0 4 5 -9 0 0 Rio de Janeiro, RJ.

Tel: 5 5 2 1 2 5 9 8 -4 3 3 9 , Fax: 5 5 2 1 2 2 8 0 -3 7 4 0 . e-mail: c o ura@ io c .fio c ruz.br

Rec ebido para public aç ão em 1 0 /1 1 /2 0 0 5 Ac eito em 1 0 /8 /2 0 0 6

A go ta espessa c o ntinua sendo o padrão o uro para o dia gn ó s tic o da m a lá r ia . Os r e s ulta do s da m ic r o s c o pia de pe nde m não so m e nte da q ualidade da c o lo r aç ão , do mic rosc ópio e da téc nic a de preparaç ão das lâminas, mas ta m b é m da c o n c e n tr a ç ã o , e xpe r iê n c ia e m o tiva ç ã o do mic rosc opista5 7. Há um limiar de detec ç ão, segundo o grau de parasitemia existente no pac iente e do número de c ampos lidos1 2. Em c ondiç ões ideais, um mic rosc opista é c apaz de detec tar densidades parasitárias tão baixas c omo 1 0 a 2 0 parasitas por c ada mic rolitro de sangue. Em c ondiç ões de c ampo, o que oc orre normalmente na maior parte das áreas malarígenas do mundo, a c apac idade de detec ç ão nec essita

Avaliação da confiabilidade da gota espessa em um estudo de

campo conduzido em uma área endêmica de malária

no Médio Rio Negro, Estado do Amazonas

Evaluation of the thick smear in a field condition in a malaria endemic

area in the Middle Region of Rio Negro, Amazon

Martha Cecilia Suárez-Mutis

1

e José Rodrigues Coura

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RESUMO

Com o objetivo de medir a c onfiabilidade da gota espessa em uma área de infec ç ão pelo Plasmodium foi realizado um estudo no qual foram avaliadas 3 2 2 gotas espessas, lidas em c ondiç ões normais de c ampo, por mic rosc opista treinado. Posteriormente, as mesmas lâminas foram examinadas por outro mic rosc opista que fez a leitura em c ondiç ões ideais. A c onc ordânc ia foi medida usando o índic e Kappa. Nos pac ientes c om sintomas de malária foi enc ontrada uma c onc ordânc ia de 0 ,9 1 ( IC 9 5 % 0 ,5 7 -0 ,9 8 p< 0 ,0 5 ) enquanto nos pac ientes c om infec ç ão assintomátic a o valor do índic e Kappa foi de 0 ,4 2 ( IC 9 5 % 0 ,1 5 -0 ,6 8 p< 0 ,0 5 ) . Conc lui-se que em áreas onde há infec ç ão assintomátic a é fundamental aumentar a c onfiabilidade da gota espessa aumentando o número de c ampos lidos.

Palavr as- chaves: Malária. Gota espessa. Conc ordânc ia. Índic e Kappa.

ABSTRACT

In order to assess the reliability of the thic k smear in a Plasmodium infec tion area, 3 2 2 thic k smears were examined by a trained mic rosc opist in field c onditions. Later, the same smears were examined by an experienc e mic rosc opist in ideal laboratory c onditions. Reliability was measured by the Kappa index. In symptomatic malaria patients the Kappa index was 0 .9 1 ( IC 9 5 % 0 .5 7 -0 .9 8 p< 0 .0 5 ) while in asymptomatic Plasmodium infec tion the Kappa index was as low as 0 .4 2 ( IC 9 5 % 0 .1 5 -0 .6 8 p< 0 .0 5 ) . In areas of asymptomatic infec tion, improvement in the sensibility of thic k smears by inc reasing the number of mic rosc opic fields read or using other more ac c urate diagnostic malaria tec hniques alone or in c ombination is fundamental.

Key- wo r ds: Malaria. Thic k smear. Measure. Kappa index.

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Suár ez- Mutis MC e Co ur a JR

primeira leitura. Na maior parte das áreas malarígenas nas Am é r ic as, o nde o s pac ie nte s tê m par asite m ias altas o u moderadas, espera-se uma c onc ordânc ia por índic e Kappa, superior a 0 ,8 . Em áreas onde há infecção assintomática os pacientes apresentam baixas parasitemias4 1 3. Nos últimos anos, no Brasil têm sido descritas algumas áreas onde ocorre infecção assintomática por P. falciparum e/ou P. vivax em Rondônia1, Mato Grosso2, no Médio Rio Negro1 1 e na área Yanomami9. Não sabemos qual é o c omportamento do índic e Kappa nestas áreas. Este trabalho foi realizado com o objetivo de medir a c o nc o r dânc ia e ntr e do is m ic r o sc o pistas e xpe r ie nte s no diagnóstico de malária em uma área de infecção assintomática.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas 3 2 2 gotas espessas envolvendo todos os moradores em uma área de infecção assintomática de malária no rio Padauiri, Médio Rio Negro, Amazonas. Todas as gotas espessas foram coletadas e coradas pela mesma pessoa usando a té c nic a padr o nizada pe la FUNASA/MS e lidas po r um microscopista experiente em condições de campo, logo após a coleta. Posteriormente, as mesmas lâminas foram entregues a outro microscopista experiente, que não conhecia os resultados prévios, que fez novas leituras em condições de laboratório para o controle de qualidade. Tanto o microscopista no campo quanto o do controle de qualidade leram 2 0 0 campos em cada lâmina. Foi realizada uma avaliação qualitativa da densidade parasitária assim: + /2 : 4 0 a 6 0 parasitas contados nos 2 0 0 campos; + : 1 parasita por campo; + + : de 2 a 2 0 parasitas por campo; + + + : de 2 1 a 2 0 0 parasitas por campo; + + + + : mais de 2 0 0 parasitas por c ampo. Quando houve uma parasitemia menor de 4 0 parasitas por campo, os resultados foram expressos pelo número de parasitas contados nos 2 0 0 campos. Foram definidos como infecção assintomática os casos de pessoas com gota espessa positiva que não apresentaram nenhum sintoma de malária ( febre, c efaleia ou c alafrios) trinta dias antes e depois da realização da gota espessa.

Para medir a concordância resultante foi usado o Coeficiente Kappa. Os valores de Kappa ajustados por prevalência e viés de disc ordânc ia e os intervalos de c onfianç a foram c alc ulados usando o pr o gr am a k appa. e xe ( so ftwar e de uso livr e ) . Po ster io r mente, fo i r ealizado um PCR-nested de to das as amostras obtidas de pacientes, segundo o protocolo modificado de Snounou1 0. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da FIOCRUZ-RJ ( Protocolo CEP 1 5 7 /0 2 )

RESULTADOS

Das 3 2 2 lâminas examinadas, 1 7 ( 5 ,3 % ) foram dadas c omo positivas; 6 ( 1 ,9 % ) foram de pac ientes sintomátic os e 1 1 ( 3 ,4 % ) de pac ientes assintomátic os. Dos pac ientes c om sintomas, 5 ( 8 3 ,3 % ) foram dados c omo positivos por ambos mic rosc opistas e 1 ( 1 6 ,7 % ) foi disc ordante. Dos pac ientes assintomátic os, 3 ( 2 7 ,3 % ) foram dados c omo positivos por ambos mic rosc opistas, 7 ( 6 3 ,6 % ) só foram detec tados no

c o n tr o le de q ua lida de e 1 ( 9 , 1 % ) fo i de te c ta do pe lo microscopista de campo. O coeficiente Kappa geral ( infecções sintomáticas + assintomáticas) foi de 0 ,6 3 ( IC 9 5 % 0 ,3 9 -0 ,8 0 p< 0 ,0 5 ) , Na Tabela 1 , observa-se a c onc ordânc ia quando se estratific a entre infec ç ão sintomátic a e assintomátic a. A concordância foi de 0 ,9 1 ( IC 9 5 % 0 ,5 7 -0 ,9 8 p< 0 ,0 5 ) quando c omparadas lâminas de pac ientes sintomátic os, enquanto o coeficiente Kappa foi baixo 0 ,4 2 ( IC 9 5 % 0 ,1 5 -0 ,6 8 p< 0 ,0 5 ) se são comparadas lâminas de casos de infecção assintomática. O grau de falta de concordância foi mais forte nas mais baixas densidades parasitárias; entre os pac ientes assintomátic os, 5 ( 6 2 ,5 %) de 8 lâminas foram discordantes. Todos os resultados dados como positivos no controle de qualidade foram positivos no PCR. Todos os pacientes sintomáticos tinham infecção pelo P. vivax; nos pacientes assintomáticos, 1 0 tinham infecção pelo P. vivax e um pelo P. falciparum.

Tabela 1 - Resultados das leitur as das lâminas de malár ia dadas pelo microscopista de campo e pelo microscopista responsável pelo controle de qualidade.

Código do Infecção sintomática* Infecção assintomática* * paciente microscopista controle de microscopista controle de

de campo qualidade de campo qualidade 030-04 - - + /2 P. vivax + + P. vivax 015-06 - - 10 P. vivax 2 P. vivax 025-03 - - + + P. vivax + /2 P. vivax 018-06 - - negativo + /2 P. vivax 002-04 - - negativo 6 P. falciparum 010-08 - - negativo + P. vivax 030-01 - - negativo 20 P. vivax 023-04 - - negativo + /2 P. vivax 022-02 - - negativo + P. vivax 037-03 - - negativo + + P. vivax 010-06 - - 10 P. vivax negativo 037-01 20 P. vivax + P. vivax - -037-04 + /2 P. vivax + + P. vivax - -019-09 + + P. vivax + + P. vivax - -018-04 + P. vivax + + P. vivax - -021-01 + + P. vivax negativo - -025-02 10 P. vivax 10 P. vivax - -Negativos 316 317 307 301 Total 322 322 311 311 * coeficiente Kappa= 0,91 ( p< 0,05 IC 95% 0,57-0,98)

* * coeficiente Kappa= 0,42 ( p< 0,05 IC 95% 0,15-0,68)

DISCUSSÃO

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sintomáticas nas quais a parasitemia é elevada, a concordância entre diferentes examinadores normalmente é alta. Em nosso e studo , a c o nc o r dânc ia fo i q uase pe r fe ita ( K= 0 , 9 1 ) na infec ç ão sintomátic a. Entretanto, enc ontramos uma moderada c o n c o r dâ n c ia do ín dic e Ka ppa e m c a s o s de in fe c ç ã o assinto m átic a po r Plasm o dium ( K= 0 , 4 2 ) ape sar de te r realizado a leitura de 2 0 0 c ampos mic rosc ópic os. Conc luímos que é nec essário rec onsiderar a utilizaç ão exc lusiva da gota espessa em áreas nas quais existe infec ç ão assintomátic a onde baixas parasitemias são prevalentes. É prec iso melhorar a c o nfiabilidade da go ta espessa aumentando o número de c ampos lidos, o que nem sempre é possível em áreas de alta e nde m ic ida de de vido a c a r ga de tr a b a lho . Ne s te c a s o , e spe c ífic ame nte , e ste aume nto da c o nfiab ilidade le var ia também a um aumento da sensibilidade. Po r o utr o lado , d e ve r í a m o s m e l h o r a r o c o n tr o l e d e q u a l i d a d e d o s laboratórios de referênc ia.

AGRADECIMENTOS

Os auto r e s agr ade c e m ao s func io nár io s da Fundaç ão Nac ional da Saúde em B arc elos assim c omo à Gerênc ia da malária da Fundaç ão de Medic ina Tropic al do Amazonas pela leitura e c ontrole de qualidade das lâminas de malária.

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